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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR


PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

TRABALHO FINAL:
O que é, o que foi e o que será a experiência democrática na história do Brasil?

MARIANA
2022
FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR
PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

TRABALHO FINAL:
O que é, o que foi e o que será a experiência democrática na história do Brasil?

Trabalho apresentado na disciplina de


História do Brasil III, no curso de
Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Ouro Preto.

Professor: Mateus Henrique de Faria


Pereira.

MARIANA
2022
Introdução

Muito se fala atualmente sobre o risco da extinção de alguns Estados


democráticos de direito ao redor do mundo, como é o caso da Hungria, da Polônia e do
Brasil. Porém, muitos dos governos responsáveis pela desestabilização das bases
democráticas se julgam os defensores da democracia e da liberdade. Com esse embate
de discurso entre a defesa dessa tendência autoritária – disfarçada de defesa da nação –
e a defesa da manutenção de nossas instituições democráticas surge a dúvida a respeito
do que seria a democracia. Democracia é a participação do cidadão na escolha de seus
representantes? Democracia é a manutenção dos direitos humanos? Democracia é a
liberdade irrestrita do cidadão?
Desse modo, para compreendermos a concepção do que é a democracia, quando
ela se inicia no Brasil e se estamos perto de seu fim, trabalharemos com a definição
apresentada por Noberto Bobbio em seu “Dicionário de Política”. Para o autor, a
democracia se trata de um conjunto de regras que compõem um governo e que ditarão
os limites para a tomada de decisões políticas (BOBBIO, 1998). Ou seja, a democracia
não é uma forma nem um sistema de governo, mas sim um ideal de funcionamento que
se aplica a diferentes modelos de governo.
Sendo a democracia, portanto, um conceito utópico – no sentido que não se pode
ser alcançado plenamente -, Bobbio descreve algumas regras que delimitam um regime
democrático, sendo elas:
1) o órgão político máximo, a quem é assinalada a função legislativa, deve
ser composto de membros direta ou indiretamente eleitos pelo povo, em
eleições de primeiro ou de segundo grau;
2) junto do supremo órgão legislativo deverá haver outras instituições com
dirigentes eleitos, como os órgãos da administração local ou o chefe de
Estado (tal como acontece nas repúblicas);
3) todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de
raça, de religião, de censo e possivelmente de sexo, devem ser eleitores;
4) todos os eleitores devem ter voto igual;
5) todos os eleitores devem ser livres em votar segundo a própria opinião
formada o mais livremente possível, isto é, numa disputa livre de partidos
políticos que lutam pela formação de uma representação nacional;
6) devem ser livres também no sentido em que devem ser postos em condição
de ter reais alternativas (o que exclui como democrática qualquer eleição de
lista única ou bloqueada);
7) tanto para as eleições dos representantes como para as decisões do órgão
político supremo vale o princípio da maioria numérica, se bem que podem ser
estabelecidas várias formas de maioria segundo critérios de oportunidade não
definidos de uma vez para sempre;
8) nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da minoria,
de um modo especial o direito de tornar-se maioria, em paridade de
condições;
9) o órgão do Governo deve gozar de confiança do Parlamento ou do chefe
do poder executivo, por sua vez, eleito pelo povo.
(BOBBIO, 1998, p. 326-327).
Entretanto, é necessário ressaltar que a democracia é um modelo de como
permitir um cenário mais justo para a tomada de decisões políticas em um Estado, e não
de como devem ser tomadas. A forma como se desenrola a política em países
democráticos vai depender dos interesses da nação e das ideias defendidas pelos
representantes que se encontram no poder. A democracia é como tomar as decisões, e
não quais decisões devem ser tomadas (BOBBIO, 1998, p. 327).
Tendo em vista essa definição, fica mais palpável, para nós historiadores
analisarmos, o funcionamento da política no Brasil ao longo desses cinco séculos de
existência, inicialmente como colônia e posteriormente como império e república. A
seguir, destrincharemos a respeito da organização política do país dentro de cada
período histórico e os motivos pelos quais se enquadram ou não como experiencias
democráticas.

