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História para o Concurso de Admissão ao Curso de Formação de Sargentos do Exército (EsSa)

A Confederação do Equador e a Abdicação de D. Pedro I

1. A Confederação do Equador
A dissolução da Assembleia Constituinte e a outorga da Constituição de 1824, que acarretaram na total concentração dos poderes nas
mãos do imperador, geraram grande insatisfação. No nordeste, o descontentamento foi particularmente intenso com a nomeação dos presidentes
de províncias pelo imperador, em fevereiro de 1824. A medida feria as aspirações de maior autonomia política e administrativa da
aristocracia rural nordestina.
A unidade territorial do país continuava precária. No plano político, as províncias passaram a depender do Rio
de Janeiro, onde um imperador absolutista vedava qualquer participação nas decisões importantes. Para as províncias do nordeste, a
independência não havia alterado em quase nada a situação. O poder central continuava a intervir na política provincial tal como fazia
Portugal no passado.

1.1 Reações ao Absolutismo


Em Pernambuco, houve o protesto contra a nomeação, pelo imperador, de Pais Barreto para presidente de província. O mesmo
ocorreu na Paraíba, onde as forças locais, surpresas com a dissolução da Constituinte, desconfiavam de tudo o que vinha do Rio de Janeiro. No
Ceará, os eleitores consideravam-se “atacados nos seus direitos na pessoa dos seus legítimos representantes”. Em Pernambuco, a reação às
pretensões absolutistas de D. Pedro I foi mais incisiva em virtude da tradição republicana e revolucionária da província, que remontava
a 1817. A começar por Manuel de Carvalho, ex rebelde de 1817 que, após o fracasso do movimento, exilara-se nos Estados Unidos, onde
completou sua formação republicana e federalista. Foi ele o chefe da mais importante reação ao absolutismo de D. Pedro I: a Confederação do
Equador, rebelião pernambucana que eclodiu em 1824.
O espírito revolucionário, assentado na experiência de 1817, difundiu-se por meio de dois jornais pernambucanos, os quais exerceram
grande influência sobre o movimento: o Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, de Cipriano Barata (o homem de todas as
revoluções), que começou a circular em 09 de abril de 1823, e o Tífis Pernambucano, dirigido por Frei Caneca, cuja primeira edição data de
25 de dezembro de 1823.
Cipriano Barata e Frei Caneca propunham a instalação de um regime republicano e federalista, isto é, com poder
descentralizado, o que significava autonomia para as províncias. Cipriano Barata era considerado um liberal radical (era defensor também
da abolição da escravatura) e crítico mordaz do governo imperial. Foi detido por ordem do imperador em novembro de 1823. Mantido preso
durante vários anos, não pode participar da revolta que ajudou a deflagrar.
Joaquim do Amor Divino Rabelo, mais conhecido como Frei Caneca foi um dos mais expressivos representantes da oposição
liberal nesse período. Em seu jornal, Typhis Pernambucano, defendeu que o Brasil tinha condições de instituir uma federação. Frei Caneca
também era contrário ao mandato vitalício dos senadores, a existência do Poder Moderador (Chave mestra da opressão) e ao direito do
Imperador outorgar a Constituição do país, além de defender o federalismo. Opunha-se ao direito do imperador de outorgar a
Constituição do país, roubando do povo o direito de povo de expressar sua vontade por meio de seus representantes na Assembleia
Constituinte.
Havia em Pernambuco vários motivos para descontentamento entre diferentes grupos sociais no Nordeste. Os membros da elite
açucareira estavam preocupados com a contínua queda das exportações do açúcar. Por sua vez, pequenos comerciantes, militares de baixa
patente, mestiços, negros livres e escravos viviam em estado de miséria.
Essas circunstâncias fizeram com que grupos tão distintos se unissem em torno de ideias contrárias à monarquia e à centralização do
poder.

