Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APRESENTAÇÃO PESSOAL
SUMÁRIO
8.0 CULPABILIDADE 17
TEORIAS 17
8 .1 CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE PENAL (EXCLUSÃO DA IMPUTABILIDADE) 18
13.0 HOMICÍDIO 26
1 3 .1 MAJORANTES NO HOMICÍDIO 26
1 3 . 2 TÓPICOS IMPORTANTES 27
15.0 INFANTICÍDIO 28
16.0 ABORTO 29
1 6 .1 TRÊS MODALIDADES 29
1 6 . 2 ABORTO PROVOCADO PELA PRÓPRIA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO (ART. 124)
29
1 6 . 3 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE (ART. 125) 29
1 6 . 4 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE (ART. 126) 30
16.4.1 MAJORANTES NO ABORTO PROVOCADO 30
1 6 . 5 ABORTO PERMITIDO 30
19.0 FURTO 34
1 9.1 TÓPICOS IMPORTANTES SOBRE O CRIME DE FURTO 36
20.0 ROUBO 36
21.0 EXTORSÃO 38
21.1 EXTORSÃO QUALIFICADA PELO RESULTADO 38
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 38
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA PELO RESULTADO 39
22.0 DANO 39
24.0 ESTELIONATO 40
24 .1 ESTELIONATO ENVOLVENDO ATIVOS VIRTUAIS (ART. 171-A DO CP) 41
24.1.1 TÓPICOS IMPORTANTES 41
24 . 2 ESTELIONATO “PREVIDENCIÁRIO” 41
25.0 RECEPTAÇÃO 42
1 .1 CONCEITO
PONTOS IMPORTANTES:
• A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência.
• Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado NÃO podem ser considerados maus antecedentes (nem
circunstâncias judiciais desfavoráveis) – Súmula 444 do STJ.
• Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime) para que o condenado sofra regressão de regime (pela prática de novo
crime).
• Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime) para que haja revogação da suspensão condicional do processo.
Princípio da alteridade – O fato deve causar lesão a um bem ou à defesa de interesses cuja proteção, pelo Direito Penal, seja
jurídico de terceiro. Desse princípio, decorre que o DIREITO PENAL absolutamente indispensável à coexistência harmônica e pacífica da
NÃO PUNE A AUTOLESÃO. sociedade.
Princípio da ofensividade – Não basta que o fato seja Princípio do ne bis in idem – Ninguém pode ser punido
formalmente típico. É necessário que esse fato ofenda, de maneira duplamente pelo mesmo fato. Ninguém poderá sequer ser processado
grave, o bem jurídico pretensamente protegido pela norma penal. duas vezes pelo mesmo fato. Não se pode, ainda, utilizar o mesmo
Princípio da Adequação Social – Uma conduta, ainda quando fato, condição ou circunstância duas vezes (como qualificadora e
tipificada em Lei como crime, quando não afrontar o sentimento como agravante, por ex.).
social de Justiça, não seria crime (em sentido material). Princípio da proporcionalidade – As penas devem ser
Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal – Nem todos aplicadas de maneira proporcional à gravidade do fato. Além disso, as
os fatos considerados ilícitos pelo Direito devem ser considerados penas devem ser cominadas de forma a dar ao infrator uma sanção
como infração penal, mas somente aqueles que atentem contra bens proporcional ao fato abstratamente previsto.
jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Princípio da confiança – Todos possuem o direito de atuar
Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal – O Direito acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo com as
Penal não deve ser usado a todo momento, mas apenas como normas que disciplinam a vida em sociedade. Ninguém pode ser
uma ferramenta subsidiária, quando os demais ramos do Direito se punido por agir com essa expectativa.
mostrarem insuficientes. Princípio da insignificância (ou da bagatela) – As condutas que
Princípio da Intervenção mínima (ou Ultima Ratio) – não ofendam significativamente os bens jurídico-penais tutelados
Decorre do caráter fragmentário e subsidiário do Direito Penal. A não podem ser consideradas criminosas (em sentido material). A
criminalização de condutas só deve ocorrer quando se caracterizar aplicação de tal princípio afasta a tipicidade MATERIAL da conduta.
como meio absolutamente necessário à proteção de bens jurídicos
PONTOS IMPORTANTES:
• Descaminho – Cabe aplicação do princípio da insignificância. PATAMAR: R$ 20.000,00.
• Reincidência – Há divergência jurisprudencial. STF: apenas a reincidência específica é capaz de afastar a aplicação do princípio da
insignificância (há decisões em sentido contrário).
• Contrabando – Em regra, não se aplica o princípio da insignificância, salvo se se tratar de:
• Pequena quantidade de medicamento para uso próprio
• Contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não ultrapassar 1.000 (mil) maços (STJ – Tema repetitivo 1143)
REGRA – Princípio da atividade: lei é aplicada aos fatos lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal,
praticados durante sua vigência. a conduta pode continuar sendo considerada crime (não há abolitio
EXCEÇÃO: extra-atividade da Lei penal benéfica. Duas formas: criminis):
• RETROATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei nova mais • Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro
benéfica retroage, de forma que será aplicada aos fatos criminosos de outro tipo penal.
praticados antes de sua entrada em vigor. • Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta está
• ULTRA-ATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei mais benéfica, prevista como crime em outro tipo penal.
quando revogada, continua a reger os fatos praticados durante sua OBS.: faz cessar a pena e os efeitos penais da condenação.
vigência. Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu –
Abolitio criminis – Lei nova passa a não mais considerar a Prevalece o entendimento de que não é possível combinar as duas
conduta como criminosa (descriminalização da conduta). Leis. Deve ser aplicada a Lei que, no todo, seja mais benéfica (teoria
Continuidade típico-normativa – Em alguns casos, embora a da ponderação unitária).
• Processo ainda em curso – Compete ao Juízo que está excepcional, ela não mais produzirá efeitos.
conduzindo o processo.
• Processo já transitado em julgado – Compete ao Juízo da Tempo do crime – Considera-se praticado o delito no momento
execução penal (enunciado nº 611 da súmula do STF).
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do
Leis excepcionais e temporárias – Continuam a reger os fatos
resultado (adoção da teoria da ATIVIDADE ou da AÇÃO).
praticados durante sua vigência, mesmo após expirado o prazo de
Crimes continuados e permanentes – Consideram-se
vigência ou mesmo após o fim das circunstâncias que determinaram
como sendo praticados enquanto não cessa a continuidade ou
a edição da lei.
permanência. Consequência: se, nesse período (em que o crime está
sendo praticado), sobrevier lei nova, mais grave, ela será aplicada
OBS.: se houver superveniência de lei abolitiva expressamente
(súmula 711 do STF).
revogando a criminalização prevista na lei temporária ou
Condições:
Mesmas condições da extraterritorialidade condicionada
+
Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição Haver requisição do MJ
Lugar do crime – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta (ação ou omissão), bem como onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado (adoção da teoria da UBIQUIDADE ou MISTA).
4 .1 CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob três aspectos:material, formal significativa (mediante lesão ou exposição a perigo), um bem
(legal) e analítico: jurídico relevante de terceira pessoa.
• Formal (legal) – Crime é a conduta prevista em Lei como • Analítico – Adoção da teoria tripartida. Crime é composto por
crime. No Brasil, mais especificamente, é toda infração penal a que fato típico, ilicitude e culpabilidade (posição da Doutrina mais que
a lei comina pena de reclusão ou detenção majoritária).
• Material – Crime é a conduta que afeta, de maneira
O fato típico também divide-se em elementos, são eles: adequada, na hipótese de superveniência de causa relativamente
• Conduta humana (alguns entendem possível a conduta de independente que produz, por si só, o resultado. OBS.: a teoria da
pessoa jurídica) – Adoção da teoria FINALISTA: conduta humana é a imputação objetiva não foi expressamente adotada pelo CP, mas
ação ou omissão voluntária dirigida a uma determinada finalidade. há decisões jurisprudenciais aplicando a Teoria.
• Resultado naturalístico – É a modificação do mundo real • Tipicidade – É a adequação da conduta do agente à conduta
provocada pela conduta do agente. Apenas nos crimes materiais descrita pela norma penal incriminadora (tipicidade formal).
se exige um resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera A tipicidade material é o desdobramento do conceito material
conduta, não há essa exigência. Além do resultado naturalístico de crime: só haverá tipicidade material quando houver lesão
(que nem sempre estará presente), há também o resultado jurídico (ou exposição a perigo) significativa a bem jurídico relevante de
(ou normativo), que é a lesão ao bem jurídico tutelado pela norma terceiro (afasta-se a tipicidade material, por exemplo, quando se
penal. Esse resultado sempre estará presente. reconhece o princípio da insignificância). OBS.: Adequação típica
• Nexo de causalidade – Nexo entre a conduta do agente mediata: nem sempre a conduta praticada pelo agente se amolda
e o resultado. Adoção, pelo CP, da teoria da equivalência dos perfeitamente ao tipo penal (adequação imediata). Às vezes,
antecedentes (considera-se causa do crime toda conduta sem é necessário que se proceda à conjugação de outro dispositivo
a qual o resultado não teria ocorrido). Utilização do elemento da Lei Penal para se chegar à conclusão de que um fato é típico
subjetivo (dolo ou culpa) como filtro, para evitar a “regressão (adequação mediata). ex.: homicídio tentado (art. 121 + art. 14, II
infinita”. Adoção, subsidiariamente, da teoria da causalidade do CP).
Dolo direto de primeiro grau – composto pela consciência de que a conduta pode lesar um bem jurídico + a vontade de violar (pela lesão
ou exposição a perigo) esse bem jurídico.
Dolo direto de segundo grau – também chamado de “dolo de consequências necessárias”. O agente não quer o resultado, mas sabe que
o resultado é um efeito colateral NECESSÁRIO e pratica a conduta assim mesmo, sabendo que o resultado (não querido) ocorrerá fatalmente.
Dolo eventual – consiste na consciência de que a conduta conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
pode gerar um resultado criminoso + a assunção desse risco, mesmo • Dolo específico, ou especial fim de agir – Em contraposição
diante da probabilidade de algo dar errado. Trata-se de hipótese na ao dolo genérico, nesse caso, o agente não quer somente praticar
a conduta típica, mas o faz por alguma razão especial, com alguma
qual o agente não tem vontade de produzir o resultado criminoso,
finalidade específica.
mas, analisando as circunstâncias, sabe que esse resultado pode
• Dolo geral, por erro sucessivo ou aberratio causae – Ocorre
ocorrer e não se importa, age da mesma maneira. OBS.: diferença
quando o agente, acreditando ter alcançado seu objetivo, pratica
em relação ao dolo direto de segundo grau: aqui o resultado não nova conduta, com finalidade diversa, mas, depois, constata-se
querido é POSSÍVEL OU PROVÁVEL; no dolo direto de segundo grau, que esta última foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-
o resultado não querido é CERTO (consequência necessária). se de erro na relação de causalidade, pois, embora o agente tenha
O dolo pode ser, ainda: conseguido alcançar a finalidade proposta, somente o alcançou
• Dolo genérico – É, basicamente, a vontade de praticar a através de outro meio, que não tinha direcionado para isso.
