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Nem sempre é a defesa que se manifesta por último, pois se foi ela quem
produziu a prova, falará derradeiramente a acusação, e vice-versa.
Princípio consagrado no art. 155 do CPP, impede que o Juiz possa julgar com o
conhecimento que eventualmente tenha extra-autos (quod nen est in actis non
est in hoc mundo – o que não está nos autos não está no mundo).
O Juiz não pode ser arbitrário, e confundir a certeza que deve ser alcançada de
maneira universal, ou seja, de que todos devem participar, com a certeza
subjetiva do julgador (menção de Tourinho sobre ilustres juristas).
Princípio da Publicidade:
Em homenagem à máxima narra mihi factum dabo tibi jus (narra o fato que
dou o direito), o CPP, em seu artigo 383, permite ao Juiz aplicar nova
qualificação jurídico-penal, caso os fatos narrados na denúncia ou queixa não
se coadunam com a tipificação inicial, mesmo que a pena fique mais severa.
Isso porque o réu se defende dos fatos contidos na peça de ingresso, não contra
o tipo penal ali mencionado. Exemplo, se a narrativa na exordial acusatória
descreve uma subtração de coisa alheia móvel, mediante violência, e indica o
artigo 155 do CP (furto), poderá o Juiz manejar o artigo 383 do CPP, para
classificar a conduta no tipo disposto no artigo 157 do CP (roubo). Da mesma
forma em crimes do júri. Ex.: a denúncia descreve homicídio e indica o art. 123
(infanticídio), poderá o Juiz valer-se do artigo 418 do CPP e aplicar o tipo do
art. 121 do CP (homicídio).
Princípio do ne eat judex ultra petita partium (Juiz não pode ir
além do que lhe foi pedido):
Não se poderia utilizar por analogia o art. 132 do CPC, porque esta
ferramenta se presta para preencher lacunas da lei, e no caso, há
previsão expressa no CPP.
Princípio da Identidade física do Juiz:
Como visto, a CF, em seu art. 5º, inciso LIV, dispõe: ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.(due process law).
Agora, a vedação encontra guarida no art. 5º, inciso LVI, da CF, bem
como no art. 157 do CPP: São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Ex.: busca e
apreensão ilegal, interceptação telefônica sem autorização judicial,
tortura. Assim, qualquer afronta à Constituição, seja em desrespeito ao
direito material ou processual, a prova não será admitida em juízo.
Tem-se como prova ilícita por derivação, quando para descobri-la, embora
legalmente, o agente antes fez emprego de meio ilícito. Ex.: para se localizar a
res furtiva, o agente torturou o suspeito (meio ilícito), obteve a confissão e
apreendeu regularmente a coisa.
Tourinho cita Giuseppe Betiol, que por uma ótica, coloca que o favor rei
é o princípio base de toda legislação processual penal de um Estado,
inspirado na sua vida política e no seu ordenamento jurídico por um
critério de superior liberdade.
Alguns autores incluem o art. 386, VII, do CPP, como exemplo de favor
rei, que impõe a absolvição do réu por insuficiência probatória. Mas
Tourinho, sabiamente, menciona Santiago Sentís Melendo que traz o
entendimento que o Juiz ao absolver, por falta de provas, diz in dubio
pro reo, portanto, não há dúvida quando absolve, está firmemente seguro
que lhe faltam provas para a condenação, razão pela qual não se cuida de
“favor” sim de justiça.
Princípio do nemo tenettur se detegere (ninguém é obrigado a
acusar a si próprio). Direito ao silêncio:
De acordo com o artigo 5º, LXIII, da CF, o preso será informado
de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado.
Não obstante todos devam conhecer a lei, por si, isto não permite à Autoridade
abdicar de advertir o investigado/acusado sobre o direito que a ele assiste em
permanecer em silêncio, sem que isso lhe acarrete prejuízo, fruto de garantia
constitucional, tudo para se evitar a autoincriminação involuntária por força do
desconhecimento da lei, sob pena de se macular de ilicitude a prova colhida.
Princípio do nemo tenettur se detegere (ninguém é obrigado a
acusar a si próprio). Direito ao silêncio:
Desdobramento:
CF, art. 5º, LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória.
Ainda, o § 2º, do artigo 5º, fixa que os direitos e garantias nela expressos não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais de que o Brasil seja parte, e se levando em conta que o
Brasil aderiu através do Decreto 678 de 06/11/1992, ao ato internacional da
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica), considerando que o art. 8º, 2, h, desta Convenção dispõe que toda pessoa
tem direito, em plena igualdade, a uma série de garantias mínimas, dentre estas
a de recorrer da sentença para Juiz ou Tribunal Superior, pode-se concluir que
o duplo grau de jurisdição é garantia constitucional.
Princípio do duplo grau de jurisdição. O Pacto de São José da
Costa Rica: