Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Introdução
A Primeira República Portuguesa, ou República Parlamentar, foi o sistema
político novo em Portugal. Este deu-se após a queda da Monarquia Portuguesa, entre a
revolução republicana de 5 de outubro de 1910 e o golpe de 28 de maio de 1926, que
deu origem à Ditadura Militar.
A maioria das forças formadoras de opinião, econômicas, intelectuais e classe
média migraram da esquerda para a direita, trocando a utopia falsa de um
republicanismo cívico e em desenvolvimento por noções de "ordem", "segurança" e
"estabilidade". A Primeira República colapsou devido ao confronto entre as elevadas
esperanças e os feitos escassos.
Apesar do seu fracasso, o legado de Portugal no século XX considerou-se
insuperável e duradouro, evoluindo a sociedade, com base numa revolução educacional,
o princípio da separação entre Estado e Igreja e uma forte cultura simbólica cujas
materializações (a bandeira nacional, o hino nacional e a nomeação de ruas) ainda estão
presentes no quotidiano dos portugueses atualmente.
2
2. Contexto político na 1º República
Assim que terminou a Revolução Republicana de 5 de outubro de 1910, foi
necessário elaborar uma Constituição que instituísse os fundamentos do novo regime
político. Através de um sufrágio, onde apenas houve eleições em cerca de metade dos
círculos eleitorais, foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte. E assim, não existindo
mais candidatos do que os lugares a preencher numa certa circunscrição eleitoral, os
outros eram proclamados “eleitos” sem votação. Este sufrágio tratou-se de um sufrágio
em que o número de eleitores por cada candidatura concorrente a uma determinada
eleição era proporcional ao número de eleitores que escolheram votar nessa mesma
candidatura, realizada apenas nas cidades de Lisboa e Porto. Com isto, foi afastado o
sufrágio universal, justificada pelo atraso cultural de uma população na sua maioria
analfabeta, onde apenas votaram os cidadãos alfabetizados e os chefes de família. Este
novo método assegurou uma boa proporcionalidade em relação aos votos e mandatos,
mas, por outro lado, ia favorecer os partidos maiores.
3
republicanas e procurou-se que a República era apenas um regime democrático na
aparência, dado que nem admitia a alternância de partidos no poder.
Após o assassinato de Sidónio Pais, em janeiro de 1919 a Junta do Norte proclamou,
no Porto, a restauração da Monarquia, anunciando a constituição de uma Junta
Governativa. Esta guerra civil foi entre Monárquicos e Republicanos e ficou conhecida
como “Monarquia do Norte” que acabou por proclamar a restauração da monarquia no
Porto e que se alastrou a várias cidades do norte de Portugal. O fim da “Monarquia do
Norte” assinalou a derrota dos setores sidonistas e o regresso das lutas entre os partidos
republicanos tradicionais. Os anos seguintes foram marcados por uma extrema
instabilidade política, com a rápida sucessão de governos, por vezes vários no espaço de
um ano, e repetidos atos eleitorais.
Ao longo dos anos o Partido democrático foi o partido dominante mesmo com
muitas discordâncias nas alas esquerda e direita, o que agrava as rivalidades dentro do
governo, e uma fação que estava mais inclinada para a esquerda, mais tarde, deu origem
ao Partido Nacionalista, com características mais conservadoras, por Cunha Leal.
Devido à situação económica do país e no decorrer das propostas orçamentais para o
ano de 1923-24, surgiu uma grande oposição por parte dos nacionalistas no Parlamento,
4
não dando sinais de um abrandamento da instabilidade política. No Partido
Democrático, a ala direita mostrava preferência por um regime autoritário, para pôr um
fim à volatilidade política, mas a ala esquerda discordava, tanto que recusaram
reconhecer a autoridade do chefe do partido.
A 1º República acaba por ter um regime de cariz violento, pois resultou de um golpe
civil-militar e não de uma votação maioritária ou de um movimento nacional unanime e
pacífico, tendo a presença militar também na exclusão dos monárquicos da Assembleia
Constituinte, contando com um todo de 42 golpes militares ao longo do período
Republicano.
