Você está na página 1de 11

ESCOLA ESTADUAL MANOEL LEITE CARNEIRO

PROFESSOR: CÍCERO SILVA


3 º ANO

HISTÓRIA

REPÚBLICA VELHA (PRIMEIRA REPÚBLICA)

Esse período da história brasileira, que também é conhecido como República Velha, ficou marcado por inúmeras
práticas políticas, como o clientelismo e o coronelismo, e foi controlado inteiramente pelas oligarquias.
Campos Sales foi presidente do Brasil de 1898 a 1902. Durante seu governo, foi criada uma prática comum à
Primeira República: a política dos estados.
Primeira República é a forma que ficou conhecido o período da história do Brasil que se iniciou em 1889, com
a Proclamação da República, e estendeu-se até 1930, com a Revolução de 1930. Também conhecido
como República Oligárquica ou República Velha, esse período ficou marcado pelo domínio das oligarquias na
política brasileira.

A Primeira República, ou República Velha, estendeu-se de 1889 a 1930 e foi o período inicial
do republicanismo no Brasil. Ficou marcada por algumas práticas, como o voto de cabresto e a troca de favores.
Desse período também ficaram conhecidos alguns conceitos, como a política do café com leite e a política dos
governadores.

Foi caracterizada ainda pelo autoritarismo, desigualdade social e jogo político das oligarquias. Por conta disso, esse
período ficou muito marcado pelas tensões sociais existentes, que ocasionaram inúmeras revoltas, como a Revolta
da Vacina e a Revolta da Chibata.

O fim da República Velha ocorreu quando o presidente Washington Luís foi deposto pelas tropas que deram início
à Revolução de 1930. Essa revolução foi a responsável por colocar Getúlio Vargas na presidência do Brasil.

Fases da Primeira República


Como já mostrado no trecho acima, a Primeira República é datada oficialmente como iniciada em 1889 e finalizada
em 1930. Entretanto, é importante pontuar que alguns historiadores organizam a periodização desse período de
outra maneira. Esses historiadores estabelecem o início da Primeira República no ano de 1894 e o fim em 1930. O
período anterior (1889-1894) é nomeado de República da Espada e engloba apenas os dois primeiros governos da
República brasileira.

Neste texto, consideramos o período 1889-1930 como parte integral da Primeira República e a República da
Espada (1889-1894) como uma subdivisão. A respeito dos mais de 40 anos da Primeira República, o período pode
ser organizado conforme estabelece o historiador Marcos Napolitano |1|:

Consolidação (1889-1898): período em que as instituições políticas da República estavam consolidando-se, assim
como as práticas de governo;

Institucionalização (1898-1921): período que marca o auge da Primeira República e quando ficaram bem
estabelecidas as práticas políticas que foram a marca dessa fase da história brasileira;

Crise (1921-1930): período em que o equilíbrio da política oligárquica foi alterado com a entrada de novos atores
na política nacional.
Rodrigues Alves e Júlio Prestes foram os dois presidentes eleitos, mas que não assumiram nesse período. O
primeiro havia sido eleito para um segundo mandato em 1918, mas faleceu antes de assumir em decorrência da
gripe espanhola. Assim, seu vice, Delfim Moreira, assumiu até que nova eleição fosse marcada. O segundo foi
eleito na eleição de 1930, mas foi impedido de assumir após a Revolução de 1930 – evento que marcou o fim desta
fase conhecida como Primeira República.

Características da República Velha


A República Velha tem como característica principal o controle das oligarquias na política brasileira. A respeito
das oligarquias desse período, Boris Fausto faz a seguinte definição: “Oligarquia é uma palavra grega que significa
governo de poucas pessoas, pertencentes a uma classe ou uma família. De fato, embora a aparência de organização
do país fosse liberal, na prática o poder foi controlado por um reduzido grupo de políticos de cada estado” |2|.

O controle que essas oligarquias faziam sobre a política brasileira valia-se de algumas práticas muito conhecidas
em nosso país: o mandonismo, o coronelismo e o clientelismo. Vamos a uma rápida definição desses conceitos.

Mandonismo: consiste basicamente no controle sobre determinado grupo de pessoas a partir da posse da terra. Os
grandes proprietários de terra exerciam forte influência sobre a população em geral.

Coronelismo: era uma prática comum da Primeira República em que os coronéis (os grandes proprietários de terra)
exerciam domínio sobre as populações locais e utilizavam desses poderes para garantir os votos necessários e,
assim, atender os interesses da oligarquia estabelecida e, consequentemente, do Governo Federal. O coronel
garantia esses votos a partir da distribuição dos cargos públicos (todos sob seu controle) da maneira como lhe
interessasse.

