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Aula 17

Curso: Direito Administrativo p/ TRF 3ª Região (Analista Judiciário e Oficial de Justiça) -


Com videoaulas

Professor: Daniel Mesquita


Direito Administrativo para TRF 3ª Região
Analista Judiciário (área judiciária e Oficial de
Justiça). Teoria e exercícios comentados
Prof Daniel Mesquita Aula 17

AULA 17: Intervenção do Estado na Propriedade


Privada e no Domínio Econômico

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À AULA 17 3

2. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 3

2.1 BASE CONSTITUCIONAL 4


2.2 FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO 5
2.3 COMPETÊNCIA 6
2.4 MODOS DE INTERVENÇÃO 6

3. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA 9

3.1 CONCEITO 9
3.2 DISCIPLINA NORMATIVA 10
3.3 INSTITUIÇÃO DA SERVIDÃO 10
3.4 INDENIZAÇÃO 11
3.5 EXTINÇÃO 12
3.6 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 12

4. REQUISIÇÃO 16

4.1 CONCEITO 16
4.2 ESPÉCIES 16
4.3 BASE NORMATIVA 21111228310

17
4.4 OBJETO E INDENIZAÇÃO 17
4.5 INSTITUIÇÃO E EXTINÇÃO 17
4.6 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 18

5. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA 19

5.1 CONCEITO 19
5.2 INSTITUIÇÃO, EXTINÇÃO E INDENIZAÇÃO 19
5.3 CARACTERÍSTICAS 20

6. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS 21

6.1 CONCEITO 21

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6.2 DISTINÇÕES DE OUTROS INSTITUTOS 23
6.3 INSTITUIÇÃO E INDENIZAÇÃO 23
6.4 CARACTERÍSTICAS 24

7. TOMBAMENTO (PROTEÇÃO E DEFESA DE BENS DE VALOR ARTÍSTICO, ESTÉTICO, HISTÓRICO,


TURÍSTICO E PAISAGÍSTICO) 25

7.1 CONCEITO 25
7.2 BASE NORMATIVA 26
7.3 ESPÉCIES 26
7.4 INSTITUIÇÃO 27
7.5 PROCESSO DO TOMBAMENTO 27
7.6 EFEITOS DO TOMBAMENTO 28
7.7 BENS INSUSCETÍVEIS DE TOMBAMENTO 30

8. DESAPROPRIAÇÃO 33

8.1 CONCEITO 33
8.2 PRESSUPOSTOS 34
8.3 PREVISÃO NORMATIVA 37
8.4 BENS DESAPROPRIÁVEIS 39
8.5 COMPETÊNCIA 40
8.6 DESTINAÇÃO DOS BENS 41
8.7 PROCEDIMENTO DE DESAPROPRIAÇÃO 42

9. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO 46

9.1 CONTESTAÇÃO 46
9.2 IMISSÃO PROVISÓRIA NA POSSE 47
9.3 SENTENÇA E TRANSFERÊNCIA DO BEM 48
9.4 INDENIZAÇÃO 49
9.5 DESISTÊNCIA DA DESAPROPRIAÇÃO 55
9.6 DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA 55
9.7 DIREITO DE EXTENSÃO 21111228310

58
9.8 TREDESTINAÇÃO 59
9.9 RETROCESSÃO 59
9.10 DESAPROPRIAÇÃO RURAL 61
9.11 DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA 64

10. RESUMO DA AULA 67

11. QUESTÕES 77

12. REFERÊNCIAS 83

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1. Introdução à aula 17

Bem vindos à nossa aula 17 de direito administrativo para o


concurso de Analista Judiciário (área judiciária e Oficial de Justiça) do
TRF 3ª Região!
Nesta aula falaremos do seguinte tema: “Bens públicos: regime
jurídico. Intervenção do Estado na propriedade: modalidades”.
Como o tema que será tratado nesta aula não costuma ser cobrado
constantemente, tampouco de forma aprofundada, esta aula tende a
fluir de forma mais rápida.
Sem mais delongas, vamos ao conteúdo!

2. Intervenção do Estado na Propriedade

Vamos agora ao segundo ponto de nossa aula.


Atualmente, o Estado assume uma feição marcadamente social,
voltado para a prestação dos serviços fundamentais à coletividade,
sendo chamado de “Estado do bem-estar social”.
Para alcançar esse bem-estar social, o Estado precisa intervir na
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propriedade particular, restringindo, condicionando o uso dessa


propriedade, por intermédio dos diversos institutos previstos no Direito
(servidão administrativa, requisição, desapropriação, etc.), com o fim
de limitar alguns interesses individuais em prol da coletividade, do
interesse público.

Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a intervenção do Estado


na propriedade é entendida como a atividade estatal que tem por fim
ajustar, conciliar o uso dessa propriedade particular com os interesses

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da coletividade. É o Estado, na defesa do interesse público,
condicionando o uso da propriedade particular.

Lembre-se que a intervenção estatal deve nortear-se pela estrita


observância dos meios e procedimentos autorizados na Constituição e
nas leis reguladoras, sob pena de caracterizar conduta flagrantemente
ilegítima do Estado, por violação aos direitos individuais dos cidadãos.

2.1 Base constitucional

A Constituição Federal, em seu art. 5º, XXII, assegura o direito


individual à propriedade; paralelamente, condiciona o uso desse direito
ao atendimento da função social, com base no inciso XXIII do mesmo
artigo. Se não for atendida essa condição constitucional, poderá o
Estado intervir para forçar o seu atendimento.

Por exemplo, ao tratar da política urbana, a Constituição, em


seu art. 182, §2º, prevê que a propriedade urbana cumpre sua função
social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da
cidade expressas no plano diretor.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor.
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Assim, é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei


específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: parcelamento ou edificação compulsórios; imposto
sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de

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emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

O texto constitucional permite também que, no caso de iminente


perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano (art. 5º, XXV, CF). Esse instituto é conhecido como REQUISIÇÃO.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente


poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;

Por fim, a Constituição contempla, até mesmo, o instituto da


DESAPROPRIAÇÃO, que é o meio mais gravoso de intervenção do
Estado no direito de propriedade, retirando esta do domínio do
proprietário e inserindo-a no patrimônio estatal.

2.2 Fundamentos da intervenção

Existem dois fundamentos para a intervenção do Estado na


propriedade particular: a função social da propriedade e a prevalência
do interesse público. 21111228310

Como vimos, o direito de propriedade assegurado


constitucionalmente não é absoluto, pois a propriedade deverá atender
sua função social. É necessário que o Poder Público faça cumprir esse
comando da Constituição, exigindo o atendimento da função social da
propriedade, mediante intervenção na propriedade privada.

A supremacia do interesse público sobre o privado é o segundo


fundamento para a intervenção do Estado na propriedade do particular.
Os interesses coletivos representam o direito do maior número (direito

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da maioria) e, por isso, quando em conflito com os interesses
individuais, devem prevalecer sobre estes.

Essa realidade legitima a superioridade jurídica do Estado em sua


atuação restritiva do uso da propriedade pelo particular, mesmo quando
contrária aos interesses individuais, desde que observadas as hipóteses
e procedimentos (devido processo legal) previstos na Constituição e nas
leis.

2.3 Competência

A competência LEGISLATIVA sobre direito de propriedade,


desapropriação e requisição é privativa da União, por força do art. 22,
I, II e III, da Constituição Federal.

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo
de guerra;

ATENÇÃO!!! Não confunda a competência tipicamente legislativa


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com a competência administrativa, para a prática de atos


relacionados com a restrição e o condicionamento do uso da
propriedade. Esta é repartida entre todos os entes federativos
(União, estados, DF e municípios).

2.4 Modos de intervenção

Em razão da complexidade dos fins almejados pelo Estado em prol


do interesse público, são vários os meios de intervenção do Estado na
propriedade.

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Primeiramente, há dois tipos de intervenção:

1. Intervenção RESTRITIVA: o Estado limita-se a impor restrições


e condicionamentos ao uso da propriedade, sem retirá-la de
seu dono;

2. Intervenção SUPRESSIVA: o Estado transfere coercitivamente


para si a propriedade de terceiro. Ex: desapropriação.

Tradicionalmente, os meios de intervenção do Estado na


propriedade privada enumerados pela doutrina são os seguintes:

1. Servidão administrativa;

2. Requisição;

3. Ocupação temporária;

4. Limitação administrativa;

5. Tombamento;

6. Desapropriação.

Importante lembrar que, além dessas formas de intervenção, a


Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) trata de modalidades
específicas de intervenção do poder público municipal na propriedade
privada, como o parcelamento, edificação ou utilização compulsória, a
incidência de IPTU progressivo no tempo (com caráter extrafiscal
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sancionatório), a desapropriação mediante pagamento em títulos e o


direito de preempção.

Começaremos agora a análise separada de cada uma das


modalidades de intervenção estatal na propriedade privada.

Questões de
concurso

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1. (FCC - 2012 - MPE-AL - Promotor de Justiça) No tocante às
restrições e intervenções na propriedade, o tratamento dado ao assunto
pelo Direito Brasileiro

a) permite que um particular seja sujeito ativo da desapropriação


judicial em face de outro particular, cujo imóvel seja objeto da
expropriação.

b) não admite hipótese de expropriação de bens destituída de


justa indenização.

c) prevê que sempre haverá indenização em favor do particular,


pelo simples uso de sua propriedade, caso seja ela requisitada em
virtude de iminente perigo público.

d) admite a desapropriação sem pagamento prévio de


indenização, caso se trate de imóvel urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, desde que tal imóvel se situe em área definida pela lei
federal como de especial interesse social.

e) impede a desapropriação de bens de família.

Pessoal, essa questão será boa para tecermos mais comentários


acerca da desapropriação. Sobre a letra “a”, que é o item correto, vou
explicar a vocês que existe o instituto da desapropriação privada. Ela foi
introduzida no ordenamento pelo Código Civil e é bem diferente da
desapropriação clássica que estamos estudando. Portanto, não
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confunda as duas, meus caros.


Por conta dessa modalidade, é possível que um particular
desaproprie judicialmente outra pessoa, cujo imóvel seja objeto de
expropriação.
Essa inovação veio em homenagem ao princípio da função social
da propriedade. Não vamos entrar em detalhes sobre isso, porque não é
nossa matéria, mas saiba que seu fundamento está no art. 1228,
parágrafo 4º do Código Civil e que ela existe e não pode ser confundida

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com a desapropriação clássica que estamos estudando aqui em Direito
Administrativo.
Resposta: letra “a”

3. Servidão administrativa

3.1 Conceito

Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é o direito real


público que autoriza o Poder Público a usar da propriedade imóvel para
permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo.

De acordo com Hely Lopes, servidão administrativa ou pública é


ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular
para assegurar a realização e conservação de obras e serviços
públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos
prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário.

Portanto, destacamos as três características fundamentais da


servidão administrativa:

1. Ônus real
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2. Bem particular (imóvel alheio). OBS: embora a regra seja


essa, nada impede que, em situações especiais, possa
incidir sobre bem público.

3. Utilização pública

ATENÇÃO!!! A servidão administrativa não pode ser


confundida com a servidão provada, prevista no Código Civil. A
servidão privada dá-se em uma relação jurídica entre pessoas
privadas, sem relação com o interesse da coletividade; a

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servidão administrativa, pelo contrário, constitui direito real
público, por ser constituída em favor do Estado para atender a
fatores de interesse público.

Exemplos: instalação de redes elétricas ou telefônicas e


implantação de gasodutos e oleodutos em áreas privadas para a
execução de serviços públicos; colocação em prédios privados de placas
e avisos para a população, como nome de ruas; colocação de ganchos
em prédios públicos para sustentar a rede elétrica; etc.

3.2 Disciplina normativa

Não há uma disciplina normativa específica para as servidões


administrativas. A base legal para sua instituição é o art. 40 do
Decreto-Lei nº 3.365/41 (trata da desapropriação por utilidade pública):

Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização


na forma desta lei.

Estabelece que o expropriante poderá constituir servidões,


mediante indenização na forma da lei. Por isso, prevalece o
entendimento de que se aplicam ao procedimento de servidão as regras
para a desapropriação por utilidade, no que couber.
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3.3 Instituição da servidão

Há 2 formas distintas para se instituir as servidões


administrativas:

1. Acordo administrativo:

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O proprietário do imóvel particular e o Poder Público celebram um
acordo formal por escritura pública, que garante ao Estado o direito
de uso da propriedade, para determinada finalidade pública.

OBS: esse acordo deve ser sempre precedido da declaração


de necessidade pública de instituir a servidão por parte do
Estado.

2. Sentença judicial:

Quando não há acordo entre as partes, o Poder Público promove


ação contra o proprietário, demonstrando ao juiz a existência do
decreto específico, indicativo da declaração de utilidade pública.

OBS: pode acontecer, também, de o Poder Público instalar


a servidão sem a existência de prévio acordo, quando caberá ao
proprietário do imóvel pleitear judicialmente o reconhecimento
da servidão, para o fim eventual de indenização, se for o caso.

