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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A)

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO PIAUÍ

VICTOR xxxxxxxx,, brasileiro, solteiro, farmacêutico, portador do RG no


2xxxxx SSP-PI, CPF no 03xxxxxxx633-11, endereço eletrônico xxxxxx residente e
domiciliado à Rua Desembargador xxxxxxxx Lima, xxxxx, Bairro Ininga, CEP
640xxxxx-680, em Teresina-PI, AUTOR no processo de ação de cobrança de verbas
trabalhistas, movido em face da Fundação Municipal de Saúde (Município de
Teresina), vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de sua
procuradora, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

com fulcro no artigo 1.015, V, do Código de Processo Civil, contra o despacho proferido
pelo Exmo. Magistrado da Vara Judicial da Comarca de Teresina, que negou a concessão
da integralidade da gratuidade da justiça ao impetrante. Nessa conformidade, REQUER o
recebimento e processamento do presente recurso por este Tribunal de Justiça do Estado
do Piauí, para que, ao final, seja dado provimento ao presente agravo. Requer a
concessão da Gratuidade da justiça para fins de apreciação do presente recurso.

Nesses Termos;
Pede Deferimento.

Teresina - PI, 20 de novembro de 2023.

ANA CAROLINNA BARROS E SILVA


OAB/PI Nº 14.111
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)
RELATOR(A)

PROCESSO: xxxxxxxxx.0140

AGRAVANTE:VICTOR Xxxxxxxxxxx
AGRAVADO: FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE
JUÍZO DE ORIGEM: 1a Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, COLENDA CÂMARA

ÍNCLITOS JULGADORES.

1. PRELIMINARES

1.1. TEMPESTIVIDADE
O agravante tomou ciência da referida decisão combatida em 17/11/2023, através de
sua publicação no PJE, por meio da qual sua procuradora foi certificada, dando ciência
em 21/11/2023. Considerando que o prazo de interposição desta modalidade de recurso
se dá em 15 (quinze) dias úteis, o término deste se daria somente em 13/12/2023.
Portanto, sendo o mesmo, tempestivo.

1.2. CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Faz-se necessário esclarecer o cabimento do presente agravo de instrumento, visto que o


Agravante não possui condição financeira de arcar com as despesas processuais sem
afetar o sustento do seu lar.
No caso em lide, o D. Magistrado "a quo", entretanto, determinou o recolhimento das
custas judiciais sob pena de indeferimento e cancelamento do pedido inicial. Assim, ou o
Agravante prejudica o sustento de sua família por conta do ônus imposto para que o
mesmo possa acessar a Justiça, ou a petição inicial será indeferida.
De tal forma, o caso em tela amolda-se à situação prevista no artigo 1.015, inciso V, do
Código de Processo Civil, que ora pedimos vênia para transcrever:
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre: (...)
"V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de
sua revogação;"

Destarte, resta claro a hipótese de cabimento do presente agravo de instrumento.

1.3. EFEITO SUSPENSIVO ATIVO


Ressaltamos a necessidade de ser atribuído ao presente recurso o efeito suspensivo ativo,
em conformidade com o poder geral de cautela, sob pena de gerar lesão grave e de difícil
reparação ao recorrente antes do julgamento definitivo do Agravo, conforme dicção dos
arts. 1.019, I e 101, § 1º, do CPC, tendo como consequência a concessão do pedido de
tutela, para atribuir o benefício da Justiça Gratuita e prosseguimento do feito perante o
Douto Juízo "a quo".
O presente agravo visa reformar a decisão interlocutória recorrida que afronta a
legislação federal, constitucional e o princípio da segurança jurídica.
Deve ser atribuído o efeito suspensivo ativo, pois caso o contrário a ação será extinta sem
resolução do mérito, conforme decisão interlocutória, o que não pode ocorrer, uma vez
que o presente recurso tem fortes fundamentos jurídicos para reformar a decisão.
A propósito, não podemos olvidar que o presente agravo art. 101, § 1º, do CPC, in verbis:
"Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido
de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for
resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação."

"§ 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do


relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso." (destaco o
nosso)

Em breve explanação o que se espera deste recurso é obter o provimento, posto que a
decisão recorrida visa impedir o direito da Agravante, na qualidade de cidadão, de obter
seu benefício de acesso à Justiça, posto que sem o pagamento das custas judiciais a
demanda por ela ajuizada será indeferida, lhe sendo furtado seu direito de acesso gratuito
à justiça, nos temos dos inciso XXXV e LXXIV, ambos da Constituição Federal.