5 . 2 CRIME CUPOSO
Crime consumado – ocorre quando todos os elementos da mesmo podendo fazê-lo. FÓRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa – O
definição legal da conduta criminosa estão presentes. agente quer, mas não pode prosseguir; (2) Na desistência voluntária
Crime tentado – há crime tentado quando o resultado não – O agente pode, mas não quer prosseguir. Se o resultado não
ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. Adoção da ocorrer, o agente não responde pela tentativa, mas apenas pelos atos
teoria objetiva da punibilidade da tentativa: como regra, o agente efetivamente praticados.
responde pela pena do crime consumado, diminuída de um a dois Arrependimento eficaz – Aqui, o agente já praticou todos os
terços. EXCEÇÃO: (1) crimes em que a mera tentativa de alcançar o atos executórios que queria e podia, mas após isso, arrepende-se
resultado já consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (Evasão mediante do ato e adota medidas que acabam por impedir a consumação do
violência contra a pessoa); (2) outras exceções legais. resultado. Se o resultado não ocorrer, o agente não responde pela
Crime impossível (tentativa inidônea ou crime oco) – tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente praticados.
o resultado não ocorre por ser absolutamente impossível sua Arrependimento posterior – Não exclui o crime, pois este já
ocorrência, em razão: (1) da absoluta impropriedade do objeto; ou se consumou. Ocorre quando o agente repara o dano provocado ou
(2) da absoluta ineficácia do meio. Adoção da teoria objetiva da restitui a coisa. Consequência: diminuição de pena, de um a dois
punibilidade da tentativa inidônea: a conduta do agente não terços. Só cabe:
é punível. • Nos crimes em que não há violência ou grave ameaça à
pessoa;
Desistência voluntária – Na desistência voluntária, o agente, • Se a reparação do dano ou restituição da coisa é anterior ao
por ato voluntário, desiste de dar sequência aos atos executórios, recebimento da denúncia ou queixa.
É a condição de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra, toda conduta típica é ilícita. Não o será, porém, se houver uma
causa de exclusão da ilicitude. São elas:
• Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Estão previstas na parte geral do Código Penal, em seu art. 23;
• Específicas – São aquelas que são próprias de determinados crimes, não se aplicando a outros.
Conceito – “Considera-se em estado de necessidade quem foi ele mesmo quem deu causa, não poderá sacrificar o direito de
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua um terceiro a pretexto de salvar o seu).
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, • Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não
permite o estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
que iminente.
Se bem sacrificado era de valor maior do que o bem protegido
• A situação de perigo deve estar expondo à lesão um bem
– Não há justificação. A conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a
jurídico do próprio agente ou de um terceiro.
pena diminuída de um a dois terços. • O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o resultado.
Requisitos • Bem jurídico sacrificado deve ser de valor igual ou inferior
• Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se ao bem protegido – Se o bem sacrificado era de valor maior do que
o bem protegido, não há justificação. A conduta é ilícita. O agente, sacrifica bem jurídico de um terceiro que não provocou a situação
contudo, tem a pena diminuída de um a dois terços. de perigo.
• Atitude necessária – O agente deve agir nos estritos limites • Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico de
do necessário. Caso se exceda, responderá pelo excesso (culposo quem ocasionou a situação de perigo.
ou doloso). • Real – Quando a situação de perigo efetivamente existe.
Espécies: • Putativo – Quando a situação de perigo não existe de fato,
• Agressivo – Quando, para salvar seu bem jurídico, o agente apenas na imaginação do agente.
7. 2 LEGÍTIMA DEFESA
Conceito – “Entende-se em legítima defesa quem, usando OBS.: na legítima defesa, diferentemente do que ocorre no
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, estado de necessidade, o agredido (que age em legítima defesa) não
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. é obrigado a fugir do agressor, ainda que possa, ou seja, não se exige
que o agente opte pela saída mais cômoda (commodus discessus).
Requisitos:
• Agressão Injusta – Assim, se a agressão é justa, não há Espécies de legítima defesa:
legítima defesa. • Agressiva – Quando o agente pratica um fato previsto como
• Atual ou iminente – A agressão deve estar acontecendo ou infração penal.
prestes a acontecer. • Defensiva – O agente limita-se a se defender, não atacando
• Contra direito próprio ou alheio – A agressão injusta pode nenhum bem jurídico do agressor.
estar acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do próprio • Própria – Quando o agente defende seu próprio bem jurídico.
agente ou de um terceiro. • De terceiro – Quando defende bem jurídico pertencente a
• Reação proporcional – O agente deve repelir a agressão outra pessoa.
injusta, valendo-se dos meios necessários, mas sem se exceder. • Real – Quando a agressão, ou a iminência dela, acontece, de
Caso se exceda, responderá pelo excesso (culposo ou doloso). fato, no mundo real.
• Conhecimento da situação justificante – O agente deve • Putativa – Quando o agente pensa que está sendo agredido
saber que está agindo em legítima defesa, ou seja, deve conhecer ou que essa agressão irá ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto
a situação justificante e agir com intenção de defesa (animus da sua imaginação.
defendendi).
TÓPICOS IMPORTANTES:
• Não cabe legítima defesa real em face de legítima defesa real.
• Cabe legítima defesa real em face de legítima defesa putativa.
• Cabe legítima defesa sucessiva.
• Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que esteja acobertada apenas por causa de exclusão da culpabilidade.
• NUNCA haverá possibilidade de legítima defesa real em face de qualquer causa de exclusão da ilicitude real.
OBS.: a Lei 13.964/19 (pacote “anticrime”) incluiu a previsão expressa (art. 25, § único, do CP) no sentido de que se considera, também,
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão à vítima mantida refém durante a prática de crimes.
Obviamente, só haverá legítima defesa se preenchidos os requisitos para toda e qualquer legítima defesa (agressão injusta, reação proporcional
etc.).
Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz em cumprimento a um dever previsto em lei.
Observações importantes:
• Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do dever legal, a ele também se estende essa causa de exclusão
da ilicitude (há comunicabilidade).
• O particular também pode agir no estrito cumprimento do dever legal.
Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz no exercício de um direito seu. Dessa forma, quem age no legítimo
exercício de um direito seu, não poderá estar cometendo crime, pois a ordem jurídica deve ser harmônica. ex.: lutador de vale-tudo que agride
o oponente.
Excesso punível – Da mesma forma que nas demais hipóteses, o agente responderá pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, irá
se verificar sempre que o agente ultrapassar os limites do direito que possui (não estará mais no exercício REGULAR de direito).
8.0 CULPABILIDADE
CONCEITO – Juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstâncias pessoais.
TEORIAS
PSICOLÓGICO- Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + culpa + dolo natural (consciência e vontade) +
NORMATIVA dolo normativo (consciência da ilicitude)
1 O dolo natural (a mera vontade e consciência de praticar a conduta definida como crime) migra, portanto, para o fato típico como elemento integrante da conduta.
IMPUTABILIDADE – Capacidade mental de entender o caráter ilícito da conduta e de comportar-se conforme o Direito.
Critérios para aferição da imputabilidade:
Menoridade penal – São inimputáveis os menores de 18 anos caráter ilícito do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se
(critério biológico) conforme esse entendimento (critério psicológico)
Doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou Obs.: se, em decorrência da doença, o agente tinha
retardado – Requisitos: discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade), NÃO É ISENTO DE
• Que o agente possua a doença (critério biológico) PENA (não afasta a imputabilidade). Nesse caso, há redução de pena
• Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o (um a dois terços).
Embriaguez – Requisitos:
• Que o agente esteja completamente embriagado (critério biológico)
• Que se trate de embriaguez decorrente de caso fortuito ou força maior
• Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este
entendimento (critério psicológico)
Obs.: no caso de embriaguez acidental parcial, não há isenção de pena. Nesse caso, há redução de pena (um terço a dois terços).
Esquema:
EMBRIAGUEZ
Sem discernimento algum Inimputável
Redução de pena
(um a dois terços)
Redução de pena
Discernimento parcial
(um a dois terços)
Diferença entre erro de proibição indireto e erro de tipo permissivo: • Erro de proibição indireto – O agente atua acreditando que
• Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando que, existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificação)
no caso concreto, estão presentes os requisitos fáticos que que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a existência e/ou
caracterizam a causa de justificação e, portanto, sua conduta seria limites de uma causa de justificação em abstrato. Erro, portanto,
justa. sobre o ordenamento jurídico (erro normativo).
que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada).
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO – No erro determinado (ou provocado) por terceiro, o agente erra porque alguém o induz a isso. Só
responde pelo delito aquele que provoca o erro (modalidade de autoria mediata).
11.1 MODALIDADES
Coautoria – Adoção do conceito restritivo de autor (teoria restritiva), por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a
conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais são partícipes.
OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém (autor mediato) se vale de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática
de um delito. Pode ocorrer quando:
• O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
• O autor imediato age sem culpabilidade (ex.: coação moral irresistível)
TÓPICOS IMPORTANTES:
• Pode haver autoria mediata nos crimes próprios – Desde • Domínio da vontade – O agente não realiza a conduta
que o autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade
tipo penal. do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de
• Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão autoria mediata).
própria – Impossibilidade de se executar o delito por interposta • Domínio funcional do fato – O agente desempenha uma
pessoa função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada
• AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que, criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo, a cada um,
embora não sendo autor nem partícipe, exerce, sobre a conduta, uma parcela significativa, essencial e imprescindível.
domínio EQUIPARADO à figura da autoria. Tópicos importantes
• Não se admite coautoria nos crimes de mão própria.
Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada para as hipóteses • Doutrina ligeiramente majoritária entende ser cabível
de autoria mediata. Para essa teoria, o autor seria aquele que tem coautoria em crimes culposos.
• Não existe coautoria entre autor mediato e autor imediato.
poder de decisão sobre a empreitada criminosa. Pode ocorrer por:
• Há possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos.
• Domínio da ação – O agente realiza diretamente a conduta
prevista no tipo penal.
1 1 . 2 PARTICIPAÇÃO
Também chamada de “participação em crime menos grave” furto). Pedro, porém, vai até o local armado, rende os moradores e
ou “desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes subtrai os bens, praticando um roubo (crime mais grave). José não
decidem praticar determinado crime, mas, durante a execução, um quis participar de um roubo, de forma que responderá apenas por
deles decide praticar outro crime, mais grave. CONSEQUÊNCIA: o furto (que é o crime MENOS grave do qual aceitou participar).
agente que quis participar do crime menos grave responde pelo A pena, contudo, poderá ser aumentada até a metade, caso
crime menos grave (que quis praticar). ex.: José empresta o carro a tenha sido previsível a ocorrência do resultado mais grave.
Pedro para que este cometa um furto (José aceitou participar de um
O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso • Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente a
formal, concurso material e crime continuado. pena da infração penal mais grave, acrescida de determinado
Há, também, três sistemas de aplicação da pena: percentual.
• Sistema do cúmulo material – É aplicada a pena • Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infração
correspondente ao somatório das penas relativas a cada um dos penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer
crimes cometidos isoladamente. aumento.
1 2 .1 CONCURSO MATERIAL
Conceito – Aqui, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados.
Espécies:
• Homogêneo – Quando todos os crimes praticados são idênticos
• Heterogêneo – Quando os crimes praticados são diferentes
Sistema de aplicação da pena
Aplica-se o sistema do CÚMULO MATERIAL.
1 2 . 2 CONCURSO FORMAL
Conceito – Aqui, o agente pratica uma só conduta e produz realizar ambos, ou seja, não há desígnios autônomos (intenção de,
dois ou mais resultados. com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um crime).