ATENÇÃO!!! Por constituírem direito real de uso em favor do


Estado sobre propriedade particular, devem ser inscritas no
Registro de Imóveis para produzir eficácia erga omnes.

3.4 Indenização

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Como analisamos, a servidão administrativa implica, tão-somente,


o direito de uso pelo Poder Público de imóvel alheio, para o fim de
prestação de serviços públicos, não havendo perda da propriedade
por parte do particular.

Portanto, a indenização não será pela propriedade do imóvel, já


que não há a perda desta, mas sim pelos danos ou prejuízos que o
uso dessa propriedade pelo Poder Público efetivamente causar ao
imóvel.

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A regra é o não cabimento de indenização por parte do Estado. Se
houver prejuízo, deverá o proprietário ser indenizado em montante
equivalente ao respectivo prejuízo. OBS: o ônus da prova do
prejuízo cabe ao proprietário.

Se cabível, a indenização deverá ser acrescida das parcelas


relativas a juros moratórios, atualização monetária e honorários de
advogado.

3.5 Extinção

Em regra, a servidão administrativa é permanente, ou seja, a


utilização do bem pelo Poder Público permanece enquanto necessário à
consecução dos objetivos que inspiram sua instituição.

Entretanto, poderão ocorrer os seguintes fatos supervenientes


que acarretem a extinção da servidão:

1. Desaparecimento do bem gravado com servidão (extinção


natural);

2. Incorporação do bem gravado ao patrimônio da pessoa a favor


da qual foi instituída a servidão (Poder Público passa à
condição de proprietário do bem);
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3. Desinteresse superveniente do Estado em continuar utilizando


o imóvel particular, objeto de servidão (não há mais interesse
público no uso do bem)

3.6 Principais características

Conforme José Carlos dos Santos Filho, as características


essenciais da servidão administrativa são:

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1. Natureza jurídica de direito real;

2. Incide sobre bem imóvel;

3. Tem caráter de definitividade;

4. A indenização é prévia e condicionada (só se houver


prejuízo);

5. Inexistência de auto-executoriedade (só se constitui


mediante acordo ou sentença judicial).

Questões de
concurso

2. (FCC - 2012 - PGM-Joao Pessoa-PB - Procurador Municipal)


A Secretaria Municipal de Cultura pretende instalar, em terreno de
propriedade municipal, um cinema ao ar livre, como instalação
permanente dedicada a incentivar a cultura cinematográfica no
Município. Como tela de projeção, será utilizada a parede lateral, sem
janelas, de um edifício particular lindeiro ao terreno público. Analisando
a questão, o Procurador responsável pela consultoria jurídica da
Secretaria alerta sobre a possibilidade de que o proprietário privado
queira dar outra utilização à fachada cega - por exemplo, locando-a
para anúncios publicitários - sendo conveniente utilizar-se de
instrumento jurídico que garanta o funcionamento permanente do
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cinema. Diante da situação, é recomendável que o Município se utilize


do seguinte instituto:

a) requisição administrativa.

b) ocupação temporária.

c) permissão de uso.

d) servidão administrativa.

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e) desapropriação.

Pessoal, com essa questão não pretendo que você já tenham


conhecimento de todos os conceitos colocados nas opções, mas que
vocês fixem o conceito de servidão administrativa. Saibam que servidão
administrativa é o direito real público que autoriza o poder público a
usar da propriedade imóvel para permitir a execução de obras e
serviços de interesse coletivo.

É preciso que haja acordo ou sentença judicial. A servidão


administrativa implica, tão somente, o direito de uso pelo poder público
de imóvel alheio, para o fim de prestação de serviços públicos. É como
se a Administração estivesse “pegando emprestado” do particular.

Ele não perde a propriedade, como ocorre na desapropriação. Por


esse motivo, a indenização, se houver, não será pela propriedade do
imóvel, mas sim pelos danos ou prejuízos que o uso dessa propriedade
pelo poder público efetivamente causar ao imóvel, até podendo-se
cogitar em lucros que o particular deixou de aferir.

Resposta: letra “E”

3. (FCC - 2009 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário -


Área Judiciária) Sobre as modalidades de intervenção do Estado na
propriedade, é correto afirmar que
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a) o tombamento é medida sempre compulsória e definitiva.

b) a ocupação provisória caracteriza-se como a utilização


temporária que o Estado faz de bem improdutivo ou produtivo
exclusivamente para instalação de canteiro de obra de grande porte,
sem direito a indenização do proprietário.

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c) a requisição insere-se no poder discricionário da Administração
e pode ser adotada em quaisquer circunstâncias, a critério do agente
público competente.

d) a limitação administrativa é medida concreta, restrita a


determinada propriedade e é sempre indenizável.

e) a servidão administrativa tem natureza de direito real e só é


indenizável se causar dano ou prejuízo.

Agora ficou bom, lembre-se do conceito de José dos Santos


Carvalho Filho “servidão administrativa é o direito real público que
autoriza a Poder Público usa a propriedade imóvel para permitir a
execução de obras e serviços de interesse coletivo”. O poder público
somente indenizará se ocorrer danos ou prejuízos ao particular, pois
dele não retira o domínio e a posse.

Resposta: letra E

4. (FCC - 2013 - DPE-AM - Defensor Público) São


características da servidão administrativa:

a) imperatividade, perpetuidade e natureza real.

b) gratuidade, precariedade e natureza pessoal.

c) consensualidade, perpetuidade e natureza real.


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d) autoexecutoriedade, perpetuidade e natureza pessoal.

e) onerosidade, precariedade e natureza real.

Conforme José Carlos dos Santos Filho, as características essenciais da


servidão administrativa são:

1. Natureza jurídica de direito real;

2. Incide sobre bem imóvel;

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3. Tem caráter de definitividade;

4. A indenização é prévia e condicionada (só se houver


prejuízo);

5. Inexistência de auto-executoriedade (só se constitui


mediante acordo ou sentença judicial).

Gabarito: Letra “a”.

4. Requisição

4.1 Conceito

Nos dizeres de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é o


instrumento de intervenção estatal mediante o qual, em situação de
perigo público iminente, o Estado utiliza bens móveis, imóveis ou
serviços particulares com indenização ulterior, se houver dano.

Para Hely Lopes, é a utilização coativa de bens ou serviços


particulares pelo Poder Público por ato de execução imediata e direta
da autoridade requisitante e indenização ulterior, para atendimento
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de necessidades coletivas urgentes e transitórias.

4.2 Espécies

A requisição administrativa pode ser:

1. Civil: visa evitar danos à vida, à saúde e aos bens da


coletividade, diante de inundação, incêndio, sonegação de
gêneros de primeira necessidade, epidemias, catástrofes, etc.

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2. Militar: objetiva o resguardo da segurança interna e a
manutenção da soberania nacional, diante de conflito armado,
comoção interna, etc.

4.3 Base normativa

Há previsão expressa para o instituto da requisição administrativa


no art. 5º, XXV, da Constituição Federal.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente


poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;

4.4 Objeto e indenização

O objeto da requisição abrange móveis, imóveis e serviços


particulares. Ex: requisição do uso de imóvel de particular, dos
equipamentos e dos serviços médicos de determinado hospital privado,
etc. OBS: ao contrário da servidão administrativa, que é só para
bens imóveis.

A indenização pelo uso dos bens alcançados pela requisição é


condicionada, ou seja, o proprietário só fará jus à indenização se
houver dano. Existindo indenização, ela sempre será ulterior.
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4.5 Instituição e extinção

Presente a situação de perigo iminente, a requisição pode ser


decretada de imediato, sem a necessidade de prévia autorização
judicial, sendo, portanto, auto-executório. OBS: ao contrário do que
ocorre na servidão administrativa, que depende de acordo entre
as partes ou decisão judicial.

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Na lição de Hely Lopes, o ato de requisição é sempre um ato de
império do Poder Público, discricionário quanto ao objeto e oportunidade
da medida, mas condicionado à existência de perigo público iminente e
vinculado à lei quanto à competência da autoridade requisitante, à
finalidade do ato e, quando for o caso, ao procedimento adequado.
Esses quatro últimos aspectos são passíveis de apreciação judicial,
principalmente para a fixação do justo valor da indenização.

Por ser instituto de natureza transitória, a extinção da


requisição dar-se-á tão logo desapareça a situação de perigo público
iminente que justificou sua instituição.

4.6 Principais características

Apresentamos as características essenciais da requisição


administrativa, conforme didaticamente sintetizadas pro José Carlos dos
Santos Filho, em confronto com as características principais da servidão
administrativa, estudada anteriormente.

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

Direito real da Administração Direito pessoal da Administração


21111228310

Basta a existência de interesse Perigo público eminente


público

Só sobre bens imóveis Sobre bens móveis, imóveis e


serviços

Definitividade Transitoriedade

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Indenização condicionada à Indenização condicionada à


existência de prejuízo e prévia existência de prejuízo e ulterior

5. Ocupação temporária
5.1 Conceito

No entendimento de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é a


forma de intervenção pela qual o Poder Público usa transitoriamente
imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e
serviços públicos.

Segundo Hely Lopes, ocupação temporária ou provisória é a


utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares
pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou
atividades públicas ou de interesse público.

É o que normalmente ocorre quando a Administração tem a


necessidade de ocupar terreno privado para depósito de equipamentos
e materiais destinados à realização de obras e serviços públicos nas
vizinhanças.

Exemplos: ocupação temporária de terrenos de particulares


contíguos a estadas (em construção ou reforma), para alocação de
máquina de asfalto, equipamentos de serviço, pequenas barracas de
21111228310

operários, etc.; na época das eleições ou campanhas de vacinação


pública, em que o Poder Público usa de escoltas, clubes e outros
estabelecimentos privados para a prestação dos serviços.

5.2 Instituição, extinção e indenização


A instituição da ocupação temporária dá-se por meio da
expedição de ato pela autoridade administrativa competente,

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que deverá fixar, desde logo, e se for o caso, a justa indenização
devida ao proprietário do imóvel ocupado.

ATENÇÃO!!! É ato auto-executório, que não depende de


apreciação prévia do Poder Judiciário.

OBS: pode ser exigida caução prévia.

Extinta a causa que lhe deu origem, extingue-se o efeito da


ocupação. Logo, a extinção da ocupação temporária dá-se com a
conclusão da obra ou serviço pelo Poder Público.

A indenização é também condicionada à ocorrência de prejuízo


ao proprietário.

5.3 Características
As características fundamentais da ocupação temporária,
conforme José dos Santos Carvalho Filho, em confronto com as
características dis institutos já estudados até aqui, são as expostas
abaixo.

SERVIDÃO REQUISIÇÃO OCUPAÇÃO


ADMINISTRATIVA ADMINISTRATIVA TEMPORÁRIA

Direito real da Direito pessoal da Direito de caráter


21111228310

Administração Administração não-real

Basta a existência de Perigo público Necessidade de


interesse público eminente realização de obras
e serviços públicos
normais (mesma
coisa da servidão)

Só sobre bens Sobre bens Só sobre

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imóveis móveis, imóveis e propriedade
serviços imóvel, não
podendo haver
edificação no
terreno ocupado

Definitividade Transitoriedade Transitoriedade

Indenização Indenização Indenização varia


condicionada à condicionada à de acordo com a
existência de prejuízo existência de modalidade de
e prévia prejuízo e ulterior ocupação
temporária: se for
vinculada à
desapropriação, há
indenização; se não
for, não há, salvo
prejuízo

6. Limitações administrativas
21111228310

6.1 Conceito

Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, são determinações de


caráter geral, por meio das quais o Poder Público impõe a
proprietários indeterminados obrigações de fazer, ou obrigações
de deixar de fazer alguma coisa, com a finalidade de assegurar que
a propriedade atenda sua função social.

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Segundo Hely Lopes, limitação administrativa é toda imposição
geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do
exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências do bem-
estar social.

Por fim, de acordo com Maria Sylvia Di Pietro, são medidas de


caráter geral, previstas em lei com fundamento no poder de
polícia do Estado, gerando para os proprietários obrigações
positivas ou negativas, com o fim de condicionar o exercício do
direito de propriedade ao bem-estar social.

As limitações administrativas decorrem do poder de polícia da


Administração e se exteriorizam em imposições unilaterais e
imperativas, sob a modalidade positiva (fazer), negativa (não fazer) ou
permissiva (permitir fazer).

São caracterizadas pela gratuidade e pela generalidade da medida


protetora dos interesses da coletividade, devendo ser gerais, dirigidas a
propriedades indeterminadas.

Essas limitações podem atingir não só a propriedade imóvel e seu


uso como quaisquer outros bens e atividades particulares que tenham
implicações com o bem-estar social, com os bons costumes, com a
segurança e a saúde da coletividade, com o sossego e a higiene da
cidade e até mesmo com a estética urbana. 21111228310

Exemplos: obrigação de observar o recuo de alguns metros das


construções em terrenos urbanos; proibição de desmatamento de parte
da área de floresta em cada propriedade rural; obrigação imposta aos
proprietários de efetuarem limpeza de terrenos ou a que impõe o
parcelamento ou a edificação compulsória do solo; proibição de
construir além de determinado número de pavimentos, etc.

