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Universidade do Algarve

Licenciatura em Educação Básica


Ano letivo 2021/2022
2º ano, 1º semestre
História de Portugal

A 1º República e as suas crises


(1910-1926)

Docente: Aurízia Anica


Discentes: Ana Calado Nº71816
Alexandra Nunes Nº71896
Beatriz Silva Nº71820
Nádia Gonçalves Nº71835
Índice
Introdução..................................................................................................................................2
1. Antecedentes à Implementação da 1º República..............................................................2
2. Contexto político na 1º República.....................................................................................3
2.3 Partidos Políticos originam maior instabilidade política...............................................4
2.4 A participação militar na política...................................................................................5
3. Contexto económico...........................................................................................................6
4. Contexto sociopolítico........................................................................................................6
5. Fim da 1º República em 1926............................................................................................7
6. Conclusão............................................................................................................................7
7. Referências Bibliográficas.................................................................................................8

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Introdução
A Primeira República Portuguesa, ou República Parlamentar, foi o sistema
político novo em Portugal. Este deu-se após a queda da Monarquia Portuguesa, entre a
revolução republicana de 5 de outubro de 1910 e o golpe de 28 de maio de 1926, que
deu origem à Ditadura Militar.
A maioria das forças formadoras de opinião, econômicas, intelectuais e classe
média migraram da esquerda para a direita, trocando a utopia falsa de um
republicanismo cívico e em desenvolvimento por noções de "ordem", "segurança" e
"estabilidade". A Primeira República colapsou devido ao confronto entre as elevadas
esperanças e os feitos escassos.
Apesar do seu fracasso, o legado de Portugal no século XX considerou-se
insuperável e duradouro, evoluindo a sociedade, com base numa revolução educacional,
o princípio da separação entre Estado e Igreja e uma forte cultura simbólica cujas
materializações (a bandeira nacional, o hino nacional e a nomeação de ruas) ainda estão
presentes no quotidiano dos portugueses atualmente.

1. Antecedentes à Implementação da 1º República

 À crise económica, financeira e de contestação social somou-se a questão do


Ultimato, lançado pela Inglaterra em 1890, obrigava Portugal a renunciar ao projeto
de criação de uma faixa territorial que ligava os territórios de Angola a
Moçambique, previsto pelo mapa cor-de-rosa e a cedência de D. Carlos a essa
mesma exigência britânica;
 Sucederam-se manifestações públicas e campanhas de imprensa contra a cedência
governamental, que levaram à demissão do governo; A 31 de janeiro de 1891, dá-se
a revolta republicana que foi fracassada no Porto;
 A oposição à ditadura intensifica-se e os republicanos, através da maçonaria e da
carbonária, iniciam uma conspiração contra a política de João Franco e contra o rei;
 A família real foi alvo de um atentado a 1 de fevereiro de 1908; Com a morte do rei,
D. Carlos I, e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, sobre ao trono D. Manuel II, para
um reinado que este pretende ser de "aclamação";
 A 5 de outubro desse ano foi proclamada a República Portuguesa, devido à pressão
política e social que havia.

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2. Contexto político na 1º República
Assim que terminou a Revolução Republicana de 5 de outubro de 1910, foi
necessário elaborar uma Constituição que instituísse os fundamentos do novo regime
político. Através de um sufrágio, onde apenas houve eleições em cerca de metade dos
círculos eleitorais, foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte. E assim, não existindo
mais candidatos do que os lugares a preencher numa certa circunscrição eleitoral, os
outros eram proclamados “eleitos” sem votação. Este sufrágio tratou-se de um sufrágio
em que o número de eleitores por cada candidatura concorrente a uma determinada
eleição era proporcional ao número de eleitores que escolheram votar nessa mesma
candidatura, realizada apenas nas cidades de Lisboa e Porto. Com isto, foi afastado o
sufrágio universal, justificada pelo atraso cultural de uma população na sua maioria
analfabeta, onde apenas votaram os cidadãos alfabetizados e os chefes de família. Este
novo método assegurou uma boa proporcionalidade em relação aos votos e mandatos,
mas, por outro lado, ia favorecer os partidos maiores.

2.2 Agravamento da instabilidade política


Em janeiro de 1915, uma manifestação militar chamada de “Movimento das
Espadas” motivou o Presidente da República, Manuel de Arriaga a nomear um homem
da sua confiança para liderar o novo executivo extrapartidário e garantir a ordem
pública e preparar, imparcialmente, as eleições que se avizinhavam. Este golpe de
Estado levou à demissão do governo de Bernardino Machado, entregando-o então ao
general Pimenta de Castro. Como o Partido Democrático não partilhava a mesma
opinião, o ministério foi ocupado por militares, tendo sido abandonada a política de
guerra. Este período chamou-se Ditadura militar de Pimenta de Castro.
No dia 5 de dezembro de 1917 desencadeou-se um golpe de estado que colocou
no poder o major de artilharia Sidónio Pais. A ditadura militar, assim inaugurada,
manteve-se até ao seu assassinato, que ocorreu no ano seguinte. Para uns, Sidónio Pais,
era visto como um salvador que iria retirar o país da situação difícil em que se
encontrava. Mas para outros era um ditador que aproveitou a crise e, com promessas
populistas, tomou o poder. Durante este período do Sidonismo, o Partido Democrático
não tinha um modelo organizativo moderno, portanto enfrentava diversas atividades
punitivas dos republicanos. Ficou então demonstrada a fragilidade das instituições

