Você está na página 1de 12

DIREITO PROCESSUAL PENAL

02/08/21

Conceito: É o conjunto de normas (normas entendidas como conjunto de princípios e regras


jurídicas) que disciplinam a composição das lides penais por meio da aplicação do direito
penal.

Lide penal: entendida como pretensão (o querer de algo) resistida na ocorrência de um crime,
isto é, o Estado tem a pretensão de punir aquele sujeito, e este sujeito se encontra em
necessidade de resistir essa pretensão.

A lide penal é uma lide indisponível pois nem o Estado pode abrir mão do seu direito de punir
nem o sujeito pode abrir mão do seu direito de resistir a pretensão do Estado de puni-lo, isto
é, quando um sujeito pratica um crime, o Estado tem a pretensão de punir aquele sujeito, e
este sujeito se encontra em necessidade de resistir essa pretensão.

Finalidade: é a tutela dos direitos fundamentais tanto no âmbito do acusado (uma vez que
garante os limites punitivos do Estado para com o sujeito) quanto o direito da sociedade de
viver em uma nação em que os crimes são punidos, ou seja, que haja segurança publica. Como
cidadão eu não posso ser punidos para além dos limites da lei, mas como cidadão eu tenho o
direito de viver em sociedade que não esteja em estado de criminalidade.

Natureza: é uma natureza de direito público, justamente porque a lide do direito processual
penal tem o Estado como um dos polos, o Estado que tem o ius puniendi, ou seja, só ele tem o
direito de punir.

Fontes:

Material: quem produz normas de direito processual penal - União, e também uma pequena
exceção o presidente da república no exemplo especifico no benefício de indulto, isto é, o
perdão da pena ou de uma parcela dela.

O Decreto Presidencial estabelece as condições para a concessão do indulto, apontando os


presos que podem e os que não podem ser contemplados e determina o papel de cada órgão
envolvido em sua aplicação. Normalmente, o benefício é destinado aos detentos que cumprem
requisitos como ter bom comportamento, estar preso há determinado tempo, ser paraplégico,
tetraplégico, portador de cegueira completa, ser mãe de filhos menores de 18 anos. Deve
manter ainda o bom comportamento no cumprimento da pena, e não responder a processo
por outro crime praticado com violência ou grave ameaça contra a pessoa.

03/08/21

Formal: É aquela que revela o direito. É a exteriorização.

Onde encontrarei o direito processual penal?

 Imediatas/Diretas: São as leis, Constituição Federal, Emendas à Constituição, Tratados,


convenções e regras de Direito Internacional
 Mediatas/Indiretas: Analogia, jurisprudência, doutrina e princípios gerais do direito.

Informal: Costumes. Ex: Nos Juizados Especial Criminais, existem certos procedimentos que
são aplicados como processo penal independentemente de estarem legislados.
Interpretação da lei processual penal:

Art. 3º CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem
como o suplemento dos princípios gerais de direito.

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: Ocorre quando o intérprete percebe que a letra escrita da lei
ficou aquém de sua vontade, ou seja, a lei disse menos do que queria e a interpretação vai
ampliar seu significado.

APLICAÇÃO ANALÓGICA: A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a
disposição relativa a um caso semelhante. A analogia só deve ser aplicada quando houver
lacuna na lei de forma não proposital.

É pacífico que, em matéria penal, o aplicador da lei, ainda que sob o pretexto de
preenchimento de uma lacuna normativa, não pode criar nova hipótese incriminadora,
sancionadora ou que, de qualquer modo, prejudique ou agrave (ainda mais) a situação do réu.

No direito penal, realmente é inadmissível a analogia in malam partem. Mas em direito


processual penal, a analogia pode ser em bonam partem ou malam partem. É pacífico na
doutrina e jurisprudência. Contudo, em casos de dúvidas, deve-se interpretar favoravelmente
ao réu.

SUPLEMENTO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: São regras que se encontram na


consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo que não escritas.

O processo penal permite muito mais que o direito penal. A interpretação do direito penal é
bastante estrita, no processo penal a lógica é totalmente diferente, como especificado acima.

Normas penais: São normas que preveem crimes e punições ou alteram os limites da
pretensão punitiva do Estado. Essas normas detalham a conduta que se procura proibir ou
impor.

As normas penais se dividem em dois grupos específicos: normas penais incriminadoras e


normas penais não incriminadoras. As normas incriminadoras são aquelas cuja função
precípua é definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de
sanção. Já em relação às normas penais não incriminadoras, verificam-se as finalidades de
tornar lícitas determinadas condutas, afastar a culpabilidade do agente, esclarecer conceitos
ou fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal.

Normas processuais penais: Referem-se à análise da estruturação do processo e do


procedimento para a composição da lide penal. Tratam dos procedimentos que levam o
Estado-juiz a punir o acusado. São medidas como a citação, o mandado, os prazos, entre
outros. Elas não retroagem e possuem aplicação imediata, mesmo prejudicando o réu.

Normas mistas: Também chamadas de normas processuais penais materiais são aquelas que
possuem temas ligados ao estado de liberdade do acusado. São, por exemplo, a queixa,
perempção, prisão cautelar, entre outras. Assim, apesar de estarem no contexto do processo
penal, regendo atos praticados pelas partes durante a investigação policial ou durante o
trâmite processual, têm forte conteúdo de Direito Penal. Essas normas estão submetidas ao
princípio da retroatividade benéfica, isto é, devem retroagir apenas se forem a benefício do
réu.
09/08/21

Lei processual penal no tempo:

Art. 2º CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior.

Assim, para as normas genuinamente processuais o princípio adotado é o da aplicação


imediata da lei processual, preservando-se os atos até então praticados. A lei a ser aplicada é a
lei vigente ao tempo da prática do ato (tempus regit actum), mas quando ato não foi concluído
quando a nova lei entra em vigor ela não for mais benéfica para o réu do que a anterior, então
prevalece o bonam partem, a lei que rege é a anterior. Caso seja o contrário e a lei vigente for
a mais benéfica, se o ato já foi finalizado praticado pela lei antiga então não há necessidade de
repetir, se o ato não começou então será praticado de acordo com a lei nova, e se o ato já
começou então o ato será praticado com a lei mais benéfica ao réu.

Lei processual no espaço:

A lei penal no espaço rege-se pelos princípios da territorialidade, ou seja, aplica-se aos crimes
praticados no território brasileiro, e também da extraterritorialidade, isto é, aplica-se a lei
penal brasileira também aos crimes ocorridos no exterior quando preenchidos os requisitos
previstos no art. 7º do Código Penal. Por outro lado, a lei processual penal no espaço orienta-
se apenas pelo princípio da territorialidade, de forma que a lei brasileira nesse âmbito aplica-
se apenas aos crimes praticados dentro do território brasileiro. Por exemplo, uma carta
rogatória (forma de comunicação entre o judiciário de países diferentes, com objetivo de obter
colaboração para prática de atos processuais) expedida por um juiz inglês a ser cumprida no
Brasil seguirá as leis processuais brasileiras, pois esse cumprimento estará ocorrendo dentro
do território brasileiro.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS:

1) Princípio da presunção da inocência/Princípio do estado de inocência: A Declaração


Universal dos Direitos do Homem relata também: "Toda pessoa acusada de um ato
delituoso tem o direito de ser presumida inocente, até que a culpabilidade tenha sido
provada de acordo com a lei, em julgamento público, no qual lhe tenham sido
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa" (art. XI). A Constituição
Federal também prevê no art. 5°, inciso LVII, “Ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Diante dessas afirmativas, fica
evidente que o Estado é quem deve provar os fatos criminais do indivíduo, havendo
dúvida o juiz absolver o réu, não podendo assim condená-lo, sob pena de exercício
arbitrário de poder.
Esse princípio admite exceções previstas no ordenamento jurídico como as prisões
preventivas, anteriores ao trânsito em julgado da sentença condenatória. Nesse caso
não haverá violação ao princípio do estado de inocência, segundo sinaliza o STJ na
súmula n° 9, "A exigência de prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência". No entanto muitas críticas foram feitas à
cerca dessa posição do Superior Tribunal de Justiça, sendo que ainda há alguns
doutrinadores firmes em posição divergente a essa.
Vale ressaltar que o juiz deve observar no caso concreto se há mesmo a necessidade
da restrição antecipada da liberdade do acusado.
Prisão pena: O Estado Juiz analisou o caso e entendeu que o réu é culpado e deve ser
punido.
Prisão cautelar: O Estado Juiz entende que existem motivos cautelares que indicam
que o réu mesmo antes de receber a prisão pena deve aguardar a sentença em
privação de liberdade.
Tipos de prisão cautelar:
 Flagrante
 Preventiva
 Temporária

