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RESUMO

O objetivo do trabalho é apresentar sucintamente a História do Voto no Brasil, tendo


como viés a evolução do voto no país por intermédio da investigação das 7 constituições
brasileiras: Constituição de 1824 (Brasil Império), Constituição de 1891 (Primeira
República),Constituição de 1934 (Segunda República), Constituição de 1937 (Estado Novo),
Constituição de 1946 (República de 1946), Constituição de 1967 (Regime Militar) e
Constituição de 1988 (Nova República). O propósito da demonstração deste tema é destacar
as mudanças no sistema eleitoral durante esses períodos e como elas refletiram a realidade
política e social da época.
1 INTRODUÇÃO

A história do voto no Brasil é um reflexo das transformações socioeconômicas,


culturais, políticas e constitucionais que o país experimentou desde a época do Império até os
dias atuais. Tal história é indissociável das mudanças constitucionais que regem a nação e sua
evolução não ocorreu linearmente, tendo enfrentado marcos e retrocessos significativos, de
acordo com contextos político-sociais e as reformas constitucionais implementadas. O estudo
dessas interações fornece informações valiosas sobre a evolução da democracia no país.
Observar a história do voto no Brasil sob o prisma das mudanças constitucionais permite uma
maior percepção sobre as evoluções e retrocessos nesse importante exercício da cidadania.

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2 DESENVOLVIMENTO
O direito ao voto é um dos pilares fundamentais de qualquer democracia. No Brasil, ao
longo de sua história, o processo de conquista e ampliação desse direito foi marcado por
diferentes momentos e contextos políticos. Para compreender a evolução do voto no país, é
indispensável o estudo das constituições que regeram a nação ao longo dos anos.
A primeira Constituição do Brasil, promulgada em 1824, foi um marco decisivo para a
organização política do país recém-independente e colocou as primeiras bases para o
entendimento do voto como instrumento de expressão da cidadania. De acordo com a
Constituição de 1824, o voto no Brasil era exclusivo para homens livres, maiores de 25 anos -
salvo exceções - e com renda mínima, caracterizando um sistema também conhecido como
voto censitário. A exclusividade do voto à parcela de renda mais alta da população estabelecia
uma política de influência e uma representatividade concentrada nas mãos de uma elite. É
Importante ressaltar que a Constituição de 1824também estabelecia algumas restrições em
relação à elegibilidade, dificultando a participação política de diversos setores da sociedade,
como os indígenas, escravizados e mulheres. Esses aspectos mostram como o acesso ao voto
estava diretamente ligado à posição social e aos privilégios de determinados grupos.

Segundo Nicolau (2012, p. 46): “ A Constituição de 1891 definiu as bases


institucionais do Novo Regime: presidencialismo, federalismo e sistema bicameral. Essas três
escolhas afetaram o processo eleitoral. O Presidente passou a ser escolhido pelo voto direto
dos eleitores.” Além disso, a citada constituição estabeleceu o voto direto e universal para
homens maiores de 21 anos, exceto analfabetos; rejeitou o sufrágio censitário e abriu caminho
para um sistema eleitoral relativamente mais inclusivo em relação à constituição anterior, se
inspirando na democratização em curso de alguns países da Europa e das Américas. A
exclusão de certos grupos sociais, como analfabetos, mendigos, soldados de baixa patente,
mulheres e religiosos de ordens monásticas, revela as nuances daquela época, retratando as
discussões em torno do acesso ao voto e às concepções de cidadania vigentes.

A Constituição de 1934 foi promulgada no contexto de um momento político de maior


efervescência democrática e progressista, que se seguiu à era Vargas. Nessa nova
configuração, o voto secreto foi adotado para garantir a liberdade e o sigilo do eleitor,
essencial para um sistema eleitoral verdadeiramente representativo. Além disso, a inclusão das
mulheres como eleitoras representou uma conquista histórica, assegurando-lhes direitos
políticos há muito tempo revindicados. Em 1937, Getúlio revogou a Constituição de 1934 e
outorgou nova Carta Constitucional, na qual foi adotado: instituição da pena de morte;
supressão da liberdade partidária e da liberdade de imprensa; anulação da independência dos
Poderes Legislativo e Judiciário; prisão e exílio de opositores do governo; e eleição indireta
para presidente da República, com mandato de seis anos.

Sobre a Constituição de 1946, repetiu-se as regras de 1934, e é importante notar que


houve uma mudança no segmento de mulheres que poderiam votar: além das que exerciam
funções públicas, também poderiam votar aquelas que exerciam profissões lucrativas.

