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CENTRO DE ENSINO
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS
DISCIPLINA
DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR
TUTOR /CONTEUDISTA:
PORTO VELHO-RO
2020
N
UNIDADE DIDÁTICA
º.
A Corregedoria da PMRO
0 - Objetivos;
1 - Organização e atribuições;
- Diretriz Geral de Correição nº 001/99 – Apresentação.
0 - Sindicância Regular e Verbal: Objetivo; Finalidade; casos de sindicância;
2 prazos.
Conselho de Disciplina (CD – Decreto-Lei nº34, de 7 de dezembro de 1982) e
0
Conselho de Justificação (CJ – Decreto-Lei nº 35, de 7 de dezembro de 1982):
3
- Objetivo; Finalidade; Aplicabilidade; Condições; Prazos.
Processo Administrativo Disciplinar (PAD):
0
- Objetivo; Finalidade; Aplicabilidade; Condições; Procedimentos Básicos;
4
Prazos, julgamentos.
Processo Administrativo de Danos ao Erário (PADE) – Decreto nº 11.515, de 28
0 de fevereiro de 2005:
5 - Objetivo; Finalidade;
- Comentários Gerais.
Regulamento Disciplinar da Policia Militar (Decreto nº 13255, de 12 de novembro
de 2007):
- Conceito, Aplicação, Finalidade, Princípios Gerais da Hierarquia e Disciplina;
- Transgressões, Natureza das Transgressões; da Parte Disciplinar; Da Apuração
0
(PADS); Da Solução; Do Julgamento; Das Punições Disciplinares (Objetivo,
6
Gradação, Conceituação e Execução); Da Competência para Aplicação; Da
Relevação, Da Atenuação e Do Agravamento; Do Comportamento Militar; Dos
Recursos, Do Cancelamento de Punição e das Recompensas; Dos Prazos.
- Prisão em flagrante de natureza disciplinar.
Processo Disciplinar de Ensino (PDE):
- Finalidade; Competência; Rito processual.
SUMÁRIO
Encampa todo o conjunto legislativo que está ligado, de uma forma ou outra, ao
sistema que envolve tanto as FFAA como as suas forças auxiliares: as polícias militares e
os corpos de bombeiros militares dos estados e do DF. A amplitude deste ramo do Direito
vai muito além, portanto, do Direito Penal Militar substantivo e adjetivo, alcançando, por
exemplo, o âmbito constitucional e o âmbito disciplinar.
II –revogado ;
IV – a punição imposta;
VI – a classificação do comportamento.
e a eficiência.
Os princípios constitucionais caracterizam-se, segundo Rocha (1994 apud
BACELLAR FILHO, p. 147), pela: a) generalidade (não pontuam com especificidade e
minudências hipóteses concretas de relações jurídicas); b) primariedade (deles decorrem
outros princípios que são subprincípios em relação aos anteriores e que se podem conter,
expressa ou implicitamente, no sistema constitucional); e a c) dimensão axiológica (em
decorrência do conteúdo ético de que são dotados).
A seguir serão aborados vários princípios aplicáveis ao Direito Administrativo
Disciplinar Militar.
Previsto no caput do Art. 37, significa que a Administração só poderá fazer o que a
lei autoriza, a contrario sensu do particular, que poderá fazer, além de tudo que a lei
permite, o que ela não proibir também. Já no início da Carta Magna, no Art. 5º, inc. II, o
princípio está enunciado: ninguém está obrigado a fazer ou não fazer alguma coisa senão
em virtude de lei.
No Direito Penal vige o princípio da Tipicidade, com base expressa no inciso XXXIX
do Art. 5º da CF/88 (não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal). Todavia, tal hipótese não se aplica ao Direito Administrativo e nem ao
Administrativo Disciplinar (Militar). Assim, vige no Direito Disciplinar o princípio da
Atipicidade, em que pese posicionamentos contrários.
Entretanto, é bom que se diga que, a toda evidência, seria inadequado considerar a
inexistência, em absoluto, de tipicidade. Na verdade, o que se observa é um abrandamento
do tipo administrativo (tipicidade mitigada).
