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História

O Primeiro Reinado e o Período Regencial (1822-1840)

Objetivo
Você aprenderá sobre a formação das bases do império brasileiro e sobre o período das regências.

Se liga
Para mandar bem nesse conteúdo é de legal você tenha visto a matéria sobre O Período Joanino (1808-1821)
e sobre o processo de independência do Brasil.

Curiosidade
Em 1837, o ministro do império Bernardo Pereira de Vasconcelos apresentou ao regente Araújo Lima o projeto
de reformulação do seminário São Joaquim com a criação do Colégio de Pedro II, que seria um colégio
secundário sediado no Rio de Janeiro. A intenção era a de realizar uma reformulação na educação brasileira
e assim criar um sentimento de nação, difundindo os valores e ideais do império.

Teoria

O Primeiro Reinado (1822-1831) e a Constituição de 1824


Após consolidar a independência do país e ter sido declarado o Imperador
Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, D.Pedro I deu inicio aos
trabalhos como o regente do país.

Em 3 de maio de 1823, a Assembleia Constituinte convocada por D. Pedro I


iniciou seus trabalhos, com políticos eleitos de forma indireta e com
representantes das tendências liberais (o monarca com um poder simbólico),
dos “Bonifácios” (o monarca com poder, mas controlado) e, em menor
número, os portugueses absolutistas, reconhecidos como o “partido
português”. Assim, apesar dos debates e da influência de D. Pedro I tentar
encaminhar a Constituinte para um perfil mais centralizador, o anteprojeto elaborado em 1823, por Andrada
Machado e Silva, possuía um perfil muito mais liberal e antiabsolutista, limitando os poderes reais.

O anteprojeto passou a ser chamado de Constituição da Mandioca, pois o voto era censitário e condicionado
à renda mínima de 150 alqueires de mandioca. Essa resolução excludente, além de marginalizar a população,
permitindo apenas a elite rural de participar da política, também apresentava um caráter anticolonialista, pois
afastava os portugueses, que se dedicavam majoritariamente ao comércio. Apesar de seu perfil conservador
quanto ao voto, em outros pontos, a Constituição de 1823 se apresentou muito mais liberal, pois, além de ser
inspirada na Revolução Francesa e nos princípios do iluminismo, ela reduzia o poder do monarca e ampliava
o do legislativo, condenando o absolutismo.

Assim, descontente com o anteprojeto constitucional elaborado (por reduzir seus


poderes), o recém-coroado Imperador dissolveu a Assembleia Constituinte, prendendo e
perseguindo aqueles que ainda tentassem resistir na noite do dia 12 de novembro, que
ficou conhecida como a Noite da Agonia. Agora, com maior poder sobre o processo
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constitucional, D. Pedro I convocou dez conselheiros próximos para a confecção da Constituição de 1824,
que foi outorgada, ou seja, imposta, em 25 de março.

A primeira Constituição da história do Brasil era autoritária e excludente. Além dos três poderes (legislativo,
judiciário e executivo), D. Pedro I criou um quarto poder, o Moderador, que permitia ao Imperador intervir em
todos os outros poderes e em qualquer esfera, dissolvendo a câmara ou anulando decisões do legislativo.

Assim como o anteprojeto anterior, a de 1824 também insistiu no voto censitário, no entanto, agora: somente
homens, maiores de vinte e cinco anos, alfabetizados, livres e que pudessem comprovar renda anual acima
de 100 mil réis poderiam votar. Para ser candidato a senador ou deputado também era necessária a
comprovação de renda (400.000 réis por ano para deputado federal e 800.000 réis para senador). Os cargos
de deputados eram temporários e os de Senador e Conselheiros de Estado eram vitalícios. A constituição,
além disso, instituía o Catolicismo como religião oficial (tolerava os outros cultos desde que domésticos ou
em templos descaracterizados) e o padroado dava direito de o imperador nomear cargos eclesiásticos.

O novo Estado brasileiro que se construía pós-independência, apesar de tentar se afastar das heranças
portuguesas e coloniais, não rompia com a estrutura básica desse passado. Portanto, manteve-se a
escravidão africana, a monarquia, as desigualdades sociais, o poder das mesmas aristocracias e,
naturalmente, a concentração fundiária. Enfim, a independência do Brasil e a formação do Estado Nacional
foi um processo composto muito mais pelas continuidades do que por rupturas reais com a antiga estrutura.

Guerras e revoltas no Primeiro Reinado


Em 1824, eclodiu a Confederação do Equador, que se expandiu pelas províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará, profundamente insatisfeitas com as políticas centralizadoras do imperador, com a
nomeação de Francisco Paes Barreto como presidente da província de Pernambuco (que já havia elegido seu
presidente) e com a Constituição de 1824.

O movimento sofreu influência dos pensamentos iluministas que chegavam da Europa e das próprias
revoluções liberais de 1820 que ocorriam no velho continente, logo, os revoltosos brasileiros defendiam a
emancipação das províncias do nordeste, a criação de uma Constituição liberal, a abolição da escravidão (por
uma parcela do movimento) e a criação de uma república.