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6.2 Distinções de outros institutos

A limitação administrativa não pode ser confundida com servidão


administrativa, já que esta é um ônus real sobre determinada e
específica propriedade privada, mediante indenização, se houver
prejuízo, para a execução de serviço público, enquanto aquela é uma
restrição geral e gratuita imposta indeterminadamente às propriedades
particulares em benefício da coletividade. Exemplo: o recuo na
construção de edifícios é limitação administrativa; o atravessamento de
um terreno com aqueduto para abastecimento de uma cidade é
servidão administrativa.

Também não se confunde com a desapropriação. Por ser uma


limitação geral e de interesse coletivo, não obriga o Poder Público a
qualquer indenização, enquanto a desapropriação, por retirar do
particular sua propriedade, impõe o dever de indenizar o proprietário.

6.3 Instituição e indenização

As limitações administrativas ao uso da propriedade privada


podem ser expressas em lei ou regulamento de qualquer das três
entidades estatais (União, estados, DF e municípios), por se tratar de
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matéria de Direito Público.

Por constituírem imposições gerais, impostas a propriedades


indeterminadas, não ensejam nenhuma indenização por parte do
Poder Público em favor dos proprietários. Os prejuízos eventualmente
ocorridos não são individualizados, mas sim gerais, devendo ser
suportados por um número indefinido de membros da coletividade em
favor desta. OBS: isso difere de todas as outras formas de
intervenção estatal até então estudadas.

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6.4 Características

As características das limitações administrativas são:

1. Atos legislativos ou administrativos de caráter geral. OBS:


todas as demais formas interventistas decorrem de atos
singulares, com indivíduos determinados.

2. Caráter de definitividade. OBS: igual ao das servidões, mas


diverso da natureza da requisição e da ocupação
temporária.

3. Motivo vinculado a interesses públicos abstratos. OBS: nas


demais formas interventistas, o motivo é sempre a
execução de obras e serviços públicos específicos.

4. Ausência de indenização. OBS: nas outras formas, pode


ocorrer indenização quando há prejuízo para o
proprietário.

5.

Questões de
concurso
21111228310

5. (FCC/TCE-RO/Procurador/2010) Em relação às restrições do


Estado sobre a propriedade privada é correto afirmar:

a) A servidão administrativa impõe um ônus real ao imóvel, que


fica em estado de sujeição à utilidade pública.

b) Nas limitações administrativas impõe-se um dever de


suportar, enquanto na servidão administrativa impõe-se um dever de
não fazer.

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c) Nas limitações administrativas grava-se concreta e
especificamente um bem determinado, gerando indenização
correspondente ao sacrifício.

d) A servidão administrativa impõe ônus de natureza pessoal ao


imóvel gravado, de forma que a transferência do domínio exige
renovação do gravame.

e) Nas limitações administrativas impõe-se ônus de natureza real


a todos os imóveis abrangidos pela descrição do ato normativo
correspondente.

O item B está incorreto, pois as características estão trocadas. A


alternativa C está errada, já que, no caso de limitação administrativa, o
bem não é gravado, havendo apenas a imposição de obrigações de
fazer ou não fazer a proprietários indeterminados. A letra D está
incorreta porque a servidão administrativa impõe ônus de natureza real
e não pessoal. Por fim, o item E está errado, uma vez que a limitação
administrativa impõe ônus de natureza pessoal. A resposta certa é a
alternativa “A”.

7. Tombamento (proteção e defesa de bens de valor


artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico)
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7.1 Conceito

É a modalidade de intervenção na propriedade por meio da qual o


Poder Público procura proteger o patrimônio cultural brasileiro. O
Estado intervém na propriedade privada para proteger a memória
nacional, protegendo bens de ordem histórica, artística, arqueológica,
cultural, científica, turística e paisagística. A maioria dos bens tombados

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é de imóveis, porém o tombamento também pode recair sobre bens
móveis.

É sempre uma restrição parcial, não impedindo ao particular o


exercício dos direitos inerentes ao domínio.

7.2 Base normativa

A Constituição Federal, em seu art. 216, §1º, autoriza essa


modalidade de intervenção na propriedade, nos seguintes termos:

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e


protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas
de acautelamento e preservação.

7.3 Espécies

O tombamento pode ser, quanto á CONSTITUIÇÃO OU


PROCEDIMENTO:

1. Voluntário: o proprietário consente no tombamento, seja por


meio de pedido que ele mesmo formula ao Poder Público, seja
21111228310

concordando voluntariamente com a proposta da


Administração.

2. Compulsório: o Poder Público realiza a inscrição do bem como


tombado, mesmo diante da resistência e do
inconformismo do proprietário.

3. De ofício: ocorre quando o tombamento incide sobre bens


públicos.

Ainda pode ser, quanto à EFICÁCIA:

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1. Provisório: enquanto está em curso o processo
administrativo instaurado pela notificação do Poder Público.

2. Definitivo: depois de concluído o processo, o Poder Público


procede á inscrição do bem como tombado, no respectivo
registro de tombamento.

Por fim, quanto aos DESTINATÁRIOS, pode ser:

1. Individual: atinge um bem determinado.

2. Geral: atinge todos os bens situados em um bairro ou uma


cidade.

7.4 Instituição

O tombamento é sempre resultante de vontade expressa do Poder


Público, manifestada por ato administrativo do Executivo.

Conforme prevê o art. 24, VII, da Constituição Federal, a


competência para legislar sobre a proteção ao patrimônio histórico,
cultural, artístico, turístico e paisagístico é concorrente entre a União,
os Estados e o DF. A legislação federal e estadual poderá,, no que
couber, ser suplementada pela legislação municipal (art. 30, II, CF).
Além disso, cabe também ao município a competência para promover a
proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e
21111228310

a ação fiscalizadora federal e estadual (art. 30, IX, CF).

7.5 Processo do tombamento

ATENÇÃO!!! O ato de tombamento deve ser precedido de


processo administrativo, no qual serão apurados os aspectos
que materializam a necessidade de intervenção na propriedade

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privada para a proteção do bem tombado, sendo observado o
devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.

Nesse processo, são OBRIGATÓRIOS:

1. Parecer do órgão técnico cultural;

2. Notificação ao proprietário, que poderá anuir com o


tombamento ou impugnar a intenção do Poder Público de
decretá-lo;

3. Decisão do Conselho Consultivo da pessoa incumbida do


tombamento, após as manifestações dos técnicos e do
proprietário. Existem 3 hipóteses de conclusão da decisão:

Se houver ilegalidade, pela anulação do processo;

Rejeição da proposta de tombamento;

Se necessário o tombamento, pela homologação da


proposta;

4. Possibilidade de interposição de recurso pelo proprietário,


contra o tombamento, a ser dirigido ao Presidente da
República.

7.6 Efeitos do tombamento


21111228310

Efetivado o tombamento e o respectivo registro no Ofício de


Registro de Imóveis respectivo, surgem os seguintes efeitos, no que
concerne ao uso e à alienação do bem tombado:

1. Vedação de destruir, demolir ou mutilar o bem tombado


ao proprietário ou ao titular de eventual direito de uso;

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2. Possibilidade de o proprietário reparar, pintar ou restaurar o
bem somente após a devida autorização do Poder
Público;

3. Dever do proprietário de conservar o bem tombado para


mantê-lo dentro de suas características culturais. OBS: se não
dispuser de recursos para proceder a obras de
conservação e restauração, deverá necessariamente
comunicar o fato ao órgão que decretou o tombamento,
o qual poderá mandar executá-las a suas expensas.

4. Possibilidade do Poder Público, no caso de urgência, tomar a


iniciativa de providenciar as obras de conservação.

5. Direito de preferência do Poder Público no caso de


alienação do bem tombado.

Antes de alienar o bem tombado, o proprietário deve notificar a


União, o Estado e o Município onde se situe, para exercerem,
dentro de 30 dias, seu direito de preferência; caso não seja
observado o direito de preferência, será nula a alienação,
ficando autorizado o Poder Público a sequestrar o bem e impor
ao proprietário e ao adquirente multa de 20% do valor do
contrato.

6. O tombamento do bem não impede o proprietário de


21111228310

gravá-lo por meio de penhor, anticrese ou hipoteca;

7. Não há obrigatoriedade de o Poder Público indenizar o


proprietário do imóvel no caso de tombamento.

Cabe destacar que o tombamento não é a única forma de


proteção do patrimônio cultural brasileiro, pois o mesmo intuito cabe à
ação popular, ao direito de petição aos Poderes Públicos e à ação civil
pública.

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7.7 Bens insuscetíveis de tombamento

O tombamento pode atingir bens de qualquer natureza: móveis


ou imóveis, materiais ou imateriais, públicos ou privados. Entretanto, o
art. 3º do Decreto-Lei nº 25/37 exclui do patrimônio histórico e artístico
nacional e, portanto, da possibilidade de tombamento, as obras de
origem estrangeira:

1. que pertençam às representações diplomáticas ou consulares


acreditadas no país;

2. que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas


estrangeiras, que façam carreira no país;

3. que se incluam entre os bens adquiridos por sucessão de


estrangeiro e situados no Brasil e que continuam sujeitos à lei
penal do proprietário;

4. que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou


artísticos;

5. que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas


ou comerciais;

6. que sejam importadas por empresas brasileiras expressamente


para adorno dos respectivos estabelecimentos.
21111228310

Questões de
concurso

6. (FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo -


Coordenadoria Jurídica) A proteção e defesa pelo Estado dos bens
detentores de valor histórico, artístico, estético, paisagístico ou turístico
poderá ser feita mediante o instituto do tombamento

a) exclusivamente.

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b) que implicará a transferência de titularidade desses bens ao
Estado.

c) cujos efeitos legais produzidos incidem precipuamente sobre


bens imateriais.

d) que gerará ao Estado o dever de indenizar o proprietário, em


todos os casos e em valor equivalente à totalidade do bem
tombado.

e) que se aplica a bens públicos ou privados.

Pessoal, como a própria questão disse, o tombamento é um


instituto que promove a proteção dos bens. Se um bem é público ou
privado, não importa. O que o Estado almeja é proteger o que tem valor
histórico, cultural, artístico, estético, paisagístico ou turístico. Vamos
ver porque as alternativas A, B, C e D estão erradas?

Letra a – incorreta pois existem outros meios de proteção, como a


ação civil pública, desapropriação, inventário etc.

Letra b – um bem, aos ser tombado, continua pertencendo a seu


prévio dono, apenas acontece uma relativização do direito de
propriedade, motivo pelo qual esses direitos ficam restritos.

Letra c – o tombamento protege bens com valores culturais


21111228310

relevantes, pode ser móvel (ex: algumas estátuas do Aleijadinho) ou


imóvel.
Letra d – em regra, não há dever de indenizar. Até porque a
pessoa não perde a propriedade. Somente haverá indenização caso haja
obrigação de fazer imposta pelo Estado, como uma reforma ou medida
de conservação.

Resposta: letra “e”

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7. (FCC - 2013 - TJ-PE - Titular de Serviços de Notas e de
Registros – Provimento) O tombamento constitui uma das formas de
intervenção do Estado na propriedade, que tem por objetivo a proteção
do patrimônio histórico e artístico,

a) importando a restrição ao exercício de todos os direitos


inerentes ao domínio, quando compulsório.

b) sendo sempre compulsório quando incidente sobre bens


particulares e voluntário quando se trate de bens de entidades públicas.

c) não podendo incidir sobre bens de origem estrangeira que


pertençam a representações diplomáticas e consulares acreditadas no
país.

d) recaindo somente sobre bens de propriedade privada,


móveis ou imóveis, materiais ou imateriais, sendo vedado o
tombamento de bens públicos.

e) podendo incidir sobre bens privados, nacionais ou


estrangeiros, sendo compulsório na primeira hipótese e voluntário na
segunda.

Pessoal, vamos resolver essa. Com os comentários da aula fica


bem mais fácil, não é? Tenha sempre em mente que a intervenção do
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Estado na propriedade não é regra; ao contrário, o comum é que o


Estado respeite a propriedade privada.

Se essa propriedade pertencer a outro Estado soberano deve ser


ainda mais respeitada! Afinal, existe igualdade entre entes, são dois
estados soberanos em situação de igualdade, de maneira que o Brasil
não pode sobrepujar seus interesses sobre bens de outro país. Assim, a
intervenção não propriedade jamais pode incidir sobre bem que
pertença às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no
país. Esse é o texto do art. 3º do DL 25/37.

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Resposta: letra”c”

8. Desapropriação

8.1 Conceito

De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é o


procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere
para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública,
de necessidade pública, ou de interesse social, normalmente
mediante o pagamento de justa e prévia indenização.