O processo penal, não permite execução provisória da pena. Execução provisória da pena
significa o réu cumprir a pena imposta na decisão condenatória mesmo sendo ainda uma
decisão provisória (ainda sujeita a recursos). Execução provisória da pena é, portanto, o início
do cumprimento da pena imposta, mesmo que a decisão condenatória ainda não tenha
transitado em julgado.

2) Princípio da igualdade/Princípio da paridade de armas: A Constituição Federal prevê


no art. 5°, inciso I, que todos são iguais perante a lei, em direitos e obrigações.
Obviamente nem todas pessoas tem a mesma condição, nem estão no mesmo nível
econômico e social, no entanto todos merecem o mesmo tratamento jurídico. O Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos prevê que “Todas as pessoas são iguais
perante aos tribunais e as cortes de justiça.” Dessa forma, a isonomia perante a lei
traduz também igualdade processual, e no processo penal a isonomia é ainda mais
efetiva visto que se for violada a ação penal torna-se nula.

A paridade de armas dentro do processo penal consiste na igualdade de


oportunidades que deve ser garantida a ambas as partes. Tendo em vista que a
atuação das partes está relacionada ao interesse final que elas têm no processo, deve
haver isonomia na relação processual, pois benefícios, diferenciações e privilégios
podem acarretar na suspeita de imparcialidade do juiz.

3) Princípio da Ampla Defesa: O Princípio da Ampla Defesa é um direito que tem base
legal, no artigo 5º inciso LV da Carta Magna de 1988, o qual menciona que: as partes
têm para apresentarem argumentos em seu favor, nos limites, em que seja possível
conectar-se, portanto aos princípios da igualdade e do contraditório. Ao falar-se de
princípio da ampla defesa, na verdade está se falando dos meios para isso necessários,
dentre eles, assegurar o acesso aos autos, possibilitar a apresentação de razões e
documentos, produzir provas documentais ou periciais e conhecer os fundamentos e a
motivação da decisão proferida. O direito à ampla defesa impõe à autoridade o dever
de fiel observância das normas processuais e de todos os princípios jurídicos incidente
sobre o processo. A garantia constitucional a ampla defesa contempla a necessidade
de defesa técnica no processo, visando à paridade de armas entre as partes e, assim,
evitar o desequilíbrio processual, possível gerador de desigualdades e justiça.
 STF 523. No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a
sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
 Súmula Vinculante 14 – “É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

10/08/21

Defesa técnica: Defesa feita por advogado regularmente em exercício. Essa defesa sempre
está presente em todas as fases do processo penal (isso só acontece depois da apresentação
da denúncia - citação).

Autodefesa: Defesa é feita pelo próprio acusado, e tem alguns momentos específicos em que
ela fica bem visível - – Direito de audiência (direito de ser ouvido pelo juiz – é feito por meio do
interrogatório), direito de presença (acompanhar pessoalmente os atos de instrução) e direito
de postular pessoalmente (postulação direta em alguns casos como na interposição de
recursos, impetração de HC e revisão criminal).

4) Princípio da plenitude de defesa: A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri,


onde poderão ser usados todos os meios de defesa possíveis para convencer os
jurados, inclusive argumentos não jurídicos, tais como: sociológicos, políticos,
religiosos, morais etc. Destarte, em respeito a este princípio, também será possível
saber mais sobre a vida dos jurados, sua profissão, grau de escolaridade etc.; inquirir
testemunhas em plenário, dentre outros.

