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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 00ª VARA DO TRABALHO DA

CIDADE

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL

Processo nº. 02222.2222-07-04-00-2


Exequente: Josué das Quantas
Executados: João Filho e outros

Intermediado por seu mandatário ao final firmado –


instrumento procuratório acostado – causídico inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil, Seção do Estado, sob o nº 112233, com seu escritório profissional
consignado no timbre desta, comparece, com o devido respeito a Vossa Excelência,
JOÃO FILHO, viúvo, aposentado, inscrito no CPF(MF) sob o nº. 333.444.222-11,
residente e domiciliado na Rua X, nº 0000 – nesta CapitalCuritiba(PR) – CEP nº.
55666-77, para, sob a égide dos art. 833, inc. IV, da Legislação Adjetiva Civil c/c art.
769 da Consolidação das Leis do Trabalho, apresentar

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE,

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em face da execução de título judicial manejada por Josué das Quantas, já
qualificado na exordial desta querela, em razão das justificativas de ordem fática e
direito, abaixo delineadas.:

(1) – BREVE EXPOSIÇÃO FÁTICAS

Consoante a inicial da ação de execução em vertente,


o Excepto ajuizou em 00 de outubro do ano de 0000 esta ação de
execuçãoreferido feito executivo. Isso se decorreu em face do não pagamento a
inadimplência da sentença condenatória exarada na reclamação trabalhista acima
aludida, enfrentada contra a empresa Xispa Ltda.

Citada em 00 de janeiro de 0000 para pagar o débito,


a empresa Xispa Ltda quedou-se inerte. Diante daà inexistência de bens, em nome
daquela empresa executada(“Xispa Ltda”) houvera despacho ordenando o
redirecionamento da execução, na pessoa dos sócios, com a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa.(fl. 119).

Citado(fl. 125), oO Excipiente não indicou bens à


penhora, pelo simples fato de inexistir, naquele momento processual, qualquer
bem compatível e legítimo para suportar o ônus do gravame da penhora.

Diante da “pretensa” inércia, foram bloqueados ativos


financeiros do Excipiente. Com isso, houvera constrição judicial na sua conta
corrente nº. 3344-5, Ag. 777, do Banco Xista S/A. Essa conta, registre-se, é
unicamente para recebimentos dos proventos de aposentadoria.

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O valor do bloqueio foi no montante de R$ 00.000,00
( .x.x.x. ). (fl. 49)

Por tais circunstâncias, maneja-se a presente Exceção


de Pré-Executividade, especialmente porquanto existe prova pré-constituída e, com
isso, pretende-se anular a indevida constrição judicial.

(2) – POSSIBILIDADE LEGAL DA UTILIZAÇÃO DO PRESENTE


INSTRUMENTO PROCESSUAL NA SEARA TRABALHISTA

As condições da ação se constituem em questões de


ordem pública, podendo ser examinadas em qualquer grau de jurisdição, ex officio
ou por alegação da parte.As condições da ação se constituem em questões de
ordem pública. Desse modo, podem ser examinadas em qualquer grau de
jurisdição, ex officio ou por alegação da parte. No caso em espécie apresentamos
esta Exceção de Pré-Executividade (objeção de não-executividade), vez que se
trata de explicitar a inexistência de pressuposto processual da execução.

Esse tema, inclusive, já fora tomado junto ao Egrégio


Tribunal Superior do Trabalho, o qual, pela viabilidade do remédio processual em
estudo, decidiu ad litteram:

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM


FACE DE DECISÃO PUBLICADA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. EXECUÇÃO. DESERÇÃO DO AGRAVO DE PETIÇÃO.
AUSÊNCIA DA GARANTIA DO JUÍZO.
Não se há de falar em ofensa às garantias constitucionais do devido
processo legal, da ampla defesa e do contraditório tendo em vista que