Para Hely Lopes, desapropriação ou expropriação é a


transferência compulsória de propriedade particular (ou pública de
entidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus
delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por
interesse social, mediante prévia e justa indenização em
dinheiro, salvo as exceções constitucionais de pagamento em
títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, no caso de área urbana não edificada, subutilizada ou não
utilizada conforme expõe o art.182, §4º, III da Constituição Federal:
21111228310

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de


emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

E, também, de pagamento em títulos da dívida agrária, no caso


de reforma agrária, por interesse social disposto no art. 184, caput da
Constituição Federal:

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Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização
será definida em lei.

Como é possível notar, trata-se da mais gravosa modalidade de


intervenção do Estado na propriedade.

A doutrina classifica a desapropriação como forma originária de


aquisição de propriedade, pois não provêm de nenhum título
anterior, e, por isso, o bem expropriado torna-se insuscetível de
reinvindicação e libera-se de quaisquer ônus que sobre ele incidisse
precedentemente, ficando eventuais credores sub-rogados no preço.

A desapropriação é efetiva mediante um procedimento


administrativo, na maioria das vezes acompanhado de uma fase
judicial. Portanto, o procedimento possui 2 fases: a fase
administrativa, em que o Poder Público declara seu interesse na
desapropriação inicia medida visando à transferência do bem; se houver
acordo entre o Poder Público e o proprietário do bem, o que é raro, o
procedimento esgota-se nessa fase; na ausência de acordo, inicia a
fase judicial, em que o magistrado solucionará a controvérsia.

21111228310

8.2 Pressupostos

Os pressupostos da desapropriação são:

1. Utilidade pública ou necessidade pública

 Utilidade pública: a transferência do bem para o Poder


Público é conveniente, embora não seja imprescindível.

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Exemplo: desapropriação de um imóvel para a construção
de uma escola.

OBS: na hipótese de desapropriação para a realização de uma


obra, o art. 4º do Decreto-Lei nº 3.365/41 prevê a possibilidade
de ser desapropriada uma área maior do que aquela que será
inicialmente ocupada pela obra, abrangendo a área contígua
necessária ao desenvolvimento da obra e as zonas que se
valorizarem extraordinariamente, em consequência da
realização do serviço; em qualquer caso, a declaração de
utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais
as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda. Essa modalidade de desapropriação é chamada pela
doutrina de DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA.

Professor, como assim desapropriar a área que se valorizou


extraordinariamente? Qual a diferença entre essa valorização e a que
enseja a contribuição de melhoria, por exemplo?

O STJ já se posicionou no sentido de que a valorização imobiliária


que advém de obra ou serviço público pode ser de ordem geral
(beneficia indistintamente grupo considerável de administrados) ou
especial (apenas um ou alguns identificados ou identificáveis são
beneficiados) e a mais-valia divide-se em ordinária (todos os imóveis
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lindeiros à obra valorizam-se na mesma proporção) ou extraordinária


(um ou alguns se valorizam mais que outros sujeitos à mais-valia
ordinária).

Na hipótese de valorização geral ordinária, o Poder Público tem


em mãos o instrumento legal da contribuição de melhoria e, diante da
valorização geral extraordinária, tem a desapropriação por zona
ou extensiva (art. 4º do DL n. 3.365/1941).

E o art. 27 do DL, tem a ver com isso, professor?

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Meu aluno sagaz, o art. 27 do DL, que determina ao juiz que leve
em consideração a valorização da área remanescente do expropriado
para fixar o valor da indenização, só pode ser aplicado em caso de
valorização especial ou específica. Nesse caso, a valorização do imóvel
identificável poderá ser abatida do valor da indenização.

Assim, é possível compensar o valor da indenização com o valor


da valorização específica. Mas observe que esta valorização só ocorre
quando apenas um ou poucos proprietários beneficiários podem ser
identificados. Foi isso que decidiu o STJ no julgamento do RESP
1092010, conforme noticiado no informativo/STJ 469.

Afora esses casos, de valorização individual ou específica, os


efeitos patrimoniais decorrentes de valorização de imóvel por obra
pública merecem solução pela via fiscal adequada – contribuição de
melhoria –, sendo ilegal a dedução do valor indenizatório da quantia
que se entenda proveniente da referida valorização.

 Necessidade pública: situações de emergência, cuja solução


exija a desapropriação do bem. Exemplo: desapropriação
imediata de imóvel para salvaguardar a segurança nacional
ou para fazer face a uma calamidade pública.

OBS: na verdade, a utilidade pública é um denominação


genérica, que abrange todos os casos de desapropriação não
21111228310

enquadrados como de interesse social, incluídos os casos


doutrinariamente classificados como de necessidade pública.

2. Interesse social

 Interesse social: hipóteses em que mais se destaca a função


social da propriedade.

Certas circunstâncias impõem o condicionamento da propriedade,


para seu melhor aproveitamento em benefício da coletividade.

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Exemplo: desapropriação de terras rurais, para fins de reforma
agrária ou assento de colonos (busca condicionar o uso da terra à sua
função social).

8.3 Previsão normativa

O art. 5º, XXIV, da Constituição Federal, preceitua:

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por


necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

Ainda existem mais três previsões específicas de desapropriação


no texto constitucional.

Na hipótese de DESAPROPRIAÇÃO URBANÍSTICA, prevista no


art. 182, §4º, III, CF:

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de


emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Para esclarecer, a desapropriação tem caráter sancionatório e


pode ser aplicada ao proprietário de solo urbano que não atenda à
21111228310

exigência de promover o adequado aproveitamento de sua


propriedade, nos termos do plano diretor do Município. Nesse caso, o
expropriante será o Município, segundo as regras gerais estabelecidas
em lei federal. A indenização será paga em títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com
prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

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Na hipótese de DESAPROPRIAÇÃO RURAL, prevista no art 184,
CF:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização
será definida em lei.

Ou seja, a desapropriação incide sobre imóveis rurais que não


estejam cumprindo sua função social, sendo destinados à reforma
agrária. Trata-se de desapropriação por interesse social com
finalidade específica (reforma agrária). Nesse caso, o expropriante
é exclusivamente a União. A indenização será em títulos da dívida
agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei.

Nesse ponto, abrimos parênteses para noticiar um interessante


julgado do STF acerca de desapropriação rural por descumprimento da
função social.

No MS 25066, o proprietário de uma gleba declarada improdutiva


sustentou que o imóvel não poderia ser objeto de reforma agrária, uma
vez que não poderia ser caracterizado como grande propriedade rural,
21111228310

visto que 90% da área seria de preservação permanente, ou seja,


inaproveitável. O STF entendeu que, para fins de desapropriação,
deveria ser considerada a área total do imóvel, inclusive suas frações
inaproveitáveis.

Na hipótese de DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA, prevista


no art. 243, da CF:

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Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas


culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente
expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos,
para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei.

Não se assegura ao proprietário nenhum direito à


indenização, sempre devido nas demais hipóteses de desapropriação.

As regras constitucionais são completadas por meio de algumas


leis específicas: Decreto-Lei nº 3.365/41 (lei geral da desapropriação,
que cuida especificamente da desapropriação por utilidade pública); Lei
nº 4.132/62 (desapropriação por interesse social); Lei nº 8.629/93
(desapropriação rural); LC nº 76/93 (desapropriação rural para fins de
reforma agrária).

8.4 Bens desapropriáveis

Em regra, a desapropriação pode incidir sobre qualquer espécie


de bem de valoração patrimonial, seja móvel ou imóvel, corpóreo ou
incorpóreo.

Entretanto, há bens que não são passíveis de desapropriação,


como a moeda corrente do País e os chamados direitos personalíssimos
21111228310

(honra, liberdade, cidadania, etc.).

No caso de bens públicos, podem ser objeto de desapropriação


pelas entidades estatais superiores, desde que haja autorização
legislativa de seu âmbito para o ato expropriatório e seja
observada a hierarquia política entre essas entidades.

Conforme preceitua o art. 2º, §3º, do Decreto-Lei nº 3.365/41:

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§ 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal,


Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do
capital de instituições e emprêsas cujo funcionamento dependa de
autorização do Govêrno Federal e se subordine à sua fiscalização, salvo
mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da
República. (Incluído pelo Decreto-lei nº 856, de 1969)

Segundo a Súmula nº 479 do STF, as margens dos rios


navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação
e, por isso, excluídas de indenização.

8.5 Competência

Competência LEGISLATIVA

A competência para legislar sobre desapropriação é privativa da


União (art. 22, II, CF). Entretanto, essa competência pode ser
delegada aos Estados e ao DF, para o trato de questões específicas,
desde que a delegação seja efetivada por meio de lei
complementar (art. 22, parágrafo único, CF).

Competência DECLARATÓRIA 21111228310

A competência para declarar a utilidade pública ou o interesse


social do bem, com vistas à futura desapropriação, é da União, dos
Estados, do DF e dos Municípios.

ATENÇÃO!!! Há um caso de desapropriação por interesse


social em que a competência para a sua declaração é privativa
da União: a hipótese de desapropriação por interesse social para
o fim específico de promover a reforma agrária (art. 184, CF).

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Competência EXECUTÓRIA

A competência para promover efetivamente a desapropriação,


providenciando todas as medidas e exercendo as atividades que
culminarão na transferência da propriedade, é mais ampla, alcançado,
além das entidades da Administração direta e indireta, os
agentes delegados do Poder Público, como os concessionários e
permissionários.

ATENÇÃO!!! Para as pessoas que exercem funções


delegadas do Poder Público, a competência é condicionada, visto
que só podem propor a ação de desapropriação se estiverem
expressamente autorizadas em lei ou contrato.

8.6 Destinação dos bens

Em regra, os bens desapropriados passam a integrar o


patrimônio das entidades ligadas ao Poder Público que providenciaram a
desapropriação e pagaram a respectiva indenização. Ex: imóvel
desapropriado pela União para instalação de uma Secretaria – ingresso
21111228310

do bem no patrimônio da União, tornando-se bem público.

Ocorrerá INTEGRAÇÃO DEFINITIVA sempre que o bem


expropriado tiver utilização para o próprio Poder Público, em seu próprio
benefício.

Ao contrário, ocorrerá INTEGRAÇÃO PROVISÓRIA se a


desapropriação tiver sido efetuada para que o bem seja utilizado e
desfrutado por terceiro. Exemplos: desapropriação para fins de reforma

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agrária; desapropriação para abastecimento da população;
desapropriação confiscatória.

8.7 Procedimento de desapropriação

Basicamente, são duas fases distintas que compõem o


procedimento administrativo de desapropriação:

1. Fase DECLARATÓRIA: o Poder Público manifesta sua vontade


na futura desapropriação;

2. Fase EXECUTÓRIA: providências para consumar a transferência


do bem do patrimônio particular para o Poder Público.

Fase DECLARATÓRIA

É iniciada com a DECLARAÇÃO EXPROPRIATÓRIA, em que o Poder


Público emite sua intenção de ulteriormente transferir a propriedade do
bem para seu patrimônio ou para o de pessoa delegada, com o objetivo
de executar determinada atividade pública prevista em lei.

Nessa declaração, o Poder Público deve declarar a existência de


21111228310

utilidade pública ou interesse social para a desapropriação de


determinado bem.

A declaração expropriatória é feita por decreto do Presidente


da República, Governador ou Prefeito. OBS: admite-se também
que a iniciativa da desapropriação seja do Poder Legislativo
(para a maioria dos administrativistas, por meio de lei, porém
importantes autores entendem que seja por meio de decreto
legislativo).

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ATENÇÃO!!! O Poder Executivo tem discricionariedade para
tomar a decisão político-administrativa de expropriar um bem
de propriedade de um particular, não podendo o exercício dessa
competência estar sujeito a exigência de prévia aprovação
legislativa.

Informações que devem constar na declaração


expropriatória:

1. Descrição precisa do bem a ser desapropriado;

2. Finalidade da desapropriação;

3. Dispositivo legal da lei expropriatória que autoriza tal


hipótese de desapropriação.

Expedido o decreto, declarando a utilidade pública ou o interesse


social, manifestado está o interesse do Poder Público na desapropriação
de determinado bem, surgindo os seguintes efeitos:

1. Permissão para que as autoridades competentes possam


penetrar no prédio objeto da declaração, sendo possível o
recurso à força policial no caso de resistência do
proprietário;

2. Início da contagem do prazo para ocorrência da


caducidade do ato;
21111228310

3. Indicação do estado em que se encontra o bem objeto da


declaração para efeito de fixar o valor da futura
indenização;

4. Não há impedimento para que sejam concedidas licenças


para obras no imóvel já declarado de utilidade pública ou
de interesse social, mas o valor da obra não se
incluirá na indenização, quando a desapropriação for
efetivada (Súmula 23 do STF).

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A indenização somente abrange:

1. Benfeitorias NECESSÁRIAS: feitas após a declaração de


utilidade pública ou de interesse social;

2. Benfeitorias ÚTEIS: quando o proprietário for autorizado


pelo Poder Público;

3. Benfeitorias VOLUPTUÁRIAS: não são indenizáveis se


feitas após a referida declaração.

