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I.Noções Gerais.
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há também uma grande autonomia. O direito penal trata apenas da
tipificação dos crimes e demais regras que definem em abstrato o que é um
crime e as condições da sua punição. O processo penal disciplina a
atividade das autoridades na investigação dos factos criminosos e o
processamento da aplicação da lei penal aos casos concretos. O processo
penal tem grande autonomia relativamente ao direito penal porque trata do
modo como as autoridades judiciárias devem proceder para investigar e
proceder ao julgamento dos crimes e aplicação das sanções, definindo os
direitos e deveres dos sujeitos processuais (tribunal, MP, assistente, vítima,
arguido ou suspeito e defensor). Ao definir os direitos e deveres dos
sujeitos processuais o processo penal visa, por um lado , disciplinar a
atividade de cada sujeito, evitar abusos e erros judiciários, sucedendo que
no limite pode sacrificar a busca da verdade para assegurar os direitos dos
intervenientes e acautelar os erros judiciários.
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5. Fins do processual penal
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A política processual é também escolha, Escolha de quem intervem no
processo. Ex. Quem procede à investigação? Qual o papel das polícias?
Como se distribuem as funções entre as policias, o Ministério Público, os
juízes? Os tribunais devem ser de um juiz só ou coletivo?
REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
UNIVERSIDADE COLINAS DE BOÉ
DIREITO PROCESSUAL PENAL (4.º Ano)
Programa (2021/2022)
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mesmos direitos e deveres. Não significa que sejam exatamente os mesmos,
mas que no conjunto sejam idênticos.
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A Estrita Legalidade procedimento. Significa que todos os actos
processuais devem estar previstos na lei. Não podem praticar-se actos que
não tenham previsão legal e muito menos contrários à lei.
Princípio da Jurisdição
Significa que só os tribunais com jurisdição penal – aos quais a lei atribua o
poder de julgar a matéria criminal, têm competência para aplicar a lei
penal.
Ex. O agente cometeu o crime A. Este crime só pode ser julgado por um
tribunal que segundo a lei tenha jurisdição penal- Não pode ser julgado por
um outro tribunal, seja de que natureza for (civil, administrativo, trabalho)
a que a lei não atribua jurisdição. Se o processo for julgado por um tribunal
sem jurisdição penal, é inexistente (todos os seus atos são inexistentes).
A estrutura acusatório
A estrutura acusatória respeita a todo o processo. Significa primariamente
que há um confronto entre a lei e o suspeito acusado em que são garantidas
ao suspeito acusado todas as garantias de defesa. É o chamado processo
democrático. O suspeito acusado é sujeito processual (tem direitos e
deveres, participa ativamente no processo e não é puro objeto, submetido ao
processo e às autoridades policiais e judiciárias.
Princípio acusatório
O princípio da acusação é outra coisa. significa que o acusado só tem de
defender-se da acusação que lhe é feita. Feita a acusação não pode mais ser
alterada substancialmente para que a defesa possa ser plena (Este princípio
que existe sempre no processo de estrutura acusatória também pode existir
no processo de estrutura inquisitória).
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Na fase de inquérito
Nesta fase a prova é recolhida unilateralmente pela autoridade (em regra ao
pela policia ou MºPº) sem intervenção da defesa. Portanto, a investigação
decorre sob manto de secretismo (nº 1, do artigo 78º, do CPP) É o que se
passa em geral na fase da investigação pré acusatória. Por isso que em
alguns países o processo penal só começa com a acusação.
Princípio da Lealdade: Exige uma atitude por parte de todos, especialmente das
autoridades, ao longo de todo o processo, de respeito dos direitos e dignidade de
todas as pessoas que se vê envolvidas no processo e com deveres funcionais.
Exemplo:
a) Dos Polícias:
Detenções humiliantes;
Detenções que visam coagir pelo sofrimento físico e psicológico;
Dão mais relevância às provas que possam confiarmar a suspeita.
b) Ministério Público
Interessado mais na condenação do que descoberta da verdade;
Tratam arguidos/suspeitos como inimigos sociais antes de serem
condenados.
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c) Advogados
Intimidar testemunhas;
Tratam vítimas como presumidos criminosos;
E distrõe o que foi dito.
d) Juizes
Tratam com rispidez o arguido, assistente ou testemunhas;
Proferem comentários ofensivos ou revelam impaciência perante esforço
da acusação ou da defesa no contraditório.
