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HISTÓRIA TURMA: 9º ANO

AULA 01/2023
Objeto de conhecimento: Experiências republicanas e práticas autoritárias: as tensões e disputas do mundo
contemporâneo.
Habilidade: (EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, econômicos políticos da
emergência da República no Brasil.

Proclamação da República - HISTÓRIA DO BRASIL

A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889 e foi resultado de uma articulação
entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia. Havia insatisfação entre os militares com salários e com
a carreira, além de eles exigirem o direito de manifestar suas posições políticas (algo que tinha sido proibido
pela monarquia).
Havia também descontentamento entre elites emergentes com a sub-representação na política da
monarquia. Grupos na sociedade começavam a exigir maior participação pela via eleitoral. A questão
abolicionista também somou forças ao movimento republicano. Esses grupos se uniram em um golpe que
derrubou a monarquia e expulsou a família
real do Brasil.

Monarquia em crise
A Proclamação da República, em 15 de
novembro de 1889, foi o resultado de um
longo processo de crise da monarquia no
Brasil. O regime monárquico começou a
entrar em decadência logo após o fim da
Guerra do Paraguai, em 1870, o que resultou
da incapacidade da monarquia de atender aos
interesses e as demandas da sociedade
brasileira.
Uma série de novos atores e novas ideias políticas surgiu e ganhou força por meio do movimento
republicano, estruturado oficialmente a partir de 1870, quando foi lançado o Manifesto Republicano. Ao redor
das ideias republicanas, formou-se um grupo consistente que organizou um golpe contra a monarquia em 1889.
Disputas políticas e a consolidação do Exército como uma instituição profissional são dois fatores de peso
nessa crise da monarquia. A exigência pela modernização do país fez com que muitos civis e militares
enxergassem na república a solução para o país, uma vez que a monarquia começou a ser considerada como
incapaz para as demandas existentes.

Militares
A insatisfação dos militares está diretamente relacionada com a profissionalização da corporação. Depois
disso, eles começaram a exigir melhorias em sua carreira como reconhecimento aos serviços prestados no
Paraguai. As principais exigências eram melhorias salariais e no sistema de promoção.
Outra forte insatisfação tem relação com o envolvimento do Exército brasileiro com a política. Os
militares entendiam-se como tutores do Estado brasileiro e, por isso, queriam ter o direito de manifestar suas
opiniões políticas publicamente. Um caso simbólico aconteceu em 1884, quando o oficial Sena Madureira foi
punido por mostrar apoio aos abolicionistas do Ceará.
A monarquia também procurou censurar os militares, proibindo que eles manifestassem suas opiniões em
jornais e nas corporações militares. Havia também exigências entre os militares para que o Brasil se

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convertesse em um país laico. Internamente, as insatisfações militares se reuniram ao redor da ideologia
positivista.
A partir do positivismo, os militares passaram a reivindicar a ideia de que a modernização que o Brasil
necessitava se daria por meio de um governo republicano ditatorial. Assim, eles acreditavam que era necessário
escolher um governante que fosse conduzir o país no caminho da modernização e, se necessário, esse
governante poderia se afastar das vontades populares.

Política e sociedade
A política no Segundo Reinado sempre foi complicada, sobretudo pela briga ferrenha entre conservadores
e liberais. Essa situação se agravou com a crise de sub-representação de algumas províncias. Na segunda
metade do século XIX, o eixo econômico do país tinha consolidado sua mudança do Nordeste para o Sudeste.
A província de São Paulo já havia se colocado como o grande centro econômico do Brasil, mas as elites
políticas dessa província se incomodavam pelo fato de que sua representação na política era pequena. Outras
províncias economicamente decadentes, como o Rio de Janeiro e a Bahia, gozavam de grande
representatividade política. Essa situação indispôs as elites dessa província com a monarquia, e isso nos ajuda
a entender, por exemplo, porque a província de São Paulo teve o maior partido republicano do Segundo
Reinado, o Partido Republicano Paulista (PRP).
Havia também sub-representação da sociedade no sistema político. As cidades cresciam e novos grupos
sociais se estabeleciam. Esses grupos emergentes demandavam maior participação na política brasileira, e o
caminho tomado foi o inverso. Os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores e
os grandes fazendeiros, mas os conservadores conseguiram aprovar a Lei Saraiva, em 1881.
Essa lei determinou novos critérios para estipular quem teria direito ao voto e, após sua aprovação, o
número de eleitores no Brasil caiu de 1.114.066 pessoas para 157.296 pessoas|1|. Isso correspondia a apenas
1,5% da população brasileira, ou seja, as demandas por participação não foram atendidas e a exclusão existente
foi ampliada.
Essas novas elites passaram a ocupar os espaços políticos de outras formas e manifestavam suas opiniões
por meio de jornais, associações e manifestações públicas em defesa de causas como o Estado laico|2|. Essa
insatisfação com os problemas da monarquia, obviamente, reforçou a causa republicana no país.
Em 1870, foi lançado o Manifesto Republicano, documento que criticava a centralização do poder na
monarquia e exigia um modelo federalista no Brasil (modelo que dá autonomia às províncias). Esse manifesto
também atribuía à monarquia a responsabilidade dos problemas do país e indicava a república como a solução.
O manifesto foi um norteador do movimento republicano no fim do Império.
Outra causa que reforçou muito o movimento republicano foi a defesa da abolição. O abolicionismo
mobilizou a sociedade brasileira na década de 1880, e grande parte dos abolicionistas defendia a república.
De forma geral, a socióloga Ângela Alonso resume que a monarquia brasileira se estruturou no seguinte
tripé:
● Participação política restrita;
● Escravismo (e exclusão do elemento africano); e
● Catolicismo como defensor das hierarquias sociais.
As décadas de 1870 e 1880 vieram justamente a questionar esse tripé, pois havia demandas por maior
participação social, o abolicionismo exigia a inserção do negro na sociedade e o laicismo procurou estabelecer
uma sociedade laica.

Proclamação da República
Havia então insatisfações com a monarquia em diferentes camadas da nossa sociedade. Elites emergentes,
militares, políticos, classes populares, escravos eram todos grupos com críticas à monarquia. Todas essas
insatisfações, em algum momento na década de 1880, tornaram-se uma conspiração.
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Ao longo dessa década, as manifestações públicas começaram a se tornar comuns, e críticas ao imperador
cresciam. Um atentado contra o carro do imperador em julho de 1889 motivou o Império a proibir
manifestações públicas em defesa da república, mas o Brasil estava em um caminho sem volta, pois o grupo
de insatisfeitos era muito grande.
Em novembro de 1889, a conspiração estava em curso e contava com nomes como Aristides Lobo,
Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Sólon Ribeiro, entre outros. O que faltava para os
conspiradores era a adesão do marechal Deodoro da Fonseca, um militar influente e primeiro presidente do
Clube Militar.
Em 10 de novembro, os defensores do golpe contra a monarquia se reuniram com Deodoro para convencê-
lo a tomar participação no movimento. Nos dias seguintes, os boatos de que uma conspiração estava em curso
começaram a ganhar força e, no dia 14, informações falsas sobre a monarquia começaram a ser anunciadas
em público com o objetivo de arregimentar apoiadores.
O golpe contra a monarquia seguiu no dia 15, quando o marechal Deodoro da Fonseca e tropas foram até
o quartel-general localizado no Campo do Santana. Foi exigida a demissão do Visconde de Ouro Preto da
presidência do gabinete ministerial. O visconde se demitiu e foi preso por ordem de Deodoro da Fonseca.
Entretanto, o marechal estava à espera de que o imperador fosse organizar um novo gabinete e, por isso,
deu vivas a D. Pedro II e então retornou para seu domicílio. A derrubada do gabinete não colocou fim aos
acontecimentos do dia 15, e as negociações políticas seguiram. Republicanos decidiram realizar uma sessão
extraordinária na Câmara Municipal do Rio de Janeiro para que fosse realizada uma solenidade de
Proclamação da República.
A Proclamação da República aconteceu na Câmara, sendo anunciada pelo vereador José do Patrocínio.
Houve celebração nas ruas do Rio de Janeiro, com os envolvidos na proclamação puxando vivas à república e
cantando A Marselhesa (canção revolucionária produzida durante a Revolução Francesa) nas ruas da capital.
Durante essa sucessão de acontecimentos, foi organizada uma tentativa de resistência sob a liderança de
André Rebouças e Conde d’Eu, marido da Princesa Isabel, mas essa resistência fracassou. O imperador D.
Pedro II permaneceu crente de que a situação seria facilmente resolvida, mas não foi assim que aconteceu.
Um governo provisório foi formado, o marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado como presidente do
Brasil (o primeiro de nossa história) e outros envolvidos com o golpe assumiram pastas importantes no
governo. A família real foi expulsa no dia 16 de novembro e, no dia seguinte, embarcaram com seus bens para
a cidade de Lisboa, em Portugal.

Quais foram as consequências?


A Proclamação da República mudou radicalmente a história brasileira. Trocaram-se os símbolos nacionais
e novos heróis, como Tiradentes, foram estabelecidos. Além da mudança da forma de governo, o Brasil passou
a ser uma nação com poder descentralizado, pois foi implantado o federalismo. Mudanças aconteceram no
sistema eleitoral, pois o critério censitário foi abandonado, e foi estabelecido o sufrágio universal masculino
para homens com mais de 21 anos.
O Brasil se tornou um Estado laico, e o presidencialismo tornou-se o sistema de governo. A organização
da república tomou forma quando foi promulgada uma nova Constituição no ano de 1889. A década de 1890
ficou marcada por ser um período de disputa entre republicanos e monarquistas e deodoristas e florianistas.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/proclamacaodarepublica.htm Acesso em: 13 de nov de 2020.

