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REVISÃO – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – PCPR – PROCESSO PENAL

Diante da suspensão da prova da Polícia Civil do Estado do Paraná, resolvemos buscar alguma forma de
ao menos diminuir a angústia do momento e manter o foco nos estudos. Então, produzimos esse singelo
material, que esperamos que auxilie na sua revisão para o dia da prova. Tratamos dos principais tópicos
dentro de cada tema do edital. Sinta-se livre para imprimir e encaminhar aos colegas. A reprodução é livre
e o objetivo, neste momento, é apenas ajudar. Além disso, temos uma grande quantidade de material
que poderá ajudar nos estudos no Youtube e no Instagram. Nossos livros, que estão fazendo grande su-
cesso, também estão à venda na Editora JusPodivm, já atualizados para 2021. Desejamos sucesso e bons
estudos! Não desanimem. Contem com a gente!

Klaus Negri Costa e Fábio Roque Araújo

Fevereiro de 2021

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PROCESSO PENAL BRASILEIRO

Conceito. “Conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem
como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional
e respectivos auxiliares” (Marques, Elementos, 1998, v. I, p. 32).

Posição jurídica. Tendo em vista que o direito público é o complexo de normas que regulam as relações
do Estado ou as relações entre os cidadãos e o Estado, o Processo Penal é do ramo publicista porque suas
normas – sejam regras ou princípios – tratam da concretização da pretensão punitiva do Estado em razão
da prática de um delito por uma pessoa, objetivando aplicar o Direito Penal ao caso concreto com a con-
sequente pacificação do corpo social.

Processo Penal Constitucional. Conforme Scarance, “o processo penal, especialmente, por trabalhar com
um bem fundamental do ser humano, a sua liberdade, reflete a concepção política dominante e o seu
modo tratar os direitos, as garantias do suspeito, do acusado e os interesses dos órgãos incumbidos da
persecução penal” (Processo, 2010, p. 21). A base constitucional do Processo Penal será analisada adiante,
no tópico referente aos princípios.

PRINCÍPIOS

Dignidade da pessoa humana. Nas palavras de André de Carvalho Ramos, a “dignidade humana consiste
na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o protege contra todo tratamento degra-
dante e discriminação odiosa, bem como assegura condições materiais mínimas de sobrevivência. Con-
siste em atributo que todo indivíduo possui, inerente à sua condição humana, não importando qualquer
outra condição referente à nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo etc.” (Curso, 2015, p.
74). O Estado, em relação à dignidade humana, possui dois claros deveres: (i) de respeito, colocando a
dignidade do homem como limite às suas ações, impedindo abusos e (ii) de garantia, na medida em que
deve promover o fornecimento de condições materiais ideais ao homem. Assim, de um lado, a dignidade
é um direito individual da pessoa em relação aos demais, sejam outros indivíduos ou o próprio Estado; e,
de outro lado, a dignidade é um dever de tratamento por parte do Estado, que deve respeitar os indivíduos
na sua essência. Exemplos no Processo Penal:

- A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisi-
onal mais gravoso (súmula vinculante nº 56), devendo ser observadas as seguintes medidas havendo dé-

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ficit de vagas: (1) saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (2) liberdade eletronica-
mente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de
vagas; ou (3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao
regime aberto. E, até que sejam estruturadas essas medidas alternativas, poderá ser deferida a prisão
domiciliar (STF, RE nº 641.320/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 11.05.16).

- Vedação ao emprego de algemas em mulheres presas em qualquer unidade do sistema penitenciário


nacional durante o trabalho de parto, no trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade
hospitalar e após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada (art. 3º, Decreto nº
8.858/16, regulamentando o art. 199 da Lei de Execuções Penais).

- Restrição ao uso de algemas, que só é lícito em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepciona-
lidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado
(súmula vinculante nº 11).

Devido processo legal. É o conjunto de normas, garantias e princípios que objetiva proteger os direitos
do indivíduo (art. 5º, LIV, CF). A pretensão estatal de punir o agente deve obedecer a um rito previamente
estabelecido em lei, desde o início das investigações (forma de prisão, comunicação ao juiz, direito ao
silêncio etc.), passando pelo processo penal (citação, resposta à acusação, produção probatória, decisões
etc.) até a execução penal (expedição da guia de recolhimento, progressão de regime, livramento condi-
cional etc.). Tal princípio possui duas dimensões: (a) formal (procedural due process): protegem-se bens
jurídicos por meio do processo/ procedimento previsto em lei. É o devido processo legal na sua forma
procedimental mais clássica; (b) material (substantive due process of law): não basta a aplicação for-
mal/estrita da lei, é preciso observar uma aplicação adequada, proporcional, equilibrada, justa e razoável
da lei.

Contraditório. Decorre do brocardo audiatur et altera pars (“ouça-se a outra parte”) e objetiva (a) garantir
a igualdade processual, colocando acusação e defesa num mesmo patamar dentro do processo e (b) a
liberdade processual, permitindo ao acusado constituir um advogado e atuar no processo apresentando
provas. Observa-se o trinômio: intimação + manifestação + influência. Destaca-se, ainda, que a Constitui-
ção Federal garante o contraditório aos litigantes e aos acusados em processo judicial ou administrativo;
todavia, o inquérito policial, como será visto adiante, não é verdadeiro processo, mas procedimento ad-
ministrativo, de forma que não há que se falar na garantia do contraditório perante a fase policial de
investigações.

Ampla defesa. A ampla defesa é a face externa do contraditório (art. 5º, LV, CF). Enquanto o agente pre-
cisa ter ciência da acusação e possibilidade de participação, externamente isso é visto como ampla defesa,
garantindo-se ao litigante que utilize os meios necessários à sua defesa e que o juiz analise as suas razões
de reação. Mesmo sendo um direito constitucional, não há que se falar em contraditório e ampla defesa
na fase investigativa. A ampla defesa pode ser exercida de duas formas: (a) autodefesa, realizada faculta-
tivamente pelo próprio agente, sendo permitido calar-se ou trazer qualquer elemento de convicção, ainda
que não jurídico, o que pode ser bastante útil perante os jurados no tribunal do júri, que decidem de
acordo com a íntima convicção, sem justificar, como se verá; (b) defesa técnica, realizada obrigatoria-
mente através de um advogado habilitado (art. 261, CPP), não podendo o réu se autorrepresentar no
Processo Penal, a não ser que seja advogado (art. 263, CPP). A falta de defesa técnica, no processo penal,
constitui nulidade absoluta, mas se ela for deficiente apenas, só se anulará o processo se houver prova de
prejuízo ao réu (súmula nº 523 do STF).

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Juiz natural. O agente deve ser processado e sentenciado por um juiz cuja competência seja pré-fixada
pela Constituição Federal e pelas leis (art. 5º, LIII, CF), de modo objetivo e genérico, sendo vedada a cria-
ção de tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII e LIII, CF). É também chamado de princípio do juiz legal.

Promotor natural. Esse princípio consagra uma garantia de ordem jurídica, destinada tanto a proteger o
membro do Ministério Público (na medida em que lhe assegura o exercício pleno e independente do seu
ofício) quanto a tutelar a própria coletividade (a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quais-
quer causas, apenas o promotor cuja intervenção se justifique a partir de critérios abstratos e predeter-
minados, estabelecidos em lei). A matriz constitucional desse princípio assenta-se nas cláusulas da inde-
pendência funcional e da inamovibilidade dos membros da instituição. O postulado do promotor natural
limita, por isso mesmo, o poder do Procurador-Geral que, embora expressão visível da unidade instituci-
onal, não deve exercer a chefia do Ministério Público de modo hegemônico e incontrastável.

Igualdade processual. Relaciona-se tal princípio com o contraditório e com a ampla defesa. Se uma parte
se manifesta, a outra deverá ser intimada e terá a oportunidade de também influenciar o juiz com a sua
manifestação. Para que haja a desejada igualdade, é necessário que as partes tenham “acesso às mesmas
armas” (princípio da paridade de armas). Parte da doutrina (Nucci, 2007) afirma que há uma desigualdade
inicial na persecução penal, principalmente quanto ao aparato investigativo. Por outro lado, tentando
contrabalancear isso, o Código de Processo Penal defere instrumentos que são exclusivos da defesa, como
o recurso de embargos infringentes e a possibilidade de revisão criminal pro reo apenas – temas que serão
vistos oportunamente.

Presunção de inocência. De acordo com a Constituição Federal (art. 5º, LVII), ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado da sentença condenatória final. O Código de Processo Penal traz dispo-
sição semelhante (art. 283). Assim, toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua
inocência enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa (art. 8.2, CADH; e art. 14.2, do Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos – Decreto nº 592/92). O Supremo Tribunal Federal fixou o
entendimento no sentido de que se exige o trânsito em julgado da condenação para que se dê início ao
cumprimento da pena, o que é compatível com o princípio da presunção de inocência, nos termos do art.
5º, LVII, CF. Veda-se, com isso, a outrora permitida “execução provisória da pena”. É possível que o agente
seja preso antes do trânsito em julgado, é claro, mas desde que numa das hipóteses que autorize a prisão
preventiva, consoante o art. 312, CPP (Plenário, ADC nº 43/DF, 44/ DF e 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, j.
07.11.19). Veda-se, portanto, a execução provisória da pena. No mais, a jurisprudência da 3ª Seção do
STJ, que reúne ambas as Turmas em matéria criminal, por maioria, fixou que não se admite a execução
provisória de pena restritiva de direitos, considerando o disposto no art. 147, LEP, que exige o trânsito em
julgado da decisão condenatória (EREsp nº 1.619.087/SC, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j.
17.06.17). Por fim, quanto à execução da pena de multa, o art. 50, CP, exige, taxativamente, o trânsito em
julgado para a sua execução. De igual modo prevê o art. 164 da Lei de Execução Penal, que condiciona a
execução da pena de multa à certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado.

Publicidade. A publicidade é a regra (arts. 5º, LX, e 93, IX, CF), só se permitindo sua restrição, de modo
excepcional, por motivos de intimidade ou interesse social, devendo ser fundamentada essa decisão. “É
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já do-
cumentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa” (súmula vinculante nº 14). Entre as partes envolvidas no
processo, a publicidade, como regra, é absoluta, ressalvados os documentos ainda em sigilo no decorrer
das investigações.

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Motivação das decisões. O juiz é livre para decidir, desde que o faça motivadamente, sob pena de nuli-
dade (art. 93, IX, CF). Prevê o art. 315, § 2º, CPP, cf. Lei nº 13.964/19, que não se considerará fundamen-
tada a decisão judicial que (a) se limitar à indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo, sem
explicar a relação com a questão decidida; ou que (b) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto da incidência; ou que (c) invocar motivos genéricos que se prestariam a justi-
ficar qualquer decisão; ou (d) que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; ou que (e) se limitar a invocar precedente ou enun-
ciado sumular sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julga-
mento se ajusta àqueles fundamentos; ou que (f) deixar de seguir enunciado sumular, de jurisprudência
ou precedente invocado sem demonstrar a existência de distinção ou superação do entendimento (incs.
I a VI). Assim, é vedado ao julgador limitar-se a apenas reproduzir a decisão combatida para julgar impro-
cedente o recurso interposto, sem enfrentar os argumentos deduzidos capazes de alterar o resultado do
julgamento, pois é dever do julgador, conforme os princípios do contraditório e da cooperação, enfrentar
as questões trazidas pelas partes capazes de modificar a decisão.

Imparcialidade do juiz. Não tem previsão expressa na Constituição Federal, decorrendo dos princípios do
contraditório, da ampla defesa e do juiz natural; deriva do sistema acusatório e se trata de um direito
previsto no art. 8.1 da CADH. Consoante Tourinho Filho, “não se pode admitir juiz parcial. Se o Estado
chamou para si a tarefa de dar a cada um o que é seu, essa missão não seria cumprida se, no processo,
não houvesse imparcialidade do juiz” (Manual, 2008, p. 18). Isso significa que o juiz deve ser neutro, não
tendo vínculos com as partes ou com o fato.

Verdade real. O processo penal busca descobrir como os fatos criminosos ocorreram, sem admitir pre-
sunções. O processo de natureza civil, classicamente, sempre se contentou com a verdade formal, isto é,
não se exige a chamada “certeza absoluta” de como os fatos se deram, aceitando-se, inclusive, a presun-
ção. De outro lado, o processo de natureza penal deveria sempre buscar o máximo de provas possível,
exigindo-se uma verdade material, isto é, de como realmente os fatos se sucederam. Em razão da busca
da verdade real/efetiva/substancial/material tão desejada pelo processo criminal, diversos ordenamen-
tos acabaram autorizando a realização de atos abusivos, tudo em nome da almejada “verdade”. Isso, ob-
viamente, não pode ser mais aceito hoje. Atualmente, então, não há mais que se falar nesta diferenciação
entre verdade formal – do processo civil – e verdade real – do processo penal. Em razão disso, por não
mais existir verdade formal no CPC e nem a verdade real no CPP, fala-se, simplesmente, em princípio da
busca da verdade.

Duplo grau de jurisdição. Assegura possibilidade de a decisão ser revista por um órgão diferente e supe-
rior. Não está previsto expressamente na Constituição Federal, mas provém dos direitos decorrentes de
tratados de direitos humanos, como o Pacto de São Jose da Costa Rica – CADH (art. 5º, § 2º, CF), que, em
seu art. 8.2, h, dispõe que, durante o processo, toda pessoa tem, em plena igualdade, o direito de recorrer
da sentença a juiz ou tribunal superior. Além disso, referido princípio emana, também, da própria estru-
tura organizacional dos tribunais pela Carta Política, que atribui competência recursal a eles.

Identidade física do juiz. A Lei nº 11.719/08 inseriu o § 2º ao art. 399, CPP, passando a dispor que “o juiz
que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”. Referido princípio teve inspiração no art. 132 do
CPC/73, que, todavia, não foi reproduzido pelo CPC/15. Independentemente disso, é possível sustentar,
sem dúvidas, que a identidade física do juiz continua existindo no Código de Processo Penal (Silvares e
Pinto, 2016), até porque está expresso no seu texto, que permanece íntegro; ademais, vale ressaltar que
o Código de Processo Penal é lei autônoma e suficiente, somente se aplicando o Código de Processo Civil
excepcional e subsidiariamente, o que não é o caso.

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Oficialidade e oficiosidade. São distintos. Falar em oficialidade (ou autoritariedade) significa dizer que os
órgãos de persecução penal são oficiais, representando o Estado na atividade pública de reprimir, inves-
tigar, acusar e punir os criminosos. São, pois, autoridades públicas. E tratar de oficiosidade é dizer que a
atuação desses órgãos ocorre, em regra, de ofício, isto é, sem provocação (salvo exceções, como os crimes
de ação penal condicionada ou de ação penal de iniciativa privada, como será estudado).

Oralidade. Afirma que produção dos atos do processo deve ser, em regra, verbal, permitindo-se que todos
sejam ouvidos por um juiz. Disso decorrem: a) imediatidade: o ideal é que a instrução seja feita de forma
imediata, isto é, colocando o juiz em contato direto com as partes, as testemunhas e os peritos; b) con-
centração: os atos da instrução devem ser realizados numa só audiência; e c) identidade física do juiz: o
juiz que colhe as provas na instrução deve ser o mesmo que sentenciará.

Duração razoável do processo. Incluído pela EC nº 45/04 (art. 5º, LXXVIII, CF), dispõe que a todos, no
âmbito judicial e administrativo (incluindo os procedimentos investigativos, como o inquérito policial),
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Trata-se de direito que alcança as partes, os intervenientes e os terceiros interessados no processo – ju-
dicial ou administrativo –, podendo ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, nacional
ou estrangeira, inclusive o Ministério Público ou o próprio Estado.

Vedação à autoincriminação (nemo tenetur se detegere). Ninguém pode ser obrigado a produzir prova
contra si mesmo. Esse direito subjetivo de não se autoincriminar constitui uma das mais eminentes formas
de densificação da garantia do devido processo penal e do direito à presunção de não culpabilidade (inciso
LXIII do art. 5º da CF). Facetas: direito ao silêncio; direito de não ser constrangido a confessar; direito de
não ser obrigado a dizer a verdade; direito de não praticar comportamentos ativos que possam incriminá-
lo; vedação de interpretação do silêncio em prejuízo da defesa; direito de não produzir prova incrimina-
dora invasiva (intervenções corporais).

In dubio pro reo. A dúvida quanto à condenação milita em favor do acusado, isto é, na dúvida entre con-
denar ou absolver, deve-se absolver o réu. Possui ligação com a presunção de inocência e se trata, clara-
mente, de uma regra de julgamento. Frise-se que atua em favor de todo acusado a presunção relativa
(juris tantum) de que é inocente em relação ao cometimento do delito imputado, de tal modo que a ga-
rantia constitucional remete ao acusador o ônus de produzir prova em sentido contrário.

Iniciativa das partes. Veda-se propositura da ação penal pelo magistrado, reservando-se essa iniciativa
apenas à parte, consoante o sistema acusatório, uma vez que aquele não pode iniciar um processo penal
sem provocação anterior. Justamente em razão disso é que não mais se admite o processo judicialiforme,
que era a possibilidade de a ação penal ter início – nas contravenções penais – através de auto de prisão
em flagrante ou portaria do juiz ou do delegado, sem nenhuma acusação formal feita (art. 26, CPP, que
não foi constitucionalmente recepcionado, diante do art. 129, I, CF).

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

Lei processual no tempo. Cf. o art. 2º do CPP, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Aplica-se o sistema de isolamento dos atos
processuais (tempus regit actum). Esse princípio gera dois efeitos importantes no processo: (a) os atos
processuais realizados sob o amparo da lei anterior são considerados totalmente válidos e (b) as normas
processuais têm aplicação imediata, regulando o desenvolvimento dos demais atos do processo, respei-
tados o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Desta feita, quanto à norma puramente
processual, não há que se falar em retroatividade: ela não atingirá atos processuais já praticados e regerá
os atos futuros.

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Lei processual híbrida. É a norma que possui conteúdo tanto processual quanto penal. Entendem a dou-
trina e a jurisprudência que, se a norma tiver conteúdo misto, ela poderá ter extratividade (ultrativa ou
retroativa), dependendo da situação concreta. Importante enfatizar que não se admite a cisão da lei, isto
é, veda-se a aplicação apenas do conteúdo material e a não aplicação do conteúdo processual (ou vice-
versa).

Normas heterotópicas. Há normas puramente penais dentro de uma norma processual e há normas pu-
ramente processuais dentro de uma norma penal. Assim, deve-se analisar o conteúdo da norma em si –
e não o corpo em que está inserida –, aplicando-se as consequências disso (tempus regit actum ou retro-
atividade). Ex.: o direito ao silêncio (art. 186, CPP) é norma puramente penal, mas inserida no corpo do
CPP.

Lei processual no espaço. Diz o artigo 1º, CPP, que “o processo penal reger-se-á, em todo o território
brasileiro, por este Código (...)”. Vige, pois, o princípio da territorialidade (ou lex fori ou locus regit actum).
Principais exceções: tratados, convenções e regras de Direito Internacional; crimes de responsabilidade;
processos de competência da Justiça Militar e Eleitoral.

Imunidade. É uma prerrogativa conferida a certas pessoas em virtude das atividades por elas desempe-
nhadas como forma de garantir o livre exercício de suas funções. Como buscam proteger a função/cargo
e não a pessoa em si, não há que se falar em ofensa à regra constitucional de que “todos são iguais perante
a lei” (art. 5º, caput, CF) – embora, nos últimos tempos, tais previsões venham ganhando críticas. São
duas situações:

- Diplomata (Convenção Diplomática de Viena): possui imunidade penal absoluta, isto é, aplicável
a qualquer delito por ele cometido, dentro ou fora das suas funções (art. 31.1). Eles não poderão
ser presos (art. 29) e sequer poderão prestar depoimento (art. 31.2). O Estado acreditante (de
origem) pode renunciar à imunidade de seu diplomata (art. 32), mas ao próprio agente ela é irre-
nunciável. Sua imunidade estende-se à sua família, ao pessoal técnico e funcionários administra-
tivos, desde que não nacionais do Estado acreditado (art. 37.1 e 37.2). Não há imunidade aos
empregados particulares, ainda que de origem no Estado representado, como por exemplo, uma
cozinheira (art. 37.4).

- Cônsul (Convenção Consular de Viena): possui imunidade penal relativa, referindo-se tão so-
mente aos atos consulares praticados (art. 43.1). Poderão ser presos em caso de “crimes graves”
(art. 41.1) e também poderão prestar depoimento como testemunha, sendo-lhes facultado recu-
sar (art. 44). Ainda, o Estado acreditante (de origem) pode renunciar à imunidade penal, prisional
e de garantias de depoimento (art. 45. 1), sendo irrenunciável pelo próprio cônsul. No mais, a
família do cônsul também tem imunidade (art. 53.2).

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Aplicação da lei processual penal. Ao se interpretar uma lei, pode o sujeito chegar à conclusão da exis-
tência de uma lacuna, um vazio normativo – até porque, é impossível ao legislador tratar sobre todas as
possíveis e imagináveis situações da vida em sociedade. A lei, em si, pode até ter alguma lacuna, mas
nunca o ordenamento jurídico como um todo. Então, não havendo uma norma a ser aplicada, o juiz deve
realizar a sua integração, podendo utilizar a analogia e os princípios gerais do Direito.

- Analogia: inexistindo lei em relação a uma dada hipótese, permite-se a aplicação de norma se-
melhante (como se uma norma fosse criada). É empregar uma norma processual a um fato por
ela não abrangido, de modo a se aplicar o mesmo direito onde houver a mesma razão. Trata-se
de forma de autointegração da norma – e não de uma interpretação literal. A analogia pode ser

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(a) legis, quando se busca a solução em alguma lei ou (b) iuris, quando a solução é encontrada nos
princípios jurídicos. Em matéria de Direito Penal, a analogia só é possível em benefício do acusado
(in bonam partem); em matéria de Direito Processual Penal, é possível a analogia ainda que isso
venha a prejudicar o acusado (in malam partem) – atentando-se, apenas, à sua não aplicação
quando gerar restrição a direitos/garantias constitucionais.

