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Coronelismo

Nos primeiros anos da República, a política regional foi dominada — em várias


partes do país — por grandes proprietários rurais, que se tornaram
verdadeiros che-
fes ou líderes políticos das cidades ou regiões onde estavam estabelecidos.
Como
Eram chamados comumente de “coronéis”, suas práticas de mando e
dominação
ficaram conhecidas como coronelismo.

Durante a Primeira República, porém, a situação era bem diferen-


te: a maioria da população morava em áreas rurais e dedicava-se,
principalmente,à atividade agrícola.
Nessa sociedade predominantemente rural, grande número de pessoas
trabalhava em fazendas recebendo remuneração miserável. Devido à
exploração que sofriam, de-pendiam dos favores dos patrões. Auxílios como
empréstimos em dinheiro, por exem-plo, em momentos de doença, eram
algumas das formas utilizadas pelos coronéis para criar a relação de
dependência com os trabalhadores e mantê-los sob seu controle.

Clientelismo
De acordo com historiadores, o poder dos coronéis ultrapassava os limites de
suas propriedades rurais, chegando, por vezes, a alcançar as cidades. Diversos
empregos e cargos estavam, com frequência, sujeitos à sua influência, fosse na
prefeitura, na delegacia, na escola, no cartório público ou na estação de trem,
entre outros lugares.
Muitas pessoas, como donos de armazéns, médicos, advoga-
dos, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, padres e professores,
procuravam se
aproximar dos coronéis em busca de apoio e favores.

Era nesse cenário que se manifestava uma das principais características


do coronelismo: o clientelismo, isto é, a prática dos coronéis de premiar com
favores públicos o grupo de pessoas apadrinhadas, que lhes demonstrava fi-
delidade política.

Voto de cabresto

Em troca de favores, os coronéis exigiam que os eleitores votassem


nos candidatos por eles indicados (prefeito, governador, presidente
da República, vereadores, deputados e senadores). Quem se negasse
ficava sujeito à violência dos jagunços ou capangas que trabalhavam
nas fazendas dos coronéis. Eles formavam grupos armados que
perseguiam os inimigos do patrão ou aqueles que lhe fossem infiéis.

Durante as eleições, cumprindo ordens dos fazendeiros, os jagunços


procura-
vam controlar o voto de cada eleitor. Essa tarefa não era difícil, pois,
como vimos,
naquela época a votação não era secreta, tendo o eleitor que
declarar em quemestava votando.
Esse voto aberto e dado sob pressão ficou conhecido como voto de
cabresto, expressão popular que significa voto induzido, imposto e
que não expressa a vo
tade do eleitor.
Fraudes eleitorais
Com tanto poder nas mãos e a ausência de uma Justiça Eleitoral
independen-te, os coronéis também praticavam fraudes para
conseguir que seus candidatos
vencessem as eleições. Dentre as principais fraudes, estavam a
falsificação de do-cumentos para que menores e analfabetos
pudessem votar, a inscrição de pessoas
falecidas como eleitoras, a violação de urnas e adulteração das
cédulas de votação
e a contagem errônea dos votos, com favorecimento do candidato
do coronel.

Estrutura de poder
maneira: o coronel mais influente e poderoso em cada município ou
região estabelecia alianças com coronéis de ou-
tros municípios ou regiões para eleger o governador do estado.
Depois de eleito,

o governador retribuía o apoio recebido dos coronéis destinando


verbas e favores para as áreas de influência de seus correligionários.
Era a prática do clientelis-mo elevada ao nível estadual.
Em virtude dessas alianças, o poder político de cada estado tendia a
permanecer nas mãos de um mesmo grupo em sucessivas eleições.
o coronelismo desempenhava importante
papel, costurando o fio das alianças na base da troca de favores, da
dependência política pessoal e da corrupção.
Cabe ressaltar, por último, que o co-
ronelismo não teve a mesma influên-
cia política e social em todos os luga-
res do Brasil. De acordo com estudos

historiográficos, em várias regiões


do interior do Nordeste, os coro-
néis tiveram, sem dúvida, muito
poder, organizando até mesmo
tropas militares próprias. Já
em São Paulo, Minas Gerais
e Rio Grande do Sul, a força
do coronelismo dissolveu-se
dentro de outras estruturas de
poder (partido político, admi-
nistração do governo estadual,
entre outras) e sua influência
relativizou-se.