1.2 Pernambuco de 1817 a 1824


O capitão- general Luís do Rego Barreto, chefe da repressão ao movimento de 1817, tornou-se governador de Pernambuco. Em
1820, a Revolução Liberal do Porto reacendeu a chama revolucionária na província: em 29 de agosto de 1821, a camada dominante local
rebelou-se e instalou uma junta governativa na cidade de Goiana, em oposição ao governo de Rego Barreto. A onda revolucionária cresceu
e fez com que o governador fugisse para Portugal com as tropas lusas, após sofrer o cerco dos opositores pernambucanos.
Com a fuga de Rego Barreto, foi eleito governador Gervásio Pires Ferreira, outro ex-revolucionário de 1817, que permaneceria no
poder entre 1821 e 1822. Logo depois da proclamação da independência, em 07 de setembro de 1822, Gervásio Pires Ferreira foi substituído
por um grupo conservador que formou o “governo dos matutos”, assim chamado em virtude da participação majoritária da aristocracia
local, liderada por Francisco Pais Barreto. O novo governo mostrava-se plenamente sintonizado com o poder central, representado por D.
Pedro.
A dissolução da Assembleia Constituinte por ordem imperial, em 12 de novembro de 1823, descontentou os liberais de Pernambuco
e acarretou a renúncia do “governo dos matutos” em 13 de dezembro de 1823. Por meio de uma nova eleição, formou-se uma junta governativa
chefiada por Manuel de Carvalho Pais de Andrade, antigo revolucionário de 1817.
A ascensão de um governo francamente liberal e, portanto, hostil às pretensões absolutistas não foi vista com bons olhos pelo
imperador. Sua preocupação em outorgar uma Constituição a ser legitimada pelas Câmaras Municipais criava a necessidade de compor governos
favoráveis ao seu poder pessoal nas províncias. A notícia de que o imperador nomearia alguém de sua confiança para o governo de
Pernambuco fez com que Olinda e Recife se apressassem em confirmar, em 08 de janeiro de 1824, Manuel de Carvalho na presidência da
província.
Ao contrário do desejado, em 23 de fevereiro de 1824, D. Pedro nomeou como novo presidente da província Francisco Pais Barreto,
ex-chefe da junta dos matutos, que renunciara em dezembro do ano anterior. De Recife ao Rio de Janeiro, correram inutilmente pedidos ao
imperador para que respeitasse a decisão popular. D. Pedro respondeu às petições com o envio de forças navais para garantir a posse de Pais
Barreto. Entretanto, a disposição para a resistência era enorme. Diziam em Pernambuco: “Morramos todos, arrase-se Pernambuco, arda a
guerra, mas conservemos o nosso presidente a todo transe! Conservemos a dignidade da soberania dos povos”.
A fim de contornar a situação, sem demonstrar sinal de fraqueza e preservando sua autoridade, D. Pedro decidiu nomear um novo
governador, Mayrink da Silva Ferrão, que não aceitou colocar-se à frente do governo de Pernambuco. As divergências entre o imperador e
os liberais pernambucanos culminaram em 02 de julho de 1824 na proclamação da Confederação do Equador, por Manuel de Carvalho.

1.3 Projeto Político da Confederação do Equador


Com a Confederação do Equador, os rebeldes pretendiam não repetir os erros cometidos em 1817, evitando cair no isolamento. No
manifesto de 02 de julho de 1824, Manuel Carvalho dizia: “Segui, ó brasileiros, o exemplo dos bravos habitantes da zona tórrida [...] imitai
os valentes de seis províncias que vão estabelecer seu governo debaixo do melhor dos sistemas,o representativo”. Preocupavam-se, pois, os
rebeldes em obter a adesão das demais províncias, difundindo o manifesto por todo o nordeste. Atenderam ao apelo as províncias do Ceará, do
Rio Grande do Norte e da Paraíba (Sergipe, Alagoas e Piauí) que, com Pernambuco, formaram a Confederação do Equador. Adotou-se
provisoriamente a Constituição colombiana, que vigorou até 17 de agosto, data da reunião da Assembleia Constituinte. Tentou-se, assim,
formar um novo Estado, desvinculado do Império, cujas bases eram um governo representativo e republicano, fundado numa organização
federativa, garantindo a autonomia das províncias confederadas.
Todavia, uma forte repressão ao movimento estava sendo preparada no Rio de Janeiro. Por essa razão, em Pernambuco, uma Junta
Provisória assumiu a direção da resistência, com Manuel de Carvalho como presidente, José Natividade Saldanha (secretário) e José de
Barros Falcão como chefe das Armas. Para a defesa de Pernambuco chegaram forças do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
As diferenças entre os interesses dos grupos reunidos no movimento logo se mostrou um grande problema. Os líderes mais
democráticos previam o fim do tráfico de escravos e a igualdade social. Tais propostas não agradavam os grandes proprietários de terras,
que decidiram se afastar do movimento. Abandonada pelas elites, a confederação enfraqueceu-se e não conseguiu resistir à pressão imperial.