- Interpretação analógica: o art. 3º, CPP, dispõe que a lei processual penal admitirá a interpreta-
ção extensiva e a aplicação analógica. A analogia não se confunde com a interpretação analógica.
Esta não é forma de integração, mas verdadeira interpretação da norma. Existirá quando, dentro
da própria norma a ser interpretada, o legislador estabelecer uma fórmula genérica que permita
abrir um leque de possibilidades, dentro, claro, do seu objetivo – ainda que isso seja prejudicial
ao acusado.

- Interpretação extensiva: admitida expressamente pelo art. 3º, CPP, significa que a lei disse me-
nos do que almejava, de modo que o intérprete deverá, ao decodificar a norma, estender o seu
alcance. Típico exemplo trazido pela doutrina é a interpretação do art. 581, CPP, referente ao
cabimento do recurso em sentido estrito. Há casos que comportam este recurso, apesar de a lei,
em seu rol taxativo, assim não dispor expressamente, embora existam situações equivalentes ali
previstas.

- Aplicação subsidiária de outras normas: estabelece o art. 15, CPC, que “na ausência de normas
que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código
lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente”. Vê-se que não é mencionado o processo penal,
mas apenas o eleitoral, o trabalhista e o administrativo. Todavia, a melhor interpretação (por mais
redundante que seja falar em interpretação de norma interpretativa) é no sentido de que não há
razão para se vedar a aplicação subsidiária do CPC ao CPP, até em razão do próprio art. 3º do CPP,
que dispõe que “a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”.

- Princípios gerais do Direito: conforme a doutrina de Sílvio de Salvo Venosa (Introdução, 2016),
é por meio do princípio geral de Direito que o intérprete investiga o pensamento da cultura jurí-
dica universal, buscando uma orientação geral acerca do pensamento jurídico.

Fontes. É o “local” de onde provém o Direito. Divide-se em:

- Fontes materiais ou de produção: é a fonte que elabora, que cria o Direito, isto é, refere-se à
competência para legislar sobre Direito Processual Penal, que, no Brasil, é exclusiva da União (art.
22, I, CF). Ressalta-se que lei complementar federal pode autorizar os Estados a legislar sobre
processo penal, mas apenas sobre questões específicas de interesse local (p.ú.). Ademais, a Cons-
tituição Federal veda a edição de medida provisória tratando de Direito Penal e Processual Penal
(art. 62, § 1º, I, b).

- Fontes formais ou de cognição: revelam e expressam o Direito. De forma imediata (direta), são
as leis em sentido amplo (leis e Constituição Federal), os tratados internacionais e as súmulas
vinculantes (diante de seu caráter obrigatório, comportando reclamação ao STF no caso de des-
cumprimento). De forma mediata (indireta ou supletiva), são a analogia, os costumes e os princí-
pios gerais do Direito. Analogia e princípios gerais do Direito foram vistos acima. Os costumes são
normas comportamentais que, em razão de seu uso constante e uniforme pelas pessoas, criam a
ideia de obrigatoriedade. Isso difere do simples hábito, que não traz a consciência de obrigatorie-
dade. O costume pode ser: a) secundum legem: corrobora/confirma o conteúdo da lei; b) contra

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legem: contraria a lei (embora não possa revogá-la); c) praeter legem: preenche alguma lacuna da
lei.

Persecução penal. O objetivo do processo penal é viabilizar a aplicação da sanção penal àquele que pra-
ticou um crime ou uma contravenção penal. Para aplicar a sanção penal (penas ou medidas de segurança),
o Estado deve, inicialmente, desenvolver uma série de atividades persecutórias. Persecução penal (“per-
secutio criminis”), então, é o nome dado à somatória das atividades investigatórias pelos legitimados (fase
pré-processual) e da ação penal (fase processual) promovida pelo Ministério Público ou ofendido, nos
casos de ação penal privada. A persecução penal possui duas fases: 1ª) investigação criminal (persecução
penal extrajudicial): consiste na reunião de elementos que demonstram a existência de indícios de autoria
e prova de materialidade da infração penal. Pode ser um inquérito policial, um termo circunstanciado,
uma investigação criminal de iniciativa do Ministério Público etc.; 2ª) ação penal (persecução penal judi-
cial): tem início com o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo juiz e o seu fim com a sentença
condenatória ou absolutória transitada em julgado.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

Interpretação da lei processual penal. Interpretar é buscar o sentido da norma, o seu significado e al-
cance. As leis, como são gerais e abstratas, precisam passar por interpretação para que delas se extraiam
seus significados. A doutrina traz diversas classificações de interpretação:

Quanto à origem – isto é, quem interpreta:

a) Autêntica/legislativa: a própria lei, em algum dispositivo seu, traz uma interpretação. Ex.: os
conceitos de flagrante trazidos pelos arts. 302 e 303, CPP.

b) Doutrinária/científica: feita pelos estudiosos, autores e professores. Ex.: exposição de motivos


de uma lei ou a publicação de livros e artigos jurídicos.

c) Jurisprudencial: feita pelos tribunais e juízes nos julgamentos em que atuam. Ex.: sentenças e
acórdãos.

Quanto ao modo – isto é, a forma aplicada para se interpretar.

a) Gramatical: considera o sentido literal, a letra fria da lei. É o método mais simples, devendo ser
evitado.

b) Teleológica: visa buscar os fins/objetivos da norma.

c) Histórica: considera o momento histórico da publicação da lei, os debates realizados, a situação


social, econômica e política da época etc.

d) Sistemática: busca o significado da norma relacionando-a dentro de outros dispositivos do or-


denamento jurídico.

e) Teleológica-sistemática: busca “compor o sentido de determinada norma em comparação com


as demais que compõem o sistema jurídico no qual está inserida” (Nucci, Manual, 2008, p. 128).

Quanto ao resultado – ou seja, o que o intérprete alcança:

a) Declarativa: o resultado alcançado com a interpretação é aquele contido na lei.

b) Restritiva: conclui-se que o legislador escreveu mais do que pretendia, de forma que a inter-
pretação deverá restringir o seu alcance.
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c) Extensiva: entende-se que o legislador escreveu menos do que queria, de modo que a interpre-
tação deverá ampliar o seu alcance a fatos não abarcados pela norma.

d) Adaptativa (progressiva ou evolutiva): objetiva englobar novas concepções sociais à lei que se
está interpretando. Ex.: art. 582, CPP, que fala em “Tribunal de Apelação”, mas, hoje, deve ser lido
como TJ e TRF.

Juiz das garantias. A Lei nº 13.964/19 – vulgarmente chamada de “Pacote Anticrime” ou “Lei Anticrime”
– promoveu uma série de alterações no Código de Processo Penal. Algumas destas mudanças ainda ense-
jam polêmicas e controvérsias entre os operadores do Direito. É o caso da figura do juiz das garantias, que
recebeu maior destaque na mídia.

Suspensão cautelar pelo STF. Nas ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, o Min. Luiz Fux, do STF, suspendeu a
aplicação de diversos dispositivos da Lei Anticrime, incluindo os arts. 3º-A a º-F, que tratam do juiz das
garantias. Argumentos básicos: (a) a Lei Anticrime tratou de normas sobre organização judiciária, cuja
competência para legislar é do Judiciário, o que não ocorreu; e (b) a implementação do juiz das garantias
gera impacto financeiro ao Poder Judiciário, o que exige prévia dotação orçamentária, o que não foi feito.

Estrutura acusatória do Processo Penal. A redação do art. 3º-A, CPP, não apenas faz previsão expressa da
adesão do nosso sistema processual à estrutura acusatória, mas também veda a iniciativa do juiz na fase
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. Por outras palavras, quem
deve produzir a prova é o Ministério Público, e não o julgador.

Conceito de juiz das garantias. Até a sua instituição, a regra no sistema processual penal era a de que o
magistrado que tivesse atuado na fase pré-processual, decidindo sobre matérias afetas à investigação
criminal e que dependessem de sua intervenção, ficaria vinculado ao processo que se seguiria. Com o juiz
das garantias, agora, tem-se um magistrado atuando nesta fase de investigação criminal e que ficará pro-
ibido de atuar na fase processual relativa àquela investigação em que atuou. De modo mais simples, pode-
se dizer que o juiz que atuou na fase de investigação não poderá atuar na fase de processo.

Juiz das garantias não é investigador. É muito importante ter em mente que o juiz das garantias não é
investigador e nem agente público dotado de primazia ou evidência na fase de persecução criminal pré-
processual. Deste modo, as investigações criminais devem continuar a se desenvolver sob a presidência
dos órgãos com capacidade de investigação (Polícia Judiciária, Ministério Público, Comissão Parlamentar
de Inquérito etc.). O juiz de garantias é, verdadeiramente, garantidor, e não investigador.

Aplicação do juiz das garantias no tempo. É importante relembrar que o juiz das garantias é uma nova
figura de natureza processual, ou seja, a aplicação de seu dispositivo legal é imediata e obedece ao prin-
cípio tempus regit actum (isolamento dos atos do processo), em que, uma vez publicada a lei processual,
ela produzirá efeitos para o futuro, sendo que os atos anteriores estarão preservados. Não há posição
definida ainda, mas defende-se o seguinte: (a) no caso de novas investigações, aplica-se normalmente o
art. 3º-B, CPP; (b) no caso de investigações em andamento, o juiz atuante nessa fase continuará nas suas
funções, mas estará impedido de presidir a fase processual posterior, respeitando-se o objetivo da novel
Lei nº 13.964/19, que é garantir a imparcialidade; e (c) no caso de ação penal em andamento, uma vez já
recebida a denúncia ou queixa, o juiz que atuou na fase de investigação não estará impedido de atuar na
fase processual, em respeito ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, CF), que permanece existente, válido
e eficaz, e ao juiz natural (art. 5º, LIII, CF), que permanece atuante de forma objetiva e isenta, nos moldes
da legislação então vigente.

Competências do juiz das garantias. O art. 3º-B, CPP, dispõe que o juiz das garantias é responsável pelo
controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia

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tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, e traz, na sequência, um rol com dezoito
incisos com atribuições do magistrado. Dessa forma, de acordo com o explicado anteriormente, o juiz das
garantias, atuante no curso das investigações criminais, possui, basicamente, duas funções: (a) controlar
a legalidade, em sentido amplo, da investigação em si e (b) resolver, deferindo ou não, medidas que exi-
jam uma ordem judicial prévia.

Prorrogação do inquérito policial. Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação do delegado de polícia e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração
do inquérito policial por até 15 dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão
será imediatamente relaxada (art. 3º-B, § 2º, CPP). Trata-se, claramente, do caso de prisão preventiva. O
inquérito policial, como será estudado, quando o agente estiver preso preventivamente, deve ser finali-
zado, em regra, em 10 dias a partir da execução da ordem de prisão. Com a nova previsão legal, o juiz
poderá, através de representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar o prazo
de conclusão (10 dias) por até mais 15 dias, uma só vez. Se, findo o prazo, a investigação não tiver sido
concluída, a prisão deverá ser imediatamente relaxada. Sendo o caso de prisão temporária, que será es-
tudada oportunamente, não incidirá esse prazo previsto no art. 3º-B, § 2º, CPP, diante da sua incompati-
bilidade com essa espécie de prisão cautelar.

Abrangência do juiz das garantias. O entendimento aparentemente prevalente caminha no sentido de


aplicação literal do art. 3º-C, CPP, ou seja, o juiz das garantias só não teria atuação nas infrações de menor
potencial ofensivo, aplicando-se, portanto, em todos os demais casos. A lei é categórica a este respeito.
O sistema acusatório que tanto se quer proteger deve valer para todos, sob pena de se ferir a isonomia.

Reexame das medidas adotadas no curso das investigações. As decisões proferidas pelo juiz das garantias
não vinculam o juiz da instrução, que, após o recebimento da denúncia ou queixa (pelo juiz das garantias),
deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso (determinadas pelo juiz das garantias),
no prazo máximo de 10 dias (art. 3º-C, § 2º, CPP).

Acautelamento dos autos da investigação. Os autos que compõem as matérias de competência do juiz
das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa,
e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os
documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas,
que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. Não haverá, claramente, a destruição de
parte dos autos, mas apenas a sua devida guarda.

Impedimento do juiz das garantias para funcionar na fase processual. O art. 3º-D, CPP, dispõe que o juiz
que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º, CPP, ficará
impedido de funcionar no processo.

Rodízio de juízes em comarcas de vara única. O art. 3º-D, p.ú., CPP, prevê que, nas comarcas em que
funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às
disposições referentes ao juiz das garantias.

Proteção da imagem dos presos. Fixou o art. 3º-F, CPP, que o juiz das garantias deverá assegurar o cum-
primento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade
com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabi-
lidade civil, administrativa e penal.

INQUÉRITO POLICIAL

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Histórico. O policial tem origem, entre nós, no século XIX, então regulamentado pelo Decreto nº 4.824,
de 1871, e pela Lei nº 2.033, também de 1871, após o emprego de diversas formas inquisitivas de inves-
tigação que utilizavam qualquer meio para obtenção de prova (inclusive a tortura), extrapolando qualquer
ambiente minimamente razoável e humano de investigação. Tempos depois, o atual Código de Processo
Penal, de 1941, o manteve no ordenamento brasileiro como a principal forma de investigação brasileira
– todavia, agora com um regramento mais aprimorado.

Polícia de segurança e polícia judiciária. É preciso esclarecer alguns temas relacionados à polícia. Existe
a polícia de segurança (administrativa, preventiva ou ostensiva), que atua na prevenção dos delitos (pro-
filaxia do crime), tal como a Polícia Militar e a Brigada Militar; e existe a polícia judiciária (repressiva), que
atua na investigação dos delitos, tal qual a Polícia Civil e a Polícia Federal.

Conceito. O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo,


conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma
infração penal e sua autoria.

Finalidade. O objetivo do inquérito policial é apurar a existência da infração penal (materialidade) e quem
a cometeu (autoria), consoante o art. 4º, CPP. De modo prático, não visa a fornecer os elementos neces-
sários para que o titular mova uma ação penal; visa, na verdade, a munir o acusador de elementos para
formar o seu convencimento, isto é, a formar a sua opinio delicti, de modo que disso pode ensejar – ou
não – uma ação penal.

Inquérito extrapolicial. Consoante o parágrafo único do art. 4º, CPP, há outros documentos que, apesar
de chamados de inquéritos, não são presididos por um delegado de polícia, embora, tendo elementos
suficientes, possam embasar uma futura ação penal. Ex.: IP militar; CPI etc.

Características. Elencaremos as principais características com base na doutrina clássica e mencionaremos


a crítica feita a partir da teoria moderna do inquérito policial (Hoffmann, Temas, 2018, p. 25-30):

a) Procedimento administrativo: possui começo, meio e fim; não há necessidade de observância


exata e cronológica de realização de atos. Para a teoria moderna, o IP é um processo adminis-
trativo sui generis, diante da existência de imputados em sentido amplo e porque, embora não
exista um verdadeiro litígio ainda, há controvérsias que precisam ser solucionadas pelo dele-
gado de polícia que interferem em direitos e liberdades (prisão, fiança, indiciamento etc.).

b) Inquisitivo: não existe contraditório e nem ampla defesa no curso do inquérito policial (STJ, HC
259.930), garantia reservada apenas aos processos judiciais ou administrativos a acusados e
litigantes em geral (art. 5º, LX, CF). No inquérito policial, pois, há apenas a figura do investigado
ou indiciado, mas não há, ainda, acusados ou litigantes (partes, no sentido processual), figuras
existentes a partir do início da ação penal em juízo. Para a teoria moderna, o IP é apuratório,
considerando que o termo “inquisitivo” é apenas utilizado para diferenciar-se da fase proces-
sual, de modo que melhor soa dizer que o IP é apuratório, garantindo o sigilo, a imparcialidade
e a dignidade humana.

c) Oficialidade: O inquérito policial é instaurado e presidido por uma autoridade estatal, que é
apenas o delegado de polícia (art. 2º, Lei nº 12.830/13), cujas funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais por ele exercidas são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas
de Estado. Fala-se, aqui, em autoritariedade, no sentido de que o delegado de polícia, que pre-
side o inquérito policial, é uma autoridade pública (§ 4º do art. 144, CF).

d) Oficiosidade: preenchidos os requisitos legais, o delegado deve instaurar o inquérito, uma vez
que nenhum crime pode ficar impune ao seu bel prazer (nec delicta maneant impunita).
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e) Discricionariedade: como visto, ao contrário do processo (judicial ou administrativo), o proce-


dimento administrativo do inquérito policial não impõe ao delegado um rito a ser seguido.
Exemplo disso são as possíveis diligências que poderão ser realizadas, previstas exemplificativa-
mente nos arts. 6º e 7º, CPP. Diz o art. 2º, § 2º, da Lei nº 12.830/13: “durante a investigação
criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados
que interessem à apuração dos fatos”.

f) Indisponibilidade: estando em curso um inquérito policial, o delegado, se entender ser o caso,


não poderá arquivar as investigações, cabendo a ele apenas, ao final, relatar o inquérito policial
e remetê-lo ao juízo competente. Por isso, o inquérito policial é indisponível, já que a autoridade
policial dele não pode dispor. Apenas o juiz poderá arquivar um inquérito policial, após pedido
de arquivamento formulado pelo Ministério Público – em respeito ao art. 129, I, CF (titularidade
da ação penal pública pelo MP). O art. 17, CPP, dispõe, claramente, que “a autoridade policial
não poderá mandar arquivar autos de inquérito”.

g) Predominância da forma escrita: diz o art. 9º, CPP, que todas as peças do inquérito serão, num
só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
As peças que compõem as investigações serão assinadas pela autoridade policial (além, se o
caso, do condutor, da testemunha, do advogado e do investigado).

h) Transitório: A lei prevê prazos para que as investigações terminem, ou seja, um inquérito poli-
cial deve ter começo, meio e fim, de modo que deve ser temporário. É claro que há investiga-
ções que demandam simples oitivas, enquanto outras podem exigir complexas perícias ou ou-
tras diligências. De qualquer modo, o inquérito deve ter um tempo razoável de duração, em
analogia ao art. 5º, LXXVIII, CF (que abrange o âmbito administrativo). Nesse sentido, “entende-
se configurado constrangimento na hipótese, decorrente da infindável duração do inquérito
instaurado contra o paciente, que se vê investigado há cinco anos sem que tenha sido ofertada
denúncia pelos fatos apurados” (STJ, HC 144.593/SP).

i) Sigiloso: nos termos do art. 20, CPP, a autoridade policial assegurará ao inquérito o sigilo neces-
sário à elucidação do fato ou o exigido pelo interesse da sociedade. A fonte constitucional é o
art. 5º, XXXIII, CF, que autoriza o sigilo quando necessário à segurança da sociedade e do Estado.
Isso objetiva garantir o êxito dos meios de investigação policial, além de evitar qualquer tipo de
dano ao investigado. Da mesma forma que, de um lado, por exemplo, preserva-se uma busca e
apreensão em andamento, por outro protege-se a imagem do investigado e sua família, evi-
tando-se, já de antemão, as indesejadas rotulações, principalmente da mídia e dos meios soci-
ais. Ministério Público tem prerrogativa de examinar, em qualquer repartição policial, autos de
flagrante e inquéritos policiais, findos ou em andamento (LONMP, art. 41, VIII); os defensores
públicos têm como função acompanhar os inquéritos, inclusive recebendo comunicação imedi-
ata do flagrante pelo delegado quando o preso não constituir advogado (LC nº 80/94, art. 4º,
XIV); e os advogados têm direito de examinar em qualquer instituição que promova a investiga-
ção, mesmo sem procuração (salvo quando houver sigilo ou diligência em andamento), autos
de flagrante e investigações (EOAB, art. 7º, XIV). Quanto às investigações ainda em curso, é
óbvio que a defesa não terá acesso a elas, sob pena de frustrar o seu êxito (STF, AgRg na Rcl
22.062/SP). Já no que tange às investigações concluídas e encartadas aos autos, a defesa terá
amplo acesso, podendo tirar cópias e tomar nota (STF, HC 88.190/RJ). Em razão disso, a Su-
prema Corte editou a súmula vinculante nº 14, dispondo o seguinte: “é direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa”.
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j) Dispensável: não é obrigatória a instauração de IP, já que a ação penal pode ser proposta pelo
seu titular se ele dispuser de elementos para tanto (STF, AgRg no ARE 654.192/PR). Assim, o IP
não é pressuposto para a propositura da ação penal, por ser meramente informativo, sendo
dispensável diante da existência de elementos suficientes de convicção para fundamentar a
ação penal (STJ, HC 426.128). Para a teoria moderna, todavia, o IP é indispensável, tendo em
vista que as investigações são a ponte entre os fatos apurados e o processo penal posterior,
garantindo maior fidedignidade. A bem da verdade, as posições são conciliáveis, pois: (1) para
o autor da ação penal, a investigação (incluindo o IP) é dispensável, pois podem existir elemen-
tos suficientes para mover a ação penal sem que haja um procedimento apuratório formal em
andamento, como as investigações do MP e dos detetives particulares, por exemplo; (2) para o
delegado de polícia, o IP é indispensável, pois, tomando conhecimento da prática de um crime
processado por ação penal de natureza pública, ele tem o dever de instaurar a investigação.

k) Preservador e preparatório: para a teoria moderna, o IP é destinado a esclarecer a verdade dos


fatos, fornecendo elementos para o ajuizamento da ação penal ou para o arquivamento da per-
secução penal, não sendo unidirecional, i.e., não segue uma só linha de investigação. A polícia
judiciária é órgão imparcial e não tem compromisso com a acusação ou com a defesa. No mais,
o IP é também instrumento de preservação de direitos fundamentais, evitando acusações te-
merárias.

Titularidade. A atribuição para presidir o inquérito policial é deferida aos delegados de polícia de carreira,
aprovados em concurso público, de acordo com as normas de organização policial dos Estados e com a
Lei nº 12.830/13. O cargo de delegado é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o
mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Mi-
nistério Público e os advogados (art. 3º, Lei nº 12.830/13). Além de investigar crimes, a polícia judiciária
tem as seguintes atribuições (art. 13, CPP): (a) fornecer às autoridades judiciárias as informações neces-
sárias à instrução e julgamento dos processos; (b) realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público; (c) cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; e (d) re-
presentar acerca da prisão preventiva.

