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MANUEL BRAGA DA CRUZ *
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A Revolução Nacional de 1926
1. Um movimento revolucionário...
Para muitos dos militares que aderiram ao movimento, o
que estava em causa era apenas o saneamento do sistema polí
tico constitucional republicano, a sua reforma e nunca a sua
supressão e substituição. Assim se explica que quase todos os
partidos adversários do Partido Democrático, desde a União
Liberal Republicana de Cunha Leal à Esquerda Democrática
de José Domingos dos Santos, passando por radicais e nacio
nalistas, se tenham regozijado com o levantamento, e muitos
tenham até reivindicado a paternidade do golpe. Mas para
outros militares, porém, o que importava era alterar o próprio
sistema de representação partidária até então em vigor, senão
mesmo o regime.
São claro indício deste contraste de intenções os propó
sitos enunciados nas primeiras proclamações políticas dos Re
voltosos. Assim, o Manifesto da Junta de Salvação Pública,
liderada por Cabeçadas e Gama Ochoa, posto a circular em
Lisboa na madrugada do dia 29 de Maio, anunciava, como pri
meira medida fundamental e urgente, a «publicação do Estatuto
fundamental que, mantendo essencialmente o regime republi
cano proclamado em 1910 e reconhecido pelas potências, intro
duza as modificações necessárias para garantir o seu regular
funcionamento», a par de uma série de outras medidas refor
mistas de governação de ordem administrativa, financeira, eco
nómica, educacional, judicial, colonial e militar, terminando
porém por afirmar também a «garantia insofismável dos direi
tos de vida, propriedade e bom nome do cidadão» 0).
Eram outras porém as intenções manifestadas pelas pro
clamações de Gomes da Costa, emanadas de Braga no próprio
dia 28: «Para homem de dignidade e honra, a situação política
do País é inadmissível. Vergada sob a acção de uma minoria
devassada e tirânica, a Nação, envergonhada, sente-se morrer»,
dizia a primeira. E a segunda precisava: «A Nação quer um
Governo Nacional militar, rodeado das melhores competências,
para instituir na administração do Estado a disciplina e a hon-
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(27) João Ameal (dir.), ob. cit., vol. II, pp. 107-108.
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5. Conclusão
O Estado Novo surgiu assim como novo regime, resultante
da Revolução Nacional. A sua nova constituição consagra um
regime republicano, embora nacionalizado, isto é, mantém o
seu quadro institucional, preservando nomeadamente os seus
princípios electivo e representativo, mas dando-lhe novo con
teúdo e novo contexto políticos: os do nacionalismo político
autoritário. Estamos assim perante uma II República, não de
mocrática, mas antes autoritária, nacionalista e corporativista.
Por outro lado, essa República nova concilia-se com a Igreja
sem se deixar confessionalizar, concordatando com ela um regi
me de separação, mas de respeito e cooperação recíproca. O
laicismo de Estado será desse modo compatibilizado com a
orientação católica da acção govemativa. Por último, o auto
ritarismo nacionalista do Estado Novo afasta-se do modelo do
partido único totalitário, acabando por ser, não uma ditadura
de movimento ou de partido, mas tão só uma ditadura pessoal
do chefe do governo.
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