Colônia

Para abordarmos o entendimento da democracia durante o período colonial,


traremos a definição de democracia segundo os lexicógrafos da língua portuguesa
Raphael Bluteau, em sua principal obra “Vocabulario Portuguez e Latino”, e Antonio de
Morais Silva em seu “Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael
Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva natural do Rio de
Janeiro.”. Segundo o primeiro autor, a democracia podia ser definida como um governo
oposto ao monárquico, uma vez que a definição dos magistrados se dá pela escolha do
povo (BLUTEAU, 1728). Enquanto o segundo a definiu como a forma de governo em
que o poder é residente no e exercido por ele (SILVA, 1789).
Ao tomarmos essa definição como o entendimento à época sobre a democracia,
podemos concluir que é anacrônico deduzir a existência da democracia durante o
período colonial, uma vez que, sendo a democracia, para Bluteau, uma oposição à
monarquia, não haveria, numa colônia controlada pela monarquia portuguesa, espaço
para a sua existência. Além de que, durante a colônia, mesmo havendo eleições para
vereadores, escrivães e juízes, por exemplo, apenas os considerados “homens bons”
tinham direito ao voto. Ou seja, apenas nobres, latifundiários, burocratas de alto escalão
e os comerciantes ricos poderiam votar. Excluindo, dessa forma, a maior parte da
população do exercício de sua cidadania, além de que as eleições valiam apenas para
âmbito municipal, já que nas outras instancia de poder a posse de cargos se dava pela
orientação da metrópole e seus representantes na colônia.
Com isso, falar sobre democracia durante nosso período colonial é
extremamente incorreto incoerente, já que a própria interpretação do termo na época
gerava uma relação de exclusão com a forma de governo praticada pela metrópole. As
conjunturas políticas da colônia estavam mais próximas de um regime aristocrático,
enraizado na manutenção de oligarquias locais que estão presentes até os dias de hoje no
Brasil.
Império

Com a nossa independência, em 1822, e a criação do Império do Brasil, surgiu


pela primeira vez uma legislação eleitoral brasileira, que viria a ser utilizada nas
eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Na eleição do ano anterior, a primeira
em que os cidadãos puderam votar no âmbito nacional, fui utilizado os dispositivos
contidos na Constituição Espanhola, podendo votar qualquer homem livre, incluindo os
analfabetos – lembrando que o voto era aberto, e não secreto.
Dentre os mecanismos que tornavam as eleições pouco democráticas, a partir da
constituição de 1824, podemos destacar o voto censitário, ou seja, apenas pessoas com
rendimentos acima de cem mil réis poderiam votar nos representantes que elegeriam os
senadores e deputados e acima de duzentos mil para serem os responsáveis pela eleição
dos parlamentares – isso por que a eleição era indireta. Como consequência disso,
pouco menos de 10% da população participava efetivamente da escolha de seus
representantes. Outro ponto frágil do processo eleitoral brasileiro à época era o voto por
procuração, onde o eleitor transferia seu direito de votar para outro.
Como é perceptível, ainda que houvesse uma regulamentação eleitoral própria
para a nação, os dispositivos do processo a afastavam do projeto de ideal democrático.
O voto continuava não sendo secreto e ainda negava o direito de cidadania para a maior
parte da população à época, como os escravos e as mulheres. O caso dos analfabetos é
interessante ao ponto que, até 1881, eles tinham o livre direito de votarem, caso
respeitassem os critérios censitários, de gênero e idade. Porém, com a promulgação da
Lei Saraiva – lei essa que instituiu a obrigatoriedade do título de eleitor para a votação –
, em 1881, o direito ao voto foi retirado daqueles que não sabiam ler ou escrever. Isso
foi um enorme impacto na participação popular nas eleições, uma vez que o número de
eleitores caiu 90% em relação à eleição anterior, de 1874, passando de pouco mais de
1,14 milhões de votantes para 150 mil.
Analisando todo esse cenário do processo eleitoral durante o período imperial
brasileiro, é perceptível que, ainda que houvesse determinada preocupação com a
apuração dos votos dos poucos cidadãos que integravam o grupo dos votantes, se
tratava de eleições que direcionadas, que nem de longe poderiam ser tratadas como uma
experiencia democrática, uma vez que continuava a limitar o acesso da maioria da
população ao direto de votar e pelas falhas contidas na regulamentação que abriam
brechas para inúmeras fraudes eleitorais – a exemplo disso temos a criação do título de
eleitor que, no seu início, não tinha foto.