No caso de declaração de utilidade pública, o decreto


expropriatório caduca no prazo de 5 anos, contado da data da
expedição do decreto, se a desapropriação não for efetivada mediante
acordo ou sentença judicial nesse prazo.

Na hipótese de desapropriação por interesse social, o referido


prazo é de 2 anos, também contado da expedição do decreto.

Ocorrendo a caducidade, somente após um ano poderá ser o


mesmo bem objeto de nova declaração. Portanto, a caducidade
não é definitiva.

Fase EXECUTÓRIA

21111228310

Nessa fase, o Poder Público passa a agir efetivamente para


ultimar a desapropriação, para completar a transferência do bem
para o expropriante e assegurar ao expropriado a devida
indenização.

A transferência do bem poderá ser efetivada na via:

1. Administrativa: se houver acordo entre o Poder Público e


o expropriado a respeito da desapropriação do bem e do
pagamento da respectiva indenização.

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Esse acordo jurídico bilateral, de natureza onerosa,
retrata um contrato de compra e venda e é chamado de
DESAPROPRIAÇÃO AMIGÁVEL.

2. Judicial: quando não há acordo na via administrativa,


será proposta ação judicial com o intuito de solucionar o
conflito de interesses entre o Poder Público e o
proprietário.

A discussão na via judicial é restrita, já que não é possível


discutir a existência dos motivos que o administrador
considerou como de utilidade pública ou de interesse social, ou
se houve desvio de finalidade do administrador, salvo no caso de
ação autônoma. Porém, o juiz pode decidir sobre a regularidade
extrínseca do ato expropriatório (competência, forma,
caducidade, etc.) e nulidades processuais.

Havendo acordo na via administrativa, o negócio jurídico será


formalizado por meio de escritura pública ou por outro meio que a lei
venha especificamente indicar.

Questão de
concurso

21111228310

8. (CESGRANRIO - 2012 - Caixa - Advogado) O prazo de


caducidade do decreto expropriatório nas desapropriações por utilidade
pública, contado da data de sua expedição, é de

a) 120 dias

b) 180 dias

c) 2 anos

d) 5 anos

e) 10 anos

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Como vimos, no caso de declaração de utilidade pública, o
decreto expropriatório caduca no prazo de 5 anos, contado da
data da expedição do decreto, se a desapropriação não for
efetivada mediante acordo ou sentença judicial nesse prazo.

Gabarito: Letra “d”.

9. Ação de desapropriação

Sujeito ATIVO (expropriante): Poder Público ou pessoa privada


que exerce função delegada (concessionário ou permissionário), esta
quando autorizada em lei ou contrato. OBS: o proprietário nunca
atua como parte no polo ativo da ação de desapropriação.

Sujeito PASSIVO (expropriado): proprietário do bem a ser


desapropriado. OBS: o réu contestará a proposta feita pelo Poder
Público, apresentando suas razões.

Pedido: consumação da transferência do bem desapropriado para


o patrimônio do Poder Público.

Elementos da petição inicial: oferta do preço, cópia do contrato ou


do diário oficial em que houver sido publicado o decreto expropriatório e
planta ou descrição do bem a ser desapropriado e suas confrontações.

Ministério Público: intervirá


21111228310

obrigatoriamente em qualquer
processo de desapropriação.

9.1 Contestação

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Limitação material (art. 20 do Decreto-Lei 3.365/41): só poderá
versar sobre vício do processo judicial (ilegitimidade de parte, falta
de interesse de agir, inépcia da petição inicial, etc) ou impugnação do
preço (valor da indenização). OBS: qualquer outra questão deverá
ser decidida por ação direta.

Portanto, no mérito, as partes só poderão discutir o valor da


indenização. Se o expropriado pretender discutir com o Poder Público
questões sobre desvio de finalidade, inexistência de interesse social ou
utilidade pública, etc., deverá propor nova ação autônoma.

9.2 Imissão provisória na posse

Regra: posse do expropriante sobre o bem expropriado somente


após o fim do processo de desapropriação, com a transferência jurídica
do bem, depois do pagamento da devida indenização.

Exceção: declaração de urgência e depósito prévio. Nesse caso, é


possível que o expropriante passe a ter a posse provisória do bem antes
da finalização da ação de desapropriação.

Note que são 2 pressupostos para a imissão provisória na posse:

1. Declaração de urgência pelo Poder Público (no próprio decreto


21111228310

expropriatório ou em outro momento, no curso da ação de


desapropriação);

2. Depósito prévio, cujo valor será arbitrado pelo juiz segundo


critérios da lei expropriatória.

OBS: o expropriante possui direito subjetivo à imissão


provisória, não podendo o juiz denegar o requerimento, desde
que cumpridos os referidos pressupostos.

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Entretanto, a lei fixa o prazo de 120 dias, a partir da alegação da
urgência, para que o expropriante requeira ao juiz a imissão provisória
na posse, sob pena do juiz não deferir mais a emissão.

ATENÇÃO!!! De acordo com o STF, só a perda da


propriedade, ao final da ação de desapropriação e não a imissão
provisória na posse está compreendida na garantia da justa e
prévia indenização, ou seja, o valor definitivo da indenização
somente se dá com a transferência do bem e não na
oportunidade do depósito prévio para fins de imissão provisória
na posse do imóvel.

9.3 Sentença e transferência do bem

No processo de desapropriação, a sentença soluciona a lide,


decidindo o mérito e fixando o valor da justa indenização a ser
paga pelo expropriante ao expropriado.

Efetuado o pagamento da indenização, consuma-se a


desapropriação, adquirindo o Poder Público a imissão definitiva na posse
do bem expropriado e o direito de providenciar a regularização da
transferência do bem perante o Registro de Imóveis.
21111228310

Efeitos gerados pela sentença:

1. Autorização da imissão definitiva na posse do bem em favor do


expropriante;

2. Constituição de título hábil para a transcrição da propriedade


do bem no registro imobiliário.

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9.4 Indenização

Princípios aplicáveis à indenização na desapropriação:

1. Precedência: a indenização deve ser prévia.

2. Justiça: a indenização deve ser justa.

Para ser justa, a indenização deverá abranger não só o valor atual


do bem expropriado, como também os danos emergentes e os lucros
cessantes decorrentes da perda da propriedade, além dos juros
moratórios e compensatórios, da atualização monetária, das despesas
judiciais e dos honorários advocatícios.

Sobre a atualização monetária veja as seguintes súmulas:

Sum.67 STJ “Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que


por mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um
ano entre o calculo e o efetivo pagamento da indenização.”

Sum.561 STF “em desapropriação, é devida a correção monetária até a data


do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização
do cálculo, ainda que por mais de uma vez.”

Professor, mas o que esses juros compensatórios


“compensam”?

Meus caros, os juros compensam não só o que o expropriado


21111228310

deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também o óbice do uso


e gozo econômico do bem.

MUITA ATENÇÃO PARA ESSA INFORMAÇÃO:

O STJ, no julgamento do REsp 1.116.364/PI, sob o rito dos


recursos repetitivos, sedimentou o entendimento de que eventual
improdutividade do imóvel não afastaria o direito aos juros
compensatórios, pois esses juros compensam não só o que o
expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também o

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óbice do uso e gozo econômico do bem. Ressalvou-se, contudo, que
são indevidos juros compensatórios quando a propriedade se
mostrar impassível de qualquer espécie de exploração
econômica seja atual ou futura, em decorrência de limitações legais
ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situa a
propriedade.

E qual a alíquota que deve ser aplicada aos juros compensatórios?

Nesse ponto, meus caros, ABRAM BEM OS OLHOS!

Vejam o que diz a Súmula 618 do STF:

Súmula 618 - Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros


compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.

Contudo, em 11.06.97 foi editada a Medida Provisória nº 1.577,


que fixou em 6% (seis por cento) ao ano os juros compensatórios.
Ocorre que essa MP foi declarada inconstitucional pelo STF no
julgamento da ADI 2332, mas essa decisão foi proferida com efeitos ex
nunc e foi publicada apenas em 13.09.2001. Assim, o percentual de
6% é aplicável apenas no período compreendido entre
11.06.1997 (quando foi editada) até 13.09.2001, quando foi
publicada a decisão liminar do STF na ADIn 2.332/DF,
suspendendo a eficácia da expressão "de até seis por cento ao ano", do
caput do art. 15-A do Decreto-lei 3.365/41, introduzida pela referida
21111228310

MP. Nos demais períodos, o percentual dos juros compensatórios


é de 12% ao ano.

Para que você entenda bem o que acabamos de dizer, leia com
atenção os seguintes trechos da ementa do RESP 1116364
(acórdão proferido na sistemática dos recursos repetitivos):

“2. A incidência de juros compensatórios na desapropriação de


imóvel improdutivo.

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2.1. A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos
juros compensatórios, pois esses restituem não só o que o expropriado
deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de
renda, considerando a possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer
momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o
recebimento do seu valor à vista" (EREsp 453.823/MA, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, Rel. p/ acórdão Min. Castro Meira, DJU de 17.05.04).
Precedentes: REsp 675.401/RO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe
de 10.09.09; REsp 984.965/CE, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 04.08.09;
REsp 1.099.264/PA, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 19.08.09; REsp
1.034.014/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJU de
26.06.08; REsp 1.090.221/PE, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de
29.09.09; REsp 1.066.839/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de
31.08.09.

2.2. São indevidos juros compensatórios quando a propriedade se


mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica seja
atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação
geográfica ou topográfica do local onde se situa a propriedade, nos termos
do entendimento sedimentado na Primeira Seção desta Corte nos autos
dos EREsp 519.365/SP, de relatoria do Exmo. Senhor Ministro Teori Albino
Zavascki.

(...)

4. Percentual dos juros compensatórios.


21111228310

4.1. "Segundo a jurisprudência assentada no STJ, a Medida


Provisória 1.577/97, que reduziu a taxa dos juros compensatórios em
desapropriação de 12% para 6% ao ano, é aplicável no período
compreendido entre 11.06.1997, quando foi editada, até 13.09.2001,
quando foi publicada a decisão liminar do STF na ADIn 2.332/DF,
suspendendo a eficácia da expressão 'de até seis por cento ao ano', do
caput do art. 15-A do Decreto-lei 3.365/41, introduzida pela referida MP.
Nos demais períodos, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por
cento) ao ano, como prevê a súmula 618/STF" (REsp 1.111.829/SP, Rel.
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Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 25.05.09, submetido ao regime dos
recursos repetitivos do artigo 543-C do CPC e da Resolução STJ nº
08/2008.

4.2. Nessa linha, foi editada a Súmula 408/STJ, de seguinte teor:


"nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a
Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao
ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da
Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal" (DJe 24/11/2009).

4.3. In casu, em razão de o ente expropriante ter-se imitido na posse


durante a vigência da MP nº 1.577/97 e reedições e em data anterior à
liminar deferida na ADI nº 2.332/DF (DJ 13.09.01) os juros devem ser
fixados no percentual de 6% ao ano entre a data da imissão na posse até
13 de setembro de 2001. Após essa data, o percentual volta a ser de 12%
ao ano (Súmula 618/STF).

5. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte.


Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do Código de Processo Civil e da
Resolução nº 8/STJ.

(REsp 1116364/PI, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA


SEÇÃO, julgado em 26/05/2010, DJe 10/09/2010)

Ainda quanto aos juros moratórios, o STJ posicionou-se no


seguinte sentido: "os juros moratórios podem incidir sobre os juros
compensatórios, não consistindo anatocismo vedado em lei" (REsp
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766.495/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon).

Porém, fique atento, pois a coisa não é bagunçada!

Os juros compensatórios são calculados até a data de expedição


do precatório original. Já os moratórios, somente após o esgotamento
do prazo para o pagamento do requisitório, que é a partir de 1º de
janeiro do exercício financeiro seguinte àquele em que o pagamento
deveria ser efetuado (art. 15-B do DL 3365/41).

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Confira o seguinte trecho da ementa proferida no julgamento do
RESP 1264008:

6. Os juros moratórios nas desapropriações são devidos no importe de 6% ao ano a partir de


1º de janeiro do exercício financeiro seguinte àquele em que o pagamento deveria ser
efetuado, tal como disposto no art. 15-B do Decreto-Lei nº 3.365/41, regra que deve ser
aplicada às desapropriações em curso no momento em que editada a MP nº 1.577/97.

Observe que os juros moratórios são devidos no importe de 6%


ao ano.

Ainda quanto ao caráter “justo” da indenização, você deve


saber que o valor da indenização será contemporâneo à data da
avaliação judicial, não sendo relevante a data em que ocorreu a
imissão na posse, tampouco a data em que se deu a vistoria do
expropriante, nos termos do art. 26 do DL n. 3.365/1941 e conforme
entendimento do STJ, manifestado no REsp 1.274.005-MA.

