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Direito Processual Penal

Thiago Camargo Comelli

 Introdução ao Direito Processual Penal: Tal ramo do Direito


pertence ao ramo público, sendo composto por um conjunto de
normas/princípios;
 Não estuda crimes e penas (sendo estes que competem ao Direito
Material);
 Cabe ao Direito Processual Penal lidar com as lides, demandas,
regras/princípios do processo, estabelecendo assim como se tramitara o
processo. Ex: recolhimento de provas, defesa, etc.
 Configura-se como a aplicação do Direito Penal em um fato penalmente
relevante.

 Direito Penal e Direito de Punir:


 Caráter instrumental do Processo (Só se aplica pena por meio do
processo);
 O processo é o instrumento no qual o Estado irá exercer o direito de
punir;
 Vale ressaltar que não existe meio de se aplicar pena fora do processo;
Ex. Vingança particular.

 Titularidade do Processo: Jus Puniendi (sem processo, sem


punição);
 Apenas o Estado possui a titularidade de punir, sendo este representado
pelos devidos órgãos públicos;

 Conflito de Interesses: Deve ser solucionado por meio do


processo;
 Estado (Jus Puniendi) X Infrator (Jus Liberatis);
 O Jus Puniendi representa a acusação (representado pelo M.P na
esfera pública ou pelo ofendido na esfera privada enquanto o Jus
Liberatis se configura como o acusado, oferecendo resistência para com
a ação restritiva do Estado.

 Finalidade e Conteúdo do Processo Penal: Solucionar


conflitos de natureza penal, visando assim aplicar sanção ao
acusado/infrator em questão;
 Conteúdo: Juiz (Acusação) e réu (Acusado)

 Procedimento: Trata-se do instrumento do processo, forma na qual


são organizados os atos processuais no processo, os tipos de crime;
 Cada processo terá um procedimento específico com base no caso
penal em questão;
 O crime irá estabelecer o procedimento;
 O Procedimento é divido entre 2 espécies, podendo ser Comum ou
Especial;
 Basicamente, o procedimento que não for especial, será comum (sendo
a competência que irá estabelecer qual será utilizada no processo);

 Procedimento Comum: Divide-se entre Ordinário, Sumário e


Sumaríssimo;
 Ordinário – Se aplica para crimes cuja sanção máxima cominada for
igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade, salvo se não
se submeter a procedimento especial;
 Sumário – Se aplica para crimes cuja sanção máxima cominada seja
inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade;
 Sumaríssimo – Se aplica para infrações penais de menor potencial
ofensivo; Ex. Contravenções penais e crimes de que não superem a
sanção de 2 anos.
 Vale ressaltar que o procedimento sumário é pouco utilizado (isso se dá
pelo fato da ligação entre crimes, podendo fazer com que o mesmo
mude para o procedimento ordinário).
 Penas são estabelecidas pela lei, não por sentença (antecedendo assim
o processo).

 Princípios do Processo Penal: Visam orientar o profissional do


Direito na interpretação e aplicação das normas jurídicas;
 Os princípios são de suma importância na hora da criação das leis (o
Congresso analisa se as novas leis estão em harmonia com os
princípios);
 Leis particulares a um Estado são exceções a regra (nesse caso, parte
de uma Assembleia Legislativa a apreciação dos princípios);
 A CF possui princípios fundamentais no que diz respeito ao processo;
 As leis devem respeitar os princípios fundamentais (CF, doutrina e
código processual).

 Princípio da Oficialidade: Não está na CF, porém decorre de


previsões legais da CF, mesmo não estando necessariamente expresso
(a doutrina aprecia tais previsões);
 Relaciona-se com algo que é oficial/público;
 Implica que os órgãos responsáveis por essa persecução penal
possuem origem pública (oficial do Estado);
 Ação Privada: Ação é movida pelo ofendido (exceção no que tange a
propositura da ação em questão). A proposta (iniciativa) será privada,
não o processo em si (vale lembrar que o processo possui natureza
pública).

 Princípio da Ação ou Iniciativa das Partes: Inércia da


jurisdição, a jurisdição deve ser provocada, tendo as partes que levar o
problema para as portas do judiciário;
 Proposta por meio de peça acusatória:
 Ação Pública – MP, por meio de denúncia.
 Ação Privada – Ofendido, por meio de queixa-crime.
 Tais são as petições iniciais que provocam a jurisdição.

 No Direito Penal, existe o inquérito policial:


 Persecução Penal – Divide-se em investigatória (inquérito policial,
polícia civil); são colhidos os elementos necessários para iniciar o
processo. Já a persecução penal processual acontecerá no judiciário.
 O inquérito policial não começa o processo, apenas colhe os elementos
para iniciar a ação;
 A função do delegado se encerra quando o mesmo entrega/encaminha o
relatório para o juiz;
 O juiz nada fará com o relatório, pois precisa da iniciativa das partes
para dar início ao processo (se for de iniciativa pública, caberá ao MP
iniciar ou arquivar o processo);
 Se for de iniciativa privada, nada pode fazer o juiz sem iniciativa das
partes interessadas;
 Se o autor possui todos os elementos para propositura, se excluirá o
inquérito policial.

 Princípio da Oficiosidade: Agir de ofício no processo penal,


quando os órgãos incumbidos devem agir ou não de ofício no processo;
 No caso de Ação Pública: Pode ser Incondicionada ou Condicionada:
 Incondicionada: Inquérito independerá da vontade do ofendido; de
ofício por parte do delegado (idem com o MP);
 Condicionada: Necessita de aprovação da vítima para iniciar;
 Em relação ao juiz (em ambos os casos) o mesmo não poderá declarar
de ofício (pois estaria indo contra o princípio da inércia). Porém, no que
diz respeito aos despachos, o juiz pode declarar de ofício (busca da
verdade real), exigindo então novas investigações por desconfiar da
licitude das anteriores.
 No caso de Ação privada: O delegado nesse caso não pode agir de
ofício, pois parte da vontade da vítima;
 O MP possui o princípio do “custus legis” no qual apenas caberá ao
mesmo fiscalizar se a lei está sendo aplicada adequadamente, não
oferecendo então denúncia. O juiz precisa ser “provocado” pela queixa
crime.

 Identidade Física do Juiz: Consiste na vinculação do juiz aos


processos cuja instrução processual acompanhou;
 Vinculação do juiz, que passou a vigorar no PP com a reforma
processual de 2008, CPP 399 inciso 2°
 O juiz que presidiu a instrução deve ser o mesmo que a julga, tendo tal
fato adquirido força com a reforma;
 Não é um princípio absoluto, visto que podem acontecer imprevistos
(juiz adoecer, dentre outros imprevistos que impeçam o juiz de julgar).
Vale ressaltar, porém, que tais ocasiões são de caráter excepcional;
 Quanto ao crime de competência do júri, compete ao júri, não entrando o
princípio da identidade física do juiz.

 Juiz Natural: Juiz competente (conhecido previamente da prática


penal). Com tal princípio, podemos destacar a competência, que são as
limitações quanto a jurisdição do juiz (território, área de direito, etc.);
 “ninguém será julgado senão pela autoridade competente”;
 Divisão da esfera de atuação dos juízes;
 Trata-se do juiz previamente conhecido de acordo com as regras de
competência estabelecidas anteriormente à pratica da infração penal;
 Com tal princípio, já fica estipulado qual será o juiz que julgará o ilícito
que vem a acontecer;
 Proibido tribunais de exceção, juízes que não possuem competência
para julgar o fato, sem a devida previsão legal;
 No caso de suspeição, será afastado o juiz, visto que o mesmo estará
infringindo o princípio da neutralidade (logo, deve ser competente e
imparcial);

 Igualdade Processual: Tal princípio consiste no fato de todos


serem considerados iguais perante a lei, visando assim a efetividade da
igualitariedade no processo;
 CF, 5°caput. Igualdade de oportunidades;
 Tratar desigualmente na medida das desigualdades (igualitário);
 Estado garantindo um equilíbrio de forças no processo;
 Princípio “In Dubio Pro Réu”, visando garantir que o réu não seja
culpado por crime que não cometeu;
 Princípio da Publicidade: Natureza constitucional, devido sua
importância;
 Atos processuais devem ser públicos (transparência aos atos
processuais), ressaltando uma atuação transparente do Estado;
 Publicidade plena – Atos processuais abertos ao público em geral
 Publicidade restrita – Atos que devem ser restritos publicamente,
visando defender a intimidade (dignidade da pessoa humana);

 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa: Possuem


natureza constitucional, e são direitos absolutos “aduatur at altera pars”
 Todo acusado possui direito de se defender amplamente de acusações;
 Amplitude de defesa – necessidade do acusado de ter um advogado,
uma defesa (defesa essa que pode ser técnica caso o réu possua um
advogado ou pessoal no caso de o réu possuir plena capacidade
postulatória);
 Direito ao Contraditório – Direito de contradizer as acusações jogadas
contra si;
 o réu deve participar, não ser apenas um mero espectador no
processo;

 Devido Processo Legal: Possui natureza constitucional,


apresentando garantias para a devida tramitação do processo;
 Ninguém será privado de seus direitos sem o devido processo legal;
 Regras para os atos processuais, com a devida instrumentalidade,
seguindo e assegurando as tramitações legais do processo;

 Presunção de Inocência (CF, 5°L VII):