Com efeito, no âmbito da PMRO, o nosso RDPM prestigia o abrandamento do tipo
administrativo ao estabelecer expressamente o rol de transgressões disciplinares nos
artigos 15, 16 e 17. Contudo, um pouco antes destes dispositivos, o mesmo regulamento
reforça a tese da atipicidade ao dispor sobre as transgressões disciplinares em seu artigo
13, incisos I e II, donde se inrere, em seu inciso II, a cláusula de reserva discricionária
Pelo exposto, infere-se que o inciso I demonstra inequívoca evolução no que pertine
à tipicidade e respectiva classificação e intensidade das faltas disciplinares, saindo do total
arbítrio da autoridade disciplinar. Entretanto, o inciso II reserva parcela deste arbítrio,
deixando claro o poder que a autoridade disciplinar ainda possui em face da atipicidade
administrativa.
O Art. 5º, XXXV, da CF/88 reza que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Por seu turno, a EC nº 45/2004 reservou à Justiça
Militar Estadual a competência para o julgamento das ações judiciais contra atos
disciplinares militares.
Todas as demais questões de ordem administrativa, que não forem disciplinares,
continuam de competência da Justiça Comum, devendo ser anotado ainda que o exercício
desta nova competência da JM é realizado singularmente pelo Juiz de Direito, e não pelos
Conselhos.
Não há mais necessidade de exaurimento das vias administrativas para que o
servidor possa pleitear seus direitos em Juízo. Essa possibilidade era prevista na CF
anterior, de 1967.
É possível que o Judiciário examine o ato administrativo quanto à razoabilidade,
proporcionalidade e legalidade.
doente) para justificar sua ausência. O MP terá que provar somente que o militar ausentou-
se, do lugar onde deveria permanecer, por mais de 8 dias. Ao réu caberá provar o estado
de necessidade, e não o MP provar que o estado de necessidade não existia.
Raciocínio semelhante há de ser usado na apuração de falta administrativa.
Segundo nosso RDPM, sempre que o acusado em processo disciplinar alegar a ocorrência
de causa de justificação (Art. 37), atenuante (Art. 38) ou qualquer outra circunstância que
lhe aprouvenha, caber-lhe-á a produção probatória.
Tal princípio tem aplicação indiscutível no processo penal, não restando dúvida
quanto à impossibilidade de uma pessoa ser punida duas vezes por uma mesma infração
penal.
A questão se torna controvertida quando se pretende analisar o princípio citado à luz
de um fato suscetível de enquadrar-se, ao mesmo tempo, tanto na órbita penal como na
disciplinar.
Consoante preconizam outros estatutos policiais militares, e também o equivalente
diploma legal regulador da situação dos militares do Exército, no concurso de crime militar
e de transgressão disciplinar será aplicada somente a pena relativa ao crime militar.
Nesse mesmo sentido dispunha o antigo regulamento disciplinar da PMRO. A
doutrina justifica este comando legal arguindo que existe uma identidade entre o crime
militar e a transgressão disciplinar, configurando-se ambos violações ao dever militar,
diferindo entre eles apenas a intensidade da ofensa, mais acentuada no crime militar.
Quer dizer, no concurso de crime e transgressão disciplinar, quando forem de
mesma natureza, esta era absorvida por aquele.
Contudo, o RDPM/RO é mais severo. Estabelece, no §1º do Art. 12, que:
Em resumo, sempre que um militar do estado de Rondônia for processado por crime,
comum ou militar, poderá também sofrer condenação administrativa, em face de sua
responsabilidade funcional, ainda que não seja a responsabilidade residual, entendida
esta como aquela não abordada na sentença judicial.
O princípio do devido processo legal pode ser considerado como a principal matriz
de todos os demais princípios processuais constitucionais, sendo previsto no artigo 5º da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: “LIV – ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
A doutrina e a jurisprudência, como fontes do direito, no decorrer do tempo,
modificaram e ampliaram o sentido do “devido processo” concedendo a ele uma
interpretação mais extensiva, que limita o poder público e garante de forma ampla os
direitos fundamentais do cidadão. (OLIVEIRA, 2004).