Destarte, estando presentes os requisitos do "fumus boni iuris" e "periculum in mora" ,


além da possibilidade de êxito do recurso interposto, tendo em vista os princípios
vigentes, Legislação Federal e Constitucional, fica expressamente requerido que seja
atribuído ao presente recurso o efeito suspensivo em com fundamento no poder geral de
cautela do juiz, bem como no art. 1.019, I, c/c art. 101, § 1º, do CPC, afastando, por
conseguinte, que ocorra lesão grave e de difícil reparação.

2. RAZÕES DO AGRAVO

2.1 INDICAÇÃO DO ADVOGADO

Advogada da parte Agravante: Ana Carolinna Barros e Silva, brasileira, solteira, inscrita
na OAB/PI nº 14.111, com endereço professional no Rodapé da página.
Informa que o Agravado nem mesmo possui advogado habilitado nos autos por ainda não
ter sido citado nos autos do processo.

2.2 ESTADO DE HIPOSUFICIÊNCIA - GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Douto Julgador, o Agravante é empregado público da Universidade Federal do Piauí na


modalidade substituto (CONTRACHEQUE EM ANEXO NO ID. 38339329), com
contrato de prestação de serviços encerrando em janeiro de 2024, conforme comprova
documentação em anexo e destaque abaixo:
Página 43 da Seção 2 do Diário Oficial da União (DOU) de 6 de Julho de 2023:

Destaque-se que a partir de 2024 seu vínculo empregatício, na xxxxx xxxx, que lhe
garante apenas R$ 1.503,66 (Um mil quinhentos e três reais e sessenta e seis centavos) de
renda mensal, será sua única fonte de sustento (CONTRACHEQUE ID. 38339330 e
abaixo colacionado).

Xxxxxxxx

Considerando que o Magistrado a quo concedeu um parcelamento em 10 vezes dos


quase 11.000,00 (Onze mil reais) de custas processuais, resta claro que, a partir de
janeiro, o comprometimento do seu salário será praticamente integral, o que não
pode ser admitido por esta colenda turma.
Desta forma, pautado nas provas e Jurisprudência do STJ requer a gratuidade da Justiça.

2.3 CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

A parte Agravante ajuizou a presente ação visando receber diferenças salariais não pagas
pela Secretaria de Saúde do Município.
Junto ao seu pedido inicial, foi requerido o benefício da Justiça Gratuita, seguido de
devida declaração de pobreza, na acepção jurídica do termo, em conformidade com a Lei
vigente
e jurisprudência do Tribunal local, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal.
Contudo, o N. Magistrado "a quo" negou a concessão da gratuidade processual,
determinando o recolhimento das custas judiciais, ainda que sendo dividida em 10
parcelas não pode ser suportada pelo agravante, em razão da cessação do contrato de
trabalho com a Universidade Federal, restando apenas uma fonte e renda, como professor
da xxxxxxxxxxxxx que não será suficiente para se manter e conseguir arcar com as
custas processuais, de um processo que visa alcançar verbas salariais não recebidas por
ele.
A decisão foi equivocada, pois além de carecer de devida fundamentação, nos termo do
artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, foi à contramão da legislação constitucional
vigente.
De início, o inc. XXXV, da Constituição Federal dispõe que "a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" , e o inc LXXIV "o Estado
prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovam insuficiência de
recursos.
Em consonância com a norma constituição vigente e imutável, e de forma infundada teve
seu pedido negado, lhe sendo imposta a condição de pagar as custas judiciais ou de ter
sua inicial indeferida, momento no qual as portas da justiça lhe foram fechadas!
Outrossim, o direito da Agravante também está respaldado no artigo 98 do CPC que
dispõe "A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.". O parágrafo 3º, do art. 99 do CPC, prevê
"Presume- se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural."
Não há legislação pátria nenhum parâmetro que possa medir o nível de pobreza do
cidadão, e que determine quem deve receber o benefício e a quem deve ser este negado.
Sem prejuízo do até aqui exposto, a Legitimidade para contestar o pedido de justiça
gratuita é prerrogativa exclusiva da parte contrária, que terá o ônus de provar, que os ora
Agravantes não preenchem o requisito da Lei para obtenção do benefício. Nesse sentido,
apresentamos jurisprudência abaixo:
EMENTAAPELAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. BUSCA E
APREENSÃO. GRATUIDADE. ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL .ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DECRETO-LEI 911/69.
INAPLICABILIDADE. RESP. Nº 1622555/MG.A documentação juntada aos
autos corrobora a presunção de hipossuficiência declarada, porquanto a parte
requerente aufere renda mensal inferior a cinco (05) salários mínimos,
impondo-se a reforma do decisum que lhe indeferiu a gratuidade judiciária. (...).
Apelo provido parcialmente. (Ac. 1.321.445, Des. Arnoldo Camanho, julgado
em 2021)