Clientelismo: pode ser definido como uma prática de troca de favores entre dois atores politicamente desiguais.
Nesse conceito, não há necessidade de existir a figura do coronel, uma vez que essa prática pode acontecer em
diversas instâncias da sociedade. Nela, todo favor concedido em troca de algo (cargo público, isenção fiscal etc.)
dado por um ente político superior cria uma relação de clientelismo com aquele que recebe o benefício.

Outras práticas muito conhecidas da política da Primeira República eram a “política dos governadores”, também
chamada de “política dos estados”, e a “política do café com leite”.

Política dos governadores


A “política dos governadores” foi criada durante o governo de Campos Sales (1898-1902) e basicamente deu o
tom do funcionamento de nossa política durante toda a Primeira República.

Na política dos governadores, o Governo Federal dava seu apoio para a oligarquia mais poderosa de cada estado
para reduzir as disputas pelo poder entre as oligarquias locais. Em troca desse apoio, as oligarquias escolhidas
tinham como função apoiar o Executivo a partir de seus representantes no Legislativo.

Nessa política, a figura do coronel era fundamental, pois era ele que fazia todo o arranjo para mobilizar os votos
necessários e eleger os deputados da oligarquia apoiada pelo governo. O coronel era a figura de poder local e, para
alcançar seus objetivos, fazia uso da distribuição de cargos e da intimidação dos eleitores, uma vez que o voto na
Primeira República não era secreto. Essa intimidação ficou conhecida como “voto de cabresto”. Além do voto de
cabresto, as oligarquias também se utilizavam da manipulação das atas eleitorais para garantir a vitória de seus
candidatos de interesse.

Política do café com leite


As alianças políticas são fundamentais para a sustentação de qualquer governo. O fim de alianças políticas
importantes anunciou o encerramento de toda uma fase da história política do país. É o caso da República Velha
(1889/1930)

A República no Brasil nasceu como resultado da ação de alguns grupos e classes sociais, entre os quais se
destacava um com interesses muito precisos: a oligarquia cafeeira. Para viabilizar a sua supremacia e garantir o
controle do poder republicano, ela não hesitou em realizar alianças com as elites dos outros Estados.

Daí os termos que ficaram ligados à República Velha, tais como "Política do café com leite" e "Política dos
Governadores". A "Política do café com leite" consistia numa aliança entre os dois Estados mais poderosos da
federação: São Paulo (centro da economia cafeeira) e Minas Gerais (detinha o maior contingente eleitoral do país).
Essa aliança previa um rodízio na indicação do candidato a ser apoiado pelos dois Estados nas eleições periódicas
para a Presidência da República.

A "Política dos Governadores" estabelecia uma aliança entre o Poder Executivo e as oligarquias regionais mais
poderosas de cada Estado. O presidente da República concedia ao presidente do Estado (era assim que os
governadores eram chamados) ampla liberdade de ação. Em troca, ele deveria mobilizar a bancada de deputados
federais para aprovar os projetos de interesse do Executivo no Congresso. Assim, o poder ficava dividido da
seguinte forma: a Presidência da República era tutelada pelos dois Estados mais poderosos da federação, e os
demais ficavam à mercê das oligarquias locais mais influentes, articuladas com São Paulo e Minas Gerais.

Em 1930, o presidente da República, Washington Luís, quebrou o acordo com Minas Gerais e acabou indicando
um outro paulista para sucedê-lo. O presidente do Estado de Minas Gerais, Antônio Carlos, sentindo-se traído,
aliou-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba e, juntos, criaram a Aliança Liberal, para concorrer com o candidato
paulista nas eleições de 1930. As consequências e os motivos da quebra da aliança serão nossos próximos assuntos.

Características socioeconômicas
O período da História brasileira conhecido como República Velha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930,
representou profundas mudanças na sociedade nacional, principalmente na composição da população, no cenário
urbano, nos conflitos sociais e na produção cultural. Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças tão profundas,
o que permaneceu delas na vida social atual?

Por causa desse desenvolvimento industrial embrionário, despontou com maior expressividade na década de 1910
o movimento operário. Os anos da Primeira República também foram marcados por um crescimento urbano
considerável no Brasil. Na totalidade, o país continuava com maioria da população nas zonas rurais, mas o
crescimento foi consistente e era um prelúdio de uma forte urbanização que ocorreria nas décadas seguintes.

