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Disciplina: História Geral e do Brasil II Prof. Paulo André.

Turma: 2º Ano – Eletromecânica e Automação Industrial.

BRASIL REPÚBLICA

Os primeiros tempos da república.

Em 15 de novembro de 1889, a república brasileira foi proclamada pelo marechal


Deodoro da Fonseca, num golpe liderado pelos militares. Nesse primeiro momento
apesar das divergências que existiam entre os diversos partidários do republicanismo, os
representantes do Exercito contaram com o apoio de grande parte da elite cafeicultora
do oeste paulista – para quem o império representava um entrave à modernização
econômica e a desejada autonomia para administrar a província de acordo com seus
interesses. Também conquistaram a simpatia de setores da incipiente classe média,
ansiosa por ampliar sua participação política na sociedade. A república resultou da
incapacidade da monarquia de se renovar e lidar com as mudanças sociais e econômicas
que vinham ocorrendo nos últimos anos do império no país.
A transição para a república foi feita sem grandes conflitos, alterações
socioeconômicas ou participação popular. O Brasil continuou a ser um país
agroexportador, distante dos interesses dos que defendiam um projeto de ampla
industrialização. A república brasileira também não incorporou em seu projeto político
as classes menos favorecidas da população, o que gerou descontentamentos nos grupos
que desejavam modificações mais profundas. Dessa forma, o modelo de república que
se instalou no país não representava o pensamento de todos os que haviam se engajado
em sua defesa desde o período imperial.
Ainda assim, a proclamação da república inaugurou uma nova ordem política no
país. O centralismo, predominante durante o império, foi substituído pelo federalismo,
defendido principalmente pelas elites do oeste paulista e de Minas Gerais. O poder
político passou a ser controlado pelas oligarquias rurais. Todavia, isso não ocorreu de
imediato. Os dois primeiros governos do Brasil foram constituídos por militares: os
marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Esse período da Primeira República
(1889-1894), sob o comando do Exército, ficou como República da Espada.
Até que fossem realizadas eleições e o país tivesse uma nova Constituição, o
marechal Deodoro da Fonseca liderou um Governo Provisório. Ele dissolveu
assembléias provinciais e as câmaras municipais, demitiu os presidentes de províncias e
indicou novos dirigentes para elas. Uma elite civil (ligada aos proprietários) e militar
(principalmente do Exército) assumiu o aparelho administrativo, e os municípios
tornaram-se peças fundamentais no cenário político nacional em decorrência da
autonomia que adquiriram com o federalismo.
As negociações políticas na Primeira República envolveram os vários partidos
republicanos de expressão regional ou estadual, como o Mineiro (fundado em 1871), o
Paulista (1873) e o Fluminense (1888). Entre esses partidos, destacou-se o Partido
Republicano Paulista (PRP), elemento fundamental nas articulações políticas do
período. O PRP representava o centro econômico mais importante do Brasil naquele
momento: o oeste paulista cafeicultor. Apoiado por Minas Gerais, forneceu vários
presidentes ao país, conseguindo manter a hegemonia paulista praticamente sem
oposição até 1930.

A crise econômica

As reformas político-administrativas do Estado brasileiro foram seguidas de


medidas econômicas necessárias ao funcionamento da república. Uma das primeiras
decisões tomadas pelo ministro da Fazenda, Rui Barbosa, em 1890, foi a adoção de
medidas de incentivo à criação de empresas industriais e comerciais no país.
Rui Barbosa acreditava que o melhor estimulo à industrialização seria ampliar
oferta de crédito no país. Para isso, ele permitiu que alguns bancos privados emitissem
papel-moeda. Esse dinheiro seria emprestado aos empreendedores, o que, na visão do
ministro, movimentaria a economia brasileira. Na verdade, a facilidade de crédito
favoreceu o surgimento de inúmeras empresas “fantasmas” – que só existiam no papel -,
cuja ações eram negociadas na Bolsa de Valores e se valorizavam sem a menor
fiscalização do governo. Centenas de pessoas passaram a aplicar suas reservas na bolsa,
adquirindo ações baratas para posterior revenda. Esse clima de especulação 1 criado pela
abundância de novos negócios e empresas ficou conhecido como Encilhamento2. A
especulação era favorecida pela grande quantidade de dinheiro circulando no país: em
1890, o total de moeda circulante era de 206.000 contos de réis; no ano seguinte,
estavam em circulação 561.000 contos de réis. Os falsos empreendedores, que captavam
empréstimos sem jamais investir num negócio, tiveram altos lucros durante o
Encilhamento.
Além de contribuir para a especulação, a nova política econômica fez aumentar a
inflação, devido à circulação de dinheiro em volume muito superior à produção e à
circulação de bens disponíveis para o consumidor. O resultado final foi uma grande
crise: os preços subiram, a moeda perdeu valor, as importações cresceram, empresas e
bancos faliram e os cofres públicos ficavam vazios.

A primeira constituição republicana

No final de 1890, Deodoro da Fonseca convocou eleições para a Assembleia


Constituinte, que no início de 1891 promulgou a Constituição republicana do Brasil.
A Carta refletiu a hegemonia dos defensores do liberalismo de influência norte-
americana. Veja a seguir, alguns de seus pontos significativos:

 O Brasil se tornou uma república federativa, os Estados Unidos do Brasil.