A Lei nº 12.830/13 estabelece que o inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso,
somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamen-
tado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em
regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Ainda, a remoção do delegado de
polícia dar-se-á somente por ato fundamentado (art. 1º, §§ 4º e 5º, Lei nº 12.830/13).

Delegado de polícia natural. O art. 5º, LIII, CF, fixa que ninguém será processado e nem sentenciado senão
pela autoridade competente. Os princípios do juiz e do promotor natural, garantias que advêm do devido
processo legal, são titularizados pelo cidadão para impedir que o Estado exorbite de suas atribuições em
benefício ou em prejuízo de outrem, evitando-se, com isso, juízes e promotores “sob encomenda”. Como
visto, o princípio do juiz natural estabelece que o agente deve ser processado e sentenciado por um jul-
gador com competência pré-fixada pela Constituição Federal e pelas leis, vedando-se juízes e tribunais de
exceção. Já o princípio do promotor natural consagra uma garantia ao membro do Ministério Público,
assegurando o exercício pleno e independente de seu ofício, determinando que atue apenas a partir de
critérios abstratos e pré-determinados, vedando-se promotores designados posteriormente para deter-
minados casos apenas. Estes dois princípios estão ligados tão somente à figura do julgador e do membro
do Ministério Público, não podendo ser criada analogicamente a figura do “delegado de polícia natural”,
que não tem competência para sentenciar (como o juiz) e nem a atribuição para processar (como o pro-
motor). Logo, não existe a figura do delegado natural (STF, RHC 126.885/RJ). A teoria moderna do inqué-
rito policial (Hoffmann, 2018) defende a aplicação do delegado de polícia natural, argumentando que “o
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delegado a coordenar os atos de determinado inquérito policial só pode ser aquele definido conforme as
regras pré-estabelecidas, vedando-se indicação ad hoc tendenciosa, sob pena de o Estado-investigação
falhar no dever de investigar de forma imparcial e célere” (p. 27).

Valor probatório. Acerca do valor probatório do inquérito policial, largamente diz-se que ele é relativo,
ou seja, não pode, por si só, servir de fundamento para a prolação de uma sentença condenatória. Isso
porque, os elementos colhidos no curso de investigações, cíveis ou criminal, ainda não passaram pelo
crivo do contraditório (STJ, AgRg no AREsp 572.859/RJ), de forma que o juiz tem apenas uma versão dos
fatos: a do delegado de polícia. O inquérito colhe elementos de prova; o processo judicial produz provas
– e somente estas provas, colhidas judicialmente, é que ensejam a prolação de uma sentença condenató-
ria. Nessa ordem de ideias, o art. 155, CPP prevê a inadmissibilidade de sentença lastreada exclusivamente
nos elementos colhidos na fase inquisitorial (ressalvadas as provas cautelares, as não repetíveis e as an-
tecipadas). Atente-se ao emprego da palavra exclusivamente.

Formas de instauração. As formas de instauração do inquérito policial guardam íntima relação com a
espécie de ação penal do crime. Identificado o crime, verificar-se-á o tipo de ação penal a ele correspon-
dente e, então, será possível saber como o inquérito policial poderá ser instaurado para apurar este fato
criminoso.

 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

1) de ofício pela autoridade policial (art. 5º, I, CPP): o inquérito policial será instaurado quando a autori-
dade tomar conhecimento da ocorrência de um crime, independentemente de ordem (do juiz ou do Mi-
nistério Público) ou de provocação da vítima. Tal forma de instauração está relacionada com o princípio
da obrigatoriedade. A peça inaugural será, neste caso, a portaria.

2) por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público (art. 5º, II, CPP): o inquérito penal
será instaurado a partir de uma requisição (que tem natureza de ordem) do juiz ou do Ministério Público.
A instauração do inquérito policial, diante de uma requisição ministerial, está relacionada ao princípio da
obrigatoriedade, ou seja, se há a suspeita de ocorrência de um crime, o Ministério Público é obrigado,
legalmente, a mover a competente ação penal, assim como o delegado de polícia é obrigado, também
por lei, a investigar o fato.

3) por requerimento do ofendido ou seu representante legal (art. 5º, II, CPP): o inquérito policial será
instaurado a partir do requerimento (que tem natureza de pedido) do ofendido ou de quem tiver quali-
dade para representá-lo. Podem representar o ofendido: o seu representante legal (ascendente, tutor ou
curador), seu curador especial (ao menor de 18 anos; ao mentalmente enfermo ou retardado mental; ou
quando não possuir representante legal; ou quando os interesses se colidirem), o cônjuge, o ascendente,
o descendente ou o irmão (quando o ofendido morreu ou foi declarada a sua ausência) ou um procurador.
O requerimento do ofendido ou seu representante deverá conter, sempre que possível, a narração dos
fatos, com as circunstâncias, a individualização do criminoso ou os sinais características que possam iden-
tificá-lo, as razões de convicção ou presunção de ser ele o autor da infração penal ou os motivos da im-
possibilidade de o fazer e a indicação de testemunhas (art. 5º, § 1º, CPP). Se procedentes as informações
levadas ao delegado, isto é, tendo o mínimo de elementos que possam sustentar uma futura investigação
criminal, o delegado deferirá o pedido e mandará instaurar o inquérito. Por outro lado, se patentemente
descabida qualquer investigação – como no caso de o fato sequer ser crime ou já estar prescrito há muito
tempo – o pedido será indeferido pela própria autoridade policial. Do despacho da autoridade policial que
indeferir o requerimento de abertura do inquérito caberá recurso (de natureza administrativa) para o
Chefe de Polícia, ou seja, o Delegado-Geral de Polícia (ou Superintendente, ou Secretário de Segurança
Pública ou Ministro da Justiça, segundo entendimento de alguns), que é o superior máximo da polícia

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judiciária. Seja como for, é possível, mesmo existindo a possibilidade de recurso, que o peticionário re-
queira a instauração de inquérito diretamente ao Ministério Público, que, então, se o caso, poderá requi-
sitá-la diretamente ao delegado de polícia, cujo indeferimento por este, em princípio, não será possível,
como visto acima.

4) pelo auto de prisão em flagrante: com a prisão de uma pessoa em flagrante delito (art. 302 do CPP),
surge para o Estado a obrigação de investigar, reprimir e prevenir a prática dessa conduta, cujo procedi-
mento será iniciado pela lavratura do respectivo auto, exceto no caso de se tratar de infração de menor
potencial ofensivo, de competência dos Juizados Especiais, que dispensam a utilização do inquérito poli-
cial (mas será instaurado um termo circunstanciado, em regra).

5) notícia por qualquer pessoa do povo: nos termos o art. 5º, § 3º, CPP, qualquer pessoa do povo que
tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação penal de natureza pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das infor-
mações, mandará instaurar inquérito. Trata-se da chamada delatio criminis simples, como será visto.

 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA E AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA

1) ação penal condicionada: o início do inquérito policial dependerá – assim como na ação penal – ou de
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça (art. 5º, § 4º, CPP). Trata-se da delatio
criminis postulatória, conforme será visto. Pode haver requisição do juiz ou do Ministério Público, desde
que acompanhada da respectiva representação do ofendido, é claro.

2) ação penal de iniciativa privada: o Estado não pode iniciar de ofício uma investigação penal quando o
crime a ser investigado for de ação penal de iniciativa privada. Para tanto, será necessário um requeri-
mento da vítima ou de seu representante legal (art. 5º, § 5º, CPP). Pode, também, haver requisição do
juiz ou do Ministério Público, acompanhada do respectivo requerimento da vítima. O requerimento deve
ser feito dentro do prazo decadencial de 6 meses, a contar do conhecimento da autoria do crime – se
ultrapassado esse prazo, o delegado de polícia deixará de instaurar o inquérito, diante da extinção da
punibilidade. Atentar que a instauração ou o trâmite do inquérito penal não suspendem e nem interrom-
pem o prazo decadencial da ação penal, ou seja, a ação penal, sob pena de decadência, deve ser movida
pela vítima dentro do prazo decadencial de 6 meses, ainda que não finalizado o inquérito policial. Por isso,
é recomendável mover a queixa-crime, com os seus requisitos mínimos, ainda que não finalizado o inqué-
rito policial, sob pena de ser atingida a decadência eventualmente.

3) flagrante: é possível a prisão em flagrante de quem cometa delito de ação penal pública condicionada
ou de iniciativa privada. Para tanto, será necessário prévio requerimento do ofendido.

Notitia criminis. Para que se instaure um inquérito policial, o delegado de polícia precisará tomar conhe-
cimento de que um crime ocorreu. Dá-se o nome de notitia criminis à notícia do crime levada à autoridade
policial, que pode ocorrer de diversas maneiras:

a) notitia criminis espontânea (direta): o conhecimento da infração penal pelo delegado ocorre
direta e imediatamente, por meio de suas atividades rotineiras, sendo obrigatória a instauração
do inquérito policial. Há cognição imediata e é possível somente em relação aos crimes de ação
penal pública incondicionada.

b) notitia criminis provocada (indireta): o conhecimento da infração penal pelo delegado ocorre
por meio de petições, ofícios, requisições ou outros meios, como o requerimento da vítima, re-
quisição do juiz, representação do ofendido etc. Há cognição mediata. Relaciona-se com crimes
de ação penal pública incondicionada, condicionada ou de ação penal de iniciativa privada.

Esse material não tem custo, não pode ser vendido e tem sua distribuição gratuita. Foi elaborado por professores
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c) notitia criminis coercitiva: o conhecimento da infração penal pelo delegado ocorre em razão de
uma prisão em flagrante, independentemente da natureza da ação penal – mas, nos casos de ação
penal pública condicionada ou ação penal de iniciativa privada, deverá o auto de prisão em fla-
grante estar acompanhado da representação ou do requerimento do ofendido, respectivamente.

Existe também a chamada “notitia criminis inqualificada”, que é sinônimo de denúncia anônima/apócrifa.
É aquela feita por qualquer pessoa do povo, dirigida à pessoa ou órgão encarregado de iniciar as investi-
gações criminais, em que o denunciante permanece no anonimato, não se identificando. A polícia não
instaurará inquérito policial com base, simplesmente, numa denúncia anônima – pois ela pode estar em-
basada, por exemplo, em elementos de vingança do denunciante ou sequer conter dados mínimos que
indiquem a ocorrência de um delito. Antes de qualquer ato oficial de investigação, deve-se iniciar uma
averiguação preliminar e, a partir disso, com base nas informações colhidas, se o caso, instaurar um in-
quérito policial.

Delatio criminis. Sob o ponto de vista da autoridade policial, ela recebe a notícia (a informação) de um
crime. É a notitia criminis. Sob o ponto de vista das demais pessoas, que informam a ocorrência de um
crime, elas fazem uma delatio criminis. Esta pode ser (a) simples, com a mera comunicação de um crime;
ou (b) postulatória, aos crimes cuja ação penal seja condicionada.

Procedimentos investigativos. Os arts. 6º e 7º do CPP trazem providências que o delegado de polícia


pode, discricionariamente, adotar buscando elucidar a materialidade e a autoria do delito. São medidas
exemplificativas, podendo ser determinadas outras não previstas na lei (art. 6º, III, CPP).

Indiciamento. Lei nº 12.830/13, em seu art. 2º, § 6º prevê que “o indiciamento, privativo do delegado de
polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a
autoria, materialidade e suas circunstâncias”. Conforme deixa claro o referido texto da lei, o indiciamento
é ato privativo do delegado de polícia, através do qual ele aponta a pessoa como a provável autora do
delito investigado e indica – objetivamente – o tipo penal que o agente, em tese, praticou. O indiciamento
deve ser motivado e justificado, de acordo com o quanto apurado nas investigações. É importante saber
que, tal como o relatório do delegado ou a capitulação criminal dada por ele aos fatos, o indiciamento
não vincula o juiz e nem o Ministério Público (STJ, RHC 79.534/SP). Conforme entendimento do STJ, o
indiciamento, enquanto mero ato de apontar o principal suspeito e provável autor do delito, não gera
constrangimento ilegal.

O indiciamento pode ser direto, com o investigado presente, ou indireto, com ele ausente (foragido, em
local não sabido etc.). Em princípio, qualquer pessoa pode ser indiciada pela prática de um crime, mas
não poderão ser indiciados: a) membros do MP e da Magistratura (investigações são feitas pelas suas
respectivas instituições); b) menores de 18 anos; c) agentes diplomáticos.

O momento em que pode ocorrer o indiciamento é desde a prisão em flagrante até o relatório do dele-
gado. Recebida a peça acusatória, não pode mais ocorrer o indiciamento, uma vez que se trata de medida
típica da fase investigativa, não tendo mais, sequer, utilidade, podendo, se feito, gerar constrangimento
ilegal (STJ, HC 218.124/ SP). Também, não pode o juiz determinar que o delegado indicie o agente, até em
razão da incompatibilidade com o sistema acusatório (STF, HC 115.015/SP), pois se trata de ato exclusivo
do delegado (Lei nº 12.830/13). Como será no transcorrer da instrução criminal que o Ministério Público
poderá comprovar a procedência das acusações que pesam sobre o denunciado, não se justifica o indici-
amento determinado após o recebimento da inicial acusatória (STJ, RHC 89.410/SP).

Se houver arbitrariedade, se o indiciamento for feito sem base nas investigações ou quando feito na fase
processual, admite-se o chamado desindiciamento (STJ, HC 43.599/SP E consoante o STJ, arquivado o

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inquérito policial em razão de falta de provas, inexiste direito líquido e certo no pedido de desindicia-
mento (RMS 47.280/ SP).

Direitos e garantias do investigado. O investigado num inquérito policial continua sendo sujeito de direi-
tos, até porque, vive-se num Estado Democrático e Constitucional de Direito, muito embora alguns direi-
tos e garantias não se apliquem em sua inteireza. O estudo desse item pode ser complementado com o
capítulo específico referente às disposições constitucionais aplicáveis ao Processo Penal. Exemplos mais
comuns: a) dignidade da pessoa humana; b) presunção de inocência; c) não autoincriminação; d) acesso
aos documentos já encartados na investigação (súmula vinculante nº 14 do STF); e) acesso a um defensor.

Relatório. Acima, viu-se que o inquérito policial tem diversas formas de início e que há um leque variado
de diligências que podem ser realizadas. Findas as possibilidades de investigação, o delegado deve – sem-
pre – elaborar um relatório, que é a peça final e conclusiva do inquérito policial (art. 10, § 1º, CPP). Con-
soante Polastri, “relatar o inquérito significa descrever todas as diligências realizadas na apuração, se abs-
tendo o delegado de emitir juízos de valor ou opiniões pessoais sobre o fato típico, salvo impressões
acerca das diligências investigatórias, sendo imprópria a realização de abordagem doutrinária ou jurispru-
dencial sobre o fato apurado, já que esta função caberá às partes no processo, mormente ao promotor a
quem incumbe a opinio delicti” (Curso, 2016, p. 134).

O delegado não emitirá juízo de valor sobre culpabilidade ou antijuridicidade (Badaró, 2016), não se ma-
nifestando, por exemplo, se entende que houve ou não legítima defesa. Seu relatório deve ser minucioso,
mas objetivo, não havendo nenhuma formalidade específica (STF, HC 86.066/PE). Atentar que, na Lei de
Drogas (Lei nº 11.343/06), a autoridade de polícia judiciária relatará sumariamente as circunstâncias do
fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da
substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (art. 52, I).

É possível que o delegado indique, no relatório, testemunhas que não foram inquiridas, mencionando
onde possam ser encontradas (§ 2º, art. 10, CPP). Pode o delegado, ao relatar o inquérito, representar (é
incorreto dizer que o delegado “requer”, uma vez que não é parte na relação jurídica) pela prisão preven-
tiva.

O relatório policial, assim como o próprio inquérito, é dispensável para o oferecimento da denúncia (STF,
Inq. 2.245/MG), ou seja, a falta de relatório final ao inquérito é mera irregularidade quando for oferecida
denúncia.

Prazos para conclusão. Os prazos para conclusão do inquérito policial variam:

a) na Justiça Estadual, o inquérito policial deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado


tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir
do dia em que se executar a ordem de prisão; ou então, no prazo de 30 dias, quando estiver solto medi-
ante fiança ou sem ela, podendo ser prorrogado quando o fato for de difícil elucidação. Tais prazos são a
regra em processo penal (art. 10, CPP).

b) Havendo decretação de prisão temporária (Lei nº 7.960/89), o prazo para conclusão do in-
quérito permanece sendo de 10 dias, não havendo inovação, uma vez que ela dura 5 dias (prorrogável
uma vez por mais 5 dias – totalizando 10 dias, cf. art. 2º); todavia, se for crime hediondo, o prazo de prisão
temporária é de 30 dias (prorrogável uma vez por mais 30 dias, cf. art. 2º, § 4º, Lei nº 8.072/90).

c) no âmbito da Justiça Federal o prazo para a conclusão do inquérito, quando o indiciado estiver
preso, será de 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias. Se o indiciado estiver solto, o prazo será
de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias, mediante autorização do juiz.
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d) para os crimes envolvendo drogas (Lei nº 11.343/06), o prazo de conclusão do inquérito po-
licial é de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias se o indiciado estiver solto, podendo o juiz, em
quaisquer das hipóteses, duplicar esse prazo, ouvido o Ministério Público, desde que a autoridade policial
faça o pedido e o justifique – ou seja, podem os prazos chegar a 60 e 180 dias, respectivamente. Quanto
ao investigado preso, haverá apenas uma duplicação, até porque, é o prazo máximo de duração da prisão
temporária, por ser crime equiparado a hediondo (30 dias + 30 dias). Já quanto ao investigado solto, ape-
sar de a lei dar a entender ser possível uma só duplicação (90 dias + 90 dias), entende-se ser possível a
concessão de sucessivas prorrogações, como é a regra do Código de Processo Penal.

e) quanto aos crimes contra a economia popular (Lei nº 1.521/51, art. 10), o prazo será de 10
dias, esteja o investigado preso ou solto, não cabendo prorrogações.

f) O inquérito militar, na Justiça Castrense (art. 20, CPPM), deverá terminar em 20 dias se o
investigado estiver preso (não cabendo prorrogações) ou em 40 dias se ele estiver solto, podendo este
prazo (de 40 dias) ser prorrogado por mais 20 dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam
concluídos os exames ou perícias já iniciadas ou haja necessidade de diligências indispensáveis à elucida-
ção do fato.

E se o delegado não observar os prazos para concluir o inquérito? Se o investigado estiver solto, não
haverá problemas, até porque se entende que o prazo é impróprio (STJ, RHC 58.138/PE). Apesar de ser
impróprio, não poderá haver abusos, como investigações desarrazoadas e sem conclusão há quatorze
anos, por exemplo (STJ, RHC 61.451/MG). Se o investigado estiver preso e o atraso for de pequena monta,
não haverá ilegalidade, uma vez que o processo penal posterior pode “compensar” essa demora, sendo
mais célere, por exemplo (Brasileiro, 2017); todavia, não pode haver abusos, respeitando-se a razoabili-
dade (STF, HC 107.382/SP), sob pena de constrangimento ilegal (STJ, HC 343.951/MG).

Conclusão das investigações. Relatado o IP, o juiz, ao recebê-lo, fará remessa ao membro do Ministério
Público, que poderá: (1) requisitar novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; (2)
requerer a remessa a outro juízo, o que é chamado de arquivamento indireto; (3) requerer a declaração
de extinção da punibilidade; (4) oferecer denúncia.

Extinção de punibilidade com base em certidão de óbito falsa. Pode ocorrer, por exemplo, alguma das
situações do art. 107, CP (ou outras previsões legais), como a morte do investigado ou o advento da pres-
crição. O Ministério Público, então, requererá que o juiz declare a extinção da punibilidade, o que, como
regra, produzirá coisa julgada material – impedindo nova discussão nesse ou em outros processos. A única
exceção diz respeito à extinção da punibilidade pela morte do agente quando o juiz a decreta com base
em certidão de óbito falsa. Nesse caso, entende a jurisprudência que tal decisão poderá ser revogada, não
produzindo coisa julgada, até porque, trata-se de ato jurídico inexistente (STF, HC nº 104.998/SP, rel. Min.
Dias Toffoli, j. 14.12.10).

Arquivamento. Se entender o Ministério Público, após esgotadas todas as possíveis investigações e dili-
gências, que não é o caso de se oferecer denúncia ou de se adotar alguma outra atitude, promoverá o
arquivamento do inquérito (art. 18, CPP). Como já visto, o delegado não pode mandar arquivá-lo (art. 17,
CPP) e, da mesma forma, o juiz também não pode arquivar, de ofício, o inquérito. Se o crime investigado
for de ação penal privada, qualquer atitude da vítima que demonstre expressamente o seu desinteresse
gerará a renúncia, que é causa extintiva de punibilidade (art. 107, V, CP). Se a vítima não quiser mais seguir
com o inquérito, bastará permanecer silente, inerte, durante o prazo decadencial para mover a ação, o
que também provocará a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP). Promovido o arquivamento, o juiz
analisará as razões do Ministério Público, podendo – ou não – concordar com elas. Então, duas situações
podem ocorrer: o juiz concordar ou discordar.

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 O juiz concorda com a promoção de arquivamento: Convencido de que é o caso de arquiva-


mento, o juiz concorda com o Parquet e os autos do inquérito vão ao arquivo, após decisão
homologatória transitada em julgado. Promovendo o Ministério Público o arquivamento do in-
quérito policial, não existe nenhum recurso ou remédio processual cabível. Assim, entende-se
que a vítima não possui direito líquido e certo apto a impedir o arquivamento pelo Ministério
Público. Da mesma forma, não há falar-se em ação penal privada subsidiária da pública se houve
o arquivamento do inquérito policial, uma vez que o seu cabimento é reservado para os casos
em que o Ministério Público fica inerte e não oferece denúncia no prazo legal.

