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HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES NO BRASIL

A história das eleições no Brasil é extensa e iniciou-se ainda na fase colonial. O modelo atual foi designado a
partir da promulgação da Constituição de 1988.

A primeira eleição realizada no Brasil aconteceu na Capitania de São Vicente em 1532, durante o período colonial.

Resumo

Desde o período colonial, há registros de realização de eleições no Brasil para escolha de pessoas
relacionadas a cargos municipais. O sistema eleitoral brasileiro sofreu mudanças radicais ao longo
de suas fases históricas.

No período monárquico, as eleições eram indiretas e só passaram a ser diretas após uma lei de
1881 conhecida como Lei Saraiva. Com a Proclamação da República, o Brasil tornou-se uma
República presidencialista, e o sistema eleitoral de nosso país funcionou de diferentes maneiras na
Primeira República, na Quarta República e na Nova República.

O atual sistema eleitoral brasileiro foi elaborado a partir de 1988, quando foi promulgada a
Constituição Cidadã. No atual sistema, presidente, governadores, prefeitos, deputados e vereadores
são eleitos para mandatos de quatro anos. O cargo de senador, exclusivamente, é eleito para um
mandato de oito anos. Atualmente, o voto é obrigatório para pessoas com idade entre 18 anos e 70
anos.

História do voto no Brasil

O voto é uma prática instituída no Brasil ainda no período colonial, quando o país ainda era parte da
América Portuguesa. A primeira eleição em território brasileiro aconteceu em 1532 para determinar a
escolha das pessoas que ocupariam os cargos da Câmara Municipal e que seriam responsáveis
pela administração das vilas coloniais.

Essa eleição para a Câmara Municipal acontecia a cada três anos, e sua realização seguia as
determinações das Ordenações do Reino, documento que fazia um compilado das leis realizadas
pelos reis de Portugal. No período em que a eleição foi realizada, Portugal estava sob o efeito das
Ordenações Manuelinas, do rei Manuel I.
Nessa eleição realizada no período colonial, o direito ao voto era restrito aos chamados homens
bons, grupo de homens que possuíam alguma linhagem nobre ou que possuíam algum negócio de
importância. Esse processo era indireto e funcionava, resumidamente, da seguinte maneira:
primeiro, os votantes presentes escolhiam os eleitores, e este grupo escolhia alguns nomes que, ao
final do processo, eram elegidos por sorteio. Os cargos em disputa eram para juízes, vereadores e
procuradores.

Durante o período monárquico, o sistema eleitoral era totalmente diferente daquele que funcionava
no período colonial. O funcionamento desse sistema foi definido a partir da Constituição de 1824,
outorgada pelo imperador D. Pedro I. Essa Constituição, por exemplo, definia que os eleitores eram
somente homens livres e maiores de 25 anos.

A idade mínima de 25 anos para votação não era cobrada de homens casados, oficiais militares,
padres e bacharéis. Além disso, o direito de voto durante o período monárquico era censitário, ou
seja, impunha-se uma exigência (além das citadas) para que a pessoa pudesse ter o direito. No
caso do Brasil, essa limitação era a renda. Assim, somente pessoas que ganhavam, no mínimo, 100
mil réis anuais poderiam votar.

As eleições para o Legislativo durante o período monárquico funcionavam da seguinte maneira:

Os eleitores com as condições mínimas de voto eram chamados de eleitores da província e elegiam
os compromissionários.

Os compromissionários elegiam os eleitores da paróquia.

Os eleitores da paróquia elegiam os eleitores da comarca.

Por fim, os eleitores da comarca elegiam os deputados.

Esse processo todo era realizado para eleger deputados. No caso de senadores, os três nomes
mais votados eram levados ao imperador, que nomearia um deles (o cargo de senador nessa época
era vitalício). Nas eleições desse período, os libertos (ex-escravos) tinham direito de participar
apenas da instância básica de voto. Os analfabetos também poderiam votar.

Esse sistema, no entanto, sofreu uma alteração brusca no começo da década de 1880, quando foi
aprovada a Lei Saraiva. A primeira modificação profunda que essa lei trouxe foi a transformação da
eleição indireta para eleição direta. Assim, todo esse sistema citado anteriormente deixou de existir
a partir de 1881.