Espécies: • Imperfeito (impróprio) – Aqui, o agente vale-se de uma única
• Homogêneo – Quando todos os crimes praticados são conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime.
idênticos Sistema de aplicação da pena
• Heterogêneo – Quando os crimes praticados são diferentes REGRA – Sistema da exasperação: pena do crime mais grave,
• Perfeito (próprio) – Aqui, o agente pratica uma única conduta aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade
e acaba por produzir dois resultados, embora não pretendesse Como definir a quantidade de aumento? De acordo com a
1 2 . 3 CRIME CONTINUADO
Conceito – Hipótese na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que, por determinadas condições, são
considerados, pela lei (por uma ficção jurídica), como crime único.
OBS.: em relação à prescrição, não há ficção jurídica, de maneira que as condutas serão consideradas autonomamente (a prescrição
incidirá sobre cada crime individualmente).
Requisitos:
• Pluralidade de condutas
• Pluralidade de crimes da mesma espécie
• Condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhanças
O que seriam crimes da mesma espécie? A corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são aqueles
tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Além disso, devem tutelar
o mesmo bem jurídico.
OBS.: aqui também se aplica a regra do “cúmulo material benéfico”, ou seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá
ser aplicado o sistema do cúmulo material.
CONCURSO DE CRIMES
Sistema da
Pluralidade de crimes da mesma
EXASPERAÇÃO:
CRIME espécie (e que protejam o mesmo
Pena de um deles (ou a
CONTINUADO bem jurídico
maior, se diversas)
SIMPLES Conexão entre os delitos
+ acréscimo de 1/6 a
Penas são as mesmas
2/3
Crime continuado e conflito de leis penais no tempo – Se, durante a execução do crime continuado, sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu,
esta última será aplicada, pois considera-se que o crime continuado está sendo praticado enquanto não cessar a continuidade delitiva (súmula
711 do STF).
Crime continuado e prescrição – Por haver mera ficção jurídica apenas para fins de aplicação da pena, a prescrição é calculada em relação
a cada crime isoladamente.
13.0 HOMICÍDIO
1 3. 2 TÓPICOS IMPORTANTES
O crime pode ser praticado de 03 formas: auxiliar a vítima a se suicidar ou se automutilar, ainda que a vítima
• Induzimento – O agente faz nascer na vítima a ideia de se não se mate ou não venha a se automutilar, sendo crime formal,
matar ou se automutilar portanto. Eventual ocorrência de resultado danoso à vítima (lesão
• Instigação – O agente reforça a ideia já existente na cabeça
grave, gravíssima ou morte) servirá como qualificadora.
da vítima
OBS.: antes da alteração promovida pela Lei 13.968/19, o
• Auxílio – O agente presta algum tipo de auxílio material à
crime só se consumava com a ocorrência de morte ou pelo menos
vítima (empresta uma arma de fogo, por exemplo)
lesão grave à vítima, sendo fato atípico caso tais resultados não
CUIDADO! O induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou
ocorressem. Isso acabou!
à automutilação deve ter como vítima pessoa certa e determinada
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa (crime comum).
(ou pessoas certas e determinadas). O mero induzimento genérico,
Sujeito passivo – Somente a PESSOA QUE POSSUA ALGUM
abstrato, sem alvo definido, não configura crime (ex.: criar um
DISCERNIMENTO pode ser sujeito passivo do crime, eis que, se a
website e enaltecer aqueles que praticam suicídio, conclamando os
vítima não tiver qualquer discernimento, estaremos diante de um
jovens em geral a ceifarem a própria vida).
homicídio ou lesão corporal, tendo o agente valido-se da ausência de
Elemento subjetivo – Dolo.
autocontrole da vítima para induzi-la a se matar ou se automutilar.
Consumação – Ocorre com o mero ato de induzir, instigar ou
1 4 .1 RESULTADOS POSSÍVEIS:
• Agente induz, instiga ou auxilia a vítima a se suicidar ou se automutilar, e ocorre morte – O agente responde pelo crime do
automutilar, mas não ocorre morte nem lesão grave, pelo menos art. 122 em sua forma qualificada (§2º), com pena de reclusão de 2
– O agente responde pelo crime do art. 122 em sua forma simples, (dois) a 6 (seis) anos.
consumada. • Agente induz, instiga ou auxilia a vítima (menor de 14
• Agente induz, instiga ou auxilia a vítima a se suicidar ou anos ou, por qualquer causa, sem capacidade de resistência) a
se automutilar, e ocorre lesão grave ou gravíssima – O agente se suicidar ou se automutilar, e ocorre morte ou lesão corporal
responde pelo crime do art. 122 em sua forma qualificada (§1º), gravíssima – Agente responde por homicídio (em caso de morte)
com pena de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. ou lesão corporal gravíssima.
• Agente induz, instiga ou auxilia a vítima a se suicidar ou se
1 4 . 2 MAJORANTES
• Pena duplicada
• Se praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; ou
• Se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade de resistência
• Pena aumentada ATÉ O DOBRO
• Se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
• Pena aumentada até METADE
• Se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
15.0 INFANTICÍDIO
CONDUTA – A mãe, sob influência do estado puerperal, mata nessas condições, a matar a criança.
o próprio filho, durante ou logo após o parto. OBS.: o crime só é admitido na forma dolosa. E se a mãe,
SUJEITOS – O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a mãe da durante o estado puerperal, culposamente mata o próprio filho?
vítima e, ainda, desde que esteja sob influência do estado puerperal Nesse caso, temos simplesmente um homicídio culposo.
(crime próprio). O sujeito passivo é o ser humano, recém-nascido, OBS.: e se a mãe, por equívoco, acaba por matar filho
logo após o parto ou durante ele. de outra pessoa (confunde com seu próprio filho)? Nesse caso,
OBS.: embora seja crime próprio, é plenamente admissível responde normalmente por infanticídio, como se tivesse praticado
o concurso de agentes, de forma que todos os comparsas (além o delito efetivamente contra seu filho, por se tratar de erro sobre a
da mãe, claro) também responderão por infanticídio (desde que pessoa (nos termos do art. 20, §3º do CP).
conheçam a condição de mãe da vítima) – ex.: pai que ajuda a mãe,
16.0 ABORTO
1 6 .1 TRÊS MODALIDADES
• Aborto provocado pela própria gestante ou com seu consentimento (art. 124)
• Aborto provocado por terceiro SEM o consentimento da gestante (art. 125)
• Aborto provocado por terceiro COM o consentimento da gestante (art. 126)
1 6 . 2 ABORTO PROVOCADO PELA PRÓPRIA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO (ART. 124)
SUJEITOS – O sujeito ativo só pode ser a mãe (gestante). O sujeito passivo é o produto da concepção (embrião ou feto).
CONDUTA – Pode ser praticado de duas formas distintas:
• Gestante pratica o aborto em si própria
• Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto nela
OBS.: o crime só é punido na forma dolosa. Se o aborto é culposo, a gestante não comete crime (ex.: gestante pratica esportes radicais,
vindo a se acidentar e causar a morte do filho).
O crime consuma-se com a interrupção da gestação com destruição do produto da concepção (morte do nascituro). A tentativa é
plenamente possível.
CONDUTA – O terceiro pratica o aborto na gestante sem que for prestado por quem não possua condições de prestá-lo (menor
esta concorde com a conduta. de 14 anos ou alienada mental2) ou se o consentimento é obtido
SUJEITOS – Não é necessário que se trate de um médico, mediante fraude, grave ameaça ou violência por parte do agente
podendo ser praticado por qualquer pessoa (crime comum). O (infrator).
sujeito passivo, aqui, como em todos os outros delitos de aborto, é OBS.: se o agente pretende matar a mãe, sabendo que está
o produto da concepção (embrião ou feto). Entretanto, nesse crime grávida, e ambos os resultados ocorrem, responderá por ambos os
específico, também será vítima (sujeito passivo) a gestante. crimes (homicídio e aborto) em concurso.
OBS.: também ocorrerá esse crime quando o consentimento
CONDUTA – Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, por este delito.
há o consentimento da gestante. Trata-se da figura do camarada que SUJEITOS – O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, com
praticou o aborto na gestante, com a concordância ou a pedido desta. exceção da própria gestante! O sujeito passivo é apenas o produto
A gestante responde pelo crime do art. 124 e o terceiro responde da concepção (nascituro).
1 6 .5 ABORTO PERMITIDO
OBS.: atualmente, o STF entende que o aborto de fetos anencéfalos (ou anencefálicos, ou seja, sem cérebro ou com má-formação cerebral)
não é crime, estando criada, jurisprudencialmente, mais uma exceção. Ver: ADPF 54 / DF (STF).
Bem jurídico – A saúde e a integridade corporal da pessoa. • Qualificada por ser praticada contra a mulher, por
Sujeitos – A lesão corporal é um crime que pode ser praticado razões da condição do sexo feminino (§13)
por qualquer sujeito ativo, também podendo ser qualquer pessoa • Privilegiada (§§ 4° e 5°) – Por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção,
o sujeito passivo. Em alguns casos, no entanto, somente pode ser
logo em seguida à injusta provocação da vítima – Redução de
sujeito passivo a mulher grávida (art. 129, §§1°, IV e 2°, V).
pena de um sexto a um terço.
Espécies – A lesão corporal pode ser classificada como:
• Lesão corporal culposa (§ 6°)
• Lesão corporal dolosa
• Simples (caput)
Privilégio – Sendo dolosa a lesão corporal, a pena será reduzida
• Qualificada pelo resultado (§§ 1°, 2° e 3°) –
Ocorrência de lesão grave ou morte de um sexto a terço se o crime for praticado:
• Qualificada pela violência doméstica (§ 9°) • Por motivo de relevante valor moral ou social
RESULTADO PENA
Lesão corporal culposa tem sempre a mesma pena (detenção forma que o Juiz poderá deixar de aplicar a pena se as consequências
de dois meses a 01 ano) – Não há agravação pelo resultado! As da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
gradações (grave, gravíssima etc.) só se aplicam à lesão corporal sanção penal se torne desnecessária.
dolosa. Possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade
Ação penal – A ação penal é pública incondicionada, EXCETO por multa – O juiz, não sendo graves as lesões, pode substituir a pena
no caso de lesões corporais leves e culposas. Nesse caso, será de detenção pela de multa se:
condicionada à representação. • O agente comete o crime impelido por motivo de relevante
OBS.: em se tratando de lesões corporais praticadas em valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo
em seguida à injusta provocação da vítima
contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, a ação
• As lesões são recíprocas
penal será sempre pública incondicionada (súmula 542 do STJ).
Perdão judicial – Só é previsto para a lesão corporal culposa, de
Bem jurídico tutelado – Honra objetiva (calúnia e difamação) e honra subjetiva (injúria).
1 8 .1 CALÚNIA
1 8 . 2 DIFAMAÇÃO
Conceito – Imputação, a alguma pessoa, de fato ofensivo à sua contra os mortos. Consumação – O crime consuma-se quando um
reputação (ainda que a imputação seja verdadeira). terceiro toma conhecimento da difamação.