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o não conhecimento do agravo de petição por ausência de garantia do
juízo está de acordo com a previsão legal. O direito ao debate das
questões trazidas pela executada encontra-se assegurado, desde que
manejados os remédios processuais adequados, a exemplo dos
embargos de terceiro ou exceção de pré-executividade, a depender da
matéria ventilada, ou dos próprios embargos à execução, mediante a
garantia da execução, na forma do artigo 884, caput, da CLT, com
possibilidade posterior de revisão via agravo de petição. Agravo a que
se nega provimento. (TST; Ag-AIRR 0000796-71.2011.5.08.0126;
Sétima Turma; Rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão; DEJT
05/05/2017; Pág. 1913)

A esse respeito, leciona Daniel Amorim Assumpção


Neves que:

“ O Superior Tribunal de Justiça é tranquilo na admissão da genuína


exceção de pré-executividade, desde que a matéria alegada seja
conhecível de ofício, o executado tenha prova pré-constituída da sua
alegação e não haja necessidade de instrução probatória para o juiz
decidir seu pedido de extinção da execução. Esses requisitos estão
consagrados na Súmula 393/STJ, que, embora faça remissão expressa à
execução fiscal, é plenamente aplicável na execução comum. “ (NEVES,
Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 8ª Ed.
Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1.284)

No mesmo sentido, assevera Francisco Antônio de


Oliveira verbo ad verbum:

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“O caput rompe com o costume até então vigente de que o devedor para
discutir o valor fixado na sentença de mérito ou na liquidação de
sentença deveria, antes, efetuar a garantia do juízo, mediante depósito
em dinheiro ou oferecer bens à penhora. O novo Código permite a
‘Impugnação´ sem a garantia do juízo. Vislumbra para o devedor três
espécies de defesa: exceção de pré-executividade, objeção de
executividade e impugnação ao cumprimento de sentença. Pela regra
ainda vigente no Código de 1973, as duas primeiras hipóteses estão
liberadas de qualquer garantia; a terceira hipótese estaria sujeita à
garantia do juízo. Todavia, pelas regras que passaram a vigem pelo novo
Código, todas as hipóteses de defesa estão liberadas da garantia do
juízo.” (OLIVEIRA, Francisco Antônio de. Comentários à Execução no Novo
Código de Processo Civil – Enfoques civilistas e trabalhistas [livro
eletrônico]. -- São Paulo: Ltr, 2016. Epub. ISBN 978-85-361-8733-4)

Nesse diapasão, confere-se nulidade absoluta a ser


enfrentada. Há constrição de proventos de aposentadoria. Por isso, contrariou
ditames de norma de ordem pública. É dizer, afrontou às diretrizes fixadas no art.
833, inc. IV, da Legislação Adjetiva Civil.

Tem-se, pois, que a partir dessas observações, pode-se


concluir que é perfeitamente possível, e adequado até, admitir-se o exercício do
direito de defesa na execução, independentemente da oposição de embargos.

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Evita-se, de outro modo, o prosseguimento de uma
execução fadada ao insucesso venha a produzir malevolência contra a Executada, é
dizer, de um processo natimorto.

Dessa feita, a ação incidental de embargos não é a


única via utilizada pelo devedor para se opor à execução.

(3) – NO PLANO DE FUNDO DESTA EXCEÇÃO

( i ) DA ILEGALIDADE DA CONSTRIÇÃO JUDICIAL

O Excipiente, com idade de 00 anos, é aposentado do


INSS, desde os idos de 0000. (doc. 01) Percebe, mensalmente, a quantia de R$
0.000,00( .x.x.x. ). (doc. 02)

Esses proventos sempre foram recebidos, via


transferência bancária, na conta corrente nº. 0000, Ag. 3333, do Banco Xista S/A. A
propósito, aberta para essa única finalidade.

Igualmente, os extratos, aqui colacionados, não deixam


qualquer margem de dúvida quanto a isso. Afinal de contas, percebe-se que todos
os dias 00 são depositados o valor equivalente a R$ 0.000,00 (.x.x.x.). E mais, a
entidade depositante é, exclusivamente, o INSS. (docs. 03/15)

Além disso, ora carreamos declaração, obtida junto à


referida Autarquia, a qual, de fato, ratifica as considerações aqui narradas. (doc. 16)

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Dessarte, como afirmado alhures, há notória nulidade
da constrição, máxime porque atingiu montante totalmente proveniente de
aposentadoria.