 O juiz não concorda com a promoção de arquivamento: O juiz, atuando no controle de legali-
dade do inquérito e fiscalizando o princípio da obrigatoriedade, pode entender que a promoção
do arquivamento pelo Ministério Público não deve prosperar, isto é, que é o caso ou (i) de novas
diligências ou (ii) de oferecimento de denúncia. Então, o juiz deve preservar a independência
funcional do membro do Ministério Público (CF, art. 127, § 1º) e, assim, aplicar o art. 28, CPP,
remetendo os autos do inquérito policial ao ente responsável pela chefia do Ministério Público,
que, na Justiça Estadual, é o Procurador-Geral de Justiça, e, na Justiça Federal, é a Câmara de
Coordenação e Revisão (art. 62, LC nº 75/93). Tem-se, então, o chamado princípio da devolução,
em que o juiz manda o inquérito à chefia do Ministério Público (titular constitucional da ação
penal pública) para que esta adote as medidas que entender cabíveis, sendo-lhe vedado agir de
ofício e retornar os autos à delegacia para novas diligências ou encaminhar diretamente ao
membro do Ministério Público para que ele reavalie seu posicionamento. Quem toma decisões
quanto ao fim do inquérito policial é apenas e tão somente o Ministério Público. Recebendo o
inquérito, o Procurador-Geral de Justiça (PGJ) ou a Câmara de Coordenação e Revisão (CCR)
poderá:

(a) concordar com o membro do Ministério Público, mantendo o arquivamento: o juiz acatará o entendi-
mento do MP, arquivando-se o inquérito policial.

(b) concordar com o juiz, entendendo ser o caso de oferecimento de denúncia: o próprio PGR poderá
mover a ação ou, então, designará outro membro para atuar como “longa manus” (executor da ordem).

(c) concordar com o juiz, entendendo que é o caso de novas diligências: outro membro do MP será desig-
nado.

Arquivamento implícito/tácito: o MP deixa de se manifestar a respeito de uma infração penal cometida


(arquivamento implícito objetivo) ou deixa de denunciar algum investigado (arquivamento implícito sub-
jetivo), passando-se ao recebimento dessa “denúncia parcial” pelo juiz, que não percebe a omissão do
Ministério Público. Este instituto não é aceito pela doutrina e nem pela jurisprudência, uma vez que é
exigida uma decisão judicial acerca dos fatos: ou há homologação de arquivamento ou há oferecimento
da inicial acusatória.

Arquivamento provisório: pode ocorrer de faltar uma condição de procedibilidade à ação penal, tal como
quando a vítima se retrata da representação nos crimes a ela condicionados. Seria o caso, então, de ar-
quivamento do inquérito, mas, como se permite a “retratação da retração”, faz-se um arquivamento pro-
visório (temporário), aguardando-se que a vítima – dentro do prazo legal – volte a apresentar a represen-
tação, se assim desejar. Se permanecer inerte, tornar-se-á definitivo o arquivamento que, até então, era
provisório.

Arquivamento na Lei Anticrime: sabe-se que a Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime) promoveu diversas
alterações no Código de Processo Penal. Uma delas diz respeito ao art. 28, CPP. No entanto, essa alteração
específica encontra-se cautelarmente suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, por decisão do Min. Luiz
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Fux (ADI nº 6.298/DF, 6.299/DF, 6.300/DF e 6.305/DF, j. 22.01.20). Desta forma, deve-se seguir, atual-
mente, o procedimento de arquivamento como explicado até o momento. Neste tópico, por questões
didáticas e em respeito ao leitor, abrir-se-á um parêntese para tratar, brevemente, sobre como será (ou
seria) a nova promoção de arquivamento por parte do Ministério Público. A grande novidade da regra do
art. 28, CPP, após a modificação promovida pela Lei nº 13.964/19, consiste no fato de que o procedimento
de arquivamento passa a se realizar exclusivamente no âmbito do Ministério Público, sem a participação
judicial. Após a nova redação do art. 28, CPP, cabe ao membro do Ministério Público ordenar (e não mais
requerer ao juiz) o arquivamento do inquérito policial (ou de quaisquer elementos informativos da mesma
natureza), considerando que decidiu por não promover a acusação. Na nova sistemática, o próprio mem-
bro do Ministério Público deverá remeter a ordem de arquivamento para a instância interna de revisão
(Procurador-Geral de Justiça, no âmbito do Ministério Público Estadual e Câmara de Coordenação e Revi-
são Criminal, no âmbito do Ministério Público Federal) para homologação. A instância revisora poderá
homologar o arquivamento ou, discordando, designar outro membro para continuar as investigações ou
oferecer denúncia. Com o novo art. 28, CPP, continua a haver o controle de legalidade (homologação) do
arquivamento do inquérito policial (ou investigação criminal de outra natureza). Mas, agora, realizado
exclusivamente pelo Ministério Público. O ato de arquivamento é composto, i.e., formado pela decisão
do promotor natural e pela posterior homologação pela instância de revisão. Para conferir ainda maior
legitimidade a este controle de legalidade, a novel redação do art. 28, CPP, determina que o órgão do
Ministério Público comunicará a ordem de arquivamento à vítima, ao investigado e à autoridade policial.
Relevante notar que a comunicação é feita, repita-se, pelo órgão do Ministério Público. Ou seja, não há a
utilização do aparato do Poder Judiciário (oficiais de justiça, por exemplo). O procedimento de arquiva-
mento das investigações criminais realmente deixa de passar pelo crivo judicial. Consoante disposto no §
1º, se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, po-
derá, no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. A rigor, o encaminhamento
à instância revisora já é realizado pelo próprio membro do Ministério Público que ordenou o arquiva-
mento. O que, em verdade, faz a vítima, ou seu representante legal, é apresentar suas razões de discor-
dância em relação à ordem de arquivamento realizada pelo membro do Ministério Público. Então, na
prática, transcorridos 30 dias sem apresentação de recurso, o membro do Ministério Público, aí sim, envia
os autos ao órgão revisor para fins de homologação do arquivamento. Em se tratando de crimes perpe-
trados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial
poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial, consoante dis-
posto no § 2º. Chama-se a atenção para o fato de que o dispositivo legal não restringe a atuação da pro-
curadoria judicial a qualquer tipo de crime. Ou seja, não se trata apenas de atuação quando da prática de
crimes contra a administração pública. Poderia ser deflagrada a atuação da procuradoria quando, por
exemplo, houvesse um crime contra o patrimônio de qualquer dos entes federados nominados. A propó-
sito, incompreensível a omissão legislativa em relação às situações nas quais a vítima é o Distrito Federal.

Desarquivamento. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judicial por falta de
base (justa causa) para a denúncia, a autoridade policial ainda poderá proceder a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia (art. 18, CPP). Entende-se que é possível, assim, com o surgimento de outras
provas, o desarquivamento do inquérito e a reabertura das investigações. Haveria, então, a formação de
coisa julgada formal – i.e., a impossibilidade de rediscutir e reabrir novas discussões, salvo se ultrapassado
o obstáculo anterior que gerou o arquivamento do inquérito, que é o surgimento de outras provas. Nesse
sentido é a súmula nº 524 do STF: “arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”. Afirma-se que, em regra,
a decisão que homologa o arquivamento do inquérito é rebus sic stantibus, isto é, permanecerá assim
enquanto não surgirem novas provas (STF, Inq. 1.604/AL). Mas o que são “novas provas” para permitir o

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desarquivamento? Entende-se que são as provas substancialmente novas, não bastando que sejam me-
ramente novas, mas que inovem e tragam novos indícios ou elementos para as investigações (STJ, HC
122.328/SP). Desta feita, a prova apenas formalmente nova não autoriza o desarquivamento do inquérito,
pois o teor probatório é que precisa ser novo. Atentar que, conquanto seja possível o desarquivamento
das investigações com o surgimento de novas provas, deve-se atentar ao prazo prescricional do delito.

Embora, como visto, forme-se coisa jugada formal a decisão do juiz que homologa a promoção de arqui-
vamento do inquérito policial pelo Ministério Público, há casos em que essa decisão adquirirá caráter
definitivo, impossibilitando o posterior desarquivamento e consequente oferecimento de denúncia. For-
mar-se-á, pois, coisa julgada material – i.e., a impossibilidade de rediscutir e reabrir novas investigações
nesse inquérito então arquivado e em qualquer outro. Assim, impedirá o desarquivamento o arquiva-
mento motivado por: a) atipicidade; b) excludente de culpabilidade; c) extinção da punibilidade (salvo
certidão de óbito falsa).

Quando se tratar de arquivamento motivado pela existência de uma causa excludente de ilicitude (como
a legítima defesa ou o estado de necessidade, por exemplo), há divergência entre o Superior Tribunal de
Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Para o STJ, não é possível desarquivar, pois há a formação de coisa
julgada material e o desarquivamento só seria possível no caso de falta de suporte probatório mínimo, ou
seja, justa causa (REsp 791.471/RJ). A decisão que reconhece a excludente de ilicitude é tomada com base
numa “certeza jurídica”, de modo que formar-se-á coisa julgada material, impedindo a rediscussão do
caso penal em qualquer novo feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas provas. Já para o
STF, é possível desarquivar, pois há formação apenas de coisa julgada formal e, surgindo novas provas,
autoriza-se o desarquivamento (HC nº 125.101/SP). O Supremo Tribunal Federal já entendeu que o arqui-
vamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz
coisa julgada material. No caso, após o arquivamento do inquérito, o Ministério Público concluiu que as
declarações prestadas nas investigações haviam sido alteradas pelo delegado. Diante disso, o Ministério
Público pôde, normalmente, oferecer nova denúncia (HC 87.395/PR).

Termo circunstanciado. Nos termos da Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais), as infrações de menor poten-
cial ofensivo são todas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior
a 2 anos, cumulada ou não com multa (art. 61). Quando a autoridade policial tomar conhecimento da
ocorrência de uma infração de menor potencial ofensivo, portanto, lavrará o chamado termo circunstan-
ciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado Especial, com o autor do fato e a vítima, providenci-
ando-se as requisições dos exames periciais necessários. Logo, percebe-se que, nessas situações, não será
instaurado inquérito policial, mas um termo circunstanciado. Ao autor do fato que, após a lavratura do
termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Não há nenhuma irregularidade
se, ao invés de termo circunstanciado, o delegado instaurar inquérito policial. Conforme decidiu recente-
mente o STF, o termo circunstanciado não é procedimento investigativo, mas apenas uma peça informa-
tiva com a descrição dos fatos, de modo que não se trata de ato privativo do delegado de polícia (ADI
3.807) – até mesmo o juiz poderia lavrar o termo circunstanciado, além de policiais militares, rodoviários
etc., por exemplo.

Insignificância. Para a posição clássica, o delegado, ao se deparar com a notícia de um de crime, não pode
realizar um juízo de valor acerca deste delito. Por exemplo, se a Polícia Militar chega ao plantão policial
conduzindo um suspeito de furto de um sabonete, avaliado em R$ 1,00, não poderia o delegado deliberar
sobre o fato e deixar de instaurar o competente inquérito em razão da atipicidade material (valor irrele-
vante) ou, pior, instaurar e depois arquivá-lo. De acordo com Tourinho Filho, “não cabe à autoridade po-
licial dizer, p. ex., que o indiciado não agiu em legítima defesa, estado de necessidade, que não se houve
com culpa etc. Não deve, enfim, a autoridade policial apreciar os autos do inquérito policial e sobre ele
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emitir um juízo de valor. A opinio delicti cabe ao titular da ação penal e não àquele, que se limita, simples-
mente, a investigar o fato infringente da norma e quem tenha sido o seu autor” (Manual, 2008, p. 104).

Atentar, no entanto, que há posição mais moderna no sentido de que o delegado teria atribuição para
verificar a ocorrência de eventuais excludentes, podendo deixar de lavrar o auto de prisão em flagrante e
apenas instaurar inquérito ou, nem isso, apenas registrar a ocorrência (Badaró, 2016). Consoante Luiz
Carlos Rocha, “a apresentação do preso ao delegado não implica, obrigatoriamente, lavratura de auto de
prisão em flagrante. Compete à autoridade, examinando o caso, exercer verdadeiro ato de julgamento
sobre as circunstâncias objetivas e subjetivas, para ver se, realmente, o auto deve ser lavrado” (Manual,
2002, p. 426). E na lição de Eduardo Fontes, “quando a notícia de um crime é levada ao conhecimento da
autoridade policial, caberá ao delegado de polícia realizar uma análise criteriosa acerca da viabilidade ou
não da instauração do inquérito policial. Não havendo justa causa para tanto, deve o delegado de polícia
fundamentadamente abster-se de instaurar o inquérito e encaminhar as peças de informação ao membro
do Ministério Público” (Temas, 2018, p. 325-326).

Papel do juiz. Dentro de um Estado de Direito, cabe ao juiz atuar em relação às chamadas cláusulas de
reserva de jurisdição. Isso significa “submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de
determinados atos cuja realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da
Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja even-
tualmente atribuído o exercício de poderes de investigação” (STF, MS nº 23.452/RJ, rel. Min. Celso de
Mello, j. 16.09.99). São exemplos o deferimento de interceptação telefônica (art. 5º, XII, CF), da busca e
apreensão (art. 5º, XI, CF) e da quebra de sigilo fiscal (art. 5º, X e XII, CF, e LC nº 105/01, art. 1º, § 4º). Por
mais que o delegado ou o membro do Ministério Público tenham plena convicção e já tragam reunidos
todos os elementos de prova possíveis, se quiserem realizar uma interceptação telefônica, v.g., deverão
requerer ao juiz competente tal diligência. A regra, pois, é a ausência de poder direto de requisição, sur-
gindo, assim, a necessidade de se passar pelo crivo judicial.

Vícios e nulidade. Tendo em vista a sua natureza de procedimento investigatório prévio, o vício existente
no inquérito policial não acarreta a nulidade da ação penal futura (STF, RHC nº 134.182/DF, rel. Min. Cár-
men Lúcia, j. 28.06.16).

Verificação da procedência das informações (VPI). Percebe-se que o § 3º do art. 5º, CPP, dispõe, na sua
parte final, que o delegado de polícia, ao receber informação de qualquer do povo acerca da ocorrência
de uma infração penal de que caiba ação penal de natureza pública, antes de determinar a instauração
de inquérito policial, procederá à verificação da procedência das informações – o que é comumente abre-
viado pela sigla VPI. Isso significa que a autoridade policial, ao receber informação de que um crime pro-
cessado por ação penal pública foi praticado, irá determinar a instauração da verificação de procedência
dessa informação, isto é, se há, ao menos, verossimilhança no relato dos fatos e se há elementos mínimos
para que alguém seja investigado por um inquérito policial e eventualmente processado judicialmente no
futuro.

Acordo de não persecução penal (ANPP). Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado con-
fessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com
pena mínima inferior a 4 anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde
que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajus-
tadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibi-
lidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas
por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local
a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do CP; IV - pagar prestação pecuniária, a ser

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estipulada nos termos do art. 45 do CP, a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo
da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes
aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada
pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Cumprido
integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibili-
dade.

Não cabimento do ANPP. Não será cabível nas seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de
competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se
houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto
se insignificantes as infrações penais pretéritas; III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos ante-
riores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

Descumprimento do ANPP. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado tam-
bém poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de
suspensão condicional do processo.

ANPP não gera antecedentes. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins de verificação de (im)possibilidade
de novo ANPP depois.

Recusa em propor ANPP. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art.
28 do CPP.

AÇÃO PENAL

Conceito. É o instrumento processual por meio do qual se vale a acusação (MP/Ofendido) para fazer apli-
car a lei penal objetiva ao fato delituoso.

Fundamento. É constitucional, diante da necessidade da existência de um instrumento processual apto a


tutelar e aplicar o direito material ao caso concreto, tendo em vista que a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, CF).

Características. A ação penal é um direito: público (movido contra o Estado-juiz); subjetivo (promovida
por um acusador); autônomo (diverso do direito material); abstrato (independe do resultado final); ins-
trumental (visa a solucionar um conflito); determinado (ligado a um fato certo) e específico (imputa uma
infração penal a alguém).

Espécies e características das ações penais. São as seguintes:

Princípios Principais características


Oficialidade: promovida pelo É movida por meio de denúncia
MP. e independe de qualquer von-
Obrigatoriedade: preenchidos tade por parte do ofendido ou
os requisitos, deve ser pro- de terceiros.
Pública incondicionada
posta.
Indisponibilidade: não permite
desistência da ação penal e nem
do recurso.

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Oficialidade: promovida pelo Depende de representação do


MP. ofendido ou representante le-
Obrigatoriedade: preenchidos gal.
os requisitos da representação A representação não vinculará o
e havendo os elementos neces- MP, que não está obrigado a
sários para mover, a ação penal mover a ação penal se não pre-
deve ser proposta. enchidos os requisitos mínimos
Pública condicionada à repre- Indisponibilidade: não permite para levar adiante a ação.
sentação desistência da ação penal e nem É possível retratação da repre-
do recurso. sentação até o oferecimento da
denúncia (se Lei Maria da Pe-
nha, até o recebimento, em au-
diência especial para o ato).
Prazo de 6 meses para repre-
sentar, a contar do conheci-
mento da autoria.
Oficialidade: promovida pelo Requisição não tem natureza de
MP. ordem, mas de condição de pro-
Obrigatoriedade: preenchidos cedibilidade.
os requisitos da requisição e ha- A requisição é ato administra-
vendo os elementos necessários tivo discricionário, analisado
Pública condicionada à requisi- para mover, a ação penal deve pelo Ministro da Justiça cf. o ce-
ção do Ministro da Justiça ser proposta. nário político, econômico etc.
Indisponibilidade: não permite A requisição não vinculará o
desistência da ação penal e nem MP, que não está obrigado a
do recurso. mover a ação penal se não pre-
enchidos os requisitos mínimos
para levar adiante a ação penal.
Não se aplicam os princípios da Cabimento: inércia do MP em
ação penal pública. É movida mover a ação penal pública no
por queixa-crime. prazo legal.
Prazo: decadencial e de 6 me-
ses, a contar do esgotamento
do prazo legal do MP.
Privada subsidiária da pública MP: pode aditar, repudiar ou
oferecer queixa-substitutiva, in-
tervindo em todos os atos, pro-
pondo provas, recorrendo e, se
inerte o querelante, assumirá a
ação penal (não há perempção,
portanto).
Oportunidade: querelante esco- Movida por queixa-crime.
lhe se irá ou não propor a ação Prazo: decadencial e de 6 me-
penal. ses.
Disponibilidade: querelante Perempção: art. 60, CPP.
pode renunciar, desistir e per-
Exclusivamente privada doar.
Indivisibilidade: querelante não
pode escolher quem irá proces-
sar, devendo mover a ação pe-
nal contra todos os responsá-
veis pela infração penal, sob
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pena de reconhecimento de re-


núncia geral. Se oferecer per-
dão a um, a todos ele se esten-
derá.
Igual à ação penal exclusiva- Ex.: 236, CP. Só pode ser pro-
mente privada. posta pelo ofendido e mais nin-
guém. Se vier a falecer, por
Personalíssima
exemplo, a ação será extinta, di-
ante da impossibilidade de
substituição processual.

Súmula nº 714, STF: é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do MP, condicionada
à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão
do exercício de suas funções.

Súmula nº 542, STJ: a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada.

Crimes contra a dignidade sexual. Originariamente, era AP privada; na sequência, AP condicionada à re-
presentação (salva exceções); atualmente, todos os crimes sexuais, sem exceção, são processados por AP
pública incondicionada, cf. a Lei nº 13.718/18 – lei é gravosa, sendo irretroativa, portanto.

Lesão corporal no CTB. Como regra, a AP é pública condicionada à representação, sendo incondicionada
quando estiver o agente: sob influência de álcool ou outra substância; disputando racha; ou em veloci-
dade acima da permitida em 50 km/h.

Estelionato. Sempre foi processado por AP pública incondicionada. Com a Lei Anticrime, agora é proces-
sado por AP pública condicionada à representação, salvo se a vítima for: a Administração Pública; criança
ou adolescente; pessoa com deficiência mental; maior de 70 anos; ou incapaz.

AÇÃO CIVIL EX DELICTO

Distinção. O Código de Processo Penal prevê duas formas de a vítima buscar a reparação civil pelos danos
sofridos em razão do delito:

(a) a execução civil ex delicto, tendo como base uma sentença penal condenatória transitada em julgado
que servirá como título executivo judicial, conforme o art. 63, CPP. O juiz criminal tem a possibilidade de
fixar valor mínimo de indenização desde já, podendo ser apurado e liquidado, depois, no juízo cível, o
valor real.

(b) a ação de conhecimento ex delicto, em que a vítima ajuizará uma ação diretamente perante o juízo
cível, tendo como causa de pedir o delito do qual foi vítima, consoante o art. 64, CPP. A legitimidade é da
vítima, seu representante legal ou herdeiros (em caso de morte). A Defensoria Pública pode atuar em
caso de hipossuficiência (onde não estiver instalada ainda, a legitimidade será do Ministério Público). Será
movida no juízo cível competente, cf. as regras do CPC. O juiz cível, recebendo a ação, se ainda estiver em
curso a ação penal, poderá suspender aquela até que este seja finalizada.

Separação de jurisdições. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar


mais sobre a existência do fato (materialidade), ou sobre quem seja o seu autor (autoria), quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal.

Sistemas. A doutrina apresenta os seguintes:


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Confusão: Uma só ação, com pretensões penal e civil.

Solidariedade: Duas ações, sendo uma civil e outra penal, mas ambas movidas na esfera penal.

Livre escolha: Duas ações, uma civil e outra penal, mas a parte tem a faculdade de mover uma
ação civil no juízo penal.

Independência: Duas ações, uma civil na esfera cível e outra penal na esfera penal. É o adotado.

Independência mitigada: Duas ações, uma civil na esfera civil e outra penal na esfera penal, po-
dendo a sentença penal fixar um valor mínimo de indenização, mas sem esgotar a esfera cível (o
nome “mitigada” é uma construção doutrinária). Parte da doutrina sustenta a adoção deste sis-
tema.

Excludente de ilicitude. Como regra, o reconhecimento de uma excludente de ilicitude afasta a respon-
sabilização cível, exceto nos seguintes casos: estado de necessidade quando o agente sacrificar bem de
terceiro inocente; legítima defesa em caso de aberratio ictus (erro na execução); descriminantes putativas
(excludente de ilicitude imaginária).

