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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ – IFPA

CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM INFORMÁTICA E MEIO AMBIENTE


DISCIPLINA HISTÓRIA TURMA: 3º PROF.: Wesley de Matos

PRIMEIRA REPÚBLICA BRASILEIRA

I – A REPÚBLICA VELHA
A República Velha é o período que começou com a Proclamação da República em 1889 e terminou
com a Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas ao poder. O fim do Império por intermédio do
golpe articulado pelo exército e setores agrários, não significou uma revolução nas estruturas do país.
Uma série de rupturas e permanências poderiam ser assinaladas: o Brasil continuou sendo o país do
latifúndio e do café; a maioria da população ainda vivia no campo; a urbanização e a industrialização
eram insipientes, mas se verificaram a emergência do movimento operário e o crescimento das
camadas médias.
A República Velha é dividida, por sua vez, em Governo Provisório (1889 – 1891); República da
Espada (1891 -1894) e República Oligárquica (1894 – 1930).

1 – O Governo Provisório (1889- 1891)

O Governo Provisório que se instalou teve a liderança do Mal. Deodoro da Fonseca, o país passou a
se chamar Estados Unidos do Brasil, os governadores eram nomeados e o Congresso Nacional
(deputados e senadores) ficou fechado até a eleição de uma Assembleia Constituinte.
O Encilhamento
Durante o ano de 1890, Rui Barbosa, ministro da fazenda, pôs em prática uma política econômico-
financeira que buscou estimular a industrialização. Para aumentar a quantidade de dinheiro em
circulação e incentivar a criação de novas empresas, os bancos privados emitiam moeda: títulos com
igual valor ao das cédulas do Tesouro. Além disso, criou leis para facilitar o estabelecimento das
sociedades anônimas, criou taxas alfandegárias para proteger a indústria nacional. Porém, a emissão
de grandes somas de dinheiro gerou um violento processo inflacionário, empresas fantasmas foram
criadas para negociar títulos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Essa especulação desenfreada
em que alguns enriqueceram da noite para o dia, nasceu o nome encilhamento. O termo refere-se aos
cavalos de corrida preparados (encilhados) para as corridas no Jockey Club e está ligado ao clima de
jogatina que se estabeleceu no país.
Depois da euforia, veio uma sequência de falências, quebras e fechamentos de empresas e o país
mergulhou numa crise financeira maior do que a existente no final da monarquia.

(...) Quem não viu aquilo não viu nada. Cascatas de ideias, de invenções, de concessões rolavam todos
os dias, sonoras e vistosas para se fazerem contos de réis, centenas de contos, milhares, milhares de
milhares, milhares de milhares de milhares de contos de réis. Todos os papéis, aliás, ações, saíam frescos
e eternos do prelo. Eram estradas de ferro, bancos, fábricas, minas, estaleiros, navegação, edificação,
exportação (...), tudo o que esses nomes comportam e mais o que esqueceram(...). Pessoas do tempo
querendo exagerar a riqueza, dizem que o dinheiro brotava do chão, mas não é verdade. Quando muito,
caía do céu”. (Machado de Assis. Esaú e Jacó),

A Constituição de 1891

A Constituição de 1891 foi inspirada no modelo norte-americano presidencialista e federalista,


refletiu o predomínio da ideologia liberal. Elaborada por uma comissão de republicanos históricos
liderada por Rui Barbosa, sofreu várias emendas no Congresso por parte dos setores radicais e
positivistas, mas a linha liberal foi mantida. Entre os seus dispositivos, destacam-se:

e, em certas condições, direito de intervir nos Estados;


ão em três poderes–Executivo, Legislativo e Judiciário–independentes entre si;

reeleição, com direito de nomear ministros e de vetar resoluções legislativas;


oficialização da liberdade de culto e da secularização do Estado;

praticamente 95% da população. O voto era, ainda descoberto (em aberto), isto é, não era secreto.
Não havia uma Justiça Eleitoral.

