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O Estado tem a capacidade subjetiva de aplicar do Direito Penal, criando o direito penal objetivo.
Quando alguém pratica uma conduta que se enquadra em uma figura típica penal, surge para o Estado
a capacidade subjetiva de aplicar o direito penal ao caso concreto (pretensão punitiva do Estado).
O limite desse aplicação é a necessidade de a conduta praticada pelo sujeito se enquadrar no tipo
penal.
O direito processual é o conjunto normativo que estrutura a persecução penal, isto que o poder de
perseguir o agente que violou a norma penal e que na reunião de elementos, possa permitir uma
condenação ou absolvição.
O processo penal regula o procedimento a ser realizado tanto na fase investigativa (pré-processual)
como na fase judicial (processual).
O processo penal cuida dos mecanismos ao perseguido/acusado para que ele possa se opor ao ataque
persecutório (garantias e instrumentos disponíveis ao acusado – contraditório).
QUEIXA-CRIME: petição inicial que dá origem à ação penal privada, com o pedido que o autor(es) do
crime seja processado e condenados. Pelo fato de o interesse ser privado, é necessário que o ofendido
contrate um advogado ou procure a Defensoria Pública.
DENÚNCIA: petição inicial da ação penal pública, que é promovida pelo MP, sem a necessidade de que
o ofendido tenha um advogado ou defensor público
NOTÍCIA-CRIME: ato de ir relatar os fatos às autoridade (B.O.).
Tanto na queixa-crime como na denúncia, é necessário que seja realizada a exposição do fato
criminoso: quais foram suas circunstâncias, qual o tipo de crime e quais serão as provas, como, por
exemplo, documentos e testemunhas (se houver). Estando presentes os requisitos, a denúncia ou a
queixa-crime são recebidas. Do contrário, podem ser rejeitadas pelo juiz.
A legislação penal brasileira criou como condição para a propositura da ação penal a justa causa que é
formada por dois elementos: indícios de autoria e prova da existência do crime.
Pode haver processo sem fase investigativa e fase investigativa sem processo, é possível encontrar a
justa causa por exemplo, no inquérito policial. O inquérito não é condição para a propositura da ação
penal. Além disso, pode ser que ao terminar a investigação criminal, não sejam encontrados os
elementos de justa causa para a propositura da ação penal, o que levará ao arquivamento da peça
investigativa pelo MP.
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO: No processo penal, tempus regit actum, ou seja, a lei aplicável é a
lei que está em vigor no seu tempo, é aquele em que atinge o processo no estado em que está Art.
2º, CPP.
Os atos praticados na vigência da lei anterior são reputados válidos, e os demais atos, a partir daquele
momento, vão acontecer sob o manto da lei nova.
A lei do tempo anterior regulou aquele ato e a nova lei regula os atos futuros.
Porém, o art. 6º - LICPP traz uma ideia de respeito as fases processuais, principalmente, a fase de
instrução, especificamente, a prova testemunhal (produção probatória), em que caso surja uma nova
lei processual e já tenha se iniciado a fase de produção de prova testemunhal, deve continuar até a
prolação da sentença (a fase recursal pode acontecer sob a nova lei) sob a égide da lei anterior, da lei
que começou a prova testemunhal.
Portanto, se começou a produção da prova testemunhal na vigência de uma lei, ainda que surja uma
nova lei, a produção de prova testemunhal não pode ser modificada, pois isso pode influenciar na
prova daquele processo.
Leis híbridas: existem leis de natureza híbrida: penal e processual penal. Nesse caso, quando surge uma
nova lei de conteúdo material e processual e essa lei pode vir a prejudicar o réu, ela não poderá ser
aplicada. Se a nova lei trouxer benefício, ela poderá ser aplicada. Entendimento dos tribunais e
doutrina
LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO: a lei processual penal é regida pelo Princípio da Territorialidade
Absoluta, tendo aplicação a todos os processos em tramite no território brasileiro (locus regit actum).
PRINCÍPIOS:
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA: acontecido um fato hipoteticamente
delituoso, o Estado tem o dever de perseguir os elementos iniciantes e necessários para que se consiga
aplicar o direito penal ao caso concreto. Esses fatos hipotéticos geram a reunião de elementos que
permitem ao autor da ação, seja ela pública ou privada, iniciar uma ação penal em face de alguém.