16/08/2021

5) Princípio prevalência do interesse do réu/Princípio do favor rei: é também conhecido


como princípio do favor inocentiae, favor libertatis, ou in dubio pro reo, podendo ser
considerado como um dos mais importantes princípios do Processo Penal, pode-se
dizer que decorre do princípio da presunção de inocência.

O referido princípio baseia-se na predominância do direito de liberdade do acusado


quando colocado em confronto com o direito de punir do Estado, ou seja, na dúvida,
sempre prevalece o interesse do réu. O mencionado princípio deve orientar, inclusive,
as regras de interpretação, de forma que, diante da existência de duas interpretações
antagônicas, deve-se escolher aquela que se apresenta mais favorável ao acusado.

A partir daí, e em sentido contrário, consagrou-se o denominado princípio in dubio pro


societate, de modo que a dúvida acerca da autoria delitiva deve ser dirimida em favor
da sociedade, ou seja, admitindo-se a acusação.

No início do processo, na fase de denúncia por parte do promotor, se houver dúvidas


ele deve prosseguir com o processo prevalecendo o princípio in dubio pro societate
para que as dívidas possam ser sanadas ao longo do processo, mas no final do
processo (quando inaugura a fase decisória) vigora o princípio do in dubio pro reo, uma
vez que não deve condenar alguém com dúvidas.

6) Princípio do contraditório: Esse princípio é uma garantia fundamental da justiça, isso


porque deve ser permitida a ambas partes a paridade de armas, todo acusado terá o
direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita, utilizando, para tanto, todos os
meios de defesa admitidos em direito. Sendo assim todo ato produzido dentro do
processo caberá igual direito à outra parte de discordar, aceitar ou simplesmente
modificar os fatos e o direito alegado pelo autor, de acordo com o que lhe seja mais
conveniente.

Renato Brasileiro de Lima faz menção que o cumprimento do contraditório é


obrigatório somente na frase processual, levando em consideração que o inquérito
policial é um procedimento administrativo, que tem a finalidade de juntar informações
que provem a existência e a autoria do crime.

O referido autor aponta duas faces do contraditório, sendo uma delas o contraditório
real, que é a formação da prova na presença do juiz e das partes; é o caso prova
testemunhal. E o contraditório diferido/postergado, que é a oportunidade que as
partes têm de contradizer, contestar ou combater as provas no decurso do processo
ou inquérito, posteriormente à decisão judicial quanto a determinada prova.
Respectivamente contraditório PARA a prova e contraditório SOBRE a prova.

17/08/2021

7) Princípio da publicidade: Decorrência da democracia e do sistema acusatório, o


princípio processual da publicidade encontra guarida no art. 5º, inciso LX, da
Constituição Federal, que declara: "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem".

A publicidade surge como uma garantia individual determinando que os processos


civis e penais sejam, em regra, públicos, para evitar abusos dos órgãos julgadores,
limitar formas opressivas de atuação da justiça criminal e facilitar o controle social
sobre o Judiciário e o Ministério Público.

"O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os
interesses da justiça", determina o art. 8º, §5º, da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos. A regra, tamanha a sua importância, é reafirmada no art. 93, inciso
IX, da Constituição Federal, conforme o qual "todos os julgamentos do Poder Judiciário
serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (...)".

A publicidade, como garantia, aparece também no art. 5º, XXXIII, da Constituição


Federal, que assegura a todos o direito de "receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral (...)".

Há dois aspectos do princípio da publicidade:

a) A publicidade geral ou plena, como regra para todo e qualquer processo;

b) A publicidade especial, em que se restringe a audiência nos atos processuais e as


informações sobre o processo às partes e procuradores, ou somente a estes.

93, IX da Constituição de 1988 dispõe que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;”
CPP Art. 792. “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e
se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.

§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar


escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o
tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o
número de pessoas que possam estar presentes.”