ATIVIDADES

1. A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889 e foi resultado de uma articulação
entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia. Quais eram essas insatisfações e reivindicações destes
grupos?
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2. Qual foi um dos principais fatores que levou o regime monárquico a entrar em decadência?

3. Uma série de novos atores e novas ideias políticas surgiu e ganhou força por meio do movimento
republicano, estruturado oficialmente a partir de 1870, quando foi lançado o
A) Manifesto comunista C) Manifesto republicano
B) Manifesto das nações D) Manifesto Monárquic

4. Pesquise nos meios que você tem disponível para que você tenha melhor compreensão sobre o que foi o
Manifesto Republicano. Destaque o que foi este movimento e qual era o seu principal objetivo.

5. Das alternativas seguir marque (V) para as que forem verdadeiras e (F) para as falsas. Sobre a emergência
da República pode-se dizer que
a) ( ) a partir do positivismo, os militares passaram a reivindicar a ideia de que a modernização que o Brasil
necessitava se daria por meio de um governo republicano ditatorial.
b) ( ) a política no Segundo Reinado sempre foi complicada, sobretudo pela disputa entre conservadores e
liberais.
c) ( ) na segunda metade do século XIX, o eixo econômico do país tinha consolidado sua mudança do Sudeste
para o Nordeste.
d) ( ) a província de São Paulo já havia se colocado como o grande centro econômico do Brasil, mas as elites
políticas dessa província se incomodavam pelo fato de que sua representação na política era pequena.
e) ( ) os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores e os grandes fazendeiros,
mas os conservadores conseguiram aprovar a Lei Saraiva, em 1881.
f) ( ) o abolicionismo mobilizou a sociedade brasileira na década de 1880, e grande parte dos abolicionistas
eram contra a república.

6. Agora reescreva as frases falsas de forma que elas se tornem verdadeiras.

7. Havia insatisfações com a monarquia em diferentes camadas da nossa sociedade. Todas essas insatisfações,
em algum momento na década de 1880, tornaram-se uma conspiração. Quais eram os principais grupos com
críticas à monarquia?

8. Os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores e os grandes fazendeiros, mas
os conservadores conseguiram aprovar a Lei Saraiva, em 1881. Em que consistia essa lei? Atualmente como
é a questão do direito ao voto? Existe semelhança ou diferença nesses direitos?

9. Quais as principais consequências da Proclamação da República.

AULA 02/2023
Objeto de conhecimento: A Proclamação da República e seus primeiros desdobramentos.
Habilidade: (EF09HI02) Caracterizar e compreender os ciclos da história republicana, identificando particularidades da
história local e regional até 1954.

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HISTÓRIA DO BRASIL

https://www.youtube.com/watch?v=ADhcPXIcwco

A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República e ficou marcada pelo predomínio das
oligarquias na política nacional. Esse período encerrou-se em 1930.
A Primeira República é o período da história do Brasil que aconteceu de 1889 a 1930, tendo sido iniciado
com a Proclamação da República que aconteceu em 15 de novembro de 1889 e encerrou-se com a deposição
de Washington Luís como consequência da Revolução de 1930. Esse período é conhecido por muitos como
República Velha, mas entre os historiadores o termo utilizado para referir a esse período é Primeira República.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República, que aconteceu no dia 15 de novembro
de 1889. A derrubada da monarquia ocorreu pela perda de apoio político fazendo com que esse regime se
tornasse impopular entre as elites do Brasil. Os militares, insatisfeitos com a monarquia há tempos, e uma
parcela da sociedade civil, sobretudo os oligarcas paulistas, organizaram um movimento para derrubar a
monarquia.
Em 15 de novembro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, os militares destituíram o Visconde
de Ouro Preto do Gabinete Ministerial. Ao longo do dia, as movimentações políticas levaram José do
Patrocínio a proclamar a República na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso marcou o início da Primeira
República Brasileira.

PERIODIZAÇÃO
A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889 a 1930. Um período específico da
Primeira República que foi de 1889 a 1894, também é conhecido como República da Espada. Esse nome se
deve ao fato de que os dois presidentes brasileiros (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) foram militares. A
República da Espada, porém, é um período incorporado à Primeira República.
Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases, conforme estabelece o professor
Marcos Napolitano:
 Consolidação (1889-1898): período marcado pela consolidação das estruturas políticas e econômicas da
Primeira República. Foi assinalado por crises na política e na economia.
 Institucionalização (1898-1921): período no qual a estrutura política da Primeira República estava
devidamente consolidada. Aqui se definiram políticas como a dos governadores e do café com leite.
 Crise (1921-1930): período no qual as estruturas políticas da Primeira República entraram em crise por
conta da incorporação de novos atores na política brasileira. Conflitos entre as oligarquias também
contribuíram para o fim da Primeira República.

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CARACTERISTICAS
A Primeira República, além de República Velha, é muito conhecida também como República
Oligárquica e isso porque esse período ficou marcado pelo predomínio das oligarquias sobre nosso país. As
oligarquias eram forças políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto é, na terra (os oligarcas eram,
em geral, grandes proprietários de terra).
O predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser consolidado a partir de 1894,
quando Prudente de Morais foi eleito presidente. A eleição de Prudente de Morais também marcou o fim do
citado período conhecido como República da Espada. O predomínio das oligarquias resultou em algumas
características que são consideradas grandes marcas da Primeira República.
Essas características são o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo. Essas três simbolizam o poder
das elites agrárias do país manifestado na posse de terras, além de manifestar o poder dos coronéis sobre as
regiões interioranas do Brasil e a troca de interesse, elemento fundamental para a sustentação das oligarquias
no poder.
Outras características muito importantes desse período foram as políticas que sustentavam as estruturas
no âmbito político do Brasil. Aqui estamos falando da política dos governadores e da política do café com
leite. Essas políticas foram muito importantes, porque reduziram os conflitos entre as oligarquias, mas não
acabaram com eles.

POLÍTICA DOS GOVERNADORES


A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi criada durante o governo
de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e 1902. Foi com a política dos governadores que o
funcionamento político brasileiro na Primeira República foi estruturado. Por meio dessa política, foi possível
realizar uma aliança entre executivo e legislativo.
O historiador Boris Fausto definiu os objetivos da política dos governadores da seguinte maneira:
Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas políticas no âmbito de cada
Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a um acordo básico entre a União e os Estados; pôr fim à
hostilidade existente entre Executivo e Legislativo, domesticando a escolha dos deputados.
Na prática, essa política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal daria apoio à oligarquia mais
poderosa de cada Estado. Em troca, o governo exigia que cada oligarquia apoiasse as propostas do Governo
Federal no legislativo.
Assim, as oligarquias deveriam eleger deputados dispostos a atuar em favor do governo no legislativo.
Com o apoio à oligarquia mais poderosa, o Governo Federal esperava que os conflitos políticos respingassem
o mínimo possível no âmbito federal e ficassem reduzidos apenas ao âmbito estadual.
O funcionamento da política dos governadores dependia consideravelmente da figura do coronel, pois
seria ele que, a nível regional, mobilizaria os votos necessários para eleger os candidatos certos, de acordo
com o interesse de cada oligarquia.
O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a votar em determinado candidato. Essa
intimidação dos eleitores é conhecida como “voto de cabresto”. Além da intimidação, a fraude das atas que
registravam os votos eram uma prática comum.

POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE

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https://websites.arenamarcas.com.br/educacao/o-que-foi-a-politica-do-cafe-com-leite/

A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à Primeira República. Essa
política ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de 1913, com a assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as
oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Esse conceito refere-se ao revezamento dos candidatos lançados à
presidência por essas duas oligarquias.
Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência da República. O nome “café com
leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o maior produtor de café do Brasil, enquanto Minas Gerais
era o maior produtor de leite.
O uso desse conceito para explicar a Primeira República tem sido criticado pelos historiadores, porque as
oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o funcionamento jogo político desse período não passava
exclusivamente por elas, uma vez que existiam outras oligarquias no país.

ECONOMIA

No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O grande produtor dele no Brasil
era o estado de São Paulo. No começo do século XX, os cultivadores começaram a aumentar a quantidade de
café produzida, o que acarretou a queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou abarrotado com
a mercadoria. Visando a defender seus interesses, os cafeicultores reuniram-se no Convênio de Taubaté.
Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de sacas de café com o
objetivo de controlar o preço desse produto no mercado internacional. Isso garantiria os lucros dos fazendeiros
e resolveria a questão do preço do café. Além disso, decidiu-se que o Estado realizaria um empréstimo de 15
milhões de libras para conseguir realizar a compra do excedente dessas sacas.
Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento industrial, sobretudo no Estado
de São Paulo. O desenvolvimento industrial em São Paulo foi, em parte, financiado pela prosperidade do
negócio cafeeiro e a cidade de São Paulo concentrou grande parte desse crescimento industrial.
As indústrias receberam um grande número de trabalhadores imigrantes e o crescimento industrial
resultou no surgimento do movimento operário do Brasil, sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu
a Revolução Russa.

DECADÊNCIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA


A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920. A entrada de novos atores na política
nacional, como os tenentistas, contribuiu para seu fim. O desgaste do pacto que mantinha as oligarquias
minimamente em paz também contribuiu para o fim desse período da história brasileira. Na década de 1920,
os tenentistas foram uma força que abalou a estrutura da Primeira República.
Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas oligárquicas que estavam
estabelecidas no país. Ao longo da década de 1920, os tenentistas realizaram uma série de revoltas por todo o
país como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes.
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Importante mencionar que a Primeira República foi um período marcado por tensões sociais que
resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil. Aqui podemos citar a Guerra de Canudos, Revolta da
Armada, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata etc.
O estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de 1930. Naquela ocasião, o
presidente Washington Luís resolveu romper com o Pacto de Ouro Fino e em vez de lançar um candidato
mineiro optou por lançar Júlio Prestes, candidato paulista. Isso desagradou profundamente a oligarquia
mineira que se aliou à oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos lançaram Getúlio Vargas como candidato
presidencial.
Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral, inconformados com a derrota,
começaram a conspirar contra o governo. A desculpa utilizada pelos membros da Aliança Liberal (chapa de
Vargas) para iniciar uma revolta armada contra o governo foi o assassinato de João Pessoa, vice-presidente de
Vargas. O assassinato de João Pessoa, porém, não teve relação com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e
Vargas.
A revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930, iniciou-se em 3 de outubro de 1930, e,
no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de Washington Luís da presidência. Júlio Prestes foi impedido
de assumir a presidência do país e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi empossado como
presidente provisório do país. Esse era o fim da Primeira República, e o início da Era Vargas, período que se
estendeu por quinze anos.

