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PROCESSO PENAL

A partir do momento em que alguém pratica a conduta prescrita na Lei Penal, surge a pretensão
punitiva, que ‘’é o poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão ‘a sanção
penal’’
Poder/dever de punir desce do plano abstrato e se abstrato e se transforma no ius puniendi in
concreto.
O processo penal então é o caminho necessário para alcançar-se a pena e, principalmente, um
caminho que condiciona o exercício do poder de penar (essência do poder punitivo) ‘a estrita
observância de uma série de regras que compõe o devido processo legal.
O processo penal então é um caminho necessário para alcançar-se pena e, principalmente, um
caminho que condiciona o exercício do poder de penar (essência do poder punitivo) ‘a estrita
observância de uma série de regras que compõe o devido processo legal
Caráter instrumental do processo penal com relação ao Direito Penal e ‘a pena, sendo o processo
penal caminho necessário para a pena,
Entretanto, o processo penal não é simples instrumento para o poder punitivo, mas é
principalmente instrumento de limitações a esse poder, pois se legitima através da estrita
observância as garantias fundamentais do indivíduo a ele submetido (devido processo legal)
Processo Penal trata de liberdade: quem tem, está na iminência de perder, ou quem já não a tem,
pode recuperá-la ou perdê-la ainda mais.

CARACTERISTICAS DO PROCESSO PENAL


Autonomia – O DPP não é hierarquicamente subordinado ou inferior ao Direito Penal
material e tem seus princípios e regras próprios.
Instrumentalidade – É o instrumento de consecução do Direito Penal material
Normativa – É uma disciplina normativa com codificação própria Código de Processo Penal
– CPP (Decreto-Lei n 3.689/1941)

FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL


Dizem respeito ‘a origem das normas processuais, que podem ser apreciadas sob dois ângulos,
gerando assim a divisão entre as fontes que são criadoras (materiais) e as que são de expressão
da norma (formais) do processo penal.
Fonte material: É o Estado. No caso do DPP compete a União
Fontes formais: São fontes de revelação (de cognição) e dizem respeito aos meios pelos quais o
direito se exterioriza. Dividem-se em fontes formais imediatas e mediatas.
Fontes formais imediatas: São as leis em sentido amplo, abrangendo a Constituição Federal, a
legislação infraconstitucional, os tratados, as convenções e as regras de Direito Internacional
aprovados pelo Congresso Nacional
Fontes formais mediatas:
Costumes
Princípios gerais do direito
Doutrina
Analogia
Jurisprudência

SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS


A estrutura do processo penal de um país funciona como um termômetro dos elementos
democráticos ou autoritários de sua Constituição.
São aqueles:
Sistema inquisitório – No sistema inquisitivo é o Juiz quem detém a reunião das funções de
acusar, julgar e defender o investigado – que se restringe ‘a mero objeto do processo. A ideia
fundante deste sistema: é o julgador é o gestor das provas i e.. o juiz é quem produz e conduz as
provas.
Possui as seguintes características:
o Reunião das funções: o juiz julga, acusa e defende
o Não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos
o O processo é sigiloso, isto é, é praticado longe ‘’aos olhos do povo’’
o Inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em
contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.
o A confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas)
o Existência de presunção de culpa, o réu é culpado até que se prove o contrário

Sistema acusatório – Adotado pela nossa Constituição Federal (o juiz é imparcial e somente
julga, não produz provas e nem defende o réu)
Características:
o Presença de partes distintas, com clara divisão entre as atividades de acusar e julgar
o Igualdade de condições entre acusação e defesa, com a iniciativa probatória das partes,
em uma estrutura dialética.
o Juiz equidistante, terceiro e imparcial, alheio a investigação e passivo na coleta de provas
o Oralidade e publicidade, norteado pela presunção de inocência
Sistema Misto
o Fusão dos modelos anteriores em duas fases: Pré-processual e processual
o Primeira fase é tipicamente inquisitorial, destituída de publicidade e amplia a defesa com
instrução escrita e secreta, sem acusação e, por isso, sem contraditório, objetivando-se
apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso
o Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se
defende e o juiz julga, vigorando a publicidade, oralidade a isonomia processual e o direito
de manifestar-se a defesa depois da acusação
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI
PROCESSUAL PENAL
Artigo 3 do CPP – ‘’A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito;’’
Espécies de interpretação:
o Quanto ao sujeito:
o Autêntica ou legislativa (ex: art 150 $$ 4 e 5 CP)
o Contextual ou posterior (ex tunc)
o Doutrinária ou científica (exposição de motivos)
o Judicial
Quanto aos meios empregados:
Gramatical, literal ou sintática – usa os elementos puramente verbais e sintáticos. Esclarece o
sentido conotativo ou denotativo.
Lógica ou teológica – intenção objetiva na lei, os motivos que determinaram os preceitos, as
necessidades e o princípio superior que lhe deram origem. Razão finalística (ratios legis)
Quanto ao resultado:
o Declarativa
o Restritiva
o Extensiva

Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva é aquela que, ao longe do tempo, adapta-se as


mudanças político-sociais.
A lei processual admite interpretação extensiva. Por não conter dispositivos versando sobre o
direito de punir, segue-se que a forma rigorosa de interpretar o direito penal não se aplica ao
processo penal. A este aplicam-se as regras comuns de hermenêutica (LINDB, art 4)

Exceções: normas de natureza mista (penal e processual penal) isto é, normas que afetem direito
substancial do indivíduo, tais como restrição de liberdade e direitos etc;
Formas de procedimento de interpretação:
o Equidade – critério interpretativo para aplicação da lei no caso concreto, com
correspondência ética e jurídica
o Doutrina
o Jurisprudência

Decreto Lei n 4.657/1942 (LINDB) – Art 4 ‘’Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e o princípios gerais de direito’’

Analogia – Ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo direito)
Consiste na atividade de aplicar a uma hipótese há regulada por lei disposição relativa a um caso
semelhante.
Analogia Legal (ou Analogia legis) – aplicação de uma norma já existente a um caso concreto
Analogia Jurídica (ou Analogia Juris) – aplicação de um conjunto de normas para se extrair
elementos que possibilitem aplicação ao caso concreto não previsto.
Costumes – Decorrem da pratica reiterada, constante, pública e geral de determinado ato com a
certeza de ser ele obrigatório. Observem que para ser utilizado deve preencher os elementos: uso
continuado e a certeza de sua obrigatoriedade.
o Secundum legem ou conforme a lei
o Praeter legem – complementam a lei ou suprem lacunas
o Contra legem – contrário a lei

Princípios Gerais do Direito – Os princípios gerais do direito estão na raiz de todos os sistemas
normativos, e no caso de lacuna da lei quando for possível integrá-la por analogia e por costumes
estes princípios serão utilizados pelo magistrado.
CPC – ‘’Art 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação da lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico’’
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Jurisdição – Resolução de conflitos de interesse
o Por obra de um ou de ambos os titulares dos interesses conflitantes:
autodefesa/autotutela ou autocomposição
o Por ato de terceiro: mediação e o processo
A jurisdição penal deve ser concebida como poder-dever de realização de Justiça Estatal, por
órgãos especializados do Estado. Trata-se de decorrência inafastável da incidência do principio da
necessidade, peculiaridade do processo penal.

PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
Investidura – A jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido regularmente investido na
autoridade de Juiz. Somente os órgãos instituídos pela Constituição podem exercer jurisdição.
Indelegabilidade – Segue o principio geral segundo o qual é vedado a qualquer Poder delegar
atribuições. A constituição fixa as atribuições do Poder judiciário, de modo que nem a lei nem aos
próprios membros deste é dado dispor de outra forma.
Nevitabilidade – A jurisdição impõe-se independente da vontade das partes, que a ela devem
sujeitar-se.
Inafastabilidade (princípio do controle jurisdicional) A lei não pode excluir da apreciação do Poder
Judiciário, qualquer lesão ou ameaça a direito, nem pode o juiz a pretexto de lacuna ou
obscuridade da lei, escusar-se de proferir decisão (CF, art 5 XXXV, LINDB, art 4)
Juiz Natural – intimamente relacionado com a imparcialidade do juízo, a garantia do juiz natural
possui dúplice aspecto:
(i) proibição de juízo ou tribunal de exceção (CF, art 5 XXXVII)
(ii) garantia do juiz competente (CF, art 5, LIII)
Inércia da Jurisdição – o poder somente poderá ser exercido pelo juiz mediante prévia inovação.
Vedada está a atuação ex officio do juiz (dai o significdo do adágio ne procedat iudex ex officio)
Imparcialidade – é garantida pelo modelo acusatório e sacrificada no sistema inquisitório, de modo
que somente haverá condições de possibilidade da imparcialidade quando existir, além da
separação inicial das funções de acusar e julgar, um afastamento do juiz da atividade
investigatória/instrutória.

Imparcialidade objetiva: estará comprometida a imparcialidade do julgador quando ele realizar pré-
juízos ou pré-conceitos sobre o fato objeto do julgamento;

Imparcialidade subjetiva: no aspecto subjetivo, o que temos é a verificação das suas convicções
em um determinado caso concreto.

Dissonância cognitiva: é o nome dado a um viés cognitivo que leva as pessoas a procurarem
algum tipo de coerência em suas crenças e ideologias, embora a realidade as desminta com fatos.

Juiz de Garantias - o juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização
prévia do Poder Judiciário. Consiste, pois, na outorga exclusiva, a um determinado órgão
jurisdicional, da competência para o exercício da função de garantidor dos direitos fundamentais na
fase investigatória da persecução penal, o qual ficará, na sequência, impedido de funcionar no
processo judicial desse mesmo caso penal.