 Princípio que possui natureza constitucional e estabelece que o Estado
aguarda o trânsito em julgado para aplicar então a prisão;
 Exceção no que tange o Art. 293 do CPP, que não impede o início da
execução da pena com a confirmação ou condenação em segunda
instância (relativização do princípio);
 O Art. 283 do CPP não define o início da execução da pena (sendo que
O trânsito em julgado só acontece depois de esgotados todos os
recursos, na esfera penal. Como regra, não haverá mais discussão
sobre o assunto (com exceção em casos de revisão criminal, que
consiste em novos fatos que podem mudar uma decisão judicial);
 A revisão seria uma nova ação proposta pelo condenado (não
configurando como um recurso);
 A antecipação da pena desconta na pena final;
 Cláusula pétrea – Decisão que não pode ser alterada, nem mesmo por
emenda;
 Prisão preventiva possui prazo estipulado (transcorrido o prazo, as
mesmas se tornam excessivas);
 Prisão pena seria a prisão definitiva (após a devida tramitação
processual e estabelecida a pena ao réu);
 Ao contrário do Direito americano, o Direito brasileiro possui muitas
possibilidades de recurso;
 O indivíduo não pode ser considerado culpado sem o devido processo
legal (necessária a existência do mínimo juízo de certeza para prender);
 A somatória dos atos processuais definirá o tempo da prisão
preventiva;
 Vale ressaltar o quanto demorou para que certas garantias fossem
conquistadas no Direito Brasileiro (sendo tal princípio uma delas);

 Favor Rei (In Dubio Pro Réu):


 Jus Puniendi X Jus Liberatis, Estado X Acusado (oferecendo resistência
ao Estado);
 Basicamente, o direito de liberdade prevalece (na dúvida, o direito é do
réu);
 Esgotados os recursos (e no caso, ainda houver dúvidas quanto a
inocência do réu) libera-se o réu;
 A exceção quanto a este princípio encontra-se nos crimes de
competência do júri (possibilidade de relativização do mesmo);
 Jus Liberatis, no caso de crimes dolosos contra a vida;
 No caso, podemos separar em 2 fases, sendo a 1° o recebimento da
denuncia até a sentença de pronúncia (juiz decide se é ou não crime
doloso contra a vida); vale ressaltar que ainda não existem jurados
nessa fase);
 Na 2° fase, entra o júri. Aqui, não se aplicará o princípio in dúbio pro réu,
visto que a pronúncia do júri não é uma decisão final;
 O réu pode ser liberado pelo júri (visto que existe a dúvida);
 Juiz deve fundamentar sua dúvida;

 Duplo Grau de Jurisdição: Tal é a estrutura do Poder Judiciário,


consistindo na possibilidade recursal de 1°grau por uma instância
superior;
 Direito ao recurso;
 Legislação processual (recursos previstos por estes);
 Amparado pelo contraditório e ampla defesa;
 A antecipação da pena fere vários princípios;
 Inquérito Policial

 Persecução Penal: Conjunto de procedimentos adotados pelo Estado a


fim de efetivar o direito de punir o infrator;
 Divide-se em 2 fases: Pré-Processual (investigatória) e Processual;

 Pré-Processual – âmbito da polícia civil ou estadual (presidida pelo


delegado de polícia);
 Polícia Civil, também chamada de judiciária, pois auxilia o Poder
Judiciário;
 Inquérito policial - instrumento de investigação que materializa as
provas. O inquérito será aplicado em infrações de maior potencial
ofensivo;
 Termo Circunstanciado – Instrumento de investigação para Infrações
de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes cuja pena máxima
seja até 2 anos;
 Processual – Se inicia com o recebimento pelo juiz da denúncia dos
crimes de ação pública ou da queixa crime dos crimes de ação privada;
 Vale destacar que só irá para a 2°fase após o promotor oferecer a
denúncia;
 Análise da Materialidade (se aconteceu crime) e da Autoria (quem
cometeu o crime);

 Notitia Criminis:
 1°etapa da fase pré-processual;
 Trata-se da notícia do crime que é levada ao delegado de polícia;
 O delegado deve ter conhecimento do crime para iniciar a persecução;
 A doutrina separa tal fase em Cognição Imediata (ou direta), Mediata
(ou indireta) ou cognitiva;

 Cognição Imediata – É a mais comum e se divide entre Delatio


Criminis Inqualificada (delação feita anonimamente) e Delatio Criminins
(delação que não é anônima, sendo feita por qualquer pessoa que vai e
relata ao delegado, presencialmente);
 Mediata – Situações nas quais não se inicia a ação pelo delegado,
sendo então requerido o inquérito para apuração dos fatos por terceiros
(promotor, juiz);
 Como juízes e promotores não possuem bases necessárias, vem a
necessidade de instauração do inquérito;
 Cognitiva - É aquela em que o delegado de polícia recebe a informação
da prática da infração penal juntamente com o infrator sendo conduzido
em estado de fragrância para cárcere;
 A regra é que o inquérito venha primeiro no processo, embora possam
haver exceções. Vale ressaltar a força e coerção que possui o
inquérito;

 Inquérito Policial: É o conjunto de procedimentos adotado pela


polícia civil para apuração de uma infração penal (materialidade) e sua
autoria; analisa-se aqui se o crime realmente aconteceu;
 Natureza do Inquérito Policial – Instrumento investigatório
administrativo com suas ações postadas no diário executivo;
 Valor Probatório – Possui conteúdo informativo/valor relativo;
 Não possui conteúdo acusatório, mas sim informativo (indícios do
crime);
 Deve ser confirmado pelo desenvolvimento da fase judicial (salvo os
elementos que não podem ser repetidos, como uma biópsia, todos os
outros serão repetidos visando confirmação dos elementos colhidos no
inquérito);
 Necessita do Contraditório para possuir efetividade;
 Valor relativo devido a necessidade de confirmação;
 Fase Judicial – Nessa parte, serão confirmados em juízo tudo aquilo
que aconteceu na fase policial;
 Visa apurar indícios de autoria e materialidade para fornecer ao titular do
direito de ação os elementos necessários para sua propositura em juízo;
 Levanta todos os elementos possíveis que serão entregues ao dono da
ação (MP em caso de ação pública e ao ofendido em caso de ação
privada);
 Sem contraditório no inquérito policial, apenas depois do laudo, após
averiguados os fatos;
 Possui valor relativo (não é o bastante para prender o réu);

 Dispensabilidade: O inquérito policial acompanhará a peça acusatória,


sempre que servir de base a uma ou outra (denúncia ou queixa); Art. 12
CPP;
 Tudo eletronicamente acompanhado (processo digital);
 Necessários elementos (do ilícito e autor) que fundamentam a queixa,
caso já tenham os indícios, torna-se então desnecessário o inquérito;
 Autoria e materialidade (requisitos para configurar o ilícito no inquérito
policial);
 Inquérito pode ser instaurado depois, não necessariamente antes da
fase processual, para averiguar outros fatos relevantes ao processo;
 Despache de aceite da queixa ou denúncia pelo juiz (quando irá
começar a fase processual);

 Atribuição:
 Presidência – Delegado (policial civil);
 Critérios –a) “Ratione Materiae” e b) “Ratione Ioci”
 Duas esferas de policia civil (federal, estadual e do DF);
 Federal: Hall do art.109 da CF (Ex. tráfico transnacional)
 Estadual: Crimes locais;

 b) Local do Crime: Polícia civil do munícipio irá lidar;


 No caso de não haver polícia federal no munícipio que um crime federal
vier a ocorrer, a civil irá lidar e atribuir posteriormente para a federal;
 DF possui regime administrativo próprio;
 Competência estadual é considerada residual;

 Auto de Prisão em Flagrante: Auto de prisão em flagrante onde for


dada a voz de prisão;
 Depois, se encaminha para o local de fato (casos em que o suspeito
foge para outro município);
 Certos vícios podem ser consertados na fase processual (dar a voz de
prisão, mas levar diretamente ao local de fato, ao invés de iniciar a
prisão no local de voz de prisão;
 Carta Precatória: Instrumento que possibilita que o testemunho seja
dado à distância;
 Delegado do local de fato envia o instrumento ao delegado da cidade;
delegado deprecante (local de fato) e deprecado (local da
testemunha);
 Deprecante irá auxiliar o deprecado para realizar ação testemunhal;

 Características:
 Escrito – CPP,9°: Rubricado pela autoridade;
 Sigiloso – CPP,20°: Sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido
pelo interesse da sociedade;
 MP e Juiz não são atingidos pelo sigilo;
 Advogado – súmula 14 do STF;
 Haviam duas correntes que entravam em conflito (contraditório e ampla
defesa que assegura ao defensor conhecimento sobre inquérito policial,
na teoria e por outro lado, o sigilo expresso no art.20 do CPP);
 Vigora então que o advogado possui acesso a diligências já
encerradas, não as que ainda estão em andamento;

 Documentado: Quando o inquérito já está finalizado, concluso;

 Inquisitivo: Contrário ao sistema acusatório (que possui defesa).