A Lei Saraiva também aumentou a exigência de renda mínima, que passou para 200 mil réis anuais.
Por fim, houve uma grande mudança: a exigência da assinatura do documento de alistamento
eleitoral. Essa nova condição refletiu nos quadros de eleitores durante décadas. Seu impacto foi
grande, uma vez que analfabetos não conseguiriam assinar o documento.

Essa lei fez com que o eleitorado brasileiro fosse reduzido consideravelmente. Assim, se antes
dessa lei os eleitores correspondiam a 13% da população, depois dela, os eleitores brasileiros
passaram a corresponder a apenas 0,8% da população|1|. Somente na eleição de 1945, o Brasil
conseguiu recuperar a quantidade de eleitores que havia no país antes da Lei Saraiva.

Essa lei é considerada por muitos historiadores como uma reação conservadora dos parlamentares
brasileiros quanto à possíveis mudanças que estavam em discussão na sociedade. Com o debate
abolicionista em evidência, a lei é vista como uma reação para impedir que escravos que tivessem
sua liberdade garantida pudessem tornar-se eleitores.

Pouco tempo depois, foi proclamada a República no Brasil, e mudanças aconteceram em todas as
áreas do nosso país, incluindo no sistema eleitoral. As mudanças estavam previstas na Constituição
de 1891 e determinaram o sufrágio universal masculino para os homens maiores de 21 anos,
excluindo analfabetos, soldados rasos e mendigos.

Uma característica importante desse sistema eleitoral brasileiro era que o voto não era secreto. Isso
abria margem para todo tipo de manipulação de votos e intimidação de eleitores, já que não havia
possibilidade de o eleitor garantir a privacidade de seu voto. A marca do período da Primeira
República (1889-1930) foram exatamente as eleições fraudadas.

No período conhecido como Era Vargas, não foram realizadas eleições diretas no país, mas o
sistema eleitoral sofreu profundas alterações com o Código Eleitoral criado em 1932. Esse Código
Eleitoral instituiu a Justiça Eleitoral, responsável por organizar eleições. Esse código também consta
do decreto do sufrágio universal feminino, o que fez do Brasil um dos primeiros países do mundo a
permitir que mulheres votassem.

Em 1945, o Brasil iniciou um período chamado Quarta República. Com ele, tivemos nossa primeira
fase democrática com eleições limpas. Na Quarta República, havia sufrágio universal, assim,
homens e mulheres maiores de 18 anos votavam, menos os analfabetos. Esse período teve eleições
em 1945, 1950, 1955 e 1960. Esse processo foi interrompido com o golpe de 1964.

Com o final da ditadura, foi elaborada a Constituição de 1988, que definiu as regras do sistema
eleitoral brasileiro. Essas regras estão em vigência até hoje. A primeira eleição presidencial
realizada após essa Constituição foi a de 1989. Depois tivemos eleições em 1994, 1998, 2002,
2006, 2010, 2014 e 2018.

Eleições presidenciais no Brasil


As eleições presidenciais começaram a acontecer no Brasil, evidentemente, após a Proclamação da
República e a escolha do presidencialismo como forma de governo. O primeiro presidente do Brasil
foi o marechal Deodoro da Fonseca, nomeado presidente provisório e depois eleito indiretamente
presidente do Brasil. O primeiro presidente eleito por voto direto foi Prudente de Morais, vencedor da
eleição de 1894.

Como citado, o período da Primeira República foi marcado pela fraude eleitoral. Por fraude estão
incluídas a manipulação das atas eleitorais, a compra de votos pela concessão de favores, a
intimidação dos eleitores, etc. A intimidação dos eleitores, por exemplo, foi uma prática que ficou
conhecida como voto de cabresto.

Ao longo desse período, registraram-se apenas três eleições em que a disputa presidencial foi
razoavelmente equilibrada:

Em 1910, Hermes da Fonseca derrotou Rui Barbosa com mais de 60% dos votos;

Em 1919, Epitácio Pessoa derrotou Rui Barbosa com 71% dos votos;

Em 1922, Artur Bernardes derrotou Nilo Peçanha com 60% dos votos;

Em 1930, Júlio Prestes derrotou Getúlio Vargas com 60% dos votos.

