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PROCESSO PENAL

1. CONCEITO DE PROCESSO PENAL

É ramo de direito público composto por regras e princípios que possibilita o


exercício do direito de punir do Estado (ius puniendi). O processo penal possui
03 características:

AUTONOMIA: Não é subordinado ao direito penal material, vez que possui seus
próprios princípios e regras.

INSTRUMENTALIDADE: É instrumento para concretização do direito penal.

NORMATIVIDADE: Possui codificação própria, o CPP.

2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL


Inicialmente, importante destacar a diferença entre princípios e regras. Os
princípios são aplicados segundo a analise de cada situação, admitindo a
ponderação de valores e a mitigação de um em relação ao outro. Lembre-se
que mitigar não é excluir.

Por outro lado, as regras são invariáveis, não podem ser mitigadas, ou se
aplicam ou não se aplicam.

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL| ART. 5º, LIV DA CF – Consagra a


necessidade do processo tipificado, sem a supressão ou desvirtuamento dos
atos essenciais. O processo é, em si, garantia.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE| ART. 5º, LVII DA


CF – Consagra a ideia de que ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória.

Enquanto a CF/88 aborda o princípio da presunção de não culpabilidade, o


Pacto de San Jose da Costa Rica menciona a presunção de inocência. São
sinônimos. Entretanto este ultimo traz uma visão mais restritiva do que o
primeiro, isso porque a inocência é a regra. A presunção de não culpabilidade
se manifesta de duas formas.
| REGRA DE TRATAMENTO: O réu não deve ser tratado como culpado
simplesmente por estar respondendo por um processo criminal, pelo contrário,
até que se prove sua culpa deve ser tido e tratado como inocente.

| REGRA PROBATÓRIA: Também chamada de favor rei, favor libertatis ou in


dubio pro reo, significa dizer que a dúvida razoável no processo penal deve
militar em favor do réu.

No que diz respeito a possibilidade de prisão em segunda instancia, a decisão


mais recente do STF é que a execução provisória automática, após a decisão em
segunda instancia, ofende a constituição. No entanto, esse entendimento não
obsta a possibilidade de decretação de prisão preventiva, desde que atendidos
os seus requisitos.

PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA| ART. 5º, LV DA CF – Assegura aos litigantes em


processo administrativo ou judicial, as garantias ao contraditório e ampla
defesa. A ampla defesa se desdobra em dois aspectos.

| DEFESA TÉCNICA: Exercida por profissional habilitado (advogado).

| AUTODEFESA: Exercida pessoalmente pelo acusado de forma positiva


(falando) ou negativa (em silencio), e, ainda, subdivide-se em direito de
presença e direito de audiência.

A autodefesa se manifesta no interrogatório.

QUALIFICAÇÃO DA PARTE: DEVE SER RESPONDIDA E


1 NÃO PODE MENTIR.

INTERROGATÓRIO NARRATIVA DOS FATOS: PODERÁ SE DEFENDER,


DAR A SUA VERSÃO, SERÁ TOLERADA INCLUSIVE SUAS
2 MENTIRAS, BEM COMO PODERÁ FICAR EM SILENCIO NO
TODO OU EM PARTE.

A doutrina mais moderna abrange a possibilidade dos direitos relativos à defesa


do imputado inclusive durante o inquérito policial, sobretudo em observância
ao disposto no art. 7, XXI, a do Estatuto da OAB.

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO| ART. 5º, LV DA CF – O contraditório se desdobra


em ciência e participação, de modo que o acusado tenha o direito de conhecer
tudo aquilo que está sendo produzido contra si e também o direito de se
manifestar influenciando de maneira direta na convicção do julgador.
| CONTRADITÓRIO PARA A PROVA: Também conhecido como contraditório
real, determina que as partes atuem na própria formação do elemento de prova,
sendo indispensável que sua produção se dê na presença do órgão julgador e
das partes. A exemplo da prova testemunhal colhida em juízo.

| CONTRADITÓRIO SOBRE A PROVA: Conceituado também como contraditório


diferido ou postergado, se traduz na atuação do contraditório após a formação
da prova.

OBS: A doutrina tradicional sustenta a não aplicação do contraditório na fase


policial. Já a doutrina contemporânea defende a viabilidade do contraditório
mitigado, em homenagem aos postulados do Estado Democrático de Direito e
da proteção aos direitos humanos fundamentais.