2 – A República da Espada (1891 - 1894)


De 1889 a 1891, período do Governo Provisório, o Mal. Deodoro da Fonseca governou o país
conforme sua autoridade pessoal. Aprovada a Constituição, obteve da Assembleia a eleição indireta
para a Presidência da República para um mandato de quatro anos e não de seis como pretendia. Após
a crise do Encilhamento e por negócios pouco claros envolvendo amigos (obras públicas sem
licitação, aumento do soldo dos militares), o Congresso fez votar a Lei das Responsabilidades que
tentava limitar os poderes presidenciais. Desrespeitando a Constituição, Deodoro fechou o
Congresso. A reação veio imediata: a Marinha se rebelou, as tropas não mais obedeciam ao marechal,
forçando, assim, a sua renúncia. Seu vice, o Mal. Floriano Peixoto assumiu a presidência. O país ficou
à beira de uma guerra civil.

A Revolta da Armada – 1893


Decorrente da atitude autoritária de Deodoro, grupos monarquistas da Marinha colocaram o Rio de
Janeiro sob ameaça de bombardeio. Durante o governo de Floriano Peixoto, a Marinha voltou a se
rebelar, juntando-se aos revoltosos da Revolução Federalista no RS. Ambos movimentos foram
reprimidos por Floriano que passou a receber o apelido de “Marechal de Ferro”. A forma de governar
de Floriano ficou conhecida como jacobinismo florianista.

A Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893 – 1895)

Da Proclamação da República (1889) até 1893, o governo do Estado havia mudado 16 vezes! De um
lado estavam os seguidores do fazendeiro Júlio de Castilhos. Ele era admirador do positivismo,
defendendo um governo autoritário (com poder executivo forte), mas capaz de fazer algumas
reformas sociais. Seus seguidores eram chamados pica-paus ou chimangos. Do outro lado,
fazendeiros e políticos mais tradicionais formavam o Partido Federalista, liderado por Gaspar
Silveira Martins, antigo conselheiro do Império, apelidados de maragatos. Não eram monarquistas,
mas tinham apoio destes. Queriam mais poderes para o legislativo (os deputados estaduais) e, também
impedir que o presidente do Estado (governador) fosse reeleito seguidas vezes, tornando-se um
pequeno ditador regional. A guerra entre maragatos e pica-paus ficou conhecida como Revolução
Federalista e devido a sua brutalidade impressionante, também foi chamada de Revolta da Degola
(a guerra deixou um saldo de 12 mil mortos). Os maragatos após ocuparem praticamente todo o Rio
Grande do Sul avançaram sobre Santa Catarina se juntaram com os revoltosos da Marinha e tomaram
Curitiba/PR. Floriano com a autorização do Congresso enviou tropas para a região e sufocou a
rebelião. Um acordo político encerrou a revolta em 1895 já sob o governo de Prudente de Morais.
Júlio de Castilhos, vitorioso, consolidou um regime autoritário que durou 37 anos. Através de decretos
podia intervir nas eleições municipais, com uma rede de chefes locais mantinha o controle da máquina
política; buscou moralizar a administração pública; priorizou a recuperação de rotas de navegação e
implantou linhas telegráficas para a região colonial. Borges de Medeiros, seu sucessor, conseguiu
manter-se no poder de 1898 a 1928, recorrendo, muitas vezes, à fraude eleitoral.

A base da revolução

Os fatores que conduziram à Revolução Federalista estão na diversificação da estrutura social gaúcha,
que abalou o poder dos grandes estancieiros. Na segunda metade do século XIX desenvolveram-se
no Rio Grande do Sul as camadas médias urbanas, ao mesmo tempo que milhares de imigrantes
europeus criavam suas pequenas propriedades nas regiões serranas e em outras áreas rurais.
Desprezados pelos grandes estancieiros tradicionais, esses novos fazendeiros trataram de aliar-se aos
setores urbanos que haviam aderido à causa republicana: assim, esperavam reforçar sua influência e
conquistar posições no cenário político. Diante da iminente ascensão desses „arrivistas‟, os velhos
estancieiros reuniram-se em torno de Silveira Martins adotando em massa sua proposta de federação
de caráter limitado que, na prática, conservava a influência do mandonismo local nas questões
federais.