No direito administrativo pode-se observar a incidência do Substantive Due Process
no princípio da legalidade, que impõe a limitação do poder governamental, no exercício do
seu poder de polícia, pela vinculação da Administração ao poder de agir somente no
[...] não disponha de meios para assegurar a verdade real, como no caso da absolvição por
insuficiência de provas (CPP, art. 386, VI). É dever do magistrado
superar a desidiosa iniciativa das partes na colheita do material
probatório, esgotando todas as possibilidades para alcançar a
verdade real dos fatos, como fundamento da sentença. Por óbvio, é
inegável que mesmo nos sistemas em que vigora a livre investigação
das provas, a verdade alcançada será sempre formal, porquanto “o
que não está nos autos, não está no mundo”. (CAPEZ, 2007, p. 22-
23).
A verdade material ou real pode ser definida como “aquela que foi buscada,
encontrada, apresentada e levada a efeito e que se aflora do conjunto probatório inserto
nos autos do procedimento disciplinar, neste se baseando a autoridade disciplinar
justiça e disciplina;
VI - administrar o Sistema da Corregedoria;
A Diretriz Geral de Correição nº 001 foi expedida pelo Comandante Geral da PMRO,
em 25 de agosto de 1999, tendo por finalidade padronizar, no âmbito da Polícia Militar, os
procedimentos administrativos decorrentes do exercício do poder disciplinar e os atos de
polícia judiciária militar, observados, neste caso, os dispositivos legais.
7. SINDICÂNCIA
Fonte de consulta: Manual de IPM (M-1-PM).
7.1 CONCEITO
Conceito: Se o conceito de IPM, de acordo com o Art 9º do CPPM, é a apuração
sumária de fato que, nos termos legais, configure crime militar, o conceito de sindicância
não pode ser outro senão a apuração sumaríssima de fato em que não se configuram,
ainda, os indícios da existência de crime militar, nem tampouco estão esclarecidas as
circunstâncias que indiquem, em tese, a ocorrência de alteração disciplinar.
7.2 CLASSIFICAÇÃO
7.3 PRAZOS
- o prazo para a conclusão da sindicância regular será de até trinta (30) dias,
prorrogáveis por vinte (20) dias [Resolução nº 0129/SS LEG/PM-1, DE 28.04.2000 – Altera
dispositivos do Manual de IPM (M-1-PM)]. Por sua vez, a sindicância verbal, por ser ainda
mais célere e menos formal, terá seu prazo reduzido para dias em função da simplicidade
dos fatos e celeridade desejada para a investigação/solução.
7.4.2 Documentos
Serão os depoimentos, exames, avaliações, escalas de serviço etc., os quais
serão juntados aos autos de sindicância através de despacho do sindicante.
7.4.3 Relatório
Deverá conter o relato sucinto de como ocorreu o fato e o parecer quanto à
existência ou não de transgressão disciplinar, indicando a norma violada e, se possível,
as penalidades às quais estará sujeito o transgressor. Caso haja indícios de crime militar,
sugerir a instauração de IPM (alínea “f” do Art. 10 do CPPM).
A sindicância regular será feita em duas vias, sendo a primeira remetida para a
autoridade que mandou instaurá-la, e a segunda, mantida com o próprio sindicante.
8. PROCESSOS DEMISSÓRIOS
Art.2º. ..........................................................................................
.........
I - acusada oficialmente ou por qualquer meio lícito de
comunicação social e neste caso comprovado em IPM ou Sindicância,
de ter:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular; ou
c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor policial
militar ou o decoro da classe;
II - afastado do cargo, na forma do Estatuto dos Policiais
Militares, por se tornar incompatível com o mesmo ou demonstrar
incapacidade no exercício de funções policiais militares a ela
inerentes, salvo se o afastamento for em decorrência de fatos que
motivem sua submissão a processo;
III - condenada por crime de natureza dolosa, não previsto na
legislação especial concernente à segurança nacional, em tribunal
civil ou militar, à pena restritiva de liberdade individual até 02 (dois)
anos, tão logo transite em julgado a sentença; (Obs.: na verdade, a
decisão de submeter a Praça ao processo demissório independe
do quantum da pena imposta na esfera criminal. Se a pena for
superior a 02 (dois) anos e não houver a decretação da perda da
graduação da Praça, como efeito da condenação, a
administração PM pode muito bem, e com muito mais razão,
instaurar o CD, se assim julgar oportuno e conveniente);
IV - pertencente a partido político ou associação suspensos ou
dissolvidos por força de disposição legal ou decisão judicial, ou que
exerça atividades prejudiciais ou perigosas à segurança nacional.