Em todas as outras eleições, o vencedor teve aproximadamente 90% dos votos (alguns até bem
mais que isso). Esse cenário de fraude eleitoral, inclusive, foi um dos motivos que levou ao
surgimento do tenentismo, movimento de jovens oficiais do Exército Brasileiro que exigiam reformas
no país, entre as quais constava o fim das fraudes nas eleições.

A continuidade do sistema de eleições diretas para presidente foi interrompida com a ascensão de
Getúlio Vargas à presidência. Vargas tornou-se presidente após a Revolução de 1930 ter destituído
Washington Luís da presidência. Com essa revolução, o vencedor da eleição de 1930, Júlio Prestes,
foi impedido de tomar posse. A partir de 1930, durante os quinze anos seguintes, a única eleição
presidencial no Brasil aconteceu em 1934 e foi indireta.

Depois que Vargas renunciou em 1945, o Brasil deu início à sua primeira experiência democrática
no período da Quarta República. Esse período estendeu-se de 1945 a 1964 e contou com eleições
presidenciais nos anos de 1945, 1950, 1955 e 1960. Segue abaixo a lista de eleições presidenciais
que aconteceram nesse período:"

"O mandato presidencial durante a Quarta República era de cinco anos, e não havia a possibilidade
de disputar a reeleição. Outro ponto era que o vencedor da disputa era decretado em turno único,
portanto, exigia-se apenas a maioria simples dos votos. Uma questão interessante do sistema
eleitoral dessa época era que os eleitores brasileiros também votavam separadamente para vice-
presidente.

Esse sistema fez com que, em ocasião específica, fossem eleitos presidente de uma chapa e vice-
presidente de outra. Em 1960, o vice-presidente eleito foi João Goulart, que concorria pela chapa de
Henrique Teixeira Lott. Com isso, o presidente Jânio Quadros era da UDN, e o vice João Goulart era
do PTB.

A realização de eleições presidenciais no Brasil foi interrompida novamente quando os militares


tomaram o poder com o golpe de 1964. As eleições diretas para presidente foram abolidas no país
com o decreto do Ato Institucional nº 2 em 27 de outubro de 1965. Com isso, todos os “presidentes”
desse período foram eleitos indiretamente."

"Comício das “Diretas Já” organizado em São Paulo em 1984. Essa campanha foi o símbolo brasileiro pelo direito ao voto.
"Em 1984, espalhou-se pelo Brasil a Campanha das Diretas Já, que surgiu em apoio à Emenda
Constitucional Dante de Oliveira. Essa emenda defendia o retorno das eleições diretas no Brasil.
Apesar do engajamento popular, a emenda não foi aprovada. O presidente eleito foi Tancredo
Neves, mas seu falecimento fez com que seu vice, José Sarney, tornasse presidente do Brasil.

Durante o governo de Sarney, foi elaborada e promulgada a Constituição de 1988, a atual


Constituição do Brasil. Ela regulou o funcionamento do sistema eleitoral que está em vigência até
hoje. Em 1997, o sistema eleitoral foi aprimorado com a Lei das Eleições. De 1988 para cá,
aconteceram eleições presidenciais nos seguintes anos:"

"Durante esse período da Nova República (iniciada a partir de 1985), dois dos presidentes
eleitos sofreram processos de impeachment, o que levou os vice-presidentes a assumirem a
presidência do país. Fernando Collor foi destituído da presidência em 1992, e seu vice, Itamar
Franco, assumiu. Em 2016, Dilma Rousseff também foi destituída, e seu vice, Michel Temer,
assumiu a presidência."

"Como funcionam as eleições atualmente?

O funcionamento do sistema eleitoral brasileiro segue as determinações do Código Eleitoral


Brasileiro, documento que agrupa a Constituição, a Lei das Eleições e uma série de outras leis
eleitorais.

A eleição presidencial aqui no Brasil acontece regularmente a cada quatro anos. Nela, a
população elege também governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais (este
vale para o caso do Distrito Federal). A cada quatro anos, também são realizadas eleições para
prefeitos e vereadores.

Nos cargos do Executivo (presidente, governadores e prefeitos), a disputa acontece em duas


etapas: primeiro e segundo turno. A legislação brasileira determina que um candidato é eleito em
primeiro turno caso ele alcance 50% + 1 dos votos válidos, se obtiver, portanto, a maioria absoluta
dos votos. Os votos em branco e nulos não são considerados votos válidos e são descartados.