Princípio da presunção de inocência - Pode ser definido como o direito de não ser declarado
culpado senão após o término do devido processo legal,durante o qual o acusado tenha se
utilizado de todos os meios de prova pertinentes para a sua defesa (ampla defesa) e para a
destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório). Expressamente
previsto no art. 5º,inciso LVII, da CF.
Regra probatória - a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do
acusado além de qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência
Regra de tratamento – o Poder Público está impedido de agir e de se comportar em relação ao
suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao acusado, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, enquanto não houver o fim do processo criminal.
o
Dimensão interna ao processo: é a imposição – ao juiz – de tratar o acusado efetivamente
como inocente até que sobrevenha eventual sentença penal condenatória transitada em
julgado
Dimensão externa ao processo: proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização
(precoce) do réu.

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO - Se compreende como a ciência bilateral dos atos ou termos do


processo e a possibilidade de contrariá-los. De acordo com esse conceito, o núcleo fundamental
do contraditório estaria ligado à discussão dialética dos fatos da causa, devendo se assegurar a
ambas as partes, e não somente à defesa, a oportunidade de fiscalização recíproca dos atos
praticados no curso do processo. Está expressamente previsto no art. 5º, inciso LV, da CF.
Direito à informação – que seria a necessária e obrigatória informação às partes dos atos e
elementos processuais
Direito de participação – que é a possibilidade de reação da parte aos atos e elementos
desfavoráveis

Contraditório para a prova ou contraditório real - demanda que as partes atuem na própria
formação do elemento de prova, sendo indispensável que sua produção se dê na presença do
órgão julgador e das partes

Contraditório sobre a prova ou diferido ou postergado - traduz-se no reconhecimento da atuação


do contraditório após a formação da prova

Princípio da ampla defesa - O princípio da ampla defesa está positivado no Art. 5º, LV da
Constituição Federal (CF), cujo texto legal prevê que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes. “Conceituando, a ampla defesa é o conjunto de meios de que os
acusados penalmente dispõe para rechaçar uma acusação que considerem injusta ou excessiva.

No entanto, apesar de a ampla defesa estar prevista no mesmo inciso que trata do contraditório,
estas duas figuras não podem ser confundidas.

A ampla defesa é exercida por meio do contraditório ao mesmo tempo em que o garante, pois a
participação da parte, elemento do contraditório, é caracterizada pela sua defesa.

Defesa técnica (processual ou específica) - é aquela exercida por profissional da advocacia,


dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado, ou defensor público.
Para ser ampla, como impõe a Constituição Federal, apresenta-se no processo como defesa
necessária, indeclinável, plena e efetiva, não sendo possível que alguém seja processado sem que
possua defensor

Autodefesa (material ou genérica) - é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos


cruciais do processo. Diferencia-se da defesa técnica porque, embora não possa ser desprezada
pelo juiz, é disponível, já que não há como se compelir o acusado a exercer seu direito ao
interrogatório nem tampouco a acompanhar os atos da instrução processual.

Características da defesa técnica no processo penal:


Necessária e irrenunciável
Direito de escolha do defensor
Defesa técnica plena e efetiva

Características da autodefesa no processo penal:


• Direito de audiência
• Direito de presença
• Capacidade postulatória autônoma do acusado

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE A garantia do acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados
no curso do processo revela uma clara postura democrática, e tem como objetivo precípuo
assegurar a transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas
partes, como por toda a comunidade.
Princípio da verdade real estabelece que o julgador sempre deve buscar estar mais
próximo possível das verdades ocorridas no fato, devendo existir sempre um
sentimento de busca pela verdade quando da aplicação da pena e da apuração dos
fatos.

PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS - O direito à


prova, como todo e qualquer direito fundamental, não tem natureza absoluta. Está sujeito a
limitações porque coexiste com outros direitos igualmente protegidos pelo ordenamento jurídico.
Não por outro motivo, dispõe a Constituição Federal em que “são inadmissíveis, no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, LVI).

Provas ilegais:
Provas ilícitas - violação de regra de direito material (penal ou constitucional)
Provas ilegítimas - quando obtida mediante violação à
norma de direito processual

PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE - Ninguém é obrigado a produzir prova contra si


mesmo. Trata- se de uma modalidade de autodefesa passiva, que é exercida por meio da
inatividade do indivíduo sobre quem recai ou pode recair uma imputação. Consiste na proibição de
uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado (ou acusado) em processo de
caráter sancionatório para obtenção de uma confissão ou para que colabore em atos que
possam ocasionar sua condenação

direito ao silêncio ou direito de ficar calado;


direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal
nexigibilidade de dizer a verdade
direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo
direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
exige que se faça um juízo de valor sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou
posto em perigo e o bem de que pode alguém ser privado, devendo haver proporção entre os
delitos e as penas, para que essa pessoa não seja lesada diante seus direitos fundamentais.

LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO


A lei penal no espaço rege-se pelos princípios da territorialidade, ou seja, aplica-se aos crimes
praticados no território brasileiro, e também da extraterritorialidade, isto é, aplica-se a lei penal
brasileira também aos crimes ocorridos no exterior quando preenchidos os requisitos previstos no
art. 7º do Código Penal; " A lei processual penal no espaço orienta-se apenas pelo princípio da
territorialidade, portanto, a lei brasileira ,em âmbito processual penal, aplica-se apenas aos crimes
praticados dentro do território brasileiro.
Exemplo: uma carta rogatória expedida por um juiz inglês a ser cumprida no Brasil seguirá as leis
processuais brasileiras, pois esse cumprimento ocorrerá dentro do território brasileiro.
Quanto à lei processual penal, existem três exceções ao princípio da territorialidade apontadas
pela doutrina:
Territórios nullius: seriam as vulgarmente chamadas “terras de ninguém”, que não pertencem a
nenhum país. Nesse caso, não haveria jurisdição estrangeira em tal tipo de território, por isso a lei
processual penal brasileira poderia ser aplicada;
Expressa autorização de Estado estrangeiro: como o Estado estrangeiro exerce jurisdição sobre
seu próprio território, pode também afastá-la se assim julgar conveniente, portanto, caso
determine que é a lei processual brasileira que deve ser lá aplicada, o Brasil poderá extravasar a
área de aplicação da lei processual penal nacional excepcionalmente
Guerra e invasão: em situações de guerra, caso o Brasil invada um determinado território,
ocupando-o, poderá exercer jurisdição sobre esse local.

INQUÉRITO POLICIAL
Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delegado de Polícia,
consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a
identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e
materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar
em juízo.

TRIPLA FUNÇÃO:
a) Preservadora (filtro processual): a existência prévia de um inquérito policial, além de
evitar custos desnecessários para o Estado, inibe a instauração de um processo penal
infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente, tendo em vista que é
gerador de estigmatização social e jurídica e sofrimento psíquico;
b) Preparatória (busca do fato oculto): fornece elementos de informação visando atingir
indícios mínimos de autoria e materialidade (fumus commissi delicti) para que o titular
da ação penal ingresse em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam
desaparecer com o decurso do tempo;
c) Função simbólica: a visibilidade da atuação estatal investigatória contribui, no plano
simbólico, para o restabelecimento da normalidade social abalada pelo crime,
afastando o sentimento de impunidade.
FINALIDADE: para que se possa dar início a um processo criminal contra alguém, faz-se
necessária a presença de um lastro probatório mínimo apontando no sentido da prática de
uma infração penal e da probabilidade de o acusado ser o seu autor (fumus commissi delicti).
Aliás, o próprio CPP, em seu art. 395, inciso III, aponta a ausência de justa causa para o
exercício da ação penal como uma das causas de rejeição da peça acusatória.

De acordo com Julio Fabbrini Mirabete, “a Polícia, instrumento da Administração, é uma instituição
de direito público, destinada a manter e a recobrar, junto à sociedade e na medida dos recursos de
que dispõe, a paz pública ou a segurança individual’’
À Polícia, segundo a doutrina majoritária, são atribuídas duas funções precípuas:

a) Polícia Administrativa: trata-se de atividade de cunho preventivo, ligada à segurança, visando


impedir a prática de atos lesivos à sociedade;
b) Polícia Judiciária: cuida-se de função de caráter repressivo, auxiliando o Poder Judiciário. Sua
atuação ocorre depois da prática de uma infração penal e tem como objetivo precípuo colher
elementos de informação relativos à materialidade e à autoria do delito, propiciando que o titular
da ação penal possa dar início à persecução penal em juízo. Nessa linha, dispõe o art. 4º, caput,
do CPP, que a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Crimes militares: a atribuição para as investigações recai sobre a autoridade de polícia judiciária
militar, a quem compete determinar a instauração de inquérito policial militar (IPM), seja no âmbito
das Polícias Militares ou dos Corpos de Bombeiros, nos crimes da alçada da Justiça Militar
Estadual, seja no âmbito do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica, em relação aos crimes
militares de competência da Justiça Militar da União.
Crimes federais: no caso de infrações penais de competência da Justiça Federal, a atribuição para
a realização das investigações incide sobre a Polícia Federal. Afinal, de acordo com o art. 144, §
1º, I, primeira parte, da Constituição Federal, à Polícia Federal incumbe a apuração de infrações
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas. Ademais, de acordo com o art. 144, § 1º,
IV, da Carta Magna, cabe à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União.

Crimes eleitorais: na hipótese de crimes da competência da Justiça Eleitoral, a qual é tida como
uma Justiça da União, a atribuição para a realização das investigações é, precipuamente, da Polícia
Federal. Todavia, como já se pronunciou o próprio Tribunal Superior Eleitoral, verificando-se a
prática de crime eleitoral em município onde não haja órgão da Polícia Federal, nada impede que
sua investigação seja levada a efeito pela Polícia Civil.