Parágrafo único: É considerada pertencente a partido ou
associação a Praça da Polícia Militar que, ostensiva ou
clandestinamente:
a) estiver inscrita como seu membro;
A defesa efetiva do acusado deverá ser feita por advogado por ele constituído ou, na
falta deste, por Oficial nomeado pelo Presidente do Conselho, da escolha do acusado se
este se manifestar nesse sentido.
(dez) dias, cabendo ao Governador do Estado, em última instância, julgar os recursos que
forem interpostos nos processos oriundos dos Conselhos de Disciplina.
Assim como o CD e o CJ, o PAD tem por finalidade reunir os elementos necessários
para a efetivação ou não do licenciamento não voluntário do policial militar, sem
estabilidade assegurada, cuja situação disciplinar ou transgressão praticada assim o exija.
Art.
47. ..................................................................................................
I – for a transgressão praticada de natureza grave, atentatória
ao decoro da classe policial militar, às instituições ou ao Estado;
II – tendo ingressado no comportamento insuficiente, continuar
praticando atos atentatórios à ética policial militar, sem demonstrar
tendências à melhoria de comportamento;
III – tiver sido condenado em sentença penal transitada em
julgado, por crime de qualquer natureza e qualquer que seja a pena,
desde que o fato seja considerado, em princípio, uma grave violação
da ética policial militar.
O PADE será aplicado quando o IPM ou Sindicância apontar indícios de que o militar
cometeu danos ao erário, por ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do
cargo ou função.
Deve-se atentar, ainda, que os inativos somente serão alcançados pelo RDPM se
cometerem transgressões graves ou quando a norma lhe for benéfica.
O rol de transgressões dos artigos 15, 16 e 17 deve ser estudado pelos alunos em
casa e as dúvidas resolvidas em sala de aula.
Nos casos previstos no inciso II do art. 13, a autoridade disciplinar usará da analogia
para classificar a transgressão, e buscará entre as previstas no RDPM uma que com ela
guarde semelhança em grau de intensidade (parágrafo único do Art. 14).
Parte disciplinar é o documento pelo qual todo policial militar que tiver
conhecimento de um fato contrário à disciplina faz a denúncia à autoridade disciplinar
competente, descrevendo de forma impessoal, clara, precisa e concisa, os dados
suficientes das pessoas e coisas envolvidas, o local, a data, a hora e as circunstâncias da
ocorrência.
foi dirigida a parte disciplinar qual a decisão que deverá ser adotada, que dependerá,
obviamente, de uma análise criteriosa das informações contidas no documento (gravidade
do fato, autoria e circunstâncias etc.).
A parte disciplinar é obrigatória para que seja dado início ao PADS, quando a
autoridade disciplinar não tomar conhecimento do fato por outro meio lícito. Nesse
momento, dada à importância do tema, e considerando que o RDPM é o instrumento
básico de disciplina nas corporações militares, impõe-se, o manuseio do Decreto, com a
apresentação de seus pontos novéis e mais relevantes.
Desenvolvimento do processo:
Ainda referente à prisão disciplinar, o RDPM prevê (Art. 46) a possibilidade da prisão
em flagrante de natureza disciplinar em caso de necessidade de restabelecimento da
ordem administrativa e preservação da disciplina, quando estes estiverem ameaçados.
Ainda assim, cumpre alertar que o art. 53 estabelece que “No caso de ocorrência
disciplinar envolvendo policiais militares de mais de uma OPM, caberá a apuração à
Corregedoria ou ao órgão que tiver ascendência funcional sobre os comandantes das
unidades”.
Art.
39. ......................................................................................................
(...)
Parágrafo único. Para efeito de reincidência não se considera a
transgressão anterior, se entre a data do término do cumprimento da
punição e a transgressão posterior tiver decorrido período de tempo
superior a:
I – 1 (um) ano nas transgressões de natureza leve;
II – 2 (dois) anos nas transgressões de natureza média; e
III – 4 (quatro) anos nas transgressões de natureza grave
coerente que sim. Ou seja, somente punição de mesma natureza ou de natureza maior
deveria gerar a reincidência.