Com efeito, reza a Legislação Adjetiva Civil que:

Art. 833 - São impenhoráveis:


(...)
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor
e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, ressalvado o § 2º;

Deveras, sem qualquer esforço se nota que a constrição


é nula e incapaz de produzir qualquer efeito.

É altamente ilustrativo transcrever os seguintes arestos:


PROVENTOS DE APOSENTADORIA. IMPENHORABILIDADE.
Não prospera a determinação de penhora sobre percentual dos
proventos de aposentadoria do executado, visto ser bem
absolutamente impenhorável, conforme expressa previsão contida no
art. 833, IV, do Código de Processo Civil. (TRT 12ª R.; AP 0000130-
65.2015.5.12.0014; Quinta Câmara; Relª Desª Mari Eleda Migliorini;
Julg. 11/02/2020; DEJTSC 27/02/2020; Pág. 160)

MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA DO VALOR ENCONTRADO EM


CONTA-SALÁRIO. IMPENHORABILIDADE DOS VENCIMENTOS,

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SUBSÍDIOS, SOLDOS, SALÁRIOS, REMUNERAÇÕES, PROVENTOS DE
APOSENTADORIA, PENSÕES, PECÚLIOS E MONTEPIOS.
São impenhoráveis os vencimentos (NCPC, art. 833, IV), somente se
admitindo a retenção para pagamento de pensão alimentícia (CPC, art.
833, § 2º), o que é relativizado pela jurisprudência para pagamento de
créditos trabalhistas. Tal relativização, no entanto, não alberga toda e
qualquer situação, não podendo comprometer o sustento do devedor
ou atingi-lo de maneira assaz gravosa. Caso em que seria totalmente
irrazoável relativizar a impenhorabilidade e atingir, em qualquer
percentual, os rendimentos do impetrante, que é idoso, portador de
doença grave, que sobrevive do benefício previdenciário alcançado
pelo ato de autoridade atacado, o qual é de valor já bastante diminuto,
de modo que qualquer percentual de bloqueio já poderia
comprometer sua sobrevivência digna. Segurança concedida. (TRT 7ª
R.; MSCiv 0080433-10.2019.5.07.0000; Primeira Seção Especializada;
Relª Desª Maria Roseli Mendes Alencar; DEJTCE 19/02/2020; Pág. 750)

EXECUÇÃO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. IMPENHORABILIDADE.


Enumera o Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 833, os bens
impenhoráveis, que consistem, como o próprio nome elucida,
naqueles que não podem ser penhorados, pouco importando se
existem outros bens no patrimônio do executado capazes de assegurar
a realização do direito exequendo. Nesse contexto, a
impenhorabilidade dos proventos de aposentadoria encontra-se
cristalizada textualmente no inciso IV, primeira parte, do citado
dispositivo legal. 1. (TRT 17ª R.; AP 0009200-97.2012.5.17.0006;
Primeira Turma; Rel. Des. Gerson Fernando da Sylveira Novais; DOES
17/02/2020; Pág. 335)

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AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO EM
FASE DE EXECUÇÃO. EXECUÇÃO FISCAL. NÃO APLICAÇÃO DA RESTRIÇÃO
DO ART. 896, § 2º, DA CLT. BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE.
IMPOSSIBILIDADE DE SE ADMITIR O RECURSO DE REVISTA.
I. É entendimento pacífico no âmbito desta Corte que não se aplica o óbice
do artigo 896, § 2º, da CLT, às execuções fiscais, devendo ser examinada a
admissibilidade do Recurso de Revista de acordo com as hipóteses de
cabimento, previstas nas alíneas a a c do referido artigo; II. No entanto, o
Recurso de Revista realmente não reúne condições para ser admitido,
pois, ainda que não se aplique a restrição da Súmula nº 266 do TST, a
discussão é interpretativa, e diz respeito aos termos da Lei nº 8.009/1990,
que dispõe sobre o bem de família, sendo certo que o Regional consignou
que o bem em questão serve de residência para a família do Executado; III.
Ademais, não há arestos aptos a ensejar o dissenso de teses pretendido.
Agravo de Instrumento conhecido e não provido. (TST; AIRR 0001558-
33.2010.5.02.0080; Quarta Turma; Relª Min. Maria de Assis Calsing; DEJT
16/10/2015; Pág. 1145)