A polícia é órgão investigativo natural dos fatos hipoteticamente criminosos, os quais reúnem
elementos, permitindo ao titular da ação penal, público ou privado, a formar o juízo de valor a
respeito da viabilidade da ação penal ou não (opinio delict).
A acusação penal só pode começar se ela tiver sustentabilidade (elementos mínimos que a
justifiquem). Formados esses elementos, podemos ter: ação penal privada ou ação penal
pública.
A vítima não é obrigada a ingressar com uma ação penal privada contra outrem se aquele crime
for de ação penal privada, podendo inclusive deflagrar a ação ou renunciar o seu direito de
queixa sem justificar. O autor privado pode, inclusive, nem aparecer em juízo e deixar decorrer
o prazo decadencial (6 meses contados a partir da data em que a vítima soube quem era o
autor do fato delituoso – art. 107, IV, CP).
Se a vítima não escolher entrar com uma ação, ela pode, pois o que rege a ação penal privada é o
princípio da conveniência e oportunidade.
Na ação penal pública, o MP não age em interesse pessoal, ele age em nome da sociedade.
Quando chega ao MP um procedimento investigativo, ele deve verificar se há elementos
suficientes para deflagrar a ação penal, são eles: indício de autoria, prova da existência de que o
fato aconteceu e a inexistência de elementos prescritivos e decadenciais.
Desse modo o MP tem 3 opções:
o Oferece a denúncia, pois há elementos para tal;
o Entende que os elementos presentes não são suficientes para que forme o seu
convencimento, requisitando novas investigações;
o Elaborar um parecer de arquivamento.
Se os elementos estiverem configurados, o MP é obrigado a oferecer a denúncia (peça inicial
acusatória).
Cálculo da pena mínima em abstrato - pegar o mínimo cominado, se houver uma causa de
aumento de pena, utiliza o aumento mínimo possível e se tiver uma causa de diminuição de pena,
utiliza a maior diminuição possível. Em tese, se projeta a pior circunstância a qual o réu pode estar
inserido. Lembrar também que a pena mínima deve ser
INFERIOR a 4 anos.
Só será possível celebrar o acordo de não persecução penal se não couber o acordo de transação
penal.
Cabe acordo de não persecução penal para processos que já estão em andamento?
o A primeira corrente diz que não, já que se trata a uma exceção ao princípio da
obrigatoriedade da denúncia em crimes de iniciativa pública e, no caso, já se iniciou a ação;
o A segunda corrente acredita que sim, que cabe o acordo para os processos já em
andamento, pois seria injusto em relação aos casos que já estão em andamento;
o E a terceira diz que cabe, desde que, ainda não tenha sido recebida a denúncia, ou seja, já
tenha sido oferecida denúncia, mas essa ainda não foi recebida pelo poder judiciário.
O artigo 28-A é de NATUREZA PROCESSUAL, logo, tem incidência imediata considerando-se valido
os atos já praticados.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA: a ação penal pública e privada se iniciam
por meio do titular da ação (seja o ofendido ou o Ministério Público). Ao ofendido existe a possibilidade
de ingressar ou não com a ação, inclusive, depois que ele escolhe ajuizar a ação penal, ele pode
oferecer a proposta de perdão, justamente por essa ação ser privada, havendo uma disponibilidade da
ação penal privada. O ofendido pode ainda deixar a ação penal privada interromper ou se extinguir. Na
ação penal pública isso não pode ocorrer, visto que é obrigatória, o MP é obrigado a ajuizar a ação se
presentes os elementos.
Depois que a ação pública é ajuizada, não se pode mais “voltar atrás” e desistir da acusação, e
isso ocorre porque o MP não propõe a ação em nome próprio, mas sim em nome da
coletividade, a acusação tem o dever de continuar a persecução para se juntar elementos até
que se chegue no final, havendo uma condenação ou absolvição.
Podemos concluir que a ação penal pública, uma vez oferecida, e iniciado o processo com a
deflagração da ação penal, essa passa a ser indisponível. O MP não pode, diante da sua
indisponibilidade, desistir da ação penal pública (art. 42 e art. 576, CPP).
O MP não pode desistir da ação que tenha proposto e nem pode desistir do recurso que tenha
interposto.
O fato do MP não poder desistir da ação penal, não quer dizer que o órgão não poderá mudar
de opinião, ou seja, um pedido do MP que antes era condenatório, pode se tornar um pedido
absolutório. E isso se dá por uma ordem constitucional, vide art. 127, CF/88.