8) Princípio da vedação das provas ilícitas: O art. 5º, LVI do texto constitucional prevê
que são inadmissíveis no processo as provas ilicitamente obtidas. Em outros termos
pode-se afirmar que os meios de provas produzidos com violação direta a constituição,
a partir do momento em que reconhecida a ilicitude não possuem eficácia probatória.

Considerando-se como provas ilícitas as obtidas com violação da intimidade, da vida


privada, da honra, da imagem, do domicílio, e das comunicações, salvo nos casos
permitidos no inciso XII, do mesmo artigo, a das comunicações telefônicas.

23/08/2021

9) Princípios da economia processual: Pelo princípio da economia processual, em


apertada síntese, temos que os atos processuais devem ser realizados com a intenção
de produzir o máximo possível de resultado com o mínimo possível de esforço, visando
evitar perda de tempo e dinheiro desnecessários.

10) Celeridade e duração razoável do processo: Já quanto ao princípio da celeridade, o


processo, na medida do possível, tem que tramitar em tempo razoável, para que os
fins da legislação sejam alcançados.

Assim, podemos dizer que, resumidamente, o interesse do legislador e do poder


judiciário é que se tenha um processo célere, rápido, com a prestação jurisdicional
num tempo razoável, sem que a lide fique se arrastando por anos e anos na justiça.
Art. 5o, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.

11) Direito ao silêncio: art. 5o, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

O referido dispositivo constitucional consagra o direito fundamental ao silêncio, uma


das implicações do princípio nemo tenetur se detegere, segundo o qual ninguém será
obrigado a produzir provas contra si, modalidade de autodefesa passiva.

CPP Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da


acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu
direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).

Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz."

O direito ao silêncio é válido em TODOS os momentos, tanto no inquérito policial


quanto durante o processo penal.

Depoimento do réu NÃO é interrogatório.

Interrogatório do réu (solto ou preso): É o depoimento do réu perante o JUIZ, e não


perante ao policial ou ao delegado, isto é, o interrogatório não ocorre no inquérito
policial, mas sim durante o processo penal (após a denúncia).
É composto de duas fases:
1) Qualificação: dados sobre o réu – quem ele é, de onde é, histórico criminal...
2) Fatos – fatos do ocorrido; diz respeito ao mérito

O direito do silêncio do réu só é válido no mérito, mas não na qualificação.

O direito de silêncio não se estende à testemunha, SALVO para momentos em que o


testemunho possa incriminá-la.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS:

1) Princípio de não autoincriminação: O princípio da não autoincriminação (Nemo tenetur se


detegere ou Nemo tenetur se ipsum accusare ou Nemo tenetur se ipsum prodere) significa
que ninguém é obrigado a se auto incriminar ou a produzir prova contra si mesmo. Dessa
maneira, nenhum indivíduo pode ser obrigado a fornecer involuntariamente qualquer tipo
de elemento que o envolva direta ou indiretamente na prática de um crime. Pode-se
afirmar que o princípio da não autoincriminação apresenta diversos reflexos e
consequências, tais como o direito do acusado ao silêncio, o direito do acusado de não
praticar qualquer ato que possa incriminá-lo e, ainda, o direito do acusado de não produzir
nenhuma prova incriminadora que envolva a disposição de seu próprio corpo.

Ninguém que se recusar a produzir prova contra si pode ser prejudicado juridicamente,
como diz o parágrafo único do art. 186º do código de processo penal: “O silêncio, que não
importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”. Este direito é
conhecido como o princípio nemo tenetur se detegere.

Por força do direito de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), o
investigado tem o direito de não colaborar na produção de prova ATIVA, por exemplo,
assoprar o bafômetro.

Todavia, em relação às provas PASSIVAS que demandam apenas que o acusado tolere a
sua realização, ou seja, aquelas que exijam uma cooperação meramente passiva, em que
o réu é objeto na produção de prova, não se há falar em violação ao “nemo tenetur se
detegere”. Exemplo, reconhecimento do sujeito, é possível fazer prova em cima da pessoa
– ela está andando em linha reta? Ele está falando embolado? Consegue fazer o 4?
 O reú não precisa fornecer DNA, pois invade a privacidade do réu, mesmo
sendo provas passivas.
O réu (vítima e testemunha não) pode mentir em juízo para se defender, mas não pode
incidir mentira agressiva, isto é, em sua mentira praticar crime, com exemplo acusar
pessoa inocência.

