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20/07/2022

PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO

- PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU IGUALDADE

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,


garantindo-se, aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (art. 5º, caput, da Constituição Federal).

Igualdade ainda é meramente formal, pois existem diferenças materiais


entre homens e mulheres.

- PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Consiste nos princípios do contraditório, da ampla defesa, do juiz natural, da


publicidade, da proibição de provas ilícitas. Legalidade escrita.

Sustentam o correto exercício da jurisdição e asseguram faculdades


processuais.

- PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

Consiste no direito à ampla defesa, que se subdivide na participação da parte


em oitiva e na bilateralidade dos atos. Do direito à influência da parte na
decisão do juiz.

Não pode haver decisão que prejudique a parte sem sua oitiva. O mesmo não
ocorre quando a sentença favorece a parte.

Não cabe decisão surpresa (art. 10 CPC). As partes devem se manifestar e


tomar ciência dos atos (juiz pode ordenar o comparecimento 772, CPC).

Juiz pode ampliar prazos processuais para atender ao contraditório (139, CPC).
Em alguns casos, quando o conhecimento prévio puder afetar a eficácia da
medida ou ainda, no caso de urgência, o contraditório pode ser efetivado em
momento posterior. Neste cenário se opera o contraditório diferido.

- PRINCÍPIO DA DEMANDA

É a vontade da parte que instaura o processo. Tem a ver com o direito de ação.

Decisão com base nos limites do pedido, sendo defeso pedido extra ou infra
petita.

Também não pode ocorrer decisão diversa do pedido, bem como condenar o
réu em quantia superior ao pedido.

- PRINCÍPIO DISPOSITIVO

É o poder das partes em dispor do processo, delimitando os pontos


controvertidos, exigindo a inquirição de testemunhas.

Compete às partes a produção de provas, sendo permitido ao juízo apenas


determinar as provas necessárias ao julgamento (370, CPC). Do mesmo modo
o juízo pode vedar provas inúteis ou protelatórias.

Juiz julga a causa com base nas provas apresentadas; ele não pode requerer
diligências para produção de outras provas. NE PROCEDAT IUDEX EX
OFFICIO E NE EAT IUDEX ULTRA PETITAPARTIUM. Tal princípio vincula
duplamente o juiz aos fatos alegados, impedindo-o de decidir a causa com
base em fatos que as partes não tenham afirmado e o obriga a considerar a
situação de fato afirmada por todas as partes como verdadeiras.

- PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ

É a garantia de justiça no processo.

Impede o tribunal de exceção.

Implica no juiz natural para a causa.


- PRINCÍPO DA ORALIDADE

No processo, a forma escrita é subsidiária. Ou seja, prima-se pela oralidade e


reduzindo a termo os fatos apenas para fins de registro.

A oralidade visa à celeridade do processo. Nos juizados especiais isso fica


muito mais evidente. Nestes juizados poucas coisas são reduzidas a termo.
Usam-se gravações para garantir a fidedignidade do que foi dito.

Dentro deste princípio encontramos subprincípios como

a) Imediação: juíza em contato direito com as partes e com as provas, sem


intermediários;

b) Concentração: audiência de instrução é sempre una e indivisível. Isso


não quer dizer que tudo deva ocorrer e finalizar-se no mesmo dia. O juiz
poderá remarcar nova audiência se necessário;

- PRINCÍPO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS

Art. 93, IX, CF determinada que todas as decisões devem ser fundamentadas.

É o corolário do princípio da ampla defesa.

Os parâmetros sobre como deve ser a fundamentação estão no Art. 489, CPC.

O princípio da boa-fé está expresso no § 3º do 489.

Despachos não carecem de fundamentação.

- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Os processos são públicos, ressalvadas as exceções previstas no 189, CPC.

Permite que os jurisdicionados acompanhem os trabalhos dos magistrados,


promotores, defensores públicos.

- PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


Reapreciação ou revisão da decisão judicial por outro órgão, de superior
hierarquia, do Poder Judiciário.

- PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL

Busca pelo máximo em resultado com o menor emprego de atividade


processual.

- PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

O princípio foi adicionado ao artigo art. 5.º (inciso LXXVIII) em 2004 pela EC n.
45: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”.

Esse princípio não significa rapidez, celeridade; porém, é necessário que


eventual demora seja razoável.

O princípio transporta para a Constituição, de forma mais detalhada, disposição


prevista pelo Pacto de São José da Costa Rica (art. 8º Garantias judiciais, item
1):

“Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro
de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza”.

A redação do artigo trabalha com dois parâmetros:


1.º) a necessidade de tempo mínimo suficiente para elaboração de provas e
formação da convicção do juiz (razoável duração);

2.º) a obrigação de agilidade dos mecanismos processuais para que o


resultado não seja inócuo, atendendo a um clamor social contra impunidade
(razoabilidade e celeridade de tramitação).

Ele atribui aos três poderes a obrigação de dar realização concreta à


expectativa de tramitação célere dos processos e, para não se deixar esvaziar
em concretude, veio acompanhado de mecanismos voltados para celeridade
processual, como a atividade jurisdicional ininterrupta (art. 93, XII), a súmula
vinculante (art. 103-A) e a obrigatoriedade (conferida pelo art. 7º, da EC 45) de
elaboração legislativa em 180 dias de projetos de leis voltados à celeridade da
prestação jurisdicional.

APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

Arts 13, 14 e 15 do CPC regulam a aplicação.

O CPC pode ser aplicado subsidiariamente ao processo eleitoral, administrativo


e trabalhista.

A norma não retroage e é aplicada imediatamente às causas em andamento.

A norma é aplicada a todos os processos pendentes (art. 1046).

Quanto às provas, só serão aplicadas as regras do NCPC para as


determinadas de ofício após a vigência deste código.

Os atos processuais praticados por meio eletrônico, ainda que em desacordo


com o NCPC, serão convalidados (art. 1053)

JURISDIÇÃO

A jurisdição é uma só em todo o país. Não temos, a exemplo da França, duas


jurisdições.
É função (tem finalidade), é poder (potestade do Estado), é atividade (atos e
manifestações).

O processo é o meio de atuação da jurisdição.

Juiz equidistante da causa – imparcialidade.

Não admite controle externo: As decisões jurisdicionais não podem ser revistas
por outro poder. Só o poder judiciário pode rever as suas decisões. O CNJ não
tem poder para rever decisões jurisdicionais; ele é órgão de controle e
fiscalização financeira e administrativa.

A jurisdição é inerte e só é ativada por provocação, pois isso evita que o juiz
tenha iniciativa e torne a coisa tendenciosa; torna a coisa imparcial e evita
conflito onde não existe. Há exceção, pois há jurisdição voluntária, como por
exemplo, a arrecadação de bens do ausente ( art 744).

Lide real é a pretensão resistida; lide presumida não há pretensão resistida,


mas interesses em comum. Há jurisdição sem lide.

Substitutiva: diz-se que o juiz substitui a vontade das parte em uma lide. Há
situação em que o juiz apenas homologa acordo. Neste caso não há
substituição. Ou na execução, quando ele apenas obriga o dever a saldar a
dívida.

Definitiva quer dizer que é imutável. Nem sempre as decisões são imutáveis.

- JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Busca-se provimento em que as pessoas se obriguem a determinado fim. Na


contenciosa busca-se obrigar terceiros.

A jurisdição voluntária é jurisdição, pois ainda que consensual, pode haver lide.

- Teria Clássica ou administrativa: jurisdição é a administração pública de


interesses privados;

- Doutrina jurisdicionalista ou revisionista: não há conflito, mas uma


situação jurídica de interesse comum que só se completa com a decisão do
juiz.