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Jurisdição. É o poder do Estado, representado pela figura do magistrado, de aplicar o direito ao caso con-
creto posto em julgamento, objetivando solucionar um conflito social. Trata-se da ação de dizer o direito.

Competência. É o âmbito legítimo de exercício da jurisdição conferido a cada órgão jurisdicional, ou seja,
é a delimitação da jurisdição do juiz.

Características da jurisdição. São:

- Órgão adequado: exercida por um magistrado, cf. regras constitucionais e legais.

- Contraditório: só se julga definitivamente mediante prévio contraditório e ampla defesa.

- Procedimento: há um modelo/fórmula legal a ser seguido, com etapas e ritos específicos.

- Substitutividade: o juiz, ao decidir, substitui a vontade das partes, impondo a vontade estatal.

- Definitividade: a pacificação social e a extinção do conflito exigem que a decisão seja definitiva.

Competência em razão da matéria. Definida cf. a natureza da infração penal. Ex.: eleitoral, estadual etc.

A justiça penal pode ser comum (estadual ou federal) ou especial (eleitoral, militar).

Justiça estadual. A justiça estadual é residual. Em caso de conexão com crime federal, prevalece esta.

Justiça federal. A justiça federal tem previsão no art. 109, CF – em regra, crimes contra bens, serviços ou
interesses da União, autarquias e empresas públicas (sociedade de economia mista, não). Não julga con-
travenções penais.

Alguns crimes previstos em tratados ou convenções internacionais: tráfico internacional de drogas, tráfico
internacional de armas, tráfico internacional de pessoas, fornecimento ilícito de sinal de TV por assinatura,
crime praticado contra consulado ou embaixada estrangeiro no Brasil, pornografia infantil e pedofilia pela
internet.

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STJ: o simples fato de o crime ser praticado pela internet não significa que a competência será, sempre,
da JF, pois isso não se traduz em sua internacionalidade. Será da JF quando o fato criminoso é praticado
pela internet, existindo amplo e irrestrito acesso a pessoas em geral.

STJ: no caso de mensagens entre particulares por WhatsApp e Facebook (são diálogos entre destinatários
determinados e escolhidos, cuja troca de informação não está acessível a qualquer pessoa), não há que
se falar em competência da JF, mas, sim, da JE.

Competência territorial de crimes praticados na internet = local onde o réu publicou tais fotos e vídeos,
não importando o local do servidor do site.

Justiça militar. A justiça militar tem previsão no art. 124, CF. Subdivide-se em justiça militar da União (julga
crimes militares de membros das Forças Armadas e civis) e em justiça militar dos Estados (julga apenas
crimes militares de policiais/bombeiros militares).

A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constitu-
ída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo pró-
prio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja supe-
rior a vinte mil integrantes.

Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares defini-
dos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando
a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais
e da graduação das praças.

Justiça eleitoral. A Justiça Eleitoral (arts. 118 a 121, CF) julgará os crimes eleitorais e os que lhes são co-
nexos ou continentes (78, IV, CPP, c.c. 35, II, CE), ressalvada a competência originária de Tribunal Superior
e dos Tribunais Regionais (STF).

Conexão com crime militar ou federal: cisão obrigatória.

Conexão com crime doloso contra a vida: prevalece que haverá cisão entre justiça eleitoral e júri.

Justiça do trabalho. Não tem competência penal.

Competência em razão da pessoa/função. Definida cf. a função que a pessoa exerce (foro por prerroga-
tiva de função). Ex.: STF julga crime praticado por senador.

O foro por prerrogativa de função alcança tão somente ações de natureza penal, excluindo-se as ações
civis e de improbidade administrativa. Portanto, apenas os crimes comuns são julgados no for por prerro-
gativa de função, ou seja, todas as infrações de natureza penal (crimes e contravenções penais).

O foro por prerrogativa de função é do detentor de cargo público/político que tenha esta previsão. Em
razão disso, três regras precisam ser analisadas:

Situação Regra

Infração penal cometida antes O agente não tem foro por prerrogativa de função.
do início do exercício funcional

Infração penal cometida no O agente tem foro por prerrogativa de função enquanto perdurar
curso do exercício funcional o cargo ou mandato.

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Cessação do exercício funcional Uma vez cessado o cargo ou mandato, cessa-se o foro por prerro-
gativa de função, remetendo-se os autos ao juízo de primeiro grau.

Será competente o tribunal vinculado à autoridade a ser julgada, mesmo que o local do crime não esteja
dentro dos limites territoriais de sua competência.

Concurso de agentes: a jurisprudência do STF passou a adotar como regra o desmembramento dos inqué-
ritos e ações penais originárias no tocante a coinvestigados ou corréus não detentores de foro por prer-
rogativa de função, admitindo-se, apenas excepcionalmente, a atração da competência originária quando
se verifique que a separação seja apta a causar prejuízo relevante, aferível em cada caso concreto.

Súmula nº 704, STF: não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu por prerrogativa de função de um dos denun-
ciados.

Súmula vinculante nº 45: a competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

O art. 125, CF não outorgou às Constituições Estaduais uma “carta em branco” para assegurar o privilégio
do foro privativo a quem bem entendesse, não se tratando de uma opção política, mas um sistema rígido
de jurisdição excepcional, que exige interpretação restritiva e expressa. Por este motivo o STF entendeu
que Procuradores do Estado, Procuradores da Assembleia Legislativa, Defensores Públicos e Delegados
de Polícia não podem ter foro por prerrogativa de função previsto na CE, não se autorizando a ampliação,
livre, de novas hipóteses sem parâmetro constitucional equivalente.

A fim de melhor compatibilizar o foro por prerrogativa de função com os princípios constitucionais, bem
como reduzir as disfunções produzidas, as normas da CF/88 que estabelecem as hipóteses de foro por
prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que te-
nham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.

Indiciamento: STF: quando a pessoa a ser indiciada for detentora de foro privativo no STF, o delegado de
polícia não poderá indiciá-la, a não ser com autorização do relator responsável pelo caso na Corte; STJ: o
indiciamento poderá ser feito pelo delegado de polícia.

Exceção da verdade: nos processos por crimes contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que
a CF sujeita à jurisdição do STF, e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento,
quando oposta e admitida a exceção da verdade (85, CPP). Justifica-se o julgamento pelo foro privativo
porque o acusado (querelado), no bojo da exceção da verdade, pode demonstrar a veracidade do fato
(criminoso) imputado ao agente público detentor de foro por prerrogativa de função. E como este agente
público possui foro privativo, apenas o respectivo tribunal poderá apreciar se esta pessoa cometeu o
crime que lhe foi imputado na exceção da verdade. Resultado da exceção da verdade:

Rejeitada pelo tribunal Acolhida pelo tribunal

O fato criminoso imputado à autoridade pública O fato criminoso imputado à autoridade público é
não é verdadeiro, devendo o crime contra a verdadeiro, devendo o querelado ser absolvido e
honra da autoridade pública ofendida ter segui- os autos deverão ser enviados ao MP para apura-
mento na primeira instância contra o querelado. ção do crime por parte do detentor de foro priva-
tivo.

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Casuística:

Executivo Legislativo Judiciário Outros

STF PR/Vice DF/Sen T. Sup (STF, STJ, TST, PGR, Comandante FAB, TCU, Chefe
TSE e STM) de missão diplomática perma-
Ministros nente

STJ Gov (E/DF) - Desembargadores TCE/TCM, MPU de 2ª instância


(TRF, TRE, TJ e TRT)

TSE - - - -

STM - - - Generais das FAB nos crimes mili-


tares.

TRF Prefeito (crime Dep Est Juízes (fed/trab/milit. MPU (MPF, MPT, MPM e MPDF)
Federal) (crime Fede- fed).
ral)

TRE Prefeito (crime Dep Est Juízes eleitorais e Juí- MP Eleitoral e MP por crimes elei-
eleitoral) (crime eleito- zes por crimes eleito- torais
ral) rais.

TJ Prefeito (crime Dep Est Juízes estaduais MP Estadual (não do DF)


estadual) (crime esta-
dual)

Competência em razão do local. Define qual território será competente, seja no âmbito estadual (uma
comarca) ou federal (uma seção ou subseção). A regra é aplicar a teoria do resultado (a competência será,
de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em
que for praticado o último ato de execução). Há quem aponte que a Lei 9.099/95 adota a teoria da
ação/atividade (outros, sustentam a teoria da ubiquidade).

No caso de homicídio, tem prevalecido o entendimento de que não se aplica a teoria do resultado (do
CPP), mas a teoria da ação, sendo competente o juízo do local onde praticado o crime (melhores provas,
pacificação social local etc.).

Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será de-
terminada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar
em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á
pela prevenção.

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Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições,


a competência firmar-se-á pela prevenção.

Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro
tomar conhecimento do fato.

Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do
réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do
Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente
o juízo da Capital da República.

Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos
fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados
pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar
do País, pela do último em que houver tocado. Competência, em regra, da justiça federal.

Competência funcional. Leva em conta alguns critérios, como: (a) fase do processo – conhecimento e
execução; (b) objeto do juízo – no júri, juiz julga o direito e os jurados os fatos; e (c) grau de jurisdição –
recursos.

Competência absoluta e relativa. Em suma:

ABSOLUTA RELATIVA
Não admite prorrogação Admite prorrogação
Gera nulidade absoluta Gera nulidade relativa
Arguida a qualquer momento, mesmo após o TJ Deve ser alegada no momento oportuno, sob pena
(neste caso apenas em benefício do acusado). de preclusão.
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Pode ser conhecida de ofício pelo juiz, mas apenas
até o início da instrução do processo (não se aplica
a S.33, STJ que é exclusiva do processo civil).
Não pode ser modificada, ou seja, é improrro- Pode ser modificada, ou seja, é prorrogável.
gável - situações de conexão e continência não
alterarão sua fixação.
Estabelecida no interesse preponderante- Estabelecida no interesse preponderante particu-
mente público. lar/das partes.
São os casos de competência em razão da ma- São os casos de competência em razão do local, por
téria, da função (ou pessoa) e a competência distribuição, por prevenção, por conexão ou conti-
funcional. nência.

Súmulas importantes sobre competência penal:

Súmula nº 38, STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo
por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou
de suas entidades. Observação: ressalvam-se situações de foro por prerrogativa de função.
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Súmula nº 42, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.

Súmula nº 62, STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de
trabalho e previdência social, atribuído à empresa privada.

Súmula nº 104, STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso
de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

Súmula nº 107, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente
lesão à autarquia federal.

Súmula nº 140, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure
como autor ou vítima. Obs.: será da justiça federal quando violar direitos (coletivos) indígenas.

Súmula nº 209, STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida
e incorporada ao patrimônio municipal.

Súmula nº 208, STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba
sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

Súmula nº 546, STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada
em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualifi-
cação do órgão expedidor.

Súmula nº 498, STF: Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento
dos crimes contra a economia popular.

Súmula nº 522, STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da
Justiça Federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpe-
centes.

Súmula nº 122, STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.

Súmula nº 147, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.

Súmula nº 165, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no
processo trabalhista.

Súmula nº 200, STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de pas-
saporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.

Súmula nº 528, STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via
postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.

Súmula Vinculante nº 36, STF: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos
crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Ins-
crição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha
do Brasil.

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Súmula nº 451, STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido
após a cessação definitiva do exercício funcional.

Súmula nº 702, STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de
competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo
tribunal de segundo grau.

Súmula Vinculante nº 45, STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

Súmula nº 555, STF: É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição entre juiz de
direito do estado e a justiça militar local.

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES

Questão prejudicial. Tema de natureza extrapenal que precisa ser solucionado antes de o juiz criminal
julgar o mérito da causa penal, considerando que o seu resultado condicionará/interferirá a decisão penal;
além disso, é considerado um ponto autônomo, pois, se não surgisse no curso de um processo penal,
poderia ser objeto de uma discussão independente. Exemplo comum é a discussão acerca da legítima
posse de um bem que foi objeto de furto, guardando-se relação com a elementar coisa alheia. Admite a
seguinte classificação:

- Homogênea: questão que pertencer e for solucionada na mesma jurisdição ou ramo do Direito
que a causa principal.

- Heterogênea: questão que tiver que ser solucionada em outra área do Direito, sendo verdadeira
matéria extrapenal, com tratamento pelo Código de Processo Penal (arts. 92 a 94, CPP).

- Obrigatória: questões que versam sobre o estado civil das pessoas e que, por serem da compe-
tência exclusiva de juiz cível, acarretam, obrigatoriamente, a suspensão do processo criminal.

- Facultativa: questões prejudiciais que não se referem ao estado civil das pessoas e que possibi-
litam ao juiz criminal suspender o processo penal para aguardar a decisão do juiz cível ou decidir
incidentalmente sobre a questão sem suspender o processo penal.

Procedimento incidental. É aquele interposto ao longo do processo penal e que será solucionado pelo
juiz penal antes de a causa ser decidida e que guarda relação tão só com questões processuais, não tendo
relação com a existência ou não do crime em julgamento. Só existe porque há um processo penal em
curso, não podendo ser objeto de discussão autônoma fora deste. É exemplo a exceção de impedimento
do juiz, que deve ser decidida antes do julgamento da causa. São: exceções; conflito de jurisdição; resti-
tuição de coisas apreendidas; medidas assecuratórias; incidente de falsidade documental; e incidente de
insanidade mental.

Exceção de suspeição e impedimento. Julgador deve manter sua imparcialidade. Se tiver relação com
alguma das partes, haverá suspeição (art. 254, CPP); se houver relação com o objeto do processo, haverá
impedimento (art. 252, CPP). O juiz deverá declinar de ofício sua suspeição ou impedimento, remetendo
os autos ao seu substituto (art. 99, CPP). Se não fizer isso, a parte poderá apresentar a exceção (art. 98,
CPP). Exige-se procuração com poderes especiais. Quem decidirá é o tribunal. Se improcedente, o juiz
continuará no processo; se procedente, serão nulos os atos praticados pelo juiz suspeito ou impedido e
ele será multado pelo tribunal. Membro do Ministério Público, peritos, serventuários, intérpretes e jura-
dos também poderão ser objeto de exceção. Não cabe exceção contra o delegado, mas ele pode se dar
por suspeito (art. 107, CPP). É uma exceção dilatória. Como é decidida pelo tribunal, só caberá RE/REsp.
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Exceção de incompetência. Se o juiz for incompetente, a parte poderá apresentar exceção, objetivando
o julgamento pelo juiz natural da causa. Essa exceção tem natureza dilatória, já que o processo não se
encerrará, mas será remetido ao juiz competente (há uma dilatação da relação processual, e não a sua
extinção). Pode ser apresentada por escrito ou oralmente, no prazo de defesa, ouvindo-se o MP. Se o juiz
reconhecer a incompetência, caberá RESE; se não reconhecer, não há recurso.

Exceção de litispendência. Cabível quando pendente de julgamento duas ações penais idênticas sobre o
mesmo fato e contra o mesmo réu. É uma exceção peremptória, já que busca encerrar uma ação penal.
Pode ser apresentada a qualquer tempo e por qualquer parte. Aplica-se o mesmo regramento da exceção
de incompetência. Se reconhecida, caberá RESE quando arguida pela parte ou apelação se reconhecida
de ofício pelo juiz; se rejeitada, não cabe recurso.

Exceção de ilegitimidade de parte. A legitimidade é pressuposto de validade da relação processual. Ape-


nas o Ministério Público (em AP pública) e o ofendido (em AP privada) podem mover a devida ação penal
em juízo – aquele não pode mover queixa e este não pode oferecer denúncia, salvo se subsidiária. Logo,
se houver ilegitimidade, caberá a exceção a qualquer momento, seguindo as regras da exceção de incom-
petência. É exceção peremptória. Pode se dar também no polo passivo. Não há possibilidade de convali-
dação. Se acolhida, cabe RESE; se indeferida, não há recurso.

Exceção de coisa julgada. Não se permite nova ação penal contra a mesma pessoa e pelos mesmos fatos
se já houve ação penal anterior transitada em julgado (coisa julgada material). Se isso ocorrer, caberá tal
exceção, que é peremptória. Se acolhida, cabe RESE; se rejeitada, não há recurso.

Conflito de jurisdição. A solução será a seguinte:

Competência Hipótese

– Conflito entre STJ e outro tribunal (exceto STF). Ex.: STJ vs. TJRS.
STF – Conflito entre Tribunais Superiores (exceto STF) e outro tribunal.
(Art. 102, I, o, CF) Ex.: TSE vs. TJPE.

– Conflito entre Tribunais Superiores (exceto STF). Ex.: STM vs. TSE.

– Conflito entre qualquer tribunal, exceto tribunais superiores. Ex.:


TJRJ vs. TJMG.

– Conflito entre tribunal e juiz a este não vinculado. Ex.: TJPR vs. juiz
STJ do Mato Grosso.
(Art. 105, I, d, CF) – Conflito entre juízes de tribunais diversos. Ex.: juiz do Maranhão
vs. juiz do Tocantins; ou juiz federal do TRF5 vs. juiz federal do TRF2;
ou juiz federal do TRF 1 vs. juiz estadual investido na jurisdição fede-
ral vinculado ao TRF3.

TRF – Conflito entre juízes federais de tribunal da mesma região. Ex.:


juiz federal da 1ª vara vs. juiz federal da 2ª vara, ambos do TRF1.
(Art. 108, I, e, CF)

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– Conflito entre juiz federal e juiz estadual investido na jurisdição


federal, ambos vinculados ao mesmo TRF. Ex.: juiz federal do TRF2
vs. juiz estadual na função federal vinculado também ao TRF2 (sú-
mula nº 3, STJ – que abarcava a extinta previsão da antiga Lei de
Drogas).

TJ – Conflito entre juízes vinculados ao mesmo TJ. Ex.: juiz de Praia


Grande/SP vs. juiz de São Vicente/SP.
(LC nº 35/79)

TRE – Conflito entre juízes eleitorais do mesmo Estado. Ex.: juiz eleitoral
de Aracajú/SE vs. juiz eleitoral de Lagarto/SE.
(Código Eleitoral)

– Conflito entre TRE de diferentes Estados. Ex.: TRE/CE vs. TRE/PA.


TSE
– Conflito entre juízes eleitorais de Estados diferentes. Ex.: juiz elei-
(Código Eleitoral)
toral de Jundiaí/SP vs. juiz eleitoral de Arapiraca/AL.

Conflito de atribuição entre membros do Ministério Público. A solução será a seguinte:

QUEM DECIDE O CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO?

SITUAÇÃO QUEM IRÁ DIRIMIR

MPE do Estado 1 x MPE do Estado 1 Procurador-Geral de Justiça do Estado 1

MPF x MPF CCR, com recurso ao PGR

MPU (ramo 1) x MPU (ramo 2) Procurador-Geral da República

MPE x MPF CNMP

MPE do Estado 1 x MPE do Estado 2 CNMP

Restituição de coisa apreendida. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas
não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo (art. 118, CPP). A restituição, quando
cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não
exista dúvida quanto ao direito do reclamante. Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-
se-á em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 dias para a prova. Em tal caso, só o juiz crimi-
nal poderá decidir o incidente. Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro
que as detinha, se for pessoa idônea. Contra a decisão, caberá apelação.

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Incidente de falsidade. Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos (procuração
exige poderes especiais), o juiz observará o seguinte processo: I - mandará autuar em apartado a impug-
nação, e em seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta; II - assinará
o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para prova de suas alegações; III - conclusos
os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias; IV - se reconhecida a falsidade por de-
cisão irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente,
ao Ministério Público. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. Qualquer que seja a
decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil. A falsidade pode ser mate-
rial ou ideológica.

Incidente de insanidade mental. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. É possível o
exame ser realizado na fase de inquérito policial, mediante representação do delegado de polícia ao juiz
(nunca de ofício pela autoridade policial). O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o
exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam
ser prejudicadas pelo adiamento. Se a inimputabilidade existir ao tempo da infração penal, o processo
penal terá curso normal; se sobreveio à infração penal, haverá a suspensão do processo e o decurso nor-
mal da prescrição.

Medidas assecuratórias. Tem por fim assegurar bens para futura indenização proposta pela vítima ou
para fazer frente a uma determinação de confisco, quando demonstrada a proveniência ilícita dos bens
(Magno, 2007).

Sequestro. Atinge bens móveis e imóveis obtidos da prática da infração penal (origem ilícita). Exige indícios
da origem ilícita dos bens. A legitimidade é do MP, do delegado e do ofendido. O pedido será autuado em
apartado e o agente ou terceiro de boa-fé podem apresentar embargos.

Arresto. Objetiva tornar indisponível bens móveis ou imóveis também, mas com origem lícita. Visa a ga-
rantir futura indenização à vítima. Se imóvel, haverá especialização de hipoteca, a fim de tornar público o
ônus.

Hipoteca legal. Atinge bens imóveis. Requerida pelo ofendido ou MP. Tornará público o ônus que recaiu
sobre o imóvel.

Alienação antecipada. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sem-
pre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade
para sua manutenção. O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo até a decisão
final do processo, procedendo-se à sua conversão em renda para a União, Estado ou Distrito Federal, no
caso de condenação, ou, no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado.

PROVA

Elemento de prova. Dados objetivos que confirmam ou negam uma asserção a respeito de um fato que
interessa à decisão da causa (é tudo aquilo que pode vir a ser utilizado como fundamento pelo juiz). Ex.:
opinião do perito.

Resultado da prova. Análise do juiz acerca da credibilidade, ou não, da prova.

Objeto de prova. O que se pretende provar.

Fonte de prova. Tudo o que for apto a permitir a produção de uma prova. Ex.: cadáver do homicídio.
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Meio de prova. É o instrumento pelo qual a prova é introduzida no processo. Ex.: perícia.

Meio de obtenção de prova. Procedimento que visa buscar uma prova. Ex.: interceptação telefônica.

Classificação. As provas podem ser classificadas assim:

Prova direta. Construção direta e imediata sobre o que se quer demonstrar. Ex.: perícia.

Prova indireta. Dedução ou indução do que se quer demonstrar. Ex.: álibi.

Prova plena. Permite ao juiz ter certeza; é suficiente. Ex.: documento.

Prova não plena. Não permite ao juiz ter certeza; é coadjuvante. Ex.: indício.