Crimes estaduais: cuidando-se de crime da competência da Justiça Estadual, as investigações


devem ser presididas, em regra, pela Polícia Civil. No entanto, por força da própria Constituição
Federal, também é possível a atuação da Polícia Federal, diante do previsto no art. 144, §1º, I, da
CF, à Polícia Federal também incumbe a apuração de infrações penais cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei
(Lei nº 10.446/02).
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:
a) Escrito; CPP – “Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”

b) Dispensável; Se a finalidade do inquérito policial é a colheita de elementos de informação


quanto à infração penal e sua autoria, sendo apenas mera peça informativa, é forçoso concluir que,
desde que o titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido) disponha desse substrato
mínimo necessário para o oferecimento da peça acusatória, o inquérito policial
será perfeitamente dispensável

c) Sigiloso; Se a autoridade policial verificar que a publicidade das investigações pode causar
prejuízo à elucidação do fato delituoso, deve decretar o sigilo do inquérito policial com base no art.
20 do CPP, sigilo este que não atinge a autoridade judiciária e nem o MP.

d) Inquisitorial; A Lei nº 13.245/16 introduziu no EOAB o direito de o advogado assistir a


seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de
todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados,
direta ou indiretamente, podendo inclusive apresentar razões e quesitos no curso
da respectiva apuração (Lei nº 8.906

e) Discricionário; Ao contrário da fase judicial, em que há um rigor procedimental a ser observado,


a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária pela autoridade policial,
que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Os
arts. 6º e 7º do CPP contemplam um rol exemplificativo de diligências que podem ser
determinadas pela autoridade policial, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal.
Discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites traçados pela lei. Se a autoridade
policial ultrapassa esses limites, sua atuação passa a ser arbitrária, ou seja, contrária à lei. Logo,
não se permite à autoridade policial a adoção de diligências investigatórias contrárias à
Constituição Federal e à legislação infraconstitucional.

f) Oficial; incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou federal) a presidência do inquérito


policial. Vê-se, pois, que o inquérito policial fica a cargo de órgão oficial do Estado,nos termos do
art. 144, § 1º, I, c/c art. 144, § 4º, da Constituição Federal.

g) Oficioso; Ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação penal pública incondicionada,


a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, independentemente de provocação da
vítima e/ou qualquer outra pessoa. Deve, pois, instaurar o inquérito policial de ofício, nos
exatos termos do art. 5º, I, do CPP,

h) Indisponível; De acordo com o art. 17 do CPP, a autoridade policial não poderá mandar arquivar
autos de inquérito policial. O Delegado de Polícia não é obrigado a instaurar o inquérito policial,
devendo antes verificar a procedência das informações, assim como aferir a
própria tipicidade da conduta noticiada.

i) Temporário Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela
.

NOTITIA CRIMINIS
É o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato
delituoso, que se subdivide em:

a) Notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea)


b) Notitia criminis de cognição mediata (ou provocada)
c) Notitia criminis de cognição coercitiva

DELATIO CRIMINIS - é uma espécie de notitia criminis, consubstanciada na comunicação de uma


infração penal feita por
qualquer pessoa do povo à autoridade policial, e não pela vítima ou seu representante legal.
NOTITIA CRIMINIS inqualificada - é aquela vulgarmente conhecida como “denúncia anônima”

Verificação de procedência de informações (VPI) – prevista no artigo 5º, §3º, do CPP, é um filtro
contra inquéritos policiais temerários, que possibilita a colheita de indícios mínimos capazes
de justificar a instauração de um inquérito policial, e afasta a possibilidade de imputação do crime
de abuso de autoridade do art. 27 da Lei nº 13.869/19, vez que o seu parágrafo único prevê
que não haverá crime quando se tratar de investigação preliminar sumária, devidamente justificada.

FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL:


Crimes de ação penal pública incondicionada:
a) De ofício (CPP, art. 5º, inciso I)
b) Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público (CPP, art. 5º, inciso II, primeira
parte)
c) Requerimento do ofendido ou de seu representante legal (CPP, art. 5º, inciso II, parte final)
d) Notícia oferecida por qualquer do povo (CPP, art. 5º, §3º)
e) Auto de prisão em flagrante (CPP, art. 8º c.c. art. 304, §1º)
Crimes de ação penal de iniciativa privada:
Nesta hipótese, o Estado fica condicionado ao requerimento do ofendido ou de seu representante
legal.
Nessa linha, dispõe o art. 5º, §5º, do CPP, que a autoridade policial somente poderá proceder a
inquérito nos crimes de ação privada a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. No
caso de morte ou ausência do ofendido, o requerimento poderá ser formulado por seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). Esse requerimento é condição de
procedibilidade do próprio inquérito policial, sem o qual a investigação sequer poderá ter início.

DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS
- O Código de Processo Penal traz, em seu arts. 6º e 7º, um rol exemplificativo de diligências
investigatórias que poderão ser adotadas pela autoridade policial ao tomar conhecimento de um
fato delituoso. Algumas são de caráter obrigatório, como, por exemplo, a realização de exame
pericial quando a infração deixar vestígios (art. 158, CPP); outras, têm sua realização
condicionada à discricionariedade da autoridade policial, que deve determinar sua realização de
acordo com as peculiaridades do caso concreto
- Acesso aos dados cadastrais de vítimas e de suspeitos (art. 13-A, CPP) - permite o
acesso imediato do Delegado de Polícia e do órgão do Ministério Público aos dados
e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos da prática dos crimes de sequestro e cárcere
privado, redução a condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, extorsão qualificada pela
restrição da liberdade da vítima, extorsão mediante sequestro (CP, arts. 148, 149, 149-A, 158, §
3º e 159, respectivamente), e também do crime do art. 239 do ECA (“Promover ou auxiliar a
efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro”).

IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
A identificação criminal é o gênero do qual são espécies a identificação datiloscópica (coleta de
impressões digitais), a identificação fotográfica e a identificação do perfil genético (coleta de
material biológico), que estão regulamentadas na Lei nº 12.037/09

INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO


Prevista no artigo 21, do CPP, tem prevalecido o entendimento de que tal dispositivo não foi
recepcionado pela Constituição Federal. A uma porque a Constituição Federal assegura que toda
prisão será comunicada imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por
ele indicada (art. 5º, LXII) e que o preso terá direito à assistência da família e de
advogado (art. 5º, LXIII). A duas porque, ao tratar do Estado de Defesa, onde supressão de várias
garantias constitucionais, a própria Constituição Federal estabelece que é vedada a
incomunicabilidade do preso (art. 136, § 3º, IV).

INDICIAMENTO - Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma
pessoa. É apontar uma pessoa como provável autora ou partícipe de um delito.

Pressupostos: é um ato formal que só pode ocorrer a partir do momento em que reunidos
elementos suficientes que apontem para a autoria da infração penal, quando, então, o delegado de
polícia deve cientificar o investigado, atribuindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica de
“indiciado”, respeitadas todas as garantias constitucionais e legai
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Relatório Final da Autoridade Policial:
De acordo com o Código de Processo Penal (art. 10, § 1º), o inquérito policial deverá ser
concluído com a elaboração, por parte da autoridade policial, de minucioso relatório do que tiver
sido apurado, com posterior remessa dos autos do inquérito policial ao juiz competente.
Ação penal de iniciativa privada - deve o juiz determinar a permanência dos autos em cartório,
aguardando-se a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal. Dispõe o art. 19 do CPP
que, nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão
entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado

Ação penal pública:


a) formalização de acordo de não persecução penal
b) oferecimento de denúncia
c) arquivamento dos autos do inquérito policial
d) requisição de diligências
e) declinação de competência
f) conflito de competência
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
Não há um dispositivo específico no CPP que discipline as hipóteses de arquivamento do inquérito
policial. Em que pese o silêncio do CPP, é possível a aplicação, por analogia, das hipóteses de
rejeição da peça acusatória e de absolvição sumária, previstas nos artigos 395 e 397 do CPP,
respectivamente.

Fundamentos do arquivamento:
a) ausência de pressuposto processual ou de condição para o exercício da ação penal
b) falta de justa causa para o exercício da ação penal
c) quando o fato investigado evidentemente não constituir crime (atipicidade)
d) existência manifesta de causa excludente da ilicitude
e) existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo a
inimputabilidade
f) causa extintiva da punibilidade
g) cumprimento do acordo de não-persecução penal

O arquivamento por falta de lastro probatório é uma decisão tomada com base na cláusula rebus
sic stantibus, ou seja, mantidos os pressupostos fáticos que serviram de amparo ao arquivamento,
esta decisão deve ser mantida; modificando-se o panorama probatório, é possível o
desarquivamento do inquérito policial.
ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL
Previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal, cuida-se de negócio jurídico de natureza
extrajudicial, necessariamente homologado pelo juízo competente, celebrado entre o Ministério
Público e o autor do fato delituoso – devidamente assistido por seu defensor –, que confessa
formal e circunstanciadamente a prática do delito, sujeitando-se ao cumprimento de certas
condições não privativas de liberdade, em troca do compromisso do Parquet (MP) de não
perseguir judicialmente o caso penal extraído da investigação penal, leia-se, não oferecer denúncia,
declarando-se a extinção da punibilidade caso a avença seja integralmente cumprida.

AÇÃO PENAL
A ação penal consiste no direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional para a aplicação
do direito penal objetivo em um caso concreto. É também o direito do Estado, único titular do "jus
puniendi", de satisfazer a sua pretensão punitiva.
Por exemplo, quando uma pessoa comete um ato considerado um delito ou crime, abre-se a
possibilidade de o Estado punir aquela pessoa, conforme o estipulado pela lei que determina se
aquela ação é criminosa ou não. É cabível à ação examinar a ocorrência.

Quais são os tipos de ação penal?