Resumo
 A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1930.
 A posse de Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de 1930, marcou o fim desse período.
 A política dos governadores e a política do café com leite eram práticas importantes desse período.
 A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e República Oligárquica.
 Outras características importantes desse período foram mandonismo, clientelismo e coronelismo.
 O Convênio de Taubaté foi um acontecimento importante, pois garantiu os interesses dos cafeicultores
paulistas.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/primeira-republica.htm Acesso em: 13 de nov de 2020.

ATIVIDADES

1. A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República e ficou marcada pelo predomínio das
oligarquias na política nacional. Esse período encerrou-se em 1930. Esse período pode ser chamado também
de
A) República velha. C) República república oligárquica.
B) República da Espada. D) Todas as alternativas estão corretas.

2. Durante o período das oligarquias, qualquer tipo de manifestação contra o poder era fortemente combatido.
Entretanto, vários foram os grupos que protestavam contra os atos do governo e partidos daquela época. Por
conta disso, conflitos se instalavam no momento político brasileiro. Cite alguns destes conflitos.

3. Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases. Preencha o quadro a seguir o que
consistia em cada uma dessas fase, o período e as principais características de cada fase.

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Fase Período Características

4. A política dos governadores e a política do café com leite foram características muito importantes da
Primeira república elas sustentavam as estruturas no âmbito político do Brasil. Essas políticas foram muito
importantes, porque reduziram os conflitos entre as oligarquias. Faça uma síntese destas duas características
políticas do Brasil da Primeira República, destacando o que foi cada uma delas seus objetivos e como
funcionava.

Leia o texto a seguir para compreender os ciclos da história republicana e suas particularidades

Regime instaurado com a Proclamação da República

O Brasil República é uma fase da História do Brasil que começou com a Proclamação da República, em
15 de novembro de 1889, e dura até os dias atuais. O regime republicano pôs fim ao Antigo Império depois da
ação de alguns militares liderados por Deodoro da Fonseca, que assumiu a presidência do país até que fosse
promulgada uma nova Constituição. Desde que teve início, o Brasil República passou por cinco diferentes
fases: República Velha, Era Vargas, República Populista, Ditadura Militar e Nova República. Conheça um
pouco cada um desses períodos.

FASES DO BRASIL REPÚBLICA


Durante o período do Brasil República (vigente desde 1889) o país passou por diferentes governos, incluindo
períodos de Ditadura Militar.

REPÚBLICA VELHA (1889 a 1930)

Também chamada de República Oligárquica, a República Velha teve início com Proclamação da
República em 1889. Essa primeira fase do Brasil República foi marcada pelo domínio político das elites
agrárias e ficou dividida em dois períodos:
- República da Espada (1889-1894): durante esses anos o Brasil foi governado pelos militares Deodoro da
Fonseca (1891) e Floriano Peixoto (1891-1894). Por isso o nome de República da Espada.
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- República das Oligarquias (1894-1930): também chamada de Política do Café com Leite, a política nessa
fase foi dominada pelas elites mineira e paulista que se alternavam no poder. Essa dominação oligárquica só
teve fim com a Revolução de 1930. Nesse período, o Brasil foi governado por: Prudente Moraes (1894-1898);
Campos Salles (1898-1902), Rodrigues Alves (1902-1906), Affonso Pena (1906-1909), Nilo Peçanha (1909-
1910), Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914), Wenceslau Bráz (1914-1918), Delfim Moreira da Costa
Ribeiro (1918-1919), Epitácio Pessoa (1919-1922), Artur Bernardes (1922-1926), Washington Luiz (1926-
1930).
ERA VARGAS (1930-1945)
Iniciada com a Revolução de 1930, que expulsou a oligarquia cafeeira do poder, na segunda fase do Brasil
República o país foi governado por Getúlio Vargas durante 15 anos. A Era Vargas foi dividida em:
- Governo Provisório (1930-1934): nesse período, o presidente Getúlio Vargas centralizou o poder e eliminou
os órgãos legislativos. Em oposição às ações de Vargas, as oligarquias paulistas exigiram a elaboração de uma
Assembleia Constituinte, originando a chamada Revolução Constitucionalista de 1932. Vargas derrotou as
forças oposicionistas e, em 1934, promulgou uma nova Constituição que dava maiores poderes para o
Executivo. Assim ele garantiu mais um mandato.
- Governo Constitucional ou Presidencial (1934-1937): no segundo mandato, Getúlio Vargas manteve a
centralização do poder, perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento comunista brasileiro, cancelou
uma eleição prevista para 1937, anulou a Constituição de 1934, acabou com o Poder Legislativo e passou a
governar com amplos poderes, dando início ao chamado Estado Novo.
- Estado Novo (Regime Ditatorial de 1937-1945): durante a ditadura de Vargas ele impôs a censura aos meios
de comunicação, reprimiu a atividade política, perseguiu e prendeu seus inimigos políticos. Também nesse
período Vargas criou a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e publicou os Códigos Penal e de Processo
Penal, que ainda hoje estão em vigor. A Era Vargas chegou ao fim quando o presidente se viu obrigado a
convocar eleições que elegeram Gaspar Dutra.
- República Populista (1945-1964) Essa fase do Brasil república começou com a posse de Eurico Gaspar
Dutra. No mesmo ano houve promulgação da quinta Constituição do Brasil, que garantia direitos civis e
eleições livres. Marcada por fortes tensões políticas e pela política desenvolvimentista, durante a República
Populista, o Brasil foi governado por: Eurico Gaspar Dutra (1946-1951); Getúlio Vargas (1951-1954); Café
Filho (1954-1955); Carlos Luz (1955); Nereu Ramos (1955-1956); Juscelino Kubitschek (1956-1960); Jânio
Quadros (1961); e João Goulart (1961-1964). Em 1º de 1964, o Golpe Civil-Militar colocou fim à fase
democrática do Brasil, dando início à Ditadura Militar.
- Ditadura Militar (1964-1985) O Regime Militar se instalou no país em abril de 1964. Durante essa fase do
Brasil República, os militares que tomaram o poder cassaram mandatos políticos, retiraram a estabilidade de
funcionários públicos, suspenderam direitos políticos dos cidadãos, ampliaram a repressão e intensificaram a
censura. Durante 21 anos, o Brasil foi governado por militares que estabeleceram um regime totalitário e
centralizador. Os presidentes desse período foram: Marechal Castelo Branco (1964-1967); General Costa e
Silva (1967-1969); General Médici (1969-1974); General Ernesto Geisel (1974-1979); General Figueiredo
(1979-1985). A Ditadura Militar no Brasil terminou após campanhas da sociedade brasileira pelas Diretas Já,
para realização de eleições presidenciais.
- Nova República (a partir de 1985) Esse período do Brasil República marcou a democratização política e a
estabilização da economia. O marco da Nova República foi a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso
Nacional. Tancredo morreu antes da posse e o cargo de presidente foi assumido pelo vice-presidente José
Sarney.
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi instituída a república presidencialista e o Estado
Democrático. Um ano depois houve as primeiras eleições diretas para a presidente, que elegeram Fernando

122
Collor. Em 1992, Collor sofreu um processo de impeachment e foi afastado do cargo, que foi assumido pelo
vice-presidente Itamar Franco.
Em 1994, houve novas eleições que elegeram Fernando Henrique Cardoso. Ele foi reeleito em 1998 e
permaneceu no poder até o ano de 2002. Seu sucessor foi Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o país até
2009. Já em 2010 o Brasil elegeu a primeira mulher para a presidência - Dilma Rousseff, reeleita em 2014.
Menos de dois anos do segundo mandato, Dilma Rousseff sofreu um impeachment e a presidência foi
assumida pelo vice-presidente Michel Temer, que permaneceu no poder até 2018.
As eleições presidenciais de 2018 elegeram para presidência o deputado federal Jair Messias Bolsonaro,
que assumiu o Poder no dia 1 de janeiro de 2019. Nessa fase do Brasil República as eleições presidenciais
ocorrem a cada quatro anos. Atualmente o presidente é eleito pelo voto direto e o cargo eletivo tem direito a
uma reeleição.
Os presidentes do Brasil nesse período foram: José Sarney (1985-1990); Fernando Collor (1990-1992);
Itamar Franco (1992-1994); Fernando Henrique Cardoso (1995-2002); Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010);
Dilma Rousseff (2011-2016); Michel Temer (2016-2018).
Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/brasil-republica Acesso em: 13 de nov de 2020.

ATIVIDADES

5. Durante o período do Brasil República (vigente desde 1889) o país passou por diferentes governos, incluindo
períodos de Ditadura Militar. A linha do tempo a seguir representa o período republicano 1889 a atualidade.
Preencha a linha do tempo com o nome de cada uma das fases e o que marcou o início e o fim de cada uma
delas, bem como as principais características.

1889 1930 1945 1964 1985

123
AULA 03/2023
Objeto de conhecimento: A questão da inserção dos negros no período republicano do pós-abolição;
Habilidade: (EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós-abolição e avaliar
os seus resultados.

HISTÓRIA DO BRASIL

COMO FICOU A VIDA DAS PESSOAS ESCRAVIZADAS, APÓS A LEI ÁUREA?