Tais interpretações decorrem da condição do punido, que, no primeiro caso, parte de
uma situação mais amena e atinge uma situação igual ou pior do que a primeira, pelo que
seria justo considera-lo reincidente. E, no segundo caso, partiria de uma situação mais
gravosa e atingiria uma situação mais amena, pelo que seria razoável não considera-lo
reincidente.
Ocorre que, a bem da verdade, não há, até a presente data, posicionamento sobre o
assunto, pelo que não se pode considerar pacificada a questão.
Já quanto à prescrição da ação disciplinar, o RDPM dispõe sobre o assunto nos §§
2º ao 5º do Art. 58, cujo teor aduz:
Art.
58. ......................................................................................................
(...)
§ 2º A ação disciplinar prescreverá:
I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações de natureza grave;
II – em 2 (dois) anos, quanto às transgressões de natureza
média; e
III – em 1 (um) ano, quanto às transgressões de natureza leve.
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição.
§ 4º Quando o fato for investigado também judicialmente ou em
sede de inquérito policial e, a juízo da autoridade disciplinar, for
conveniente aguardar o desfecho da investigação, a instauração de
processo disciplinar suspende o curso do prazo prescricional.
§ 5º Afastamentos imperativos do acusado em processo
disciplinar, ainda que decorrentes de ordens médicas, quando
superiores a 15 dias contínuos acarretarão a suspensão do curso do
prazo prescricional.
Por sua vez, Costa (2006, p. 112) defende que “A prescrição é uma forma de
extinção da punibilidade quanto a uma transgressão disciplinar cometida em razão da
inação da administração no exercício do jus corrigendo”, ou seja, há um grande lapso
temporal que torna a punição sem sentido, principalmente porque esta visa restabelecer a
normalidade da instituição militar imediatamente após o cometimento de uma transgressão
disciplinar.
Ao se ater ao termo inicial da contagem do prazo prescricional da ação disciplinar,
Martins (1996, p. 94) entende que a prescrição, por simetria à regra do direito penal militar,
começa a contar do momento da consumação da transgressão disciplinar e não do dia em
que a administração militar tomar conhecimento do fato.
Todavia, a considerar a previsão normativa do Art. 2º do RDPM, não se faz
necessário recorrer à previsão normativa do direito penal militar, haja vista que no âmbito
da legislação castrense de natureza disciplinar tanto o DL Nº 034/82 (trata de Conselho de
Disciplina) quanto o DL Nº 035/82 (trata do Conselho de Justificação) asseveram que o
prazo prescricional corre, em regra, a contar da data da prática do fato. Senão vejamos os
dispositivos suso mencionados:
RDPM:
Art. 2º Para efeito deste regulamento adotar-se-ão, a princípio,
as conceituações previstas no Estatuto; não havendo, todavia,
previsão, recorrer-se-á às demais leis peculiares, regulamentos e
instruções, nesta ordem.
prescricional da ação disciplinar, resta então fazer alguns apontamentos sobre interrupção
e suspensão deste prazo.
O §3º do Art 58 do RDPM trata da interrupção ao passo que a suspensão
está prevista nos §§ 4º e 5º deste mesmo artigo, ressaltando-se que a interrupção faz zerar
o prazo e abrir nova contagem e a suspensão para a contagem durante o período
assinaldo ao final do que retomará a contagem de onde tiver parado.
Não fosse isso o bastante, ainda há que se falar da dupla possibilidade de se ver
interroper o prazo prescricional, com a ressalva de que a prescrição, no âmbito disciplinar
militar, deve ser concebida como instituto capaz de promover a paz e a tranquilidade no
seio da tropa, evitando que se permita a perpetuação das incertezas jurídico-
administrativas disciplinares, razão pela qual seria desejável que tal instituto somente
possa se operar uma única vez, qualquer que seja a hipótese motivadora.
Ainda assim, registre-se, por oportuno que é, que este não é um posicionamento
sedimentado e muito meno tido como orientação a ser seguida, talvez até porque, segundo
se sabe, não houve qualquer incidência desta possibilidade em face das situações
disciplinares da Corporação.
comportamento bom.
