Você está na página 1de 5

Direito Processual Penal I

Aluna: Maria Eduarda Ribeiro Braga DRE:


Professor: Diego rufd Malan Turma C

O Professor Renê Ariel Dotti em seu artigo “Princípios do Processo Penal faz, como o
próprio título da obra indica, uma análise dos Princípios do Processo Penal, trazendo
diversos exemplos de como tais princípios foram positivados no ordenamento jurídico
pátrio.
Primeiramente o artigo ressalta que os regimes autoritários das décadas de 1960 e 1970
sacrificaram de forma gravosa os princípios do processo penal. Com o fim desses
regimes os princípios gerais do processo penal assumiram extrema relevância, que vai
além dos direitos e das garantias fundamentais, adquirindo um papel de peso na própria
existência do Estado Democrático de Direito e na prevenção e repressão a
criminalidade.
Os princípios do processo penal são fundamentais para que as garantias constitucionais
sejam respeitadas e, desse modo, todas as constituições políticas os consagraram, ainda
que de forma geral.
Conforme o texto, a doutrina classifica os princípios gerais do processo penal da
seguinte forma:
a) Princípios relativos à promoção processual: I - princípio da oficialidade; II –
princípio da legalidade; III - princípio da acusação;
b) Princípios relativos ao prosseguimento processual: I - princípio da investigação; II -
princípio da contraditoriedade; III - princípio da audiência; IV – princípio da
suficiência; V - princípio da concentração;
c) Princípios relativos à prova: I - princípio da investigação ou da "verdade material"; II
- princípio da livre apreciação da prova, III - princípio do "indubio pro reo";
d) Princípios relativos à forma: I princípio da publicidade; II - princípio da oralidade; e
III - princípio da imediação.
Princípio da oficialidade:
O princípio da oficialidade diz respeito ao caráter público da ação penal e que foi
consagrado no art. 24 Código de Processo Penal (CPP). No entanto, é possível que sua
iniciativa seja deferida aos particulares quando se tratar de crime contra bens jurídicos
disponíveis ou, ainda, quando o Ministério Público não intentar a ação dentro do prazo
legal, mesmo em se tratando de crime contra bem jurídico indisponível.
O princípio da oficialidade resulta do fato de que o processo penal constitui uma
questão de interesse coletivo e atua em nome deste e, sendo assim, gera a necessidade
da intervenção estatal.
Como dito anteriormente, embora haja a possibilidade de deferimento da iniciativa da
ação penal a particulares, é importante ressaltar que o ordenamento jurídico traz essa
possibilidade como uma exceção à regra geral da iniciativa pública.
Assim, conforme ilustrado no artigo “O sistema constitucional-processual brasileiro
adota o caráter oficial do impulso na luta contra as infrações penais sem perder de vista
os casos de legitimação dos particulares para o exercício direto da ação penal, como já
se viu acima, ou para formular a notitia criminis.”
Esta, por sua vez, é uma faculdade deferida a qualquer um que tomar conhecimento de
uma infração penal de qual caiba ação pública.
Desse modo, o princípio da oficialidade traz uma série de nuances que evidenciam que a
segurança pública é um dever do Estado e um direito e responsabilidade de todos,
conforme o art. 144 da Constituição Federal (CF).
Princípio da legalidade:
O princípio da legalidade tem sua origem histórica como uma garantia individual contra
excessos ao poder de tributar. No direito brasileiro, o princípio da legalidade rege os
atos da administração pública; é exigido para instituir ou majorar tributos; para
criminalizar condutas e impor penas ou para privar indivíduos de sua liberdade ou de
seus bens.
De forma mais geral, o princípio da legalidade é tido como a exigência de lei reguladora
prévia ao fato praticado. Mais especificamente, no tocante ao processo penal, o
princípio da legalidade está relacionado ao dever do Ministério Público de requisitar
elementos de informação e de promover a respectiva ação penal, sempre que houver
elementos fáticos e jurídicos que autorizem o procedimento acusatório.
Conforme é possível se compreender a partir da leitura do art. 2º do CPP, o princípio da
legalidade do processo exige que os termos e os atos do processo possuam uma forma
pré-estabelecida para que sejam válidos.
O princípio do Juiz natural deriva do princípio da legalidade do processo penal. Tal
princípio diz respeito ao fato de que ninguém pode ser julgado senão por autoridade
competente. Ou seja, no momento da consumação do crime, o acusado já tem direito de
saber quem é o juiz constitucionalmente competente para julgá-lo (tempus criminis
regit iudicem). Assim, ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente e não haverá juízo ou tribunal de exceção.
Princípio da acusação:
Segundo o texto, o princípio da acusação pode ser deduzido através do princípio da
isonomia, que diz respeito a igualdade dos indivíduos perante à lei.
O sistema acusatório é considerado uma evolução do processo penal inquisitório,
passando-se a presar pela imparcialidade, pela objetividade e pela independência das
decisões judiciais.
Embora a CF não tenha disposto expressamente que o processo penal brasileiro possui
estrutura acusatória, pode-se afirmar que o princípio da acusação foi recepcionado pela
Carta Maior através da cláusula do art. 5º, §2º.
É possível dizer que a nossa Constituição adotou de forma considerável o sistema
acusatório, mas não de modo absoluto. Assim, há uma grande autonomia dos órgãos
judiciais “que se limitam a decidir a pretensão deduzida por um acusador distinto,
embora exista a liberdade e o dever judicial de investigação para se buscar a verdade
material. O juiz, portanto, não se conserva em posição de neutralidade diante do
confronto das partes, assim como árbitro ou testemunha de um duelo.”
Princípio da Investigação:
O Princípio da investigação integra a estrutura acusatória, em linhas gerais, do processo
penal. Esse princípio possui como característica principal a autonomia do órgão
julgador para apurar os fatos, além da vontade das partes.
Por meio da investigação, que é um impulso ao procedimento para descoberta dos fatos,
o Estado exerce seu poder-dever de buscar pela verdade material. A principal base
constitucional do princípio da investigação é a exigência da fundamentação das decisões
judiciais (art. 93, IX, CF). Para motivar sua sentença, o juiz acaba tendo a necessidade
de buscar elementos fáticos e de direito que motivaram sua livre convicção.
Princípio da contrariedade:
O princípio da contrariedade, também conhecido como contradição, diz respeito à
paridade de armas entre acusação e defesa; à liberdade de produção e contestação de
provas; à garantia de resposta de uma parte às alegações da parte contrária.
Princípio da audiência:
O direito de audiência é um dos princípios básicos do processo penal pode ser exercido
diretamente pelo acusado perante a autoridade policial ou judiciária ou indiretamente,
quando for exercido através de petição de seu defensor.
Adicionalmente, o texto defende que o direito de ser ouvido também integra o rol dos
direitos subjetivos da vítima, uma vez que o Poder Judiciário não pode se abster de
apreciar lesão ou ameaça a direito, conforme o art. 5º, XXXV da CF.
Outro direito inserido nesse contexto é o direito à ampla defesa, que poderá ser exercida
com os meios e recursos a ela inerentes. A ampla defesa não é ilimitada e seu limite
constitucional encontra-se na vedação das provas ilícitas.
Princípio da suficiência:
O princípio da suficiência rege as chamadas questões prejudiciais e possui como
fundamento o objetivo de afastar obstáculos ao exercício do ius puniendi que,
eventualmente, possam atravancar a ação penal.
Princípio da concentração:
O princípio da concentração diz respeito a necessidade de reunião dos atos e dos termos
processuais em um mesmo contexto de tempo e espaço, ou seja, é a necessidade de que
os termos e atos processuais ocorram , tanto quanto possível, de forma unitária e
continuada.