1.4 A Repressão
Enquanto os rebeldes procuravam unificar as forças antiabsolutistas da Bahia ao Ceará, o imperador tratava de impedir a união das
províncias, reprimindo-as separadamente. A carência de recursos materiais e financeiros fez o governo central apelar para empréstimos
externos e contratar forças mercenárias. Para tanto, contribuiu principalmente a Inglaterra com elevados empréstimos, além do concurso de
forças navais sob o comando de lorde Cochrane.
Com a carta régia de 25 de julho de 1824, D. Pedro suspendeu todas as garantias constitucionais das províncias rebeladas e criou as
temíveis comissões militares, sob a presidência do brigadeiro Francisco de Lima e Silva, para o julgamento sumário dos rebeldes.
Enfim, no dia 2 de agosto de 1824, partiram as tropas de repressão por terra e mar, chefiadas pelo brigadeiro Lima e Silva e por lorde
Cochrane, respectivamente. Em 17 de setembro de 1824, as forças de Lima e Silva dominaram Recife e Olinda, principais centros de
resistência, após o emprego de extrema violência. O Ceará continuou a resistir, mas as tropas rebeldes capitularam em 29 de novembro de
1824.

1.5 As Condenações
As condenações foram severas. Frei Caneca, em virtude de sua intensa participação, foi condenado à forca. Diante da recusa dos
carrascos em executar a sentença, a repressão optou pelo fuzilamento. Vários de seus companheiros sofreram a mesma condenação, enquanto
outros, como Pais de Andrade, José de Barros Falcão e José Natividade Saldanha, conseguiram fugir.
A Confederação do Equador foi desmantelada. Contudo, a insatisfação contra o absolutismo do imperador continuava crescendo.

2. A Oposição Moderada
Na Constituição de 1824, estava prevista a convocação da Câmara dos Deputados, o que veio a se concretizar apenas em 1826. Com
isso, os temas discutidos anteriormente na Constituinte de 1823, fechada por D. Pedro I, foram retomados e uma oposição moderada ao
imperador começou a ganhar forma. O jornal A Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga, era o principal porta-voz daquela oposição, sendo
seu líder mais destacado o deputado mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos.
O Liberalismo moderado, ao qual ambos pertenciam, caracterizou-se basicamente pela defesa de uma monarquia constitucional e
tinha como alvo de ataque a autocracia imperial. A linha de ação de Evaristo e Vasconcelos não ia além das críticas às instituições arcaicas,
como a Mesa de Consciência e Ordens, e a distribuição de cargos públicos a pessoas de origem aristocrática.
Contudo, eram valorizados os temas clássicos do liberalismo, como a conquista desses mesmos cargos por mérito pessoal e a iniciativa
privada, que não deveria sofrer interferências do governo. Também associavam liberdade e propriedade, às quais cabia ao Estado proteger,
alimentando os debates políticos daquela época e revelando que a independência não havia conseguido apaziguar os ânimos dos diversos
grupos políticos.