§ 2º Ingressará automaticamente no comportamento disciplinar
insuficiente, e passará a contar 9 (nove) pontos positivos, salvo se já
houver ingressado por outro motivo, o policial militar que, estando no
comportamento bom, qualquer que seja a sua pontuação, cometer
duas transgressões graves em menos de 1 (um) ano.
§ 3º Estando no comportamento ótimo, incorrendo na situação
do parágrafo anterior, ingressará no comportamento bom e passará a
contar 20 (vinte pontos).
§ 4º Estando o policial militar no comportamento excepcional,
regridirá para o ótimo, e contará 30 (trinta) pontos no ato de
publicação da terceira transgressão grave.
§ 5º Para efeito deste Título, são estabelecidas as seguintes
equivalências entre as punições:
I – duas transgressões leves equiparam-se a uma média; e
II – duas transgressões médias equiparam-se a uma grave.
10.8 RECURSOS
Antes de tudo é importante frisar que o Art. 78 do R-9-PM assevera que “O recurso
disciplinar é individual e não poderá tratar de assuntos estranhos ao fato que o tenha
motivado, nem versar sobre matéria capciosa, impertinente ou fútil”.
Outrossim, cabe registrar que a queixa deve ser dirigida ao Subcomandante Geral
quando o ato a ser recorrido for do Corregedor Geral; e que do ato do Governador do
Estado, do Comandante Geral ou do Secretário Chefe da Casa Militar não será cabível
queixa.
Art. 2º. A peça recursal da queixa deverá ser instruída, sob pena
de não conhecimento, com cópia da intimação da sentença a ser
recorrida, de onde conste a data em que o policial sancionado tomou
conhecimento do julgamento, cópia da comunicação à autoridade
querelada sobre a impetração da queixa e cópia dos autos do PADS
ensejador da punição.
O recurso que contrariar o prescrito no RDPM não será conhecido pela autoridade,
que mandará arquivá-lo (Art. 80).
dias;
II – os ocupantes dos demais cargos privativos de coronel PM,
até 15 (quinze) dias;
III – Ajudante geral, Comandantes e Subcomandantes de
Unidades, Chefe de Seção do EMG, Serviço e Assessorias, até 8
(oito) dias;
IV – as demais autoridades, até 5 (cinco) dias.
§ 1º A dispensa do serviço como recompensa será concedida em dias
consecutivos, uma vez por ano civil e será gozada de uma só vez,
vedada a acumulação com férias e licença especial.
§ 2º A dispensa do serviço como recompensa para ser gozada
fora da sede, fica subordinada às mesmas regras de concessão de
férias.
§ 3º A concessão da dispensa do serviço como recompensa,
deverá ser motivada pela autoridade que a conceder, e não poderá
ser concedida, a um só tempo, por duas autoridades.
Art. 89. Quando a autoridade que conceder a recompensa
não dispuser de boletim, a publicação será feita, mediante solicitação
escrita, no da autoridade a que estiver subordinada.
Art. 90. São competentes para anular, restringir ou ampliar
as recompensas concedidas por si ou por seus subordinados, as
autoridades referidas no § 1º do Art. 51 deste regulamento.
O próprio RDPM esclarece eventuais dúvidas que possam surgir acerca da contagem
dos prazos, evitando-se assim interpretações equivocadas e aplicação inadequada da
norma:
Embora o texto acima faça referência tão somente aos alunos dos cursos de
ingresso na carreira policial militar, o fato é que os processos são aplicáveis também aos
alunos de cursos que implicam em promoção imediata. Este é o entendimento que se extrai
dos dispositivos regulamentares insertos na Diretriz Geral de Ensino, conforme abaixo:
Com efeito, a solução dada ao Processo Disciplinar de Ensino não deixa dúvidas
sobre a extensão de sua aplicação. Senão vejamos:
Ao final da instrução, e findo o prazo para apresentação das alegações finais, com
ou sem a manifestação do acusado, a comissão apresentará circunstanciado parecer,
opinando pelo desligamento do aluno da atividade de ensino, ou pela absolvição
As sanções de caráter escolar serão desconsideradas, para quaisquer fins, tão logo
encerrem-se os cursos, com a aprovação do aluno.