Além disso, pouco importa se houve demora no pagamento do


preço da desapropriação, não vai haver indenização complementar, o
atraso é recompensado pelos juros moratórios. Nesse sentido, vale a
leitura da Súmula 416 do STF:

Sum. 416 do STF: Pela demora no pagamento do preço da


desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros.

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UFA! Finalmente apresentamos os principais aspectos da


indenização justa.

3. Pecuniariedade: a indenização deve ser em dinheiro.

Exceções:

1. Desapropriação para fins de REFORMA AGRÁRIA (art. 184, CF):


a indenização é paga por meio de títulos da dívida agrária, com

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cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão.

2. Desapropriação para fins URBANÍSTICOS (art. 182, §4º, III,


CF): o pagamento da indenização será feito mediante títulos da
dívida pública, de emissão anteriormente aprovada pelo
Senado Federal, com prazo de resgate até 10 anos, em
parcelas iguais e sucessivas, sendo assegurado o valor real da
indenização e os juros legais.

3. Desapropriação CONFISCATÓRIA (art. 243, CF): não há


pagamento de qualquer indenização ao proprietário.

Questão de
concurso

9. (FCC - 2013 - TJ-PE - Juiz) Ao julgar a medida cautelar na


Ação Direta de Inconstitucionalidade no 2.332, o Supremo Tribunal
Federal suspendeu liminarmente a eficácia da expressão “de até seis
por cento ao ano”, contida no art. 15-A do Decreto-lei no 3.365/41.
Após essa decisão, a taxa de juros compensatórios, na desapropriação

a) voltou a ser de 12% ao ano, por expressa disposição


constitucional.
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b) passou a ser variável, dependendo de decisão judicial no caso


concreto, a qual deverá levar em conta a política de juros definida pelos
órgãos governamentais competentes.

c) manteve-se em 6% ao ano, agora com fundamento em


dispositivo do Código Civil.

d) voltou a ser de 12% ao ano, conforme jurisprudência sumulada


do próprio Tribunal.

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e) manteve-se em 6% ao ano, por expressa disposição
constitucional.

Como vimos, o percentual de 6% é aplicável apenas no período


compreendido entre 11.06.1997 (quando foi editada) até 13.09.2001,
quando foi publicada a decisão liminar do STF na ADIn 2.332/DF,
suspendendo a eficácia da expressão "de até seis por cento ao ano", do
caput do art. 15-A do Decreto-lei 3.365/41, introduzida pela referida
MP. Nos demais períodos, o percentual dos juros compensatórios é de
12% ao ano.

Gabarito: Letra “d”.

9.5 Desistência da desapropriação

No caso de não subsistirem os motivos que provocaram a


iniciativa do processo expropriatório, o Poder Público pode desistir,
inclusive no curso da ação judicial.

O expropriado não pode opor-se à desistência, mas terá direito


à indenização por todos os prejuízos causados pelo
expropriante.

A desistência pode ser declarada diretamente na ação de


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desapropriação, requerendo o Poder Público a extinção do processo sem


julgamento de mérito, ou por meio da revogação do decreto
expropriatório.

9.6 Desapropriação indireta

É o fato administrativo por meio do qual o Estado se apropria de


bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e da

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indenização prévia. O Estado apropria-se de bem particular sem o
devido processo legal.

Exemplo: apropriação de áreas privadas pela Administração


Pública para abertura de estradas sem processo pertinente e sem o
prévio pagamento de indenização.

Ocorrendo a incorporação fática de um bem ao patrimônio


público, mesmo sendo nulo ou inexistente o processo de
desapropriação, o proprietário não terá direito ao retorno do bem ao
seu patrimônio, só podendo postular em juízo reparação pelas perdas e
danos causados pelo expropriante (art. 35 do Decreto-Lei nº 3.365/41).

É também reconhecida pela jurisprudência a ocorrência de


desapropriação indireta nas situações em que o Poder Público impõe a
determinado bem particular restrições tão extensas que resulta
inteiramente esvaziado o conteúdo econômico da propriedade.

Requisitos para configuração da desapropriação INDIRETA:

1. Incorporação do bem ao patrimônio do Poder Público OU


completo esvaziamento do conteúdo econômico da propriedade
decorrente de determinada limitação imposta pelo Poder
Público;

2. Situação fática irreversível.


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A doutrina e a jurisprudência tendem a adotar como prazo


prescricional da ação de desapropriação indireta, ajuizada pelo
proprietário para recebimento de indenização pelas perdas e danos, o
vigente prazo da usucapião extraordinária, ou seja, 15 anos.

Dentro do prazo prescricional, a ação deve ser proposta no foro


do local do imóvel e, uma vez julgada procedente, limitar-se-á a
condenar o Estado a indenizar o autor, ex-proprietário, tendo em vista
os prejuízos causados pela desapropriação indireta.

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O prazo de desapropriação indireta prescreve em vinte anos,
conforme súmula 119 do STJ.

Fique ligado! Isso tem grandes chances de cair na sua prova:

Em se tratando de desapropriação indireta, a promessa de


compra e venda, ainda que não registrada no cartório de
imóveis, habilita os promissários compradores a receber a
indenização pelo esbulho praticado pelo ente público.

Portanto, a ausência do registro da promessa de compra e venda


em cartório não interfere na relação de direito obrigacional. Isso
porque, conforme recente lição do STJ, manifestada no RESP 1204923,
tem direito à indenização o titular do domínio, o titular do direito real
limitado e o detentor da posse.

Ainda sobre o tema desapropriação DIRETA e INDIRETA, veja as


principais súmulas do STJ:

Sum. 114 STJ: “Os juros compensatórios, na desapropriação indireta,


incidem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização,
corrigido monetariamente.”

Sum. 113 STJ: “Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem


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a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da


indenização, corrigido monetariamente.”

Pode cair na sua prova (STJ. Informativo nº 508-14/11/2012):

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Limitação administrativa Desapropriação indireta

Ação de direito pessoal Direito real

Prazo prescricional é de cinco anos Prazo prescricional é de 20 anos

Restrição ao uso da propriedade Transferência da propriedade


imposta genericamente a todos os individual para o domínio do
proprietários, sem qualquer expropriante, com integral
indenização. indenização.

Dessa forma, as restrições ao direito de propriedade


impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo
econômico, NÃO constituem desapropriação indireta. Precedentes
citados: AgRg no REsp 1.235.798-RS.

9.7 Direito de extensão

É o direito do expropriado de exigir que a desapropriação e a


respectiva indenização alcancem a totalidade do bem, quando o
remanescente resultar esvaziado de seu conteúdo econômico.

Esse direito surge no caso de desapropriação parcial, quando a


parte não expropriada do bem fica prática ou efetivamente inútil,
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inservível, sem valor econômico ou de difícil utilização. O expropriado


pode exigir a conversão da desapropriação parcial em total.

O direito de extensão deve ser manifestado pelo expropriado


durante as fases administrativa ou judicial do procedimento de
desapropriação. OBS: não se admite o pedido após o término da
desapropriação.

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9.8 Tredestinação

É a destinação desconforme com o plano inicialmente previsto no


ato expropriatório. O Poder Público desiste dos fins da
desapropriação e transfere a terceiro o bem desapropriado ou
pratica desvio de finalidade, permitindo que terceiro se beneficie de
sua utilização. Esse é o caso da tredestinação ILÍCITA, em que a
desapropriação deve ser considerada nula, com a reintegração do
bem ao ex-proprietário. Exemplo: desapropriação de certa área para
construção de escola, mas o Estado concede permissão para que
empresa utilize tal área para outros fins.

A doutrina aponta também a hipótese de tredestinação LÍCITA.


Nessa situação, mantida a finalidade de interesse público, o Poder
Público expropriante dá ao bem desapropriado destino diverso daquele
inicialmente planejado. Exemplo: desapropriação de certa área para
construção de escola, mas o Estado constrói um hospital. Segundo o
STJ, se ao bem expropriado for dada destinação que atende ao
interesse público, ainda que diversa da inicialmente prevista no decreto
expropriatório, não há desvio de finalidade.

OBS: se a alienação do bem tiver se consumado por meio de


negócio jurídico bilateral (desapropriação amigável), não terá o
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particular direito à indenização no caso de o Poder Público ter


destinado o bem a fim diverso do que pretendia.

9.9 Retrocessão

De acordo com o art. 519 do Código Civil, se a coisa expropriada


para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em

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obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de
preferência, pelo preço atual da coisa e não pelo valor recebido a
título de indenização.

Nesse caso, há desinteresse superveniente do Poder Público


pelo bem que desapropriou. Também surge para o expropriado o direito
à retrocessão quando ocorre a tredestinação ilícita.

Na hipótese de não ser possível o retorno do bem ao domínio do


expropriado, a obrigação do Estado e o direito do expropriado
resolvem-se em perdas e danos.

ATENÇÃO!!! Não confundir a retrocessão com a desistência


da desapropriação, esta ocorre antes da incorporação do bem ao
patrimônio do Poder Público enquanto aquela surge depois de já
concluído o processo de desapropriação.

Questão de
concurso

10. (CESGRANRIO - 2012 - Innova - Advogado Júnior) A União


promove processo desapropriatório do imóvel X localizado no Estado Y
por utilidade pública. O imóvel não foi destinado ao objetivo declarado e
permaneceu sem destinação especifica. Deve, nesse caso, o ente
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expropriante ofertar o bem ao expropriado, mediante devolução da


indenização, o que caracteriza o instituto da(o)

a) reivindicação

b) retrocessão

c) preferência

d) retratação

e) gravame

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Como vimos, caso o expropriante não dê ao bem desapropriado a


destinação motivadora da desapropriação, o ex-proprietário tem o
direito de exigir de volta o seu imóvel e pleitear o direito a uma
indenização (perdas e danos), assim, o instituto cabível é a
Retrocessão.

Gabarito: Letra “b”.

9.10 Desapropriação rural

Finalidade: transferir para o Poder Público imóvel qualificado como


rural, para fins de reforma agrária, ou qualquer outro fim compatível
com a política agrícola fundiária.

A desapropriação rural é tipo de desapropriação por interesse


social, prevista nos arts. 184 a 186 da CF, regulamentados pela Lei nº
8.629/93, pela LC nº 76/93 e pela LC nº 88/96.

Competência: exclusiva da União, em razão de ser a matéria


rural de interesse nacional.

Recentemente o STF foi questionado se o Estado-membro teria


direito de desapropriar para o fim de estabelecimento e manutenção de
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colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola. A ministra


relatora Ellen Gracie, no caso em questão, salientou que o art. 2º da LC
76/93 é claro ao afirmar que a “desapropriação de que trata esta
lei Complementar é de competência privativa da União e será
precedida de decreto declarando o imóvel de interesse social,
para fins de reforma agrária”. Observou, ainda, que a Lei 8.629/93,
que disciplina a distribuição de lotes, em seu art. 2º, § 1º, informa que
”compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua

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função social”. Assim, estaria claro que a competência para
desapropriar para fins de reforma agrária seria da União,
independentemente da forma de pagamento da justa indenização (AC
2910 AgR-MC/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 29.2.2012).

Fundamento: atendimento da função social da propriedade.

Requisitos SIMULTÂNEOS para a propriedade rural cumprir sua


função social:

1. Aproveitamento racional e adequado;

2. Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e


preservação do meio ambiente;

3. Observância das disposições que regulam as relações de


trabalho;

4. Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos


trabalhadores.

Conforme preceitua o art. 185, CF, são insuscetíveis de


desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que


seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.

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Nesse caso, a indenização não segue a regra geral (justa e prévia


indenização em dinheiro), que somente é aplicável aos casos de
desapropriação por utilidade pública e interesse social de modo geral.

Na desapropriação rural para fins de reforma agrária, a


indenização é prévia e justa, mas não em dinheiro e sim em títulos da
dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de
sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

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ATENÇÃO!!! As benfeitorias úteis e necessárias serão
indenizadas em dinheiro, obedecendo a regra gera de
procedimento da desapropriação (oferecimento inicial do preço;
depósito em juízo, se houver interesse na imissão provisória na
posse; obtenção da transferência das benfeitorias só ao final,
com o pagamento integral da indenização).

O art. 184, §3º, CF, assim dispõe:

§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório


especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.

Como se vê, cabe a lei complementar disciplinar o procedimento


contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
desapropriação. Nesse sentido, foi editada a LC nº 76/93.

O procedimento inicia com a expedição do decreto de declaração


de interesse social para a desapropriação pelo Presidente da República.
A partir disso, o Poder Público terá 2 anos para intentar a ação
expropriatória, sob pena de caducidade. ATENÇÃO!!! Essa
caducidade não é absoluta, já que, após 1 ano de sua ocorrência,
poderá ser baixado novo decreto declarando o mesmo bem de
interesse social.

As autoridades federais ficam autorizadas a proceder à vistoria e à


avaliação do bem, que devem ser precedidas de comunicação escrita ao
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proprietário, preposto ou representante, para assegurar ao proprietário


o direito de acompanhar os referidos procedimentos.