PRINCÍPIO DA PARIDADE DE ARMAS “PAR CONDITIO”: Deve ser dado tanto à defesa
quanto à acusação as mesmas condições e oportunidades em busca da verdade
real. Tem como base o princípio da isonomia material encontrado na CF.

PRINCÍPIO DO FAVOR REI: No processo penal, para que o individuo seja


considerado culpado é necessário que haja prova da existência de todos os
elementos objetivos e subjetivos da norma penal, bem como a existência de
qualquer elemento capaz de excluir a culpabilidade e a pena. Aqui há uma
mitigação do princípio da isonomia processual, justificado no bem jurídico
envolvido – a liberdade do indivíduo, que será violada caso haja uma
condenação equivocada.

PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO – NEMO TENETUR SE DETEGERE: Consagra o


direito de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, se
revelando como um alicerce do direito ao silencio, bem como uma garantia de
que seu exercício não trará prejuízo ao réu (art. 186 CPP).

O referido princípio tem abrangência tanto na fase investigatória quanto na


instrução processual e abrange:

| DIREITO AO SILENCIO: Corresponde ao direito de não responder as


perguntas formuladas pela autoridade;

| INEXIGIBILIDADE DE DIZER A VERDADE: Prevalece na doutrina que não há o


direito de mentir, apenas se tolera a mentira, isso porque no ordenamento
jurídico brasileiro não há o crime de perjúrio.
| DIREITO DE NÃO PRATICAR QUALQUER COMPORTAMENTO ATIVO QUE POSSA
INCRIMINÁ-LO: Doutrina e jurisprudência entendem que não se pode exigir
qualquer comportamento ativo do acusado quando puder resultar em
autoincriminação. Exemplo: Reprodução simulada dos fatos.

| NÃO PRODUZIR PROVA INCRIMINADORA INVASIVA: É aquela em que se retira


vestígios do corpo.

| AVISO DE MIRANDA: Garantia de que as alegações do imputado não terão


nenhuma validade se ela não for alertada sobre: i) direito de não responder as
perguntas que lhe forem perguntadas; ii) que suas declarações poderão ser
utilizadas em seu desfavor em eventual julgamento; iii) que tem direito a um
advogado escolhido ou nomeado pelo Estado.

OBS| Confissão feita por pessoa convocada como testemunha: Se durante seu
testemunho o agente acaba confessando a pratica de algum crime, essa
confissão não é válida, segundo o STF, se a autoridade que presidiu o ato não
advertiu previamente que ela não era obrigada a produzir provas contra si
mesma. Nesse caso, pode-se, encerrar o ato e realizar um novo ato instrutório,
garantindo-se o respectivo direito.

PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO A DUPLA PUNIÇÃO PELO MESMO FATO (NE BIS IN IDEM):
Decorre da legalidade penal e da dignidade da pessoa humana. Impede que
uma pessoa seja processada e condenadas duas vezes pelo mesmo fato.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: Trata-se de desdobramento básico de democracia e


segurança das partes, por isso, em regra, todo processo é público, exceto os
que tramitam em segredo de justiça.

No entanto, esta limitação não poderá dirigir-se ao advogado do réu ou do


órgão de acusação. Excepcionalmente há algumas restrições impostas ao
advogado quanto ao acesso dos autos pelo inquérito policial, sendo esse
entendimento convalidado pelo STJ. De doto modo a regra é a publicidade e
exceção de decretação de sigilo nas hipóteses previstas na legislação, em
observância sobretudo ao teor da súmula vinculante n. 14, que é aplicada ao
inquérito policial em trâmite na delegacia, em que os elementos de prova já
documentados poderão ser fornecidos ao advogado. A ressalva se encontra nas
diligencias em andamento, como interceptação telefônica, que podem ser
restringidas, sob pena de se frustrar o objetivo da medida.

PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO| Art. 5º, LXXVIII da CF –


Determina que o processo penal deve ser visto como garantia e não meta,
devendo ser justo e realizado em tempo razoável. O STJ visando estabelecer
critérios objetivos sobre o tema, editou 03 súmulas: 21, 52, 64. (colocar as
sumulas)

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