Inquérito não possui o sistema da defesa;
 Investigação nem sempre resultará em acusação formal;
 Defesa apenas na fase processual (princípio da ampla defesa e
contraditório);
 Advogado pode acompanhar o inquérito, podendo então analisar
possíveis abusos de poder. Caso haja, o advogado pode entrar com
recurso e “trancar” (arquivar) o inquérito; H.C (habeas corpus para quem
foi preso injustamente ou preventivo visando evitar maiores abusos de
poder, fora o inquérito que já fora lesivo);
 Juiz quem deve determinar a aprovação do H.C;

 Oficial: Apenas instaurável por órgão oficial do Estado (Policia Civil ou


Judiciária, sinônimas);
 Oficioso: O delegado pode agir de ofício, possuindo o dever de
instaurar o inquérito de ofício, sendo apenas no caso de ação pública
incondicionada (não leva em conta a vontade das partes);

 Ação Pública Condicionada: Dependerá da autorização da vítima


(sendo abuso de poder continuada sem a autorização da vítima);
 Crimes de Ação Privada: Necessita de requerimento do ofendido
(iniciado inquérito policial, todos os atos são considerados de ofício);
 Tanto ação pública condicionada quanto crime de ação privada são
casos nos quais o delegado não pode delegar de ofício;
 Indisponível: Delegado não pode arquivar o inquérito depois de
instaurado.

 2°Bimestre:

 Finalidade do Inquérito Policial: Reunir elementos de autoria e


materialidade para o autor da ação;
 Após isso, se encaminha ao juiz (depois que o mesmo for formalmente
provocado por queixa crime ou denúncia);
 Inquérito em si não é suficiente para provocar o juiz, sendo este
indisponível e dispensável (como já dito anteriormente);
 Formas de Instauração do Inquérito Policial: Art.5° (conceito);
 De Ofício: Crimes de ação pública incondicionada;
 Oficiosidade: Agir sem ser provocado;
 Nestes casos, basta o delegado tomar conhecimento do crime, sendo
então registrada a ocorrência, para aí então iniciar o inquérito policial;
 Não se aplica a todos os crimes;
 Peça Inaugural: Portaria, peça simples na qual o delegado relata de
maneira sintética como aconteceu o crime;
 Deve possuir todos os elementos de que houve o crime;
 A data da portaria deve ser a data de início do inquérito policial;
 Auto de crime em flagrante é uma exceção a tal regra, pois será
registrado em datas distintas (dependendo do caso, no dia seguinte ao
auto da prisão em flagrante);

 Requisição Judicial ou Ministerial: Requisição do juiz (judicial) ou do


MP (ministerial);
 Situações que o fato chega ao juiz/promotor antes do delegado;
 Iniciativa deve ser do autor da ação (delegado não é autor);
 Requisita então ao delegado a instauração do inquérito (não é possível
ao juiz/promotor iniciar processo sem os indícios suficientes de
autoria/materialidade);
 Vale ressaltar que não existe relação hierárquica no Direito;
 Deve ser cumprida a requisição, mas por caráter de ofício pelo
delegado, não por caráter hierárquico (delegado não pode recusar); a
exceção para tanto seriam casos nos quais a ordem é ilegal (logo, não
deve ser cumprida);
 Delegado deve informar a autoridade requisitante os motivos para sua
recusa (fundamentar);
 O motivo deve ser legal. Ex. Juiz/MP pedir para se instaurar inquérito
sobre uma pessoa na qual já existe inquérito em andamento; Casos de
abolitio criminis (inquérito policial pedido em virtude de um fato que não
mais configura como crime no tempo que o mesmo for pedido ao
delegado);
 Caso o delegado não justifique, comete crime de prevaricação (retardo
da ação pública) e desobediência de cargo público;

 Requerimento do Ofendido/Representante Legal: Crimes de ação


privada; Ex. Crime contra a honra;
 Ofendido – Vítima do crime;
 Representante Legal – Menor ou incapaz que precisa de tutela de um
maior capaz;
 Boletim de Ocorrência – Notitia Criminis; requerimento não possui
formalidade, podendo constar no próprio boletim de ocorrência, de forma
expressa a requisição de inquérito, sendo então redigida pelo advogado
posteriormente;
 Delegado só pode instaurar o inquérito com pedido expresso do
ofendido;
 O ofendido irá oferecer elementos básicos ao delegado;
 Delegado pode recusar quaisquer diligências requeridas pelas partes,
menos o exame de corpo e delito;
 Parágrafo 2° do art.5° do CPP permite o indeferimento do requerimento
de abertura do inquérito;
 Vale destacar, porém, a possibilidade de recurso daquele cujo pedido
fora indeferido;
 Delegado deve fundamentar a recusa, evitando assim o crime de
prevaricação;
 No caso de recurso, entra a hierarquia policial (agentes que se
encontram acima do da figura do delegado que fora procurado, tais
como delegado geral, seccional, dentre outros);

 Representação do Ofendido ou de seu Representante


Legal:
 Casos de ação pública, porém condicionada;
 Condicionada à representação (caráter de autorização por parte do
ofendido);
 Não pode ser declarada de ofício por parte do delegado;
 Ofendido deve dar a autorização ao delegado para se instaurar o
inquérito policial;
 B.O não permite que seja instaurado o inquérito (pois é apenas notitia
criminis);
 Ação Privada: Movida pelo ofendido por meio de peça, necessitando de
requerimento ao invés da representação da ação pública
condicionada;
 A Ação Pública condicionada possui um interesse tanto público quanto
privado;
 Representação deve se encontrar extensa, seja no boletim de
ocorrência ou formalmente escrita em documenta à parte;
 Caso o ofendido possua todos os elementos, não é necessário o
requerimento/representação;

 Auto de Prisão em Flagrante:


 Notitia Criminis de cognição coercitiva;
 Peça Inaugural;
 Crimes de todos os tipos de ação;
 Possibilidade de prender antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, garantida pela CF;
 Prisões Cautelares: Flagrante, Temporária e Preventiva;
 É necessário para as prisões cautelares a existência dos elementos de
legalidade da medida tomada e a fumaça do bom direito;
 Liberdade do réu representa um risco societário (logo a prisão);
 A prisão em flagrante acontece antes do inquérito policial, levando
então o delegado a realizar o auto da prisão em flagrante;
 Notitia Criminis chega junto com o infrator (cognição coercitiva);
 Prisão acontece antes, sem necessidade de fazer a portaria e indo
diretamente para a peça inaugural, que é o auto de prisão em
flagrante;
 Prazo mais curto devido a prisão provisória do infrator (10 dias para
finalizar o inquérito);
 Portaria nesse caso é opcional;
 Pode acontecer em qualquer tipo de ação (pública e privada);
 Privado precisará da ratificação do ofendido (vontade de ver o infrator
processado, expressamente);

 Providências (art.6°CPP):
 Assim que tomar conhecimento, a autoridade policial deve garantir que a
natureza do local do crime não seja alterada, até a presença dos
peritos policiais (deve ser preservado o estado de conservação das
coisas);
 Não é via de regra a presença do delegado no local do crime (visto a
relevância de certas infrações sobre outras, casos nos quais existem
outros compromissos de maior importância ao delegado);
 Cena do crime deve ser conservada (salvo casos em que a mesma
ofereça riscos para a sociedade, como num acidente de carros onde os
destroços ofereçam risco a futuros acidentes);
 Policia militar quem comparece nesses casos, não a civil;
 Após a perícia, é desfeita a cena do crime e os objetos com relação ao
fato são apreendidos;
 Nem todas as provas podem ser encontradas na cena do crime
(entra aí investigação, oitiva das vítimas, dentre outros métodos que
comprovem os indícios de materialidade do crime);
 Devem ser recolhidas todas as provas que servirem de esclarecimento
para o fato/circunstância;
 Elementos Necessários à Elucidação dos Fatos:
 Oitiva do Ofendido: Se toma o termo de declaração do ofendido,
obtendo informações a respeito da qualificação penal do infrator;
 Natureza inquisitiva do olhar do delegado, nunca julgadora;

 Reconhecimento de Pessoas e Objetos:


 Procedimento (CPP,226);
 Reconhecimento Fotográfico;
 Colocar lado a lado pessoas com as mesmas características do
suspeito;
 Descrição do infrator vem primeiro, para depois juntar os suspeitos;
 Diferentes formas de se identificar um infrator, não sendo apenas física
(voz, vícios de linguagem, gestos, dentre outros);
 Tempo razoável para pedir descrição da vítima (não muito cedo, visto o
estado de forte emoção do ofendido);
 Reconhecedor vai apontar aquele que desconfiar ser o infrator;
 Auto de reconhecimento pessoal (ato de admitir que reconheceu o
infrator sem sombra de dúvidas);
 Autoridade policial deve garantir que o suspeito não veja quem o
reconheceu, garantindo assim que o ofendido não seja coagido e sinta-
se em segurança;
 Porém não garante que o ofensor descubra quem o reconheceu (visto
que o mesmo pode ter acesso a informações posteriormente);
 Em casos de menor de idade, é necessário a presença do conselho
tutelar;
 No caso de fotografias, é extremamente arriscado e difícil o
reconhecimento;
 Prova – Tudo aquilo que não contrariar a lei. Vale destacar que a
confissão não extingue o crime (como era outrora, rainha das leis);
 Fotografia é considerada uma prova inominada;

 Quanto ao reconhecimento de objetos, seguir-se-á o mesmo parâmetro


da identificação de pessoas;
 Nota fiscal é necessária para comprovar o dono do objeto;
 No momento do julgamento não se aplica o sigilo do reconhecedor (visto
que existe o princípio do contraditório);
 Instrução Criminal – Procedimento da fase processual no qual as
provas são produzidas para o processo;