3. A Abdicação de D. Pedro I
Embora a emancipação política, formalizada em 07 de setembro de 1822, tenha dado ao Brasil a feição de um país soberano, a economia
continuava colonial e escravista. Para regularizar o comércio com o exterior o país necessitava do reconhecimento de sua independência,
sobretudo pelos países europeus. Para conseguir esse reconhecimento, o Brasil viu-se obrigado a assinar tratados desfavoráveis a seus
interesses em troca da normalização das relações comerciais e diplomáticas.
O primeiro país a reconhecer a emancipação foram os Estados Unidos, em 26 de junho de 1824. Duas razões explicam essa atitude: a
Doutrina Monroe (1823), que preconizava o anticolonialismo e adotava o lema “a América para os americanos”, e principalmente os fortes
interesses econômicos emergentes nos EUA, que procuravam reservar para si o vasto continente americano.
Em relação aos países hispano-americanos, recém-emancipados, o reconhecimento não se deu de imediato. A razão era política. Esses
países adotaram a forma republicana de governo e desconfiavam da solução monárquica brasileira. Além disso, havia a questão platina: o
Uruguai ainda era parte do império brasileiro, com o nome de Província Cisplatina.
A Inglaterra, com os amplos privilégios comerciais no Brasil, tinha enorme interesse em reconhecer sua independência. No
entanto, como aliada de Portugal, não julgava conveniente fazê-lo antes da ex metrópole. Por esse motivo, sua ação diplomática se deu no sentido
de convencer Portugal a aceitar a independência brasileira. O reconhecimento português ocorreu em 29 de agosto de 1825, sob duas condições:
indenização de 2 milhões de libras, paga pelo Brasil, e a concessão do título de Imperador do Brasil, em caráter honorário, a D. João VI.
O reconhecimento por parte de Portugal abriu caminho para que outros países fizessem o mesmo, ao custo da concessão de tarifas
privilegiadas de 15% em nossas alfândegas.
Do ponto de vista internacional, a emancipação do Brasil significou a substituição do domínio português pela preeminência inglesa,
secundada por outros países europeus e pelos Estados Unidos. Ao consumar sua autonomia política, o Brasil apenas se reajustou à ordem
econômica internacional, agora moldada pelo capitalismo industrial.

3.1 A Crise Econômico-Financeira


Como a emancipação política não implicou a alteração da estrutura de produção, que se manteve colonial e escravista, a
estabilidade do Primeiro Reinado dependia do bom desempenho das exportações. A primeira metade do século XIX, porém, foi crítica para
a economia brasileira: o açúcar sofria a forte concorrência de Cuba e Jamaica e, na própria Europa, do açúcar de beterraba. O algodão e
o arroz disputavam o mercado internacional com a produção norte-americana. A produção do tabaco utilizado na compra de escravos na
África retraiu-se em razão da pressão inglesa contra o tráfico. O mercado do couro diminuiu por causa da concorrência platina. Apenas
a produção do café mostrava-se promissora, pois o mercado estava em crescimento e o Brasil ainda não tinha concorrentes.
Paralelamente à crise econômica, e como seu reflexo, havia a crise financeira. O Estado imperial mostrou aí toda a sua debilidade.
Dispunha de poucos recursos devido à baixa tarifa alfandegária (15%), que, no entanto, era a principal fonte da receita governamental. Com
isso, viu-se forçado a tomar emprestado de banqueiros ingleses altas somas (2 999 940 libras), que se transformavam de imediato em
elevadas dívidas (3 686 200 libras). Esses empréstimos, no entanto, perdiam-se pelo caminho em pagamento de comissões a intermediários
e agenciadores e em dilapidações por descontrole administrativo.
3.4 A Guerra da Cisplatina (1825-1828)
A dificuldade financeira aumentou com a eclosão da Guerra da Cisplatina em 1825. Nesse ano, Juan Antonio Lavalleja, líder
uruguaio, desembarcou na região da Cisplatina com sua tropa e, com o apoio da população local, declarou a anexação da Cisplatina à República
das Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina. Em resposta, o Brasil declarou guerra à Argentina. O conflito perdurou até 1828,
quando Brasil e Argentina reconheceram a independência da Cisplatina, que passou a se chamar República Oriental do Uruguai. A Inglaterra,
mais uma vez, que tinha interesses econômicos na região, agiu como mediadora no acordo entre os dois países.
No plano interno, a Guerra da Cisplatina e seu desfecho desfavorável ao Brasil contribuíram para desgastar a imagem política de
D. Pedro I e aumentar o descontentamento geral. Além das perdas humanas, o dinheiro gasto para sustentar a guerra desequilibrou a
economia do país, já bastante prejudicada pelas vantagens concedidas a outros países em troca do reconhecimento de independência.