Positivismo

Doutrina filosófica e política de Auguste Comte (1798 – 1857), que atribuía à ciência um papel
fundamental para qualquer progresso do conhecimento e da sociedade. Os possuidores dos
conhecimentos científicos constituiriam uma elite, ou um apostolado, com a missão de conduzir a
sociedade pelos caminhos do progresso. No Brasil, as ideais de Comte foram largamente difundidas
por Benjamin Constant e outros oficiais positivistas entre a jovem oficialidade do Exército.

3 – A República Oligárquica (1894 -1930)

3.1 Aspectos Políticos

Nas primeiras eleições diretas, em 1894, os cafeicultores puderam mostrar sua força, elegendo o
paulista Prudente de Morais (1894 – 1898).
Da sua posse até 1930, verificou-se o predomínio das oligarquias agrário-estaduais (principalmente
aquelas ligadas ao setor cafeeiro, sobretudo dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, por isso o
nome República Café-com-Leite) na vida política nacional, embora, em alguns momentos, terem
havido rupturas e divergências entre elas. Os partidos políticos eram estaduais e não nacionais, como
o PRP (Partido Republicano Paulista), o PRM (Partido Republicano Mineiro), o PRR (Partido
Republicano Rio-grandenses). Os deputados de cada partido iam para o Rio de Janeiro (capital
federal) defender interesses específicos da oligarquia do seu Estado. Por serem os maiores produtores
de café, além de possuírem, respectivamente, o maior número de eleitores, São Paulo e Minas Gerais
conseguiam eleger o Presidente da República, alternando-se no poder da nação.
A partir do governo Campos Sales (1898 – 1902), outro representante da oligarquia paulista,
oficializou-se o que veio a se denominar Política dos Governadores. Para que as oligarquias dos
outros Estados não ficassem descontentes foi montado um esquema de troca de favores entre o
Presidente e as oligarquias estaduais. O Presidente da República apoiava a oligarquia dominante do
Estado (liberando verbas, por exemplo), em troca desse apoio, cada Estado se comprometia a eleger
Deputados e Senadores que apoiariam o Presidente. Para que a Política dos Governadores funcionasse
plenamente uma Comissão Verificadora composta por membros do Congresso Nacional,
confirmava os deputados eleitos através da aceitação ou não do diploma recebido pelo Congressista.
Os deputados e senadores que não estivessem de acordo com o esquema das oligarquias dominantes,
não recebiam esse diploma, e, portanto, não assumiam o cargo. Sofriam a “degola” segundo a gíria
da época. O Senador gaúcho Pinheiro Machado controlou a Comissão Verificadora do Senado e
também influenciava a Comissão Verificadora da Câmara dos Deputados. Por meio delas, tentava
controlar os votos dos congressistas nordestinos. Chegou a criar em 1910, o Partido Republicano
Conservador reunindo oligarquias de vários Estados, menos a paulista. Para evitar uma possível
candidatura presidencial de Pinheiro Machado, o PRP e o PRM, fizeram o Pacto de Ouro Fino
(1913), no qual se revezariam na Presidência da República, consolidando a Política do Café-com-
Leite.
A base disso tudo era o Coronelismo. O Coronel era o latifundiário que mandava em toda uma região
e existia desde a época das Regências. Durante o período da República Velha estavam em plena
decadência econômica, particularmente nos Estados do Nordeste. A força deles era principalmente
política. Os coronéis mais poderosos eram aqueles que mais eleitores conseguiam controlar. Por meio
do voto a cabresto, o voto forçado já que o voto não era secreto e sim aberto, das fraudes eleitorais
e do clientelismo a barganha entre os candidatos do coronel e os eleitores que recebiam presentes ou
cargos, os coronéis conseguiam manter seu poder local.
Dentro de uma estrutura como essa, na qual havia o predomínio, em especial, das oligarquias do eixo
Minas – São Paulo, qualquer possibilidade de oposição concreta era bastante difícil. No entanto,
houve rupturas entre oligárquicas, entre as quais destacaram-se as seguintes:
- Campanha Civilista (1910) - Hermes da Fonseca era o candidato situacionista, apoiado pela
oligarquia mineira que se articulava em torno do PRM. Contra ele foi lançada a candidatura de Rui
Barbosa, que contou com o apoio do PRP. Essa campanha foi denominada civilista, pois teve um
candidato civil, Rui Barbosa, contra um militar, o Mal. Hermes da Fonseca, que foi eleito
presidente. Uma vez encerrada a eleição, as oligarquias dos dois Estados se articularam e
estabeleceram o Pacto de Ouro Fino, em 1913, por meio do qual, a partir de então, os presidentes
da República seriam invariavelmente mineiros e paulistas.
- Política Salvacionista (1913) implementada pelo Presidente Hermes da Fonseca tinha como
desculpa acabar com a corrupção e „salvar‟ as instituições republicanas, intervindo nos Estados e
destituindo o governador quando necessário. Na realidade tal prática intervencionista tinha por
objetivo diminuir a influência de Pinheiro Machado e do PRC, sobretudo no Nordeste. A Política das
Salvações ocasionou uma revolta no Ceará, em que o Padre Cícero influenciado pelo PRC, incitou
uma revolta de sertanejos contra a intervenção federal, a qual havia afastado a família Acioly do
poder.