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republicanas e procurou-se que a República era apenas um regime democrático na
aparência, dado que nem admitia a alternância de partidos no poder.
Após o assassinato de Sidónio Pais, em janeiro de 1919 a Junta do Norte proclamou,
no Porto, a restauração da Monarquia, anunciando a constituição de uma Junta
Governativa. Esta guerra civil foi entre Monárquicos e Republicanos e ficou conhecida
como “Monarquia do Norte” que acabou por proclamar a restauração da monarquia no
Porto e que se alastrou a várias cidades do norte de Portugal. O fim da “Monarquia do
Norte” assinalou a derrota dos setores sidonistas e o regresso das lutas entre os partidos
republicanos tradicionais. Os anos seguintes foram marcados por uma extrema
instabilidade política, com a rápida sucessão de governos, por vezes vários no espaço de
um ano, e repetidos atos eleitorais.

Foi esta instabilidade e a incapacidade dos políticos republicanos de resolver os


problemas do país que acabou por conduzir ao golpe militar de 28 de maio de 1926,
assinalando o regresso ao poder dos setores monárquicos e conservadores, uma vez que
as classes médias já aceitavam satisfatoriamente um governo autoritário, ou seja, uma
ditadura. No geral, pode dizer-se que os anos de 1911 até 1926 foram anos marcados
por um clima de enorme instabilidade política havendo uma constante queda de
governos. Houve um total de 45 governos em Portugal no espaço de 15 anos.

2.3 Partidos Políticos originam maior instabilidade política

Durante a formação constante do governo na 1º República, no Partido


Republicano Português, houve uma divisão partidária, onde se destacaram 3 partidos, o
Partido Democrático (por Afonso Costa), sendo este o que foi dominante por mais anos,
o Partido Evolucionista (por António José de Almeida) e o Partido Unionista (por Brito
Camacho), todos tendo uma consistência estatuária relevante, e mesmo com esta divisão
partidária, não resultou de verdadeiros partidos políticos capazes de disputarem a
alternância no poder de forma democrática.

Ao longo dos anos o Partido democrático foi o partido dominante mesmo com
muitas discordâncias nas alas esquerda e direita, o que agrava as rivalidades dentro do
governo, e uma fação que estava mais inclinada para a esquerda, mais tarde, deu origem
ao Partido Nacionalista, com características mais conservadoras, por Cunha Leal.
Devido à situação económica do país e no decorrer das propostas orçamentais para o
ano de 1923-24, surgiu uma grande oposição por parte dos nacionalistas no Parlamento,
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não dando sinais de um abrandamento da instabilidade política. No Partido
Democrático, a ala direita mostrava preferência por um regime autoritário, para pôr um
fim à volatilidade política, mas a ala esquerda discordava, tanto que recusaram
reconhecer a autoridade do chefe do partido.

As eleições legislativas de 1925 (e as últimas da República), deram mais uma


vez a vitória ao Partido Democrático, o partido que representava mais uma vez o
governo republicano. Nesse mesmo período contou-se com a resignação ao exercício do
cargo de presidente, Manuel Teixeira Gomes, que, por conseguinte, elegeu o Congresso.

2.4 A participação militar na política

A 1º República acaba por ter um regime de cariz violento, pois resultou de um golpe
civil-militar e não de uma votação maioritária ou de um movimento nacional unanime e
pacífico, tendo a presença militar também na exclusão dos monárquicos da Assembleia
Constituinte, contando com um todo de 42 golpes militares ao longo do período
Republicano.

Dando para analisar os períodos onde havia maior interferência militar,


correspondendo estes aos períodos de
maior instabilidade. Os golpes
militares aumentaram após a 1º
Guerra Mundial, em 1915. Em 1918,
quando ocorre a instauração da
ditadura Sidonista, e nos últimos anos
da 1º República, entre 1924/25.

Na perspetiva republicana, os
golpes militares ocorriam em consequência do predomínio dos Democráticos, que
apenas dessa maneira permitiam a alternância no poder, e para estes voltarem ao poder e
regressarem à mesa do orçamento, respondiam com um novo golpe.
Os pronunciamentos militares eram justificados com os problemas corporativos
das forças armadas existentes, no sentido de os resolver, e com o objetivo de criar um
governo extrapartidário que afastasse autoridade que o Partido Democrático tinha no
poder. E ainda no âmbito da extrema-direita dividida entre organizações monárquicas e

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republicanas, que acabou por servir de estratégia para uma unidade antissistema contra a
Ditadura do Partido Republicano Português.