24/08/2021

2) Princípio da iniciativa das partes/Princípio da ação: No processo penal, assim como no


processo civil, existe a inércia do órgão julgador, portanto a iniciativa deve ser da
acusação: do Ministério Público, se for ação pública incondicionada ou ação penal pública
condicionada a representação, ou do querelante se for ação penal privada.

O princípio da iniciativa das partes é assinalado pelos axiomas latinos nemo judex sine
actore e ne procedat judex ex officio, ou seja, não há juiz sem autor, ou o juiz não pode dar
início ao processo de ofício, sem a provocação da parte interessada.

Sabe-se que a ação penal é o direito de se invocar a tutela jurisdicional-penal do Estado, de


forma a ser inviável que o Juiz, órgão estatal incumbido da jurisdição, deduza a pretensão
punitiva perante o Estado, ou melhor, perante a si próprio, já que atua como
representante daquele. Por essa razão, deverá o magistrado permanecer inerte, ao menos
nesse momento inicial.

OBS:
 Ação penal pública incondicionada: é a ação penal quando promovida e
movimentada pelo Ministério Público. Nesse contexto, a ação pública é
incondicionada quando, para promovê-la, o Ministério Público independe de
qualquer manifestação de vontade do ofendido ou de terceiros.
 Ação penal pública condicionada a representação : é aquela que, embora deva
ser ajuizada pelo MP, depende da representação da vítima, ou seja, a vítima
tem que querer que o autor do crime seja denunciado.
 Querelante: Que ou aquele que querela, que move ação penal contra outrem,
dito querelado.

Art. 24. CPP - Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Art. 30. CPP - Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.

3) Princípio da correlação/Princípio da Relatividade da Congruência: o juiz deve ficar


adstrito aos limites da acusação, isto é, só pode decidir dentro dos limites da acusação,
deve abordar apenas o tema do pedido. Implica na observância da correspondência entre
a condenação e a imputação na persecução criminal. Ou seja, este princípio orienta que o
fato descrito na peça exordial – queixa ou denúncia – deve guardar estrita relação com o
fato objeto da sentença condenatória exarada pelo Estado-Juiz.
Assegura ao acusado a certeza de que não poderá ser condenado sem que tenha tido
oportunidade de ter ciência plena e exaustiva dos fatos criminosos que lhe são imputados,
podendo, assim, defender-se amplamente.

Ex: Se no pedido você pede danos materiais, e o juiz lhe concede danos materiais E danos
morais, ele está te dando uma sentença extra petita, isto é, quando a providência
jurisdicional deferida é diversa da que foi postulada; quando o juiz defere a prestação
pedida com base em fundamento não invocado; quando o juiz acolhe defesa não arguida
pelo réu...

Se no pedido você pede R$5.000,00 de indenização em danos morais e o juiz lhe concede
R$7.000,00, a sentença é ultra petita, no qual o juiz concede ao autor a tutela jurisdicional
pedida, o gênero do bem da vida pretendido, mas extrapola a quantidade indicada pelo
autor. No pedido genérico, em que não há determinação do pedido, não se pode falar em
sentença ultra petita.

Sentença citra petita, também chamada de infra petita, é aquela que não examina em
toda a sua amplitude o pedido formulado na inicial (com a sua fundamentação) ou a
defesa do réu. Exemplos: o autor pediu indenização por danos emergentes e lucros
cessantes. O juiz julgou procedente o pedido com relação aos danos emergentes, mas não
fez qualquer referência aos lucros cessantes.

4) Princípio da obrigatoriedade da ação penal pública/Princípio da legalidade processual:


implica que obrigatoriamente se um promotor de justiça verifica um caso que existem
provas de autoria e de materialidade ele é obrigado a começar uma ação penal pública.