E) Testemunhas
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ou o facto não for punivel por qualquer razão
(prescrição, por exemplo) deve arquivar
Em princípio o MºPº está obrigado a proceder e dar acusação por todas as
infracções de cujos pressupostos factuais e jurídicos, substantivos e
processuais, tenha tido conhecimento (artigos 192º, do cpp). No entanto, só
existe dever acusar quando há indicios suficientes (artigo 204º e 211º, do
cpp).
Fundamento: princípio da igualdade na aplicação da lei, que é uma ideia
estruturante do Estado de Direito.
Esse princípio não é aceite num sistema do processo acusatório puro, como
o Inglês e Norte Americano.
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também se a coisa pertence ou não ao acusado, ma esta decisão só tem
relevância para efeitos de decidir sobre o furto.
Questão prejudicial: É a questão de natureza substantiva que é necessário
decidir previamente à decisão sobre a questão penal. No exemplo anterior o
determinar a quem pertence a coisa furtada é uma questão prejudicial. Esta
questão prejudicial pode ser decidida autonomamente noutro processo pelo
tribunal competente, mas, em regra, é decidida no próprio processo
criminal. A isto se chama suficiência do processo penal para decidir as
questões prejudiciais.
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O Princípio da Celeridade e da economia processual.
A celeridade processual (artigo 42º, nº2, artigo 14º, nº3, d, PIDCP): é um
princípio do processo justo ou equitativo e significa que o processo deve
ser decidido em tempo razoável. É sobretudo dirigido ao legislador para
que estabeleça prazos (de prescrição e de duração dos processos e das suas
fases). Entende--se que o arrastar do processo por tempo que não seja
razoável, necessário para a boa administração da justiça, é altamente lesivo
da paz do acusado.
Significa que não se devem praticar atos inúteis para a boa decisão da
causa. Ex: ouvir testemunhas ou praticar outras diligências que não têm
importância para a boa decisão da causa.
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Significa que o julgador tem a liberdade de formar a sua convicção sobre
os factos submetidos a julgamento com base apenas no juízo que se
fundamenta no mérito objectivamente concreto desse caso, tal como ele foi
exposto no processo, pelas alegações, respostas e meios de prova
utilizados)
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podem ser narrados ou reproduzidos pelos meios de comunicação social e
que os autos podem ser consultados e obtidas cópias e certidões deles
Princípio da concentração.
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A conformação Jurídico –Constitucional do Processo penal e a sua
Estrutura
Considerações gerais
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Carateriza-se, essencialmente, por uma nitida separação entre a acusação e
o julgamento. Uma entidade acusa e outra julga a acusação, por forma a
garantir a imparcialidade do julgamento e portanto a justiça da decisão.
O juiz é um simples árbitro passivo e «super partes» e como tal não pode
alterar substancialmente o objeto do processo.
O caso guineense
A par dos outros, o preceito que se me afigura mais relevante é o artigo 42º.
Este rotábulo normativo consagra, em matéria processual penal, um modelo
processual de estrutura acusatório.
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O nº1 reconhece o suspeito como um verdadeiro membro da comunidade e
não subordinado (submisso) a qualquer forma de poder instituído, e por
conseguinte, está em paridade de posição com os restantes sujeitos
processuai, na circunstância, Ministério Público e o assistente. Ou seja, o
suspeito acusado é sujeito processual (tem direitos e deveres, participa
ativamente no processo e não é puro objeto, submetido ao processo e às
autoridades policiais e judiciárias.
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Fontes do Direito Processual Penal
b) Fontes Materias
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tribunais e pela doutrina mais significativa. Nem a jurisprudência nem a
doutrina obrigam o juiz; só ajudam na interpretação. Diria que são
auxiliares da interpretação, mas não são verdadeiras fontes do direito . Por
isso que a lei nunca se lhes refira como fonte.
Interpretação e Integração
Ex. O nosso cpp não prevê a forma do processo sumarissimo. Mas nada
impõe ou aconselha sequer que haja um processo sumaríssimo. É simples
opção do legislador.
A analogia aplica-se quando há uma lacuna (situação que não está regulada
e precisa de o ser), recorrendo ao direito subsidiário ou às normas do
sistema que tenham a mesma razão de ser.
Ora, se não chega, então recorre-se aos lugares paralelos do CPP. Devemos
entender a semântica cpp como abrangendo não só as normas do cpp, mas
também as que fazem parte da legislação extravagante.
