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O Estado Novo foi uma tentativa de equilíbrio de todas as direitas

portuguesas?

A 1ª República foi o regime que esteve em vigor em Portugal de 1910 a 1926. A


28 de Maio de 1926 ocorreu o golpe que acabou com a 1ª República e instaurou
a Ditadura Militar, chefiada por Óscar Carmona.
Os objetivos deste golpe militar eram muito genéricos: pôr ordem no país,
equilibrar as finanças, promover o desenvolvimento, etc. Não havia unidade
política nos militares, contudo ambos tavam de acordo que queriam acabar com
o Partido Democrático, o partido principal da 1ª República.
O período da ditadura militara continua a instabilidade política dos últimos anos
da 1ª República e há desordem nas ruas, havendo várias revoltas durante este
período (em setembro de 1926, outubro de 1926, fevereiro de 1927, etc.). A
juntar-se a estes problemas havia problemas financeiros, deixados da 1ª
República e agravados pela incompetência do governo. Os problemas militares
devem-se também às despesas elevadas dos militares. Para resolver estes
problemas a solução passava por um grande empréstimo externo, contudo
graças à má fama internacional de Portugal não se conseguiu obter. Sinel de
Cordes ainda negociou com a Sociedade das Nações, mas devido à exigência da
instituição o empréstimo ficou sem efeito. Neste contexto os militares chamam
António de Oliveira Salazar. Salazar sobe ao poder sem quaisquer apoios nem
ajudas (não tinha partido, não tinha Milícia, nem um movimento de massas).
Este professor católico da universidade de Coimbra era visto como conhecedor
e competente.
Salazar fez um trabalho notável (é importante destacar que conseguiu equilibrar
o orçamento de estado em 1928, algo que já não era conseguido desde 1913) e
começa a ganhar cada vez mais força e poder, embora, estando sempre
dependente dos militares. Em 1932 já era primeiro-ministro e em 1933 a
constituição faz nascer o estado novo.
Nesta altura havia uma maioria de direita em Portugal, contudo, havia opiniões
diferentes em relações em certos temas, assim sendo, podemos dizer que havia
uma direita católica, uma direita republicana, uma direita fascista e uma direita
monárquica.
A Constituição de 1933, que entrou em vigor no dia 11 de abril tinha alguns
princípios democráticos, como a divisão de poderes (poder executivo, poder
legislativo e poder judicial) o que agradava a ala direita dos republicanos, que
via a divisão tripartida dos poderes como algo imprescindível, contudo o
governo era claramente o órgão principal e controlava indiretamente os outros
poderes (executivo e judicial). Para agradar os monárquicos, apesar de não
haver um rei, havia algo que eles consideravam semelhante, um Presidente de
República. Os monárquicos viam como algo necessário que houvesse uma figura
central, daí contentarem-se por haver um Presidente de Repúblico. Outras das
coisas que agradaram os republicanos de direita foi o facto do Estado Novo
manter alguns dos símbolos da 1ª República, como o hino (A Portuguesa) e a
moeda (o escudo) e foram ainda mandadas construir algumas estátuas para
homenagear alguns republicanos. Houve algumas instituições do Estado Novo
que agradaram bastante a direita fascista. Primeiramente, a Legião Portuguesa,
instituição que foi criada em 1936 e durou até 1974 e que favorecia a
subordinação do Exército ao Estado Novo, sendo que esta instituição foi
inspirada pelos «Camisas Negras». Outra instituição que era do agrado dos
fascistas era a Mocidade Portuguesa, esta instituição que é inspirada na
juventude fascista, foi criada em 1936 e tinha como objetivo fazer propaganda
política aos mais jovens. Finalmente, havia a PIDE ou PVDE a polícia política do
Estado Novo, tal como havia a OVRA no fascismo. Para além de instituições
havia também documentos oficiais nos quais os fascistas se reviam, como o
Estatuto do Trabalho Nacional que defendia o corporativismo, uma ideia criada
por Mussolini, por oposição ao sindicalismo. O facto de o Estado Novo abolir
todas as medidas anticlericais que vigoraram na 1ª República e publicar a
Concordata com a Igreja em 1940 (um documento que vigora até aos dias de
hoje), um documento que fez com que a as celebrações religiosas voltassem e a
Igreja parasse de ser perseguida, mas mantendo a separação entre o Esta e a
Igreja, agradaram também à direita católica portuguesa.
Apesar, de na minha opinião, haver mais características fascistas do que
qualquer uma das outras direitas, Salazar fez um ótimo trabalho conciliando as
ideias das várias direitas existentes e criando medidas que agradassem a cada
uma delas. Este equilíbrio foi fundamental para a estabilidade do regime que
reinou durante 40 anos e sem o mesmo, a estabilidade do regime podia ter sido
posta em risco.

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