 Reprodução Simulada dos Fatos – CPP,7:


 Princípio da não-autoincriminação;
 Vedado o atentado à ordem pública e aos bons costumes;
 Dramatização do momento do crime (que não pode acarretar tumulto)
visando fornecer informações maiores, elucidando maiores detalhes do
ilícito que possam ter escapado de vista;
 Exige participação da perícia técnica;
 Acusado não é obrigado a responder perguntas (não autoincriminação)
nem fazer parte da simulação do crime;

 Busca e Apreensão – CPP, 6°II:

 Regras constitucionais (quando se pode ingressar em casa alheia);


 Durante o Dia: Situações de flagrante (sem mandado judicial);
 No Direito, o dia configura como o período de luz solar (que varia de
Estados para Estados);
 Flagrante é a única forma de ingresso em casa alheia por parte de
oficiais que dispensa o mandado judicial;
 É possível o ingresso com autorização expressa do morador;
 Casos de desastre ou para prestar socorro;
 Por meio de ordem judicial;
 Durante a Noite: Caso de flagrante, desastre e prestação de socorro;
 Consentimento do morador;
 Não se cumpre mandado judicial à noite;
 Após a CF 88, houveram mudanças quanto ao ingresso em residências
particulares;
 Polícia não irá invadir sem ter certeza da situação de flagrante;

 Investigado:
 Interrogatório, Identificação Criminal, Antecedentes – Informações sobre
vida progressa;
 Formal Indiciado – Imputação a alguém da prática, infração penal;
 Só se indicia quando se possui maiores elementos de autoria da
infração penal;
 Com o indiciamento, as investigações se concentram na pessoa do
indiciado;
 Até o momento do formal indiciamento, o delegado colhe
informações que podem ou não vir a tornar o investigado um
indiciado;
 Delegado necessita de elementos consistentes de autoria do
suspeito;
 Investigado não possui elementos suficientes que comprovem a autoria
da infração;
 Caso de auto de prisão em flagrante são uma exceção, visto que vai
diretamente para o indiciamento formal (tal como casos em que já
existem elementos concretos)
 Um inquérito para cada crime que o possível infrator tenha cometido;

 Interrogatório:
 Descumprimento da Notificação – CPP, 260;
 Direito Constitucional ao Silêncio – CF, 5°LXIII;
 Interrogatório Policial – Não há figura do contraditório, possuindo
natureza inquisitiva;
 Interrogatório Processual – Figura do ofendido presente, re-perguntas
ao réu e com natureza contraditória;
 Investigado tem o direito de se defender de possíveis abusos no
interrogatório policial, visto que a autoridade policial não pode usar de
excessos para extrair quaisquer informações do indiciado;
 Não possui mais o delegado direito de induzir e forçar o indiciado como
possuía outrora;
 Indiciado tem o direito de levar um advogado para o interrogatório,
valendo destacar que o mesmo apenas estará lá para garantir que
nenhum excesso seja cometido (não é possível ao advogado formular
perguntas, apenas na fase processual);
 Descumprimento da Notificação – CPP, 260: Condução coercitiva
caso o suspeito não compareça, devendo este atender a notificação
assim que recebida para prestar depoimento;
 A pessoa deve ser notificada (comumente 3 vezes), sendo abusivo a
condução coercitiva sem notificação prévia;
 Mesmo se aplica para testemunhas (notificação e condução coercitiva
caso não obedecido o chamado);
 Investigador de polícia é quem notifica, em regra;
 Direito Constitucional ao Silêncio – CF, 5°LXIII: Não apenas no
interrogatório policial, mas também no judicial.
 Indiciado não pode ser obrigado a responder uma pergunta;
 Caso não queira assinar um documento comprovando o interrogatório,
duas testemunhas de leitura assinarão no lugar;
 Silêncio não pode presumir culpa no Processo Penal, visto a natureza
probatória e de defesa do interrogatório;
 Silêncio não se aplica a perguntas de qualificação (identidade do
suspeito) apenas perguntas de mérito;
 Identificação Criminal (CF, art.5°LVIII):
 O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal,
salvo nas hipóteses previstas em lei;
 Quaisquer documentos que comprovem a identidade civil (RG, OAB,
CNH); documentos públicos com foto;
 Prevalece a identificação fotográfica e biométrica (genética ainda
existem ressalvas na lei);
 Na regra geral, caso possua o documento de identidade, não se
identifica criminalmente;

 Lei 12.037/09 – Art.3°


 Hipóteses de identificação criminal apesar de o investigado ser
civilmente identificado;
 Rasura, dados insuficientes para identificação e documentos distintos
com dados conflitantes;
 Interesse da investigação criminal (deve ser fundamentado o interesse,
que pode partir do delegado, MP, Juiz, defesa); pode acontecer tanto
no processo quanto no inquérito;
 Outros dados constantes dos registros (divergências entre documentos
e banco de dados da polícia);
 Estado de conservação ou distância temporal (documento mal
conservado, dano em partes de informações vitais ou foto
demasiadamente antiga); documento deixa de ser hábil;

 Juntada da Folha de Antecedentes Criminais e


Informações sobre a vida pregressa:
 Por vias de praticidade, considera-se uma fase só;
 Fruto de pesquisa dos antecedentes, mas sem todas as condenações
(toma como foco apenas as tramitadas em julgado);
 Sem as condenações de 1° ou 2° instância;
 Não constam inquéritos policiais instaurados;
 Precisa calcular a dosimetria por meio dos antecedentes, sendo juntado
ao inquérito e servido de base ao mesmo;
 Obs. CPP, 20§ único;
 Mesmo sem antecedentes, deve constar no documento em expresso
que o indiciado não os possui;
 Vale ressaltar o caráter pouco constitucional das perguntas no
documento de informações sobre vida pregressa;
 Natureza desnecessária das perguntas (sem compromisso algum do
investigado para com a veracidade de suas respostas);
 Visa obter informações sociais sobre o indiciado;
 Tais informações levantadas orientam, mas não possuem carga
probatória;

 Conclusão, CPP 10 e 11:


 Relatório – Endereçamento; encerramento, todos os atos já realizados
são levados ao juiz;
 Delegado pode juntar e informar ao juiz todas as diligências
concluídas;
 Laudos demorados, eventualmente não finalizados, podem ser
mandados posteriormente ao juiz por meio de ofício;
 Podem haver casos nos quais diligências atrasam devido a atraso de
outros órgãos (análise de tráfico de drogas, por exemplo);
 Juízo de Valor – Não se pode emitir juízo (culpar o investigado) com o
endereçamento, haja visto que o inquérito policial possui natureza
inquisitiva apenas;
 Vale ressaltar, porém, a possibilidade de emissão por parte do delegado
de relatos que investigou que venham a apontar indícios de autoria
(porém, sem carga de valoração moral nos mesmos);

 Prazos para Conclusão:


 O crime prescreve, logo, o delegado deve cumprir com o prazo para
entregar o inquérito ao juiz;
 Indiciado Solto – 30 dias corridos, em regra, para concluir o inquérito
policial;
 Exceções no que tange crimes de drogas (90 dias, pela L.E de Drogas),
visto a necessidade de laudos mais demorados que precisam de
apuração;
 Indiciado Preso – 10 dias corridos para o relatório;
 Caso preso por outro crime, não há ligação (prisão deve ser
relacionada ao fato relatado pelo inquérito);
 30 dias na L.E de Drogas;

 Descumprimento do Prazo:
 Há casos/crimes que as informações são mais difíceis de serem
levantadas;
 É possível que o delegado peça prorrogação do prazo ao MP (que
possui como função fiscalizar externamente a atividade policial);
 Juiz pode concordar ou não (aumentando o prazo ou diminuindo o
prazo de inquérito requerido);
 Delegado indica o que está faltando caso não aceite a diligência
(delegado deve fundamentar a prorrogação, dando vista do inquérito
todo ao juiz);
 Indiciado Preso – Não cabe prorrogação (laudos não finalizados vão
por ofício posteriormente);
 Indiciado Solto – É possível a prorrogação quanto for necessária
(valendo destacar aqui a boa fundamentação por parte do delegado e
pertinência da mesma, além da prescrição do ilícito);
 Prazo de 6 meses para o ilícito prescrever;

 Vencidos os 10 dias do indiciado preso, têm-se o relaxamento da


prisão (habeas corpus), com o investigado respondendo solto ao
inquérito policial. Vale destacar que o inquérito não será trancado;
 Prisão se torna abusiva caso indiciado continue preso;
 Delegado responde penalmente (prevaricação), civilmente (se o atraso
gerar dano moral ou material) e administrativamente (procedimento
disciplinar será aplicado devido ao atraso cometido) caso exceda o
tempo (perda do prazo de entrega do inquérito);
 Indiciado com prisão relaxada, o prazo aplicado será novamente o de
30 dias (vista a liberdade do mesmo);
 É preciso ordem judicial, sendo necessária a defesa pedir a ação de
habeas corpus;
 Sem ordem judicial, apenas se pode prender em flagrante;
 Caso não houver o pedido, juiz não pode liberar o indiciado por
ofício;
 Demanda decisão imediata do juiz quando pedida a liberação;