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Se não houver lugares paralelos, recorre-se aos lugares paralelos do CPC
que se harmonizem com os princípios do CPP.
Se mesmo assim não for possível resolver, recorre-se aos princípios gerais
do processo penal.
Ex. a nossa lei não preve que a libertação do preso preventivo pudesse ser
ordenada pelo juiz. Imagine que se verifica este caso. Tem um detido que é
apresentado ao juiz ou um preso que o juiz decide libertar.
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2. A lei processual penal nova aplica-se a processos já em curso, desde
que:
Ex. A lei nova encurta o prazo máximo da prisão preventiva; a lei nova cria
um novo recurso e antes não existia.
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EX. A nova lei encurta os prazos da prisão preventiva ou estabelece
condições mais restritivas da sua aplicação. Esta lei é mais favorável ao
arguido/suspeito preso ou em condições de ser preso segundo a antiga lei.
Aplicada a lei nova, porque mais favorável, então aplica-se a lei nova a
todos os atos do processo.
Outro possível entendimento seria que a lei nova só seria aplicável aos
processos já iniciados nas disposições que favorecessem o arguido. Isto
quebraria a unidade do sistema e por isso me parece de repudiar.
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Os Sujeitos Processuais
Considerações.
1.O Tribunal (artº 119º da Constituição, artº 5º, do cpp 1º, do dec. Lei
nº 3/2002, revista pela lei 6/2011 )
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Ex. O agente cometeu o crime A. Este crime só pode ser julgado por um
tribunal que segundo a lei tenha jurisdição penal- Não pode ser julgado por
um outro tribunal, seja de que natureza for (civil, administrativo, trabalho)
a que a lei não atribua jurisdição. Se o processo for julgado por um tribunal
sem jurisdição penal, é inexistente (todos os seus atos são inexistentes).
- tribunal de sector.
Artigos 19º, 46º, 47º, 48º, 64º e 66º, falam da organização segundo a
matéria, território e a estrutura.
Competência
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para julgar as questões a tribunais diferentes consoante a matéria em
questão.
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1º - Regra geral da competência territorial: é competente o tribunal com
jurisdição na área onde o crime foi consumado. Ex. homicídio - lugar onde
ocorreu a morte.
Importa, por isso, determinar qual é o critério legal para a ligação do crime
ao territorio e depois verificar qual o tribunal que naquele momento exerce
jurisdição relativamente àquele crime, agora em razão da competencia
material e funcional dos diversos tribunais que exercem a sua jurisdição
sobre o mesmo territorio.
Justificação: razões de facilidade de prova e a prevenção geral.
Artigo 16º
Crime cometido a bordo de navio ou aeronave
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Trata-se da aplicação da lei guineense a crimes cometidos a bordo de
navios ou aeronaves (artigo 6º, do cp guineense) nestes casos o tr, territ.
competente é o do lugar do desembarque em território guineense e se não
houver desembarque em território da Guiné o do lugar da matrícula do
navio ou aeronave. Ou seja, lugar para onde se dirigir/desembarcar ou
lugar onde primeiro tiver havido notícia do crime.
Art. 17º
Crime cometido no estrangeiro
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2. Sempre que por aplicação das regras anteriores não for possível fixar o
tribunal competente, então aplica-se a regra supletiva: o trib. competente é
o do lugar onde primeiro tiver havido notícia do crime. EX. crime cometido
no estrangeiro a que seja aplicável a lei da Guiné. Se se tratar de
estrangeiro que nunca teve residência na Guiné ou de guineense mas do
qual se desconhece a última residência na Guiné, aplica-se a regra
supletiva: lugar onde primeiro tiver havido notícia do crime.
O art. 19º é aplicável quando o arguido é magistrado. Neste caso não deve
ser julgado no tribunal com o qual tem relação pela suspeita que isso
poderia suscitar. Desloca-se a competência para outro tribunal, o mais
próximo.
Na Guiné só há um Tribunal de Relação. Q.Y?
Neste caso creio que não haverá deslocação da competência por
impossibilidade de cumprimento da norma.
Competencia por conexão
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se encontra relacionada através da unidade do agente; b) material ou
objetiva, quando, sendo dada uma pluralidade de infrações e de agentes, a
sua relacionação se faz através da própria materialidade ou conteúdo das
infrações; c) mista (pessoal e material) quando os dois tipos de relacionação
atrás apontados convergem no mesmo caso concreto.
