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02/08/21
Lide penal: entendida como pretensão (o querer de algo) resistida na ocorrência de um crime,
isto é, o Estado tem a pretensão de punir aquele sujeito, e este sujeito se encontra em
necessidade de resistir essa pretensão.
A lide penal é uma lide indisponível pois nem o Estado pode abrir mão do seu direito de punir
nem o sujeito pode abrir mão do seu direito de resistir a pretensão do Estado de puni-lo, isto
é, quando um sujeito pratica um crime, o Estado tem a pretensão de punir aquele sujeito, e
este sujeito se encontra em necessidade de resistir essa pretensão.
Finalidade: é a tutela dos direitos fundamentais tanto no âmbito do acusado (uma vez que
garante os limites punitivos do Estado para com o sujeito) quanto o direito da sociedade de
viver em uma nação em que os crimes são punidos, ou seja, que haja segurança publica. Como
cidadão eu não posso ser punidos para além dos limites da lei, mas como cidadão eu tenho o
direito de viver em sociedade que não esteja em estado de criminalidade.
Natureza: é uma natureza de direito público, justamente porque a lide do direito processual
penal tem o Estado como um dos polos, o Estado que tem o ius puniendi, ou seja, só ele tem o
direito de punir.
Fontes:
Material: quem produz normas de direito processual penal - União, e também uma pequena
exceção o presidente da república no exemplo especifico no benefício de indulto, isto é, o
perdão da pena ou de uma parcela dela.
03/08/21
Informal: Costumes. Ex: Nos Juizados Especial Criminais, existem certos procedimentos que
são aplicados como processo penal independentemente de estarem legislados.
Interpretação da lei processual penal:
Art. 3º CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem
como o suplemento dos princípios gerais de direito.
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: Ocorre quando o intérprete percebe que a letra escrita da lei
ficou aquém de sua vontade, ou seja, a lei disse menos do que queria e a interpretação vai
ampliar seu significado.
APLICAÇÃO ANALÓGICA: A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a
disposição relativa a um caso semelhante. A analogia só deve ser aplicada quando houver
lacuna na lei de forma não proposital.
É pacífico que, em matéria penal, o aplicador da lei, ainda que sob o pretexto de
preenchimento de uma lacuna normativa, não pode criar nova hipótese incriminadora,
sancionadora ou que, de qualquer modo, prejudique ou agrave (ainda mais) a situação do réu.
O processo penal permite muito mais que o direito penal. A interpretação do direito penal é
bastante estrita, no processo penal a lógica é totalmente diferente, como especificado acima.
Normas penais: São normas que preveem crimes e punições ou alteram os limites da
pretensão punitiva do Estado. Essas normas detalham a conduta que se procura proibir ou
impor.
Normas mistas: Também chamadas de normas processuais penais materiais são aquelas que
possuem temas ligados ao estado de liberdade do acusado. São, por exemplo, a queixa,
perempção, prisão cautelar, entre outras. Assim, apesar de estarem no contexto do processo
penal, regendo atos praticados pelas partes durante a investigação policial ou durante o
trâmite processual, têm forte conteúdo de Direito Penal. Essas normas estão submetidas ao
princípio da retroatividade benéfica, isto é, devem retroagir apenas se forem a benefício do
réu.
09/08/21
Art. 2º CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior.
A lei penal no espaço rege-se pelos princípios da territorialidade, ou seja, aplica-se aos crimes
praticados no território brasileiro, e também da extraterritorialidade, isto é, aplica-se a lei
penal brasileira também aos crimes ocorridos no exterior quando preenchidos os requisitos
previstos no art. 7º do Código Penal. Por outro lado, a lei processual penal no espaço orienta-
se apenas pelo princípio da territorialidade, de forma que a lei brasileira nesse âmbito aplica-
se apenas aos crimes praticados dentro do território brasileiro. Por exemplo, uma carta
rogatória (forma de comunicação entre o judiciário de países diferentes, com objetivo de obter
colaboração para prática de atos processuais) expedida por um juiz inglês a ser cumprida no
Brasil seguirá as leis processuais brasileiras, pois esse cumprimento estará ocorrendo dentro
do território brasileiro.
O processo penal, não permite execução provisória da pena. Execução provisória da pena
significa o réu cumprir a pena imposta na decisão condenatória mesmo sendo ainda uma
decisão provisória (ainda sujeita a recursos). Execução provisória da pena é, portanto, o início
do cumprimento da pena imposta, mesmo que a decisão condenatória ainda não tenha
transitado em julgado.
3) Princípio da Ampla Defesa: O Princípio da Ampla Defesa é um direito que tem base
legal, no artigo 5º inciso LV da Carta Magna de 1988, o qual menciona que: as partes
têm para apresentarem argumentos em seu favor, nos limites, em que seja possível
conectar-se, portanto aos princípios da igualdade e do contraditório. Ao falar-se de
princípio da ampla defesa, na verdade está se falando dos meios para isso necessários,
dentre eles, assegurar o acesso aos autos, possibilitar a apresentação de razões e
documentos, produzir provas documentais ou periciais e conhecer os fundamentos e a
motivação da decisão proferida. O direito à ampla defesa impõe à autoridade o dever
de fiel observância das normas processuais e de todos os princípios jurídicos incidente
sobre o processo. A garantia constitucional a ampla defesa contempla a necessidade
de defesa técnica no processo, visando à paridade de armas entre as partes e, assim,
evitar o desequilíbrio processual, possível gerador de desigualdades e justiça.
