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Revoluções no Brasil Império

Lucas Soares

Do ponto de vista do poder, são consideradas revoltas as


manifestações que se levantam contra o poder vigente de forma
ilegítima.
As rebeliões do Brasil Império causaram uma série de
transformações na estrutura política imperial e, ainda que Dom
Pedro I se valesse do Poder Moderador, havia outros poderes, de
modo que o imperador não governava sozinho e, para gerir a
nação, o monarca e a estrutura administrativa do Império
tiveram que ceder em muitoas aspectos.

Confederação do
Equador
Com a Independência do Brasil, difundiu-se no país um longo debate entre
aqueles que defendiam a centralização do poder monárquico nas mãos do
imperador e aqueles que, ao contrário disso, almejavam mais autonomia
para as províncias. Por meio desta, D. Pedro I promoveu uma série de
medidas que lhe garantiram forte controle político e econômico sobre o
Império, fato consolidado sobretudo na instituição do Poder
Moderador. Logo após a outorga da Constituição, ainda em 1824, formou-
se na Província de Pernambuco um movimento de oposição ao
imperador, a Confederação do Equador. Para grande parte dos
pernambucanos, as atitudes de D. Pedro I como Poder Moderador eram
autoritárias.
Em razão disso, recebia menos investimento e atenção do poder imperial, o
que afetava grupos de diversas camadas sociais. Indignados com a falta de
investimentos na região , grupos da Província de Pernambuco pararam de
repassar seus impostos ao governo central – atitude que representou tanto
uma forma de protesto quanto uma maneira de reforçar o poder
local. Juntos, esses grupos fundaram uma República no Nordeste
brasileiro, que ficou conhecida como Confederação do Equador. Inseridos
no contexto de Independência da América espanhola – à
época, Colômbia, Equador e Venezuela estavam em processo de separação
política da Espanha –, personagens envolvidos na Confederação do
Equador também construíram as lutas pela Independência do Brasil na
busca por maior autonomia política e econômica.

Inspirada na filosofia liberal, a Confederação do Equador pretendia criar


uma Assembleia Nacional Constituinte, dividir seus poderes em
Legislativo, Executivo e Judiciário e permitir as liberdades
individuais. Embora vitoriosa, a Confederação do Equador foi rapidamente
desmantelada pelo governo imperial.

Cabanada
Entre 1832 e 1835, as elites pernambucanas conseguiram reunir um
conjunto de forças populares, como sertanejos, indígenas e até
escravizados, a favor de suas demandas. O governo regencial reprimiu
fortemente os revoltosos, uma vez que a volta do imperador era impensável
para os grupos políticos responsáveis pelo gerenciamento do Estado
enquanto D. Pedro II não alcançasse a maioridade. Ao passo que havia uma
série de ideias liberais circulando pelo Brasil, faziam-lhe frente algumas
propostas dos grupos conservadores, o que demonstra a complexidade de
interesses envolvidos nesses movimentos. Além disso, chama a atenção
devido ao envolvimento de escravizados e indígenas, fato que pode ser
explicado pela crença desses grupos de que, se vitoriosos, alcançariam
mudanças significativas para suas vidas.

Não raro, tais movimentos políticos prometiam a libertação dos


escravizados que aderissem à causa
Revolta dos Malês
A Revolta dos Malês foi uma rebelião de escravizados que se deu na cidade
de Salvador, da Província da Bahia, em 1835, e durou apenas um
dia. Chamados de «malês», os negros escravizados de origem muçulmana
sabiam ler e escrever, visto que um dos fundamentos da religião islâmica
era a leitura e interpretação das passagens de seu livro sagrado, o
Alcorão. Isso se deu porque a religião muçul-mana possibilitou a
formação, entre eles, de uma identidade, de um sentimento de grupo. Além
disso, os princípios da religião islâmica impunham a esses escravizados o
conflito com seus proprietários, fosse em razão da exploração ou da
conversão religiosa a que eram forçadamente submetidos. A Revolta dos
Malês foi um marco na história brasileira até então. Em uma província
como a da Bahia, que dependia do trabalho escravo, a ideia de que outros
grupos escravizados pudessem se inspirar nos malês e organizar outras
revoltas aterrorizava as elites locais.

Sabinada
Ao longo do Brasil Império, os militares foram um dos grupos afetados
negativamente pelas políticas imperiais. A exemplo disso, a organização do
Estado, na tentativa de reprimir os revoltosos da Revolução
Farroupilha, envolveu o alistamento obrigatório de diversos militares da
Província da Bahia, que, insatisfeitos, somaram forças posteriormente na
revolta da sabinada. Isso se somou ao fato de os militares, diretamente
envolvidos na manutenção do Império, não se sentirem recompensados
nem representados pelo governo. Os militares revoltosos foram bem-
sucedidos na tomada das guarnições da Bahia, fazendo com que o
governador da província fugisse.

Apesar dos ideais republicanos, os militares previam entregar o poder


quando D. Pedro II assumisse o trono.