4. Conflitos Internos e Abdicação


O inútil derramamento de sangue e os sacrifícios financeiros acarretaram saldos altamente negativos à monarquia, pois serviram
apenas para ativar as oposições.
Para sanar o déficit e assim contornar a crise financeira, D. Pedro ordenou a emissão descontrolada de papel-moeda, o que sacrificou
as camadas populares, pois a desvalorização da moeda significou a alta geral dos preços. A inflação corroeu o poder aquisitivo das massas
populares urbanas.
A crise atingiu o auge com a falência do Banco do Brasil em 1829, cujos fundos haviam sido saqueados por D. João VI em seu
retomo a Portugal. A tudo isso somou- se a questão sucessória em Portugal.

4.1 Intervenção do Imperador na Crise de Sucessão de Portugal


D. João VI morreu em 1826, ano seguinte ao início da Guerra da Cisplatina. Com isso, o temor da recolonização voltou, apesar
de D. Pedro ter renunciado ao trono português em favor de sua filha Maria da Glória. Em 1828, no momento em que a Guerra da Cisplatina
terminava, D. Miguel, irmão de D. Pedro, assumiu o trono com um golpe. A possibilidade de D. Pedro enviar tropas brasileiras para
derrubar o usurpador aumentou a sua impopularidade e trouxe novas inquietações, pois essa intervenção poderia acabar restaurando a
união das duas monarquias.

4.2 A Radicalização das Posições


A crescente impopularidade de D. Pedro ficou demonstrada no recrudescimento da oposição. Para dar apoio ao imperador e sustentar a
sua política, os membros do partido português fundaram a sociedade Colunas do Trono. A oposição liberal respondeu com a criação da
Jardineira ou Carpinteiro de São José, uma organização maçônica. Os ânimos se exaltaram de ambos os lados.
Em 1830, no plano internacional, as forças absolutistas estavam sendo derrotadas. A queda de Carlos X, rei da França, na Revolução
de 1830, provocou uma reação eufórica entre os liberais brasileiros. A imprensa difundiu amplamente a Revolução, com claras intenções críticas
a D. Pedro I.
Os jornais tiveram um papel importante no acirramento das paixões políticas. O assassinato de Líbero Badaró, que dirigia o jornal
paulista de oposição O Observador Constitucional, precipitou os acontecimentos. O crime foi cometido por partidários do imperador, em
novembro de 1830, complicando a situação de D. Pedro I. O principal foco de oposição estava em Minas Gerais. Não podendo contar sequer
com as forças militares, pois os soldados estavam passando para a oposição, D. Pedro I resolveu visitar a província e tentar, como no
passado, pacificá-la. Foi recebido com frieza pelos mineiros, que preferiram homenagear a memória de Líbero Badaró.
De volta ao Rio, os “colunas” (membros das Colunas do Trono) resolveram organizar uma manifestação de apoio ao governo. Os
“brasileiros” reagiram realizando uma manifestação contrária. Assim, partidários e adversários do imperador entraram em conflito no
dia 13 de março de 1831, fato que ficou conhecido como “Noite das Garrafadas”.

4.3 O Sete de Abril


Com o propósito de conter os ímpetos radicais, D. Pedro foi forçado a reorganizar seu ministério. Em 19 de março de 1831, formou
o Ministério Brasileiro, com brasileiros natos, porém sem prestígio político.
O partido português lançou uma nova provocação em 04 de abril, comemorando o aniversário de Maria da Glória, filha de D. Pedro e
herdeira legítima do trono português. Novos conflitos eclodiram entre as facções contrárias. Em 05 de abril, D. Pedro dissolveu o ministério
e organizou outro, francamente absolutista, o célebre Ministério dos Marqueses ou Ministério dos Medalhões.
Ocorreu então uma nova manifestação no Rio, exigindo a reintegração do ministério deposto. Apesar da insistência de setores civis e
militares, D. Pedro manteve-se irredutível. Essa atitude determinou a passagem de Francisco de Lima e Silva, chefe militar, para a oposição.
O imperador ficou completamente isolado e sem apoio. Não contava nem com as tropas para reprimir as manifestações. Já não restava
alternativa senão abdicar. E foi o que fez, em favor de seu filho D. Pedro de Alcântara, de 5 anos de idade. No dia 7 de abril de 1831, D.
Pedro I deixou de ser imperador do Brasil e, em seguida, abandonou o país, deixando aqui outros três filhos. Antes de partir, reconciliou-
se com os Andrada, nomeando José Bonifácio como tutor do futuro D. Pedro II.

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