Em consonância é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça:

"DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. JUSTIÇA GRATUITA.
DECLARAÇÃO DE POBREZA. PRESUNÇAO LEGAL QUE FAVORECE
AO REQUERENTE. LEI 1.060/50 . AGRAVO NÃO PROVIDO. "O pedido
de
assistência judiciária gratuita previsto no art. 4º da Lei 1.060/50, quanto à
declaração de pobreza, pode ser feito mediante simples afirmação, na própria
petição inicial ou curso do processo, não dependendo a sua concessão de
declaração firmada de própria punho pelo hipossuficiente" ( Resp 901.685/DF.
Min. ELIANE CALMON, Segunda Turma, DJe 6/8/08), (grifo nosso).

Na espécie, o D. Juízo "a quo" indeferiu o benefício em conjecturas, ou seja, não se


baseou na renda mensal líquida em cotejo com as despesas correntes do Agravante para
preservar o sustento próprio, revelando-se que tal conduta mostra-se inadequada e
descabida, haja vista a inexistência, na v. decisão agravada, de elementos concretos,
tangíveis, violando exigência estabelecida pelo C. Tribunal Superior , senão vejamos:

"PROCESSUAL CIVIL. JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE


POBREZA. PRESUNÇÃO RELATIVA. EXIGÊNCIA DECOMPROVAÇÃO.
ADMISSIBILIDADE.1. A declaração de pobreza, com o intuito de obter os
benefícios da assistência judiciária gratuita, goza de presunção relativa,
admitindo, portanto, prova em contrário. 2. Para o deferimento da gratuidade
de justiça, não pode o juiz se balizar apenas na remuneração auferida, no
patrimônio imobiliário, na contratação de advogado particular pelo requerente
(gratuidade de justiça difere de assistência judiciária), ou seja, apenas nas suas
receitas. Imprescindível fazer o cotejo das condições econômico-financeiras
com as despesas correntes utilizadas para preservar o sustento próprio e o da
família. 3. Dessa forma, o magistrado, ao analisar o pedido de gratuidade, nos
termos do art. 5º da Lei 1.060/1950, perquirirá sobre as reais condições
econômico- financeiras do requerente, podendo solicitar que comprove nos
autos que não pode arcar com as despesas processuais e com os honorários de
sucumbência. Precedentes do STJ.4. Agravo Regimental não provido. ( AgRg
no AREsp 257.029/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 15/02/2013)" (destaquei)
Destarte, embasado na lei vigente e jurisprudência, Superior Tribunal de Justiça e
Supremo Tribunal Federal, deve ser a decisão reformada, a fim de conceder ao Agravante
o benefício da Justiça Gratuita.

2.4 RECEBIMENTO DESTE RECURSO NO EFEITO SUSPENSIVO

Demonstrado o equívoco e injustiça da decisão recorrida, restando incontroverso que a v.


decisão agravada está a transitar na contra mão do direito e do bom senso, além de
contrariar lei federal e norma constitucional.
O efeito suspensivo ativo é de extrema importância, tendo em vista que o Agravado irá
desprover o habitual sustento da sua família se tiver que arcar como o ônus das custas
judiciais.
Ademais, vale salientar que somente o efeito suspensivo não supre a necessidade
processual, visto que o lapso temporal da suspensão até a decisão terminativa do recurso
poderá gerar prejuízo irreparável ao Agravante.
Assim, por tais razões e para que a justiça se faça por inteiro, merece o presente recurso
ser recebido tanto no efeito devolutivo quanto no efeito SUSPENSIVO.

3. PEDIDO DE REFORMA

Destarte, demonstradas as razões para a reforma da decisão agravada, requer que seja
recebido, processado, julgado e provido o pedido de reforma da decisão ID no 48701291,
a fim de que seja CONCEDIDO O BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA .

Por fim, roga-se pela verdadeira Justiça, que sempre é dada por esta Colenda Câmara,
através dos mais sábios Desembargadores.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
Teresina, PI, 20 de novembro de 2023.

ANA CAROLINNA BARROS E SILVA


OAB/PI Nº 14.111

GLAUCIENE Ma F. DE B. TAVARES
ESTAGIÁRIA

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