Cabanagem
O caso da Guerra dos Cabanos – não confundir com a Cabanada –, que
eclodiu na Província do Grão-Pará, Região Norte do país, em 1835, revela
mais nuances sobre as revoltas durante o Período Regencial. A região do
Grão-Pará se desenvolveu historicamente, desde os tempos coloniais, de
modo mais autônomo do que as demais capitanias. Devido à sua distância
em relação ao centro do Império e às dificuldades de comunicação, essa
relativa autonomia eventualmente foi reclamada como efetiva. Além disso,
a maior parte da população do Grão-Pará não era branca, mas formada por
negros, indígenas e mestiços, o que tornou a Cabanagem uma revolta de
caráter popular se comparada às demais.Valendo-se da sensação de “povo
esquecido” pelo Império, esses grupos se uniram e derrubaram o
governador da província. Félix Malcher e Francisco Vinagre destacaram-se
como lideranças e assumiram o poder conjuntamente após a morte do
governador, mas não separaram o Grão-Pará do restante do Brasil, sendo
acusados de se submeterem aos interesses do governo imperial. Daí advém
a interpretação de que as elites se valeram dos anseios populares para
alcançar seus próprios objetivos, o que ocasionou a morte desses dois
líderes. Em seguida, Eduardo Angelim, líder popular, assumiu o poder e, de
fato, separou a província, mas pouco depois as forças policiais do Estado
derrubaram os revoltosos. Estima-se que cerca de trinta mil pessoas foram
mortas pelas ações retaliativas. De qualquer maneira, o governo foi
novamente bem-sucedido em manter intacta a extensão territorial do Brasil

Balaiada
O conjunto de insatisfações que levou povos de outras províncias a se
revoltarem contra o governo regencial também fez com que os
maranhenses, entre 1838 e 1841, se envolvessem em um movimento
conhecido como Balaiada. Suas reivindicações eram de ordem econômica
e, por isso, estavam inseridas no contexto geral de revoltas regenciais. A
baixa na produção de algodão, uma das principais fontes de renda do
Maranhão, afetou desde os donos de fazendas até os vaqueiros e
escravizados.Os rebeldes chegaram a tomar a vila de Caxias, mas em
1840, as tropas lideradas pelo experiente militar Coronel Luís Alves de
Lima e Silva reprimiram os revoltosos, fazendo com que muitos destes se
rendessem. Dessa forma, o movimento perdeu cada vez mais força, sendo
sufocado.

Guerra dos Farrapos


A Guerra dos Farrapos foi uma revolta que se deu no Rio Grande do Sul
entre 1835 e 1845. Esses grupos demandavam mais autonomia provincial
desde os tempos da independência e, com a perda da região da
Cisplatina, viram seus interesses serem cada vez menos atendidos pelo
governo central. Um ano antes da revolta, o governo imperial havia
atendido a parte desses interesses, criando as Assembleias Legislativas
provinciais por meio de um Ato Adicional instituído em 1834. De 1836 até
1845, já durante o reinado de D. Pedro II, os farroupilhas formaram um
país independente e uniram diferentes grupos sociais para lutar pela causa.

Contudo, em 1845, o governo imperial conseguiu, por meio de um


acordo, o Tratado de Poncho Verde, encerrar a revolta de maneira formal e
até pacífica, sem grandes consequências para seus líderes. Os grupos
populares que os apoiaram, entretanto, receberam punições severas.

Revolução Praieira
A Revolução Praieira foi outro movimento insurgente ocorrido na
Província de Pernambuco, dessa vez durante o governo de D. Pedro II, e
contou com forte parti-cipação dos políticos e dos ideais liberais. A
rebelião, que se deu entre 1848 e 1850, teve início com a nomeação de um
membro do Partido Conservador para governar Pernambuco. Os liberais
pernambucanos, então, passaram a divulgar seus ideais no jornal Diário
Novo, cuja sede ficava na Rua da Praia (daí o nome da revolução). Entre as
reivindicações desses grupos estavam a liberdade de imprensa, reformas
políticas e o voto universal. Com auxílio da imprensa, conseguiram
angariar o apoio de proprietários de terras, comerciantes e membros da elite
em geral. Os revoltosos foram bem-sucedidos na invasão de Olinda, de
onde o movimento se espalhou para o restante da província. Em 1849,
Recife também foi tomada, mas, semelhantemente ao que ocorreu com as
demais revoltas, a Revolução Praieira foi reprimida pelo Estado em 1850.

A revolta que eu mais gostei foi a Confederação do Equador, pois


centralizando o poder naquela época ele acabou com o potencial de várias
províncias tendo em vista a falta de meio de transportes e de infraestrutura
no Império, que por sinal, tinha uma vasta extensão. Além disso o Império
ficou extremamente vulnerável nas partes Norte, Nordeste, Oeste e até
mesmo no extremo Sul. Portanto essa decisão foi burra e totalmente
inesperada de se vir de um Imperador que tinha a melhor das melhores
educações possíveis na época projetada para garanitr uma boa
administração, por parte de um bom administrador.

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