Com a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, aproximadamente 700 mil pessoas escravizadas
conquistaram sua liberdade e enfrentaram novos
desafios na condição de libertos.
A abolição da escravatura, que aconteceu no
Brasil em 13 de maio de 1888, foi um dos
acontecimentos mais importantes de nossa
história. Esse foi um assunto que atravessou o
debate político no Brasil durante todo o século
XIX, e a abolição só aconteceu por meio de uma
campanha popular aliada à resistência das
pessoas escravizadas.
Com a abolição, estas pessoas conquistaram
a sua liberdade e seus antigos donos não https://portal.unit.br/blog/noticias/lei-aurea-nao-reparou-danos-causados-aos-negros/
receberam nenhum tipo de indenização por isso.
Uma pergunta muito importante que surge desse assunto é: como ficou a vida das pessoas escravizadas, após
a Lei Áurea? Assim, neste texto tentaremos trazer alguns esclarecimentos acerca das condições de vida dos
libertos após o 13 de maio.

CONTEXTO
Antes de tudo, é necessário entendermos um pouco do contexto pós-abolição. A luta pelo fim da
escravidão no país foi algo que se estendeu durante todo o século XIX. Ao longo desse século, as pessoas
escravizadas resistiram de diversas maneiras e em diversos locais do país. Seja por meio de fugas, seja por
meio de revoltas, elas demonstraram diversas vezes a sua insatisfação.
A escravidão no Brasil era uma instituição que existia desde meados do século XVI, tendo sido introduzida
pelos portugueses durante a colonização. Com a nossa Independência, essa instituição cresceu e tornou-se
profundamente presente em nossa sociedade. A quantidade de pessoas escravizadas que entrou no Brasil via
tráfico negreiro, a partir do século XIX, evidencia isso.
Três dados importantes que reforçam a presença do tráfico de pessoas escravizadas no Brasil são:
 Na primeira metade do século XIX, cerca de 1,5 milhão de africanos desembarcaram no Brasil;
 Entre 1831 e 1845, cerca de 470 mil africanos foram enviados para o Brasil pelo tráfico;
 Entre 1841 e 1850, 83% dos africanos enviados para a América vieram para o Brasil.
O primeiro passo para a abolição da escravidão em nosso país deu-se com a proibição do tráfico por meio
da Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Essa lei foi aprovada como forma de evitar um conflito com a Inglaterra
— país que pressionava o Brasil, havia décadas, pelo fim do tráfico negreiro. Caso tenha interesse em saber
mais sobre o tráfico ultramarino de pessoas escravizadas, acesse este texto: Tráfico negreiro.
A proibição do tráfico de escravos deu início a um lento processo que resultou na abolição da escravatura
quase quatro décadas depois. O movimento abolicionista ganhou real força na sociedade brasileira a partir da
124
década de 1870. A mobilização pelo fim da escravidão aconteceu em diferentes níveis e contou com a
participação de intelectuais, classes populares e, principalmente, com o envolvimento das próprias pessoas
escravizadas.
As pessoas escravizadas se organizavam e preparavam fugas individuais ou em massa e, para isso,
reuniam-se em quilombos que cresciam ao redor das grandes cidades. Outras vezes organizavam revoltas
contra os seus senhores. A resistência africana contou com o apoio de grupos da sociedade que a abrigavam
quando estava em fuga, incentivavam-na a rebelar-se, davam apoio jurídico, defendiam a causa politicamente
etc.
O enfraquecimento da escravidão no Brasil, resultado do esforço do movimento abolicionista, é
claramente identificado por meio da população de pessoas escravizadas que foi diminuindo consideravelmente
ao longo do século XIX, conforme levantamento do historiador João José Reis:
 1818: 1.930.000
 1864: 1.715.000
 1874: 1.540.829
 1884: 1.240.806
 1887: 723.419
No final da década de 1880, a manutenção da escravidão era praticamente inviável, pois, ao mesmo tempo
que afetava a imagem internacional do Brasil (o último país da América a ainda utilizar o trabalho de pessoas
escravizadas), afetava a ordem interna do país, já que o Império não conseguia mais controlar a situação e as
fugas eram frequentes.
Assim, em 13 de maio de 1888, foi aprovada a Lei Áurea. Essa lei, primeiramente, foi aprovada no Senado
e depois foi encaminhada para que a princesa regente, princesa Isabel, assinasse-a. A Lei Áurea garantiu a
liberdade para estas pessoas escravizadas de maneira imediata, e seus “donos” não receberam nenhum tipo de
indenização.
Com essa lei, os libertos agora estavam livres para buscarem uma vida melhor. A vida destas pessoas pós-
abolição continuou não sendo fácil, principalmente pelo fato de que o preconceito na sociedade era evidente
e porque não houve medidas para integrá-los economicamente na sociedade. Vejamos abaixo como foi o
contexto imediato da vida das pessoas escravizadas, após a abolição.

O DIA APÓS A ABOLIÇÃO


No dia em que a Lei Áurea estava sendo aprovada, a expectativa popular nas ruas do Rio de Janeiro era
gigantesca e as pessoas reuniram-se ao redor do Senado e do Paço Imperial. A aglomeração de pessoas contava
com a realização de passeatas dos grupos abolicionistas, conforme pontuou o historiador Walter Fraga.
Após ser aprovada no Senado, a Lei Áurea foi encaminhada para a assinatura da princesa Isabel — que
aconteceu no meio da tarde de 13 de maio de 1888. Assim que foi divulgada a notícia de que a abolição da
escravidão havia sido decretada, a festa espalhou-se pela capital do Brasil. A comemoração do Rio de Janeiro
foi tão grande que se estendeu por sete dias.
A comemoração na capital mobilizou milhares de pessoas e esse cenário repetiu-se em outras grandes
cidades do Brasil, como foram os casos de Salvador e Recife. Nas duas cidades, foram realizadas
comemorações de ruas que contaram com passeatas de associações abolicionistas, foguetório, desfile de
bandas e o envolvimento de milhares de pessoas que festejaram por dias.
As festas em ambos os estados se mesclaram com outras celebrações populares típicas desses locais. No
caso de Salvador, a comemoração da abolição mesclou-se com celebrações do 2 de julho de 1823 (data em
que a Bahia concretizou sua independência de Portugal no contexto das guerras de Independência), e no caso
de Recife, as comemorações da abolição associaram-se com o 25 de março de 1884 (data que foi abolida a
escravatura no Ceará).
125
A festa nos três locais citados
contou com a adesão dos libertos e
foram tão efusivas como os registros
contam porque, como explica o
historiador Walter Fraga,
simbolizaram a vitória popular e
traziam uma forte expectativa por dias
melhores para os escravos e para todo
o país.
Essa preocupação e esse desejo
por dias melhores são muito bem
representados por um registro
resgatado pela historiadora Wlamyra
Albuquerque. Nesse registro, um
grupo de libertos de Paty do Alferes,
no Rio de Janeiro, redigiu uma carta Festa da abolição da escravatura no Largo da Estação
https://leopoldinense.com.br/noticia/10944/festa-da-abolicao-da-escravatura-no-largo-da-estacao
para Rui Barbosa demonstrando a
preocupação com o futuro de seus filhos: “Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso
esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução”.
O relato em questão é de 1889 e demonstra grande preocupação com o futuro dos filhos destas pessoas
escravizadas, nascidos após a Lei do Ventre Livre, de 1871, e com a falta de instrução dada a esses. Isso
demonstra claramente que as pessoas que eram escravizadas se preocupavam com o seu futuro e a falta de
ações governamentais para promover melhores condições de vida aos libertos após 1888.

A VIDA DOS LIBERTOS APÓS A LEI ÁUREA


A primeira grande reação dos libertos com a Lei Áurea foi, naturalmente, comemorar. À medida que a
notícia se espalhava, grandes comemorações eram realizadas e festas aconteceram tanto nas grandes cidades,
como nas zonas rurais do Brasil. Uma vez passada a euforia, a nova situação levou os libertos a procurarem
melhores alternativas para viver, e Walter Fraga, utilizando o cenário do Recôncavo Baiano, fala que uma das
reações dos libertos foi se mudar.
Assim, muitos libertos abandonando as fazendas nas quais foram escravizados e mudaram-se para outras
ou então foram para cidades. Essas migrações de libertos aconteceram por múltiplos fatores. Mudavam-se para
se distanciar dos locais em que foram escravizados, ou então iam para outros lugares procurar parentes e se
estabelecer juntos desses, ou até mesmo, procurar melhores salários, conforme descreve Walter Fraga.
Essas migrações, na maioria dos casos, eram uma ação mais realizada pelos homens jovens, por terem
melhores possibilidades de se estabelecer em uma terra para cultivá-la. As mulheres que possuíam filhos e os
idosos tinham menos possibilidades de migrar à procura de melhores condições.
A migração dos libertos gerou uma reação de grandes proprietários e das autoridades daquela época
trazendo-lhes muita insatisfação, sobretudo porque os primeiros não aceitavam mais as condições de trabalho
degradantes que existiam antes de 1888 e porque estavam sempre em busca de melhores salários. Assim, os
grandes proprietários, sobretudo do interior do país, começaram a pressionar as autoridades para que elas
reprimissem essa movimentação.
Com isso, os grupos de libertos que migravam começaram a sofrer com a repressão e foram sendo taxados
de vadiagem e vagabundagem. Essa medida focava, sobretudo, aos mais insubordinados e que costumavam
não aceitar as condições impostas pelos grandes proprietários.