A ação de desapropriação será ajuizada pela União ou por uma de


suas entidades da Administração Indireta. Atualmente, é o INCRA,
autarquia da União, que tem legitimidade para o ajuizamento da ação e
pagamento da respectiva indenização.

Ordem de atos do procedimento da ação de desapropriação:

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1. O juiz, no despacho inicial, já determina, de pronto ou em 48
horas, a imissão do autor na posse do imóvel (caso haja
efetuado devido depósito) e expede mandado de registro
imobiliário para averbação da ação;

2. Nos 10 primeiros dias após a citação, poderá ser realizada


audiência de instrução e julgamento com a finalidade de fixar o
valor da indenização; havendo acordo, este será homologado;

3. O expropriado poderá contestar no prazo de 15 dias;

4. O Ministério Público Federal intervirá obrigatoriamente no feito,


após a manifestação das partes e antes de qualquer decisão;

5. Proferida a sentença, indicando o juiz os elementos que o


levaram a arbitrar o valor da indenização, as partes poderão
interpor recurso de apelação contra o preço fixado.
OBS: se o apelante for o expropriado, o efeito da
apelação será apenas devolutivo; se for o expropriante,
terá também efeito suspensivo; se a indenização for
fixada em valor superior a 50% do valor ofertado, a
sentença ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição
(reexame necessário).

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9.11 Desapropriação CONFISCATÓRIA

Finalidade: expropriação, sem qualquer indenização ao


proprietário, de glebas em que sejam localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas, as quais serão destinadas ao assentamento de
colonos para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos (art.
243, CF).

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Fundamento legal: Lei nº 8.257/91.

Competência: privativa da União, podendo ser delegada a pessoa


jurídica de sua Administração Indireta.

ATENÇÃO!!! Nessa modalidade de desapropriação, não há


que se falar em decreto de declaração de interesse social ou de
utilidade pública, devido à ilicitude da atividade do proprietário.

O procedimento judicial obedecerá o rito sumário, sendo formado


pelos seguintes atos:

1. A petição inicial não especificará oferta de preço, uma vez que


não cabe indenização nessa modalidade de desapropriação;

2. Ao ordenar a citação, o juiz já nomeará o perito, que terá o


prazo de 8 dias para apresentar o laudo sobre o imóvel;

3. Prazo para contestação e indicação de assistentes: 15 dias,


contados da juntada do mandado;

4. Designação de audiência de instrução e julgamento dentro de


15 dias, contados da contestação;

5. Se for concedida a imissão provisória na posse, deverá realizar


audiência de justificação, na qual haverá contraditório;

6. Prazo para proferir sentença: 5 dias;


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7. Cabe recurso de apelação;

8. Transita em julgado a sentença, o imóvel será incorporado ao


acervo da União.

ATENÇÃO!!! Nenhum direito de terceiro pode ser oposto ao


expropriante, pois a desapropriação prevalecerá sobre direitos
reais de garantia, não se admitindo embargos de terceiro,
fundados em dívida hipotecária, anticrética ou pignoratícia.

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Tem sido considerada obrigatória a atuação do Ministério Público
no feito.

ATENÇÃO!!! O STF já decidiu que a desapropriação


confiscatória deve recair sobre a totalidade da área do imóvel,
mesmo que a cultura ilegal ocupe apenas uma pequena parte da
área dele.

Questão de
concurso

11. (FCC - 2013 - DPE-AM - Defensor Público) Para o direito


brasileiro, é absolutamente impossível a desapropriação de

a) área situada no subsolo.

b) pessoa jurídica.

c) bens públicos.

d) seres vivos.

e) domínio útil de imóvel sob regime enfitêutico.

Os bens passíveis de desapropriação podem ser imóveis ou


móveis, corpóreos ou incorpóreos, fungíveis ou infungíveis, simples ou
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compostos, excluindo, tão-somente, os diretos personalíssimos (vida,


honra, liberdade e nome). Ademais, a pessoa jurídica não é
desapropriada, e, sim, apenas os bens que tais entidades possuem ou
os direitos representativos do capital delas.

Gabarito: Letra “b”.

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Hoje ficamos por aqui. Espero que vocês tenham gostado!

10. Resumo da aula

Em um estudo para concurso público, o conceito de bem público


deve partir da definição legal do art. 98 do Código Civil.
Esse dispositivo, assim define:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas


jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual
for a pessoa a que pertencerem.

Veja que bens públicos são definidos como aqueles pertencentes às


“pessoas jurídicas de direito público interno”, ou seja, à União, aos
estados-membros, ao Distrito Federal, aos municípios e a todas as
pessoas jurídicas de direito público da administração indireta desses
entes.
Bandeira de Mello (2009, p. 904) alerta que a classificação dos
bens das EP e das SEM como públicos não pode ser irrestrita. Ele ensina
que deve ser observado se os bens dessas entidades estão afetados a
uma atividade pública ou não. Se estiverem afetados a essa finalidade,
devem ser incluídos no conceito de bens públicos.
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Dos bens de uso comum e de uso especial


O estudo do regime jurídico desses bens não é outra coisa senão a
fixação da ideia de que os bens de uso comum e de uso especial são
inalienáveis, imprescritíveis, impenhoráveis e não podem ser
onerados.
Com relação à inalienabilidade, conforme lição de Marcelo de
Melo Castro, na obra Direito Administrativo – Série Advocacia Pública
(2011, p. 402), essa característica não é absoluta, pois os bens de uso
comum e de uso especial podem vir a ser alienados se submetidos ao

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procedimento de desafetação, ou seja, o bem deixará de ser utilizado
para determinado fim público (deixará de ser usado diretamente pelo
Estado ou pela coletividade em geral).
Os bens dominicais também não podem ser adquiridos por
usucapião, ou seja, são imprescritíveis.
Esses bens também são impenhoráveis e não podem ser
onerados.
Os bens dominicais, contudo, podem ser alienados.

Alienação
Vimos acima que os bens dominicais podem ser alienados, uma vez
que desafetados, ou seja, não utilizados diretamente pelo Estado ou
pela coletividade.
Caso o Estado queira alienar um bem de uso comum ou de uso
especial, ele deverá desafetar esse bem (se esse bem for passível de
desafetação, por óbvio).
O procedimento para a alienação de bens públicos encontra-se na
Lei nº 8.666/93, mais especificamente em seus arts. 17, caput e incisos
I e II, e 19.

Desapropriação 21111228310

De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é o


procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere
para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública,
de necessidade pública, ou de interesse social, normalmente
mediante o pagamento de justa e prévia indenização.

Utilidade pública: a transferência do bem para o Poder Público é


conveniente, embora não seja imprescindível.

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Necessidade pública: situações de emergência, cuja solução exija a
desapropriação do bem.

Interesse social: hipóteses em que mais se destaca a função social


da propriedade.

OBS: na hipótese de desapropriação para a realização de uma


obra, o art. 4º do Decreto-Lei nº 3.365/41 prevê a possibilidade
de ser desapropriada uma área maior do que aquela que será
inicialmente ocupada pela obra, abrangendo a área contígua
necessária ao desenvolvimento da obra e as zonas que se
valorizarem extraordinariamente, em consequência da
realização do serviço; em qualquer caso, a declaração de
utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais
as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda. Essa modalidade de desapropriação é chamada pela
doutrina de DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA.

Quanto à indenização:

Princípios aplicáveis à indenização na desapropriação:

1. Precedência: a indenização deve ser prévia.

2. Justiça: a indenização deve ser justa.


21111228310

Para ser justa, a indenização deverá abranger não só o valor atual


do bem expropriado, como também os danos emergentes e os lucros
cessantes decorrentes da perda da propriedade, além dos juros
moratórios e compensatórios, da atualização monetária, das despesas
judiciais e dos honorários advocatícios.

Ainda quanto ao caráter “justo” da indenização, você deve


saber que o valor da indenização será contemporâneo à data da
avaliação judicial, não sendo relevante a data em que ocorreu a

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imissão na posse, tampouco a data em que se deu a vistoria do
expropriante, nos termos do art. 26 do DL n. 3.365/1941 e conforme
entendimento do STJ, manifestado no REsp 1.274.005-MA.

Além disso, pouco importa se houve demora no pagamento do


preço da desapropriação, não vai haver indenização complementar, o
atraso é recompensado pelos juros moratórios. Nesse sentido, vale a
leitura da Súmula 416 do STF:

Sum. 416 do STF: Pela demora no pagamento do preço da


desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros.

Desapropriação indireta

É o fato administrativo por meio do qual o Estado se apropria de bem


particular, sem observância dos requisitos da declaração e da
indenização prévia. O Estado apropria-se de bem particular sem o
devido processo legal.

Exemplo: apropriação de áreas privadas pela Administração


Pública para abertura de estradas sem processo pertinente e sem o
prévio pagamento de indenização.

Fique ligado! Isso tem grandes chances de cair na sua prova:


21111228310

Em se tratando de desapropriação indireta, a promessa de


compra e venda, ainda que não registrada no cartório de
imóveis, habilita os promissários compradores a receber a
indenização pelo esbulho praticado pelo ente público.

Portanto, a ausência do registro da promessa de compra e venda


em cartório não interfere na relação de direito obrigacional. Isso
porque, conforme recente lição do STJ, manifestada no RESP 1204923,
tem direito à indenização o titular do domínio, o titular do direito real
limitado e o detentor da posse.

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Servidão Administrativa

Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é o direito real público que


autoriza o Poder Público a usar da propriedade imóvel para permitir a
execução de obras e serviços de interesse coletivo.

De acordo com Hely Lopes, servidão administrativa ou pública é


ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular
para assegurar a realização e conservação de obras e serviços
públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos
prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário.

Portanto, destacamos as três características fundamentais da


servidão administrativa:

1. Ônus real

2. Bem particular (imóvel alheio). OBS: embora a regra seja


essa, nada impede que, em situações especiais, possa
incidir sobre bem público.

3. Utilização pública

ATENÇÃO!!! A servidão administrativa não pode ser


confundida com a servidão provada, prevista no Código Civil. A
servidão privada dá-se em uma relação jurídica entre pessoas
21111228310

privadas, sem relação com o interesse da coletividade; a


servidão administrativa, pelo contrário, constitui direito real
público, por ser constituída em favor do Estado para atender a
fatores de interesse público.

Exemplos: instalação de redes elétricas ou telefônicas e


implantação de gasodutos e oleodutos em áreas privadas para a
execução de serviços públicos; colocação em prédios privados de placas

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e avisos para a população, como nome de ruas; colocação de ganchos
em prédios públicos para sustentar a rede elétrica; etc.

Requisição

Nos dizeres de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é o instrumento de


intervenção estatal mediante o qual, em situação de perigo público
iminente, o Estado utiliza bens móveis, imóveis ou serviços
particulares com indenização ulterior, se houver dano.

Para Hely Lopes, é a utilização coativa de bens ou serviços


particulares pelo Poder Público por ato de execução imediata e direta
da autoridade requisitante e indenização ulterior, para atendimento
de necessidades coletivas urgentes e transitórias.

Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, são determinações de


caráter geral, por meio das quais o Poder Público impõe a
proprietários indeterminados obrigações de fazer, ou obrigações
de deixar de fazer alguma coisa, com a finalidade de assegurar que
a propriedade atenda sua função social.

Limitação Administrativa

De acordo com Maria Sylvia Di Pietro, são medidas de caráter


geral, previstas em lei com fundamento no poder de polícia do Estado,
21111228310

gerando para os proprietários obrigações positivas ou negativas,


com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-
estar social.

As limitações administrativas decorrem do poder de polícia da


Administração e se exteriorizam em imposições unilaterais e
imperativas, sob a modalidade positiva (fazer), negativa (não fazer) ou
permissiva (permitir fazer).

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São caracterizadas pela gratuidade e pela generalidade da medida
protetora dos interesses da coletividade, devendo ser gerais, dirigidas a
propriedades indeterminadas.

A limitação administrativa não pode ser confundida com servidão


administrativa, já que esta é um ônus real sobre determinada e
específica propriedade privada, mediante indenização, se houver
prejuízo, para a execução de serviço público, enquanto aquela é uma
restrição geral e gratuita imposta indeterminadamente às propriedades
particulares em benefício da coletividade. Exemplo: o recuo na
construção de edifícios é limitação administrativa; o atravessamento de
um terreno com aqueduto para abastecimento de uma cidade é
servidão administrativa.

Também não se confunde com a desapropriação. Por ser uma


limitação geral e de interesse coletivo, não obriga o Poder Público a
qualquer indenização, enquanto a desapropriação, por retirar do
particular sua propriedade, impõe o dever de indenizar o proprietário.

Ocupação temporária

No entendimento de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é a forma de


intervenção pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis
privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços
públicos. 21111228310

Segundo Hely Lopes, ocupação temporária ou provisória é a


utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares
pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou
atividades públicas ou de interesse público.