Execução – Pode ser realizada mediante gestos e insinuações. Exceção da verdade – Só é admitida se a vítima é funcionário
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum). público e a difamação se refere ao exercício das funções.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa. Não se pune a difamação
1 8 . 3 INJÚRIA
Conceito – Ofensa dirigida a alguma pessoa (violação à honra • O ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
subjetiva). Aqui, não se trata de um FATO, mas da emissão de um injúria
conceito depreciativo sobre o ofendido (ex.: chamar de piranha, • Há retorsão imediata que consista em outra injúria
fedorento, safado etc.), de maneira a fazer com que a vítima se sinta Injúria real – Há contato físico (ex.: tapa no rosto, de forma
Execução – Pode ser realizada mediante gestos, insinuações, Injúria qualificada – Utilização de elementos referentes à
palavras diretamente ofensivas, escritos etc. religião, à condição de pessoa idosa ou à portadora de deficiência
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum). (art. 140, §3º, do CP).
Sujeito passivo – Qualquer pessoa. OBS.: A injúria racial (com elementos de raça, cor, etnia ou
Consumação – O crime consuma-se quando a VÍTIMA toma procedência nacional) passou a estar tipificada na Lei antirracismo
conhecimento da injúria. (art. 2º-A da Lei 7.716/89), com pena mais severa (reclusão de
Exceção da verdade – Nunca é admitida. 02 a 05 anos e multa), sendo, atualmente, crime inafiançável e
• Se o crime for cometido contra o Presidente da República (salvo se inequívoca intenção de injuriar), ou se realizada pelo
ou chefe de governo estrangeiro, contra funcionário público (no funcionário público na avaliação e emissão de conceito acerca de
exercício da função), na presença de várias pessoas ou por meio informação que preste no exercício da função. Entretanto, quem
que facilite a divulgação ou, ainda, contra criança, adolescente, dá publicidade à primeira e terceira hipótese, responde pelo crime.
pessoa maior de 60 anos ou pessoa com deficiência (exceto na • Retratação – Cabível na calúnia e na difamação (não na
hipótese de injúria racial), a pena do agente é aumentada em 1/3. injúria!). Deve ser realizada até a sentença.
• Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de • ATENÇÃO! Em relação à retratação, a Lei 13.188/15 incluiu
recompensa, a pena é aplicada em DOBRO. o parágrafo único no art. 143 do CP, estabelecendo que, nos casos
• Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer em que tenha sido praticada a calúnia ou a difamação pelos meios
modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores, de comunicação, a retratação deverá se dar, se assim desejar o
aplica-se em triplo a pena (vigência a partir de 30.05.2021) ofendido, pelos mesmos meios em que foi praticada a ofensa.
• A injúria ou difamação não é punível se realizada em juízo,
18 .5 AÇÃO PENAL
pela parte ou seu procurador (com a finalidade de defender seu
direito), se decorre de mera crítica literária, artística ou científica
REGRA Privada
INJÚRIA REAL com violência real Pública (condicionada ou incondicionada, a depender das lesões)
19.0 FURTO
Bem jurídico – Tutela-se não só a propriedade, mas qualquer furto).
forma de dominação sobre a coisa (propriedade, posse e detenção
legítimas). OBS.: a existência de sistema de vigilância ou monitoramento
Coisa alheia móvel – O conceito de “móvel” aqui é “tudo eletrônico caracteriza crime impossível? Não. O STF e o STJ
aquilo que pode ser movido de um lugar para outro sem perda de possuem entendimento pacífico no sentido de que, nesse caso, há
suas características ou funcionalidades”. OBS.: cadáver pode ser possibilidade de consumação do furto, logo não há que se falar em
objeto de furto, desde que pertença a alguém. OBS.2: equipara-se crime impossível. O STJ, inclusive, editou o enunciado de súmula nº
à coisa móvel a ENERGIA ELÉTRICA ou qualquer outra energia que 567 nesse sentido.
possua valor econômico.
Elemento subjetivo – Dolo, com a intenção de se apoderar Repouso noturno – Se o crime for praticado durante o repouso
da coisa (animus rem sibi habendi). Não se pune na forma culposa. noturno, a pena é aumentada em 1/3. Disposições importantes sobre
OBS.: furto de uso não é crime (subtrair só para usar a coisa, já com o repouso noturno:
a intenção de devolver). • Compreende o período em que a população se recolhe para
Consumação – Teoria da amotio: furto consuma-se quando o descansar, devendo o julgador atentar-se às características do caso
concreto.
agente tem a posse sobre a coisa, ainda que por um breve espaço
• Aplica-se ainda que se trate de casa desabitada ou
de tempo e ainda que não tenha a “posse mansa e pacífica” sobre
estabelecimento comercial.
a coisa (Súmula 582 do STJ, prevista para o roubo, mas aplicável ao
• São irrelevantes os fatos das vítimas estarem ou não batedor de carteira, que furta com extrema destreza, sem ser
dormindo no momento do crime ou o local de sua ocorrência, em percebido). Se a vítima percebe a ação, o agente responde por
estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou tentativa de furto simples, não por tentativa de furto qualificado,
em veículos, bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à pois o agente não agiu com destreza alguma.
noite e em situação de repouso. • Chave falsa – O conceito de “chave falsa” abrange: a) A cópia
• Não se aplica ao furto qualificado (posição atual do STJ, Tema da chave verdadeira, mas obtida sem autorização do dono; b) Uma
1087 dos recursos repetitivos. Há divergência no STF).. chave diversa da verdadeira, mas alterada com a finalidade de abrir
a fechadura; c) Qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura
Furto privilegiado – O Juiz pode substituir a pena de reclusão sem provocar sua destruição (pode ser um grampo de cabelo, por
exemplo).
pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente a pena
• Concurso de pessoas – Nessa hipótese, o crime será
de multa, desde que:
qualificado se praticado por duas ou mais pessoas em concurso de
• O réu seja primário
agentes. Em caso de associação criminosa – Todos respondem pelo
• Seja de pequeno valor a coisa furtada
furto qualificado pelo concurso de pessoas + associação criminosa
É possível a aplicação do privilégio ao furto qualificado? Sim,
em concurso MATERIAL (STJ).
desde que (súmula 511 do STJ): • Furto de veículo automotor (§ 5°) que venha A SER
• Estejam presentes os requisitos que autorizam o TRANSPORTADO PARA OUTRO ESTADO OU PARA O EXTERIOR – Se
reconhecimento do privilégio o veículo não chegar a ser levado para outro estado ou país, embora
• A qualificadora seja de ordem objetiva essa tenha sido a intenção, não há furto qualificado tentado, mas
furto simples consumado, pois a subtração consumou-se (pena é
Furto qualificado – Existem várias hipóteses que qualificam o diversa das demais formas qualificadas: 03 a 08 anos).
furto. São elas: • Furto de semovente domesticável de produção – Forma
• Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa qualificada de furto.
– Aquela conduta do agente que destrói ou rompe um obstáculo • Se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que
colocado de forma a impedir o furto. Se a violência for exercida cause perigo comum (Incluída pela Lei 13.154/18) – Pena: 04 a 10
contra o próprio bem furtado, não há a qualificadora. anos de reclusão e multa.
• Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza – No abuso • Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios
de confiança, o agente aproveita-se da confiança nele depositada, que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
de forma que o proprietário não exerce vigilância sobre o bem por montagem ou emprego (Incluída pela Lei 13.154/18) – Pena: 04 a
confiar no infrator. Na fraude, o infrator emprega algum artifício 10 anos de reclusão e multa.
para enganar o agente e furtá-lo. Na escalada, o agente realiza • Se o furto mediante fraude é cometido por meio de
um esforço fora do comum para superar uma barreira física (ex.: dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
saltar um muro ALTO). A superação da barreira pode se dar de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança
qualquer forma, não apenas pelo alto (ex.: escavação de um túnel ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
subterrâneo), desde que não ocorra a destruição da barreira (nesse fraudulento análogo (Inclusão da Lei 14.155/2021 – com vigência
caso, teríamos a qualificadora do rompimento de obstáculo). Na a partir de 28.05.2021). A pena, nesse caso, será de reclusão, de 4
destreza, o agente vale-se de alguma habilidade peculiar (ex.: (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
• “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de achada, prevista no art. 169, § único, do CP; b) Furto de coisas
agentes, a majorante do roubo” (Súmula 442 do STJ) abandonadas e que nunca tiveram dono (res derelicta e res nullius,
• Furto de folha de cheque em branco – Há divergência respectivamente) – Incabível, pois o agente, ao se apossar da coisa,
doutrinária e jurisprudencial a respeito. Entretanto, prevalece no torna-se seu dono, já que a coisa não pertence a ninguém.
STJ o entendimento de que a mera subtração da folha de cheque, • Subtração de sinal de TV a cabo – Posição hoje pacificada
em branco, não caracteriza furto, por possuir valor insignificante. tanto no STF quanto no STJ, no sentido de que não configura crime
• Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram de furto, pois o sinal de TV por assinatura não pode ser equiparado
dono – a) Furto de coisas perdidas (res desperdicta) – Incabível, a energia, já que isso configuraria analogia desfavorável ao réu.
pois o agente, nesse caso, pratica o crime de apropriação de coisa
20.0 ROUBO
Roubo próprio – O agente pratica a violência, grave ameaça ou lesões corporais que causar, se for o caso).
violência imprópria PARA subtrair a coisa. Consumação – Quando o agente passa a ter o poder sobre a
Roubo impróprio – O agente pratica a violência ou grave coisa (ainda que por um breve período de tempo e ainda que não
ameaça LOGO DEPOIS de subtrair a coisa, como forma de assegurar seja posse mansa e pacífica – teoria da amotio), após ter praticado
a detenção da coisa ou a impunidade do crime. a violência ou grave ameaça. OBS.: no roubo impróprio, o crime
Roubo com violência imprópria – O agente, sem violência ou consuma-se quando o agente, após subtrair a coisa, emprega a
grave ameaça, reduz a vítima à condição de impossibilidade de defesa violência ou grave ameaça. OBS.: a inexistência de valores em poder
(ex.: coloca uma droga em sua bebida). Trata-se de modalidade de da vítima não configura crime impossível (mera impropriedade
roubo próprio (praticado com violência imprópria). RELATIVA do objeto).
Roubo de uso é crime? Controvertido, mas prevalece que Tentativa – Cabível em todas as formas (Doutrina minoritária,
o agente responde pelo roubo. Doutrina minoritária sustenta que contudo, sustenta que não cabe no roubo impróprio).
responde apenas por constrangimento ilegal (mais a pena relativa às
Majorantes do §2º do art. 157 do CP – A pena do crime de roubo será aumentada de um terço até a metade em determinadas situações:
• Se há o concurso de duas ou mais pessoas. OBS.: se houver associação criminosa – Todos respondem por roubo majorado e
por associação criminosa
• Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância
• Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior
• Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
• No caso de a subtração ser de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.
• Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca (incluída pelo PACOTE ANTICRIME – Lei 13.964/19)
Majorantes do §2º-A do art. 157 do CP (incluído pela Lei 13.654/18) – Aumento de pena de 2/3:
Majorante do §2º-B do art. 157 do CP (INCLUÍDO PELO PACOTE ANTICRIME – Lei 13.964/19) – Pena aplicada em DOBRO:
Roubo qualificado pelo resultado OBS.: e se o agente atira para acertar a vítima, mas acaba
Lesão corporal grave – Pena de 07 a 18 anos de reclusão e atingindo o comparsa? Temos erro na execução (aberratio ictus) e
multa. o agente responde como se tivesse atingido a vítima. Logo, temos
Morte (latrocínio) – Pena de 20 a 30 anos de reclusão e multa. latrocínio.