A produção agrícola ainda era o carro-chefe econômico da República Velha e o café continuava a ser o principal
produto de exportação brasileiro. Mas o desenvolvimento do capitalismo e a criação de mercadorias que utilizavam
em sua fabricação a borracha (como o automóvel) fizeram com que a exploração do látex na região amazônica se
desenvolvesse rapidamente, chegando a competir com o café como o principal produto de exportação. Porém, o
período de auge da borracha foi curto, pois os ingleses conseguiram produzir de forma mais eficiente a borracha na
Ásia, desbancando a produção brasileira.

Outro aspecto econômico da República Velha foi o início da industrialização no Brasil, principalmente no Rio de
Janeiro e em São Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira possibilitou aos grandes fazendeiros investir
na indústria, dando novo dinamismo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram por uma
profunda urbanização, criando avenidas, iluminação pública, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e,
principalmente, afastando as populações pobres dos centros das cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades
que houve mudanças, já que a mesma situação se verificou em Manaus, Belém e cidades do interior paulista, como
Ribeirão Preto e Campinas.
Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de milhões de imigrantes europeus e asiáticos para
trabalharem tanto nas indústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório na República Velha alterou
substancialmente a composição da sociedade, intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das elites do país,
poderia levar a um embranquecimento da população, aprofundando o preconceito contra os negros de origem
africana.

Revoltas da República Velha


A Primeira República foi marcada pelo desrespeito aos direitos sociais, o que se refletiu diretamente em diversas
revoltas que aconteceram durante essa fase. As revoltas também resultavam das dissidências políticas e da
insatisfação da população com a pobreza e a desigualdade social. Entre as revoltas, podem ser destacadas:

1. Guerra de Canudos :

A Guerra de Canudos foi um conflito armado entre o Exército do Brasil e a comunidade liderada por
Antônio Conselheiro no final do século XX.

O que foi

A Guerra de Canudos foi um conflito armado entre a comunidade de Canudos, liderada pelo beato Antônio
Conselheiro, e o Exército brasileiro. Ela ocorreu entre os anos de 1896 e 1897 no interior da Bahia. Considerado
um movimento rebelde pelo governo federal, Canudos foi destruída e milhares de seguidores de Conselheiro,
inclusive ele, foram mortos.

Contexto histórico:

Para melhor compreender a Guerra de Canudos, é preciso levar em consideração a situação (contexto histórico) do
Nordeste no final do século XIX. Para tanto, indicamos alguns pontos principais, que estão relacionados às causas
do conflito.

1. Fome: o desemprego e os baixíssimos rendimentos das famílias deixavam muitos sem ter o que comer.

2. Seca: a região do agreste ficava muitos meses e até mesmo anos sem receber chuvas. Este fator dificultava a
agricultura e não permitia a sobrevivência do gado.

3. Falta de apoio político: os governantes e políticos da região não se importavam com as necessidades das
populações carentes.

4. Violência: latifundiários empregavam grupos armados para proteger suas propriedades. Eles espalhavam a
violência pela região, como estratégia de manutenção do poder dos fazendeiros e forma de repressão a qualquer
movimento político ou social, desfavorável aos seus patrões.

5. Desemprego: grande parte da população pobre estava desempregada em função da seca e da falta de
oportunidades em outras áreas da economia.

6. Fanatismo religioso: era comum a existência de beatos que arrebanhavam seguidores prometendo uma vida
melhor.

Principais dados da Guerra de Canudos:

- Período: de novembro de 1896 a outubro de 1897.

- Local: interior do sertão da Bahia, na região do Arraial de Canudos.


- Envolvidos: de um lado os habitantes do Arraial de Canudos (jagunços, sertanejos pobres e miseráveis, fanáticos
religiosos) liderados pelo beato Antônio Conselheiro. De outro lado, as tropas do governo da Bahia com apoio de
militares enviados pelo governo federal.

As causas da Guerra de Canudos foram:

O governo da Bahia, com apoio dos latifundiários, não concordava com o fato de os habitantes de Canudos não
pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas. Afirmavam também que Antônio Conselheiro
defendia a volta da Monarquia, que havia sido substituída pela República em 1889.

Antônio Conselheiro, por sua vez, defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário ao casamento civil. Ele
afirmava ter sido enviado por Deus para liderar o movimento contra as diferenças e injustiças sociais. Era também
um crítico do sistema republicano, na forma como funcionava no período.

Os Conflitos Militares

Nenhuma das três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de Canudos foi bem-sucedida.
Os sertanejos e jagunços armaram-se e resistiram bravamente contra os militares. Na quarta tentativa, o governo da
Bahia solicitou apoio das tropas federais, conseguindo com isso, que militares de várias regiões do Brasil, usando
armas pesadas, fossem enviados para o sertão baiano. O arraial foi massacrado de forma brutal: crianças, mulheres
e idosos foram mortos sem distinção. Uma vez controlado o movimento, Antônio Conselheiro foi assassinado em
22 de setembro de 1897.