O MP deve formular o seu pedido condenatório ou absolutório baseado em elementos de
convencimento (se não há elementos para se condenar o MP não deve fazê-lo).
A desistência é o pedido para que o juiz não julgue (não avalie o mérito), ao passo que a
absolvição é o pedido para que o juiz não condene o suposto autor do fato (avalie o mérito e
julgue a demanda em favor do réu). Toda via, o juiz não está vinculado ao pedido ministerial.
1) SURSIS Processual: a Suspensão Condicional do Processo ou SURSIS Processual, de acordo com o art. 89 da
Lei nº 9.099/95, é um instituto em que cabe tanto para as infrações de menor potencial ofensivo, como
para as infrações que não sejam de menor potencial ofensivo. A condição é que a pena mínima cominada
seja igual ou inferior a um ano. Se não houver composição civil dos danos, nem transação penal e se os
requisitos estabelecidos pelo referido artigo estiverem sendo cumpridos, o MP faz a denúncia e propõe ao
sujeito um acordo de suspender o processo por um período chamado de período de prova (2 a 4 anos).
Pode ser utilizado para contravenções penais e infração de média complexidade ofensiva (como o furto,
que possui 1 a 4 anos de pena).
A suspensão condicional do processo é um acordo penal que ocorre depois de iniciado o processo e
leva à extinção deste, bem como a extinção da punibilidade, por isso que a doutrina entende que essa é
uma forma de se dispor do processo penal, havendo uma mitigação do Princípio da
Indisponibilidade da Ação Penal. Esse fenômeno é chamado de Indisponibilidade Mitigada ou
Discricionaridade Regrada (pois há um conteúdo discricionário quando o MP faz a proposta da SURSIS
Processual).
2) LEI MARIA DA PENHA: a retratação do ofendido é um instituto que existe no processo penal. Nos
crimes de ação penal pública condicionada a representação da vítima, o ofendido tem um prazo
decadencial de 6 meses contatos a partir do conhecimento da autoria da infração penal para oferecer
a representação. De acordo com o art. 25 do CPP, a retratação pode ser apresentada até o
oferecimento da denúncia, isso se dá por causa do Princípio da Indisponibilidade. Quando o MP
oferece a denúncia, está ajuizada a ação penal e ela se torna indisponível. Essa retratação só cabe na
ação penal pública condicionada a representação. A retratação serve para impedir o MP de acionar o
suposto autor do fato. Já na ação penal privada isso não é necessário porque o sujeito pode
simplesmente desistir (como visto acima).
A LMP autoriza que a vítima se retrate/renuncie, após o oferecimento da denúncia. Quando a ação
é pública incondicionada, pouco importa se a mulher quer voltar atrás ou não, o MP será obrigado a
propor. Mas se a ação penal for privada a mulher poderá voltar atrás na sua decisão.
RETRATAÇÃO = TIRAR A QUEIXA
O entendimento atual é que o indivíduo denunciado não deve estar presente durante essa audiência
de retratação da vítima porque a vítima deve ser observada sem a influência do sujeito.
O STJ entende que, em se tratando de lesões corporais (mesmo que de natureza leve ou culposa)
praticadas contra a mulher em âmbito doméstico a ação penal cabível seria a pública incondicionada.
PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE: assegura que a atuação persecutória do Estado, via de regra, acontecerá
ex officio, de ofício, independentemente de provocação, inclusive podendo acontecer contrariando a
vontade do ofendido. O Estado deverá atuar para reunir elementos e essa atuação do Estado deve
acontecer tanto em sede de investigação, quanto em sede de ação penal. A atuação do MP em juízo
independe de provocação, bem como a atuação do Estado investigador que acontece sem provocação.
Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação ou ação penal pública
condicionada à requisição, a exceção ao Princípio da Oficiosidade é tanto na fase investigativa
quanto na fase judicial.
Mas quando for em relação aos crimes de ação penal privada, o inquérito policial não pode
começar sem que a vítima faça um requerimento e a ação penal quem propõe não é o Estado e
sim o ofendido.