STF 523. No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a
sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula Vinculante 14 – “É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
10/08/21
Defesa técnica: Defesa feita por advogado regularmente em exercício. Essa defesa sempre
está presente em todas as fases do processo penal (isso só acontece depois da apresentação
da denúncia - citação).
Autodefesa: Defesa é feita pelo próprio acusado, e tem alguns momentos específicos em que
ela fica bem visível - – Direito de audiência (direito de ser ouvido pelo juiz – é feito por meio do
interrogatório), direito de presença (acompanhar pessoalmente os atos de instrução) e direito
de postular pessoalmente (postulação direta em alguns casos como na interposição de
recursos, impetração de HC e revisão criminal).
16/08/2021
O referido autor aponta duas faces do contraditório, sendo uma delas o contraditório
real, que é a formação da prova na presença do juiz e das partes; é o caso prova
testemunhal. E o contraditório diferido/postergado, que é a oportunidade que as
partes têm de contradizer, contestar ou combater as provas no decurso do processo
ou inquérito, posteriormente à decisão judicial quanto a determinada prova.
Respectivamente contraditório PARA a prova e contraditório SOBRE a prova.
17/08/2021
"O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os
interesses da justiça", determina o art. 8º, §5º, da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos. A regra, tamanha a sua importância, é reafirmada no art. 93, inciso
IX, da Constituição Federal, conforme o qual "todos os julgamentos do Poder Judiciário
serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (...)".
93, IX da Constituição de 1988 dispõe que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;”
CPP Art. 792. “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e
se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.
8) Princípio da vedação das provas ilícitas: O art. 5º, LVI do texto constitucional prevê
que são inadmissíveis no processo as provas ilicitamente obtidas. Em outros termos
pode-se afirmar que os meios de provas produzidos com violação direta a constituição,
a partir do momento em que reconhecida a ilicitude não possuem eficácia probatória.
23/08/2021
11) Direito ao silêncio: art. 5o, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz."
Ninguém que se recusar a produzir prova contra si pode ser prejudicado juridicamente,
como diz o parágrafo único do art. 186º do código de processo penal: “O silêncio, que não
importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”. Este direito é
conhecido como o princípio nemo tenetur se detegere.
Por força do direito de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), o
investigado tem o direito de não colaborar na produção de prova ATIVA, por exemplo,
assoprar o bafômetro.
Todavia, em relação às provas PASSIVAS que demandam apenas que o acusado tolere a
sua realização, ou seja, aquelas que exijam uma cooperação meramente passiva, em que
o réu é objeto na produção de prova, não se há falar em violação ao “nemo tenetur se
detegere”. Exemplo, reconhecimento do sujeito, é possível fazer prova em cima da pessoa
– ela está andando em linha reta? Ele está falando embolado? Consegue fazer o 4?
O reú não precisa fornecer DNA, pois invade a privacidade do réu, mesmo
sendo provas passivas.
O réu (vítima e testemunha não) pode mentir em juízo para se defender, mas não pode
incidir mentira agressiva, isto é, em sua mentira praticar crime, com exemplo acusar
pessoa inocência.
24/08/2021
O princípio da iniciativa das partes é assinalado pelos axiomas latinos nemo judex sine
actore e ne procedat judex ex officio, ou seja, não há juiz sem autor, ou o juiz não pode dar
início ao processo de ofício, sem a provocação da parte interessada.
OBS:
Ação penal pública incondicionada: é a ação penal quando promovida e
movimentada pelo Ministério Público. Nesse contexto, a ação pública é
incondicionada quando, para promovê-la, o Ministério Público independe de
qualquer manifestação de vontade do ofendido ou de terceiros.
Ação penal pública condicionada a representação : é aquela que, embora deva
ser ajuizada pelo MP, depende da representação da vítima, ou seja, a vítima
tem que querer que o autor do crime seja denunciado.
Querelante: Que ou aquele que querela, que move ação penal contra outrem,
dito querelado.
Art. 24. CPP - Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 30. CPP - Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.
Ex: Se no pedido você pede danos materiais, e o juiz lhe concede danos materiais E danos
morais, ele está te dando uma sentença extra petita, isto é, quando a providência
jurisdicional deferida é diversa da que foi postulada; quando o juiz defere a prestação
pedida com base em fundamento não invocado; quando o juiz acolhe defesa não arguida
pelo réu...
Se no pedido você pede R$5.000,00 de indenização em danos morais e o juiz lhe concede
R$7.000,00, a sentença é ultra petita, no qual o juiz concede ao autor a tutela jurisdicional
pedida, o gênero do bem da vida pretendido, mas extrapola a quantidade indicada pelo
autor. No pedido genérico, em que não há determinação do pedido, não se pode falar em
sentença ultra petita.
Sentença citra petita, também chamada de infra petita, é aquela que não examina em
toda a sua amplitude o pedido formulado na inicial (com a sua fundamentação) ou a
defesa do réu. Exemplos: o autor pediu indenização por danos emergentes e lucros
cessantes. O juiz julgou procedente o pedido com relação aos danos emergentes, mas não
fez qualquer referência aos lucros cessantes.
O novo Código de Processo Penal (CPP) introduz a figura do juiz das garantias,
responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela
salvaguarda dos direitos fundamentais do acusado (art. 14).
Persecução criminal = inquérito policial + processo penal.