Desta forma, a revolta liderada por Frei Caneca e por Manoel de Carvalho Paes de Andrade, foi composta pela
classe média urbana e pelos fazendeiros locais, mas com o desenrolar dos eventos ganhou apoio popular.
No entanto, apesar da força e da rápida expansão, logo foi contida por D. Pedro I, sendo seus apoiadores
punidos com morte, sobretudo Frei Caneca, o mártir da revolta.

Além dos problemas no Nordeste com a Confederação do Equador, D. Pedro I também foi pressionado na
região sul do país, com a Guerra da Cisplatina. Entre 1825 e 1828, Brasil e Argentina lutaram pela posse de
uma região que gerava conflitos desde o período colonial, entre Espanha e Portugal, que era a chamada
Província de Cisplatina.

Apesar da região ter sido inicialmente fundada por colonos portugueses em 1680, como Colônia do
Sacramento e conquistada por D. João VI, em 1816, o território, no entanto, era de posse da Espanha desde
1777, logo, os habitantes locais se identificavam muito mais com a cultura espanhola do que com as
identidades luso-brasileiras que se construíam no Brasil.

Assim, liderados por João Antônio Lavalleja e com apoio da Argentina, um movimento de independência da
Cisplatina se iniciou contra o império brasileiro, atraindo as tropas de D. Pedro I para a região e iniciando uma
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guerra extremamente danosa para o Brasil. Os conflitos cessaram apenas em 1828, com a assinatura de um
tratado de paz entre Brasil e Argentina, mediado pela Inglaterra e que garantia a criação e a autonomia da
República Oriental do Uruguai.

Por fim, o imperador brasileiro assistiu sua primeira derrota militar como chefe de Estado e ampliou ainda
mais o desgaste de sua imagem com a população brasileira que, além de criticar seu perfil autoritário e as
altas taxas cobradas pela guerra, agora questionava, inclusive, sua liderança.

A crise e a abdicação de D. Pedro I


Tendo em vista o cenário de revolta e guerra destacado, somado ainda a crescente crise econômica, com o
declínio da economia açucareira e a falência do Banco do Brasil (1829), a imagem de D. Pedro I se desgastava
rapidamente logo nos primeiros anos de império. Se não bastassem os problemas políticos e econômicos, o
Imperador ainda precisava lidar com suas questões familiares e pessoais, com a oposição na imprensa e com
as constantes críticas pelo seu autoritarismo.

Assim, um dos momentos de maior instabilidade deste período teve início com a morte de D. João VI, em
1826, em Portugal, que abriu uma crise sucessória no país, visto que D. Pedro I, que se considerava o herdeiro
direto, mas, decidindo permanecer no Brasil, deixou o trono para sua filha, D. Maria da Glória. A posse da
jovem princesa gerou um crescente conflito em Portugal, conhecido como a Crise de Sucessão ao Trono,
pois o irmão de D. Pedro I, D. Miguel, reivindicava seu direito como sucessor e, a partir de 1828, passou a
contar com o apoio das Cortes portuguesas.

Essa crise gerou uma guerra civil em Portugal que afetou diretamente os cofres brasileiros, com gastos para
a mobilização de tropas, armas e viagens. Apesar da guerra instalada ter fim apenas em 1834, com a
mediação de França e Inglaterra, que apoiaram D. Maria da Glória como rainha, a imagem de D. Pedro I, no
Brasil, voltou a se desgastar pela crise gerada.

Para tornar as coisas ainda mais delicadas, nesta mesma época, os conflitos entre D. Pedro I e a imprensa
não cessavam, e, em novembro de 1830, ganharam um capítulo à parte quando o jornalista Libero Badaró, um
dos maiores críticos do monarca e grande defensor da liberdade, foi assassinado, gerando desconfianças em
relação a D. Pedro I.

A morte de Badaró e a recente aproximação do imperador ao chamado “Partido Português” tornou o clima de
uma viagem de D. Pedro I à província de Minas Gerais ainda mais tenso, sendo recebido com frieza. No retorno
da viagem, o imperador foi recebido por seus partidários portugueses com uma festa no Palácio, no entanto,
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os brasileiros insatisfeitos, iniciaram protestos violentos e chegaram a arremessar garrafas contra D. Pedro
I, no evento que ficou conhecido como a “Noite da Garrafadas”, o estopim da crise política do império.

Enfim, antes de abdicar, D. Pedro I ainda tentaria realizar manobras para fortalecer seu poder, formando um
ministério liberal, mas que logo foi dissolvido para dar lugar a nomes de tendências absolutistas. As manobras
não foram bem aceitas, a população foi para as ruas, militares passaram a pressionar o imperador e, no dia 7
de abril de 1831, D. Pedro I abdicou do trono brasileiro, partindo para a Europa e deixando o império brasileiro
para seu filho, Pedro de Alcântara, com apenas 5 anos.