A Constituição Brasileira de 1967 foi promulgada durante o período da Ditadura


Militar, um momento obscuro na história política do Brasil. Sob a perspectiva do voto, essa
constituição trouxe algumas mudanças significativas, mas também impôs restrições que
limitaram a participação política da população. Em relação ao processo eleitoral, a
Constituição de 1967 previa a eleição indireta para presidente da República. Isso significa que
o povo brasileiro não tinha o poder direto de escolher seu líder máximo. Ao invés disso, cabia
ao Congresso Nacional eleger o presidente. Essa característica refletia a falta de espaço para a
participação popular nas decisões políticas do país. Além disso, essa constituição estabelecia
certas restrições ao direito de voto. De acordo com suas disposições, somente os brasileiros
natos maiores de 18 anos, alfabetizados e que não estivessem submetidos a determinadas
incapacidades poderiam exercer o direito ao voto. Essas restrições limitavam a participação
política de certas camadas da população, excluindo grupos considerados indesejados pelo
regime militar. Durante todo o período da Ditadura Militar, movimentos sociais e políticos
surgiram, lutando pela redemocratização e pela ampliação dos direitos políticos. Essa
resistência culminou na abertura política do país nos anos 1980, que levou à promulgação da
Constituição de 1988, que representa um marco significativo na consolidação da democracia
no Brasil. Conforme Nicolau (2012, p. 125):

A campanha cívica que contou com maior envolvimento dos cidadãos na história
política brasileira foi organizada em torno de um tema eleitoral: o voto direto para
presidente da República. [...] o movimento Diretas Já organizou comícios e
passeatas em dezenas de cidades brasileiras. Seu principal objetivo era dar apoio a
uma Emenda Constitucional que tramitava no Congresso e propunha a adoção das
eleições diretas para a Presidência. Em abril de 1984, a emenda foi rejeitada no
plenário da Câmara dos Deputados, já que não obteve os 320 votos necessários.
resolveram apoiar a candidatura de dois civis nas eleições indiretas.
A Constituição Brasileira de 1988 foi um marco na história política do país,
consolidando a redemocratização e garantindo direitos fundamentais aos brasileiros. No que
diz respeito ao voto, essa constituição garantiu o sufrágio universal, ou seja, o direito ao voto
para todos os cidadãos maiores de 16 anos. A inclusão do sufrágio universal representou uma
importante conquista para a democracia brasileira, preconizando a igualdade de direitos
políticos entre os cidadãos, independente de gênero, raça, renda ou qualquer outra condição.
A Carta Magnao de 1988 também assegurou o voto direto e secreto, fortalecendo a
legitimidade do processo eleitoral. Essa mudança permitiu que os eleitores brasileiros
escolham diretamente seus representantes, evitando a intervenção ou influência indevida de
terceiros.

Embora a Constituição de 1988 tenha trazido importantes avanços em relação ao


direito ao voto, há desafios contínuos que afetam a plena realização da democracia. Questões
como a representatividade adequada de minorias, a influência do financiamento de campanhas
políticas e a necessidade de fortalecer a educação cívica continuam sendo desafios
importantes a serem superados.
3 CONCLUSÃO
O direito ao voto é um dos pilares fundamentais de qualquer democracia. No Brasil, ao
longo de sua história, o processo de conquista e ampliação desse direito foi marcado por
diferentes momentos e contextos políticos. Para compreender a evolução do voto no país, é
indispensável o estudo das constituições que regeram a nação ao longo dos anos. O contexto
das diversas constituições ao longo dos anos, reflete uma trajetória de transformações e
conquistas no processo democrático do país.

A Constituição de 1824, primeira do Brasil independente, estabeleceu um sistema


eleitoral restrito, limitando o voto a uma elite branca, masculina e com propriedade. Com a
promulgação da Constituição de 1891, ocorreu um avanço significativo, introduzindo o voto
aberto e universal para os homens maiores de 21 anos, exceto para analfabetos, mendigos,
soldados e religioso. A Constituição de 1934 trouxe importantes mudanças, estendendo o
direito ao voto às mulheres, sendo um marco para a igualdade de gênero no cenário político
brasileiro.
Em contraponto, a Constituição de 1937, imposta durante a era Vargas, restringiu
severamente os direitos políticos e suspendeu as eleições, inaugurando um período ditatorial
no Brasil. Após o fim do Estado Novo, a Constituição de 1946 restabeleceu as liberdades
democráticas e o voto secreto para ambos os sexos, dando ênfase à participação popular e à
pluralidade política. A Constituição de 1967, durante a ditadura militar, restringiu o direito ao
voto, promovendo eleições indiretas para a presidência e limitando a participação política da
população.

Por fim, a Constituição de 1988 consolidou um amplo avanço para a democracia


brasileira. Garantiu o sufrágio universal, o voto direto e secreto, para todos os cidadãos
maiores de 16 anos, reforçando a igualdade de direitos políticos. Em suma, a história do voto
no Brasil, sob a ótica das diversas constituições, revela uma trajetória de lutas e
transformações, rumo a uma maior inclusão e participação democrática, buscando garantir o
exercício pleno dos direitos políticos para todos os cidadãos brasileiros.
4 BIBLIOGRAFIA

NICOLAU, Jairo. A História do Voto no Brasil. 1. ed. São Paulo: Zahar, 2002.

NICOLAU, Jairo. Eleições no Brasil: Do Império aos dias atuais.Nova Biblioteca


de Ciências Sociais; 2012

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