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AGRAVO DE INSTRUMENTO
com fulcro no artigo 1.015, V, do Código de Processo Civil, contra o despacho proferido
pelo Exmo. Magistrado da Vara Judicial da Comarca de Teresina, que negou a concessão
da integralidade da gratuidade da justiça ao impetrante. Nessa conformidade, REQUER o
recebimento e processamento do presente recurso por este Tribunal de Justiça do Estado
do Piauí, para que, ao final, seja dado provimento ao presente agravo. Requer a
concessão da Gratuidade da justiça para fins de apreciação do presente recurso.
Nesses Termos;
Pede Deferimento.
PROCESSO: xxxxxxxxx.0140
AGRAVANTE:VICTOR Xxxxxxxxxxx
AGRAVADO: FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE
JUÍZO DE ORIGEM: 1a Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina
ÍNCLITOS JULGADORES.
1. PRELIMINARES
1.1. TEMPESTIVIDADE
O agravante tomou ciência da referida decisão combatida em 17/11/2023, através de
sua publicação no PJE, por meio da qual sua procuradora foi certificada, dando ciência
em 21/11/2023. Considerando que o prazo de interposição desta modalidade de recurso
se dá em 15 (quinze) dias úteis, o término deste se daria somente em 13/12/2023.
Portanto, sendo o mesmo, tempestivo.
Em breve explanação o que se espera deste recurso é obter o provimento, posto que a
decisão recorrida visa impedir o direito da Agravante, na qualidade de cidadão, de obter
seu benefício de acesso à Justiça, posto que sem o pagamento das custas judiciais a
demanda por ela ajuizada será indeferida, lhe sendo furtado seu direito de acesso gratuito
à justiça, nos temos dos inciso XXXV e LXXIV, ambos da Constituição Federal.
2. RAZÕES DO AGRAVO
Advogada da parte Agravante: Ana Carolinna Barros e Silva, brasileira, solteira, inscrita
na OAB/PI nº 14.111, com endereço professional no Rodapé da página.
Informa que o Agravado nem mesmo possui advogado habilitado nos autos por ainda não
ter sido citado nos autos do processo.
Destaque-se que a partir de 2024 seu vínculo empregatício, na xxxxx xxxx, que lhe
garante apenas R$ 1.503,66 (Um mil quinhentos e três reais e sessenta e seis centavos) de
renda mensal, será sua única fonte de sustento (CONTRACHEQUE ID. 38339330 e
abaixo colacionado).
Xxxxxxxx
A parte Agravante ajuizou a presente ação visando receber diferenças salariais não pagas
pela Secretaria de Saúde do Município.
Junto ao seu pedido inicial, foi requerido o benefício da Justiça Gratuita, seguido de
devida declaração de pobreza, na acepção jurídica do termo, em conformidade com a Lei
vigente
e jurisprudência do Tribunal local, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal.
Contudo, o N. Magistrado "a quo" negou a concessão da gratuidade processual,
determinando o recolhimento das custas judiciais, ainda que sendo dividida em 10
parcelas não pode ser suportada pelo agravante, em razão da cessação do contrato de
trabalho com a Universidade Federal, restando apenas uma fonte e renda, como professor
da xxxxxxxxxxxxx que não será suficiente para se manter e conseguir arcar com as
custas processuais, de um processo que visa alcançar verbas salariais não recebidas por
ele.
A decisão foi equivocada, pois além de carecer de devida fundamentação, nos termo do
artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, foi à contramão da legislação constitucional
vigente.
De início, o inc. XXXV, da Constituição Federal dispõe que "a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" , e o inc LXXIV "o Estado
prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovam insuficiência de
recursos.
Em consonância com a norma constituição vigente e imutável, e de forma infundada teve
seu pedido negado, lhe sendo imposta a condição de pagar as custas judiciais ou de ter
sua inicial indeferida, momento no qual as portas da justiça lhe foram fechadas!
Outrossim, o direito da Agravante também está respaldado no artigo 98 do CPC que
dispõe "A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.". O parágrafo 3º, do art. 99 do CPC, prevê
"Presume- se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural."
Não há legislação pátria nenhum parâmetro que possa medir o nível de pobreza do
cidadão, e que determine quem deve receber o benefício e a quem deve ser este negado.
Sem prejuízo do até aqui exposto, a Legitimidade para contestar o pedido de justiça
gratuita é prerrogativa exclusiva da parte contrária, que terá o ônus de provar, que os ora
Agravantes não preenchem o requisito da Lei para obtenção do benefício. Nesse sentido,
apresentamos jurisprudência abaixo:
EMENTAAPELAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. BUSCA E
APREENSÃO. GRATUIDADE. ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL .ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DECRETO-LEI 911/69.
INAPLICABILIDADE. RESP. Nº 1622555/MG.A documentação juntada aos
autos corrobora a presunção de hipossuficiência declarada, porquanto a parte
requerente aufere renda mensal inferior a cinco (05) salários mínimos,
impondo-se a reforma do decisum que lhe indeferiu a gratuidade judiciária. (...).
Apelo provido parcialmente. (Ac. 1.321.445, Des. Arnoldo Camanho, julgado
em 2021)
3. PEDIDO DE REFORMA
Destarte, demonstradas as razões para a reforma da decisão agravada, requer que seja
recebido, processado, julgado e provido o pedido de reforma da decisão ID no 48701291,
a fim de que seja CONCEDIDO O BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA .
Por fim, roga-se pela verdadeira Justiça, que sempre é dada por esta Colenda Câmara,
através dos mais sábios Desembargadores.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
Teresina, PI, 20 de novembro de 2023.
GLAUCIENE Ma F. DE B. TAVARES
ESTAGIÁRIA