Conclusão: o significado do conflito

A Guerra de Canudos serviu para mostrar que, apesar de marginalizadas, as populações do sertão nordestino do
final do século XIX não aceitavam a situação de injustiça social que grassava na região. Embora derrotado, este
movimento ficou conhecido, na História do Brasil, como um marco de luta e resistência social.

Curiosidades históricas:

- Os habitantes da comunidade de Canudos, fundada em 1893 às margens do rio Vaza-Barris (Sergipe), a


chamavam de Belo Monte. Essa comunidade chegou a ter cerca de 25 mil habitantes.

- Além de Antônio Conselheiro, a comunidade de Canudos teve outros dois líderes (secundários): João Abade e
Pajeú. Este último tinha sido soldado ou policial, mas integrou o grupo dos conselheiristas.

2. Revolta da Armada:

A Revolta da Armada foi uma insurreição de marinheiros contra o governo de presidente


Floriano Peixoto.

O que foi
Levante da Marinha brasileira que, insatisfeita com a recém-proclamada República, exigia a renúncia do
presidente Floriano Peixoto.

Contexto histórico
Os anos que se seguiram à derrubada da monarquia brasileira em 1889 testemunharam considerável
agitação política. Em fevereiro de 1891, foi eleito o primeiro presidente da república, o
marechal Deodoro da Fonseca. No entanto, depois de ordenar o fechamento do Congresso, ele foi
forçado a renunciar quando o almirante Custódio de Melo ameaçou bombardear o Rio de Janeiro. O
vice-presidente marechal Floriano Peixoto assumiu então a presidência.

Causas principais
Como a Constituição de 1891 estipulava que novas eleições deviam ser realizadas se o presidente
renunciasse antes de completar dois anos no poder, o governo de Peixoto era considerado como ilegal.
Suas tendências autoritárias e centralizadoras criaram, além disso, mais descontentamento.
Consequentemente, em março de 1892, treze generais e almirantes assinaram um manifesto pedindo
eleições presidenciais de acordo com a Constituição. Peixoto reagiu muito fortemente a isso, demitindo-
os ou aprisionando-os.

3. Revolta da Vacina :

A Revolta da Vacina foi um movimento popular e urbano, ocorrido na cidade do Rio de


Janeiro em 1904, contra a campanha de vacinação obrigatória do governo.

Os antecedentes

O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas
populares. O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de
caráter popular na cidade do Rio de Janeiro (capital do país). O motivo que desencadeou a revolta foi a
campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.

Contexto histórico

Situação do Rio de Janeiro no início do século XX:

A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era precária. A população sofria com a falta de
um sistema eficiente de saneamento básico. Este fato, desencadeava constantes epidemias, entre elas,
febre amarela, peste bubônica e varíola. A população de baixa renda, que morava em habitações
precárias, era a principal vítima deste contexto.

Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues Alves, colocou em prática um projeto de
saneamento básico e reurbanização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi
designado, pelo presidente da República, para ser o chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública,
com o objetivo de melhorar as condições sanitárias da cidade.

As principais causas da Revolta da Vacina foram:

1 - A campanha de vacinação obrigatória

Ela foi colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada
de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as
pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois, grande
parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. A população
também encarava a medida como algo autoritário, de invasão governamental de um espaço privado.

2 - Insatisfação popular com os serviços públicos


Mesmo sendo a capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro apresentava muitos problemas urbanos.
Entre os principais, podemos citar: ineficiência nos meios de transportes coletivos (sistema de bondes),
rede de águas e esgotos com problemas (só chegava em áreas mais ricas) e serviço de saúde precário.

Charge sobre a revolta da vacina: a esquerda Oswaldo e os agentes de saúde com vacinas nas mãos. Do
lado direito, revoltados, os integrantes da população reagindo à campanha de vacinação obrigatória do
governo federal.

Como foi a revolta

As revoltas populares aumentavam a cada dia, impulsionada também pela crise econômica
(desemprego, inflação e alto custo de vida). Outro fato, que colaborou para o aumento dos protestos de
rua, foi a reforma urbana, que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços
e outros tipos de habitações mais simples.

As manifestações populares e conflitos espalharam-se pelas ruas da capital brasileira. Populares


destruíram bondes, apedrejaram prédios públicos e espalharam a desordem pela cidade.