A razão da conexão é o facto de um se destinar a encobrir o outro. Tratase
de conexão objetiva
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exemplo, A, de 14 anos, e B, de 17, ofendem em co-autoria a integridade
física de C).
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Prorrogação da competência da competência (artº 24º, do cpp).
Significa que, não obstante a cessação de conexão, mantêm, o tribunal
competente do tribunal previamente designado por conexão.
para evitar que o juiz desfaça a conexão (separe os processos para não
julgar um deles). Por isso a lei estabelece que, neste caso, mesmo
separando os processos, o juiz que seria competente por aplicação das regra
da conexão mantém a competência para todos os processos, mesmo para
aqueles que se tivessem sido processados separadamente não era
competente. Ex. Crime A (competente o tribunal de Bissau); crime B
(competente o tribunal de Safim. Por força das regras da conexão passou a
ser competente o tribunal de Bissau. Este tribunal determinou a separação
dos processos, fazendo cessar a conexão.
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integridade física grave (art. 115.º do CP), depois “desgraduada” na
condenação para uma ofensa à integridade física simples (art. 114.º-1 do
CP), não há por que pôr em causa a competência do tribunal coletivo para
tomar esta decisão condenatória mais branda, apesar de tratar-se de crime
para o qual seria, afinal, competente o tribunal singular, pois quem pode o
mais pode o menos e não se mostram comprometidas as garantias de defesa
do arguido, bem pelo contrário.
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Exemplo: Suponha que o juiz de instrução criminal ordenou uma busca
domiciliária, uma apreensão ou até a prisão preventiva. Posteriormente vem
a declarar-se que esse JIC é incompetente. Consequência: os atos praticados
mantêm-se válidos mas o juiz que entretanto for declarado competente
pode apreciá-los e declarar nula a apreensão, a busca ou a prisão. E se
entender que esses atos foram praticados ilegalmente ou que não eram
necessários pode revoga-los.
O art. 30º quer assegurar que, os atos urgentes não fiquem por praticar
enquanto não se determina qual o tribunal competente. Por isso que o
tribunal declarado incompetente mantém competência para praticar atos
urgentes enquanto a jurisdição não for recebida por outro MP ou tribunal. É
para evitar o vazio de competência. O art. 31º visa assegurar que o
tribunal que venha a assumir a competência não fique necessariamente
vinculado a atos praticados ou provas recolhidas antes da declaração
da incompetência. Por isso que o tribunal declarado competente aprecia a
validade dos atos anteriormente praticados (que mantêm a sua eficácia)
salvo se o novo tribunal considerar que esses atos anteriormente praticados
sofrem de nulidade insanável ou eram desnecessários.
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do mesmo crime imputado ao arguido; e um conflito negativo de
competência quando vários tribunais de diferente hierarquia, espécie ou
localização se declaram incompetentes para conhecer do mesmo crime
imputado ao suspeito.
Impedimentos e Suspeições
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duvidar da imparcialidade do juiz. Assim, por exemplo, se o juiz faz visita
de casa de uma das partes não deve participar no processo, porque se cria a
suspeita de que possa beneficiar a pessoa de quem é visitada.
Enquanto os impedimentos são taxativos na lei - a lei indica quais as
situações em que o juiz fica impedido de exercer a sua função no processo,
as suspeições não são taxativas, tem de ser apreciadas caso a caso para ver
se são ou não motivo de suspeita sobre a eventual imparcialidade do juiz
(Não basta ao juiz ser sério (imparcial) é preciso também parece-lo para
que as partes possam confiar na sua imparcialidade. Outro exemplo: se o
juiz emitiu opinião sobre o assunto, ainda que informalmente, deve ser
considerado suspeito porque já tem ideias feitas antes do julgamento.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL (4.º Ano)
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O Ministério Público
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reparação da legalidade democrática, sempre que ela pareça ou tenha sido
violada.
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Subordinados a estes Magistrados, há o Vice-procurador, bem como os
PGAS (artigo 13º, da Lei Orgânica).
Consequência:
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É uma relação puramente funcional. O MP não tem competência
hierárquica nem de organização dos opcs. Apenas tem supervisão
relativamente ao conteúdo dos atos processuais delegados nos opcs.
Vantagens:
Consequência:
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Nos crimes públicos, em regra, o MºPº tem legitimidade para promover o
processo sem limitação: instaura o inquérito, deduz acusação e sustenta-a
na instrução e julgamento, interpõe recursos e promove a execução (nº1, do
artigo 50º, do cpp).