O Período Regencial
O período regencial se iniciou com a abdicação de D. Pedro I (que deixou seu filho Pedro de Alcântara no
trono, mas sem idade para governar), em 1831, e durou até o golpe da maioridade, em 1840. Com a
menoridade do imperador, os regentes que passaram a governar o Brasil enfrentaram o desafio de continuar
a construção do Estado recém independente, de manter o território e de conter as ameaças de revoltas
liberais, influenciadas, muitas vezes, pelas próprias revoluções burguesas do século XIX na Europa. Assim, o
período regencial ficou marcado por esses desafios e pelas possibilidades políticas de superar tais
obstáculos, logo, alguns grupos assumiram a administração no período e realizaram uma alternância no poder
entre indivíduos e correntes políticas atuantes da época. Essas mudanças destacaram, assim, as seguintes
fases:
1. Regência Trina Provisória (1831) - Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de
Campos e Francisco de Lima e Silva foram eleitos para escolherem os regentes permanentes;
2. Regência Trina Permanente (1831-1835) - Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa
Carvalho;
3. Regência Una de Feijó (1835-1837) – Padre Diogo Antônio Feijó;
4. Regência Una de Araújo Lima (1837-1840) – Araújo Lima.

Visto isso, neste período, com a ausência da figura forte de um Imperador e com a influência das tendências
políticas na formação do Estado, as correntes políticas passaram a se consolidar. Assim, percebemos a
atuação de três grupos principais:
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• Liberais exaltados (jurujubas): Grupo formado por comerciantes e pequenos proprietários rurais que
defendiam reformas políticas, o fim do poder moderador e um federalismo radical, ou seja, de conceder
mais autonomia às províncias. Um representante influente dos exaltados era Cipriano Barata.
• Liberais moderados (chimangos): Grupo formado principalmente por grandes latifundiários que
defendiam uma maior participação da elite na política. Eram monarquistas, mas não defendiam o regime
absolutista, pois acreditavam que o poder legislativo deveria ter um peso maior.
• Restauradores (Caramuru): Grupo formado por comerciantes portugueses, burocratas e militares que
defendiam o retorno de D. Pedro I para o trono brasileiro. Esse grupo enfraqueceu após a morte de D.
Pedro I em 1834 e muitos de seus membros se tornaram Liberais Moderados. Um representante influente
foi José Bonifácio.

Regência Trina
O período conhecido como a Regência Trina foi dividido em duas fases, uma primeira, que se reuniu apenas
para eleger os representantes da segunda, que seria a Regência Trina Permanente. Desta forma, em 1831,
três representantes políticos, sendo um militar, um liberal e um conservador, reuníram-se e definiram os
nomes de Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa Carvalho como os regentes.

Assim, ainda em 1831 começou a Regência Trina Permanente, que ficou no poder até 1835. Durante essa
fase, algumas mudanças políticas ocorreram, inclusive possibilitando maior autonomia para os estados,
como a criação da(o):

• Guarda Nacional (1831) - possibilitou aos cidadãos formarem um corpo armado para conter os excessos
governamentais e as rebeliões que pudessem acontecer.
• Código de Processo Criminal (1832) - ampliou os poderes dos juízes de paz. Outra importante medida
foi a criação da.
• Ato Adicional (1834) - pode ser considerado uma vitória dos liberais exaltados, uma vez que promoveu
uma série de emendas na Constituição de 1824 e garantiu maior autonomia para as províncias
brasileiras. Alguns historiadores afirmam que o Ato Adicional de 1834 iniciou uma breve experiência
republicana no Brasil monárquico. O período também é comumente chamado de “Avanço Liberal”, devido
a maior autonomia adquirida pelas províncias.

As revoltas regenciais
A abertura política e a autonomia concedida às províncias durante o Período Regencial marcaram também a
eclosão de diversas revoltas que colocaram em risco a unidade territorial brasileira. Tivemos cinco revoltas
principais: Cabanagem, Farroupilha, Malês, Balaiada e Sabinada. Confira abaixo um pouquinho sobre cada
uma dessas revoltas.

Cabanagem
As tensões entre o governo e os moradores do Pará, tanto da elite econômica quanto dos mais populares,
estendiam-se desde a década de 1820. Enquanto a elite desejava maior participação no Governo central, que
era dominado por políticos do Sudeste e do Nordeste, as camadas populares se rebelavam pelas péssimas
condições de vida e contra a própria escravidão.
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Assim, os problemas se tornaram ainda maiores a partir de 1832, com novos conflitos e até mesmo rebeliões
militares exigindo maior autonomia da província. Neste cenário conturbado, portanto, Bernardo Lobo de Sousa
foi indicado como o novo presidente da província do Pará e, visando acalmar as tensões, adotou um regime
autoritário. Desta forma, Bernardo perseguiu opositores, decretou prisões arbitrárias e chegou a assassinar
lideranças populares, como Manuel Vinagre, além de prender Clemente Melcher.

Desta forma, em 1835, os irmãos Francisco Pedro e Antônio Vinagre e o seringueiro Eduardo Angelim,
lideraram um grupo de rebeldes formado por indivíduos pobres que viviam em cabanas a beira dos rios
(cabanos) e tomaram a cidade de Belém, assassinando Bernardo Lobo de Sousa. A revolta teve um caráter
liberal e formou um novo governo que defendia a autonomia da província e, por parte de líderes populares,
como Angelim, a criação de reformas sociais.

No entanto, durante os 10 meses de governo, os sucessivos desentendimentos entre as lideranças e o


afastamento da elite, logo desarticularam o movimento. Eduardo Angelim ainda tomou Belém mais uma vez
e decretou um governo republicano independente, no entanto, a insistência dos regentes possibilitou a
captura de Angelim e, em 1840, a definitiva derrota dos cabanos, encerrando o processo com cerca de 30 mil
mortos.