Contrargumentos à teoria clássica ou administrativista:


(a) existe lide presumida, mas o fato de não existir lide também acontece na
jurisdição contenciosa excepcionalmente. Exemplo: risco de lesão à direito;

(b) realmente não há substitutividade, mas todos os objetivos da jurisdição são


atingidos;

(c) e (d) o fato de a lei chamar de interessados e de procedimento não altera a


natureza jurídica. A rigor, os interessados são partes com todos os requisitos,
direitos e deveres de parte. Da mesma forma, é processo porque se submete a
todos os pressupostos e às regras do devido processo legal, inclusive,
contraditório, ampla defesa e duplo grau;

(e) na jurisdição voluntária existe sim, coisa julgada. A única peculiaridade é


que, tal como na jurisdição contenciosa, se for relação jurídica de trato
sucessivo será possível rever a sentença se houver fato novo. Além disso, na
jurisdição contenciosa, há casos em que não se forma a coisa julgada.

“6. Uma vez que foram os próprios recorrentes, na ação anterior, que pediram
a alteração de seus nomes, com o objetivo de obter a nacionalidade
portuguesa e tiveram seu pedido atendido na integralidade, não podem, agora,
simplesmente pretender o restabelecimento do statu quo ante, alegando que
houve equívoco no pedido e que os custos de alteração de todos os seus
documentos são muito elevados. 7. Ainda que a ação de retificação de registro
civil se trate de um procedimento de jurisdição voluntária, em que não há lide,
partes e formação da coisa julgada material, permitir sucessivas alterações nos
registros públicos, de acordo com a conveniência das partes implica grave
insegurança”. (REsp 1412260/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 15/05/2014, DJe 22/05/2014)

Características legais da jurisdição voluntária: O objeto é o interesse comum.


Não há conflito. Possibilidade do juiz iniciar o processo de ofício em alguns
casos. Possibilidade de julgamento por equidade. A jurisdição voluntária segue
a regra geral do art. 505, inciso I, do CPC.

- PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO


- Juiz natural: imparcialidade; proibição quanto a tribunal de exceção;

Questão comum de prova: a criação de vara especializada ou a alteração da


competência absoluta que desloca processos antigos para varas novas não
ofende o princípio do juiz natural: basta que a regra seja genérica, atingindo
indistintamente a todos que se encaixam na situação prevista.

- Territorialidade: cada órgão jurisdicional exerce sua função dentro de uma


área definida. Exceções: comarcas contíguas, penhora online.

- Indeclinabilidade: o juiz não pode ser recusar a julgar.

- Indelegabilidade: não pode o judiciário delegar suas funções a outro poder.

- Inevitabilidade: a jurisdição se impõem às partes. Exceção: convenção de


arbitragem.

- Inafastabilidade: garantia de acesso à justiça.

Observação: A garantia de acesso à justiça, atualmente, é interpretada como


garantia de acesso à ordem jurídica justa, o que exige: (i) facilitação do acesso;
(ii) contraditório efetivo e cooperação entre os sujeitos do processo; (iii)
decisões com justiça que representem a melhor solução e capazes de gerar a
maior pacificação possível; (iv) tempestividade (duração justa do processo); e
(v) efetividade (a decisão tem que ser executada de forma específica).

05/08/2022

AÇÃO

Direito público subjetivo de exigir do Estado o provimento jurisdicional sobre o


mérito (teoria abstrativista eclética).

- Pressupostos da ação: requisitos mínimos formais para existência do direito


de ação; compreende a legitimidade da parte e o interesse de agir.

- Legitimidade da parte: é a autorização para figurar num dos polos da ação.