E os crimes particulares?
Conclusão:
Nestes crimes, para que o MºPº possa exercer a acção penal é necessário a
verificação de três pressupostos: 1º) a queixa do titutar do direito; 2º) se
constitua assistente para que o MºPº possa promover o inquérito; 3º) e
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que acuse para que o procedimento possa prosseguir para as fases
posteriores.
O cpp não regulou essa situação, mas podemos e devemos defender que o
MºPº pode promover imediatamente o procedimento criminal e depois
notificarem as pessoas a que a lei confere direito de queixa para, querendo
em oito dias, se querem ou não exercer esse direito (interpretação
enunciativa do artigo 177º, nº 3, do cpp).
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2º o direito de queixa não se transmite para herdeiros, se o de cujus a ela
renunciar antes da morte;
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Quem compete homologar a desistência?
O suspeito
Direito comparado
Caso Guineense
a) A constituição de suspeito
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O suspeito é aquele sobre quem é formalmente constituído como sujeito
processual e relativamente a quem corre processo como eventual
responsável pelo crime que constitui objecto do processo.
4º um suspeito for detido, nos termos e para efeitos previstos nos artigos
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Condição do declarante ainda não constituído suspeito
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A capacidade judiciária das pessoas coletiva aplica-se mutatis mutandiso
disposto no artigo 21º, nº1, do cpc. Portanto, valem aqui os ensinamentos
do processo civil.
Indícios:
Os direitos e deveres do suspeito vêm descritos nos artigos 61º e 62º, ambos
do cpp. O legislador quis sublinhar o papel interventor do suspeito.
Direito comparado
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Quanto ao art. 62º. O sistema Português abandonou o dever de indicação
dos antecedentes criminais por se considerar que tal não era necessário por
constar do registo criminal, obrigatoriamente junto ao processo.
Qualidade de réu
Assume a qualidade de réu todo aquele contra quem for proferida decisão
final condenatória, após o trânsito em julgado (cfr. n.º 1 do art. 65.º).
O réu goza dos mesmos direitos e está sujeito aos mesmos deveres do
suspeito, salvo no que for incompatível com o facto de ter sido condenado
definitivamente (cfr. n.º 1 do art. 63.º).
O defensor
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O suspeito tem direito não só de ser assistido, tecnicamente, pelo defensor
assim como à sua escolha. Isto é assim, porque o suspeito não é objeto de
um acto de Estado,mas sim um sujeito de processo com direito de organizar
a sua própria defesa (artigo 72º e 73º, ambos do cpp).
Assistente
Poderes do assistente
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(interessado: assistente). Não obstante a Constituição nada dizer sobre o
assunto, o princípio democrático consente-o.
Representação judiciária
As partes Civis
O lesado
Pode suceder que o responsável civil não seja o réu no processo crime (ex.
responsabilidade da seguradora), Neste caso, o pedido civil deve ser
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formulado contra a seguradora. A seguradora só pode intervir no processo
desde que representada por advogado o qual terá poderes idênticos aos do
defensor para patrocinar a seguradora (artigo 71º, do cpp).
Pode haver muitos casos em que o responsável civil não coincida com o
responsável penal. Ex. nas pessoas coletivas. Pode suceder que a pessoa
coletiva não seja responsável penal, mas o seja civilmente. Sucede isso, em
geral, nos casos de atuação em nome de outrem.
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Do objecto do Processo
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com a natureza das sanções. Mais graves no penal, logo maior rigor na
acusação para que a defesa possa ser plena.
2. Alteração de factos
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i. Alteração substancial e alteração não substancial do objecto do
processo.
A qualificação de uma alteração de factos como substancial só ocorre
quando se identifica uma possível quebra da identidade do objecto do
processo, traduzida numa alteração de factos. O nosso legislador elege
dois critérios consubstanciadores de alteração substancial dos factos
(artigo 210º nº4 e 249º nº5, ambos do cpp):
a) Critério qualitativo: crime diverso;
b) Critério quantitativo: pena máxima mais elevada.
3. Fixação do objeto do processo
Estamos perante alteração não substâncial dos factos quando a variação dos
factos não implicar, nem a incompetência do juiz, nem a imputação ao
suspeito de um crime diverso ou a agravação dos limites máximos da
sanção aplicável, ou se resultar, apenas, a alteração da qualificação jurídica.