Prova real. Resulta de objeto ou algo externo ao crime. Ex.: perícia.

Prova pessoal. Afirmação de alguém sobre algo. Ex.: testemunho.

Prova típica. Prevista em lei e com procedimento. Ex.: prova pericial.

Prova atípica. Sem previsão em lei ou sem procedimento. Ex.: reconstituição do crime.

Prova positiva. Demonstra a ocorrência de algo. Ex.: perícia de um carro.

Prova negativa. Busca demonstrar que um fato é falso ou não ocorreu. Ex.: pessoa não esteve no local.

Prova negativa indireta. Demonstra um fato incompatível com a imputação. Ex.: álibi.

Prova direta. Tem nome na lei, com ou sem procedimento. Ex.: prova testemunhal; reprodução simulada.

Prova inominada. Não tem nome na lei. Ex.: reconhecimento fotográfico.

Prova anômala. Utilizada para fins diversos dos próprios. Ex.: oitiva de testemunha pelo promotor em
gabinete e apresentação posterior do testemunho como se fosse prova documental.

Prova irritual. Prova colhida sem observância dos preceitos. Ex.: testemunha leva seu depoimento por
escrito.

Prova de fora da terra. Produzia em território de outra jurisdição. Ex.: testemunha por carta precatória.

Prova cautelar. Pode ser tanto antecipada (produzida no curso das investigações em razão do risco de
seu perecimento - ex.: interceptação telefônica), como incidental (produzida no curso da ação penal, an-
tes do momento probatório - ex.: ouvir antecipadamente a testemunha, fora do momento legal previsto,
em razão de doença grave).

Prova não repetível. É aquela que, produzida, não pode ser novamente coletada em razão do desapare-
cimento ou perecimento da fonte. Ex. perícia sobre a vítima de lesão corporal leve.

Prova antecipada. É a prova produzida em juízo, com contraditório e ampla defesa, mas em momento
processual diverso daquele legalmente previsto (ou até antes do início da ação penal), em razão da ur-
gência necessária, exigindo-se prévia autorização judicial. É uma cautelar incidental. Deve ser concreta-
mente justificada (súmula nº 455, STJ).

Prova emprestada. É a utilização de uma prova num determinado processo, mas que foi produzida em
outro, ou seja, é o transporte da prova de um processo para outro. Dois fundamentos justificam a aceita-
ção da prova emprestada: (i) economia processual e (ii) a busca da verdade, pois nem sempre será possível
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produzir novamente. Sempre ingressará como prova documental, qualquer que seja a sua natureza
quando produzida. Não se restringe a processos com partes idênticas; haverá contraditório e ampla de-
fesa.

Princípios. A doutrina aponta alguns:

Autorresponsabilidade. Produção das provas é um ônus de cada parte interessada.

Comunhão das provas. As provas produzidas são do processo, e não da parte que a produziu.

Liberdade probatória. Admite-se todos os meios de prova que respeite o ordenamento jurídico.

Procedimento probatório. São 4 fases:

- Proposição: é o requerimento de produção da prova.

- Admissão: análise pelo juiz do requerimento feito.

- Produção: a prova requerida é produzida.

- Valoração: juiz analisa a prova produzida e atribui valor, decidindo na sequência.

Sistema de avaliação da prova. A doutrina aponta os seguintes:

- Íntima convicção/certeza moral do juiz: juiz julga com sua convicção, sem exteriorizar as razões. Ex.: júri.

- Prova legal/tarifada/certeza moral do legislador: cada prova possui uma valoração de importância de-
terminada pelo legislador. Ex.: exigência de exame de corpo de delito.

- Livre convicção/persuasão racional/livre convencimento motivado: juiz aprecia livremente a prova, de-
vendo fundamentar com base no ordenamento jurídico. Ex.: art. 93, IX, CF. Consequências: admite-se
prova atípica; não há hierarquia entre provas; provas produzidas com contraditório e ampla defesa; deci-
são do juiz sempre com base nos elementos dos autos; exigência de motivação. O juiz formará sua con-
vicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cau-
telares, não repetíveis e antecipadas (art. 155, CPP).

Ônus da prova. Trata da responsabilidade da parte na demonstração dos fatos de seu interesse, de modo
a objetivar obter uma decisão favorável. Classificação:

- Ônus perfeito: se não exercido, gerará prejuízo à parte. Ex.: não apresentar recurso.

- Ônus imperfeito: se não exercido, poderá, ou não, gerar prejuízo. Ex.: não produzir prova.

- Ônus subjetivo: quem tem o ônus.

- Ônus objetivo: regra de julgamento pelo juiz, com base no ônus subjetivo.

Acusação. Tem o ônus de provar o crime e seus elementos, ou seja, sua existência, seu autor ou partícipe,
o nexo de causalidade e o elemento subjetivo (dolo ou culpa).

Acusado. Tem o ônus de provar fatos extintivos (prescrição, decadência etc.), impeditivos (erro de tipo,
coação, exclusão de culpabilidade etc.) e modificativos (legítima defesa etc.) relacionados à imputação
feita. Basta produzir um juízo de dúvida no julgador, cf. o princípio da inocência.

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Poder instrutório do juiz. Cf. o art. 156, CPP, a prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício: (I) ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade
da medida; e (II) determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligên-
cias para dirimir dúvida sobre ponto relevante. O tema, atualmente, gera discussão, tendo em visa o sis-
tema acusatório adotado e a redação do art. 3º-A, CPP (suspenso pelo STF pelo Pacote Anticrime), que
fixou que “o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação
e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”.

Prova ilícita. São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (5º, LVI, CF). Devem ser
retiradas dos autos. A doutrina brasileira, então, diferencia prova ilícita de prova ilegítima:

- PROVA ILÍCITA: é aquela vedada em sentido absoluto, ou seja, quando o Direito proíbe, em qualquer
caso, a sua produção por infringir a lei material e/ou os princípios do ordenamento. É a violação, direta
ou indireta, de uma norma constante do ordenamento jurídico (prática contrária à CF ou à lei). Ex.: obtida
com tortura, invasão ilegal de domicílio, violação ilegal de sigilo telefônico etc.

- PROVA ILEGÍTIMA: é aquela vedada em sentido relativo, ou seja, embora admitido o meio de prova, as
formalidades não são respeitadas (prática contrária a um preceito processual). Ex.: reconhecimento do
acusado sem a observâncias do procedimento legal do art. 226, CPP; a perícia realizada por um perito não
oficial (art. 159, § 1º, CPP) etc.

Exame de corpo de delito. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Não sendo possível o exame de
corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. O
juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. O exame de corpo
de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial (um perito), portador de diploma de curso
superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de di-
ploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto
do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo,
e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a
novo exame por outros peritos. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de co-
nhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar
mais de um assistente técnico. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.

Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acu-


sado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. O assistente técnico atuará a partir de
sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo
as partes intimadas desta decisão.

Cadeia de custódia. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. O início da cadeia de cus-
tódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais
seja detectada a existência de vestígio. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por
perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for ne-
cessária a realização de exames complementares.

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Interrogatório. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal,
será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. Depois de devida-
mente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de
iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem
formuladas. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da de-
fesa. O interrogatório é o último ato da instrução processual, inclusive em ritos especiais (STF, HC
127.900/AM). O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que
estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e
dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.

Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá
realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma
das seguintes finalidades: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o
preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II -
viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do
réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.

Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reser-
vada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais
telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente
na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar pro-
vas. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas
concorreram para a infração, e quais sejam. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes
se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender per-
tinente e relevante.

Principais características do interrogatório. São: ato personalíssimo; ato contraditório; ato público; ato
oral; ato individual; liberdade de autodeterminação (não se admite métodos para extrair a confissão).

Condução coercitiva. É possível a condução coercitiva para fins de ato de reconhecimento e para outros
atos aos quais o agente seja obrigado a estar presente. Mas não é possível a condução coercitiva para fins
de interrogatório, já que o investigado/acusado não pode ser obrigado a estar presente a este ato, já que
a sua presença é uma faculdade (STF, ADPF 395 e ADPF 444).

Confissão. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e
para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre
ela e estas existe compatibilidade ou concordância. A confissão será divisível (não é obrigado a confessar
tudo) e retratável (pode “voltar atrás”), sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame
das provas em conjunto.

Súmula nº 630, STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de en-
torpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse
ou propriedade para uso próprio.

Súmula nº 545, STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o
réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.

Esse material não tem custo, não pode ser vendido e tem sua distribuição gratuita. Foi elaborado por professores
com o objetivo de, gratuitamente, auxiliar os candidatos inscritos no concurso da PCPR que foi suspenso em fevereiro
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Declarações do ofendido. Sempre que possível, o ofendido (vítima) será qualificado e perguntado sobre
as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, to-
mando-se por termo as suas declarações. Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. O ofendido será comunicado dos atos
processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à
sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. O juiz tomará as providências neces-
sárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, deter-
minar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos
a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.

Prova testemunhal. Toda pessoa poderá ser testemunha. A testemunha não poderá eximir-se da obriga-
ção de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando
não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. São
proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for pergun-
tado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce
sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer
delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais
possa avaliar-se de sua credibilidade. Não se deferirá o compromisso aos doentes e deficientes mentais e
aos menores de 14 anos, nem o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado. Se, regularmente intimada, a testemu-
nha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apre-
sentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pú-
blica.

As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já
respondida. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. O juiz não per-
mitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do
fato.

Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à
testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por
videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosse-
guindo na inquirição, com a presença do seu defensor.

O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado,


os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os mi-
nistros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tri-
bunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.

O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Depu-


tados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em
que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício.

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A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência,
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. As cartas rogató-
rias (ao exterior) só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a
parte requerente com os custos de envio.

O simples fato de a testemunha ser policial não é suficiente para desconsiderar ou invalidar seu testemu-
nho, já que ele terá o mesmo valor de qualquer outra prova colhida de qualquer cidadão.

Escuta especializada. É o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adoles-
cente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumpri-
mento de sua finalidade. A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que
visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, coação ou cons-
trangimento.

Depoimento especial. É o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de


violência perante autoridade policial ou judiciária. Reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será
realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do
investigado. O depoimento especial tramitará em segredo de justiça.

Reconhecimento de pessoas e coisas. Quando houver necessidade de se fazer o reconhecimento de pes-


soa, proceder-se-á pela seguinte forma: I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada
a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem
tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para
o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa
que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela; IV - do ato de reco-
nhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para pro-
ceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. No reconhecimento de objeto, proceder-
se-á com as cautelas mencionadas, no que for aplicável.

STJ, HC 598.886/SC: 1) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226
do Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem se encontra na
condição de suspeito da prática de um crime; 2) À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento
falho, a inobservância do procedimento descrito na referida norma processual torna inválido o reconhe-
cimento da pessoa suspeita e não poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmado
o reconhecimento em juízo; 3) Pode o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal,
desde que observado o devido procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da autoria
delitiva a partir do exame de outras provas que não guardem relação de causa e efeito com o ato viciado
de reconhecimento; 4) O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao reconhe-
cedor, a par de dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento pessoal, há de ser visto como
etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em ação
penal, ainda que confirmado em juízo.

Acareação. Será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acu-
sado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. Os acareados serão reperguntados, para que expli-
quem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.

Documentos. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer
fase do processo. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou
particulares. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
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Indícios. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, auto-
rize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

Busca e apreensão. A busca será domiciliar ou pessoal.

Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: a) prender criminosos; b)
apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender instrumentos de falsificação ou
de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentos utili-
zados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de in-
fração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g)
apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção. As buscas domiciliares
serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na
casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em
seguida, a abrir a porta. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a
busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma pro-
ibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do item anterior. A busca pessoal independerá de
mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada
no curso de busca domiciliar.

O mandado de busca deverá: I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a
diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da
pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

Aparelho celular: (a) no caso de flagrante, não poderá o policial acessar o conteúdo do aparelho, devendo
existir uma ordem judicial para tanto – prova ilegal (STJ, RHC 51.131); (b) no caso de cumprimento de
mandado de busca e apreensão, o acesso será permitido – prova legal (STJ, RHC 75.800).

Flagrante e dispensa de mandado judicial: a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita,
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteri-
ori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados (STF, RE 603.616).

Busca em escritório de advocacia: Consoante o art. 7º, II, do EOAB (Lei nº 8.906/94), é direito do advogado
a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de
sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da ad-
vocacia. E fixa o § 6º que, presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de
advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra desta inviolabilidade, em decisão
motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na
presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos,
das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instru-
mentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. Esta disposição não se estende a clientes
do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou coautores
pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade (§ 7º).

SUJEITOS DO PROCESSO

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Sujeitos processuais. São as pessoas entre as quais se constitui, se desenvolve e se completa a relação
jurídico-processual.

Litigância de má-fé. Não é possível condenação por litigância de má-fé no Processo Penal (STJ, HC
401.965).

Juiz. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos
atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.

Impedimento. Hipóteses do art. 252, CPP: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Mi-
nistério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado
qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância,
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente inte-
ressado no feito.

Suspeição. Hipóteses do art. 254, CPP: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se
ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre
cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qual-
quer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou cu-
rador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
processo.

Ministério Público. Cabe ao MP: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabele-
cida neste Código; e II - fiscalizar a execução da lei. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos
processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as
prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.

Acusado. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualifica-
tivos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do pro-
cesso, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retifi-
cação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. Nenhum acusado, ainda que
ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nome-
ado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
mesmo defender-se, caso tenha habilitação. O defensor não poderá abandonar o processo senão por
motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários
mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. Como visto, não se admite mais a condução coercitiva
para fins de interrogatório (STF, ADPF 395).

Assistente de acusação. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Minis-
tério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no
art. 31, CPP. O limite de atuação é o trânsito em julgado. Ao assistente será permitido propor meios de
prova, requerer perguntas às testemunhas, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos
pelo Ministério Público. Poderá também apelar supletivamente. Da decisão de admissão do assistente
não cabe recurso.

PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA

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Características das medidas cautelares pessoais. São: Acessoriedade (depende de um processo/procedi-


mento em curso); instrumentalidade (acautela o objeto do processo); sumariedade (juiz decide em cog-
nição sumária, sem certeza ainda); preventividade (evitar ocorrência de dano); provisoriedade (não faz
coisa julgada material); revogabilidade (poderá ser revogada a qualquer tempo pelo juiz); referibilidade
(pressupõe situação concreta de risco); jurisdicionalidade (em regra, determinada pelo juiz); legalidade
(medidas restritivas previstas em lei).

As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da in-
vestigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério
Público. As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.

Prisão em flagrante. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
mentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de con-
denação criminal transitada em julgado. Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo) e as autoridades
policiais e seus agentes deverão (flagrante obrigatório) prender quem quer que seja encontrado em fla-
grante delito.

Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal (flagrante próprio); II - acaba
de cometê-la (flagrante próprio); III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qual-
quer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração (flagrante impróprio); IV - é encontrado,
logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração
(flagrante presumido).

Flagrante esperado: o delegado, sabendo que a infração será cometida, para o local se dirige a aguarda a
prática do crime para, então, efetuar a prisão.

Flagrante preparado: há provocação para que o agente cometa a infração penal. É ilegal (súmula nº 145,
STF).

Flagrante prorrogado (retardado, postergado, diferido, ação controlada): há duas situações:

- Crime Organizado: consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou adminis-


trativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob
observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à forma-
ção de provas e obtenção de informações. O retardamento da intervenção policial ou administrativa será
previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará
ao Ministério Público (art. 8º da Lei nº 12.850/13).

- Lei de Drogas: em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos na Lei de
Drogas, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério
Público, os seguintes procedimentos investigatórios: a não-atuação policial sobre os portadores de dro-
gas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no
território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível (art. 53, II, da Lei nº 11.343/06).

Apresentado o preso em flagrante à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde
logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, proce-
derá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação
que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
auto. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso,
com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação

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do preso à autoridade. Não havendo autoridade policial no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o
preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.

A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
petente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Em até 24 horas após a
realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autu-
ado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. No mesmo prazo,
será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a
realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advo-
gado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência,
o juiz deverá, fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em
preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312, CPP, e se revelarem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem
fiança. Tem-se entendido, em princípio, que, diante do Pacote Anticrime, o juiz não pode, de ofício (ou
seja, sem provocação), converter a prisão em flagrante em preventiva (STJ, 5ª Turma, HC 590.039) – o
tema ainda gera debates, havendo posição no sentido de que o auto de prisão em flagrante encaminhado
ao juiz, por si só, já seria uma provocação da autoridade policial, de modo que o juiz, em situações excep-
cionais, não estaria decidindo de ofício, mas nos exatos termos da lei (STJ, 6ª Turma, HC 583.995).

Prisão preventiva. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão pre-
ventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial. A prisão preventiva poderá ser decretada como (1) garantia da or-
dem pública, (2) da ordem econômica, (3) por conveniência da instrução criminal ou (4) para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver (a) prova da existência do crime e (b) indício suficiente de autoria
e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada
(princípio da contemporaneidade). Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer ou-
tra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada.

Será admitida a decretação da prisão preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no art. 64, I, CP (período depurador da reincidên-
cia); III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Tam-
bém será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imedia-
tamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.

Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento
de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de
denúncia.

O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação
ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão
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revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob
pena de tornar a prisão ilegal.

Prisão preventiva domiciliar. A “prisão domiciliar” consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em


sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Poderá o juiz, então, substituir a
prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:

I - Maior de 80 anos;

II - Extremamente debilitado por motivo de doença grave;

III - Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com deficiência;

IV – Gestante (em qualquer mês de gestação);

V - Mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos;

VI - Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos de idade incom-
pletos.

A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com vio-
lência ou grave ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Essas substituições podem ser aplicadas conjuntamente com medidas alternativas do art. 319, CPP.

Medidas cautelares pessoais diversas da prisão. São (art. 319, CPP): I - comparecimento periódico em
juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de
acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III - proibi-
ção de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a per-
manência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no
período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira
quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória
do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con-
cluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a
admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou
em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica.

Liberdade provisória. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz de-
verá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319
do CPP e observados os critérios constantes do art. 282 do CPP (necessidade e adequação).

A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liber-
dade máxima não seja superior a 4 anos.

Valor da fiança: de 1 a 100 salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade,
no grau máximo, não for superior a 4 anos (ex.: quando fixada pelo delegado de polícia); ou de 10 a 200
salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 anos.

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Não será concedida fiança: nos crimes de racismo; nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; nos crimes cometidos por grupos ar-
mados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; aos que, no mesmo
processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer
das obrigações legais ref. à liberdade provisória; em casos de prisão civil ou militar; quando presentes os
requisitos da prisão preventiva, por óbvio.

Situação econômica do preso pode autorizar: dispensa de fiança; redução em até 2/3; aumento até 1 mil
vezes. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as
condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculo-
sidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento.

Consequências processuais. Pode ocorrer:

Uma vez concedida, verifica-se de- Os bens caucionados são devolvidos.


pois não ser mais cabível. Ex.: conce- Pode ser cassada de ofício ou a re-
dida por engano ao crime de racismo querimento do MP. Cabe RESE contra
(inafiançável) ou inicialmente conce- a decisão de cassação.
Cassação
dida ao porte de droga para con-
sumo, mas que depois resta caracte-
rizado tráfico de drogas (inafiançá-
vel).

Complementa-se o valor então fi- Se não reforçada, ficará sem efeito e


xado nos casos de (a) valor insufici- o agente poderá ser preso preventi-
ente, (b) depreciação ou (c) inova- vamente. A decisão desafia RESE.
Reforço
ção na classificação do delito. Se não
reforçada, pode levar o agente à pri-
são.

Configura-se quando o agente que- Importará perda de ½ do valor cauci-


brar a confiança depositada pelo Es- onado; poderá sofrer a imposição de
tado, como nos casos de (a) não outras medidas cautelares ou ser
comparecimento, injustificado, preso preventivamente; não será
quando intimado, (b) praticar ato de possível ser concedida fiança no
Quebra obstrução, (c) descumprir medida mesmo processo. A decisão desafia
imposta com a fiança, (d) resistir, in- RESE.
justificadamente, a ordem judicial,
(e) praticar nova infração dolosa ou
(f) violar deveres dos arts. 327/328,
CPP.

Quando o agente, condenado, não O valor da fiança, deduzidos encar-


se apresenta para dar início ao cum- gos e custas, será recolhido ao Fundo
Perda
primento da pena definitivamente Penitenciário. A decisão comporta
imposta.

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RESE (ou, se o caso, agravo em exe-


cução já).

Prisão especial. Recolhimento e sala especial, que não prisão comum. Cabível para os casos de prisão
provisória. Se não houver local adequado, permite-se colocação no estabelecimento penal comum, mas
desde que em cela separada dos demais presos – excepcionalmente, admite-se a prisão domiciliar. Assim:

PESSOAS COM DIREITO À PRISÃO ESPECIAL

Promotores de Justiça
Ministro de Estado (CPP) Deputado e Senador (CPP)
(LONMP e LC nº 75/93)

Diplomado em curso supe-


Governador e Interventor Membro do Conselho de
rior e os inscritos em “Livro
(CPP) Economia Nacional (CPP)
de Mérito” (CPP)

Deputado Estadual/Distrital Ministro de confissão religi-


Prefeito (CPP)
(CPP) osa (CPP)

Oficial das Forças Arma- Ministro do Tribunal de Con-


Secretários de Governo (CPP)
das/PM/CBM (CPP) tas (CPP)

Oficial da Marinha mercante


Vereador (CPP) Militares (CPP)
(Lei nº 5.606/70)

Vigilantes e transportadores
Chefe de Polícia (CPP) Magistrados (LOMAN)
de valores (Lei nº 7.102/83)

Pilotos de aeronaves mer-


Policiais Civis e funcionários Dirigentes sindicais (Lei nº
cantes nacionais (Lei nº
(CPP) 2.860/56)
3.988/61)

Delegados de Polícia, ativos Guarda Civil , ativos ou não Professores de 1º e 2º graus


ou não (CPP) (CPP) (Lei nº 7.172/83)

Defensores Públicos (LC nº


Advogado (EOAB) Juiz de paz (LOMAN)
80/94)

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Prisão temporária. Prevista na lei nº 7.960/89. Tem cabimento apenas no curso das investigações e de-
pende de representação do delegado ou requerimento do MP. É decretada pelo juiz. O objetivo é auxiliar
a obtenção de elementos de autoria e materialidade da infração penal.