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: tais princípios existem como meio de limitar a força
invasiva do Estado. São instrumentos de defesa que permitem a equivalência das partes. O
contraditório é um princípio que impõe que para as partes deve ser dada a possibilidade de influir no
convencimento do juiz, oportunizando-se a participação e a manifestação nos atos processuais. Além
disso, o contraditório nos remete a uma ideia de igualdade de tratamento e igualdade de
oportunidades no processo. A ampla defesa se destina a uma pessoa certa, que é o acusado, ao passo
que o contraditório protege ambas as partes no processo penal (autor e réu). Ao réu é concedido o
direito de se utilizar de métodos amplos para se defender das imputações feitas pela acusação (o réu é
parte hipossuficiente por natureza).
SISTEMAS PROCESSUAIS:
1) MODELO INQUISITIVO: e determina que a escrita e os procedimentos, como regra, devem ser
sigilosos e as funções acusatória, de defesa e julgamento se concentram em uma mesma figura. Existe
a função do inquisidor, que reúne os elementos probatórios. Consequentemente, esse modelo leva a
uma ausência de contraditório.
3) MODELO MISTO: parte da fase judicial é acusatória e outra parte da fase judicial é inquisitiva. A
primeira fase judicial do processo é inquisitorial no sentido de que cabe somente ao Estado reunir
elementos para decidir se o juiz irá julgar aquilo ou não e a segunda parte judicial do processo é
justamente a fase de julgamento, onde há o contraditório perante juiz diferente do que analisou a
primeira fase (dois juízes: aquele que promoveu a reunião de elementos para saber se iria para a fase
de julgamento ou não e aquele que realiza faticamente o julgamento). Esse sistema é amplamente
utilizado na Europa.
A Lei nº 13.964 de 2019, popularmente conhecida como Pacote Anticrime, acrescentou o art. 3-A ao
Código de Processo Penal, determinando que o processo penal tem estrutura acusatória.
FORÇAS ARMADAS (Exército): o Estado brasileiro pode, em algumas situações especiais, se utilizar das
forças armadas para fazer a segurança pública. A função das forças armadas é de defesa, deve
combater o inimigo. O objetivo dela é fazer feridos e tirar vidas numa guerra, isso que é pretendido. As
outras forças de segurança pública não têm esse objetivo de matar e ferir, mas sim o objetivo de
preservar vidas (matar e ferir nesses casos pode ser aceito como legítima defesa, mas não é o
pretendido).
Na atuação investigativa da Polícia Federal ou da Polícia Civil, os instrumentos que se têm são o
inquérito policial (para apurar infrações que não são de menor potencial ofensivo) e o termo
circunstanciado (para apurar infrações que são de menor potencial ofensivo). Na vida real, pode
acontecer de se utilizar o inquérito policial para os crimes de menor potencial ofensivo, apesar de não
ser previsto em lei. Já a Polícia Militar, utiliza no seu procedimento investigativo, um instrumento
chamado de inquérito policial militar (regulado pelo CPP Militar).
SISTEMA PRELIMINAR DE INVESTIGAÇÕES:
Para que uma ação penal seja deflagrada, o titular da ação (seja MP ou particular) deve, na peça
acusatória, demonstrar que a ação penal é sustentável, plausível, que tem justa causa (indícios de
autoria e provas da existência do fato). A justa causa é pressuposto da ação penal. Art. 395, CPP
Já que o legislador brasileiro criou a justa causa como um filtro que dificulta a ação penal, foi
necessário a criação de um mecanismo que permita ao titular da ação penal demonstrar indícios de
autoria e prova da existência do fato. Esse mecanismo é justamente o sistema preliminar de
investigações.
O sistema preliminar de investigações é um sistema composto por instituições que têm a sua
disposição procedimentos investigativos, os quais permitem proceder diligências que possam
elucidar o fato. Em outras palavras, esse sistema permite que uma série de instituições produzam
procedimentos investigativos que permitem formar elementos para justificar o exercício de uma
ação penal, demonstrando a justa causa.
3) MINISTÉRIO PÚBLICO (PIC – RES. 181 CNMP): investigações civis (através do inquérito civil – se
destina a apurar violações no âmbito administrativo e civil com relação aos direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos – art. 81, CDC >> possibilidade de deflagração da ação cível bem como
imposição de medidas administrativas processuais que permitem resolver o problema - ex.: TAC’s) e
investigações criminais.