Tópicos importantes sobre o latrocínio
• Consumação – Em resumo, o entendimento acerca da
• Caracterização – Ocorrerá sempre que o agente, VISANDO À
consumação do latrocínio é o seguinte:
SUBTRAÇÃO DA COISA, praticar a conduta (empregando violência)
• SUBTRAÇÃO CONSUMADA + MORTE CONSUMADA
e ocorrer (dolosa ou culposamente) a morte de alguém. Caso
= Latrocínio consumado
o agente deseje a morte da pessoa e, somente após realizar a
• SUBTRAÇÃO TENTADA + MORTE TENTADA =
conduta homicida, resolva furtar seus bens, estaremos diante de
Latrocínio tentado
um HOMICÍDIO em concurso com FURTO.
• SUBTRAÇÃO TENTADA + MORTE CONSUMADA =
OBS.: e se o agente mata o próprio comparsa (para ficar
Latrocínio consumado (súmula 610 do STF)
com todo o dinheiro, por exemplo)? Nesse caso, temos roubo em
• SUBTRAÇÃO CONSUMADA + MORTE TENTADA =
concurso material com homicídio, não latrocínio. Latrocínio tentado (STJ)
21.0 EXTORSÃO
Caracterização – O verbo é sequestrar, ou seja, impedir, por seja, o dolo específico consistente na intenção de obter a vantagem).
qualquer meio, que a pessoa exerça seu direito de ir e vir. O CRIME Qualquer vantagem pode ser exigida? A Doutrina entende
OCORRERÁ AINDA QUE A VÍTIMA NÃO SEJA TRANSFERIDA PARA que a vantagem deve ser PATRIMONIAL e INDEVIDA, pois, se for
OUTRO LOCAL. DEVIDA, teremos o crime de exercício arbitrário das próprias razões.
Aqui, a privação da liberdade ocorre como meio para se obter Quem é o sujeito passivo do delito? Quem é sequestrado ou a
um RESGATE, que é um pagamento pela liberdade de alguém (ou pessoa a quem se exige o resgate? Ambos.
OBS.: pessoa jurídica pode ser sujeito passivo na qualidade de vítima da lesão patrimonial (ex.: sequestra-se o sócio para exigir, da PJ, o
pagamento do resgate).
Qualificadoras – A pena será de DOZE A VINTE ANOS SE: O sequestro dura mais de 24 horas
• Se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos
• Se o crime for cometido por quadrilha ou bando – Os agentes respondem tanto pela extorsão mediante sequestro qualificada quanto
pela associação criminosa (art. 288 do CP)
22.0 DANO
Caracterização – O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a é fungível (substituível, como o dinheiro, por exemplo) e o agente
destruição (danificação total), a inutilização (danificação, ainda que deteriora apenas a sua cota-parte, não há crime, por analogia ao
parcial, mas que torna o bem inútil) ou deterioração (danificação furto de coisa comum (posição do STF).
parcial do bem) da coisa. Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune na forma culposa.
O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer OBS.: o crime de “pichação” é definido como CRIME CONTRA
pessoa, tendo como sujeito passivo o proprietário ou possuidor do O MEIO AMBIENTE (ambiente urbano), nos termos do art. 65 da Lei
bem danificado. O condômino pode ser sujeito ativo, mas, se a coisa 9.605/98.
• Em depósito necessário
• Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial
• Em razão de ofício, emprego ou profissão
Caracterização – A conduta é apenas uma: “deixar de Consumação e tentativa – A Doutrina majoritária sustenta que
repassar”, ou seja, reter, mas não repassar ao órgão responsável, o crime é formal e se consuma no momento em que se exaure o prazo
os valores referentes às contribuições previdenciárias. Trata-se de para o repasse dos valores. STF e STJ – Trata-se de crime material,
norma penal em branco, pois deve haver a complementação com as sendo necessária a constituição definitiva do tributo (contribuição
normas previdenciárias, que estabelecem o prazo para repasse das previdenciária) para que possa ser considerado “consumado” o crime
contribuições retidas pelo responsável tributário. (aplicação da súmula vinculante nº 24). Não se admite tentativa
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune na forma culposa. (crime omissivo puro).
Não se exige o dolo específico (STF e STJ).
O STF e o STJ entendem que o pagamento, a qualquer tempo Uma vez quitado o parcelamento, extingue-se a punibilidade.
(antes do trânsito em julgado), extingue a punibilidade. Princípio da insignificância – Prevalece o entendimento de ser
E se o réu adere ao parcelamento do débito? Nesse caso, fica inaplicável o princípio da insignificância aos crimes cometidos contra
SUSPENSA a punibilidade (e também o curso do prazo prescricional). a Previdência Social.
24.0 ESTELIONATO
Caracterização – O agente obtém vantagem indevida (crime • Seja de pequeno valor o prejuízo
material, portanto), para si ou para outrem, em prejuízo alheio, Fraude eletrônica – Se a fraude é cometida com a utilização de
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante qualquer meio informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro
fraudulento. Considerado crime de resultado duplo (o agente deve por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
obter a vantagem e a vítima deve sofrer prejuízo). eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
Vantagem – Deve ser patrimonial (doutrina majoritária). análogo (ex.: agente se faz passar por um contato da vítima no
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune a forma culposa. celular e envia mensagem pedindo dinheiro e a vítima empresta,
Exige-se, ainda, a finalidade especial de agir, consistente na intenção acreditando ser um amigo, mas tratava-se de um estelionatário).
de obter vantagem indevida em detrimento (prejuízo) de outrem. Nesse caso, temos uma qualificadora: pena de reclusão de 4 (quatro)
a 8 (oito) anos e multa.
Estelionato privilegiado – Aplicam-se as mesmas disposições
do furto privilegiado, ou seja, o Juiz pode substituir a pena de reclusão
pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente a pena OBS.: aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se
Conduta – Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras Consumação – Esse delito irá se consumar com a prática de
ou intermediar operações que envolvam ativos virtuais, valores qualquer das condutas (organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras
mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de obter etc.). A tentativa é possível, em tese, mas de difícil caracterização,
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém pois a prática de qualquer das condutas configura o delito, de
em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. maneira que o crime já estará consumado com o simples ato de, por
Pode ser caracterizada pelas seguintes condutas: exemplo, “ofertar” a carteira de ativos financeiros com o fim de obter
• Organizar; vantagem ilícita em prejuízo alheio, mediante fraude. Esse delito,
• Gerir; em razão da forma como redigido, configura um crime formal, pois
• Ofertar; ou
basta a prática da conduta com o fim de obter vantagem indevida em
• Distribuir carteiras; ou
prejuízo alheio, ainda que o agente não consiga alcançar a vantagem
• Intermediar operações que envolvam ativos virtuais, valores
ilícita pretendida.
mobiliários ou quaisquer ativos financeiros.
Sujeito ativo – Trata-se de crime comum, podendo ser
Elemento subjetivo – Dolo. Todavia, exige-se o dolo específico,
praticado por qualquer pessoa.
ou seja, o especial fim de agir, consistente na
intenção de “obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio”.
24 . 2 ESTELIONATO “PREVIDENCIÁRIO”
O §3° prevê o chamado estelionato contra entidade de direito público, que é aquele cometido contra qualquer das instituições previstas
na norma penal citada. Trata-se de causa de aumento de pena (aumenta-se de um terço).
Consumação – Tal delito consuma-se com a obtenção AÇÃO PENAL – O crime de estelionato passou a ser, como
da vantagem indevida. Nos casos de obtenção de benefício regra, crime de ação penal pública
previdenciário mediante fraude a consumação dependerá do sujeito CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. Todavia, a ação penal
ativo do delito: pública será incondicionada se a vítima for:
• Momento consumativo para o próprio beneficiário dos • A Administração Pública (direta ou indireta)
valores indevidos – Trata-se de crime permanente, que se “renova” • Criança ou adolescente
a cada saque do benefício indevido. • Pessoa com deficiência mental
• Momento consumativo para terceira pessoa que participou • Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz
do delito – Ocorre com o recebimento da vantagem indevida pela OBS.: no que tange à idade, para a aplicação da majorante,
primeira vez (já que o delito de estelionato é material, pois o tipo por se tratar de pessoa idosa, basta que a vítima tenha 60 anos ou
penal exige o efetivo recebimento da vantagem indevida), seja pelo
mais; para se tratar de ação penal pública incondicionada, a vítima
próprio ou por outra pessoa.
deve ter mais de 70 anos de idade.
25.0 RECEPTAÇÃO
Conceito – Considerada um crime “parasitário” (ou OBS.: a receptação será punível ainda que seja desconhecido
decorrente), pois depende da existência de um crime anterior ou isento de pena o autor do crime anterior. Entretanto, deve haver
(chamado de “crime pressuposto” ou “crime a quo”). prova da ocorrência do crime anterior, ainda que não se exija a
Condutas – A conduta (tipo objetivo) prevista no caput pode condenação de qualquer pessoa por ele.
ser dividida em duas partes:
• RECEPTAÇÃO PRÓPRIA (1° parte do caput do artigo) – Aqui, Consumação – Nas modalidades de adquirir e receber o crime
o agente sabe que a coisa é produto de crime e a adquire, recebe, é instantâneo, consumando-se com a aquisição ou recebimento
transporta, conduz ou oculta. Não é necessário ajuste, conluio
da coisa. Nas modalidades de transportar, conduzir e ocultar
entre o adquirente (receptador) e o vendedor (aquele que
temos crime permanente, que irá se consumar enquanto o agente
praticou o crime anterior).
permanecer transportando, conduzindo ou ocultando a coisa.
• RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA (2° parte do caput do artigo) –
Aqui, o agente não adquire o bem, mas, sabendo que é produto
de crime, influencia para que outra pessoa, que age de boa-fé, Receptação qualificada – A conduta deve ter sido praticada no
adquira o bem. exercício de atividade comercial, sendo, portanto, crime próprio. À
atividade comercial equipara-se a qualquer forma de comércio, ainda
OBS.: somente a coisa móvel poderá ser objeto material do que irregular ou clandestino (camelôs, por exemplo), nos termos do
delito (posição adotada pelo STF). §2°.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, aliado ao dolo Elementos subjetivos na receptação qualificada – O elemento
específico, consistente na intenção de obter vantagem, ainda que subjetivo aqui é tanto o dolo direto quanto o dolo eventual.
para terceira pessoa.
A consumação, na receptação própria,dá-se com a efetiva Receptação culposa – Ocorre quando o agente age com
inclusão da coisa na esfera de posse do agente (crime material). imprudência, adquirindo um bem em circunstâncias anômalas, sem
Já a receptação imprópria é crime formal, bastando que o infrator atentar para o fato de que é bem provável que seja produto de crime.
influencie o terceiro a praticar a conduta, pouco importando se este
vem a praticá-la ou não.
É isento de pena quem comete qualquer dos crimes contra o patrimônio em prejuízo:
• Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal
• De ascendente ou descendente. Contudo, isso NÃO se aplica:
• Se o crime é cometido com emprego de grave ameaça ou violência à pessoa
• Ao estranho que participa do crime
• Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos
2 6 . 2 AÇÃO PENAL
REGRA – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA quando ocorrerem as
EXCEÇÕES: hipóteses em que não se aplicam as escusas absolutórias, ou seja:
• AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO – • Se o crime é cometido com emprego de grave ameaça ou
Se o crime é cometido contra: violência à pessoa
• Cônjuge desquitado ou judicialmente separado • Ao estranho que participa do crime
• Irmão, legítimo ou ilegítimo • Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
• Tio ou sobrinho, com quem o agente coabita superior a 60 (sessenta) anos
ATENÇÃO! Mesmo numa destas circunstâncias, o CRIME SERÁ
27.1 ESTUPRO
Caracterização – Ocorre quando alguém, mediante violência • Ato libidinoso diverso da conjunção carnal
ou grave ameaça, constrange outra pessoa a ter conjunção carnal ou Antes da Lei 12.015/09, o ato libidinoso diverso da conjunção
a praticar ou permitir que com ela se pratique outro ato libidinoso. carnal estava inserido no tipo penal do art. 214 do CP (atentado
OBS.: o crime de estupro, atualmente, engloba duas situações: violento ao pudor), hoje revogado. Houve, portanto, continuidade
• Conjunção carnal típico-normativa.