Na perspetiva republicana, os
golpes militares ocorriam em consequência do predomínio dos Democráticos, que
apenas dessa maneira permitiam a alternância no poder, e para estes voltarem ao poder e
regressarem à mesa do orçamento, respondiam com um novo golpe.
Os pronunciamentos militares eram justificados com os problemas corporativos
das forças armadas existentes, no sentido de os resolver, e com o objetivo de criar um
governo extrapartidário que afastasse autoridade que o Partido Democrático tinha no
poder. E ainda no âmbito da extrema-direita dividida entre organizações monárquicas e
5
republicanas, que acabou por servir de estratégia para uma unidade antissistema contra a
Ditadura do Partido Republicano Português.
3. Contexto económico
Desde o início do século XIX que era quase impossível equilibrar as contas
públicas, já que o défice aumentava constantemente, à medida que a economia
portuguesa se ia expandindo. Assim, um dos grandes objetivos do Partido Republicano
era o equilíbrio orçamental.
A Primeira Guerra trouxe despesas com a organização dos corpos
expedicionários, antes de 1916, antes de intervir na guerra ao lado dos Aliados, Portugal
teve de custear os corpos expedicionários para as colónias de África e reorganizar o
exército. Para além destas despesas, registou-se ainda a desvalorização monetária,
devido à extinção das reservas de ouro, acompanhada da inflação e do desemprego, que
no pós-guerra se registou face a uma instabilidade política que acabava por se refletir no
equilíbrio financeiro.
Quando acabou a guerra, entre 1919-1920, a economia nacional sofreu um
boom, tal como aconteceu no resto do Mundo. O comércio do vinho, da cortiça e da
sardinha expandiu-se. Aumentaram os gastos em artigos de luxo e as importações.
Devido à afluência de capitais, assistiu-se à abertura de novos bancos entre 1918-1920.
Contudo, este boom foi seguido por uma nova crise internacional, entre 1920-
1922, que também se refletiu em Portugal. Esta crise prolongou-se até 1925.
Caracterizou-se por uma grande subida da inflação e da especulação. A taxa de juro e
desconto aumentou fortemente.
O problema financeiro foi um dos mais graves problemas da 1º República
Portuguesa, que esteve por detrás de toda a agitação social e política que iria levar à
queda da República. O equilíbrio orçamental, a dívida pública e a desvalorização da
moeda constituíram a base das discussões entre monárquicos e republicanos,
conduzindo a graves crises ministeriais.
4. Contexto sociopolítico
A Lei da Separação do Estado das Igrejas foi aplicada, desprezando as
associações culturais (1911).
A eficácia do governo republicano na gestão da violência foi notavelmente
melhor: - Os ataques monárquicos foram facilmente abatidos;
6
- A mobilização dos soldados para a Primeira Guerra Mundial foi
conseguida, atingindo 14% da população com idade de combater.
A Primeira Guerra Mundial origina uma nova adaptação:
- Em 1916 foi definido o Ministério do Trabalho e da Previdência Social,
a maior diligência da Primeira República em relação à classe operária;
- Em 1918, Sidónio Pais desenvolveu uma maior igualdade relativamente
às classes rurais, ao estabelecer o ministério da Agricultura e, instaurou os
ministérios das Subsistências e Transportes, tal como o dos Abastecimentos.
A população portuguesa entre 1910 e 1920 estagnou:
- Devido à emigração, por motivos políticos, sociais e económicos;
- A natalidade diminuiu.
- Fracasso do estímulo económico apesar da económica variável;
- O aumento da frequência dos golpes de Estado.
Fatores que fortaleciam o Estado:
- A nacionalização dos cidadãos;
- A ausência de bancarrota, não sendo a República penalizada por não
regressar ao padrão ouro por este estar a sair de cena;
- A conservação das colónias;
- O aumento do prestígio de Portugal no mundo.
6. Conclusão
A 1ª República durou 16 anos, os quais com muita instabilidade, tanto política,
ao sucederem-se 45 governos, como económica e social, acabando por não solucionar o
pretendido com a instauração. Não desfazendo do facto que foi através da persistência
do povo e do Partido Republicano que o País deixou de estar numa Monarquia.
7
7. Referências Bibliográficas