 Juiz pode exigir outras diligências caso faltem indícios de autoria e


materialidade por meio de cota (devolve pedindo outras diligências,
com prazo);
 Cota – Fornece (por pedido ministerial, em regra) a manifestação para
juiz exigindo outra diligência, com prazo;
 Caso delegado não consiga cumprir o novo pedido, pode pedir prazo
(fundamentando-o);

 Ocorrências Possíveis Após a Conclusão:


 Primeiro quem recebe o inquérito é o juiz;
 Princípio da inércia impede o juiz de iniciar o processo por ofício;
 Juiz deve analisar se ação é pública ou privada (denúncia ou queixa-
crime, respectivamente);
 Tipo penal aponta a natureza do crime;
 A) Crime de Ação Privada – CPP,19 – Juiz deve aguardar o
oferecimento da queixa crime pelo ofendido (tendo ele 6 meses para
oferece-la, a partir que toma ciência da autoria, não da data do fato);
 Após oferecida a queixa, juiz analisa os pressupostos e aí, após o
juiz aceitar a queixa, começa a fase processual;
 Quando dispensar o inquérito no crime, se espera a peça acusatória;
 B) Crime de Ação Pública: Remessa ao MP pelo Juiz;
 Abre vistas ao MP, sendo uma medida obrigatória ao juiz;

 Providências do MP:
 Oferecimento de Denúncia – Juiz abre vistas para o promotor,
podendo este oferecer a denúncia (peticiona ao juiz o início da fase
processual);
 Inquérito deve estar fundamentado, servindo de base para a denúncia;
 Prova – Somente por meio do contraditório (somente na fase
processual);
 Indício – Não possui contraditório, devendo ser veemente;

 Requisição de Novas Diligências à Polícia – Inquérito volta para o


delegado de polícia para que sejam levantados os elementos que faltam;
 Delegado deve cumprir a diligência no prazo estipulado. Neste caso, o
delegado pode pedir prazo, visto que o inquérito já foi entregue;
 Cota Judicial – Do juiz (por meio de parecer do MP);
 Cota Ministerial – Parte do MP (direito à polícia);

 Proposta de Arquivamento:
 A) Juiz Concorda – Juiz arquiva, não vira processo (visto que foi
arquivado antes da fase processual, antes da denúncia);
 B) Juiz Discorda – Determina que o inquérito seja analisado pelo chefe
do MP (Procurador Geral).
 Sem pedido formulado, juiz não pode instaurar;
 B1) Procurador Geral discorda do MP – Será designado outro
promotor para oferecer a denúncia (visto que o MP é autônomo e
procurador pode exigir decisão diferente do 1° Promotor);
 O próprio Procurador Geral pode oferecer a denúncia, caso o 2° ou
próximos promotores escolhidos não concordem com a decisão;
 Não necessariamente precisa selecionar outro promotor, ele pode
oferecer a denúncia (porém um promotor será selecionado para
fiscalizar, haja visto as funções diversas do Procurador);
 B2) Procurador Geral Concorda com o MP - art.128, sem saída ao
juiz, devendo então arquivar o inquérito;
 Possibilidades para o Desarquivamento de Inquérito
Policial:
 1) Insuficiência de Provas sobre a Condenação – Juiz arquiva devido
a falta de provas (sobre a condenação) naquele momento para
fundamentar. Ao surgi-las, posteriormente, o juiz pode desarquivar o
inquérito;
 Delegado pode continuar investigando (outros casos que venham a
ajudar a fundamentar o inquérito arquivado);
 2) Inexistência do Crime – Inquérito concluiu que não há crime, logo,
não pode ser desarquivado (segurança jurídica);
 Elementos que comprovam que o delito cometido fora realizado num
excludente de ilicitude;
 3) Causa de Extinção da Punibilidade – Crime prescreveu, autor
morreu, coisa julgada na decisão, não havendo espaço para
desarquivamento;
 Súmula 524 do STF: Não se reinicia discussão sobre inquérito
arquivado sem que haja novas provas;
 CPP,18: Autoridade reinicia investigação caso tenha notícia de novas
provas que venham agregar ao inquérito;

 Providências do Flagrante (CPP, 304):


 Delegado faz uma averiguação prévia, levantando se foi ou não
flagrante;
 1) Condutor – Delegado entrega o recibo de entrega de preso. A partir
do momento, a custódia passa para o delegado e seus subordinados;
 Qualquer um pode dar voz de prisão (não se recomenda);
 Delegado ouve informalmente o condutor para confirmar o auto;
 2) Testemunhas – Delegado ouve as testemunhas. Pode haver
flagrância sem testemunha, porém deve haver a testemunha de
entrega do flagrado (presenciando apresentação do preso ao
delegado);
 Pode ser feita por policial ou civis que chegaram posteriormente;
 3) Ofendido – Caso esteja vivo, será ouvido pelo delegado;

 4) Autuado – Flagrado, praticou a ação penal;


 4.1) Direitos Constitucionais – Silêncio, assistência da família ou
pessoa por ele indicada, assistência de defensor (art.5° da CF);
 Direito de saber quem é o responsável por sua prisão;
 4.2) Interrogatório e Formal Indiciamento.
 4.3) Nota de Culpa – Apenas no flagrante. Ciência que se dá ao
autuado sobre os motivos que fundamentam a sua prisão. Deve ser
assinada e entregue no prazo de 24 horas da sua prisão;
 4.4) Comunicações – Art.304. Prisão deve ser imediatamente
comunicada ao juiz, MP e Defensoria Pública (neste último caso quando
o autuado não foi acompanhado por defensor constituído no auto de
prisão em flagrante). Essas mesmas autoridades devem receber uma
cópia de todo o procedimento no prazo de 24 horas;
 4.5) Crimes Afiançáveis – Na esfera da polícia judiciária/civil (estadual
ou federal) se o delegado arbitra a fiança e esta é honrada, o flagrado
responderá solto ao inquérito policial;
 Tais são crimes cuja pena máxima estabelecida pela lei não for superior
a 4 anos (Ex. Crime de furto);
 1 a 100 salários mínimos (não apenas ao delegado arbitrar, podendo
posteriormente ao juiz arbitrar);
 Não importa se é reclusão ou detenção;
 4.6) Audiência de Custódia – Verifica se não existem motivos para
relaxamento da prisão em flagrante;

 Termo Circunstanciado (Lei 9099/95):


 Só se aplica nas infrações de menor potencial ofensivo (gêmeo do
inquérito, porém mais simples);
 Só despacha o que deve ser feito (do delegado para o escrivão);
 Mais célere e menos formal;
 Ao invés de inquérito, instaura-se termo circunstanciado;
 Caso de flagrante, delegado lavra o termo circunstanciado. Flagrado
deve ser direcionado imediatamente ao juizado criminal especial ou
assinar compromisso de lá comparecer sempre que notificado (não é
privado de sua liberdade);
 Fora de flagrância é possível instaurar (qualquer outra hipótese de
inquérito policial normal);
 Não precisa de portaria, despachado imediatamente por ofício pelo
delegado;
 Ação privada ou pública condicionada para representação (grande
parte dos crimes de menor potencial);

 3° Bimestre:

 Retomada de Conteúdo – Delegado envia o inquérito para o juiz;


 Juiz não pode dar início por sua conta (princípio da inércia da jurisdição);
analisa-se primeiramente se a ação é pública (M.P) ou privada
(interessado na ação);
 Ação Penal:
 Ação – É o direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado (direito
este que existe em qualquer esfera do Direito e que existem para
circunstâncias nas quais não cabe tutela/resolução externa);
 Pressupõem a existência de um crime, no qual deve haver um
processo (visto que o mesmo não existe com ser resolvido fora da
jurisdição);
 Direito de pedir ao Estado/juiz a aplicação do Direito Penal objetivo a um
fato penalmente relevante a fim que se possa condenar o infrator;
 Não há como se condenar fora do processo. Para haver processo
penal, DEVE ter havido crime (infração penal);
 Deve ser pedido ao juiz (não pode ser instaurado por ofício); pedido
este que é exercido por meio do direito de ação pelo MP (ação
pública) ou pelo ofendido (ação privada);
 Ofendido OU seu representante legal;
 Condições da Ação Legal:
 1) Legitimidade para Agir – Aquele quem pede, deve possuir
legitimidade (Ad Causam);
 Ad Causam – Refere-se à titularidade do direito de agir, aquele quem
possui efetivamente o direito de agir;
 1.a) Polo Ativo – Depende do tipo da ação (Pública ou Privada);
 1.b) Polo Passivo – Refere-se ao infrator (acusado). Vale ressaltar o
fato de estar no polo passivo da ação legal, porém sendo sujeito ativo
do crime; no polo passivo SEMPRE será o infrator;

 Ad Processum – Refere-se à capacidade processual, a capacidade de


estar no processo;
 Nem todos são capazes, devendo alguns serem representados (por
outrem que possua tutela, maior e capaz);

2) Interesse de Agir – Clareza da existência de uma ação penal e que


haja o trinome da necessidade, adequação e utilidade;
 A) Necessidade – Necessário vias processuais para resolver o conflito.
Se o ofendido não quer mover a ação, já não existe mais o fator
necessidade;
 B) Adequação – Os meios utilizados para propor a ação devem ser
adequados. Ex: Ação de homicídio proposta em juizado especial (que
possui rito sumaríssimo, logo não cabe homicídio que é de 6 a 20 anos);
 C) Utilidade – Prestação judicial deve ser útil. Se houver composição
civil do dano, não há mais a necessidade de mover a ação, haja visto
que não existe mais utilidade (dano foi ressarcido); o direito de ação
então é renunciado;
 3) Possibilidade Jurídica do Pedido – Deve haver tipicidade do fato
e admissibilidade do pedido no ordenamento jurídico;
 Deve haver o crime, se não, não existe possibilidade de se pedir;
 Ex: mover ação exigindo pena de morte (proibida no ordenamento
jurídico brasileiro);
 Tais são os requisitos para admissibilidade do processo, não
podendo o mesmo ser movido sem eles.