3. Contexto económico

Desde o início do século XIX que era quase impossível equilibrar as contas
públicas, já que o défice aumentava constantemente, à medida que a economia
portuguesa se ia expandindo. Assim, um dos grandes objetivos do Partido Republicano
era o equilíbrio orçamental.
A Primeira Guerra trouxe despesas com a organização dos corpos
expedicionários, antes de 1916, antes de intervir na guerra ao lado dos Aliados, Portugal
teve de custear os corpos expedicionários para as colónias de África e reorganizar o
exército. Para além destas despesas, registou-se ainda a desvalorização monetária,
devido à extinção das reservas de ouro, acompanhada da inflação e do desemprego, que
no pós-guerra se registou face a uma instabilidade política que acabava por se refletir no
equilíbrio financeiro.
Quando acabou a guerra, entre 1919-1920, a economia nacional sofreu um
boom, tal como aconteceu no resto do Mundo. O comércio do vinho, da cortiça e da
sardinha expandiu-se. Aumentaram os gastos em artigos de luxo e as importações.
Devido à afluência de capitais, assistiu-se à abertura de novos bancos entre 1918-1920.
Contudo, este boom foi seguido por uma nova crise internacional, entre 1920-
1922, que também se refletiu em Portugal. Esta crise prolongou-se até 1925.
Caracterizou-se por uma grande subida da inflação e da especulação. A taxa de juro e
desconto aumentou fortemente.
O problema financeiro foi um dos mais graves problemas da 1º República
Portuguesa, que esteve por detrás de toda a agitação social e política que iria levar à
queda da República. O equilíbrio orçamental, a dívida pública e a desvalorização da
moeda constituíram a base das discussões entre monárquicos e republicanos,
conduzindo a graves crises ministeriais.

4. Contexto sociopolítico
A Lei da Separação do Estado das Igrejas foi aplicada, desprezando as
associações culturais (1911).
A eficácia do governo republicano na gestão da violência foi notavelmente
melhor: - Os ataques monárquicos foram facilmente abatidos;

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- A mobilização dos soldados para a Primeira Guerra Mundial foi
conseguida, atingindo 14% da população com idade de combater.
A Primeira Guerra Mundial origina uma nova adaptação:
- Em 1916 foi definido o Ministério do Trabalho e da Previdência Social,
a maior diligência da Primeira República em relação à classe operária;
- Em 1918, Sidónio Pais desenvolveu uma maior igualdade relativamente
às classes rurais, ao estabelecer o ministério da Agricultura e, instaurou os
ministérios das Subsistências e Transportes, tal como o dos Abastecimentos.
A população portuguesa entre 1910 e 1920 estagnou:
- Devido à emigração, por motivos políticos, sociais e económicos;
- A natalidade diminuiu.
- Fracasso do estímulo económico apesar da económica variável;
- O aumento da frequência dos golpes de Estado.
Fatores que fortaleciam o Estado:
- A nacionalização dos cidadãos;
- A ausência de bancarrota, não sendo a República penalizada por não
regressar ao padrão ouro por este estar a sair de cena;
- A conservação das colónias;
- O aumento do prestígio de Portugal no mundo.

5. Fim da 1º República em 1926


A instabilidade constante do país abriu caminho à intervenção militar em 1926,
comandada pelo general Gomes da Costa. Bernardino Machado pede a demissão,
entregando todos os poderes a Mendes Cabeçadas (da Marinha). O parlamento foi
dissolvido, as liberdades individuais foram suspensas e o poder era controlado
diretamente por militares, tendo como objetivo a eliminação das instituições
parlamentares, combater a instabilidade, a corrupção e a degradação económica, sendo
estes os fatores que caracterizavam a 1º República.

6. Conclusão
A 1ª República durou 16 anos, os quais com muita instabilidade, tanto política,
ao sucederem-se 45 governos, como económica e social, acabando por não solucionar o
pretendido com a instauração. Não desfazendo do facto que foi através da persistência
do povo e do Partido Republicano que o País deixou de estar numa Monarquia.

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7. Referências Bibliográficas

Almeida, M. A. (1997). A primeira república portuguesa e o estado


providência. Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade Técnica de Lisboa.
Baiôa, M. (2012). Elites e Organizações Políticas na I República Portuguesa: O
caso do Partido Republicano Nacionalista (1923-1935). Universidade de Évora.
Fraga, L. (1198). O governo provisório da república e a cultura em Portugal.
Mendonça, L. (2018). História de Portugal: perguntas e respostas. Guerra e
Paz, Editores, Lisboa.
Maltoso, J. et al. (2000). História de Portugal. Editora da Universidade do
Sagrado Coração, SP, Brasil.
Matos, L. (2012). A primeira república portuguesa entre a instituição estado e a
ordem povo, (33), 611-634.
Matos, S. (2018). Historiografia, historiadores e memória nacional na 1ª
República portuguesa. Análise Social, 228(3), 572-597.
Rollo, M & Rosas, F. (2009). História da Primeira República Portuguesa. Tinta
da China, Lisboa.
Vaz, M. M. (2012). Reformas Sociais da 1ª República. Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa.

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