Política dos governadores


Campos Sales, político e fazendeiro paulista, foi o segundo
presidente civil da República (1898-1902)
e um dos principais articuladores do sistema de
alianças que se formou, durante sua gestão e as gestões de seus
sucessores, entre governadores de estado e o governo federal: era a
chamada política dos governadores.
Esse sistema de alianças também se baseava, de modo geral, na
troca de favores. Os governadores de estado davam seu apoio ao
governo federal, ajudando-o a eleger deputados federais e
senadores favoráveis ao presidente, que, em retribuição, apoiava os
governadores concedendo mais verbas para seus estados, além de
empregos e favores para seus aliados e apadrinhados políticos.
A política dos governadores reproduzia, portanto, no plano federal, a
rede
de compromissos e o clientelismo que já ligavam os coronéis aos
governadores dentro dos estados. Assim, por meio de tantas alianças
e fraudes, as oligarquias agrárias estiveram no poder durante a
maior parte da Primeira República.

Política do café com leite


Os dois estados que lideraram a política dos governadores foram São
Paulo e Minas Gerais. Nesses estados, as oligarquias agrárias paulista
e mineira estavam organizadas, respectivamente, em torno de dois
partidos políticos:
o PRP (Partido Republicano Paulista)
o PRM (Partido Republicano Mineiro).
Embora a união dessas oligarquias não explique toda a história
política dessa época, podemos dizer que quase todos os presidentes
da Primeira República foram eleitos com o apoio dos paulistas
ligados ao PRP e dos mineiros ligados ao PRM.
Como São Paulo era o primeiro estado em produção de café e Minas
Gerais destacava-se pela produção de leite (e era o segundo
produtor de café), nasceu daí a expressão política do café com leite
para designar essa aliança entre os dois partidos, característica desse
período.

A República da Espada (1889 a 1894 )


Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da
República, liderada pelo Marechal
Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado
por militares. Deodoro da Fonseca tornouse Chefe do Governo
Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente
Floriano Peixoto. O militar Floriano, em seu governo, intensificou a
repressão aos que ainda davam apoio à monarquia. Após o início da
República havia a necessidade da elaboração de uma nova
Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da monarquia. A
constituição de 1891 garantiu alguns avanços políticos, embora
apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das
elites agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto
universal para os cidadãos (mulheres, analfabetos, militares de baixa
patente ficavam de fora). A constituição instituiu o presidencialismo
e o voto aberto.

REVOLTAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA


A desigualdade social, os aumentos nos impostos, as necessidades
não atendidas, o racismo, o medo, a insatisfação política etc., tudo
isso foi raiz para revoltas na Primeira República. Ao longo dos mais
de quarenta anos dessa primeira fase, aconteceram diferentes
revoltas no campo, na cidade e até mesmo no meio militar.

Avanço industrial
A Primeira República, período vigoroso da econo-
mia cafeeira, foi também a época em que a industria-
lização ganhou o maior impulso, até então, de nossa
história. Isso se deveu, em grande parte, à expansão
dos cafezais e às crises de superprodução do café
ocorridas nessa época, que levaram muitos cafeicul-
tores a aplicar na indústria parte de seus lucros,
Concentrando 31% das indústrias, o principal
centro da industrialização brasileira era o estado de
São Paulo, onde viviam os mais importantes produto-
res de café do país
A indústria nacional desenvolveu-se procurando

substituir os produtos importados até então, especial-


mente durante a Primeira Guerra Mundial, quando
caíram as exportações europeias. Dedicou-se princi-
palmente à fabricação de tecidos de algodão, calça-
dos, materiais de construção e móveis e à produção
de alimentos. Em 1928, a renda do setor industrial
superou, pela primeira vez, a da agricultura.

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