 4) Condições Específicas – Na ação pública condicionada à


representação do ofendido, essa representação é condição da ação;
 a) Representação – Como uma autorização. O ofendido autoriza o
Ministério Público a propor uma ação. Não é necessário em todos os
tipos de ação, apenas naquelas que sejam públicas condicionadas à
representação;
 b) Requisição – Ação pública condicionada à requisição do Ministro
da Justiça; a requisição se trata de uma condição para o exercício da
ação penal;
 Autorização para o Ministério Público propor a ação;
 Ex: Crime de ofensa para com a honra do Presidente da República;

 NÂO É no momento do inquérito que o Juiz apreciará a ação penal,


mas sim no momento da propositura;
 Juiz analisa (aceita ou não a peça acusatória, haja visto que existam as
devidas condições, tais como materialidade) a peça acusatória (que por
sua vez pode ser denúncia ou queixa crime);
 Existe a possibilidade de novas proposituras. Caso a mesma não
venha a possuir as condições suficientes e não seja apreciada pelo juiz,
existe a possibilidade de a ação ser devolvida ao delegado para que
novas diligências sejam realizadas e mais indícios de materialidade e
autoria sejam levantados;

 Art. 395CPP traz as causas nas quais será rejeitada a denúncia/queixa:


 Manifestamente Inepta;
 Falta de pressupostos ou condições para o exercício da ação
penal;
 Falta de justa causa para o exercício da ação penal;

 Classificação da Ação Penal:

 1) Iniciativa Pública:
 Titularidade/Propositura - Ministério Público;
 Peça Acusatória – Denúncia, que relata o fato ao juiz, em tese, quem
praticou a ação penal, as provas e o pedido de condenação;
 Início do Processo – Quando o juiz aceita, realiza o despacho de
aceite (acolhimento, recebimento da denúncia);
 Espécies:
 A) Incondicionada – Não existe a necessidade de
aprovação/autorização de outrem para que ação seja despachada (de
ofício);
 B) Condicionada – Representação (do ofendido ou de seu
representante legal) ou Requisição (do Ministro da Justiça para com o
Ministério Público);

 2) Da Iniciativa Privada:
 Titularidade/Propositura – Ofendido, que bate nas portas do judiciário,
ou por seu representante legal (casos de incapacidade plena do
ofendido);
 Peça Acusatória – Queixa Crime;
 Início do Processo – Quando o juiz aceita/acolhe a queixa;
 Espécies:
 A) Exclusiva (genuinamente privada);
 B) Personalíssima;
 C) Subsidiaria da Pública;

 Ação Pública (CP,100):

 Princípios:
 A) Oficialidade – A função penal é de natureza pública, o dever de
punir é interesse do Estado (órgãos de punição de natureza pública);
 Instituições públicas e oficiais envolvidas na persecução penal;
 B) Obrigatoriedade – Se estão satisfeitas as necessidades dos
indícios de autoria e materialidade da ação pública, o Ministério
Pública se encontra obrigado a oferecer a ação, não podendo este
se omitir;
 Caso faltem indícios, o Ministério Público devolve para o delegado para
que sejam recolhidos novos indícios por meio de diligências;
 DEVE ser devolvido nos casos de falta de indícios;
 Arquiva-se a denúncia caso sejam considerados insuficientes os
indícios;
 C) Indisponibilidade – Uma vez oferecida a denúncia, o Ministério
Público não pode desistir da mesma, acompanhando-a até a decisão
final do juiz;
 Ministério Público pode opinar absolvição (visto que não estaria
necessariamente desistindo da ação penal). Com isso, afirma que os
elementos recolhidos não são suficientes para a condenação do
indivíduo (falta de autoria e materialidade);
 D) Autoritariedade – Existência de uma autoridade pública,
Ministério Público é uma autoridade do Estado, representando o poder
público do mesmo;
 E) Oficiosidade – Os órgãos encarregados pela persecução penal
devem agir de ofício, sem manifestação de vontade (salvo casos de
ação penal condicionada à requisição ou representação);
 F) Indivisibilidade – Denúncia deve ser oferecida a todos os autores
da infração penal; Ex. Concurso de agentes (todos os infratores
recebem a denúncia);
 Não necessariamente no mesmo tempo, e independente de ser
condicionada ou incondicionada;
 Vale citar ainda uma outra corrente (não adotada) que considera a ação
penal DIVÍSIVEL justamente pela propositura em momentos
processuais distintos;
 G) Intranscendêcia – Processo apenas oferecido contra o indiciado
caso haja fortes indícios (efetivos) de autoria e materialidade;
 Ressalta-se aqui que apesar dos fortes indícios, o princípio do
contraditório pode impedir a condenação do indiciado;

 Ação Penal Pública Incondicionada:


 Conceito – Promovida pelo MP que independe da manifestação de
vontade do ofendido, desde que presentes as condições da ação e
indícios suficientes de autoria e materialidade da infração penal. A
grande maioria dos crimes se encaixa nesse tipo de ação penal;
 Crimes que afetam diretamente a sociedade, sendo de interesse
público a resolução do litígio;
 Havendo conhecimento por parte do delegado (caso tenha) pode
instaurar o inquérito por meio de ofício. A mesma regra se aplica ao
Promotor (oferece a ação sem a necessidade de interesse
propriamente dito do ofendido);
 Juiz não pode agir de ofício quanto a instauração do inquérito
policial;
 MP/Delegado, caso tomem conhecimento da ação penal, devem agir de
ofício;

 Para saber se uma ação penal pública é incondicional, devemos


observar o tipo penal, na legislação penal e NÃO processual;
 No silêncio da lei, presume-se que o crime é de ação pública
incondicionada;
 Caso não esteja prevista no tipo penal, a indicação pode ser
encontrada no capítulo da infração, nos dispostos gerais e não
necessariamente em artigos;

 Ação Penal Pública Condicionada:


 1) Condicionada a Representação do Ofendido/Representante
Legal:
 Conceito – Trata-se da ação também proposta pelo MP por meio da
denúncia, desde que devidamente autorizada pelo
ofendido/representante através do instituto da representação
(ofendido autoriza o MP a proporá ação);
 No artigo correspondente ao crime, na legislação penal, encontramos a
expressão “somente se procede por representação”, guiando assim
aos casos no quais a mesma é necessária;
 Representação vincula MP ao oferecimento da denúncia?
Primeiramente, se analisa os elementos de autoria e materialidade da
infração (sendo necessários elementos coerentes e suficientes,
apesar da representação); caso possua os elementos, se oferece a
ação. Se não, não se oferece.
 Representação – É uma autorização concedida pelo ofendido
endereçada ao MP autorizando-o ao oferecimento da denúncia para
ver processado o infrator nos crimes de ação pública a ela condicionada.
Na fase pré-processual o delegado de polícia só está autorizado a
instauração do inquérito caso haja essa representação;
 Representação de inquérito já autoriza o MP a instaurar e dirigir a
ação ao juiz;
 Natureza Jurídica – 2 correntes;
 1) Penalistas – Condições de punibilidade do infrator;
 2) Processualistas – condições de procedibilidade. Na prática, acaba
sendo a mesma coisa;
 Processo só existe com a representação, que leva então a aplicação
da pena;
 Prazo (CPP, Art.38) – 6 meses para o ofendido apresentar a
representação, a partir do dia que toma nota de quem é o
autor/infrator do ilícito. Caso não haja conhecimento do autor, será
feito o boletim como desconhecido;
 Natureza do Prazo – Possui natureza decadencial. Esgotado o
prazo, perde o direito de ação (não se suspende, prorroga ou
interrompe);
 Caso encerre em final de semana/feriado, NÃO SE DILATA para o
primeiro dia útil subsequente. Prazos corridos (art.10 do CP, conta o
primeiro dia e exclui-se o dia final). Ex: Prazo acaba num domingo, tem
até sexta feira para ajuizar ação. Acaba numa Quinta-Feira, tem até
Quarta Feira para ajuizar;

 Titularidade do Direito de Representação:


 1) Ofendido maior de 18 anos e capaz – O próprio tem a titularidade
ou então um procurador com direitos especiais para fins de
representação;
 2) Ofendido menor de 18 anos ou incapaz – Representante legal,
sendo este qualquer pessoa capaz que venha a ter a guarda, que cuide
do mesmo (tenha vínculos);