As vezes mesmo nas apurações cíveis encontramos fatos criminosos, e daí essa mesma peça
informativa pode instaurar processos no âmbito cível e criminal. Já no âmbito das
investigações criminais feitas pelo MP, nós temos o PIC (procedimento investigativo criminal),
que é regulamentado pela resolução 181 da CNMP.
INQUÉRITO POLICIAL:
CARACTERÍSTICAS:
1) Escrito (art. 9º, CPP): tem procedimento previsto.
2) Sigiloso (art. 20 e 201, CPPP; art. 7º, XIV, Lei 8.906 e Súmula Vinculante 14): a autoridade policial
deve dar o sigilo necessário para proteger a investigação e também o investigado. Esse sigilo é um
sigilo externo para que a população não saiba de fatos desnecessários. Internamente defensor deve
ter acesso à investigação que já está documentada nos autos, no interesse do seu cliente.
3) Oficialidade: quem investiga é a polícia (órgão oficial) mediante agentes públicos e a polícia.
4) Oficioso (art. 5º, §4º e 5º, CPP): via de regra, na ação penal pública incondicionada, a investigação
começa independente de provocação. Ressalvados os crimes de ação penal pública condicionada e de
ação penal privada, que precisam da devida representação ou do requerimento para que se instaure
o IP.
5) Dispensabilidade (art. 12, CPP): é dispensável, pois para ação penal existir, ela precisa da justa causa
e é o inquérito policial que encontra essa justa causa, entretanto o inquérito não é condição para a
ação penal.
6) Indisponibilidade (art. 17, CPP): embora seja dispensável, uma vez iniciado, deve ser indisponível. O
delegado não pode arquivar o IP depois que ele tenha começado. O IP pode ser arquivado quando
não couber ação penal, mas o mecanismo de arquivamento não é realizado pelo delgado.
7) Inquisitivo: o IP não é contraditório. Uma parte da doutrina defende que o IP seja contraditório e que
determine a ampla defesa. Esse posicionamento apesar de louvável não é o trazido pelo CPP. O
contraditório é diferido, ou seja, ele só acontece posteriormente na fase judicial. Não há o direito de
rebater o que está posto no IP.
8) Discricionariedade (art. 14 e 107, CPP): a característica da discricionariedade se refere a autoridade
policial que instaura o IP. A autoridade policial tem a discricionariedade na condição da investigação.
Quem sabe as linhas investigativas e os atos necessários para cada caso é o delegado de polícia.
Tirando os casos em que a lei expressamente determina que deve haver tal tipo de ato investigativo,
a autoridade policial é livre para seguir a sua linha investigatória.
9) Obrigatoriedade: a condução da investigação é feita pelas linhas optativas do delegado, mas o
delegado não pode escolher instaurar ou não o IP. Presentes os elementos que demonstrem a
necessidade de investigar um fato hipoteticamente delituoso, o delegado está obrigado a instaurar o
inquérito policial.
A indisponibilidade do IP impede que o delegado volte atrás uma vez que ele já tenha
instaurado o IP. Entretanto, nada impede que o delegado indefira o pedido de instauração do
inquérito, desde que justifique que não há como investigar porque os elementos não estão
presentes. Ex.: fato manifestamente atípico, fato civil, fato prescrito, decadência manifesta
etc.
Esse dispositivo diz que cabe recurso administrativo inominado ao chefe de polícia, quanto ao
ato de indeferimento/ requerimento de instauração de inquérito policial. Logo, se cabe
recurso, cabe indeferimento. Quem irá definir se o IP será indeferido ou não é o chefe de
polícia, posição essa que não existe mais no Brasil, sendo uma função exercida pela
Superintendência da Polícia Federal, na esfera federal, ao passo que na esfera estadual
depende, podendo ser a Secretaria de Segurança Pública ou o Delegado Chefe da Polícia Civil.
Vai depender da organização interna de cada estado-membro.
10) Valor probatório relativo (art. 155, CPP): embora alguns autores definam que o IP só tem valor
investigativo, o CPP traz que o IP tem um valor probatório relativo. O art. 155 diz que o IP pode ser
utilizado em companhia de outros elementos produzidos na fase judicial como provas.
11) Vícios não maculam a ação penal (regra): já que o IP é uma peça meramente informativa se diz que
os vícios que nela acontecem, não maculam a ação penal. Via de regra é claro que isso ocorre, mas
existem vícios que não são sanáveis pois desnaturam completamente a ação penal (ex.: IP coleta
apenas provas ilícitas).