E se o agente praticar mais de uma conduta (conjunção carnal e/ou ato libidinoso)? Depende:
• Mesmo contexto fático – Crime único, mas o Juiz deve considerar isso quando da fixação da pena
• Mais de um ato criminoso, mas praticados em circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução semelhantes (ex.: cinco
estupros de José contra Maria, em uma semana, no mesmo local e da mesma forma) – Deve ser reconhecida a continuidade
delitiva. Agente recebe a pena de somente um dos delitos, acrescida de 1/6 até o triplo (art. 71 e seu § único).
• Contextos absolutamente distintos – Não há crime único nem continuidade delitiva. Responde por todos os delitos em
concurso material.
Consumação – Controvertido, mas prevalece que o delito se consuma com a prática do ato libidinoso diverso (nesse caso, ainda que não
haja contato físico direto = ex.: agente ordena que a vítima se masturbe) ou conjunção carnal.
Caracterização – O meio utilizado não é a violência ou grave ameaça. Aqui, o agente utiliza-se de uma fraude, um ardil, um engodo.
Também é chamado, por alguns, de estelionato sexual.
OBS.: se a vítima, em razão da fraude ou do outro meio empregado, fica completamente privada do poder de manifestação de vontade,
não teremos esse delito, mas o delito de estupro de vulnerável.
2 7. 3 IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
Caracterização – Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato não constituir crime mais grave
ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de OBS.: a prática de ato libidinoso contra menor de 14 anos irá
terceiro (ex.: passar a mão nas nádegas de alguém, esfregar-se em configurar estupro de vulnerável, não sendo cabível a desclassificação
alguém sem seu consentimento etc.). para importunação sexual, independentemente da ligeireza ou da
Elemento subjetivo – Dolo superficialidade do contato (ex.: tocar rapidamente as partes íntimas
Tipo penal subsidiário – Só irá se configurar esse delito se o de uma criança de 10 anos).
2 7. 4 ASSÉDIO SEXUAL
Caracterização – Conduta daquele que constrange alguém, • Deve haver uma relação de hierarquia laboral (seja pública
com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, ou privada) entre infrator e vítima – Controvertido, mas é o que
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico prevalece. OBS.: o STJ já reconheceu que é possível a configuração
de tal delito na relação entre professor e aluno, dada a ascendência
ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
de um sobre o outro.
• Consumação – Controvertido. Prevalece que se consuma
Tópicos relevantes
com o constrangimento, ainda que uma única vez. Minoria
• Crime próprio – Só pode ser praticado por aquele que ostente
entende que é crime habitual.
alguma das condições previstas no tipo penal.
2 8 .1 ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Caracterização – A conduta é a de ter conjunção carnal ou nasceu uma criança, sendo que a vítima e o acusado passaram a
praticar outro ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos. Não viver juntos e criar o filho (STJ, (AgRg no REsp n. 2.015.310/MG, Sexta
importa se a relação é consentida! Presume-se que a pessoa não tem Turma, julgado em 12/9/2023, DJe de 21/9/2023.)
maturidade para externar vontade válida quanto a esse tipo de ato. Forma equiparada – Nas mesmas penas, incorre quem pratica
OBS.: o STJ entende que a presunção é absoluta (não admite a conduta contra pessoa que:
prova em contrário). Todavia, o próprio STJ já decidiu, de forma • Não tem discernimento para a prática do ato – ex.: pessoa
MUITO excepcional, pelo acolhimento da chamada “exceção de portadora de enfermidade ou deficiência mental.
• Por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência –
Romeu e Julieta”, considerando não haver crime, pela ausência de
ex.: pessoa que está completamente embriagada.
relevância social do fato, numa situação em que a vítima tinha 12
anos e o infrator 19 anos, mas ambos eram namorados e da relação
2 8 . 2 CORRUPÇÃO DE MENORES
Consumação – É controvertida. Prevalece que o crime se a vítima a vestir uma fantasia sexual). Para outra parte da Doutrina,
consuma quando a vítima pratica o ato sexual a que foi induzida qualquer ato pode caracterizar o delito, de forma que aquele que
(independentemente de a pessoa se sentir “satisfeita” em sua induz pessoa menor de 14 anos a praticar sexo vaginal com terceira
lascívia). Crime material. pessoa, responde por esse delito, enquanto o terceiro que pratica
Sujeitos – Qualquer pessoa pode praticar o delito. Só o menor a relação responde por estupro de vulnerável, em exceção à teoria
de 14 anos pode ser sujeito passivo. monista do delito (cada um dos agentes responde por um crime
Atos de satisfação da lascívia – Para parte da Doutrina, apenas diferente).
os atos contemplativos podem caracterizar esse delito (ex.: induzir
Caracterização – Pode ser praticado de duas formas, sempre com a finalidade de satisfazer sua própria lascívia ou a de outrem:
• Praticando o ato na presença da vítima – Consuma-se quando a vítima contempla o ato.
• Induzindo a vítima a presenciar ato libidinoso – Consuma-se quando há o induzimento, ainda que a vítima não chegue a ver o ato
(controvertido).
Sujeitos – Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo só pode ser o menor de 14 anos.
Conduta – Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio (inclusive
por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática), fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena
de estupro ou de estupro de vulnerável OU que faça apologia ou induza a sua prática, OU, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez
ou pornografia.
Majorantes:
• Existência de relação íntima de afeto entre autor e vítima no presente ou no passado;
• Se há o específico fim (dolo específico) de vingança ou humilhação (vingança pornográfica ou porn revenge).
2 8 .6 DISPOSIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS AOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL E AOS CRIMES
SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Ação penal – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título
Causas de aumento de pena previstas para os crimes contra a tiver autoridade sobre ela.
liberdade sexual e para os crimes sexuais contra vulnerável • No estupro, aumento de 1/3 a 2/3, em duas situações:
• Aumento de quarta parte (1/4) – Se o crime é cometido com • Estupro coletivo – mediante concurso de 2 (dois)
o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. ou mais agentes
• Aumento de metade – Se o agente é ascendente, padrasto • Estupro corretivo – para controlar o
ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, comportamento social ou sexual da vítima
Conduta – Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou OBS.: trata-se de exceção à regra da impunibilidade dos atos
gratuito, possuir ou guardar: preparatórios (Lei já considera como crime uma conduta que seria
• Maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto ato preparatório para outro delito).
especialmente destinado à falsificação de moeda.
Conduta – Falsificar, no todo ou em parte, documento público. forma é pública (emanado de órgão público), mas o conteúdo é
Pode ocorrer mediante: de interesse privado (ex.: escritura pública de compra e venda de
• Fabricação de um documento público falso um imóvel pertencente a um particular. O conteúdo é de interesse
• Adulteração de um documento público verdadeiro particular, embora emanado de um órgão público).
Consumação – No momento em que o agente fabrica o
documento falso ou altera o documento verdadeiro. Equiparados a documento público
Conceito de documento público – A Doutrina divide em: • Emanado de entidade paraestatal
Documento público em sentido formal e material (substancial) • Título ao portador ou transmissível por endosso
– A forma é pública (emanado de órgão público, ou seja, por • Ações de sociedade comercial
funcionário público no exercício das funções, com o cumprimento • Livros mercantis
• Testamento particular
das formalidades legais) e o conteúdo também é público (atos
Causa de aumento de pena – Há aumento de pena (1/6):
proferidos pelo poder público, como decisões administrativas,
• Se o agente é funcionário público e desde que cometa o
sentenças judiciais etc.).
delito valendo-se do cargo
Documento público em sentido formal apenas – Aqui, a
3 0. 2 FALSO X ESTELIONATO
Caracterização – A lógica é a mesma da falsificação de documento público, só que com documento particular.
Conceito de documento particular – Considera-se documento particular aquele que não pode ser considerado, sob qualquer aspecto,
como documento público.
Documento particular por equiparação – O CP equiparou a documento particular o cartão de crédito ou débito.
3 0. 4 FALSIDADE IDEOLÓGICA
Caracterização – Aqui, o agente não falsifica a estrutura reclusão de um a três anos e multa).
do documento. O documento é estruturalmente verdadeiro, mas Causa de aumento de pena – Há aumento de pena (1/6):
contém informações inverídicas. A falsificação ideológica ocorre • Se o agente é funcionário público e desde que cometa o
quando o agente (com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou delito se valendo do cargo; ou
• Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante):
civil.
• Omite declaração que devia constar no documento (conduta
omissiva) Falsidade ideológica x Falsidade material (falsificação de
• Nele insere ou faz inserir declaração falsa ou diversa da que documento público ou particular) – A diferença básica entre a
devia ser escrita (conduta comissiva) falsidade material e a falsidade ideológica reside no fato de que,
Pena – A pena varia de acordo com o documento em que há na primeira, o documento é estruturalmente falso e, na segunda, a
falsidade ideológica (documento público – estrutura é verdadeira, mas o conteúdo (a ideia que o documento
reclusão de um a cinco anos e multa; documento particular – transmite) é falsa.
Conduta – Dar o médico, no exercício da sua profissão, lucro = há previsão de pena de multa cumulada com a privativa de
atestado falso, atestando falsamente determinada condição de liberdade.
saúde de alguém. Consumação – Consuma-se no momento em que o médico
Crime próprio – Somente o médico poderá praticar o crime FORNECE o atestado falso. Se elaborar o atestado falso, mas se
(enfermeiro, dentista etc., não podem). arrepender e não entregar ao destinatário, não há crime.
Elemento subjetivo – Dolo. OBS.: se houver finalidade de
Caracterização – Consiste em fazer uso dos documentos ATENÇÃO! E se quem usa o documento falso é a própria
produzidos nos crimes previstos nos arts. 297 a 302 do CP. pessoa que fabricou o documento falso? Nesse caso, temos
Pena – É a mesma prevista para a falsificação do documento. (basicamente) dois entendimentos:
OBS.: isso é chamado pela Doutrina tipo penal remetido, já 1. – O agente responde apenas pelo crime de “uso de documento
que se remete a outros tipos penais para compor, de forma plena, a falso”, pois a falsificação é “meio” para a utilização
2. – O agente responde apenas pela falsificação do documento,
conduta criminosa.
não pelo uso, pois é natural que toda pessoa que falsifica um
Consumação – No momento em que o agente leva o
documento pretenda utilizá-lo, posteriormente, de alguma forma
documento ao conhecimento de terceiros, pois aí se dá a lesão à
– Prevalece na Doutrina e na Jurisprudência.
credibilidade, à fé pública. NÃO SE ADMITE A TENTATIVA!
OBS.: se o agente vale-se de um documento falso para se fazer passar por outra pessoa, nesse caso, teremos USO DE DOCUMENTO
FALSO.