Tombamento

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É a modalidade de intervenção na propriedade por meio da qual o Poder
Público procura proteger o patrimônio cultural brasileiro. O Estado
intervém na propriedade privada para proteger a memória nacional,
protegendo bens de ordem histórica, artística, arqueológica, cultural,
científica, turística e paisagística. A maioria dos bens tombados é de
imóveis, porém o tombamento também pode recair sobre bens móveis.

É sempre uma restrição parcial, não impedindo ao particular o


exercício dos direitos inerentes ao domínio.

ATENÇÃO!!! O ato de tombamento deve ser precedido de


processo administrativo, no qual serão apurados os aspectos
que materializam a necessidade de intervenção na propriedade
privada para a proteção do bem tombado, sendo observado o
devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.

Efetivado o tombamento e o respectivo registro no Ofício de Registro de


Imóveis respectivo, surgem os seguintes efeitos, no que concerne ao
uso e à alienação do bem tombado:

1. Vedação de destruir, demolir ou mutilar o bem tombado


ao proprietário ou ao titular de eventual direito de uso;

2. Possibilidade de o proprietário reparar, pintar ou restaurar o


bem somente após a devida autorização do Poder
Público; 21111228310

3. Dever do proprietário de conservar o bem tombado para


mantê-lo dentro de suas características culturais. OBS: se não
dispuser de recursos para proceder a obras de
conservação e restauração, deverá necessariamente
comunicar o fato ao órgão que decretou o tombamento,
o qual poderá mandar executá-las a suas expensas.

4. Possibilidade do Poder Público, no caso de urgência, tomar a


iniciativa de providenciar as obras de conservação.

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5. Direito de preferência do Poder Público no caso de
alienação do bem tombado.

Antes de alienar o bem tombado, o proprietário deve notificar a


União, o Estado e o Município onde se situe, para exercerem,
dentro de 30 dias, seu direito de preferência; caso não seja
observado o direito de preferência, será nula a alienação,
ficando autorizado o Poder Público a sequestrar o bem e impor
ao proprietário e ao adquirente multa de 20% do valor do
contrato.

6. O tombamento do bem não impede o proprietário de


gravá-lo por meio de penhor, anticrese ou hipoteca;

Não há obrigatoriedade de o Poder Público indenizar o


proprietário do imóvel no caso de tombamento.

As formas mais conhecidas de abuso econômico são a prática do


truste, cartéis e o dumping.
 TRUSTE (trust): Ocorre quando uma empresa de maior porte
domina o mercado e afasta os menores concorrentes, ou ainda os
obriga a adotar a sua estratégia econômica. Conforme afirma Carvalho
Filho, é uma forma impositiva do grande sobre o pequeno empresário.
 Cartel: Ocorre quando os grandes empresários unem seus
interesses com um único objetivo: eliminar a concorrência e aumentar
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arbitrariamente seus lucros. Comumente essa é vista sobre o preço do


produto ofertado. Tendo em vista a concentração de poder econômico,
pode ocorrer de o pequeno empresário sucumbir e por vezes ser
dominado pelo grande empresário.
 Dumping: Geralmente essa prática abusiva, possui caráter
internacional. Uma empresa recebe o subsídio oficial do seu país de
origem de forma que o custeio de seu produto fique excessivamente
mais barato. Os valores baixos de seus produtos permanecem até que a
empresa consiga impactar as empresas concorrentes, que por vezes

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perdem a condição de continuar suas atividades, chegando à falência.
Com a quebra das concorrentes, essa empresa passa a praticar preços
abusivos.
Controle de abastecimento
Esse controle é feito pelo Estado que, ao intervir no domínio
econômico, mantém o mercado consumidor abastecido de produtos e
serviços necessários para suprir a necessidade da coletividade.
Conforme afirma Carvalho Filho, é comum em momentos de crises
ou de inflações que as empresas retenham os seus produtos ou deixem
de prestar os seus serviços, de forma que a população é prejudicada,
gerando insuficiência de consumo. Geralmente o controle de
abastecimento não passa de especulação de mercado e caracteriza o
domínio econômico.
Tabelamento de preços
Conforme Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo descrevem, os
preços classificam-se em privados (que se originam das condições
normais de mercado) e públicos (estabelecidos unilateralmente pelo
poder público, mediante a fixação de tarifa ou preço público).
O Estado atua no tabelamento de preços privados, nos limites da
lei, quando o preço de mercado, referente à oferta e procura, não supre
ao interesse público.
Na prática, o Estado determina quanto deve custar produtos
21111228310

essenciais para a sociedade em momentos de crise de abastecimento,


como combustíveis e alimentos, ou como instrumento para conter uma
disparada na inflação.
Criação de empresas estatais
A Constituição prevê a atuação do Estado no domínio econômico
através da criação de entidades estatais como, por exemplo, de
sociedades de economia mista e empresas públicas. Sendo que só é
permitida tal criação autorizada por lei específica e quando necessária

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aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, determinados por lei.
Atualmente, a criação das Agências Reguladoras, que são
autarquias em regime especial, tem sido feita para promover
intervenções específicas na ordem econômica, regulando e fiscalizando
atividades prestadoras de serviços públicos essenciais.

11. Questões

1. (FCC - 2012 - MPE-AL - Promotor de Justiça) No tocante às


restrições e intervenções na propriedade, o tratamento dado ao assunto
pelo Direito Brasileiro

a) permite que um particular seja sujeito ativo da desapropriação


judicial em face de outro particular, cujo imóvel seja objeto da
expropriação.

b) não admite hipótese de expropriação de bens destituída de


justa indenização.

c) prevê que sempre haverá indenização em favor do particular,


pelo simples uso de sua propriedade, caso seja ela requisitada em
virtude de iminente perigo público.
21111228310

d) admite a desapropriação sem pagamento prévio de


indenização, caso se trate de imóvel urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, desde que tal imóvel se situe em área definida pela lei
federal como de especial interesse social.

e) impede a desapropriação de bens de família.

2. (FCC - 2012 - PGM-Joao Pessoa-PB - Procurador Municipal)


A Secretaria Municipal de Cultura pretende instalar, em terreno de

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propriedade municipal, um cinema ao ar livre, como instalação
permanente dedicada a incentivar a cultura cinematográfica no
Município. Como tela de projeção, será utilizada a parede lateral, sem
janelas, de um edifício particular lindeiro ao terreno público. Analisando
a questão, o Procurador responsável pela consultoria jurídica da
Secretaria alerta sobre a possibilidade de que o proprietário privado
queira dar outra utilização à fachada cega - por exemplo, locando-a
para anúncios publicitários - sendo conveniente utilizar-se de
instrumento jurídico que garanta o funcionamento permanente do
cinema. Diante da situação, é recomendável que o Município se utilize
do seguinte instituto:

a) requisição administrativa.

b) ocupação temporária.

c) permissão de uso.

d) servidão administrativa.

e) desapropriação.

3. (FCC - 2009 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário -


Área Judiciária) Sobre as modalidades de intervenção do Estado na
21111228310

propriedade, é correto afirmar que

a) o tombamento é medida sempre compulsória e definitiva.

b) a ocupação provisória caracteriza-se como a utilização


temporária que o Estado faz de bem improdutivo ou produtivo
exclusivamente para instalação de canteiro de obra de grande porte,
sem direito a indenização do proprietário.

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c) a requisição insere-se no poder discricionário da Administração
e pode ser adotada em quaisquer circunstâncias, a critério do agente
público competente.

d) a limitação administrativa é medida concreta, restrita a


determinada propriedade e é sempre indenizável.

e) a servidão administrativa tem natureza de direito real e só é


indenizável se causar dano ou prejuízo.

4. (FCC - 2013 - DPE-AM - Defensor Público) São


características da servidão administrativa:

a) imperatividade, perpetuidade e natureza real.

b) gratuidade, precariedade e natureza pessoal.

c) consensualidade, perpetuidade e natureza real.

d) autoexecutoriedade, perpetuidade e natureza pessoal.

e) onerosidade, precariedade e natureza real.

5. (CESGRANRIO - 2012 - Caixa - Advogado) O prazo de


caducidade do decreto expropriatório nas desapropriações por utilidade
pública, contado da data de sua expedição, é de
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a) 120 dias

b) 180 dias

c) 2 anos

d) 5 anos

e) 10 anos

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6. (CESGRANRIO - 2012 - Innova - Advogado Júnior) A União
promove processo desapropriatório do imóvel X localizado no Estado Y
por utilidade pública. O imóvel não foi destinado ao objetivo declarado e
permaneceu sem destinação especifica. Deve, nesse caso, o ente
expropriante ofertar o bem ao expropriado, mediante devolução da
indenização, o que caracteriza o instituto da(o)

a) reivindicação

b) retrocessão

c) preferência

d) retratação

e) gravame

7. (FCC/TCE-RO/Procurador/2010) Em relação às restrições do


Estado sobre a propriedade privada é correto afirmar:

a) A servidão administrativa impõe um ônus real ao imóvel, que


fica em estado de sujeição à utilidade pública.

b) Nas limitações administrativas impõe-se um dever de suportar,


enquanto na servidão administrativa impõe-se um dever de não fazer.
21111228310

c) Nas limitações administrativas grava-se concreta e


especificamente um bem determinado, gerando indenização
correspondente ao sacrifício.

d) A servidão administrativa impõe ônus de natureza pessoal ao


imóvel gravado, de forma que a transferência do domínio exige
renovação do gravame.

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e) Nas limitações administrativas impõe-se ônus de natureza real
a todos os imóveis abrangidos pela descrição do ato normativo
correspondente.

8. (FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo -


Coordenadoria Jurídica) A proteção e defesa pelo Estado dos bens
detentores de valor histórico, artístico, estético, paisagístico ou turístico
poderá ser feita mediante o instituto do tombamento

a) exclusivamente.

b) que implicará a transferência de titularidade desses bens ao


Estado.

c) cujos efeitos legais produzidos incidem precipuamente sobre


bens imateriais.

d) que gerará ao Estado o dever de indenizar o proprietário, em


todos os casos e em valor equivalente à totalidade do bem tombado.

e) que se aplica a bens públicos ou privados.

9. (FCC - 2013 - TJ-PE - Juiz) Ao julgar a medida cautelar na


Ação Direta de Inconstitucionalidade no 2.332, o Supremo Tribunal
Federal suspendeu liminarmente a eficácia da expressão “de até seis
21111228310

por cento ao ano”, contida no art. 15-A do Decreto-lei no 3.365/41.


Após essa decisão, a taxa de juros compensatórios, na desapropriação

a) voltou a ser de 12% ao ano, por expressa disposição


constitucional.

b) passou a ser variável, dependendo de decisão judicial no caso


concreto, a qual deverá levar em conta a política de juros definida pelos
órgãos governamentais competentes.

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c) manteve-se em 6% ao ano, agora com fundamento em
dispositivo do Código Civil.

d) voltou a ser de 12% ao ano, conforme jurisprudência sumulada


do próprio Tribunal.

e) manteve-se em 6% ao ano, por expressa disposição


constitucional.

10. (FCC - 2013 - TJ-PE - Titular de Serviços de Notas e de


Registros – Provimento) O tombamento constitui uma das formas de
intervenção do Estado na propriedade, que tem por objetivo a proteção
do patrimônio histórico e artístico,

a) importando a restrição ao exercício de todos os direitos


inerentes ao domínio, quando compulsório.

b) sendo sempre compulsório quando incidente sobre bens


particulares e voluntário quando se trate de bens de entidades públicas.

c) não podendo incidir sobre bens de origem estrangeira que


pertençam a representações diplomáticas e consulares acreditadas no
país.

d) recaindo somente sobre bens de propriedade privada, móveis


ou imóveis, materiais ou imateriais, sendo vedado o tombamento de
bens públicos.
21111228310

e) podendo incidir sobre bens privados, nacionais ou


estrangeiros, sendo compulsório na primeira hipótese e voluntário na
segunda.

11. (FCC - 2013 - DPE-AM - Defensor Público) Para o direito


brasileiro, é absolutamente impossível a desapropriação de

a) área situada no subsolo.

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b) pessoa jurídica.

c) bens públicos.

d) seres vivos.

e) domínio útil de imóvel sob regime enfitêutico.

Gabarito

1) A

2) E

3) E

4) A

5) D

6) B

7) A

8) E

9) D

10) C

11) B

21111228310

12. Referências

ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente. Direito Administrativo


descomplicado. 18ª ed. São Paulo: Método, 2010.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo.
27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo.
13ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª ed. São
Paulo: Editora Atlas, 2009.
GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.

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MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo - tomo I. 3ª ed. Salvador:
Jus Podivm, 2007.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo:
Malheiros, 2003.
MESQUITA, Daniel. Direito Administrativo – Série Advocacia Pública,
Vol. 3, Ed. Forense, Rio de Janeiro, Ed. Método, São Paulo, 2011.
STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial:
doutrina e jurisprudência. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1999.
Informativos de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em
www.stf.jus.br, e do Superior Tribunal de Justiça, em www.stj.jus.br.

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