Houve também, nesse clima de confusão e crise, uma tentativa de golpe militar. Porém, o governo
federal agiu com eficiência e conseguiu evitar.

Barricada feita pelos populares que participaram da Revolta da


Vacina.

As principais consequências:

- Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revogou a lei da vacinação obrigatória,


tornando-a facultativa.

- O governo federal colocou nas ruas o exército, a marinha e a polícia, para acabar com os tumultos. Em
poucos dias, a cidade voltava a calma e a ordem.
- Durante a rebelião, morreram cerca de 30 pessoas. O número de pessoas presas foi de 945. Cerca de
460 pessoas, que participaram do movimento, foram deportadas para o Acre.

Bonde tombado por manifestantes durante a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro


(1904).

4. Revolta da Chibata:

A Revolta da Chibata foi um motim de marinheiros brasileiros que ocorreu no Rio de Janeiro
em 1910.

João Cândido ao centro (Almirante Negro): líder da revolta

O que foi

A Revolta da Chibata foi um importante movimento de motim naval, ocorrido no início do século XX,
na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910.

Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves eram
punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros.

As principais causas da Revolta da Chibata foram:

- O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250
chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de
guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros,
desencadeou a revolta.

O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na
Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O
clima ficou tenso e perigoso.
Principais reivindicações dos marinheiros

O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o
fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso
não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de
Janeiro (então capital do Brasil).

Marinheiros assumiram navios da Marinha durante a Revolta da


Chibata.

Segunda revolta

Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos.
Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou a expulsão
de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra
revolta na Ilha das Cobras.

As principais consequências foram:

- A segunda revolta foi fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos
em celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de vida eram
desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para a Amazônia,
onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha.

- O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de
Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram
da revolta.

- Após o motim, a Marinha Brasileira parou de usar castigos físicos para punir os marinheiros.

João Cândido, líder do movimento (a direita) lendo o manifesto ao lado de um


marinheiro.
podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de insatisfação ocorrida no
início da República. Embora pretendessem implantar um sistema político-econômico moderno no país,
os republicanos trataram os problemas sociais como “casos de polícia”. Não havia negociação ou busca
de soluções com entendimento. O governo quase sempre usou a força das armas para colocar fim às
revoltas, greves e outras manifestações populares.

Fim da República Velha

A Primeira República entrou em crise na década de 1920, quando o arranjo político existente entre as oligarquias
começou a ruir e as divisões existentes começaram a se sobressair às tentativas de conciliação. O surgimento do
tenentismo, movimento de oposição formado por jovens oficiais do Exército, também abalou as bases da política
desse período.

Essa crise teve como auge a eleição presidencial de 1930. Os paulistas lançaram Júlio Prestes, e as dissidências
oligárquicas formada por mineiros, gaúchos e paraibanos lançaram Getúlio Vargas na chapa Aliança Liberal para a
disputa. Vargas foi derrotado, mas após o assassinato de seu vice (por motivos não relacionados com a disputa
eleitoral), os membros da Aliança Liberal rebelaram-se e iniciaram uma revolta em outubro de 1930.

Revolução de 1930

O sistema oligárquico entrou em decadência na década de 1920. Um sintoma claro disso foi o surgimento de um
movimento de contestação, no interior do Exército brasileiro, contra o seu funcionamento. Esse movimento ficou
conhecido como tenentismo e organizou revoltas em diferentes partes do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e
Rio Grande do Sul.

Entretanto foi um desentendimento intra-oligárquico que fez com que todo o sistema político da Primeira
República implodisse. Em 1930, o presidente Washington Luís deveria apoiar um candidato de Minas Gerias,
conforme estabelecia a Política do Café com Leite, mas decidiu lançar outro paulista e anunciou a candidatura de
Júlio Prestes.

Minas Gerais rompeu com São Paulo, aliou-se com o Rio Grande do Sul e lançou Getúlio Vargas. Júlio Prestes
venceu a eleição, porém não assumiu a presidência porque membros da chapa de Vargas, a Aliança Liberal,
iniciaram um levante armado contra o presidente depois que João Pessoa, vice de Vargas, foi assassinado. O
assassinato não tinha relações com a disputa eleitoral.

O levante armado, que ficou conhecido como Revolução de 1930, iniciou-se em 3 de outubro, e, no dia 24 do
mesmo mês, Washington Luís foi destituído da presidência, e Júlio Prestes, proibido de assumi-la. Em novembro,
Vargas foi convidado para ser presidente do Brasil em caráter provisório, e assim foi iniciada a Era Vargas.

Você também pode gostar