Farroupilha
A região do Sul do Brasil, desde o período colonial, apresentava grande força na pecuária e, por isso, conseguiu
constituir uma elite econômica local, formada principalmente pelos estancieiros (grandes proprietários de
terra). Apesar da riqueza desses homens, a pecuária no Brasil não era uma atividade altamente lucrativa,
como o açúcar, ou voltada para a exportação. Essa criação do gado era destinada ao mercado interno,
sobretudo para a região do ouro, e tinha como principais produtos o charque (que era utilizado principalmente
para alimentar escravizados) e o couro.

Assim, apesar da importância dessa pecuária sulista, a produção do charque argentino e uruguaio passou a
penetrar no mercado brasileiro, tornando-se um indesejado competidor para a elite sulista. Para piorar, o
governo brasileiro ainda havia estabelecido uma alta carga tributária sobre o gado no sul e baixos impostos
para o charque argentino e uruguaio, gerando assim uma valorização muito maior do concorrente estrangeiro.
Tudo isso ainda em um contexto de pragas de carrapatos que devastavam o gado brasileiro sem qualquer
auxílio do governo.

Portanto, essa situação criou uma enorme insatisfação nas elites do Sul, que já questionavam há décadas a
centralização monárquica, os constantes recrutamentos para guerras, a falta de benefícios e a pouca
autonomia política das províncias. O estopim foi quando, em 1834, o governo nomeou o conservador Antônio
Rodrigues Fernandes Braga como presidente da província do Rio Grande do Sul, que tratou de aumentar os
impostos e de organizar tropas.

Logo, os estancieiros do Sul, que eram muito influenciados pelas ideias liberais e republicanas que vinham da
Argentina e do Uruguai, rebelaram-se em 1835 contra o governo regencial. Sob as lideranças de Bento
Gonçalves, Davi Canabarro, Bento Manuel Ribeiro e com apoio de Giuseppe Garibaldi, os revoltosos reuniram
tropas formadas por diversas pessoas, inclusive escravizados (sob promessas de alforria), e tomaram Porto
Alegre.

Vale destacar que o caráter separatista do movimento ainda é muito debatido, pois a de independência nunca
foi uma unanimidade, visto que os estancieiros poderiam com isso perder o mercado brasileiro. No entanto,
co o tempo, as tendências emancipacionistas cresceram entre os líderes da farroupilha e, em 1836, decretou-
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se a criação da República Rio Grandense, presidida por Bento Gonçalves. Em 1839, os revoltosos difundiram
seus ideais e suas lutas e também fundaram em Santa Catarina a República Juliana.

Pelo lado do império, a reação para evitar a perda do território foi tanto através dos conflitos armados quanto
da diplomacia. Assim, indicando Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, o império tratou de se mobilizar
para reconquistar o território sem perder o apoio dos estancieiros.

Desta forma, Caxias, que havia esmagado a balaiada, conseguiu realizar grandes
acordos com as lideranças da farroupilha e, em 1845, firmou a Paz do Poncho
Verde. O tratado garantiu a integração dos oficiais revoltosos ao exército, a anistia
aos farrapos, aumento nos impostos do charque argentino, liberdade para
escolherem o próprio presidente e alforria para os escravizados que haviam
lutado.

Vale destacar que, apesar da promessa de alforria, muitos negros morreram nos conflitos da farroupilha,
inclusive os chamados “lanceiros negros” de Canabarro, que foram esmagados por um suposto ataque
surpresa. Suposto, pois, para alguns historiadores, há evidências de que os lanceiros foram enviados para o
combate para serem mortos e, assim, os estancieiros resolverem com o império o impasse da alforria.

Revolta dos Malês


No início do século XIX, uma das cidades com o maior número de negros escravizados no mundo era Salvador,
que tinha 40% da sua população formada por africanos e seus descendentes. Por ser uma cidade portuária,
a circulação de ideias e notícias era muito alta e, frequentemente, pelos navios que chegavam
desembarcavam notícias, dentre elas, a da famosa Revolução do Haiti.

Assim, o espírito do haitianismo estava sempre rondando cidades como Salvador e Rio de Janeiro, justamente
pela grande população de escravizados e pelas constantes rebeliões negras. Desta forma, foi em 1835 que
ocorreu na capital baiana uma das maiores revoltas de escravizados do Brasil, a chamada Revolta dos Malês.

A palavra malês vem de imalê, que em iorubá significa muçulmano. Portanto, o termo era usado para se referir
a grande quantidade de africanos praticantes do islamismo na região. Neste ponto, é importante lembrar que
a própria palavra islã, que significa submissão, demonstra uma importante característica da religião que é a
submissão apenas ao Criador. Logo, a escravidão para os muçulmanos era algo que também os afetava
espiritualmente.

Sendo assim, a Revolta do Malês foi organizada por escravizados de origem muçulmana em 1835 e marcada
para ocorrer no dia 25 (final do Ramadã), com o levante de escravizados e negros e mestiços livres. No
entanto, no dia anterior as autoridades foram avisadas dos planos e logo se mobilizaram para acabar com o
levante, o que gerou sua antecipação para a madrugada do dia 25. Assim, vários conflitos se espalharam pela
cidade, mas terminaram com a derrota dos malês.