126
Muitas vezes também, os grandes fazendeiros e antigos donos de pessoas escravizadas impediam que os
libertos fizessem suas mudanças. Muitos desses eram ameaçados fisicamente para que não se mudassem, e
outra estratégia utilizada era a de tomar a tutoria dos filhos dos libertos. Inúmeros grandes proprietários
acionavam a justiça para ter a tutoria sobre as crianças e com isso forçavam esses a permanecerem em sua
propriedade. Houve, inclusive, casos de filhos de libertos que foram sequestrados.
Existiram senhores de escravos que não aceitavam pagar salários para os libertos, mas havia muita
resistência por parte dos libertos quanto a isso. Após a Lei Áurea, os libertos passaram a questionar as
condições que lhes eram oferecidas e essa atitude passou a ser vista como insolência. A repressão mencionada
anteriormente foi uma resposta dos grandes fazendeiros a isso.
Se os libertos não encontrassem condições que lhes agradassem, e se tivessem outras condições, a
migração era sempre uma opção. Os pagamentos exigidos eram realizados diariamente ou semanalmente e a
jornada deveria ter um limite. Aqueles que se mudavam para as cidades acabavam aprendendo diferentes
ofícios, tais como o de marceneiro, charuteiro (produtor de charuto), servente, pedreiro etc. As mulheres, na
maioria dos casos, assumiam posições relacionadas com o trato doméstico.
Logo após a abolição da escravatura, uma das questões mais importantes, e que foi definidora para garantir
a manutenção do liberto como um indivíduo marginal e subalterno na pirâmide social, foi a questão da terra.
Não foi realizada reforma agrária e, assim, a grande maioria dos 700 mil libertos, a partir de 1888, não teve
acesso à terra, sendo esses forçados a sujeitarem-se aos salários baixos oferecidos pelos grandes proprietários.
A falta de acesso à educação por parte dos libertos, como mencionado em uma citação anterior, era uma
preocupação para esses e foi uma questão fundamental para manter esse grupo marginalizado. Sem acesso ao
estudo, esse grupo permaneceu sem oportunidades para melhorar sua vida.
Após a abolição, muitos libertos acabaram optando por retornarem ao continente africano, dada as
dificuldades encontradas aqui para eles. Todas as dificuldades, porém, não foram impeditivos para fazer com
que os libertos relembrassem e comemorassem o 13 de maio como um marco da sociedade brasileira.
SILVA, Daniel Neves. "Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?"; Brasil Escola. (Adaptado)
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/como-ficou-vida-dos-ex-escravos-apos-lei-aurea.htm. Acesso em 16 de novembro de 2020. (adaptado)

ATENÇÃO!

A diferença entre "escravo" e "escravizado" é que,


gramaticalmente, "escravo" é um substantivo, de modo que dá a
ideia de que a pessoa em situação de escravidão está nesta situação
por sua natureza (ela "é" um escravo, teoria que Aristóteles, por
exemplo, defendia), enquanto que "escravizado" é adjetivo, e
descreve a situação de alguém que foi submetido ao regime da
escravidão.
Optar por usar escravizado, ao invés de escravo, é uma
decisão política que, do ponto de vista histórico, é mais correta, pois
os povos que aqui trabalharam sob a escravidão não eram, "por
natureza", escravos, e sim escravizados, submetidos, com muita
violência, a esta situação deplorável.

ATIVIDADES

1. A mobilização pelo fim da escravidão aconteceu em diferentes níveis e contou com a participação de
intelectuais, classes populares e, principalmente, com o envolvimento das pessoas escravizadas. Em um

127
parágrafo escreva como se deu esses movimentos de resistência por parte das pessoas escravizadas e como os
grupos da sociedade as apoiava.

2. A Lei Áurea garantiu a liberdade para as pessoas escravizadas de maneira imediata, e os donos de escravos
não receberam nenhum tipo de indenização. Com essa lei, os libertos agora estavam livres para buscarem uma
vida melhor. Após a leitura do texto posicione sobre como ficou a vida das pessoas escravizadas após serem
libertos.

3. Das alternativas a seguir assinale (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas. Sobre a vida das pessoas
escravizadas, em liberdade após a abolição, pode-se dizer que
a) ( ) uma das reações dos libertos foi mudarem-se de lugar.
b) ( ) muitos pessoas escravizadas acabaram abandonando as fazendas nas quais foram escravizados e
mudaram-se para outras ou então foram para cidades.
c) ( ) as migrações, eram uma ação mais realizada pelos homens jovens, por terem melhores possibilidades
de estabelecerem-se em uma terra para cultivá-la.
d) ( ) os libertos aceitavam pacificamente as condições de trabalho degradantes, não buscavam melhores
salários, tornando a situação bastante cômoda para os grandes proprietários e as autoridades daquela época.
e) ( ) os grupos de libertos que migravam sofriam com a repressão e foram taxados de vadiagem e
vagabundagem.
f) ( ) a falta de reforma agraria após a abolição da escravatura, foi definidora para garantir a manutenção do
liberto como um indivíduo marginal e subalterno na pirâmide social.
g) ( ) a falta de acesso à educação por parte dos libertos, foi uma questão fundamental para manter esse grupo
marginalizado. Sem acesso ao estudo, esse grupo permaneceu sem oportunidades para melhorar sua vida.

4. a Lei Áurea levou os libertos a procurarem melhores alternativas para viver e uma das reações dos libertos
foi se mudar. Assim, muitos libertos abandonaram as fazendas nas quais foram escravizados e mudaram-se
para outras ou então foram para cidades. Quais foram os fatores que levaram os libertos a se mudarem?

AULA 04/2023
Objeto de conhecimento: A questão da inserção dos negros no período republicano do pós-abolição;
Habilidade: (EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na formação econômica, política e
social do Brasil.

UMA REPÚBLICA SEM IGUALDADE POLÍTICA

Se o fim da escravidão acenderia uma centelha de esperança nos corpos e corações das pessoas negras
escravizadas, que lutavam incansavelmente por sua liberdade e igualdade, imagine aliar isso à ascensão de um
novo regime que prometia acabar com os privilégios estamentais do Império? Um regime que, ao menos em
tese, tem entre seus principais fundamentos a ausência de privilégios institucionais e religiosos e a alternância
no poder. Estamos falando da república, conceito que, embora evoque a afirmação do valor da liberdade
política e do alto nível de igualdade dos cidadãos, ainda convive com afirmações da existência de um príncipe
herdeiro no Brasil.
O “em tese” acima citado é para demonstrar que, na prática, o que se viu não foi bem assim. A não ser
pela Família Real, a república manteve privilégios das elites. Seria sonhar demais: imaginar que um país que
nasceu e se desenvolveu em trezentos anos sobre os ombros de pessoas negras escravizadas faria uma transição
justa para uma república sem escravizados, e acabaria com seus privilégios.
128
É importante lembrar que o fim da escravidão, a Proclamação da República e a promulgação da
Constituição de 1891 se desdobraram no século XIX, período em que as teorias racialistas alcançaram seu
auge, sobretudo no Brasil, onde boa parte da elite local se apropriou delas. A questão passou a ser a necessidade
de deixar a escravidão no passado, pois nascia a partir dali um novo país, presente no hino da Proclamação da
República: “(…) nós nem cremos que escravos outrora, tenha havido em tão nobre País… (…)”.
A inexistência de políticas de amparo material e simbólico aos ex-cativos reforça a tentativa de relegar a
escravidão ao passado imperial. Essa deveria ser uma responsabilidade do passado escravista e não do então
presente promissor republicano. Lembre-se da Queima dos Arquivos da Escravidão, em 1890, determinado
pelo então Ministro da Justiça Rui Barbosa, que sob a justificativa de evitar indenizações aos proprietários de
escravos, trouxe grande prejuízo para a memória coletiva do povo negro.
A Constituição de 1891 veio para
institucionalizar os valores republicanos. Houve,
por um lado, a ampliação do conceito de cidadania
civil, aquela que determinaria quem seria
reconhecido como pessoa brasileira, mas manteve-
se a restrição sobre a cidadania política, aquela que
permitiria às pessoas intervir na vontade política
do país. Por exemplo, em seu artigo 70, § 1º,
estipula que os mendigos e os analfabetos não
seriam considerados cidadãos, sendo necessário
destacar uma desagradável “coincidência”: a
maioria do contingente de mendigos e analfabetos
era oriunda direta ou indiretamente da escravidão.
https://theintercept.com/2018/12/16/rui-barbosa-quadrinho/
A abolição da escravidão, o crescimento das
teorias racialistas, bem como a ausência de qualquer
política de amparo material para essas pessoas, e o silêncio a esse respeito levam a crer mais em uma tecnologia
de governo pautada em higienização popular e eliminação de uma espécie de inimigo. Esperava-se que, ao
deixar estas pessoas à sua própria sorte, elas desapareciam de forma “natural”, permanecendo somente os
“fortes”, como lembra o professor Hilton Costa.