 Quanto ao prazo decadencial quando o ofendido for menor de 18


anos: Duas correntes:
 A) A princípio, não corre o prazo para o menor ofendido, iniciando o
lapso decadencial a partir de sua maioridade. No caso de
conhecimento inequívoco da autoria do fato PELO
REPRESENTANTE, o direito deve ser exercido em 6 meses, sob
pena de decadência, não podendo a vítima exercer o direito de
ação/representação após completar 18 anos;
 Nesta corrente, não há o representante OU então o mesmo não tem
ciência da autoria contra o menor;
 Aguarda a maioridade, aí então começando o lapso decadencial de 6
meses. Caso representante tome ciência, exclui-se o fator;
maioridade do incapaz, valendo 6 meses a partir do
conhecimento/ciência do fato;
 B) Sendo o ofendido menor de 18 anos, enquanto perdurar a
menoridade e desde que observados os seis meses, o direito de
queixa/representação poderá ser exercido APENAS pelo
representante legal. Mesmo que este representante não venha ajuizar
a ação penal no prazo que dispõem, poderá fazê-lo o próprio ofendido
após a maioridade, pois o prazo decadencial só tem início após
este momento, e não a partir de quando tenha conhecimento da
autoria. Tal é a corrente majoritária no sistema brasileiro;
 Para o ofendido, a partir do aniversário;
 Mesmo esgotado os 6 meses do representante, pode o ofendido,
após a maioridade, exercer sua representação/queixa (tendo o
mesmo 6 meses novamente);

 Curador Especial de Menor ou Enfermo Mental:


 Função (CP 33) – Direito de queixa/representação realizado pelo
curador especial. Casos de não possuir representante ou haver
interesses conflitantes entre ofendido X representante. Parte de
requerimento do Juiz ou MP (que virá a nomear o curador);
 MP autoriza o curador para propor a ação. Curador especial pode
propor a queixa, concluindo assim de que o mesmo pode autorizar
(representação) o MP a propor a ação;
 Doutrina/Jurisprudência conclui que, em miúdos, quem pode mais
(propor a queixa) pode menos (realizar representação);

 Sucessão do Direito de Queixa e Representação (CP,31):


 Sucessores – C (companheiro) C (conjugue) A (ascendente) D
(Descendente) I (Irmão);
 Conflito de Vontades (CP,36) – Tem preferência o conjugue, seguido
pelo ascendente. Caso haja desistência, qualquer um dos outros
conseguintes pode pleitear o direito;
 Prazo dos Sucessores (CP,38) – 6 meses contando quando tomou
ciência do ilícito;

 Endereço da Representação (CP,39):


 Autoridade Policial e Ministério Público :
 A) Caso haja indícios de autoria e materialidade – Cabe
representação. Mesmo não sendo competente, o delegado instaura
o boletim de ocorrência e aí passa para delegado capaz;
 Caso haja elementos suficientes, o ofendido pode ir diretamente ao
Promotor (casos raros). O Promotor então ouve o ofendido, faz termo
de representação e envia ao delegado, visando assim apurar os
fatos;
 b) Caso não haja indícios – Envia para o delegado, visando melhores
apurações do ilícito;
 Juiz:
 A) Caso haja indícios de autoria e materialidade – Entra no princípio
da inércia da jurisdição, devendo o juiz encaminhar ao MP;
 B) Caso não haja indícios de autoria e materialidade – Idem ao A;
 Ressalta-se aqui que o inquérito policial é dispensável, porém
disponível;

 Representação:
 Conteúdo (CPP, 39§2°) – Elementos suficientes para que seja
identificado o ilícito;
 Retratação (CPP,25) – Irretratável DEPOIS de oferecida a denúncia.
Antes, é possível retratar o conteúdo que fora usado na representação,
“mudar de ideia”;
 Duas correntes, sendo uma que NÃO ACEITA a retratação, haja visto o
caráter de exclusão de punibilidade;
 Logo, uma corrente aceita a retratação da retratação, e outra conclui
que o ato seria uma renúncia (exclusão de culpabilidade);
 Eficácia da Objetiva da Representação – Princípio da indivisibilidade
da ação pública. Ou representa contra todos os infratores, ou contra
nenhum. Logo, temos uma representação para cada
infrator;

 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do


Ministro da Justiça (CP, 100§1°):
 Ação Penal é pública, salvo quando a lei expressamente a
declarar privativa do ofendido;
 Se inicia com a denúncia, tal como a Condicionada à representação;
 Acontece em duas hipóteses:
 A) Crime contra a honra do Presidente ou chefe de governo/estado
estrangeiro;
 B) Crime praticado por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil;
 Titularidade – Pertence ao MP, e não ao Ministro da Justiça em si.
Ação é pública, incondicionada ou não, pertence ao MP;
 Peça Acusatória – Denúncia. A requisição (autorização essa que
concede ao MP a capacidade de propositura) é uma mera
autorização para que se inicie o processo .
Natureza Jurídica – Condição de procedibilidade da ação. A
requisição antecede a peça acusatória (denúncia);
Prazo da Requisição – Lei NÃO estabelece prazo para a requisição
seja feita. No silêncio da lei, NÃO HÁ PRAZO;
 Até que seja extinta a punibilidade do ilício, não há prazo;
 Retratação – Lei silencia em relação a retratação da requisição. A
parcela majoritária da doutrina conclui que NÃO É POSSÍVEL, haja
visto o caráter da decisão do ministro, que possui força e credibilidade
(logo, a retratação mostraria fraqueza nas decisões do mesmo) e que na
própria lei não existe dispositivo que permita a retratação ;
 A requisição possui apenas caráter de ordem, não tendo poder para
vincular o MP a propor a ação;
 Já a parcela minoritária da doutrina, conclui que é POSSÍVEL,
embasando-se no princípio do FAVOR REI (in dubio pro réu), haja visto
que a retratação seria benéfica ao réu;
 Eficácia Objetiva – Eficácia da requisição vinculada a indivisibilidade da
ação;
 Proposta contra TODOS os autores do crime, mesmo que venha a
acontecer em momentos distintos (não necessariamente na mesma
denúncia contendo todos os autores);
 Pra cada infrator, há uma requisição;
 Para apenas uma, devem haver TODOS os elementos de autoria e
materialidade, ou então estar expresso que um ou mais infratores
ainda não possuem indícios suficientes para esta requisição inicial.
Logo, fica deixado para uma próxima;

 Ação Penal Privada:


 A regra é que a ação seja PÚBLICA. A própria lei irá expressar
quando a mesma for privada, somente procedendo pela queixa-crime;
 Titularidade – Ofendido OU seu representante legal (PORÉM NEM
SEMPRE). No caso do representante legal, existiram casos no qual o
mesmo não poderá propor mover a ação (como em situações que
envolvem direitos personalíssimos). A lei irá expressar os casos nos
quais houver a possibilidade do representante legal.
 Peça Acusatória – Queixa Crime;
 Crimes de Ação Privada – Essencialmente, de natureza particular do
indivíduo. O interesse é de natureza privada, o ofendido possui a
prorrogativa de mover a ação;
 O interesse público é no sentido do processo, de manter e garantir a
boa tramitação do mesmo (não atinge a sociedade, apenas o
privado, porém existe a fiscalização pública);
 Direitos disponíveis;
 Reconhecimento do Tipo de Ação – Exemplo, CP,145;
 Art. Correspondente ao crime na legislação PENAL, e não Processual
Penal;
 Curador Especial e Sucessão do Direito de Queixa - Tudo já visto e
que se aplica nos crimes de ação pública, se estendendo aos crimes
de ação privada;

 Participação do MP na Ação Penal Privada/Custus Legis –


Aditamento da queixa-crime pelo MP;
 Hipótese – Correção da queixa crime, dependendo do erro (erros de
expressão, materiais). No caso de colocar outrem na ação, não é
possível interferir, cabendo apenas ao MP apontar um concurso de
agentes que não tenha sido colocado;
 O MP apenas fiscaliza, porém NÃO PODE TRAZER AUTORES NA
QUEIXA CRIME;
 Prazo de 3 dias para aditamento. Caso não haja pronunciamento no
prazo, conclui-se que que não há o que aditar;
 Verifica se os princípios penais estão sendo respeitados, a boa
tramitação;

 4°Bimestre:

 Ação Penal Privada – Classificação:


 1) Exclusiva ou Genuína – Tanto pelo OFENDIDO como
REPRESENTANTE LEGAL (ou procurador com poderes especiais)
podem propor a ação;
 Em caso de morte ou declaração de ausência, existe a sucessão do
direito processual;
 2) Personalíssima – Só poderá ser proposta pelo ofendido, NÃO
pelo representante legal. Se o ofendido não possui a capacidade, NÃO
EXISTIRÁ a ação e nem sucessão processual;
 Ninguém pode suceder ou propor a ação no lugar do ofendido;
 Procurador com poderes especiais PODE propor a ação (em regra,
costuma ser o próprio advogado);
 Em casos de incapaz, nem mesmo o próprio procurador (pois não
pode dar o aval para representação);
 O único caso desse tipo de ação privada na legislação processual penal
é no caso de induzimento a erro essencial ou ocultação de
impedimento ao casamento;
 Subsidiária da Pública – Casos no qual o MP não cumpre sua parte
na ação (silêncio por parte do mesmo). Passado então o prazo para o
MP propor a ação, pode o ofendido propor a ação, por meio de
QUEIXA CRIME SUBSIDIÁRIA;
 Casos nos quais o MP é inerte ou perde o prazo de propor a
DENÚNCIA, sendo um atraso INJUSTIFICADO;
 Prazo de 6 meses da data que o MP perdeu o prazo para que o
ofendido possa propor a ação privada subsidiária;
 Litisconsorte “sui generi”; interveniente adesivo obrigatório;
 Promotor que veio a perder o prazo é afastado e outro toma seu lugar
no processo (DEVER do MP de fiscalizar e garantir a boa tramitação
do processo);
 MP retoma a ação como parte principal. Custus legis (fiscaliza se o
ofendido está tramitando corretamente a ação);
 Caso o ofendido deixe a ação, titularidade volta ao MP;