 As antigas províncias passaram à condição de Estados.
 Federalismo: os Estados tinham autonomia para promulgar suas próprias
constituições, fazer empréstimos no exterior, arrecadar impostos e eleger seus
presidentes de Estado.
 A igualdade de todos perante a lei, a liberdade e segurança individual e,
principalmente, a garantia de plenos direitos à propriedade foram reconhecidas.
 Separação entre Igreja e Estado.
 O presidente da república, além de chefe de governo, tornou-se o chefe da
federação, eleito para um mandato de quatro anos sem direito à reeleição.
 O presidente da república, os presidentes de estado e os membros do Congresso
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) seriam eleitos por voto direto, estando
excluídos do direito de voto analfabetos, mendigos, soldados e menores de 21 anos.

Após a promulgação da Constituição, os congressistas escolheram o novo


presidente do país. Como a Constituição não exigia o registro vinculado dos candidatos
a presidente e a vice-presidente, o cargo de presidente da república foi ocupado pelo
marechal Deodoro da Fonseca e o de vice-presidente ficou nas mãos do marechal
Floriano Peixoto, candidatos por chapas diferentes. Graças à pressão dos militares sobre

1
Operação financeira oportunista, que aproveita as flutuações do mercado para obter lucros elevados.
2
O termo é uma alusão ao hipódromo, local onde os cavalos eram selados e preparados para a corrida.
os deputados, Deodoro acabou eleito com uma pequena vantagem em relação ao seu
oponente, Prudente de Moraes, candidato representante dos cafeicultores.

O governo constitucional de Deodoro (1891)

O fracasso da política econômica de Rui Barbosa, somado à nomeação de


ministros conservadores, como o barão de Lucena, um antigo monarquista que passou a
ocupar o cargo de ministro da Fazenda, desgastou a autoridade de Deodoro. A tensão
cresceu quando, em 3 de novembro de 1891, um decreto do Executivo fechou o
Congresso, anunciando a convocação de novas eleições e uma revisão constitucional.
A resistência ao autoritarismo do governo federal foi organizada em São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, com o apoio da Marinha e de setores do
Exército. Paralelamente a essa movimentação, os ferroviários deflagraram uma greve na
Estrada de Ferro Central do Brasil, o que trazia sérios riscos para o abastecimento da
capital federal. Doente e preocupado com uma possível guerra civil, Deodoro renunciou
em 23 de novembro de 1891.

O governo de Floriano Peixoto (1891-1894)

A renúncia de Deodoro levou Floriano Peixoto à presidência. Para conseguir o


apoio popular, Floriano determinou a redução dos preços de aluguéis das casas dos
operários, isentou a carne de impostos para baratear o produto e instituiu o controle de
preços dos gêneros de primeira necessidade. Outras iniciativas visavam combater os
efeitos do Encilhamento, como os incentivos à industrialização e a fiscalização dos
gastos públicos. Essas medidas não foram suficientes para evitar uma forte oposição
civil e militar sob a forma de movimentos rebeldes

A Revolta Federalista

De 1893 a 1895, as terras do Rio Grande do Sul serviram de cenário para os


violentos combates da Revolução Federalista, travados entre os partidários de dois
oligarcas gaúchos: de um lado, os federalistas (maragatos), liderados por Gaspar
Silveira Martins, defendiam a instalação de um regime parlamentarista nos moldes do
que existiu no Segundo Reinado; de outro, os republicanos (chimangos ou pica-paus),
seguidores do positivista Júlio de Castilhos, defendiam um presidencialismo forte e
centralizador, no estilo do governo de Floriano Peixoto.
Os federalistas tiveram algumas vitórias no começo do movimento. Sob a
liderança de Gumercindo Saraiva, os federalistas avançaram sobre Santa Catarina. Em
janeiro de 1894, os federalistas se uniram aos participantes da Revolta da Armada.
Entraram no estado do Paraná e tomaram a cidade de Curitiba.No final de 1894, o
movimento federalista perdeu força. Na batalha da Lapa, no Paraná, as forças federais
de Floriano Peixoto venceram os revoltosos. Com a chegada de tropas paulistas, os
federalistas tiveram que recuar.
A paz foi assinada em 23 de agosto de 1895, na cidade de Pelotas, e selou a
derrota dos federalistas.

Conclusão

A Revolução Federalista, embora não tenha conquistado seus objetivos, nos


mostra que a Proclamação da República e seu sistema político não foram aceitos de
forma unânime no Brasil. Alguns grupos políticos contestaram, inclusive de forma
armada, o regime republicano, o positivismo, a centralização de poder e a presença das
oligarquias nos governos estaduais. Portanto, a Revolução Federalista pode ser
compreendida dentro deste contexto histórico de insatisfação com o regime republicano,
recém-instalado no país após o 15 de novembro de 1889.
A Revolta da Armada

Em agosto de 1893 ocorreu a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro. Os oficiais


da Marinha, insatisfeitos com o domínio do Exército na política do país, iniciaram um
movimento rebelde composto basicamente por elementos dos setores médios e dos
grupos oligárquicos. No dia 13 de setembro, navios da armada começaram a
bombardear a cidade do Rio de Janeiro. Contando com o apoio de São Paulo e a adesão
popular, o governo tratou de reprimir a revolta. Os rebeldes abriram novas frentes de
batalha no sul do país, mas não puderam resistir à contraofensiva do governo federal.
Em março de 1894, a rebelião estava vencida e, pela força, a república se consolidava.
Floriano Peixoto reprimiu essas insurgências com extrema violência, chegando a ser
denominado de “Marechal de Ferro”.
Mesmo com a ampla oposição das elites cafeicultoras, os paulistas convenceram
Floriano Peixoto a apoiar a candidatura de Prudente Moraes, que se tornaria o primeiro
civil a ocupar o cargo da presidência. Apesar da violência e do paternalismo, que lhe
deram força política, Peixoto não quis prolongar o mandato e, em 15 de novembro de
1894, foi substituído pelo candidato paulista.

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