- Reação Republicana (1921 – 1922) – Contra Artur Bernardes, candidato apoiado pelas
oligarquias de Minas e São Paulo, contando também com a sustentação das oligarquias de outros
estados, foi lançada a candidatura dissidente de Nilo Peçanha, com apoio de oligarquias de outros
estados – RJ, BA, PE e RS. A campanha presidencial foi particularmente tumultuada em função da
publicação, em jornais do Rio de Janeiro, de cartas atribuídas ao candidato Artur Bernardes e
consideradas altamente ofensiva às Forças Armadas – posteriormente revelou-se que elas eram falsas.
A vitória coube a Artur Bernardes.

A Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul – „A Libertadora‟


A Revolução de 1923 foi o último confronto envolvendo as elites rurais do Rio Grande do Sul. A luta
envolveu novamente chimangos e maragatos. Estes acusavam o governo Borges de Medeiros
(Chimango) a fraudar as eleições que lhe garantia a permanência no poder. Após a derrota dos
chimangos em 1893, a ditadura positivista se instalou no Estado, e, a oposição buscava a alternativa
parlamentarista, isto é, mais poderes para o Legislativo.
Além disso, durante a I Guerra (1914 – 1918), o setor agropecuário havia investido em frigoríficos
devido a demanda do mercado internacional. Com o final da Guerra, passou a sofrer a concorrência
da carne platina, além das constantes baixas de preços promovidos pelo governo Borges, para atender
as populações urbanas.
Nas eleições de 1822, concorriam de um lado, Borges de Medeiros (que buscava o 5º mandato) pelo
Partido Republicano Rio-grandense e Assis Brasil, pela Aliança Libertadora (uma frente composta
do Partido Republicano Democrático, os federalistas derrotados em 1893 e dissidentes do PRR). Com
a vitória de Borges de Medeiros, eclodiram manifestações armadas em vários pontos do Estado.
A luta foi desigual, já que as tropas borgistas (CHIMANGOS) contavam com um número maior de
homens e de um aparato bélico mais sofisticado que ia de modernos rifles Mauser a metralhadoras.
Já os revoltosos (MARAGATOS), em número bem menor, lutavam com lanças, lembrando muito
os revolucionários farroupilhas.
Se a Revolução de 1893, Júlio de Castilhos pode contar com o apoio federal do Pres. Floriano Peixoto,
a de 1923, Borges não teve a mesma sorte. Por ter apoiado a „reação republicana‟ que se opunha ao
governo de Artur Bernardes, o governo federal acabou se mantendo neutro diante do conflito. Depois
de 11 meses de guerra, a revolução acaba com o Acordo de Pedras Altas. Ao contrário de 1893, o
governo estadual se comprometia a não fazer nenhuma represália contra os revoltosos. Ficou acertado
o cumprimento do mandato de Borges, e a não reeleição consecutiva para o Governo do Estado.
Pedras Altas celebrou, ainda, a paz entre iguais que possibilitou ao Estado a unificação de suas
lideranças, visando agora, o poder federal. Dessa união se viabilizou a Aliança Liberal da qual foi
responsável pela candidatura de Getúlio Vargas.
- Aliança Liberal (1929 – 1930) – de acordo com o esquema de alternância previsto no Pacto de
Ouro Fino, expressão máxima do domínio político de São Paulo e Minas Gerais (Política do café-
com-leite), a presidência da República durante o período 1930-1934 caberia a um mineiro, o então
presidente do Estado de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada. A indicação do paulista Júlio
Prestes como candidato situacionista, apoiado pelo então Presidente Washington Luís („o paulista de
Macaé‟), no entanto rompeu o esquema do café-com-leite. Foi nesse contexto que se articulou a
Aliança Liberal, reunindo as oligarquias dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba
em torno da candidatura de Getúlio Vargas, tendo como vice o paraibano João Pessoa. Mais uma vez
tratou-se de ruptura intra oligárquica, agora definitiva em função de seus desdobramentos. Apesar
de sair vitorioso nas eleições, também marcadas por fraudes de ambos os lados, Júlio Prestes não
chegou a tomar posse, pois nos meses de outubro de 1930 um movimento político, que ficou
consagrado como Revolução de 30, depôs o presidente Washington Luís garantiu a ascensão política
de Getúlio Vargas ao poder.
3.2 – Aspectos Econômicos