RACISMO E TOLERÂNCIA NA REPÚBLICA

Na transição do Império para a República, percebe-se que, para as pessoas negras recém libertas, a única
mudança foi da casa grande para os subúrbios e para as primeiras favelas do país. Mesmo diante desta
exposição à precariedade humana e a todo tipo de violência, a luta das pessoas negras para retomar suas
condições humanas jamais cessou. É importante lembrar junto a Lilia Schwarcz que os proprietários do
período imperial também se apropriaram da República.
Nos conturbados anos 1930, o Brasil, diante das falhas das primeiras décadas da República, precisava
criar uma imagem, para marcar o novo momento. É neste contexto que o governo Getúlio Vargas se apropria
da ideia de democracia racial, cunhado pelo sociólogo Gilberto Freyre, para demonstrar ao mundo que o
processo de escravidão brasileiro foi “menos violento” que os outros, em mais um esforço de escamotear as
disputas da população negra e subjugá-las às memórias subterrâneas do país.
O mais contraditório nesse período é o fato de que, ao mesmo tempo que se pregava para o mundo que as
“raças conviviam em harmonia no Brasil”, internamente criava-se uma política da tolerância. Assim, a política
institucional do Estado brasileiro se baseava em estimular a educação eugênica, conforme estabelecia o artigo
138, b, da Constituição de 1934. Somam-se a isso os debates da Constituinte de 34, nos quais se defendeu que
“(…) jamais seremos uma grande nação se não cuidarmos de defender e melhorar a nossa raça.”
129
A transição para um país “moderno” estaria condicionada à eliminação de um novo inimigo, no caso, a
presença das pessoas negras. Dessa
forma, o progresso nacional somente
aconteceria se fosse adotada uma política
de embranquecimento da população.
Desse momento em diante há o aumento
do processo de imigração de europeus
para o Brasil, fato de conhecimento geral,
invisibilizado pela narrativa oficial de que
o Brasil é um país receptivo, de pessoas
solidárias e “pacíficas”. Já na
ditadura do Estado Novo (1937-1945),
qualquer tipo de manifestação política
contestatória era reprimido
violentamente. A discriminação racial
aumentava à medida em que a
http://publicadosbrasil.blogspot.com/2018/10/estado-novo-outra-ditadura.html
competitividade do mercado ampliava,
pois, as pessoas negras continuavam expostas à precariedade e marginalizadas nas favelas. Como instrumento
de resistência e denúncia dessas práticas, na década de 1940, destacavam-se a União dos Homens de Cor
(UHC) e o Teatro Experimental do Negro (TEN), sob a liderança do intelectual Abdias do Nascimento. Entre
suas pautas estavam: a defesa dos direitos civis das pessoas negras brasileiras, bem como a criação de uma
legislação antidiscriminatória.
Disponível em: https://cjt.ufmg.br/2019/11/20/republica-e-escravidao-transicao-democratica-para-quem/ Acesso em: 16 de nov de 2020.

ATIVIDADES

1. O texto diz que “A abolição da escravidão, o crescimento das teorias racialistas, bem como a ausência de
qualquer política de amparo material para essas pessoas, e o silêncio a esse respeito levam a crer mais em uma
tecnologia de governo pautada em higienização popular e eliminação de uma espécie de inimigo.” Explique
qual era perspectiva dessa teoria em relação aos libertos.

2. Marque a alternativa correta. Na transição do Império para a República, percebe-se que, para as pessoas
negras recém libertas, a única mudança foi da casa grande para
A) os subúrbios e para as primeiras favelas do país. C) as grandes propriedades rurais.
B) os grandes centros urbanos. D) as Senzalas.

3. Nos conturbados anos 1930, o Brasil, diante das falhas das primeiras décadas da República, precisava criar
uma imagem, para marcar o novo momento. É neste contexto que o governo Getúlio Vargas se apropria da
ideia de democracia racial, cunhado pelo sociólogo Gilberto Freyre. Qual era a intensão do governo nesse
momento com esse conceito de democracia racial?

4. A transição para um país “moderno” estaria condicionada à eliminação de um novo inimigo, no caso, a
presença das pessoas negras. Dessa forma, o progresso nacional somente aconteceria se fosse adotada uma
política de embranquecimento da população. Nesse contexto, das alternativas a seguir, qual era a medida para
que isso acontecesse?
A) Aumento do processo de imigração de europeus para o Brasil.
130
B) Aumento do processo de imigração do Brasil para Europa.
C) Aumento do processo de expatriação de trabalhadores estrangeiros.
D) Diminuição de processo de imigração de europeus para o Brasil.

AULA 05/2023
Objeto de conhecimento: A questão indígena durante a República (até 1964); Diversidades: questões e estudos na
atualidade.
Habilidade: (EF09HI07) Identificar e explicar, em meio a lógicas de inclusão e exclusão, as pautas dos povos indígenas,
no contexto republicano (até 1964), e das populações afrodescendentes. (EF09HI08) Identificar as transformações
ocorridas no debate sobre as questões da diversidade no Brasil durante o século XX e compreender o significado das
mudanças de abordagem em relação ao tema.

POLÍTICA INDIGENISTA

https://climainfo.org.br/2019/10/14/cientistas-brasileiros-contra-politica-anti-indigenista-de-bolsonaro/

Se formos dar uma olhada na história do Brasil, e se focarmos nos índios, iremos nos deparar com tristes
fatos. Durante todo o período colonial no Brasil, temos o índio visto como uma pessoa inferior. E iremos ver
de diferentes formas principalmente o europeu se colocando na condição de superior aos índios, e logo o
escravizando e tentando o catequizar.
Como a colonização no Brasil foi feita de forma de exploração, os índios foram vítimas das atitudes dos
colonizadores que de modo geral escravizaram e dizimaram os índios. Salve as missões Jesuítas que deram
esperança ao futuro indígena.
Por outro lado, a independência do Brasil começa e termina sem muito ganho no que diz respeito aos
índios. Somente na constituição de 1934 é que os índios vão ganhar amparo legal da lei, pois até antes, eles
estiveram à mercê ora responsabilidade do Estado outra da União, suas políticas eram regidas por medidas ou
decretos.
Por fim ao longo de 400 anos de história desde a chegada do europeu, os índios sempre ficaram jogados
a “sorte do destino” apesar de alguns momentos, haver preocupação em manter os índios, não foi o suficiente
para frear o seu declínio contínuo, e muitos chegaram a acreditar que era somente questão de tempo para que
os índios deixassem de existir.

131
Apesar de todo o preconceito da nossa parte aos índios, hoje temos uma sociedade mais “atenta e
solidaria” aos povos indígenas, ainda não é o ideal, mas sem dúvida o atual quadro é melhor que em outros
tempos.
O paternalismo que gira em torno dos povos indígenas é existente desde o período colonial, pois uma vez
que o europeu se colocou na condição de superior, e usou deste argumento que os índios deveriam ser
catequizados para se tornar “povos de Deus” foi o primeiro ato de paternalismo que os índios sofreram. Fato
é que sempre tivemos e usamos da
desculpa que os índios devem ter nossa
ajuda e amparo, mas nada seria preciso
se nós não tivéssemos invadido seu
habitat natural, não quero aqui
defender um rumo histórico, que
poderia ou deveria ser diferente, pois
para nossa felicidade de existência,
aconteceu a aculturação em cima dos
índios. É aqui que entra a defesa dos
direitos indígenas.
https://www.brasildefato.com.br/2020/08/14/prestes-a-ser-julgado-marco-temporal-pode-extinguir-
Acredito que sim, a União tem por povos-indigenas-diz-defensor

obrigação a defesa e manutenção das


“nações indígenas” nada mais justo, uma vez que estes povos “são originários do Brasil” ou chegaram muito
antes das descobertas europeias.
Desta forma as políticas indigenistas deveriam ser para proteger os índios em sua condição social que é
ou deveria ser não integrado com o mundo ocidental, proteger suas terras, uma vez que sua noção de espaço é
muito diferente, enfim cabe a União e Estado assegurar a legalidade dos povos indígenas.
O paternalismo é um mal necessário para o índio, pois não têm como mudar este fio da história, e fazer
das práticas contemporâneas menos agressivas possíveis aos índios. Acho que cabe a todos nós preservar a
cultura indígena, e enxergar que com os atuais quadros de globalização, e um mundo cada vez mais
homogêneo, os povos indígenas vão aos poucos sendo inseridos a este processo.
Disponível em:
https://www.educaiguaba.com.br/conteudo_principal/apostilas/maria_lucia/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complementacao/31_de_agosto_a_12_de_setembro
_complementacao_9_ANO/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complementacao_9_ANO_arquivos/Apostila%20%209%C2%BA%20ano-%20%20Aula%2020.pdf
Acesso em: 16 de nov de 2020. Adaptado

POLÍTICA INDIGENISTA, NA REPÚBLICA DO BRASIL


Desde o início de nossa república a questão indígena ficou à mercê das constituições e com pouco amparo
das leis vigentes. Ou seja, por mais irônico que possa ser, compreende-se que o Estado é o responsável pelas
“nações” indígenas, nas na prática e na constituição isto é pouco esclarecido, tanto é que o atual estatuto
indígena se encontra desatualizado e contraditório em muitos assuntos.
Já na constituição de 1891, a questão indígena nem sequer é inserida, salvo o artigo 64 que transfere para
os Estados as terras devolutas. Este artigo dá legitimidade para os Estados fazerem recortes nas terras
indígenas, mas não poderiam modificar os recortes anteriores inclusive os feitos pelo Imperador.
Durante o início da república houve um projeto para torna os índios em “nações livre” e autônomas dentro
de seus Estados, porém estes projetos não caem no agrado dos políticos. Além do mais que uma medida como
esta, iria ferir a autonomia dos Estados perante os índios.