Existem os seguintes tipos de ação penal:

o Ação Penal Pública Incondicionada


o Ação Penal Pública Condicionada à Representação
o Ação Penal Pública Condicionada à Requisição
o Ação Penal Privada Exclusiva
o Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
o Ação Penal Privada Personalíssima

CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL


a) Possibilidade jurídica do pedido - o pedido deve encontrar respaldo no ordenamento jurídico,
referindo-se a uma providência permitida em abstrato pelo direito objetivo

b) Legitimidade para agir - é a situação prevista em lei que permite a um determinado sujeito
propor a demanda judicial e a um determinado sujeito ocupar o polo passivo dessa mesma
demanda.

c) Interesse de agir - está relacionada à utilidade da prestação jurisdicional que se pretende obter
com a movimentação do aparato judiciário (necessidade, adequação e utilidade).

d) Justa causa - é o suporte probatório mínimo que deve lastrear toda e qualquer acusação penal
(fumus comissi delicti)
CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE
Condição de prossegui ilidade (ou condição superveniente da ação) é uma condição necessária
para o prosseguimento do processo. Em outras palavras, o processo já está em andamento e uma
condição deve ser implementada para que o processo possa seguir seu curso normal.
Ex.: art. 152, caput, do CPP e art. 91, da Lei nº 9.099/95.
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA E DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
a) Princípio do ne procedat iudex ex officio – a função jurisdicional deve ser exercida pelos juízes
apenas quando há a manifestação de uma pretensão por parte do titular de um interesse

b) Princípio do ne bis in idem - significa que ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela
prática do mesmo crime.

c) Princípio da intranscendência - Vale-se para ação pública, somente pode processar


criminalmente o autor da infração penal, quem praticou o crime.

d) Princípio da obrigatoriedade da ação penal pública - obriga a autoridade policial a instaurar


inquérito policial e o órgão do Ministério Público a promover a ação penal pública, desde que
presentes indícios de autoria e materialidade.
e) Princípio da oportunidade ou conveniência da ação penal de iniciativa privada - O princípio de
oportunidade significa que o querelante oferece a queixa crime se lhe for conveniente, enquanto a
pública o promotor é obrigado a processar.

f) Princípio da indisponibilidade da ação penal pública - MP não pode desistir da ação penal que
tenha intentado, ou mesmo de um recurso que tenha interposto

g) Princípio da disponibilidade da ação penal de iniciativa privada (exclusiva ou personalíssima)


Este princípio rege a ação pública privada, garantindo que, após o ajuizamento da ação penal
privada, o querelante possa dela desistir, assim como também poderá desistir de recurso
eventualmente interposto.

h) Princípio da (in) divisibilidade da ação penal pública - autoriza que, já havendo uma ação penal
pública em face de determinado réu, será sempre possível que o MP intente outra ação pelo
mesmo fato em face de outro acusado.

i) Princípio da indivisibilidade da ação penal de iniciativa privada - consiste na necessidade de o


querelante oferecer queixa contra todos os autores do fato, sob pena de extinção de punibilidade
se houver renúncia com relação a algum deles.

j) Princípio da oficialidade – significa que a iniciativa e prossecução processuais incumbem ao


Ministério Público (MP), enquanto entidade independente e autónoma

k) Princípio da autoritariedade - somente as autoridades públicas são responsáveis pela


persecução penal

l) Princípio da oficiosidade - a pretensão punitiva do Estado deve se fazer valer por órgãos
públicos, ou seja, a autoridade policial, no caso do inquérito, e o Ministério Público, no caso da
ação penal pública.

PRINCÍPIO DO NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO - a função jurisdicional deve ser exercida pelos
juízes apenas quando há a manifestação de uma pretensão por parte do titular de um interesse,

PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM - significa que ninguém pode ser julgado mais do que uma vez
pela prática do mesmo crime.
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA - Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a declaração do perdimento de bens ser,
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA - Este princípio obriga a autoridade
policial a instaurar inquérito policial e o órgão do Ministério Público a promover a ação penal
pública, desde que presentes indícios de autoria e materialidade.
Exceções:
• transação penal - art. 76, da Lei nº 9.099/95;
• termo de ajustamento de conduta - art. 5º, §6º, da Lei nº 7.347/85;
• parcelamento do débito tributário - art. 83, §1º, da Lei nº 9.430/96;
• acordo de leniência - arts. 86 e 87, da Lei nº 12.529/11
• colaboração premiada na nova Lei das OrCrim - art. 4º, §4º, da Lei nº 12.850/13
• acordo de não-persecução penal - art. 28-A, CPP
Princípio da oportunidade ou conveniência: Aqui, vigora este princípio, tendo em vista ser oportuno
intentar a ação penal privada ou não. É um querer do querelante. Neste caso, o futuro querelante
tem o tempo decadencial de 6 meses para iniciar a ação penal privada.

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA


diz que o MP não pode desistir da ação penal que tenha intentado, ou mesmo de um recurso que
tenha interposto (arts. 42 e 576 do CPP).
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA (EXCLUSIVA OU
PERSONALÍSSIMA)
Este princípio rege a ação pública privada, garantindo que, após o ajuizamento da ação penal
privada, o querelante possa dela desistir, assim como também poderá desistir de recurso
eventualmente interposto.
PRINCÍPIO DA (IN) DIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA
consiste na necessidade de o querelante oferecer queixa contra todos os autores do fato, sob
pena de extinção de punibilidade se houver renúncia com relação a algum deles.