São três os requisitos para sua decretação: I - quando imprescindível para as investigações do IP; II -
quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
penal, de autoria ou participação do indiciado em certos crimes. Entende-se, pacificamente, que o inciso
III (rol de crimes) deve sempre estar presente, podendo ser conjugado com ou com o inciso I ou com o
inciso II.

Duração: 5 dias (+ 5 dias, se necessário); ou 30 dias (+ 30 dias, se necessário), se hediondo o crime.

Cabimento:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);

g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e pará-
grafo único);

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);

i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte


(art. 270, caput, combinado com art. 285);

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de suas


formas típicas;

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986).

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

q) crimes hediondos e equiparados a hediondos.

Código Eleitoral. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes e até 48 horas depois do encerramento
da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença crimi-
nal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. Os membros das
mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou

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presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 dias antes da
eleição.

Cumprimento do mandado de prisão. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. O mandado será passado em duplicata,
e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora
e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber
ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas. Se a in-
fração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de
custódia. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou car-
cereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia expedida pela autori-
dade competente, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora.

Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada a
sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. Havendo urgência, o juiz poderá
requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem
como o valor da fiança se arbitrada.

O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de dados mantido
pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
determinada no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da com-
petência territorial do juiz que o expediu. Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada,
ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averi-
guar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em
seguida, o registro do mandado.

Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o
morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o
executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se
preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas
as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença da autoridade, para
que se proceda contra ele como for de direito.

Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efe-
tuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois
de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso. Entender-se-á que
o executor vai em perseguição do réu, quando: a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção,
embora depois o tenha perdido de vista; b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu
tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.

A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual providenciará
a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a decretou. O
preso será informado de seus direitos e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será co-
municado à Defensoria Pública.

Audiência de custódia. É uma audiência especial a ser realizada, sem demora, com a apresentação do
preso diante de um juiz logo após a sua prisão. Objetivos: verificar a legalidade da prisão e as condições
do preso (se houve tortura, violência etc.). Caberá em qualquer espécie de prisão, provisória ou definitiva.
O preso deve ser apresentado em até 24h da comunicação do flagrante ou da efetivação da prisão (se
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decorrente de mandado). A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audi-
ência de custódia no prazo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. Transcorridas
mais 24 horas após o decurso do prazo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea
ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da
possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.

Alterações da Lei Federal nº 12.403/2011.

A Lei 12.403/11 alterou a sistemática das cautelares pessoais. Antes, vigia a chamada bipolaridade das
medidas cautelares pessoais, onde ou o agente respondia ao processo preso cautelarmente, ou solto atra-
vés de liberdade provisória com ou sem fiança – nesta época, não havia um “meio termo” (ou o imputado
estava preso ou solto). Com o advento da L. 12.403/11, o juiz passou a ter um leque de opções de medidas
cautelares pessoais, ajustando-as exatamente de acordo com o caso concreto. Então, entre a liberdade e
a prisão do imputado, o juiz pode aplicar diversas medidas (cautelares pessoais) que se adequem às situ-
ações fáticas possíveis, passando a prisão cautelar a ser a última medida de aplicação excepcional. Então,
a Lei 12.403/11 colocou fim à bipolaridade das medidas cautelares pessoais, dando espaço à polimorfo-
logia cautelar.

CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

Citações. A citação é o ato processual pelo qual o agente acusado de praticar uma infração penal toma
conhecimento dessa imputação e de seu teor, permitindo-lhe respondê-la e exercer o seu direito consti-
tucional ao contraditório e à ampla defesa dentro do processo judicial. Sua falta gera nulidade absoluta.
Mas se o interessado comparecer antes da consumação do ato, restará sanada.

Espécies. A citação pode ser:

- Pessoal/real: feita na pessoa do réu. Pode ser: (a) por mandado, quando residir na mesma comarca do
processo; (b) por carta precatória, quando residir em comarca diversa; ou (c) por carta rogatória, quando
residir no exterior – a prescrição ficará suspensa até o retorno da carta. O processo seguirá sem a presença
do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.

- Ficta/presumida: não é feita na pessoa do réu. Se dará por edital ou por hora certa.

Será por edital quando inacessível o local onde o réu estiver; quando incerta a pessoa a ser citada; quando
o acusado não for encontrado. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva. O período de
suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo de pena cominada, nos termos da súmula nº
415, STJ. Logo, deve-se ter em mente o prazo prescricional conforme a pena máxima em abstrato prevista
ao delito imputado ao agente.

Será por hora certa quando, verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certi-
ficará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida no art. 252 do CPC. Com-
pletada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. Não
há suspensão do processo e nem da prescrição (como se dá na citação por edital).

Intimações e notificações. A citação inaugura o chamamento do réu ao processo. Na sequência, diversos


atos são praticados ao longo do processo. Há duas espécies: (a) intimação: ciência sobre ato já realizado;
(b) notificação: ciência de informação relevante, de um dever ou ônus a ser praticado ou adotar uma
conduta. Admite-se “intimação por hora certa” no Processo Penal.
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Ministério Público e Defensoria Pública: sempre intimados pessoalmente, com carga/vista dos autos.

Militar: citado por meio do chefe do respectivo serviço, sendo requisitado.

Preso: será citado pessoalmente, por mandado. “É nula a citação por edital de réu preso na mesma uni-
dade da Federação em que o juiz exercer a sua jurisdição” (súmula nº 351, STF).

Funcionário público: é citado pessoalmente, notificando-se o chefe da repartição.

Citação no exterior: se local certo, por carta rogatória; se local incerto, por edital.

Não se aplica a regra do prazo em dobro, do CPC, ao Processo Penal (STF, Inq 3.980).

SENTENÇA: COISA JULGADA, HABEAS CORPUS, MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA CRIMINAL.

Sentença. É o ato judicial do juiz em que se decidirá se absolverá ou se condenará o acusado.

Requisitos. Intrínsecos, como relatório, fundamentação e dispositivo (parte final); e extrínsecos, que é
autenticação e validação do ato (assinatura, data e local).

Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que: I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o mo-
tivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem iden-
tificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendi-
mento.

Alteração da sentença já publicada. Será possível para: corrigir inexatidões e erros; no caso de embargos
de declaração modificativos; ou no caso de recurso com efeito regressivo.

Sentença absolutória. É a que julga improcedente o pedido de condenação, com conteúdo declaratório
do estado de inocência do imputado. Subdivide-se em: (a) própria: a absolvição por excelência, em que o
julgador julga improcedente o pedido condenatório formulado pela parte acusatória, não havendo a im-
posição de nenhuma sanção penal; ou (b) imprópria: impõe o cumprimento de uma medida de segurança
ao agente considerado inimputável.

Hipóteses de absolvição: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração pe-
nal; V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; VI – existirem circunstâncias que
excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII
– não existir prova suficiente para a condenação.

Sentença condenatória. É a que julga procedente o pedido de condenação, reconhecendo a responsabili-


dade pela infração penal, resultando na aplicação de uma pena.

Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público
tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
O juiz, ao proferir sentença condenatória: I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes de-
finidas no CP, e cuja existência reconhecer; II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o
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mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60, CP;
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; V - atenderá, quanto à aplica-
ção provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no CPP; VI - determinará se
a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publi-
cação.

O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão pre-
ventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
No mais, o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estran-
geiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.

Emendatio libelli. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atri-
buir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. A im-
putação é a mesma, mas o juiz “emenda” (corrige) a classificação legal. Exemplo clássico: denúncia ofere-
cida narrando que o acusado subtraiu da vítima seu celular, aproveitando-se de um momento de descuido
quando esta foi ao banheiro do restaurante (imputa-se um crime de furto), com o Ministério Público pe-
dindo, ao final, a condenação pelo artigo 157, “caput”, do Código Penal (correspondente ao roubo). Lem-
bre-se: a correlação se dá entre os fatos narrados e a sentença, e não entre o tipo penal previsto na inicial
acusatória e a sentença. Como regra, se dá na sentença; em qualquer espécie de ação penal; o juiz apenas
corrige a tipificação legal, sem alterar os fatos, podendo até condenar por crime mais grave; o juiz não
precisa ouvir as partes antes; é possível aplicar em segundo grau.

Mutatio libelli. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em
consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida
na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 dias, se em virtude
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento,
quando feito oralmente. Aqui, mudam-se os fatos em razão do surgimento de nova prova, indicando a
necessidade de formulação de uma nova acusação. O exemplo clássico é o caso de o Ministério Público
imputar ao acusado o crime de furto, mas, no curso da instrução processual, a vítima afirmar que o agente
a ameaçou com o emprego de arma de fogo, fato este novo e desconhecido até então, o que altera a
tipificação do delito para roubo circunstanciado em razão da alteração dos fatos. Dá-se ao final da instru-
ção processual; incidirá apenas em ação penal pública e privada subsidiária; o MP aditará a denúncia, a
fim de garantir a defesa do réu pelo novo fato surgido ao final da instrução; não é possível aplicar em
segunda instância.

Coisa julgada e preclusão. Não se confundem. A coisa julgada possui relação com a matéria principal do
processo, revestindo e protegendo o julgamento final, isto é, diz respeito à decisão de mérito do processo.
Ocorrendo coisa julgada, impede-se que o mesmo fato que foi objeto do caso penal seja reanalisado. Já a
preclusão é uma técnica que impede que o processo retorne a etapas já findas, recaindo sobre atos pro-
cessuais que não dizem respeito ao mérito, ou seja, incide sobre matérias secundárias. Tradicionalmente,
fala-se que a preclusão é a perda de uma faculdade processual por não ter sido exercida no momento
legal, de modo que se impede o retorno do processo. Tem-se em mente que o processo marcha para
frente, rumo a uma decisão final, que é a sentença, pondo fim ao caso penal, não devendo retornar
quando se configurar a preclusão para a prática de um ato processual.

Coisa julgada formal. É a imutabilidade da sentença no próprio processo em que foi proferida. Exemplo:
sentença por crime de estelionato; esgotaram-se os recursos ou as partes se conformaram com a decisão
de mérito; formar-se-á coisa julgada formal, de modo que aquela decisão, naquele processo em que foi

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proferida, se torna imutável e indiscutível. Diz-se que se trata de um fenômeno endoprocessual, ou seja,
relativo apenas e tão somente ao processo em que proferida a sentença.

Coisa julgada material. É a imutabilidade dos efeitos da sentença. Trata-se de um fenômeno extraproces-
sual, ou seja, que produz efeitos para fora do processo em que proferida. Impede-se, com a formação da
coisa julgada material (observada a tríplice identidade: partes, causa de pedir e pedido), que novo pro-
cesso trate do mesmo objeto e em relação às mesmas partes, considerando que já há uma sentença pro-
latada a este respeito. Logo, a decisão não poderá ser alterada ou reconsiderada em nenhum outro pro-
cesso. Exemplo: agente absolvido quanto à imputação de estelionato; com o trânsito em julgado, ele não
poderá ser novamente processado em relação a esta mesma imputação, diante da coisa julgada formal
(que impede a rediscussão do caso neste mesmo processo) e da coisa julgada material (que impede a
instauração de um novo processo sobre os mesmos fatos).

Conflito entre coisas julgadas. Se tiver existido dois processos contra o mesmo réu e pelos mesmos fatos,
com decisão transitada em julgado, deverá prevalecer a primeira decisão definitiva (STJ, RHC 69.586).

Habeas corpus. Tem previsão no art. 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegali-
dade ou abuso de poder”. Pontos importantes:

- Não é recurso, mas ação autônoma de impugnação (ação constitucional);

- Está ligado à 1ª geração de direitos fundamentais;

- Pode ser impetrado contra qualquer ato restritivo de liberdade, seja judicial ou não;

- Pode ser impetrado contra ato de pessoa física ou jurídica, particular ou pública;

- Pode ser impetrado a qualquer momento enquanto perdurar o fundamento, não tendo prazo fatal;

- Tutela a liberdade de locomoção apenas;

- Quando não houver risco à locomoção, poderá ser cabível o mandado de segurança;

- Não cabe HC contra condenação a multa penal (súmula nº 693 do STF);

- Não cabe HC se já extinta a pena (súmula nº 695 do STF);

- Qualquer pessoa pode impetrar o HC em benefício de outra pessoa (desde que essa seja física);

- O MP pode impetrar HC em benefício de investigado ou acusado;

- O HC não é substituto de recurso ou de outra ação autônoma cabível.

Mandado de segurança. Tem previsão no art. 5º, LXIX, CF: “conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público”. Pontos importantes:

- Não é recurso, mas ação autônoma de impugnação de natureza civil (ação constitucional);

- Protege direito líquido e certo que não a liberdade de locomoção (aí será HC);

- Tem prazo decadencial de 120 dias para ser impetrado, a contar da ciência do ato.

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PROCEDIMENTOS

O procedimento será comum ou especial.

É considerado especial o procedimento previsto tanto no Código de Processo Penal como em leis especi-
ais, possuindo regras especiais de tramitação, com detalhes específicos de acordo com o crime proces-
sado. Exemplos: crimes dolosos contra a vida, que seguirão o procedimento especial do tribunal do júri
(art. 406 e ss., CPP), crimes relacionados às drogas (Lei nº 11.343/06), crimes de competência originária
dos tribunais (Lei nº 8.038/90), dentre outros. E será considerado comum aquele tido como “padrão” pelo
Código de Processo Penal, ou seja, por um critério residual é o empregado quando não houver procedi-
mento especial previsto. É, também, o utilizado de forma subsidiária aos procedimentos especiais, tal
como prevê o § 2º do art. 394, ao dispor que se aplica a todos os processos o procedimento comum, salvo
disposição em contrário do Código de Processo Penal ou de lei especial.

O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:

I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a
4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;

II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)
anos de pena privativa de liberdade;

III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.

Qualificadoras, privilégios, causas de aumento e causas de diminuição interferem na fixação do procedi-


mento. Atenuantes e agravantes, não.

Concurso de crimes: influenciará a fixação do procedimento. Nos casos de concurso material (art. 69, CP)
ou formal impróprio (art. 70, parte final, CP), devem ser somadas as penas máximas cominadas; no caso
de concurso formal próprio (art. 70, primeira parte, CP) e de crime continuado (art. 71, CP), como se
tratam de causas de aumento de pena, deve ser aplicado o maior aumento.

Prioridade de tramitação: crimes hediondos; Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas; Lei
Maria da Penha; Estatuto do Idoso.

Concurso de procedimentos: aplicar-se-á o que atribuir maiores condições de defesa (STJ, HC 217.972).

Fases. São quatro:

- Postulatória: requerimento de condenação e requerimento de absolvição, pena mais branda etc.

- Instrutória: produção de provas.

- Decisória: julgador profere decisão.

- Recursal: parte prejudicada recorre a uma instância superior.

Processo comum

Como visto, o procedimento comum pode ser ordinário, sumário ou sumaríssimo.

Procedimento ordinário e sumário. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou


queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder

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à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará
a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.

A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto proces-
sual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e
requerendo sua intimação, quando necessário. Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acu-
sado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos
autos por 10 dias.

Após, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a puni-
bilidade do agente.

- Procedimento ordinário: recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante
e do assistente. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 dias,
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusa-
ção e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222, CPP, bem como aos esclarecimentos
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acu-
sado. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 testemunhas arroladas pela acusação e 8 pela defesa.
Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir,
o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados
na instrução. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações
finais orais por 20 minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10, pro-
ferindo o juiz, a seguir, sentença. Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada
um será individual. O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conce-
der às partes o prazo de 5 dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o
prazo de 10 dias para proferir a sentença. O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.

- Procedimento sumário: na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30


dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arro-
ladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222, CPP, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se,
em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. Na instrução, poderão ser inquiridas até
5 testemunhas arroladas pela acusação e 5 pela defesa. As alegações finais serão orais, concedendo-se a
palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10,
proferindo o juiz, a seguir, sentença. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova fal-
tante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer.

Processos especiais

Trataremos, resumidamente, de alguns procedimentos especiais previstos no CPP.

Tribunal do júri. Julga os crimes dolosos contra a vida. Tem duas fases: (a) juízo da acusação e (b) juízo da
causa.

- 1ª Fase: encerramento em até 90 dias; arrolamento de até 8 testemunhas para cada parte e por fato;
recebida a denúncia, acusado tem 10 dias para apresentar resposta à acusação; na resposta, pode alegar
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preliminares e tudo o mais que interessar à sua defesa; não apresentada, o juiz nomeia defensor; apre-
sentada, então, o juiz ouve o MP sobre preliminares e documentos; na audiência de instrução, proceder-
se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acu-
sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reco-
nhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate; ne-
nhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o juiz a condução
coercitiva de quem deva comparecer; as alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectiva-
mente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; havendo mais de um
acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual; ao assistente do
Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual
período o tempo de manifestação da defesa; encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o
fará em 10 dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos; ao final, o juiz proferirá uma
dessas decisões:

Requisitos Recurso
Pronúncia Autoria + materialidade RESE
Impronúncia Ausência de autoria + materialidade Apelação
Absolvição sumária Provado que fato inexistiu; provado Apelação
que não era o autor ou partícipe; fato
não é infração penal; existência de
causa que isenta pena ou exclui o
crime
Desclassificação Crime não é doloso contra a vida RESE

- 2ª Fase: é o julgamento pelos jurados, diante de uma decisão de pronúncia; o acusado será intimado
pessoalmente (admite-se intimação por edital, se preenchidos os requisitos); ao receber os autos, o pre-
sidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no
caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor
em plenário, até o máximo de 5, oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência;
o Tribunal do Júri é composto por 1 juiz togado, seu presidente e por 25 jurados que serão sorteados
dentre os alistados, 7 dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento; se o
Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpe-
dido da mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas; não havendo escusa legítima, o julga-
mento será adiado somente uma vez, devendo o acusado ser julgado quando chamado novamente; o
julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado
do querelante, que tiver sido regularmente intimado; se o acusado preso não for conduzido, o julgamento
será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de
comparecimento subscrito por ele e seu defensor; o julgamento não será adiado se a testemunha deixar
de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, declarando não
prescindir do depoimento e indicando a sua localização; Comparecendo, pelo menos, 15 jurados, o juiz
presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento;
verificando que se encontram na urna as cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sorte-
ará 7 dentre eles para a formação do Conselho de Sentença; o juiz presidente também advertirá os jurados
de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião
sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa; prestado o compromisso pelos jurados, será
iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o
defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inqui-
rirão as testemunhas arroladas pela acusação; as partes e os jurados poderão requerer acareações, reco-
nhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram,
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exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repe-
tíveis; a seguir será o acusado interrogado, se estiver presente; o Ministério Público, o assistente, o que-
relante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado; os jurados
formularão perguntas por intermédio do juiz presidente; não se permitirá o uso de algemas no acusado
durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem
dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes; encerrada
a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia
ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência
de circunstância agravante; o assistente falará depois do Ministério Público; tratando-se de ação penal de
iniciativa privada, falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Público, salvo se este
houver retomado a titularidade da ação; durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade,
fazer referências: à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou
à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o
acusado e nem ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu
prejuízo; durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que
não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 dias úteis, dando-se ciência à outra
parte; concluídos os debates, o presidente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se neces-
sitam de outros esclarecimentos; o Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o
acusado deve ser absolvido; os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas,
de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua
elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julga-
ram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes.

Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: I – a materialidade do fato; II – a


autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena
alegada pela defesa; V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas
na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. A resposta negativa, de
mais de 3 jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II encerra a votação e implica a absol-
vição do acusado. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas por maioria de votos.

Súmula nº 156, STF: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.

Súmula nº 206, STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior do mesmo processo.

Súmula nº 712, STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri
sem audiência da defesa.

Crime praticado por funcionário público. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em de-
vida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito,
dentro do prazo de quinze dias. É desnecessária essa resposta preliminar na ação penal instruída por in-
quérito policial (súmula nº 330, STJ). A resposta poderá ser instruída com documentos e justificações. O
juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado
ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação.

A superveniência de sentença condenatória, que denota a viabilidade da ação penal, prejudica a prelimi-
nar de nulidade processual por falta de defesa prévia à denúncia (STF, HC 89.517).

A prática de crimes comuns, em concurso com o crime funcional, impede a aplicabilidade do rito especial,
isto é, torna-se desnecessário o direito à notificação para a apresentação de defesa prévia (STF, HC
126.783).
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Apenas quem ostenta a qualidade de funcionário público terá direito à apresentação de defesa preliminar,
e não o coautor/partícipe que não tem tal qualidade (STJ, HC 369.182).

Se a infração for de menor potencial ofensivo, aplica-se a Lei 9.099/95.

Se houver foro por prerrogativa de função, aplica-se o rito específico, e não o CPP.

O procedimento especial previsto no artigo 514 do Código de Processo Penal não será aplicado ao funci-
onário público que deixou de exercer a função na qual estava investido (STJ, AP 465).

Crimes contra a honra. Aplicado a todos os crimes contra a honra processados por ação penal privada. Se
for infração de menor potencial ofensivo, aplica-se a Lei 9.099/95.

Pedido de explicações. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem
se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não
as dá satisfatórias, responde pela ofensa (art. 144, CP).

Tentativa de conciliação. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se re-
conciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus ad-
vogados, não se lavrando termo.

Exceção da verdade. O querelado-ofensor poderá provar que o fato que ele imputou a outrem é verda-
deiro, isto é, não pode ser considerado crime, porque realmente ocorreu e/ou é verdadeiro.

Exceção de notoriedade. O art. 523, CPP, prevê a exceção de notoriedade como uma defesa do acusado
baseada na alegação de que os fatos por ele praticados não são ofensivos, pois “todo mundo já sabia”, ou
seja, eram fatos públicos, notórios, de modo que a sua simples conduta não agravou em nada a honra do
querelante-ofendido.

PRAZOS

No Processo Penal, contam-se os prazos da data da intimação, de acordo com a súmula nº 710 do STF, e
não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatório ou de ordem, como acontece no Processo
Civil.