132
Com a responsabilidade passada aos Estados, alguns fundaram órgãos indígenas a exemplo do Rio Grande
do Sul, mas no quadro geral as políticas continuaram sendo usadas as mesmas do período Imperial e
manutenção da catequese.
No final do século XIX com a chegada dos imigrantes europeus principalmente nos Estados de Santa
Catarina e Paraná, desencadeou uma série de conflitos de terras entre os imigrantes e índios. Com os trabalhos,
dos imigrantes e também das construções da Estrada de Ferro Noroeste que transpassava o Estado de São
Paulo, foi marca de várias lutas armadas entre índios e trabalhadores. Acontecimento este que dá ao Brasil
rótulo de ser oniso aos índios e não defender os “direitos” destes povos. Por outro lado, tinha pessoas como
Hermann Von Ihering que defendia fortemente o extermínio dos índios.
Devido às pressões exteriores o Brasil funda o primeiro órgão Federal voltado para defesa indígena o SPI
(Serviço de Proteção ao Índio), sobre comando do coronel Candido Mariano da Silva Rondon, essa pessoa era
um simpatizante das causas indígenas.
O SPI foi produto do positivismo e do liberalismo, embora motivado pela emoção nacional. Em nenhum
momento chegou a renovar as propostas do Apostolado Positivista para os índios, nem os tratou como nações
soberanas. Via o índio como um ser digno de conviver na comunhão nacional, embora inferior culturalmente.
Era dever do Estado dar-lhe condições de evoluir lentamente a um estágio superior, para daí se integrar a
nação. Para tanto deveria demarcar suas terras, protegê-las de invasores e usurpadores em potencial, defender
os índios da esperteza dos brasileiros, especialmente dos comerciantes e mascates que os exploravam, ensinar-
lhes técnicas de cultivo e de administração de seus bens, e socorrê-los em suas doenças. Os índios autônomos,
chamados de arredios, seriam “pacificados”, caso fossem bravios, à custa, se necessário, do próprio sacrifício
dos servidores do órgão, que nunca deveriam usar da força ou de armas. Os mais integrados já poderiam
aprender ofícios mecânicos e ser educados formalmente. Não seria necessário o ensino religioso para tanto.
(Mércio Pereira Gomes, 1991)
Até a revolução de 30 o SPI, foi um órgão manteve suas práticas e ideologia fortes, mesmo com o abalo
de 1912 aonde o então ministro de Guerra requisitou a volta de todos os militares. Muitos desses oficiais
abandonaram o exército para continuar a trabalhar no SPI. Na década de 1940 consegue recuperar suas forças,
voltando a ganhar prestígio. No ano de 1953 lutas pelo preconceito indígena e funda o Museu do Índio, até
que em 1957 seu declínio é evidente, tanto administrativa quanto ideológica.
As constituições posteriores são contínuas nas políticas indigenistas tanto a de 1937 e a de 1946 não
trazem mudanças reais aos índios, prevalecem às leis de 1934. Estas três constituições podem ser vistas com
grande valor histórico para os índios, pois foram as primeiras que tratou os índios de forma “digna” com
medidas e políticas de proteção para grande “nação indígena”, lembrando que isso é fruto da SPI.
A questão indígena não é, até então, um osso de disputa entre ideologias, e sem entre interesses
econômicos, de um lado, e interesses de reparação histórica, interesses morais, de outro. Nesse sentido, pode-
se até alegar argumentos conservadores para defender os índios, e, em muitos casos, argumentos progressistas
são usados para diminuir o tamanho das terras indígenas. No computo geral da história, a questão indígena
transcende essa dicotomia, e só na sua integração ao sentimento da nacionalidade brasileira é que ela
encontrará os seus argumentos mais fortes e duradouros. (Mércio Pereira Gomes, 1991)

133
Com sua base já desestruturada o golpe de 1964
põe fim no SPI. O governo militar extingue o SPI, para
isto foi elaborado um logo dossiê, onde apontam
vários crimes e irresponsabilidade administrativa
contra os índios, mas esse dossiê nunca foi publicado.
O fim do SPI também é marcado pela perca de seus
documentos em um incêndio. Sem querer fazer
apologia, entendo que o SPI foi muito importante em
seu momento histórico, e que a situação indígena
sofreu bastante, não tenho dúvida que iriam sobre
muito mais sem o SPI, e que é lamentável as percas de
seus documentos, ainda mais no período ditatorial.
Enfim os militares criam a FUNAI que é a
Fundação Nacional do Índio. A função da FUNAI era
acabar de uma vez os problemas indígenas, e consertar https://www.politize.com.br/funai-o-que-e/

os estragos e afastar os mal-intencionados que


estavam presentes nos últimos anos do SPI.
As políticas indígenas do período militar não vão além daquilo que possamos esperar desde momento da
nossa história, a União entende que todas as terras indígenas são propriedade do Estado.
Em 1973 é elaborado o Estatuto documento este que é usado até os dias atuais, houve já projetos para
mudanças e atualização desde documento, mas nunca houve representante suficiente para a votação. Desta
forma a FUNAI trabalha há quase 40 anos sobre o mesmo Estatuto, fazendo com que assim este órgão fica
despreparado e incapaz de solucionar os problemas indígenas no Brasil.
Bibliografia: Os Índios e o Brasil, Mércio Pereira Gomes. Ed. Vozes, 1991.
Disponível em: https://sites.google.com/a/historiaoffline.com/historia/estudos-indigenas/politica-indigenista-na-republica-do-brasil Acesso em: 16 de nov de 2020.

ATIVIDADES

1. Identifiquem no texto as principais mudanças das políticas indigenistas no período Republicano.

2. Durante o início da república houve um projeto para torna os índios em “nações livre” e autônomas dentro
de seus Estados, porém estes projetos não caem no agrado
A) dos políticos. C) do Estado.
B) dos Índios. D) do serviço de proteção ao índio.

3. O que é SPI e FUNAI e quais foram as suas importâncias na luta pela construção e preservação dos direitos
indígenas?

4. Qual é o órgão no Brasil atualmente que é responsável pela demarcação das -terras indígenas?
A) Ministério da Justiça. C) Ibama.
B) Incra. D) Funai.

134
5. O SPI foi produto do positivismo e do liberalismo, embora motivado pela emoção nacional. Em nenhum
momento chegou a renovar as propostas do Apostolado Positivista para os índios, nem os tratou como nações
soberanas. Como os índios eram vistos pelo SPI?

DIVERSIDADE
“Tudo o que nos diferencia de algo ou de outro, ela varia através de escolha: corte de cabelo, ou até mesmo
de coisas da própria natureza: cor dos olhos”. Yasmim Santiago
Ernesto de Sousa Ferraz Neto

A definição da expressão diversidade diz respeito à qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado;
variedade, ou multiplicidade. O termo remete à ideia de pluralidade, isto é, reúne conceitos de múltiplos
aspectos e que apresentam aparente diferença entre si. Ela pode ser classificada em: diversidade cultural,
biológica e étnica.
Assim, pode-se defini-la como
“tudo o que nos diferencia de algo ou
de outro, ela varia através de escolha:
corte de cabelo, ou até mesmo de
coisas da própria natureza: cor dos
olhos”. (Yasmim Santiago).
É importante não confundir com
a expressão ‘diferença’, embora esse
termo seja fundamental como
equivalente para evidenciar as dimensões individuais, sociais, educativas e econômicas. A palavra não é uma
criação social do homem moderno, mas as diferenças são criadas pelo intelecto humano.
Por isso a diversidade humana se refere às diferenças culturais, étnicas, ideológicas, religiosas, entre
outras, que existem entre os seres humanos. Trata-se de algo grandioso, que deve ser respeitada para manter a
paz. A diversidade descreve as diferenças existentes entre as pessoas que fazem parte em um determinado
grupo.
Dada a sua dimensão, a diversidade pode ser dividida em duas distintas categorias: as visíveis e as
invisíveis. A primeira diz respeito à cor, sexo, raça, algum tipo de deficiência pode ser visível em uma pessoa,
geralmente essas características não podem ser alteradas. A segunda, considerada características invisíveis,
referem-se à personalidade, à profissão, à cultura, ao nível de escolaridade, o legado pessoal, e até mesmo ao
estilo de vida. Como exemplos comportamentais, nesta linha de raciocínio tem-se pessoas extrovertidas ou
introvertidas.
Assim, a diversidade é uma característica básica da sociedade humana, que permite condições para um
mundo mais dinâmico. Ela permite que um grupo seleto de pessoas, pense de forma independente (Malcolm
Forbes).
O bom senso recomenda que o respeito pelas diferenças deve ocorrer tais como: valores, crenças, religiões
e heranças culturais.
Da mesma forma, promover atitudes positivas referentes às diferenças, propiciando um ambiente saudável
e possibilitando o diálogo através de uma comunicação aberta e agir com firmeza e calma diante de situações
discriminatórias, o que consiste em, (repito) respeitar as diferenças dos outros.
O Respeito à diversidade é também uma forma de promover inclusão das pessoas em determinado grupo
social, uma vez que o respeito é fundamental como forma de permitir e aceitar o outro.

135
A diversidade é uma das maiores riquezas do ser humano no planeta e a existência de indivíduos diferentes
em uma cidade, em um país, com suas diferentes culturas, etnias e gerações fazem com que o mundo se torne
mais completo.
Disponível em: https://www.jornalodiario.com.br/acesso em: 17 de nov de 2020.

Glossário
 Respeito - Sentimento que leva alguém a tratar as outras pessoas com grande atenção e profunda
deferência, consideração ou reverência.
 Tolerância - Ação de tolerar, de aceitar ou suportar, com indulgência; clemência. Disposição para
admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos.
 Diversidade - Característica ou estado do que é diverso, diferente, diversificado; não semelhante:
diversidade de argumentos no discurso. Reunião do que contém vários e distintos aspectos, características ou
tipos; pluralidade: a diversidade de comentários sobre o texto.
Disponível em: https://www.dicio.com.br/acesso em: 17 de nov. de 2020.

6. Baseado no texto, mas com suas palavras defina o que é diversidade.

7. Sobre a diversidade, nas alternativas a seguir marque (V) para que forem verdadeiras e (F) para as falsas.
a) ( ) A diversidade pode ser classificada em: diversidade cultural, biológica e étnica.
b) ( ) A diversidade humana se refere às diferenças culturais, étnicas, ideológicas, religiosas, entre outras,
que existem entre os seres humanos.
c) ( ) A diversidade descreve as diferenças existentes entre as pessoas que fazem parte em um determinado
grupo.
d) ( ) A diversidade é uma característica básica da sociedade humana, que permite condições para um mundo
mais dinâmico.

8. O texto diz que dada a sua dimensão, a diversidade pode ser dividida em duas distintas categorias: as visíveis
e as invisíveis. Explique com suas palavras cada uma destas categorias.