Para que se compreenda bem o significado e as consequências da adoção do princípio da


obrigatoriedade da ação penal pública, vale lembrar Júlio Mirabete, que o define como:
“aquele que obriga a autoridade policial a instaurar inquérito policial e o órgão do
Ministério Público a promover a ação penal quando da ocorrência da prática de crime que
se apure mediante ação penal pública”.

5) Princípio da indisponibilidade da ação penal pública: Do princípio da obrigatoriedade da


ação penal pública decorre o da indisponibilidade do processo, que vigora inclusive na fase
de inquérito policial. Uma vez instaurado a ação penal pública o promotor não pode
desistir da ação, não pode mais o processe ser paralisado indefinidamente ou arquivado.

6) O SISTEMA PROCESSUAL PENAL INQUISITIVO


A origem da nomenclatura do sistema inquisitivo vem da inquisição (Santa Inquisição –
Tribunal Eclesiástico), que possuía como finalidade a investigação e punição dos hereges,
pelos membros do clero.
Seria, portanto, uma forma de estruturação do processo penal no qual o Estado vai
assumir o papel único de acusar e de julgar, seria o JUIZ INQUISIDOR. No sistema
inquisitivo é o juiz quem detém a reunião das funções de acusar, julgar e defender o
investigado – que se restringe à mero objeto do processo. A ideia fundante deste sistema
é: o julgador é o gestor das provas, i.e., o juiz é quem produz e conduz as provas.

O SISTEMA PROCESSUAL PENAL ACUSATÓRIO


Diversamente do sistema inquisitório, possui como princípio unificador o fato de o gestor
da prova ser pessoa/instituição diversa do julgador. Há, pois, nítida separação entre as
funções de acusar, julgar e defender, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o
juiz é imparcial e somente julga, não produz provas e nem defende o réu.
Preserva direitos e garantias do acusados.
Ex: Brasil.
No processo penal brasileiro, vige o sistema acusatório, “pois a função de acusar foi
entregue, privativamente, a um órgão distinto: o Ministério Público, e, em casos
excepcionais, ao particular”. Mas deve levar em consideração que o sistema processual
penal no Brasil carrega algumas características inquisitivas.
Todo o processo penal segue o sistema acusatório, enquanto o inquérito policial segue o
sistema inquisitivo. O Juiz das Garantias foi justamente o tentativa de introduzis mais
características do processo de sistema acusatório para dentro do inquérito policial, pré-
processual.

 O novo Código de Processo Penal (CPP) introduz a figura do juiz das garantias,
responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela
salvaguarda dos direitos fundamentais do acusado (art. 14).
 Persecução criminal = inquérito policial + processo penal.

Características/sistemas SISTEMA INQUISITÓRIO SISTEMA ACUSATÓRIO


Princípio unificador O juiz é o gestor das As partes é que são
provas. gestoras das provas.
Funções acusar, defender e Reunidas nas mãos do juiz. Separadas.
julgar
Atos do processo Sigilosos. A regra é a publicidade dos
atos do processo, salvo
exceções legais.
Réu Objeto da investigação. Sujeito de direitos.
Garantias Não há contraditório, Todas as garantias
ampla defesa ou devido constitucionais inerentes
processo legal. ao julgamento.
Provas Taxativas, onde a confissão Livre convencimento do
é a rainha das provas. juiz e devidamente
motivadas.
Presunção De culpabilidade, podendo De não culpabilidade ou de
utilizar-se de torturas e inocência.
meios cruéis para obter a
confissão.
Julgador É parcial. É imparcial, equidistantes
das partes.

SISTEMA PROCESSUAL MISTO:


Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas
supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória.

A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o


procedimento é presidido pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para
que possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece as
características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.

A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura do


acusador (MP, particular), diverso do julgador (somente o juiz). Trata-se de uma falsa
segunda fase, posto que, embora haja as demais características de um sistema acusatório,
o princípio unificador (idéia fundante) ainda reside no juiz como gestor da prova.

Você também pode gostar