Elemento subjetivo – Dolo. Exige-se especial finalidade de agir, consistente na intenção de obter alguma vantagem, para si ou para
outrem, ou causar prejuízo a alguém.
A prática da conduta (falsa identidade), perante a autoridade policial, para se esquivar de eventual cumprimento de prisão (por
mandados anteriores), configuraria exercício legítimo de “autodefesa”? Não, trata-se de conduta típica (falsa identidade) entendimento
sumulado do STJ (súmula 522).
Funcionário público – Quem exerce cargo, emprego ou função Causa de aumento de pena – Aplicada àqueles que ocuparem
pública, ainda que transitoriamente ou sem remuneração. cargos em comissão ou função de direção ou assessoramento
Funcionário público por equiparação – Quem exerce cargo, de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
emprego ou função em entidade paraestatal e quem trabalha para empresa pública ou fundação instituída pelo poder público (aumento
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a de 1/3).
execução de atividade típica da Administração Pública (ainda que OBS.: por falha legislativa, em relação à causa de aumento de
transitoriamente ou sem remuneração). pena, não se aplica aos funcionários de autarquias.
32 . 2 PECULATO
Conduta – “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, particular saiba que seu comparsa é funcionário público).
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo (peculato-apropriação), ou desviá-lo Peculato culposo – Quando o funcionário público concorre, de
(peculato-desvio), em proveito próprio ou alheio.” (art. 312 do CP). maneira CULPOSA, para o crime praticado por outra pessoa.
Peculato-furto – Aplica-se àquele que, mesmo “não tendo a OBS.: se o agente reparar o dano antes de proferida a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja sentença irrecorrível (ou seja, antes do trânsito em julgado), estará
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade extinta a punibilidade. Caso o agente repare o dano após o trânsito
que lhe proporciona a qualidade de funcionário.” (art. 312, §1º em julgado, a pena será reduzida pela metade. ISSO NÃO SE APLICA
do CP). ATENÇÃO! Diferença fundamental entre peculato furto e ÀS DEMAIS FORMAS DE PECULATO.
peculato (desvio ou apropriação) = No peculato-furto, o agente não Peculato mediante erro de outrem – Conduta daquele que
tem a posse da coisa. se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
OBS.: Peculato de uso – Discutido na doutrina e jurisprudência, cargo, recebeu por erro de outrem. OBS.: o agente não pode ter
mas prevalece que é IMPUNÍVEL. criado (dolosamente) a situação de erro (nesse caso, responde por
Particular pode praticar peculato? Sim, desde que em estelionato).
concurso de pessoas com um funcionário público (e desde que o
Diferença fundamental – Embora os tipos penais possuam a OBS.: no crime de corrupção passiva, na modalidade de
redação um pouco diferente, a diferença FUNDAMENTAL reside no “receber vantagem indevida”, exige-se o efetivo recebimento da
fato de que: vantagem, pois, nesse caso, o recebimento não é o resultado que
• Na concussão – O agente EXIGE a vantagem indevida. o agente busca com sua conduta, mas a própria conduta criminosa.
• Na corrupção passiva – O agente SOLICITA (ou recebe ou OBS.: em todas as modalidades de corrupção passiva, não
aceita a promessa de vantagem) a vantagem indevida.
se exige que o funcionário público efetivamente pratique ou deixe
OBS.: na concussão, se o agente exige a vantagem sob a
de praticar o ato (com infração de dever funcional) em razão da
ameaça de praticar um mal grave à vítima, não relacionado às
vantagem ou promessa de vantagem recebida. Caso isso ocorra, a
atribuições do cargo, teremos EXTORSÃO, não concussão (ex.: policial
pena será aumentada em 1/3.
que exige dinheiro do motorista para não aplicar multa = concussão,
Corrupção passiva privilegiada – Modalidade menos grave
no entanto, um policial que exige dinheiro da vítima sob a ameaça de
de corrupção passiva. Hipótese do “favor”, aquela conduta do
matar o filho da vítima = extorsão).
funcionário que cede a pedidos de amigos, conhecidos ou mesmo de
CONSUMAÇÃO – Ambos os delitos consumam-se com a mera
estranhos, ou cede influência de alguém, para que faça ou deixe de
prática da conduta (exigir, solicitar, aceitar promessa de vantagem
fazer algo ao qual estava obrigado em razão da função, com infração
etc.), sendo DISPENSÁVEL o efetivo recebimento da vantagem
de dever funcional.
indevida para que haja a consumação do delito.
Conduta – Facilitar a prática de qualquer dos dois crimes (contrabando ou descaminho), seja por ação ou omissão. Só pode ser praticado
pelo funcionário que POSSUI A FUNÇÃO DE EVITAR O CONTRABANDO E O DESCAMINHO.
Mas e se o funcionário não tiver essa obrigação específica? do contrabando ou descaminho, ainda que estes não venham a
Responderá como partícipe do crime praticado pelo particular se consumar (ex.: funcionário da alfândega facilita o ingresso de
(contrabando ou descaminho), não pelo crime do art. 318 do CP. mercadorias proibidas por um viajante, mas outro servidor impede
Consumação – Consuma-se com o ato de facilitar a prática a efetiva importação dos produtos).
32 . 4 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
32 . 5 DISPOSIÇÕES GERAIS
• Todos os crimes são próprios – Devem ser praticados por culposa para o peculato (peculato culposo, art. 312, §2º do CP).
quem ostente a condição de funcionário público. Em alguns • Ação penal – Para todos, pública incondicionada.
casos, deve ser uma condição ainda mais específica (ex.: superior • Particular como sujeito do delito – É possível, em todos eles,
hierárquico no crime de condescendência criminosa). desde que se trate de concurso de pessoas e que o particular saiba
• Todos os crimes são dolosos – Só há previsão de forma que seu comparsa é funcionário público.
Usurpação de função pública – O agente não possui qualquer vínculo com a administração pública ou, caso possua, suas funções são
absolutamente estranhas à função usurpada.
OBS.: é necessário que o agente pratique atos inerentes à função. Não basta que apenas se apresente a terceiros como funcionário
público.
33.1 RESISTÊNCIA
Conduta – Opor-se à execução de ato LEGAL de funcionário público (violência contra coisa não caracteriza o delito), mediante violência ou
ameaça contra o próprio servidor ou contra quem o esteja auxiliando. à execução do ato legal, sem violência ou ameaça (ex.: deitar-se no
Caso praticado mediante violência, aplica-se também a pena relativa chão para atrapalhar a passagem, recusar-se a abrir a porta etc.) não
à violência (ex.: o agente agride funcionário público com socos, para configura crime de resistência, podendo configurar, a depender das
evitar uma ação de fiscalização, causando lesão corporal grave no circunstâncias, crime de desobediência.
servidor. Deverá o infrator responder por resistência + lesão corporal • E se o particular resistir à prisão em flagrante executada
grave). por um particular (atitude permitida pelo art. 301 do CPP)?
Nesse caso, não pratica o crime em questão, pois o particular
Qualificadora – Se o ato, em razão da resistência, não se
não é considerado funcionário público, não podendo ser realizada
realiza, teremos a figura qualificada do delito.
analogia in malam partem.
Oposição meramente passiva – A oposição meramente passiva
33 . 2 DESOBEDIÊNCIA
Conduta – O agente deixa de fazer algo que lhe fora 195 do CTB.
determinado ou faz algo cuja abstenção lhe fora imposta mediante 2ª Situação – Não atendimento à ordem legal de parada,
ordem legal de funcionário público competente. emanada por agentes públicos em contexto de policiamento
• A tentativa só será admitida nas hipóteses de desobediência ostensivo, para a prevenção e repressão de crimes – Há crime de
mediante atitude comissiva (ação). desobediência (art. 330 do CP).
O não atendimento à ordem de parada dada por agentes Princípio da especialidade – Diversas Leis Especiais preveem
públicos no trânsito (ex.: “Blitz”) configura o crime de desobediência? tipos penais que criminalizam condutas específicas de desobediência.
Depende: Nesses casos, aplica-se a legislação especial, aplicando-se este artigo
1ª Situação – Não atendimento à ordem de parada dada pela do CP apenas quando não houver lei específica tipificando a conduta
autoridade de trânsito ou por seus agentes (ou mesmo por policiais (ex.: descumprimento de medida protetiva de urgência fixada no
ou outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher não
ao trânsito) – Nesse caso, NÃO há crime de desobediência, pois há configura crime de desobediência, mas sim um crime específico,
previsão de punição administrativa especificamente prevista no art. previsto no art. 24-A da Lei 11.340/06).
33 . 3 DESACATO
Conduta – Ocorre quando um particular desacata (falta de (praticado mediante um único ato). Outra parcela entende cabível a
respeito, humilhação, com gestos ou palavras, vias de fato etc.) tentativa, embora de difícil caracterização.
funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Exige- E se o ofendido já não é mais funcionário público (demitido,
se que o ato seja praticado na presença do funcionário público. exonerado etc.)? Nesse caso, o crime não se caracteriza, ainda
ATENÇÃO!! Não se exige que o funcionário esteja na repartição que praticado em razão da função anteriormente exercida pelo
ou no horário de trabalho, mas sim que o desacato ocorra em razão funcionário.
da função exercida pelo servidor. OBS.: o STJ já firmou entendimento no sentido de que a
Tentativa – Há divergência. Parte entende incabível pois, criminalização do desacato NÃO AFRONTA a liberdade de expressão
exigindo-se que o funcionário público esteja presente no momento do e pensamento, não violando o Pacto de San José da Costa Rica. Ou
desacato, é inviável a tentativa, por se tratar de crime unissubsistente seja, é LÍCITA a criminalização do desacato no Brasil.
33 . 4 TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Conduta – Conduta daquele que pretende obter vantagem em aquele que paga por ela são considerados corruptores ativos (art.
face de um particular, sob o argumento de que poderá influenciar na 333 do CP).
prática de determinado ato por um servidor público. É uma espécie Consumação – Quando o agente solicita, cobra ou exige a
de “estelionato”, pois o agente promete usar uma influência que não vantagem do terceiro. Assim, a obtenção da vantagem é mero
possui. exaurimento, sendo dispensável para a consumação do crime. Na
E o particular que “contrata os serviços”? Doutrina entende modalidade de “obter vantagem indevida”, a obtenção da vantagem
que não é sujeito ativo, mas sujeito passivo do delito (vítima), pois, é necessária.
embora sua conduta seja imoral, não é penalmente relevante, tendo Causa de aumento de pena – Quando o agente alega ou
sido ele também lesado pela conduta do agente, que o enganou insinua que parte da vantagem se destina ao funcionário público.
(considerado corruptor putativo). Aumento de pena de metade.
OBS.: se a influência do agente for REAL, tanto ele quanto
Conduta – Esse crime pode ser cometido de duas formas indevida e o particular a fornece (paga uma quantia, por exemplo),
diferentes (é, portanto, crime de ação múltipla): o particular NÃO comete o crime de corrupção ativa, eis que o tipo
oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário somente prevê os verbos de OFERECER e PROMETER vantagem
público. indevida, que pressupõem que o particular tome a iniciativa de
Elemento subjetivo – DOLO. Exige-se, ainda, a finalidade buscar corromper o servidor.
especial de agir consistente no objetivo de fazer com que, mediante Causa de aumento de pena – Se, em razão da vantagem
a vantagem oferecida ou prometida, o funcionário público venha a oferecida ou prometida, o funcionário público age da maneira que
praticar, omitir ou retardar ato de ofício. não deveria, infringindo seu dever funcional, a pena é aumentada
ATENÇÃO! Se o funcionário público solicita a vantagem de um terço.