Os primeiros anos da república foram marcados pelo aumento da dívida externa, da desvalorização da
moeda e da inflação galopante, sobretudo após a crise do encilhamento.
Em 1898, no Governo Campos Sales, foi firmado o Funding-loan, um empréstimo que fundia por um
período de três anos (1898 – 1901) os juros de todos os empréstimos e obrigações anteriores. Para garantir
esse empréstimo o governo comprometia-se a não emitir papel-moeda para provocar a queda da inflação
e promover redução de gastos públicos, com demissões de funcionários, paralisação de obras públicas e
novos impostos sobre a população. Além disso, deixaria como penhora toda a receita da alfândega do Rio
de Janeiro, da Estrada de Ferro Central e até do serviço de abastecimento de água, caso não pagasse o
empréstimo no tempo estipulado de 11 anos. Como resultado ocorreram falências bancárias, diminuição
do crescimento industrial, arrocho salarial e aumento do desemprego.
Na República Velha, o café continuava sendo o principal produto de exportação do Brasil, porém os
preços internacionais caíam e com eles, os lucros dos fazendeiros (em 1893 o preço da saca de café – 60
kg – era cotado em 4,09 libras; em 1899, 1,48 libras). Justamente quando a oligarquia cafeeira assumiu
plenamente o controle político do país, suas bases econômicas estavam sendo, gradativamente, corroídas.
Para salvaguardar seus lucros, uma série de medidas protecionistas foi levada a cabo:

impostos para investir na compra de excedentes da produção de café. Era a


política da „socialização dos prejuízos‟ e „particularização dos lucros‟
Convênio de Taubaté – (1906) os governos estaduais comprariam o café por um valor maior
que o do mercado internacional. Esse café ficaria estocado e, quando o preço voltasse a
crescer, o governo poderia exportar esse café e obter um bom lucro. Para adquirir parte da
safra o governo federal comprometeu-se a pedir um empréstimo de 15 milhões de libras junto
a banqueiros ingleses. Dessa forma diminuía a quantidade do produto no mercado internacional
forçando o aumento do preço. O presidente da época, Rodrigues Alves, mesmo sendo
cafeicultor não apoiou as medidas do Convênio de Taubaté, mas o Congresso composto na
maioria de deputados e senadores comprometidos com a política cafeeira, aprovou o projeto.
Entretanto, somente no Estado de São Paulo as medidas foram postas em prática.