Nesse caso, deve o juiz comunicar a alteração ao defensor e conceder-lhe
prazo não superior a 5 dias para reelaborar a defesa, com consequente
adiamento do debate instrutório, se necessário.
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alteração ou variação da descrição dos mesmos factos implicar a imputação
de um crime diverso (significa outro facto histórico diferente do acusado,
ou seja o crime não será materialmente diverso desde que o bem jurídico
tutelado seja essencialmente o mesmo) ou a agravação do limite máximo
da sanção aplicável. Nesse caso, o juiz não pode tomar conhecimento do
novo facto.
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b) Factos autonomizáveis (nº 5, do artº 210º, do cpp revisto)
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Grosso modo, pode-se dizer que os atos processuais são aqueles atos
praticados pelos sujeitos ou participantes do processo que, de uma forma ou
de outra, dão andamento ao processo, ou seja, auxiliam para a consecução
de uma prestação jurisdicional eficiente.
Os prazos ordenadores dos actos processuais
Prazos ordenadores são aqueles cuja violação não acarreta qualquer sanção.
justiça em geral
Segredo é algo que é secreto, algo que não se deve dizer ou ser do
conhecimento de outro.
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cobertas pelo regime do segredo de justiça, enquanto que a fase de
julgamento está sujeita ao regime da publicidade
A justificação do segredo de justiça é hoje quase só a necessidade da
investigação criminal. Há processos que necessitam ser investigados em
segredo para que a investigação seja eficaz (p.ex. escutas telefónicas,
buscas). Se os suspeitos tiverem conhecimento de diligências de
investigação poderão fazer desaparecer a prova ou dificultar a sua
apreensão.
O nº1, do artigo 80º, enuncia o rol das pessoas cobertos pelo segredo de
justiça.
Por sua vez, o nº2, do arto 80º, do cpp fala nas implicações do segredo de
justiça.
Uma das noções de segredo de justiça diz que é a regra segundo a qual, aos
sujeitos processuais não interessados ou a terceiros, é legalmente proibido
conhecer o conteúdo dos actos e diligências praticadas no processo (nº2, do
artigo 80º, do cpp). Publicidade do processo e suas implicações
O nº2 do artigo 78º, por seu turno, dispõe sobre o conteúdo da publicidade,
nomeadamente assistência, pelo público e comunicação social, à realização
dos actos processuais; a narração dos actos processuais, ou reprodução dos
seus termos, pelos meios de comunicação social; consulta e obtenção de
cópias, extractos e certidões de quaisquer partes dele.
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Razões da dignidade das pessoas, a moral pública ou ao normal decurso do
acto. Ex: crime sexual, etc.
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civilizacional, retrocede-se ao ancien regime, ao período de antes do
Iluminismo (Revilução francesa).
Em regra, quer nos actos orais assim como nos actos escritos, usa-se língua
portuguesa (nº1, do artigo 86º, do cpp). Essa regra comporta de excepção,
quando haja de ser ouvida pessoa que não conheça ou não domine língua
Portuguesa, usa-se língua ou dialecto que domine. Em ambos os casos, é-
lhe nomeado intérprete (nº2, do artigo 86º, do cpp).
Forma escrita dos actos: o artigo 88º , do cpp prescreve os actos que
devem revestir a forma escrita.
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regra, destina-se a garantir a imediação da prova e a espontaneidade das
declarações,estando também de algum modo relacionada com a regra da
livre apreciação da prova,formulada no art . 117, do cpp .
Noção, redacção e autenticidade do auto: artigos 90º, 91 e 92, todos do
cpp.
Comunicação dos actos processuais
Como é que se efectua comunicação entre os serviços de justiça e entre as
autoridades judiciárias e os órgãos de polícia criminal?
Ocorre mediante mandado, carta (precatória ou rogatória) – artigo 97º, do
CPP.
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Pelo que não funciona o princípio da tipicidade/legalidade declarada no
nº1, do artigo 105º, do cpp.
É uma espécie de invalidade menos grave e, por isso, fácil de saná-lo
Isso as distingue da inexistência que é vício mais grave e raro. Estas não se
sanam porque tornam a decisão inexistente. O acto inexistente não carece
de ser anulado, pois não tem virtualidade para produzir efeitos jurídicos
nem pode originar caso julgado Ex. A falta do número legal de juízes
constitui nulidade insanável, mas se não houver juiz porque a decisão foi
tomada por um funcionário a decisão é inexistente.
A inexistência
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