Indicação é bom e todo mundo gosta: para quem quer entender um pouco mais dessa relação entre os
africanos mulçumanos que vinham para a América e a escravidão, o livro “Um defeito de cor” (Ana Maria
Gonçalves) fala sobre a Revolução dos Malês sob o ponto de vista de uma personagem inspirada em Luísa
Mahin, que teria sido mãe de Luís Gama.
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Sabinada
A sabinada foi uma rebelião que ocorreu em Salvador, em 1837, e que foi liderada pelo médico e jornalista
Fernando Sabino. A Bahia entre os séculos XVIII e XIX havia sido palco de diversos levantes e, principalmente
em Salvador, havia grande circulação de ideias liberais e de debates políticos. Desta forma, em uma sociedade
pobre, com grande parte da população formada por escravizados e que se deparava cada vez mais com a
falta de autonomia, o aumento de impostos, convocações militares e com a pobreza, os levantes não foram
difíceis.

Ainda estremecida pela Revolta dos Malês, em 1835, Salvador presenciou, em 1837, mais um levante. Desta
vez, no entanto, a rebelião foi protagonizada principalmente por trabalhadores livres e liberais, como Sabino,
e por latifundiários descontentes, como João Carneiro da Silva Rego.

No dia 7 de novembro os sabinos tomaram o poder em Salvador, expulsaram as autoridades e criaram uma
república emancipada na Bahia. Essa experiência, no entanto, contava com um prazo, pois dos sabinos
defendiam que a independência se manteria apenas até a coroação de D. Pedro II. O novo governo, entretanto,
durou menos que isso, pois em 1838 as forças da Guarda Nacional derrotaram os revoltosos, que ficaram
isolados sem apoio popular e sem apoio dos latifundiários baianos.

Balaiada
A Balaiada (1838 -1841) foi uma revolta de cunho popular, no Maranhão, e que tinha o intuito de reivindicar
melhores condições de vida devido à intensa pobreza na qual a população vivia e se posicionar contra a forte
autoridade da elite local. Como pano de fundo do contexto revolucionário, temos um confronto entre dois
grupos rivais do Maranhão, os cabanos (conservadores) e os bem-te-vis (liberais), que brigavam pelo controle
político da região. No entanto, as classes populares se atrelaram a esse conflito reivindicando melhores
condições de vida. Portanto, não foi um movimento totalmente unificado, pois congregava classes populares
e médias.

A instituição da “Lei do Prefeito” – que permitia ao governador da província nomear os prefeitos – foi feita em
um clima de tensão entre as elites e a população, levando a eclosão do levante popular. O movimento se
expandiu por várias frentes e chegou a dominar algumas vilas, entretanto, a revolta perde força quando o líder
Manoel dos Anjos morre e o comandante Duque de Caxias assume o comando das tropas militares do
império. Ao assumir o poder, habilmente, D. Pedro II resolve conceder a anistia para os revoltosos que se
rendessem fazendo com que boa parte dos balaios se entregasse, facilitando assim, a derrota daqueles que
restaram.

A construção da nação
A descentralização do poder formou um cenário ideal para que diversas rebeliões e revoltas separatistas se
espalhassem no Brasil durante a regência. Eventos como a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada, a Farroupilha
e a Revolta do Malês colocaram em dúvida a soberania do Estado, a integridade nacional e a hegemonia das
elites. Assim, na visão do Estado, era necessária a construção de um sentimento nacional que unisse as
províncias, visto que a Guarda Nacional poderia não oprimir os desejos separatistas. Um dos primeiros passos
para a construção desse sentimento, portanto, foi a criação, em 1838, do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro.

O chamado IHGB teria o objetivo de reunir intelectuais que pudessem coletar documentos e informações
sobre o Brasil e, assim, publicar textos sobre a história e a geografia do recente país. Essa empreitada, como
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visto, visava enfim “dar um rosto” ao Estado brasileiro e gerar um sentimento de nação, através da construção
de um passado único para todos os brasileiros.

Nesta perspectiva de construção da nação, a regência de Araújo Lima ainda foi responsável
pela ampliação do ensino público, com a criação do Colégio Pedro II e pela fundação do
Arquivo Público do Império. Este, enfim, teria a responsabilidade de guardar e organizar
toda a documentação pública do Império, que passou a servir, desta forma, como um rico
espaço para fontes históricas.

As tentativas de construir uma identidade através de instituições públicas e da construção de um “passado


brasileiro” receberam também o apoio da antiga elite agrária. Se anteriormente estes grupos defendiam uma
descentralização do poder, com maior autonomia das províncias, as revoltas regenciais revelaram a
necessidade do apoio do Estado para manter seus poderes regionais. Assim, muitos destes líderes locais,
passaram a apoiar cada vez mais a centralização do poder para evitar novos levantes.

A Regência Una
As revoltas listadas anteriormente foram apenas algumas dentre tantas que ocorreram nesse período
regencial e chegaram a adentrar no governo de Pedro II. Nesse período, a mudança na regência continuou,
com o fim da Regência Trina, em 1835, e o início da Regência Una após a aprovação do Ato Adicional de 1834.

O Padre Diogo Antônio Feijó, que havia sido um dos criadores do Partido Liberal, foi eleito pela Assembleia
Geral Regente do Império para substituir o antigo triunvirato e se tornar o regente do Brasil. Feijó trouxe para
seu governo uma postura mais descentralizadora, no entanto, protagonizou um mandato caótico, com muitas
disputas políticas, frequentes trocas de ministros, instabilidade no poder e revoltas espalhadas pelo Brasil.
Com toda essa situação, Feijó permaneceu na função até 1837, quando renunciou ao cargo.

Antes de renunciar, Feijó apontou o nordestino Pedro de Araújo Lima, um antigo rival, como seu substituto. O
político acabou sendo aprovado posteriormente em eleições e visto por muitos como uma solução para os
atuais problemas, pois seria uma liderança mais conservadora e centralizadora, que devia recuperar a
estabilidade política e combater as revoltas. De fato, foi justamente com Araújo Lima que ocorreu o chamado
“regresso”, que caracterizou o crescimento da ala dos conservadores na política brasileira. Com isso,
algumas medidas em vigor, como a descentralização do poder, foram anuladas.

A chegada dos conservadores ao poder fez com que os liberais criassem um discurso que defendia a
antecipação da maioridade de D. Pedro II, para que ele pudesse assumir mesmo com menos de 18 anos de
idade. Esse discurso foi aceito pela elite econômica e política do país, que promoveu o conhecido Golpe da
Maioridade. Assim, em 1840, a maioridade de D. Pedro foi antecipada e ele foi coroado com apenas 14 anos.
Esse fato marcou o início do Segundo Reinado.
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Exercícios de fixação

1. Por qual motivo D. Pedro II não assumiu o trono após a renúncia de seu pai?
a) Porque sofreu um golpe de Estado.
b) Porque voltou para Portugal com seu pai.
c) Porque tinha apenas 5 anos.

2. O Projeto Constitucional de 1823 ficou conhecido como:


a) Constituição da Cenoura.
b) Constituição da Mandioca.
c) Constituição da Beterraba.
d) Constituição da Acerola.

3. Qual dos grupos políticos a seguir atuou durante o Período Regencial?


a) Partido Republicano.
b) Liberais Exaltados.
c) Partido Comunista.

4. Quarto poder criado com a Constituição de 1824:


a) Poder Executivo.
b) Poder legislativo.
c) Poder Judiciário.
d) Poder Moderador.

5. Um dos motivos da crise do Primeiro Reinado foi:


a) A abolição da escravidão.
b) A derrota na Guerra do Paraguai.
c) Os gastos com guerras.
d) As divergências com a Igreja Católica.
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Exercícios de vestibulares

1. (Ufam, 2018) Em 18 de agosto de 1831, a Regência Trina Permanente sancionou a lei proposta pelo
Ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó, que criava um novo tipo de instituição armada no
Império do Brasil. Essa nova instituição armada deveria atuar exclusivamente em âmbito municipal,
sem ser força policial nem força de guerra. A mesma tinha sua hierarquia com patentes militares, sendo
a principal delas a de Tenente-Coronel, posto ocupado, geralmente, por grandes proprietários. Na
verdade, sua principal finalidade era a repressão em ocasiões de levantes populares, que poderiam se
transformar em grandes rebeliões contra a ordem estabelecida.

Quanto a essa instituição armada, assinale a alternativa CORRETA quanto ao nome que ela recebeu:
a) Ordenança Nacional
b) Brigada Nacional
c) Guarda Nacional
d) Milícia Nacional
e) Força Nacional

2. (Enem, 2012) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde Pedro I fora recebido com grande
frieza, seus partidários prepararam uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro,
armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos
que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam as
fogueiras “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de garrafas
jogadas das janelas.
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 (adaptado).

Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse
sentido, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela
a) estímulos ao racismo.
b) apoio ao xenofobismo.
c) críticas ao federalismo.
d) repúdio ao republicanismo.
e) questionamentos ao autoritarismo.
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3. (Enem, 2011) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais:
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se compreendam os casados, e Oficiais Militares,
que forem maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de Ordens Sacras.
II. IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral.
III. V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou
empregos.
Constituição Política do Império do Brasil (1824). Disponível em: https:/legistação planaito.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010
(adaptado).

A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto histórico de sua formulação. A


Constituição de 1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos brasileiros” com o objetivo de
garantir
a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira.
b) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros nascidos livres.
c) a concentração de poderes na região produtora de café, o Sudeste brasileiro.
d) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários e comerciantes.
e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões político.

4. (Enem Digital, 2020) Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria problemas que com
frequência emergiram durante a formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas
regiões do Brasil, essas divergências foram acompanhadas de revoltas, inclusive contra o imperador
D. Pedro I. Com a abdicação deste, em 1831, o país atravessaria tempos ainda mais turbulentos sob o
regime regencial.
REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês em 1835. São Paulo: Cia. das Letras, 2003 (adaptado).

A instabilidade política no país, ao longo dos períodos mencionados, foi decorrente da(s):
a) disputas entre as tendências unitarista e federalista.
b) tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional.
c) dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina.
d) extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex-escravos.
e) reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e diplomática.
História

5. (Enem, 2019) Art. 90. As nomeações dos deputados e senadores para a Assembleia Geral, e dos
membros dos Conselhos Gerais das províncias, serão feitas por eleições, elegendo a massa dos
cidadãos ativos em assembleias paroquiais, os eleitores de província, e estes, os representantes da
nação e província.
Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais:
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais se não compreendem os casados, os oficiais militares,
que forem maiores de vinte e um anos, os bacharéis formados e os clérigos de ordens sacras.
II. Os filhos de famílias, que estiverem na companhia de seus pais, salvo se servirem a ofícios
públicos.
III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os guarda-livros, e primeiros caixeiros das casas
de comércio, os criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os administradores
das fazendas rurais e fábricas.
IV. Os religiosos e quaisquer que vivam em comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou
emprego.
BRASIL. Constituição de 1824. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 4 abr. 2015 (adaptado).

De acordo com os artigos do dispositivo legal apresentado, o sistema eleitoral instituído no início do
Império é marcado pelo(a):
a) representação popular e sigilo individual.
b) voto indireto e perfil censitário.
c) liberdade pública e abertura política.
d) ética partidária e supervisão estatal.
e) caráter liberal e sistema parlamentar.

6. (Unesp, 2015) A escravatura, que realmente tantos males acarreta para a civilização e para a moral,
criou no espírito dos brasileiros este caráter de independência e soberania, que o observador descobre
no homem livre, seja qual for o seu estado, profissão ou fortuna. Quando ele percebe desprezo, ou
ultraje da parte de um rico ou poderoso, desenvolve-se imediatamente o sentimento de igualdade; e se
ele não profere, concebe ao menos, no momento, este grande argumento: não sou escravo. Eis aqui no
nosso modo de pensar, a primeira causa da tranquilidade de que goza o Brasil: o sentimento de
igualdade profundamente arraigado no coração dos brasileiros.
Padre Diogo Antônio Feijó apud Miriam Dolhnikoff. O pacto imperial, 2005.

O texto, publicado em 1834 pelo Padre Diogo Antônio Feijó:


a) parece rejeitar a escravidão, mas identifica efeitos positivos que ela teria provocado entre os
brasileiros.
b) caracteriza a escravidão como uma vergonha para todos os brasileiros e defende a completa
igualdade entre brancos e negros.
c) defende a escravidão, pois a considera essencial para a manutenção da estrutura fundiária.
d) revela as ambiguidades do pensamento conservador brasileiro, pois critica a escravidão, mas
enfatiza a importância comercial do tráfico escravagista.
e) repudia a escravidão e argumenta que sua manutenção demonstra o desrespeito brasileiro aos
princípios da igualdade e da fraternidade.
História

7. (Enem PPL, 2019) Uns viam na abdicação uma verdadeira revolução, sonhando com um governo de
conteúdo republicano; outros exigiam o respeito à Constituição, esperando alcançar, assim, a
consolidação da Monarquia. Para alguns, somente uma Monarquia centralizada seria capaz de
preservar a integridade territorial do Brasil; outros permaneciam ardorosos defensores de uma
organização federativa, à semelhança da jovem República norte-americana. Havia aqueles que
imaginavam que somente um Poder Executivo forte seria capaz de garantir e preservar a ordem vigente;
assim como havia os que eram favoráveis à atribuição de amplas prerrogativas à Câmara dos
Deputados, por entenderem que somente ali estariam representados os interesses das diversas
províncias e regiões do Império.
MATTOS, I. R.; GONÇALVES, M. A. O Império da boa sociedade: a consolidação do Estado imperial brasileiro. São Paulo:
Atual, 1991 (adaptado).
O cenário descrito revela a seguinte característica política do período regencial:
a) Instalação do regime parlamentar.
b) Realização de consultas populares.
c) Indefinição das bases institucionais.
d) Limitação das instâncias legislativas.
e) Radicalização das disputas eleitorais.

8. (Enem PPL, 2019) A Regência iria enfrentar uma série de rebeliões nas províncias, marcadas pela
reação das elites locais contra o centralismo monárquico levado a efeito pelos interesses dos setores
ligados ao café da Corte, como a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão, e a Sabinada, na Bahia.
Mas, de todas elas, a Revolução Farroupilha era aquela que mais preocuparia, não só pela sua longa
duração como pela sua situação fronteiriça da província do Rio Grande, tradicionalmente a garantidora
dos limites e dos interesses antes lusitanos e agora nacionais do Prata.
PESAVENTO, S. J. Farrapos com a faca na bota. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da
Palavra, 2013.

A característica regional que levou uma das revoltas citadas a ser mais preocupante para o governo
central era a:
a) autonomia bélica local.
b) coesão ideológica radical.
c) liderança política situacionista.
d) produção econômica exportadora.
e) localização geográfica estratégica.
História

9. (Enem, 2009) A Confederação do Equador contou com a participação de diversos segmentos sociais,
incluindo os proprietários rurais que, em grande parte, haviam apoiado o movimento de independência
e a ascensão de D. Pedro | ao trono. A necessidade de lutar contra o poder central fez com que a
aristocracia rural mobilizasse as camadas populares, que passaram então a questionar não apenas o
autoritarismo do poder central, mas o da própria aristocracia da província. Os líderes mais
democráticos defendiam a extinção do tráfico negreiro e mais igualdade social. Essas ideias
assustaram os grandes proprietários de terras que, temendo uma revolução popular, decidiram se
afastar do movimento. Abandonado pelas elites, o movimento enfraqueceu e não conseguiu resistir à
violenta pressão organizada pelo govemo imperial.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1996 (adaptado),

Com base no texto, é possível concluir que a composição da Confederação do Equador envolveu, a
princípio,
a) os escravos e os latifundiários descontentes com o poder centralizado.
b) diversas camadas, incluindo os grandes latifundiários, na luta contra a centralização política.
c) as camadas mais baixas da área rural, mobilizadas pela aristocracia, que tencionava subjugar o
Rio de Janeiro.
d) as camadas mais baixas da população, incluindo os escravos, que desejavam o fim da hegemonia
do Rio de Janeiro.
e) as camadas populares, mobilizadas pela aristocracia rural, cujos objetivos incluíam a ascensão de
D. Pedro I ao trono.

10. (Enem, 2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras
crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores
condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam
também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da
cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamental
a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.

O contexto do Período Regencial foi marcado:


a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.
b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central.
c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida.
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café".
e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas
realidades sociais.

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História

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C
D. Pedro II ainda não tinha idade para assumir o governo, por isso o país foi assumido por regentes até
que ele atingisse a maioridade, espaço de tempo que ficou conhecido como o Período Regencial.

2. B
Em 1823, os deputados reunidos na Constituinte elaboraram um projeto de Constituição que
determinaria o voto censitário, privilegiando principalmente os latifundiários e o poder legislativo, logo, o
projeto ficou conhecido como a Constituição da Mandioca.

3. B
Os Liberais Exaltados formaram um importante grupo político do Período Regencial que desejava a
descentralização política.

4. D
O chamado Poder Moderador foi criado pela Constituição de 1824 e era destinado apenas ao Imperador,
que poderia utilizar como ferramenta para interferir nas decisões dos outros 3 poderes.

5. C
Desde a independência, D. Pedro I precisou administrar diversos conflitos internos, mobilizando tropas e
contratando o serviço de mercenários para desarticular revoltas. Ainda no Primeiro Reinado, os conflitos
na Cisplatina aumentaram ainda mais os gastos militares, que foram responsáveis pelo crescimento da
crise financeira.

Exercícios de vestibulares

1. C
Em 1831, uma das primeiras medidas da regência foi a criação da Guarda Nacional, que tinha como
objetivo reunir milícias locais para reprimir revoltas em regiões que o Governo central não tinha tanta
força.

2. E
A noite das garrafadas representou um embate entre os apoiadores e os críticos de D. Pedro I, esses
últimos criticavam, principalmente, o seu autoritarismo.

3. D
O voto censitário instituído pela Constituição de 1824 tinha a intenção de garantir que o poder continuasse
nas mãos da elite brasileira: os grandes proprietários e os comerciantes. Apesar do voto censitário e do
poder moderador, não se pode falar que ocorreu o fim da inspiração liberal na política brasileira, uma vez
que havia uma constituição e regras a serem seguidas pelo imperador.

4. A
As tendências unitaristas, que visavam centralizar o poder, e as federalistas, que desejavam maior
autonomia para as províncias eram as que mobilizavam os principais debates políticos no Brasil
regencial.

5. B
Através da interpretação dos artigos apresentados, podemos perceber que o Art. 90 revela o voto indireto,
ou seja, mediado por representantes dos eleitores. O Art. 92 destaca aqueles que não possuem direito de
História

voto, revelando um perfil excludente, que determinava que indivíduos que não tivessem renda líquida
superior a 100 mil réis por bens de raiz não poderiam votar.

6. A
O texto de Feijó inicia criticando a escravidão, mas depois conclui que ela cria características positivas
entre os brasileiros, como o sentimento de igualdade.

7. C
O trecho mostra que durante o Período Regencial havia uma indefinição acerca dos rumos da política do
país. Havia grupos que defendiam a centralização, outros a federação. Havia grupos que defendiam a
monarquia, enquanto havia grupos que defendiam a república.

8. E
A revolta preocupava justamente por conta da posição estratégica, visto que era uma fronteira
fundamental com as regiões platinas, como bem avisa o texto: “sua situação fronteiriça da província do
Rio Grande, tradicionalmente a garantidora dos limites e dos interesses antes lusitanos e agora nacionais
do Prata.”

9. B
A insatisfação com a falta de autonomia provincial assim como com o autoritarismo de D. Pedro I levou
a diversas camadas da população a se rebelar contra o imperador.

10. E
A resposta que melhor se adequa ao contexto é a E, pois as revoltas não reclamavam a volta da
monarquia, não houve uma submissão das forças políticas ao poder central, visto que havia grande
descentralização, a reivindicação de melhores condições de vida não era uma pauta das elites e os
regentes não promoveram a ascensão dos barões do café. Logo, está correta apenas a marca da
convulsão política e do reforço das velhas realidades sociais, como a escravidão, por exemplo.

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