 Princípios da Ação Privada:


 1) Conveniência – Oportunidade. Ofendido só propusera a ação se
quiser, não sendo obrigado (neste princípio, a ação AINDA não foi
proposta);
 2) Disponibilidade – Pode dispor da ação como quiser, desistir da
mesma. Caso dispor, acontece a extinção da punibilidade (neste
princípio, ação JÁ FOI proposta);
 3) Indivisibilidade – Ação deve ser proposta contra todos os
infratores;

 Denúncia X Queixa Crime:


 1) quanto a titularidade – Denúncia (MP); Queixa Crime (ofendido ou
representante legal OU procurador com poderes especiais,
dependendo do caso);
 2) Tipo de Ação Penal – Denúncia (pública condicionada); Queixa
Crime (privada);

 Requisitos da Denúncia e Queixa Crime:


 1) Fato – Descrição detalhada dos fatos/circunstâncias criminosas;
 2) Qualificação do Acusado – Só podem ser propostas se existir a
figura do acusado, contra quem INCONFUNDIVELMENTE está a
figura do acusado;
 3) Classificação Jurídica do Crime – O ofendido indica a
classificação do crime cometido;
 4) Rol de Testemunhas – Testemunhas do fato, identificadas na
PEÇA ACUSATÓRIA, QUANDO FOR NECESSÁRIO;

 Prazos para Oferecimento da Denúncia:


 Regra – Réu preso: promotor (5 dias); delegado (10 dias);
 Réu solto: promotor (15 dias) delegado (30 dias);
 Lei de drogas e Crime Eleitoral: 10 dias
 Lei dos crimes contra a economia popular: 2 dias
 Abuso de autoridade: 48 horas, se contando da hora que promotor
recebeu o inquérito ou termo;
 Art.46 do CPP especifica quanto aos prazos;

 Consequências do Descumprimento do Prazo para oferecimento da


Denúncia: No caso de réu preso, têm-se o relaxamento da prisão; na
ação privada subsidiária, o réu move a ação no lugar do MP;

 Prazos de Queixa Crime:


 Na ação penal privada exclusiva – da data da ciência do
ofendido de quem cometeu a infração;
 Na subsidiária da pública – Contado a partir da data de
esgotamento do prazo do MP;
 Na Personalíssima – Art.26 (crime de casamento). 1° deve ser
proposta a ação cível que ANULE O CASAMENTO e depois o
trânsito em julgado da ação. Logo, 6 meses após o trânsito em
julgado da cível;

 Consequência do Descumprimento do Prazo – Decadencial, acaba o


direito de propor queixa crime. Natureza PARTICULAR do processo;
 Recebimento da Denúncia ou Queixa Crime:
 A) Hipótese – Despache de aceite que instaura o processo. Juiz
ACEITA (encontram-se presentes as condições da ação);
 B) Efeitos – Começa a fase processual. Se interrompe (zerado o
prazo) o prazo prescricional.
 C) Recurso – Apenas com Habeas Corpus. HC possui caráter
recursal, mas não é recurso;
 Ação cabível quando existem ilegalidades, tais como abusos de
autoridade, falta de justa causa dentre outros fatores. Pode possuir
caráter PREVENTIVO ou RESTRITIVO;
 Rese em casos de crimes de MAIOR potencial ofensivo;
 Apelação em crime de MENOR potencial ofensivo;
 Agravo em crimes que COMEÇAM NO STJ;

 Rejeição da Denúncia ou Queixa:


 Hipóteses – CPP, 395;
 A) Inépcia Manifesta – Peça malfeita;
 B) Ausência dos Pressupostos Processuais – Sem condições de
decisão de mérito (fato DEVE ser ilícito e típico) e possuir indícios de
autoria e materialidade;
 C) Ausência de Condições para Exercício da Ação Penal –
Legitimidade, interesse de ser parte, etc.

 Extinção da Punibilidade na Ação Penal de Iniciativa


Privada:
 Perempção, CPP 60: Sanção imposta ao querelante em razão de sua
inércia ou negligência processual consistente na perda do direito
de prosseguir a ação. Abandona a ação, juiz extingue o processo;
 a) Não Andamento do Processo – Durante 30 dias sem dar
andamento ao processo. Ação é DISPONÍVEL;
 b) Não Comparecimento a Ato Processual – Deve comparecer aos
atos processuais. Caso falte sem justificativa, é considerada a ação
PEREMPTA;
 C) Pessoa Jurídica – Pode ser querelante e deve haver sucessor
processual caso a mesma venha a falir/extinguir. Não tendo, é
considerada perempta a ação;
 D) Falta do Pedido de Condenação – a segunda parte do §3° é
relevada, haja visto que o PEDIDO FINAL DE CONDENAÇÃO
demonstra o desejo de punir do querelado e não deve ser considerada
perempta a ação por um mero erro formal;
 E) Morte do Querelante – Caso ofendido faleça, CCADI tem prazo de
60 dias para entrar no processo;
 Cabimento – Todas, Só não pode acontecer na subsidiária da
pública, por força do artigo 29 do CPP;
 O MP PODE RETOMAR a ação e tornar-se titular da mesma;
 Interesse NÃO É PRIVADO, possui natureza inicial pública;
 Estado retoma na ação no lugar do ofendido;

 Consequências – Extinção da ação;

 Decadência: Acontece não apenas no contexto de ação privada,


mas também ao direito de representação na AÇÃO PÚBLICA
CONDICIONADA;
 NÃO CABE na requisição do ministro da justiça. Nessa hipótese da
ação pública, apenas pode acontecer a prescrição;
 Não havendo representação, perde-se o direito de propor a ação penal;

 Renúncia: Ato por meio do qual o ofendido abre mão do direito de


oferecer queixa-crime contra o autor dos fatos;
 1) Momento – Antecederá a propositura da ação;
 Destaca-se aqui o princípio da conveniência, só sendo promovida a
ação se o ofendido QUISER;
 2) Natureza – Unilateral, sem necessidade do aceite do infrator;
 3) Eficácia/mais de um ofendido – Uma renúncia só não prejudica o
direito dos outros ofendidos. Podem propor de qualquer forma;
 4) Mais de um infrator – Entra o princípio da indivisibilidade da ação
penal. Renúncia para com um dos acusados, gera renúncia a todos;
 6) Espécies:
 A) Expressa – Por escrito;
 B) Tácita – tecnicamente, a não propositura da queixa crime seria uma
renúncia. Trata-se de uma omissão, o “deixar de fazer”;

 Perdão: Ato processual no qual o ofendido desiste de prosseguir na


ação privada, perdoando o infrator pela prática da infração;

 1) Pressuposto – Disponibilidade da ação privada;


 2) Prazo – deve acontecer ANTES do trânsito em julgado do
processo;
 3) Natureza – Bilateral. Infrator deve aceitar o perdão. Ressalta-se
aqui a necessidade devido a casos nos quais o suposto ofendido não
possui os elementos suficientes contra o suposto infrator. O aceite por
parte do infrator existe para evitar tais situações nas quais o mesmo sai
em desvantagem devido desistência do processo por meio de perdão
por parte do ofendido;
 4) Eficácia:
 A) Mais de um ofendido – idem ao da renúncia, um perdoar não tira o
direito de outros continuarem a ação;
 B) Mais de um infrator – Crimes cometidos em concurso de agentes,
condição para extinção de punibilidade. Perdoado um, todos
consideram-se perdoados.
 5) Formas de Perdão:
 A) Processual – APENAS EXPRESSO;
 B) Extraprocessual – Expresso e tácito;

 6) Formas de Aceitação do Perdão:


 A) Processual – Expresso ou Tácito (silêncio do querelado, logo,
presume-se o aceite);
 B) Extraprocessual (Não está ainda na fase processual) – Expresso
(ex: perdão que ocorre no inquérito policial) e Tácito (qualquer ato
compatível com o aceite da ação penal);
 ACEITE DO PERDÃO NECESSITA DA AÇÃO INSTAURADA;

 Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual:


 Regra Geral – Ação pública condicionada a representação;
 Exceção – Nos casos de crimes para com vítima menor e vítima
vulnerável (Ação pública incondicionada);

 Ação Penal nos crimes contra honra:


 Regra Geral – AÇÃO PENAL PRIVADA;
 Exceções:
 A) Honra do presidente da república ou chefe de governo estrangeiro.
AÇÃO PÚBLICA CONDICINADA A REQUISIÇÃO;
 B) Crime contra a honra de funcionário público em razão de suas
funções. AÇÃO PRIVADA ou PÚBLICA CONDICIONADA A
REPRESENTAÇÃO;
 Injúria Real:
 A) Com vias de fato. AÇÃO PRIVADA;
 B) Se resultar lesão corporal de natureza leve (ação pública
condicionada a representação) ou grave (pública incondicionada);
 C) Injúria preconceituosa. CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO;

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