EMBARGOS À EXECUÇÃO. BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. LEI


Nº 8.009/90.
Nos termos da Lei nº 8.009/90 é impenhorável "O imóvel residencial
próprio do casal, ou da entidade familiar" (art. 1º), sendo que, para os
efeitos de impenhorabilidade, "considera-se residência um único imóvel
utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente"

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(art. 5º). E ainda que o imóvel nessas condições ostente a qualidade de
suntuoso, tal circunstância não tem o condão de elidir a
impenhorabilidade legalmente garantida, eis que o artigo 5º da referida
Lei não exclui o imóvel residencial suntuoso do benefício da
impenhorabilidade, sendo o escopo da referida norma legal proteger o
indivíduo e sua família, assegurando-lhes o direito à moradia, e não o
devedor. Nesses termos, demonstrado que o imóvel penhorado é utilizado
como residência do devedor e de sua família, sem qualquer prova da
existência de outro imóvel sob sua propriedade destinado à mesma
finalidade, deve ser mantida a decisão agravada que, em conformidade
com o disposto na Lei nº 8.009/90, reconheceu a impenhorabilidade desse
bem e desconstituiu a penhora que sobre ele recaía. (TRT 3ª R.; AP
0072500-27.2008.5.03.0147; Relª Desª Taísa Maria Macena de Lima;
DJEMG 16/10/2015)

BEM DE FAMÍLIA.
A utilização do imóvel como residência da família é a única condição
exigida para afastar a constrição, nos termos da Lei nº 8.009/90. Não
foram indicados outros imóveis capaz de criar dúvida quanto à existência
de mais de um bem usado para fins residenciais e, consequentemente,
quanto à impenhorabilidade do imóvel. Assim, há que se reconhecer a
impenhorabilidade do imóvel constrito. (TRT 2ª R.; AP 0000914-
40.2012.5.02.0074; Ac. 2015/0883999; Décima Primeira Turma; Relª Desª
Fed. Wilma Gomes da Silva Hernandes; DJESP 13/10/2015)

BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE.


Havendo comprovação de que o imóvel penhorado destina-se à residência
familiar do executado, resta configurado bem de família, nos termos

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definidos pelo artigo 1º da Lei nº 8.009/90. Agravo de Petição provido.
(TRT 15ª R.; AP 0000323-13.2011.5.15.0087; Ac. 53988/2015; Rel. Des.
Claudinei Zapata Marques; DEJTSP 13/10/2015)

AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXECUTADO. IMPENHORABILIDADE DO BEM DE


FAMÍLIA.
Em sendo do conhecimento do Juízo, por meio de certidão do Oficial de
Justiça Avaliador produzida em outro processo julgado envolvendo a
mesma situação fática, que o executado reside no imóvel objeto da
constrição, impõe-se reconhecer a impenhorabilidade por força do
disposto nos artigos 1º e 5º da Lei nº 8.009/90, na medida em que o
imóvel se destina à residência do executado e se trata de bem de família.
Agravo de petição do executado provido. (TRT 4ª R.; AP 0021460-
30.2013.5.04.0332; Rel. Des. João Batista de Matos Danda; DEJTRS
09/10/2015; Pág. 156)

(4) – PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Posto isso,
comparece o Excipiente para requerer que Vossa Excelência tome as seguintes
providências:

(a) intimar o Excepto para, em quinze dias, manifestar-se acerca da presente


Exceção de pré-executividade (CPC, art. 9º, caput);

(b) sob o enfoque de que a matéria é de ordem pública, podendo, por isso, ser
apreciada de ofício pelo Judiciário; e, mais, diante da prova sobejamente pré-
constituída; pede-se que Vossa Excelência se digne de conhecer da nulidade
absoluta e determine o levantamento da penhora, incidente sobre os valores

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contidos na conta corrente nº 0000, da Ag. 3333, do Banco Xista S/A, aludida
nesta peça processual, e, via reflexa, tornando sem efeito a constrição.

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidadeuritiba(PR), 00 de setembro de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB(PR) 112233

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