AÇÃO CIVIL EX DELICTO


A lei autoriza o juiz fixar na sentença condenatória, independentemente do pedido das partes, um
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração (CPP, art. 387, IV), e o art. 63,
parágrafo único, passou a permitir a execução desse valor sem prejuízo da liquidação para a
apuração do dano efetivamente sofrido. Com isso, pode-se afirmar que ela se tornou em parte
líquida, o que possibilitou a sua execução no juízo cível, com a dispensa da liquidação para o
arbitramento do valor do débito.

SUJEITOS PROCESSUAIS
Principais:
a) o juiz; não é o juiz, mas o Estado-Juiz, em nome do qual aquele atua. Como sujeito imparcial,
cuja razão de estar no processo reside na realização pacífica do direito material penal, que, como
se sabe, não pode ser voluntariamente aplicado pelas partes

b) o autor (Ministério Público ou o ofendido); Artigo 127, CF: “O Ministério Público é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis

c) o acusado. Excepcionalmente, a acusação será do ofendido, desde que hajadesídia do


Ministério Público (CF, art. 5º, LIX; CPP, art. 29) ou que a norma penal assim o determine, como
nos casos de ação penal privada (CP, art. 100).
É aquele em face de quem se deduz a pretensão punitiva. Para ser sujeito passivo é necessário
que a pessoa a quem se imputa a prática de um crime preencha alguns requisitos, como
capacidade para ser parte, que toda pessoa adquire pelo simples fato de ser sujeito de direitos e
obrigações (excluem-se, portanto, os animais e os mortos), capacidade processual.

REVELIA NO PROCESSO PENAL?


Art. 367, CPP – “O processo seguirá sem a presença do acusado
que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo”
Art. 362, Parágrafo único – “Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo”
OUTRAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO ACUSADO
a) direito ao respeito à integridade física e moral (inciso XLIX)
b) às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação (inciso L)
c) direito ao devido processo legal (inciso LIV)
d) direito ao contraditório e à ampla defesa (inciso LV)
e) inadmissibilidade da obtenção de provas ilícitas (inciso LVI)
f) direito a ser presumido inocente (inciso LVII)
g) não ser submetido à identificação criminal quando identificado civilmente (inciso LVIII)
h) direito de não ser preso senão em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente (inciso LXI)
i) direito de ter sua prisão comunicada imediatamente à autoridade judiciária competente, a sua
família ou à pessoa por ele indicada, bem como o de ser assistido por um advogado (incisos LXII
e LXIII)
j) direito ao silêncio (inciso LXIII)
k) direito de conhecer a identidade dos responsáveis por sua prisão e por seu interrogatório
policial (inciso LXIV)
l) direito ao relaxamento imediato da prisão ilegal, por autoridade judiciária (inciso LXV)
m) Direito de não ser mantido na prisão quando a lei admitir liberdade provisória, com ou sem
fiança (inciso LXVI)
n) direito à assistência judiciária gratuita, quando impossibilitado de prover as despesas do
processo (inciso LXXIV)
o) direito à indenização por erro judiciário ou pelo tempo que ficar preso além do fixado em
sentença (inciso LXXV)

Acessórios (ou colaterais):


a) o assistente
b) os auxiliares da justiça
c) os terceiros, interessados ou não, que atuam no processo

DEFENSOR (arts. 261 a 263, CPP)


No processo penal, em razão da natureza pública e em geral indisponível dos interesses
materiais colocados à base do processo, o contraditório há que ser real e efetivo.
Enquanto a autodefesa é facultativa e de exclusiva titularidade do réu, a defesa técnica é
indispensável (art. 133, CF) desempenhada por pessoa legalmente habilitada
(advogado), e deve ser exercida ainda que contra a vontade do acusado ou na sua
ausência, posto que o contraditório nunca será efetivo se não houver equilíbrio entre os
ofícios da defesa e da acusação.
Portanto, não sendo constituído defensor pelo acusado, o juiz deverá, por injunção legal, nomear-
lhe um, ressalvando- lhe a possibilidade de, a qualquer momento, constituir outro de sua inteira
confiança (CF, art. 5º, LXIII; CPP, art. 263). Da mesma forma, não apresentada a defesa de que
trata o art. 396 do CPP, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor
para oferecê-la (CPP, art. 396-A, § 2º)

DIREITOS E GARANTIAS DO ADVOGADO (Lei nº 8.906/1994) “Art. 6º Não há hierarquia nem


subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos
tratar-se com consideração e respeito recíprocos.” Os direitos e prerrogativas da advocacia estão
previstos no artigo 7º, do Estatuto da OAB.
ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO (arts. 268 a 273)
O assistente é parte secundária, adesiva, eventual e desnecessária ao processo. Porém, com
relação à sua finalidade, duas correntes se contrapõem:
1. O ofendido ingressa no processo a fim de, verdadeiramente, assistir ao Ministério Público,
reforçando a acusação e garantindo, apenas a título secundário, seu eventual interesse na
reparação do dano;

2. O ofendido não o faz com o fim de auxiliar a acusação, mas de defender o seu interesse na
reparação do dano causado pelo ilícito (ex delicto).

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