Princípio da livre apreciação da prova:


O Princípio da livre apreciação da prova resulta das garantias de vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, das quais gozam os magistrados.
Esse princípio refere-se a liberdade que o magistrado possui para avaliar as provas e
extrair as conclusões que instruirão sua decisão. Tal princípio se contrapõe a existência
de uma hierarquia prefixada entre as provas. Assim, o juiz criminal tem liberdade para o
conhecimento, interpretação e utilização das provas, sem que seja dispensada a
necessidade de motivação da decisão.
Princípio do indubio pro reo:
O princípio do indúbio pro reo resulta do fato de que a dúvida não pode ensejar uma
sentença condenatória. A doutrina e a jurisprudência entendem que tal princípio pode
ser identificado no art. 386, VI do CPP. Assim, o juiz deve absolver o réu quando não
existir provas suficientes para a condenação, vez que o ônus da prova cabe à acusação
A presunção de inocência é um princípio incidente no campo das provas, segundo o
qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória" (art. 5.º, LVII, CF).
No entanto, tal princípio não pode se opor às medidas cautelares de prisão (em
flagrante, às medidas assecuratórias, aos incidentes de falsidade e de insanidade, além
da busca e apreensão e outros procedimentos para a colheita da prova.
Assim, a presunção de inocência deve ser entendida como o direito do acusado a
exercer seus direitos humanos, civis e políticos enquanto não forem direta e
expressamente afetados pela sentença penal condenatória, transitada em julgado ou
pelas decisões cautelares.
Princípio da publicidade:
O princípio da publicidade pode ser encontrado na CF em seu art. 93, IX, que dispõe
que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos. A publicidade
é a regra das audiências, das sessões e dos atos processuais, só podendo a lei restringi-la
quando a defesa da intimidade ou o interesse social exigirem.
Princípio da oralidade:
O princípio da oralidade remete ao fato de que, no processo penal, deve haver a
prevalência da palavra falada, devendo os atos serem convertidos a termo escrito para
que tais atos e termos possam ser registrados e documentados.
A oralidade é caracterizada pela identidade da pessoa do juiz; pela concentração e pela
irrecorribilidade das decisões interlocutórias, evitando-se a cisão do processo ou a sua
interrupção contínua, mediante recursos que devolvam ao tribunal o julgamento da
decisão impugnada. Derivam da oralidade os tipos de processo sumário e sumaríssimo.
procedimento é sumário, quando ao crime for cominada pena de detenção (salvo as
hipóteses previstas no sumaríssimo) e o procedimento é sumaríssimo quando se tratar de
crime punido com detenção até um ano, de lesão corporal culposa, de homicídio
culposo e de contravenção.

Princípio da imediação:
Por fim, o princípio da imediação pode ser definido como a relação de proximidade de
comunicação entre o tribunal e as partes do processo, a fim de que o juízo possa obter
uma percepção própria do material que servirá de base para sua decisão. A regra da
identidade física do juiz é de suma importância para este princípio.

Como visto ao longo do texto, é importante observar que o processo penal deve
constituído para aperfeiçoar as garantias individuais e coletivas e com objetivo de
justiça. No entanto, é fundamental para o respeito ao Estado Democrático de Direito que
o processo penal não seja desenvolvido a qualquer preço, devendo sempre salvaguardar
os direitos fundamentais.

Você também pode gostar