Além do café, outros produtos se destacavam na economia:


Borracha – entre 1890 e 1913, o Brasil era o maior exportador de borracha do mundo. Amazonas
e Pará tiveram um surto de desenvolvimento no período. O Acre foi incorporado ao Brasil em 1903
pelo Tratado de Petrópolis. O governo brasileiro se comprometeu a construir a estrada de ferro
Madeira Mamoré para que a Bolívia pudesse escoar sua produção até Manaus e Belém. A estrada, no
entanto, não chegou a ser concluída. A decadência da borracha se deu pelo fato de que os ingleses e
holandeses começaram a plantar a seringueira na Índia e Malásia, concorrendo com a borracha
extraída no Brasil.
Cacau – plantado no sul da Bahia representava quase 4% das exportações. Teve um acréscimo
com o período da I Guerra Mundial em que o chocolate era a ração básica dos soldados.
Algodão – além da exportação, com o crescimento das indústrias têxteis, sobretudo em São Paulo,
o algodão começou a atender a demanda interna.

A industrialização
No século XIX a industrialização no Brasil era incipiente. A partir de 1885 é que começaram a
aparecer fábricas voltadas para um mercado interno. No começo do século XX, algumas indústrias
se instalaram no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, mas as principais estavam em São Paulo e
Rio de Janeiro. Mas o crescimento industrial teve um grande impulso durante a I Guerra Mundial
(1914 – 1918). O Brasil começou a produzir bens antes importados ocasionando o que se
convencionou designar de “industrialização de substituição”.
A questão das fronteiras

Em 1900, o Brasil ainda não havia estabelecido ou legalizado em definitivo suas fronteiras com vários
países vizinhos. Os problemas fronteiriços com a Argentina, relativo às missões, e com a Inglaterra,
relativos à ilha de Trindade, haviam sido resolvidos por arbitramento internacional em 1895 e 1896.
O mesmo ocorreria em 1900 e 1904, com as questões envolvendo as Guianas francesa e inglesa.

O problema mais difícil foi a questão do Acre.


Desde a metade do século XIX, os seringais acreanos vinham sendo ocupados por migrantes
brasileiros, em especial nordestinos. Na mesma época, por um acordo secreto com a Bolívia, os EUA
garantiram seu apoio àquele país, que reivindicava a posse do Acre. Em troca, o território seria
arrendado a um grupo de empresas americanas, alemãs e inglesas (Bolyvian Syndicate), interessadas
em explorar os seringais. Forças militares bolivianas, contando com esse apoio penetraram no
território, esmagaram a tentativa de proclamação da independência pelo boliviano Luís Galvez, a
serviço do governo do Amazonas (1899), e estabeleceram seu domínio sobre a população, composta
em sua grande maioria de brasileiros.
A rebelião contra a Bolívia tomou vulto a partir de 1902, quando os seringalistas brasileiros e o
governo amazonense constituíram um exército próprio sob o comando de Plácido de Castro, ex-
oficial do Exército brasileiro. No final daquele ano a rebelião se alastrou, já com nítida vantagem para
as tropas de Plácido. Em janeiro de 1903 os bolivianos sofreram uma séria derrota em Puerto Acre,
induzindo o governo brasileiro a enviar tropas regulares para a região. Sem perspectiva de vencer, a
Bolívia concordou em negociar. Pelo Tratado de Petrópolis, de novembro de 1903, a Bolívia
aceitou que a área contestada passasse a fazer parte do território brasileiro. Em troca, o Brasil pagou
dois milhões de libras e comprometeu-se a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, para a exportação
da borracha através de Manaus e Belém.
3.3 – Aspectos Sociais

O período da República Velha foi marcado por vários conflitos que poderiam ser divididos em rurais
e urbanos. A república não alterou significativamente a vida da maioria da população. No campo, a
relação do latifundiário com o camponês ainda não era do tipo capitalista, ou seja, ainda não havia
salário e carteira assinada. Nas cidades, as populações pobres sofriam com o alto do custo de vida.
Com o crescimento das indústrias, o movimento operário teve grande repercussão organizando-se em
sindicatos e reivindicando melhores condições de trabalho.

MOVIMENTOS RURAIS

Movimento Local Período Personagem Motivos Desfecho


Movimento Apesar de
messiânico resistirem
decorrente durante um ano
das precárias diante dos
condições de ataques das
vida dos forças
Antônio sertanejos. governamentais,
Canudos Bahia 1893-1897 Conselheiro Buscavam os habitantes de
uma Canudos foram
sociedade massacrados
igualitária tal
como no
começo do
cristianismo.
Região limite A expulsão O governo
entre Paraná Monge José dos pequenos enviou tropas e
e Santa 1912 - 1915 Maria agricultores usou até aviões
Contestado Catarina devido a no massacre
construção de dos
uma estrada camponeses.
de ferro feita
por uma
empresa
norte-
americana,
ligando São
Paulo ao Rio
Grande do
Sul, além da
instalação de
madeireiras.

Movimento O movimento
designado de perseguido pelo
1890 Lampião/ „Banditismo governo, acabou
Até década Maria Bonita Social‟, no período 1930-
Cangaço Nordeste de 40 Corisco/ revolta 40.
Dadá desorganizada
sem ideologia
Padre Cicero definida.
Movimentos Urbanos

Movimento Local Período Personagens Motivos Desfecho


Militares
florianistas e
Modernização positivistas
do Rio de aproveitaram
Janeiro, para atacar o
expulsão dos governo
pobres do Rodrigues
Revolta da Rio de centro da Alves.
cidade, Repressão do
Vacina Janeiro 1904 Osvaldo vacinação exército
Cruz obrigatória contra
contra a população.
varíola. Governo
tornou
opcional a
vacinação.
Marujos
amotinados
controlam
encouraçados.
Governo
negocia
Motim dos melhores
João marujos soldos, fim
contra maus dos castigos e
Candido tratos anistia aos
Revolta da Rio de 1910 O “Almirante (castigos revoltosos
Chibata Janeiro Negro” físicos). que não foi
cumprida, já
que vários
foram
fuzilados,
expulsos da
Marinha ou
enviados ao
Acre para
trabalhos
forçados.

Grandes Movimento Péssimas Greves –


Movimento centros 1910 -1930 anarquista; condições de tratadas como
Operário PCB-Partido trabalho: caso de
Urbanos Comunista do jornada de 14 polícia, a mais
Brasil criado h, incluindo o importante foi
em 1922; sábado; não a greve geral
BOC – Bloco havia férias, de 1917.
Operário 13º, nem Repressão
Camponês indenizações contra os
para casos de sindicatos ou
dispensa ou o incentivo à
doença; não criação dos
existia sindicatos
aposentadoria; „amarelos‟
os salários (coniventes
eram baixos. com os
patrões)
3.4 – Aspectos Culturais

Em fevereiro de 1922, aconteceu a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, com
escritores, artistas plásticos, músicos e arquitetos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Segundo Graça
Aranha, seu organizador, a Semana pretendia oferecer ao público “uma demonstração do que há em
nosso meio de escultura, arquitetura, música e literatura, sob o ponto de vista rigorosamente atual” e
“renovar o estagnado ambiente artístico e cultural de São Paulo e do país e descobrir o Brasil,
repensando-o de modo a desvinculá-lo, esteticamente, das amarras que ainda o prendiam à Europa”.
Nos dias 13, 15 e 17, enquanto ocorriam no palco conferências de Graça Aranha, leituras dos poemas de
Menotti Del Pichia e audições de Heitor Villa Lobos, no saguão eram expostas esculturas de Vitor
Brecheret e quadros de Anita Malfatti e Emiliano Di Cavalcanti.
Houve de tudo, inclusive vaias para os poemas declamados por Mário de Andrade e ovos e tomates
jogados no último dia sobre os artistas. Segundo Di Cavalcanti, “esta semana seria de escândalos
literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana”. Uma rebeldia contra
os padrões artísticos da época.
(Extraído de: Barbeiro, Heródoto. História – de olho no mundo do trabalho)

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