Divide-se em:
a) Legitimidade ordinária: O sujeito defende em nome próprio direito
próprio. (art. 18). É uma autorização genérica dada a todo titular de um
direito para defendê-lo em juízo;
b) Legitimidade ordinária originária: quando se trata do titular originário do
direito. Exemplo: credor na ação de cobrança;

c) Legitimidade originária sucessiva: é aquela dada aos sucessores do


titular. Exemplo: espólio e cessionário do crédito;

d) Legitimidade extraordinária: É uma autorização expressa e excepcional


para alguém, em nome próprio, defender direito alheio; é sinônimo de
substituição processual. O substituto age em nome próprio e defende
direito do substituído. Exemplo: na investigação de paternidade, o MP é
o substituto e o filho é o substituído. No processo coletivo, para a
maioria, há substituição processual no polo ativo. Alguns entendem que
há uma legitimidade que não é ordinária nem extraordinária, ela é
autônoma. O substituído poderá atuar como assistente litisconsorcial do
substituto (art. 18 parágrafo único). Observação: Na representação
processual o sujeito defende em nome alheio direito alheio. Ex.: Mãe
que pede alimentos para o filho;

e) Legitimidade inicial e superveniente: A inicial é a que existe desde o


momento do ajuizamento da ação, isto é, desde a inicial (e permite, em
tese, ajuizar a ação); já a legitimidade superveniente é aquela que surge
durante o processo (depois da inicial). Exemplo: o espólio. Dependendo
do momento da morte, terá legitimidade inicial se a morte ocorreu antes
da proposição da ação e superveniente se a morte ocorre durante o
processo;

f) Legitimidade principal e subsidiária: Principal é aquela prevista na lei


como regra. Ex.: o cidadão para a ação popular; o vencedor para a
execução da sentença; o titular do direito para o mandado de segurança.
Legitimidade subsidiária surge em razão da omissão do legitimado
principal. Ex.: se o cidadão abandona ou desiste injustificadamente da
ação popular, o MP passa a ter legitimidade para prosseguir;

g) Legitimidade exclusiva e concorrente: É aquela dada a um único sujeito.


Ex.: confitente para anular a confissão. É aquela dada a mais de um
sujeito. Se for conjuntar, é aquela em que todos devem litigar em
conjunto (ex.: litisconsórcio necessário). Ex.: os cônjuges na ação real
imobiliária (se o regime for o da separação convencional). A legitimidade
concorrente disjuntiva, por outro lado, é quando os legitimados podem
agir isoladamente ou em conjunto. Ex.: condôminos; credores e/ou
devedores solidário e os legitimados do art. 5º da Lei da ACP.
- Interesse de agir ou Interesse Processual: Compreende o trinômio
necessidade, adequação e utilidade. Consiste na necessidade de buscar o
judiciário e na adequação do bem escolhido.

A necessidade: A necessidade real decorre da resistência do adversário ou da


lei (ou seja, decorre da lide real ou presumida). Haverá necessidade ficta ou
presumida quando o ajuizamento da ação é uma opção do autor.

A adequação: Exige o uso do tipo de ação correto para o direito discutido.


Exemplo: se o contrato é de locação, a ação adequada para reaver o imóvel é
a ação de despejo. Contudo, se o contrato é de comodato, a ação adequada é
a ação de reintegração de posse. Adequada é a ação útil, isto é, capaz de
gerar um provimento útil, que cria uma situação jurídica melhor. Exemplo: se o
credor já tem em mãos um título executivo, a ação adequada é a de execução,
porque a de conhecimento seria inútil, porque daria título a quem já tem. Parte
da doutrina permite ao credor de título judicial, nas obrigações específicas
optar por ação de conhecimento com pedido de tutela antecipada usando o
título como prova inequívoca da verossimilhança, que na prática é mais efetiva,
porque a liminar é executada de plano, sem prazo e sem embargos.

