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EXCELENTISSÍMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

RECURSO Nº

JOÃO DA SILVA, já qualificado nos autos do Recurso Epigrafado, em que


contende com RECORRIDO, vem, pela presente, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, com supedâneo no art. 1042 do C.P.C., inconformado com a
decisão de fls __/__, interpor o presente

RECURSO DE AGRAVO

Em face da referida decisão, pelo que requer à intimação da parte contraria


para apresentar suas contrarrazões recursais
Requer, ainda, a remessa dos autos ao Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.

Termos em que,
Pede deferimento
Campinas, 03 de abril de 2023
ADVOGADO, OAB nº
RAZÕES DE AGRAVO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL

AGRAVANTE: João da Silva

AGRAVADO: Ciclano de Tal

ORIGEM: 10º CAM. DIR. PÚBLICO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

RECURSO A SER DESTRANCADO: RECURSO ESPECIAL

EGRÉGIO TRIBUNAL
INCLITOS MINISTROS

Inconformado com o a decisão que não admitiu o seu Recurso Especial,


o Agravante vem respeitosamente, a esta Corte Superior buscar seu último
socorro.

I - DOS FATOS
Diante da violação ao direito a propriedade, garantido e assistido pela
Carta Magna, o Agravante entrou com uma ação de reintegração de posse em
face do esbulho cometido pelo réu, sendo este provado e reconhecido em v.
acórdão.
Inobstante o conhecimento jurídico dos Ilustres integrantes da 10ª
Câmara de Direito Público do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, o
Agravante, inconformado, com o v. acórdão de fls.x que negou seu direito a
reintegração de posse, interpôs Recurso Especial com fulcro no art. 105, III,
alínea a onde logrou demonstrar os motivos pelos quais não merece prevalecer
o v. acórdão prolatado pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo.
Entretanto, o Exmo. Desembargador Presidente da 10ª Câmara de Direito
Público do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu por dar não
conhecimento ao Recurso Especial, entendendo, em síntese:
“O Recurso Especial interposto é tempestivo, e houve recolhimento do
preparo. Todavia, rejeito seguimento a dito recurso, uma vez que não
comprovado o prequestionamento. Intime-se.”
Com devida vênia, embora os argumentos expostos na referida decisão
monocrática acima descrita, tal não merece prosperar, devendo o Recurso
Especial ser conhecido para julgamento perante a este Egrégio Superior Tribunal
de Justiça.

III – DA TEMPESTIVIDADE
Diante do inconformismo do agravante respectivo a decisão proferida na
ação em andamento, conforme Art. 1003 do CPC, o prazo para a interposição
de recurso especial é de 15 (quinze) dias, e tendo o despacho sido publicado no
dia 27/03/2023, o prazo final para a interposição do mesmo se dará em
18/04/2023, sendo, portanto, tempestivo o presente recurso.

IV – DO MÉRITO

A decisão que inadmitiu o recurso especial não possui qualquer embasamento


legal.

O art. 105, III, “a”, da Constituição preconiza o cabimento de Recurso Especial


para o Superior Tribunal de Justiça quando acórdãos dos Tribunais de Justiça
contrariarem Lei Federal. É o que ocorre no presente caso, tendo em vista que a
decisão recorrida violou o art. 1.210 do Código Civil.

Tendo em vista, que a decisão proferida em ação possessória, que negou o


direito à liminar de reintegração de Posse, contrariou o que dispõe o artigo 1210 do CC,
pois, foi provado e reconhecido no próprio acordo recorrido o esbulho possessório,
havido por parte do agora agravado em menos de ano e dia.

Visto que, mesmo o agravante provando o esbulho e o seu direito a reintegração


de posse lhe foi negado o seu direito de seguir com o recurso, o que contraria o que diz
os arts. 1210 do CC e 560 do CPC.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.

A decisão do Órgão Especial do Tribunal foi fundamentada no art. 5º, XXII e


XXIII da CF, que diz:
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residente no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

No entanto, a decisão recorrida, ao decidir que a função social da propriedade


às regras do código civil e do código de processo civil, exarou entendimento
divergente de acórdãos de outros Tribunais (art. 105, III, “c”, CF).=

Isso porque os diversos Tribunais e, inclusive, o Superior Tribunal de Justiça já


analisaram casos idênticos e decidiram de forma inversa, inclusive existem diversas
jurisprudências que tratam do uso indevido do princípio da função social da propriedade
para violar normas do Código Civil e do Código de Processo Civil. Abaixo, apresentamos
um exemplo:

"RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. DIREITO


ADMINISTRATIVO. DIREITO CIVIL. AÇÃO POSSESSÓRIA. VIOLAÇÃO DO
ART. 535, II, DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. POSSIBILIDADE DE USO DA
AÇÃO POSSESSÓRIA CONTRA ATO ADMINISTRATIVO QUE IMPLICA
RESTRIÇÃO AO DIREITO DE PROPRIEDADE. PRECEDENTES. PRINCÍPIO
DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS.
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA LEI. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E PROVIDO. (STJ - REsp: 1201016 SC 2010/0127716-0, Relator:
Ministro Benedito Gonçalves, Data de Julgamento: 17/04/2012, T1 - PRIMEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 23/04/2012)"

Neste caso, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a possibilidade de se usar


a ação possessória contra ato administrativo que implique restrição ao direito de
propriedade. A decisão destacou que o princípio da função social da propriedade não
pode ser utilizado para violar as normas do Código Civil e do Código de Processo Civil,
sendo necessária a observância da lei na aplicação das limitações administrativas ao
direito de propriedade.
Uma vez que, essa jurisprudência ressalta a importância de se respeitar as
normas legais e a necessidade de observar as limitações administrativas impostas ao
direito de propriedade, a fim de se garantir a proteção dos direitos fundamentais dos
indivíduos e da sociedade como um todo.

Assim, em atenção ao art. 1.029 do Código de Processo Civil, resta demonstrado


o cabimento do recurso especial, motivo pelo qual a decisão que o inadmitiu deve ser
reformada.

Além dos fundamentos já apresentados, a Agravante também apresenta as


razões pelas quais a divergência de entendimentos entre a decisão recorrida e de outros
tribunais é evidente, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 1.029 do Novo Código
de Processo Civil, in verbis:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos


previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o
presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições
distintas que conterão:

[...]

§ 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o


recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou
citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,
inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o
acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado
disponível na rede mundial de computadores, com indicação da
respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.

Dessa forma, tem-se que a interpretação dada pelo acórdão recorrido não possui
guarida no ordenamento jurídico brasileiro, motivo pelo qual o recurso especial deve ser
admitido e provido.

III - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

1) Seja recebido e conhecido o presente Agravo em Recurso Especial, a


intimação do Agravado, a remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça, a
fim de reformar a decisão que inadmitiu o Recurso Especial com base no artigo
1.042, § 4º, CPC/15
2) Requer-se a reforma do Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo nº
xxxxxxxxxx
3) Requer-se a condenação do réu a desde já compelido a desocupar o imóvel
com a imissão do autor na posse

Nestes termos,
Pede e espera deferimento

Campinas, 03 de abril de 2023


Advogado, OAB Nº

Jaqueline de Oliveira Batista, 18724872


Beatriz Oliveira Amaral, 18037853

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