Se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta dos votos no primeiro turno, os dois
melhores colocados vão para a disputa do segundo turno, e aquele que obtiver a maioria dos votos
válidos é decretado vencedor. Na disputa presidencial, somente Fernando Henrique Cardoso
venceu as eleições que disputou no primeiro turno.

No caso de senadores, a eleição acontece por maioria simples. Assim, o candidato (ou os
candidatos, caso esteja em disputa mais de uma vaga) que obtiver a maioria simples dos votos
válidos é eleito. Para eleição de deputados (todos eles) e vereadores, a disputa acontece por uma
eleição proporcional, que varia de acordo com o quociente eleitoral, ou seja, com o mínimo de votos
que um candidato de determinado partido precisa obter para ser eleito.

A duração dos mandatos varia de acordo com os cargos. Presidente, governadores e


prefeitos têm direito a um mandato de quatro anos, podendo disputar uma reeleição. No caso de
deputados e vereadores, o mandato também é de quatro anos, podendo ser reeleitos quantas vezes
for possível. Já os senadores têm o cargo de oito anos de duração, podendo reeleger-se
indefinidamente também.

A votação no Brasil sempre acontece no mês de outubro, sendo o primeiro domingo do mês
dedicado para o primeiro turno, e o último domingo do mês dedicado para o segundo turno, caso
haja necessidade. O voto no Brasil é obrigatório para cidadãos com idade entre 18 anos e 70 anos
(com algumas exceções previstas em lei). Pessoas com idade entre 16 anos e 18 anos, acima de 70
anos e analfabetos não são obrigadas a votar. O direito para estes é facultativo."

Urnas de Votação - História e Modelos

A preocupação com a inviolabilidade do voto, e por decorrência, com sistemas de segurança para as
urnas eleitorais, surge antes mesmo da criação da Justiça Eleitoral no Brasil.

Inicialmente eram confeccionadas em madeira, nos mais variados formatos. Pesadas e de difícil
manuseio, foram utilizadas até o início da década de 60. Para solucionar as dificuldades de
transporte e armazenagem, vieram as urnas confeccionadas em lona, material mais leve, que
possibilitavam a combinação de mecanismos de metal para o seu fechamento. Com a adoção das
urnas de lona foi possível também criar uma padronização nos modelos utilizados.

Na década de 1990 inicia-se o processo de informatização na Justiça eleitoral e, em 1996, entra em


operação o primeiro modelo de urna eletrônica, restrita a capitais e cidades com mais de 200 mil
eleitores. Em 2000, todo o eleitorado passou a ter acesso ao equipamento.

A partir de 2008, a Justiça Eleitoral iniciou o processo de recadastramento biométrico dos eleitores.
Com um leitor de digitais nas mesas de votação, a urna só é liberada após a confirmação da
identidade do eleitor.
 As urnas de madeira foram utilizadas desde o período imperial até a década de 50.

O voto era depositado numa abertura na parte superior e, neste modelo, retirados pela parte
inferior onde há uma espécie de alçapão, com uma fechadura.

A imagem traz uma urna de madeira que integra o acervo do Memorial da Justiça
Eleitoral Gaúcha.

 As urnas de lona foram utilizadas pela Justiça Eleitoral entre as décadas de 1950 até o ano
2000, quando todo o eleitorado brasileiro passou a votar com a urna eletrônica.

As urnas de lona branca foram utilizadas até 1974. Confeccionadas em tecido de lona na


cor branca, possui um mecanismo de fechamento com zíper e mais um sistema de lacre que
era feito com selo de chumbo, passado através de uma alça de arame trançado, e ainda,
chaveado por um cadeado na parte frontal.

A partir de 1955, a urna de lona marrom também passou a ser utilizada. Sua estréia foi na
eleição presidencial vencida por Juscelino Kubitschek. Com tampa móvel, fechada a chave,
este modelo de urna foi criado pelo paulista Abílio Cesarino, dono de uma fábrica de malas de
couro e carteira. Substituiu o modelo anterior, em lona branca.

 As urnas eletrônicas são utilizadas desde o ano de 1996. Na primeira eleição com o sistema
informatizado de votos apenas capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores utilizaram o
equipamento. A partir do pleito municipal de 2000 todos os eleitores brasileiros passaram a
votar com a urna eletrônica.

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