33.6 CONTRABANDO
Conduta – Importar ou exportar mercadoria proibida. Ou insignificância ao contrabando (STF e STJ). Obs.: Vem sendo aplicada
seja, a importação ou exportação da mercadoria, por si só, é vedada. a insignificância caso se trate de:
Caráter residual – Se a importação ou exportação de • Pequena quantidade de medicamento para uso próprio
determinada mercadoria específica configurar algum outro tipo penal • Contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida
não ultrapassar 1.000 (mil) maços (STJ – Tema repetitivo 1143)
mais específico, este será aplicado em detrimento do contrabando.
Tópicos importantes
Com a Lei 13.008/14, a pena do delito de contrabando foi
Consumação – O contrabando consuma-se quando a
AUMENTADA para 02 a 05 anos de reclusão. Essa alteração na
mercadoria ilícita ultrapassa a barreira alfandegária, sendo liberada
quantidade da pena produz consequências negativas para o réu (e,
pelas autoridades.
portanto, sabemos que NÃO IRÁ RETROAGIR):
Insignificância – NÃO CABE APLICAÇÃO do princípio da
• Não cabe mais suspensão condicional do processo
(a pena mínima ultrapassa um ano) por exemplo, que muita gente traz da Holanda).
• Passa a admitir prisão preventiva (antes, só cabia • Reinsere no território nacional mercadoria brasileira
em hipóteses excepcionais) destinada à exportação – Essa figura tem por finalidade punir
• O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos aqueles que trazem de volta ao país determinados produtos que
(art. 109, III do CP) são aqui fabricados e depois exportados e não podem ser aqui
Causa de aumento de pena – A pena é aplicada em dobro se o comercializados, especialmente por questões tributárias.
crime é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. • Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
Figuras equiparadas – Quem:
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
• Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando
brasileira
• Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que
• Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
dependa de registro, análise ou autorização de órgão público
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida
competente – ex.: importação de determinados produtos
pela lei brasileira.
alimentícios sem autorização da Vigilância Sanitária (alguns queijos,
33.7 DESCAMINHO
Conduta – Ocorre quando o agente ilude, no todo ou em parte, Extinção da punibilidade pelo pagamento? Prevalece o
o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, saída ou entendimento de que, sendo o descaminho um crime formal, o
consumo da mercadoria. Trata-se de uma burla ao sistema tributário. pagamento dos tributos devidos não gera extinção da punibilidade
Consumação – Com a liberação na alfândega, sem o pagamento (STJ, AgRg no REsp n. 1.810.491/SP, relator Ministro Nefi Cordeiro,
dos impostos devidos. Trata-se de crime FORMAL. Sexta Turma, julgado em 27/10/2020, REPDJe de 12/11/2020, DJe de
Insignificância – CABÍVEL! STF e STJ possuem entendimento 03/11/2020.)
no sentido de que o patamar para consideração da insignificância é • Causa de aumento de pena – A pena é aplicada em dobro se
de R$ 20.000,00. o crime é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Conduta – É a de suprimir ou reduzir contribuição social seja, está prestando declaração falsa.
previdenciária ou qualquer de seus acessórios e pode ser praticada Consumação – Crime é material, ou seja, é necessária a efetiva
nas três modalidades diferentes previstas nos incisos I, II e III do art. ocorrência da obtenção da vantagem relativa à redução ou supressão
337-A do CP. da contribuição social devida.
Normas penais em branco – As condutas incriminadas são Extinção da punibilidade – Duas hipóteses:
normas penais em branco, pois precisam de complementação, • Sem o pagamento – Se antes do início da ação do fisco o
já que a lei não diz quais são os documentos que devem conter as agente retrata-se e presta as informações corretas.
• Com pagamento integral do tributo (inclusive acessórios) –
informações, prazos etc.
O pagamento poderá ocorrer mesmo depois de iniciada a ação do
Crime comissivo ou omissivo? Controvertido. A Doutrina
fisco, mas antes do recebimento da denúncia. OBS.: o STF entende
majoritária entende tratar-se de crime omissivo. Entretanto, alguns
que o pagamento integral do débito, ANTES DO TRÂNSITO EM
doutrinadores entendem que se trata de crime comissivo, pois, JULGADO (mesmo após o julgamento), extingue a punibilidade,
quando o agente deixa de lançar o tributo correto, está lançando um com base no art. 69 da Lei 11.941/09
errado; quando omite receitas e lucros, está declarando outros, ou
São três os requisitos para o perdão judicial ou aplicação apenas da pena de multa:
• Ter o agente bons antecedentes
• Ser primário
• O valor das contribuições não ser superior ao valor estabelecido pela Previdência Social como o mínimo ao ajuizamento de execuções
fiscais
3 4 .1 DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
Caracterização – Quando alguém dá causa à instauração etc.). Caso contrário, teremos crime tentado.
de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, Elemento subjetivo – Dolo. Não há forma culposa.
de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de Causa de aumento de pena – A pena é aumentada de 1/6 se o
inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra agente vale-se de anonimato ou nome falso.
alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato de Se o agente dá causa à instauração de um desses procedimentos
improbidade de que o sabe inocente. contra alguém, mas imputando contravenção penal a essa pessoa
Consumação – Crime material. É necessário que o inocente, responde pelo crime? Sim, mas a pena é diminuída pela
procedimento seja instaurado (IP, processo judicial, inquérito civil metade.
Caracterização – Quando alguém provoca a ação da agir (intenção de ver a autoridade tomar alguma providência).
autoridade, comunicando crime ou contravenção que o agente SABE • Denunciação caluniosa x Comunicação falsa de crime ou
QUE NÃO OCORREU. contravenção – A diferença básica entre ambas reside no fato de
que, no primeiro caso, o agente quer prejudicar a vítima (imputa a
Consumação – Crime material. Consuma-se quando
uma pessoa um fato que sabe que ela não praticou). No segundo
a autoridade, em razão da comunicação falsa (de crime ou
caso, o agente não imputa o fato a alguém, mas comunica falsamente
contravenção, tanto faz), pratica algum ato, não sendo necessária a
a ocorrência de uma infração penal (crime ou contravenção) que
instauração do Inquérito. sabe que não ocorreu.
Elemento subjetivo – Dolo. Exige-se a finalidade especial de
Caracterização – Quando alguém imputa a si próprio, perante a autoridade, crime que não cometeu (seja porque o crime não ocorreu o
crime, seja porque a pessoa não participou do crime).
OBS.: o sujeito ativo aqui pode ser qualquer (crime comum). Contudo, não pratica o crime quem assume sozinho a prática de um crime
do qual participou com outras pessoas (ex.: José e Maria praticaram Se o motivo for nobre (ex.: evitar a punição de um filho),
um roubo. José, apaixonado por Maria, assume sozinho a prática do ainda assim o agente responde pelo crime? Sim!
delito). Consumação – No momento em que A AUTORIDADE TOMA
OBS.: aqui o objeto NÃO PODE SER CONTRAVENÇÃO CONHECIMENTO DA AUTOACUSAÇÃO FALSA, pouco importando se
PENAL (Caso o agente impute a si próprio, falsamente, a prática de toma qualquer providência.
contravenção penal, não haverá esse crime)!
Caracterização – A conduta é a daquele que, atuando como sim, mesmo a testemunha não compromissada, se mentir em Juízo,
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo irá praticar o crime de falso testemunho.
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
• Faz afirmação falsa; Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune a forma culposa
• Nega a verdade; ou (ex.: testemunha faz afirmação falsa, mas sem intenção, porque se
• Cala a verdade
confundiu. Nesse caso, não há crime).
Consumação – No momento em que o agente faz a declaração
Sujeito ativo – Somente pode ser a testemunha o perito, o
ou perícia falsa, pouco importando se dessa afirmação falsa sobrevém
contador, o tradutor ou o intérprete. Assim, o crime é PRÓPRIO.
algum resultado.
OBS.: trata-se, ainda, de crime de mão própria, ou seja, só
Causas de aumento de pena – Aumenta-se a pena de 1/6 a
pode ser praticado pessoalmente pela própria pessoa que possui a
1/3 se:
qualidade (não pode ser praticado por interposta pessoa). • Crime cometido mediante suborno.
Cabe concurso de pessoas? Prevalece o seguinte • Praticado com vistas (dolo específico) a obter prova que
entendimento: deva produzir efeitos em processo civil em que seja parte a
No crime de falso testemunho, só cabe participação (alguém administração direta ou indireta.
induz, instiga ou auxilia testemunha a não falar a verdade). • Praticado com vistas a obter prova que deva produzir efeitos
em processo criminal.
No crime de falsa perícia, cabe tanto a coautoria quanto a
Extinção da punibilidade – Será extinta a punibilidade se
participação (ex.: perícia feita por dois peritos que, em conluio,
houver a retratação antes da sentença (sentença recorrível). A
decidem elaborar laudo falso).
retratação deve ocorrer no próprio processo em que ocorreu o crime
Testemunha sem compromisso de dizer a verdade
de falso testemunho.
(informante) comete o crime? Prevalece o entendimento de que
Caracterização – É a conduta daquele que faz justiça com as próprias mãos, com a finalidade de satisfazer pretensão legítima.
Mas e se o agente atua em legítima defesa? Nesse caso, estamos diante de uma hipótese de autotutela (“justiça pelas próprias mãos”)
permitida por lei, logo, o agente não pratica crime.
OBS.: é fundamental que a pretensão “legítima” do sujeito ativo, que fundamenta a conduta, seja possível de ser obtida junto ao Poder
Judiciário, caso contrário, teremos outro crime, e não este.
Elemento subjetivo – Dolo, não havendo forma culposa. Se Consumação – Com a prática dos atos que buscaram fazer
o agente pratica o ato sem saber que sua pretensão possui algum justiça com as próprias mãos. Não é que o agente tenha conseguido
amparo legal, não comete esse crime, podendo cometer, por efetivamente satisfazê-la por meio da conduta arbitrária. Trata-se,
exemplo, constrangimento ilegal ou cárcere privado (no caso do portanto, de crime formal.
nosso exemplo).
Ação penal – Em regra, pública, mas será privada se não houver violência. Assim:
COM VIOLÊNCIA = PÚBLICA
SEM VIOLÊNCIA = PRIVADA
Caracterização – São condutas parecidas, mas que não se • Favorecimento real – Aqui, o agente não ajuda ninguém
confundem: a fugir. O agente ajuda alguém a tornar seguro o proveito do
• Favorecimento pessoal – Quando o agente ajuda (que crime (uma espécie de “ajuda para guardar a coisa”). OBS.: se o
praticou crime) alguém a “fugir” da ação da autoridade. Se o crime agente que presta o auxílio também participou do crime, não há
(praticado por quem recebe o auxílio) não é punido com reclusão, favorecimento real (responde apenas pelo crime praticado). E se
a pena é mais branda (forma privilegiada). OBS.: se o agente que o agente adquire o proveito do crime? Nesse caso, responde por
presta o auxílio também participou do crime, não há favorecimento receptação.
pessoal (responde apenas pelo crime praticado).
Macete:
Favorecimento PESSOAL = PESSOA
Favorecimento REAL = Res (do latim = COISA)
QUADRO ESQUEMÁTICO
Agente é ascendente,
descendente, irmão ou Isento da Pena
FAVORECIMENTO cônjuge do auxiliado
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo