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A independência do Brasil

A intenção das Cortes de recolonizar o Brasil contrariava os interesses das elites coloniais
que se inspiravam no liberalismo e desejavam que o Brasil se tornasse livre do domínio de
Portugal. Em dezembro do mesmo ano, Dom Pedro foi coroado imperador do Brasil,
conquistando o título de Dom Pedro I e dando início ao Império Brasileiro. A princípio, esses
liberais tinham visto na Revolução do Porto uma promessa de maior política e econômica
para o Brasil, porém os acontecimentos apontavam na direção da perda da autonomia de
governo e da liberdade de comércio, o que contribuiu para que passassem a defender a
permanência de Dom Pedro no país. Em janeiro de 1822, foi feita uma petição com 8 mil
assinaturas, conhecida como Petição do Fisco, por meio da qual os brasileiros solicitaram
que o príncipe regente permanecesse no Brasil e apoiasse a consolidação da
independência. Também foi preciso forjar uma unidade territorial para a nova nação, que
então era formada por um até conjunto de capitanias relativamente autónomas entre s que
respondiam diretamente a Portugal sem que houvesse um poder centralizado na colônia,
pelo menos até a instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808. Os
movimentos liberais de emancipação das colônias americanas foram influenciados pelas
ideias iluministas e pela Revolução Francesa, mas os seus princípios de liberdade e
igualdade foram reinterpretados de forma muito particular. Com esse gesto a separação do
Brasil de Portugal se consolidava informalmente. Dom Pedro respondeu positivamente à
petição, contrariando as Cortes portuguesas. A independência do Brasil foi formalizada em
7 de setembro de 1822.

Resistências internas à independência

A partir de 1821, durante o governo do príncipe regente Dom Pedro, foram criadas Juntas
Provisórias em algumas capitanias (que então se tornaram províncias), em substituição aos
capitães e governadores. Dessa forma, as províncias foram criadas ao novo Estado. Essas
juntas foram protegidas atendendo às reivindicações das Cortes em Portugal, que
pretendiam recuperar a hegemonia política real no império. A criação das juntas, que eram
eleitas na localidade e exerciam o Poder Executivo, foi uma tentativa das Cortes de esvaziar
o poder político centralizado no Rio de Janeiro ao aumentar a autonomia das capitanias. O
conflito teve início meses antes da declaração formal de independência do Brasil e se
estendeu até julho de 1823. Por isso, a data ficou conhecida como o dia da Independência
da Bahia, sendo, mais tarde, incorporada ao calendário de festividades nacionais como data
da confirmação da independência do Brasil no estado da Bahia"

Outro importante conflito relacionado à independência ocorreu em 1823, quando Manuel de


Sousa Martins assumiu a presidência da junta de governo do Piauí e proclamou a
independência da província em fidelidade a Portugal. Mesmo sem armamento militar e
usando ferramentas simples de trabalho, as tropas imperiais venceram o conflito.

Em 20 de outubro de 1823, uma lei extinguiu as juntas e reformulou a administração das


províncias, determinando que os governos provinciais fossem concedidos pelo presidente e
conselheiros nomeados pelo imperador.

Conflitos pela independência


Na província da Bahia, a causa da independência provocou um violento confinamento entre
as tropas imperiais e os representantes de Portugal, que dominaram Salvador e algumas
outras áreas do norte do Brasil. Com isso, as tropas encarregadas de manter o norte da
ex-colônia fiel a Portugal e setores da sociedade piauiense, apoiados pelo Maranhão e
Ceará, partidários da independência do Brasil, se enfrentaram na Batalha do Jenipapo,
ocorrida no dia 13 de março de 1823 , às margens do Rio Jenipapo.

A Constituição de 1824

Em 1823, foram iniciados os trabalhos da Assembleia Constituinte para compor uma Carta
Constitucional para o Estado brasileiro que se formava. Entre os constituintes, havia duas
concepções distintas de Estado: uma delas afirmava que o poder deveria ser exercido pelos
parlamentares eleitos; a outra apontava que o poder deveria ser compartilhado entre o
imperador e os parlamentares. Os rebeldes não conseguiram resistir e foram vencidos pelas
tropas imperiais. Em decorrência da adesão das camadas populares e da defesa por alguns
rebeldes do fim do tráfico de escravizados para Recife, o movimento perdeu o apoio da elite
agrária e enfraqueceu. O primeiro projeto constitucional previu limites ao poder do
imperador e tinha caráter elitista ao manter o voto censitário para a futura eleição. A
Confederação do Equadori.

A evacuação da Assembleia Constituinte em 1823 pelo imperador provocou grande reação


nas províncias do Nordeste, principalmente em Pernambuco. Assim, em 25 de março de
1824, a primeira Constituição do Brasil foi outorgada pelo imperador. O Poder Legislativo
era constituído de um sistema bicameral: um Senado vitalício e uma Câmara de Deputados
eleitos pelo voto censitário. Também previa que as decisões dos deputados constituintes
não precisavam passar pela aprovação de Dom Pedro L Isso desagradou o imperador, que
dissolveu a Assembleia e nomeou um Conselho de Estado, composto de portugueses, para
redigir a nova Constituição.

No entanto, os cisplatina não aceitaram o domínio luso-brasileiro e, em 1825, uniram-se à


República das Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina), contrariando os
interesses do governo brasileiro. A Guerra da Cisplatina

Em 1816, o governo de Dom João determinou a invasão das tropas luso-brasileiras da


Banda Oriental, um território que integrava a América espanhola, o que levou à sua
anexação ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1821 com o nome de Província
Cisplatina. Em resposta, Dom Pedro declarou querra ao governo de Buenos Aires. A
imagem do imperador também se desgastou em razão da comoção da população em tomo
do assassinato do jornalista paulista Libero Badaró que era um opositor público do
autoritarismo imperial, em 1830. No primeiro momento, moveu-se a Regência Trina
Provisória. No período regente, três grupos políticos disputavam o poder no Brasil: o dos
liberais moderados, o dos liberais exaltados e o dos restauradores. Entre elas, o ato
estabeleceu maior autonomia política para as províncias e determinou que a Regência Trina
deveria ser substituída pela Regência Una, com eleição a cada quatro anos. Os liberais
exaltados defendiam maior autonomia para as províncias por meio de uma monarquia
descentralizada ou mesmo por um regime republicano. Com a mediação britânica, o conflito
chegou ao fim em 1828, porém a região não foi anexada ao Brasil nem à Argentina,
tornando-se independente sob o nome de República Oriental do Uruguai.
Revoltas regenciais

Durante o período regencial, o governo central foi contestado por revoltas em diversas
províncias, como as Rusgas Cuiabanas (Mato Grosso, 1834); a Cabanagem (Grão-Pará,
1835-1840); a Revolta dos Malês (Bahia, 1835); a Guerra dos Farapos (Rio Grande do Sul,
1835-1845); a Sabinada (Bahia, 1837-1838); e a Balaiada (Maranhão, 1838-1841). Rusgas
Cuiabanas

Desde o período colonial, a província de Mato Grosso era dominada política e


economicamente por um poderoso grupo de comerciantes e fazendeiros portugueses,
conhecido pelo apelido pejorativo de "bicudos". Porém, a ala radical dos liberais, que
também defendia a expulsão e a morte dos portugueses da região, não se contentou. Após
a independência, essa situação não se alterou, o que provocou intensa reação da elite de
Cuiabá, da qual fazia parte muitos membros do grupo liberal Sociedade dos Zelosos da
Independência, que reivindicava mais autonomia e espaço na política local. Estima-se que
mais de 30 mil pessoas morreram na rebelião. Uma elite local era formada por comerciantes
ricos, na maioria portugueses, instalados na capital, Belém, e por proprietários de terras.
Além da luta dos cabanos contra a presença dos portugueses e a carestia, os radicais
liberais pediam o fim da interferência do Rio de Janeiro na administração local. Para
acalmar os ânimos, o Conselho de Governo nomeou como vice-presidente da província
João Poupino Caldas, figura influente na Sociedade dos Zelosos. A maior parte da
população da província era composta de negros, indígenas e mestiços, que serviam como
mão de obra (escravizada ou semiescravizada) nas lavouras e no comércio da região.
Naquele período, a população de escravos foi bastante expressiva em Salvador.

Revolta dos Malês

Em janeiro de 1835, a cidade de Salvador foi palco da Revolta dos Malês, organizada e
conduzida por africanos escravizados e libertos, a maioria da etnia nagô-iorubá, com a
participação de jejês e hauçás. Os objetivos da Revolta dos Malês ainda não foram
esclarecidos pelo investigador. Esses escravizados observavam pelas ruas, exercendo
atividades alegres (eram vendedores ambulantes, transportadoras, carregadores,
carpinteiros, sapateiros etc. Apesar do movimento ter sido organizado e chorado por malês,
nem todos os negros muçulmanos da cidade participaram da revolta, assim como nem
todos os rebeldes eram seguidores do islamismo. O levante estava previsto para o dia 25
de janeiro, porém, uma denúncia à polícia antecipou a ação. escravidão e muitos dos que
participaram do levante permaneceram escravizados após a vitória. A rebelião mobilizou
aproximadamente 600 homens, organizados em uma sociedade secreta. O movimento teve
origem em conflitos entre os poderosos estancieiros gaúchos e o governo central. Em
negociação com o governo, os rebeldes conseguiram garantir sua anistia, o direito de
escolher o presidente da província e vantagens na transferência do charque importado, por
meio do aumento dos impostos sobre produtos estrangeiros similares.

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