9. Com suas palavras escreva um parágrafo usando os três conceitos: diversidade, respeito e tolerância.

136
RESPOSTAS

Aula 01
1.
✔ Insatisfação entre os militares com salários e com a carreira, além de eles exigirem o direito de manifestar
suas posições políticas (algo que tinha sido proibido pela monarquia).
✔ A insatisfação dos militares está diretamente relacionada com a profissionalização da corporação.
✔ Descontentamento entre elites emergentes com a sub-representação na política da monarquia.
✔ Grupos na sociedade começavam a exigir maior participação pela via eleitoral.
✔ A questão abolicionista também somou forças ao movimento republicano.
✔ Esses grupos se uniram em um golpe que derrubou a monarquia e expulsou a família real do Brasil.
Outra forte insatisfação tem relação com o envolvimento do Exército brasileiro com a política. Os militares
entendiam-se como tutores do Estado brasileiro e, por isso, queriam ter o direito de manifestar suas opiniões
políticas publicamente.
✔ Internamente, as insatisfações militares se reuniram ao redor da ideologia positivista.
✔ A exigência pela modernização do país fez com que muitos civis e militares enxergassem na república
a solução para o país, uma vez que a monarquia começou a ser considerada como incapaz para as demandas
existentes.
✔ Havia também exigências entre os militares para que o Brasil se convertesse em um país laico.
2. O regime monárquico começou a entrar em decadência logo após o fim da Guerra do Paraguai, em 1870,
o que resultou da incapacidade da monarquia de atender aos interesses e as demandas da sociedade brasileira.
3. Letra C - Manifesto republicano
4. A resposta é pessoal – espera-se que os estudantes compreendam que o movimento republicano foi um
movimento que teve seu início em 1870, a partir da fundação do Clube Republicano do Rio de Janeiro e do
Manifesto Republicano, e que buscava, através do destaque das contradições e problemas suscitados pela
monarquia, instaurar uma forma de governo onde o povo elegesse os seus próprios representantes. O
Manifesto Republicano foi um documento de grande importância durante o Brasil Monárquico e seu principal
objetivo era justamente de derrubar a Monarquia, que já era compreendida como uma forma política
autoritária.
5. a) V; b) V; c) F; d) V; e) V; f) F
6. Letra C - Na segunda metade do século XIX, o eixo econômico do país tinha consolidado sua mudança
do Nordeste para o Sudeste.
Letra F - O abolicionismo mobilizou a sociedade brasileira na década de 1880, e grande parte dos
abolicionistas defendia a república
7. Elites emergentes, militares, políticos, classes populares, escravos
8. Essa lei determinou novos critérios para estipular quem teria direito ao voto e, após sua aprovação, o
número de eleitores no Brasil caiu de 1.114.066 pessoas para 157.296 pessoas. Isso correspondia a apenas
1,5% da população brasileira, ou seja, as demandas por participação não foram atendidas e a exclusão
existente foi ampliada. A segunda parte da resposta é pessoal, no entanto espera-se que os estudantes
percebam as diferenças em relação ao direito de voto que atualmente o voto é direito de todos e ao mesmo
tempo obrigatório a todos, enquanto a lei saraiva restringia parte da população do direito ao voto, nesse
quesito são diferentes.
9.
✔ Troca dos símbolos nacionais e novos heróis, como Tiradentes, foram estabelecidos.
✔ Mudança da forma de governo

137
✔ Descentralização do poder
✔ Implantado o federalismo
✔ Mudanças no sistema eleitoral do censitário para o sufrágio universal masculino para homens com
mais de 21 anos
✔ O Brasil se tornou um Estado laico
✔ O presidencialismo tornou-se o sistema de governo
✔ Promulgação de uma nova Constituição no ano de 1889.

Aula 02
1. Letra A - República velha. República da Espada e República república oligárquica são fases da Primeira
República.
2. Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata
etc.
3.
Fase Período Características
Período marcado pela consolidação das estruturas políticas e
Consolidação 1889 a 1898 econômicas da Primeira República. Foi assinalado por crises
na política e na economia.
Período no qual a estrutura política da Primeira República
Institucionalização 1898 a 1921 estava devidamente consolidada. Aqui se definiram políticas
como a dos governadores e do café com leite.
Período no qual as estruturas políticas da Primeira República
entraram em crise por conta da incorporação de novos atores
Crise 1921 a 1930
na política brasileira. Conflitos entre as oligarquias também
contribuíram para o fim da Primeira República.
4. A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi criada durante o
governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e 1902. Foi com a política dos governadores que
o funcionamento político brasileiro na Primeira República foi estruturado. Por meio dessa política, foi
possível realizar uma aliança entre executivo e legislativo.
Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas políticas no âmbito de cada
Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a um acordo básico entre a União e os Estados; pôr fim à
hostilidade existente entre Executivo e Legislativo, domesticando a escolha dos deputados. Na prática, essa
política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal daria apoio à oligarquia mais poderosa de cada
Estado. Em troca, o governo exigia que cada oligarquia apoiasse as propostas do Governo Federal no
legislativo.
A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à Primeira República. Essa política
ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de 1913, com a assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as
oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Esse conceito refere-se ao revezamento dos candidatos lançados à
presidência por essas duas oligarquias. Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência
da República. O nome “café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o maior produtor de café
do Brasil, enquanto Minas Gerais era o maior produtor de leite.
5. Linha do tempo

138
1889 1930 1945 1964 1985

República Velha Era Vargas República populista Ditadura Militar Nova República

Inicia com a Inicia com a revolução Inicia com a Posse do Inicia com o Golpe Inicia com eleição de
Proclamação da de 1930 e termina com Presidente Garpar Dutra e militar e termina com Tancredo Neves pelo
quando o presidente se termina com o Golpe as Diretas Já. Cassação Congresso Nacional e vai
República e
viu obrigado a Militar. Promulgação da de mandatos políticos, até os dias de hoje. Esse
termina com a retiraram a estabilidade
convocar as eleições quinta Constituição do período marcou a
Revolução de Brasil, que garantia de funcionários democratização política e a
que elegeram Gaspar
1930. Foi dividida Dutra. Foi dividida em: direitos civis e eleições públicos, suspenderam estabilização da economia,
em República da Governo provisório, livres. Marcada por fortes direitos políticos dos promulgação da
espada e Governo constitucional tensões políticas e pela cidadãos, ampliaram a Constituição de 1988, foi
República ou presidencial e política repressão e instituída a república
oligárquica. Estado novo. desenvolvimentista intensificaram a presidencialista e o Estado
censura. Democrático, primeiras
eleições diretas para a
presidente, primeira mulher
presidente.

Aula 03
1. Os escravos organizavam-se e preparavam fugas individuais ou em massa e, para isso, reuniam-se em
quilombos que cresciam ao redor das grandes cidades. Outras vezes organizavam revoltas contra os seus
senhores. A resistência africana contou com o apoio de grupos da sociedade que a abrigavam quando estava
em fuga, incentivavam-na a rebelar-se, davam apoio jurídico, defendiam a causa politicamente etc.
2. A vida dos escravos pós-abolição não foi fácil, principalmente pelo fato de que o preconceito na
sociedade era evidente e porque não houve medidas para integrá-los economicamente na sociedade.
3. a) V; b) V; c) V; d) F; e) V; f) V; G) V
4. Mudavam-se para se distanciar dos locais em que foram escravizados, ou então iam para outros lugares
procurar parentes e se estabelecer juntos desses, ou até mesmo, procurar melhores salários, conforme
descreve Walter Fraga.

Aula 04
1. Esperava-se que, ao deixar estas pessoas à sua própria sorte, elas desapareciam de forma “natural”,
permanecendo somente os “fortes”.
2. Letra A - os subúrbios e para as primeiras favelas do país
3. Demonstrar ao mundo que o processo de escravidão brasileiro foi “menos violento” que os outros, em
mais um esforço de escamotear as disputas da população negra e subjugá-las às memórias subterrâneas do
país.
4. Letra A - Aumento do processo de imigração de europeus para o Brasil

Aula 05
1. Fundação do primeiro órgão Federal voltado para defesa indígena o SPI (Serviço de Proteção ao Índio);
fundação do museu do índio, As três constituições podem ser vistas com grande valor histórico para os índios,

139
pois foram as primeiras que tratou os índios de forma “digna” com medidas e políticas de proteção para
grande “nação indígena”, lembrando que isso é fruto da SPI; Criação da FUNAI e do estatuto.
2. Letra A – dos políticos.
3. SPI- Serviço de proteção aos índios - O seu principal objetivo era proteger os indígenas dos ataques feitos
por não indígenas, bem como integrá-los à sociedade nacional.
FUNAI - Fundação Nacional do Índio – o seu papel é promover políticas voltadas ao desenvolvimento
sustentável das populações indígenas.
4. Letra D – FUNAI.
5. Via o índio como um ser digno de conviver na comunhão nacional, embora inferior culturalmente. Era
dever do Estado dar-lhe condições de evoluir lentamente a um estágio superior, para daí se integrar a nação.
Para tanto deveria demarcar suas terras, protegê-las de invasores e usurpadores em potencial, defender os
índios da esperteza dos brasileiros, especialmente dos comerciantes e mascates que os exploravam, ensinar-
lhes técnicas de cultivo e de administração de seus bens, e socorrê-los em suas doenças.
6. Resposta pessoal – espera-se que o estudante seja capaz de compreender que a definição da expressão
diversidade diz respeito à qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado; variedade, ou multiplicidade.
O termo remete à ideia de pluralidade, isto é, reúne conceitos de múltiplos aspectos e que apresentam aparente
diferença entre si.
7. Todas as alternativas são verdadeiras.
8. As visíveis dizem respeito à cor, sexo, raça, algum tipo de deficiência pode ser visível em uma pessoa,
geralmente essas características não podem ser alteradas. As invisíveis, considerada características invisíveis,
referem-se à personalidade, à profissão, à cultura, ao nível de escolaridade, o legado pessoal, e até mesmo
ao estilo de vida. Como exemplos comportamentais, nesta linha de raciocínio tem-se pessoas extrovertidas
ou introvertidas.
9. Resposta pessoal.

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