Se ocorrer intimação em dia não útil (final de semana ou feriado), entende-se que o ato é feito no primeiro
dia útil seguinte, iniciando-se a contagem do prazo no dia seguinte.

Se a intimação ou publicação se der numa sexta-feira, o prazo terá início na segunda-feira ou no primeiro
dia útil seguinte, cf. a súmula nº 310 do STF.

A falta de intimação ou notificação enseja nulidade (como a falta de intimação do réu para sessão de
julgamento; falta de intimação de testemunha; falta de intimação dando ciência de sentença recorrível
etc., conforme o art. 564, CPP).

Defensoria Pública: intimação pessoal, com entrega dos autos. Tem direito a contagem de prazo em dobro
(STF, HC 213.297). Prazo contado da entrada dos autos na instituição.

Advogado dativo (nomeado pelo juiz): intimado pessoalmente.

Advogado constituído (contratado), querelante e assistente: intimados pela imprensa.

Ministério Público: intimação pessoal, com entrega dos autos. Prazo contado da entrada dos autos na
instituição.
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NULIDADES

Nulidade é uma sanção processual para a parte que descumpre uma forma legal (posição majoritária).

Instrumentalidade das formas. As formas previstas na lei para se praticar um ato são instrumentais, ou
seja, um meio para se atingir um fim, e não um fim em si mesmas. Logo, pratica-se um ato (um instru-
mento, um meio) para se atingir um fim (a prestação jurisdicional). Um ato processual não existe por si
só, mas, sim, como instrumento do processo. É o sistema adotado no Brasil.

Princípios. São, basicamente:

- Tipicidade: atos possuem fórmula na lei de como devem ser praticados (tipicidade processual).

- Instrumentalidade das formas: a forma não é um fim em si mesma, sendo apenas um instrumento para
se atingir um objetivo, que é a correta aplicação do Direito. Logo, não se declara nulidade de ato que
atingiu seu fim, ainda que por outra forma.

- Prejuízo: nenhum ato será anulado se não resultar prejuízo à parte.

- Causalidade: a nulidade de um ato gera a nulidade dos que dele dependam.

- Conservação: confinamento ou independência, significa que são conservados os atos que não guardam
relação com o ato anulado.

- Interesse: nenhuma parte pode arguir nulidade a que haja dado causa ou para que tenha concorrido.

- Eficácia: até ser declarada a nulidade, o ato continua produzindo efeitos.

- Restrição à decretação de ineficácia: é preciso um instrumento processual para ver declarada a nulidade
(meio) e que isso seja feito na oportunidade adequada (momento).

- Convalidação: nulidades relativas podem ser convalidadas (confirmadas).

Nulidade absoluta. A principal característica da nulidade absoluta é que a sua declaração interessa à or-
dem pública, não se tratando de simples interesse individual da parte. Além disso, o seu reconhecimento
independe de provocação, podendo o juiz agir de ofício e, ainda, a qualquer tempo (conforme a regra
acima vista sobre convalidação de sentença condenatória e absolutória). O prejuízo que a nulidade abso-
luta gera é presumido, o que não significa, modernamente, que ele não precisará ser demonstrado. O
prejuízo até pode ser presumido, mas ele não é incondicional; pelo contrário, trata-se de presunção rela-
tiva de prejuízo, que exige demonstração pela parte que alega.

Nulidade relativa. A nulidade relativa é aquela que atenta contra um interesse privado da parte, sem
repercussão à ordem pública. Exige-se, também, demonstração do prejuízo sofrido e, se não arguida opor-
tunamente, gerará preclusão (art. 571, CPP) e será convalidada, de modo que o vício será eliminado e o
ato tornar-se-á válido, produzindo plenos efeitos.

RECURSOS EM GERAL

Princípio da voluntariedade. A parte interessada manifesta o interesse em recorrer. Reexame necessário:


concessão de HC; concessão de reabilitação criminal; absolvição em crime contra a economia popular;
arquivamento em crime contra a economia popular.

Princípio da disponibilidade. A parte decide se quer, ou não, recorrer. Ao MP, uma vez interposto o re-
curso, dele não poderá desistir.
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Princípio da unirrecorribilidade. Também chamado de princípio da unicidade ou singularidade e significa


que para cada decisão judicial caberá, em regra, apenas um recurso.

Princípio da fungibilidade. Por ele, um recurso inadequado pode ser conhecido como o recurso correto
em homenagem à instrumentalidade das formas (art. 579, CPP). Requisitos: (a) boa-fé: o recurso deverá
ser apresentado no prazo do recurso certo e dúvida objetiva. Para o STF, a má-fé será presumida quando
o recurso apresentado goza de mais prazo do que o recurso correto, e o recorrente se beneficiou do
excesso; (b) ausência de erro grosseiro: para o STJ, é necessário que exista dúvida objetiva quanto ao
recurso cabível naquela hipótese (REsp 611.877). Se não houver nenhuma divergência doutrinária ou ju-
risprudencial é tido como erro grosseiro.

Princípio da taxatividade. Para a decisão ser impugnável, deve haver previsão legal disciplinando a ferra-
menta disponível. Do contrário, a decisão não será recorrível. Por ele, os recursos da esfera penal estão
taxativamente previstos em lei, não havendo recurso inominado ou de improviso. Esse princípio também
é conhecido como princípio da legalidade recursal. Admite-se a interpretação extensiva e até mesmo a
analogia.

Princípio da non reformatio in pejus. Por esse princípio, quando o Tribunal julgar recurso defensivo, a
situação do réu não poderá ser piorada. Para a exasperação da situação do imputado, é necessário que o
Tribunal dê provimento a um recurso da acusação.

Princípio da reformatio in mellius. Ao julgar o recurso acusatório, o Tribunal está autorizado a julgar extra
petita, podendo melhorar a situação do réu, mesmo que esse não seja o objeto do recurso.

Princípio da dialeticidade. Por ele o recorrente apresentará as suas razões recursais, de forma que a parte
contrária terá condição de apresentar as suas contrarrazões (dialética), respeitando-se o princípio do con-
traditório. Através dele também haverá a fixação dos limites de atuação do Tribunal na apreciação do
recurso.

Princípio da complementariedade. Por ele, o recorrente poderá complementar as razões recursais


quando a decisão impugnada foi alterada pelo próprio juiz, em virtude dos seguintes fatores (a comple-
mentação só pode versar sobre o que foi alterado): – Provimento de embargos declaratórios apresenta-
dos pela parte contrária. – Correção ex officio de erros formais ou materiais na decisão.

Princípio do duplo grau de jurisdição. Como regra, a decisão recorrida é decidia por um órgão jurisdicional
superior.

APELAÇÃO

Prazo: 5 dias para interposição; 8 dias para as razões (crime) ou 3 dias (contravenção penal).

Hipóteses: Caberá apelação:

I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;

II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos que não
caibam RESE;

III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;

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c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;

d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Pontos importantes: A apelação é um recurso residual (quando não couber RESE, caberá apelação) – art.
583, §4º, CPP; a apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em
liberdade.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Prazo: 5 dias para interposição; 2 dias para razões.

Hipóteses: art. 581, CPP – admite interpretação extensiva. Atenção às hipóteses revogadas tacitamente
pela LEP (incisos revogados: XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII e XXIV, pois são decisões combatidas por
agravo em execução, da LEP).

Efeito suspensivo: apenas quanto interposto contra perda de fiança e contra decisão que denegar a ape-
lação ou a julgar deserta.

Admite juízo de retratação.

Atenção: cabe RESE da decisão que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal,
previsto no art. 28-A, CPP.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Prazo: 2 dias.

Hipótese: obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão da sentença (art. 382, CPP) ou acórdão (art.
619, CPP).

Juizado Especial Criminal: cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obs-
curidade, contradição ou omissão. Serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias, contados
da ciência da decisão. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.

EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

Prazo: 10 dias.

É recurso exclusivo da defesa (o MP até pode interpor, mas em favor do acusado). Interposto em face de
acórdão não unânime. Seu objeto será apenas a matéria decidida de forma não unânime.

CARTA TESTEMUNHÁVEL

Dar-se-á carta testemunhável: I - da decisão que denegar o recurso; II - da que, admitindo embora o re-
curso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. Ex.: apelação não recebida = RESE; este
RESE não recebido = carta testemunhável.

O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do recurso denegado. A carta
testemunhável não terá efeito suspensivo.

CORREIÇÃO PARCIAL

Cabível no caso de decisão judicial que cause inversão tumultuária do processo. Não tem previsão no CPP,
mas nas Leis de Organização Judiciária.
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SÚMULAS IMPORTANTES SOBRE RECURSOS:

Súmula nº 210, STF: O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na
ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do Código de Processo Penal.

Súmula nº 355, STF: Em caso de embargos infringentes parciais, é tardio o recurso extraordinário inter-
posto após o julgamento dos embargos, quanto à parte da decisão embargada que não fora por eles
abrangida.

Súmula nº 368, STF: Não há embargos infringentes no processo de reclamação.

Súmula nº 393, STF: Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão.

Súmula nº 428, STF: Não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo legal, embora despa-
chada tardiamente.

Súmula nº 448, STF: O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente
após o transcurso do prazo do Ministério Público.

Súmula nº 453, STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Pro-
cesso Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

Súmula nº 455, STF: Da decisão que se seguir ao julgamento de constitucionalidade pelo Tribunal Pleno,
são inadmissíveis embargos infringentes quanto à matéria constitucional.

Súmula nº 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor,
não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

Súmula nº 707, STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

Súmula nº 708, STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do
único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.

Súmula nº 709, STF: salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra
a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.

Súmula nº 713, STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos
da sua interposição.

Súmula nº 734, STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se
alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.

Súmula nº 347, STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

EXECUÇÃO PENAL

Objetivo da execução. Efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições


para a harmônica integração social do condenado e do internado.

Aplicação e competência. A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Terri-
tório Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade da LEP e do CPP. A LEP será

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aplicada igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando reco-
lhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. Não se admite a execução provisória da pena.

Súmula nº 192, STJ: compete ao juízo das execuções penais do estado (juiz estadual), a execução das
penas impostas a sentenciados da justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimen-
tos sujeitos a administração estadual.

Classificação. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para


orientar a individualização da execução penal. O condenado ao cumprimento de pena privativa de liber-
dade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos neces-
sários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Identificação do perfil genético. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de na-
tureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei de Crimes Hediondos,
serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido
desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identifica-
ção de perfil genético. Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético.

Assistência. Será:

I – Material: consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.

II - À saúde: compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. Será assegurado acompa-


nhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.

III - Jurídica: é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado.
As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria
Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.

IV – Educacional: compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado.

V – Social: tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.

VI – Religiosa: com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se lhes a
participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução
religiosa.

Trabalho do preso. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá
finalidade educativa e produtiva. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não po-
dendo ser inferior a 3/4 do salário mínimo. As tarefas executadas como prestação de serviço à comuni-
dade não serão remuneradas.

O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capa-
cidade. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
estabelecimento.

O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras pú-
blicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que toma-
das as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. O limite máximo do número de presos será de 10%
do total de empregados na obra.

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Deveres do preso. Constituem deveres do condenado: I - comportamento disciplinado e cumprimento


fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III
- urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos indivi-
duais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V - execução do trabalho, das tarefas
e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização à vitima ou aos seus
sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção,
mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX - higiene pessoal e asseio da cela ou
alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Aplicam-se, no que couber, ao preso provisório.

O dever de trabalho do preso não é considerado trabalho forçado (STJ).

Direito do preso. Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de


trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na
distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais,
intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - as-
sistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma
de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da compa-
nheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de trata-
mento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do
estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato
com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação
que não comprometam a moral e os bons costumes; XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anual-
mente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.

Os incisos V, X e XV podem ser suspensos ou restringido pelo próprio diretor do estabelecimento penal. É
ilegal impedir definitivamente o direito de receber visitas.

Disciplina. Consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e seus
agentes e no desempenho do trabalho. São vedadas, para disciplina, cela escura e sanções coletivas.

Faltas disciplinares. São classificadas em leves, médias e graves. As leves e médias são especificadas na
legislação local. A LEP trata das faltas graves. A tentativa é punida com sanção igual à falta consumada.

Súmula nº 534, STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime
de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

Súmula nº 526, STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória
no processo penal instaurado para apuração do fato.

Súmula nº 441, STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

Súmula nº 535, STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto.

Falta grave do condenado a pena privativa de liberdade. Comete falta grave o condenado à pena priva-
tiva de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II -
fugir; III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV - pro-
vocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar os
deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, LEP. VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente ex-
terno; VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético.
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Súmula nº 533, STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.

Em procedimento administrativo disciplinar instaurado para apurar o cometimento de falta grave por réu
condenado, tendo em vista estar em jogo a liberdade de ir e vir, deve ser observado amplamente o prin-
cípio do contraditório, com a presença de advogado constituído ou defensor público nomeado, devendo
ser-lhe apresentada defesa, em observância às regras específicas contidas na LEP.

Falta grave do condenado a pena restritiva de direito. Comete falta grave o condenado à pena restritiva
de direitos que: I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; II - retardar, injustificadamente, o
cumprimento da obrigação imposta; III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39,
LEP.

Consequências da falta grave. São:

Consequências da prática de falta grava na LEP


Interfere Não interfere
Progressão (interrompe o prazo) Livramento condicional (não interrompe prazo)
Gera regressão de regime Indulto e comutação de pena (não interfere, salvo
Revoga saída temporária previsão expressa no decreto presidencial)
Revoga até 1/3 do da remição
Pode sujeitar o preso ao RDD
Pode suspender ou restringir direitos
Pode gerar isolamento na própria cela
Pode gerar conversão de PRD em PPL

O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para
a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do
requisito objetivo terá como base a pena remanescente.

Sanções da LEP. Podem ser: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos;
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento
coletivo; V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.

Regime disciplinar diferenciado (RDD). Não é regime de cumprimento de pena, mas uma sanção. Carac-
terísticas:

- Duração máxima de até 2 anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie;

- Cela individual;

- Visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicial-
mente, com duração de 2 horas;

- Direito do preso à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 presos, desde
que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;

- Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para im-
pedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
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- Fiscalização do conteúdo da correspondência;

- Participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participa-


ção do defensor no mesmo ambiente do preso.

Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou
milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 ou mais Estados da Federação, será obrigatoria-
mente cumprido em estabelecimento prisional federal.

As visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, serão gravadas em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e,
com autorização judicial, fiscalizadas por agente penitenciário.

Após os primeiros 6 meses de RDD, o preso que não receber visita poderá, após prévio agendamento, ter
contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 vezes por mês e por 10 minutos.

Prorrogação do RDD: poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 ano, existindo indícios de
que o preso: I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal
de origem ou da sociedade; II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou
milícia privada, considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo crimi-
noso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do
tratamento penitenciário.

RDD preventivo: a autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo
prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e
da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente. O tempo de isolamento ou inclusão
preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da sanção
disciplinar.

Recompensas. São: o elogio; a concessão de regalias. A legislação local e os regulamentos estabelecerão


a natureza e a forma de concessão de regalias.

Órgãos da execução penal. São: I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; II - o Juízo da
Execução; III - o Ministério Público; IV - o Conselho Penitenciário; V - os Departamentos Penitenciários; VI
- o Patronato; VII - o Conselho da Comunidade; VIII - a Defensoria Pública.

Estabelecimentos penais. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à me-


dida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.

A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e ade-
quado à sua condição pessoal.

O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que de-
vidamente isolados.

PENITENCIÁRIA: destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.

COLÔNIA AGRÍCOLA: destina-se ao cumprimento da pena em regime semiaberto.

CASA DO ALBERGADO: destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e


da pena de limitação de fim de semana.

HOSPITAL DE CUSTÓDIA: destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis.

CADEIA PÚBLICA: destina-se ao recolhimento de presos provisórios.


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Regimes de cumprimento de pena. São: fechado; semiaberto; ou aberto.

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisio-
nal mais gravoso (súmula vinculante nº 56), devendo ser observadas as seguintes medidas havendo déficit
de vagas: (1) saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (2) liberdade eletronica-
mente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de
vagas; ou (3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao
regime aberto. E, até que sejam estruturadas essas medidas alternativas, poderá ser deferida a prisão
domiciliar (STF, RE 641.320/RS).

Súmula nº 493, STJ: é inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial
ao regime aberto.

Progressão de regime. É a transferência do condenado de regime mais rigoroso a outro menos rigoroso,
quando demonstradas condições de adaptação ao mais suave. A progressão soma um tempo mínimo de
cumprimento da pena com o mérito do condenado.

Súmula nº 491, STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime me-
nos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:

I - 16% da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça;

II - 20% da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ame-
aça;

III - 25% da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;

IV - 30% da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ame-
aça;

V - 40% da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for pri-
mário;

VI - 50% da pena, se o apenado for: (a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; (b) condenado por exercer o comando,
individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equipa-
rado; ou (c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;

VII - 60% da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;

VIII - 70% pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte,
vedado o livramento condicional.

Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifes-
tação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de

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livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigen-
tes.

A data-base para subsequente progressão de regime é aquela em que o reeducando preencheu os requi-
sitos do art. 112 da LEP, e não aquela em que o Juízo das Execuções deferiu o benefício.

A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das
penas, não encontra respaldo legal. Assim, não se pode desconsiderar o período de cumprimento de pena
desde a última prisão ou desde a última infração disciplinar, seja por delito ocorrido antes do início da
execução da pena, seja por crime praticado depois e já apontado como falta disciplinar grave. Se isso for
desconsiderado, haverá excesso de execução.

A unificação de penas não enseja a alteração da data-base para concessão de novos benefícios executó-
rios.

Súmula nº 716, STF: admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata
de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Não constitui óbice à progressão de regime de cumprimento da pena o fato de o apenado ser estrangeiro,
estar preso, não ter domicilio no país e ser objeto de processo de expulsão.

Regressão de regime. É a transferência para qualquer um dos regimes mais rigorosos, quando o apenado:
praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; sofrer condenação por crime anterior, cuja pena
somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime. Tal acontecerá quando se tiver a
necessidade de unificação de penas, principalmente, quando houver a condenação por mais de um crime.

Permissão de saída. Hipóteses: I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheiro, ascendente,


descendente ou irmão; II - necessidade de tratamento médico.

A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. A per-
manência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída.

Saída temporária. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter autorização
para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II
- frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Co-
marca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio
social.

A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo
condenado, quando assim determinar o juiz da execução.

A autorização será concedida por ato motivado do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a ad-
ministração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: I - comportamento ade-
quado; II - cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e 1/4, se reincidente; III -
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

A autorização será concedida por prazo não superior a 7 dias, podendo ser renovada por mais 4 vezes
durante o ano.

Não terá direito à saída temporária o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com re-
sultado morte.

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Súmula nº 520, STJ: o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional in-
suscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Remição. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho
ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.

A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:

- 1 dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar: atividade de ensino fundamental, médio, inclusive
profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 dias;

- 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.

Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de
forma a se compatibilizarem.

O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-
se com a remição.

Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, recomeçando a contagem a partir
da data da infração disciplinar.

O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

Não se admite a remição ficta da pena.

Súmula nº 341, STJ: a frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de
execução de pena sob regime fechado ou semiaberto.

A atividade de leitura pode ser considerada para fins de remição de parte do tempo de execução da pena.

O reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical realizada em coral.

Monitoração eletrônica. Hipóteses: saída temporária no regime semiaberto; prisão domiciliar.

Deveres do monitorado: I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, respon-
der aos seus contatos e cumprir suas orientações; II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça.

Consequências da violação do monitoramento: regressão do regime; revogação da autorização de saída


temporária; revogação da prisão domiciliar; advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da
execução decida não aplicar alguma das medidas anteriores.

A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira eletrônica configura


mero descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não
configura, mesmo em tese, a prática de falta grave.

Execução da pena de multa. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

A Lei nº 9.268/1996, ao considerar a multa penal como dívida de valor, não retirou dela o caráter de
sanção criminal, que lhe é inerente por força do art. 5º, XLVI, c, da Constituição Federal. Como conse-
quência, a legitimação prioritária para a execução da multa penal é do Ministério Público perante a Vara

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de Execuções Penais. Por ser também dívida de valor em face do Poder Público, a multa pode ser subsidi-
ariamente cobrada pela Fazenda Pública, na Vara de Execução Fiscal, se o Ministério Público não houver
atuado em prazo razoável de 90 dias (STF, ADI 3150).

O pagamento da multa é requisito para a progressão de regime (STF). Todavia, se o preso ostenta condi-
ções de hipossuficiência, o não pagamento da multa, nesse caso, não impedirá a progressão de regime
(STJ).

Tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade. O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos. Quando o agente for condenado a penas privati-
vas de liberdade cuja soma seja superior a 40 anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite
máximo legal. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

Medida de segurança. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada
a expedição de guia para a execução. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem
a guia expedida pela autoridade judiciária.

A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida de segu-
rança, pelo exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte: I - a autoridade adminis-
trativa, até 1 mês antes de expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso
relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida; II - o relatório será ins-
truído com o laudo psiquiátrico; III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvi-
dos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 dias para cada um; IV -
o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver; V - o Juiz, de ofício ou a requerimento
de qualquer das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mí-
nima da medida de segurança; VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso
anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 dias.

Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o
Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do interessado, seu
procurador ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação da periculosidade.

Agravo em execução. Recurso cabível contra decisões proferidas no curso da execução penal. Não terá
efeito suspensivo, com exceção da decisão que determina a desinternação ou liberação do cumprimento
de medida de segurança. Não se admite interposição de MS a fim de atribuir efeito suspensivo ao recurso.
Prazo para interposição é de 5 dias; e 2 dias para razões (igual ao RESE).

Esse material não tem custo, não pode ser vendido e tem sua distribuição gratuita. Foi elaborado por professores
com o objetivo de, gratuitamente, auxiliar os candidatos inscritos no concurso da PCPR que foi suspenso em fevereiro
de 2021. Contem com a gente! @professorfabioroque e @klausnegricosta.

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