Verificação das condições da ação: Para verificar as condições da ação, é


adotada a teoria da asserção, pois as condições são analisadas a partir das
assertivas ou afirmações da inicial. A rigor, a teoria da asserção tem duas
partes:

(i) no começo, se não houver provas, as condições serão analisadas com base
nas assertivas da inicial (essa parte foi adotada pelo CPC, que não prevê a
produção de provas no início do processo para demonstrar as condições);

(ii) se após a instrução ficar evidente que as assertivas da inicial são


inverídicas, o juiz julgará improcedente a ação (é por isso que se diz “as
condições da ação se confundem com o mérito”. Essa parte não tem amparo
no CPC, para quem, em qualquer fase, verificada a falta de uma das
condições, haverá extinção sem mérito por carência de ação). Na prática, essa
segunda parte é mencionada por toda a doutrina e aplicada pelos juízes e
tribunais:
“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES. ACÓRDÃO
QUE, POR MAIORIA, ACOLHE PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE
PASSIVA. CABIMENTO.
1. Cabem embargos infringentes contra acórdão que, por maioria,
acolhe preliminar de ilegitimidade passiva e reforma sentença para
extinguir a ação com fulcro no art. 267, VI, do CPC.
2. Em respeito ao devido processo legal, o art. 530 deve ser
interpretado harmoniosa e sistematicamente com o restante do CPC,
admitindo-se embargos infringentes contra decisão que, a despeito
de ser formalmente processual, implicar análise de mérito.
3. De acordo com a teoria da asserção se, na análise das condições
da ação, o Juiz realizar cognição profunda sobre as alegações
contidas na petição, após esgotados os meios probatórios, terá, na
verdade, proferido juízo sobre o mérito da controvérsia.
4. A natureza da sentença, se processual ou de mérito, é definida
por seu conteúdo e não pela mera qualificação ou nomen juris
atribuído ao julgado, seja na fundamentação ou na parte dispositiva.
Entendida como de mérito a decisão proferida, indiscutível o
cabimento dos embargos infringentes.
5. Recurso especial a que se dá provimento”. (STJ – REsp nº
1157383/RS, Relator: Ministra Nancy Andrighi, Data de Julgamento:
14/08/2012, Terceira Turma)

Momento de verificação das condições da ação): Pela teoria da asserção, são


analisados no começo do processo (antes da instrução da ação). No CPC, as
condições devem ser verificadas do início ao fim do processo e, a qualquer
tempo, a falta delas gera extinção sem mérito.

“Goza de muito prestígio, no Brasil, a chamada teoria da asserção,


desenvolvida, sobretudo, no direito italiano, onde é chamada de
teoria delia prospettazione. Para os seus defensores, o exame das
condições da ação deve ser feito em abstrato, pela versão dos fatos
trazida na petição inicial, in statu assertionis. O juiz verificará se elas
estão preenchidas considerando verdadeiro aquilo que consta da
inicial, em abstrato. Se, no curso da instrução, ficar provado que a
versão inicial não era verdadeira, que a dívida era de jogo, p.ex.
para um assertivista, o que é apurado em concreto, pelo exame das
provas, é mérito, não mais relacionado às condições da ação.
Portanto, para um assertivista, elas são examinadas apenas em
abstrato, pelo que foi afirmado na inicial: daí o nome teoria da
asserção, ou da afirmação. Um defensor dessa teoria, no nosso
exemplo, daria uma sentença de improcedência, pois só ficou
provado que a dívida era de jogo em concreto, e isso é mérito. Para
que fosse caso de impossibilidade jurídica do pedido, era necessário
que pela leitura da inicial já pudesse ser verificada a
incompatibilidade do pedido com o nosso ordenamento jurídico.
Veja-se que, mesmo para um assertivista, o exame das condições
pode ser feito a qualquer tempo, no curso do processo. Mas o juiz,
ao fazê-lo, só considerará a versão abstrata”. (Gonçalves, Marcus
Vinicius Rios Direito processual civil / Pedro Lenza; Marcus Vinicius
Rios Gonçalves. – Esquematizado® – 11. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2020., p. 278).

17/08/2022

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