Primeira República

O período chamado de primeira república se inicia com a proclamação da


república, em 1889, e termina com a revolução de 1930. Dentro desse recorte histórico é
experenciado em nosso país uma alteração estrutural na composição do Estado. Com a
Constituição de 1891, pela primeira vez na história a parcela votante da população pode
eleger de forma direta seu representante na esfera executiva, já que no Império esse
poder era vitalício e hereditário. Porém, no sentido de liberdades político-democráticas,
a “revolução” política que tivemos e o seu caráter liberal não passou de uma fachada
para a manutenção do mesmo sistema oligárquico e elitista que já havia se consolidado
durante todo o regime monárquico.
A instauração da república federativa e a extinção do poder moderador se
mostrou um grande passo para a independência política do país, além da extinção do
critério censitário para votar. Entretanto, a constituição republicana manteve o veto de
participação política para as mulheres e os analfabetos.
Entretanto, se por um lado as instituições passaram por um processo de
descentralização a fim de garantir uma maior liberdade para os estados e municípios,
por outro essa medida se mostrou o ponto crucial para o fortalecimento dos coronéis e a
expansão de seu controle no interior do Brasil. Ou seja, com a maior independência dos
estados e a estipulação da eleição de seus governadores, os oligarcas que detinham
enorme influência local em determinada região de um estado fazia um pacto de
interesse com determinado candidato a fim de se beneficiar econômica e socialmente,
enquanto prometia que conseguiria elege-lo com sua influência. Dessa forma, os
grandes proprietários de terra e influentes forçavam a população votante residente em
sua região de influencia a votarem conforme ele mandava, isso sob ameaças – o
chamado voto de cabresto. E assim se organizava as políticas regionais durante a
primeira república. Os candidatos prometiam defender os interesses dos oligarcas e
estes lhe prometiam o mandato. Era o perfeito cenário do toma-lá-dá-cá.
No âmbito nacional as coisas não andavam muito diferentes. Através de uma
aliança política entre os três maiores colégios eleitorais – São Paulo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro –, com menos destaque para o Rio de Janeiro, as elites latifundiárias de cada
estado se revezavam com seus candidatos à presidência. Assim, durante quase quarenta
anos, São Paulo e Minas Gerais elegeram alternadamente seus candidatos. Porém isso
tem seu fim em 1930, com os paulistas apoiando Júlio Prestes para o segundo mandato
paulista seguido e os mineiros apoiando o gaúcho Getúlio Vargas para a corrida
presidencial.

Estado Novo

Com a derrota de Getúlio na eleição para presidente, a Aliança Liberal insurge


contra o governo de Washington Luís e através de um golpe assumem o poder,
impedindo a validação da eleição ocorrido no mesmo ano. Com a instauração do
governo provisório entre 1930 e 1934, sob a liderança de Vargas, o Brasil passou por
um processo de centralização política e enfraquecimento das instituições, que já eram
bastantes atacadas devido à atuação das oligarquias rurais durante a Primeira República.
Durante esse período, o presidente déspota tomou medidas como a extinção da eleição
para governadores, passando a ter interventores indicados por ele e a dissolução do
Congresso Nacional e de Assembleias estaduais e municipais.
Com o avanço autoritário de Vargas, os paulistas se organizaram para realizar
uma revolução, conhecida como Revolução Constitucionalista de 1932. Eles
reivindicam a convocação de novas eleições e de uma Assembleia Constituinte, uma
vez que a Constituição de 1991 foi revogada com o golpe. Em 1934 foi promulgada
uma nova constituição que contava com a consolidação do voto direto e secreto,
garantia da alternância de poder e, pela primeira vez na nossa história, tornou legal o
direito da mulher ao voto e a se elegerem como políticas.
Porém, como tudo no Brasil é apenas um mero surto coletivo e nada passa de
uma perene ilusão de liberdade, após três anos, em 1937, um ano antes da próxima
eleição para presidente, Getúlio Vargas dá um golpe dentro do golpe que ele já havia
dado e anula a Carta Magna de 1934. A nova constituição contava com a extinção
permanente do Congresso Nacional, rigorosas políticas de censura da mídia e dos
materiais escolares a respeito da história do Brasil, a extinção de partidos políticos. Na
prática, o processo democrático deixou de existir no país durante os quinze anos de
ditadura varguista. Durante o Estado Novo não houveram eleições uma vez que o
presidente era vitalício, não havia congresso para eleger parlamentares, os interventores
eram nomeados pelo presidente e estes elegiam os prefeitos indiretamente.
De fato, o Estado Novo foi um período em que podemos ver de forma clara e
evidente o que é um governo não democrático. Retomando os pontos trabalhados por
Bobbio, Getúlio conseguiu infringir as nove regras do jogo democrático. E esse período
marcado pela conquista de direitos civis, como os direitos trabalhistas, são considerados
um dos períodos de maior repressão democrática da história do nosso país, batendo de
frente com a ditadura militar de 1964.

Quarta República (1945 – 1964)

Com o fim do Estado Novo e a renúncia de Getúlio Vargas, em 1945, o Brasil


finalmente pôde respirar os primeiros ares de um Estado democrático de direito. Claro
que de forma instável e pairando sempre o medo da possibilidade de restauração de um
governo autoritário no país.
Logo que houve a abertura política do país, com a eleição do candidato do ex-
ditador recém saído do poder, Eurico Gaspar Dutra, já houve a promulgação da
Constituição de 1946. No aspecto estrutural, com ela, foi retomado o voto direto para a
eleição de presidente e a restauração do cargo de vice-presidente, extinto durante o
Estado Novo, a retomada do sistema federalista bicameral, com a volta da Câmara e do
Senado, a revogação da censura, dentre outras medidas de abertura democrática.
Quanto à garantia do direito ao voto, a Constituição de 1946 respeitou até
demais a Constituição de 1934. Trouxe de volta as eleições diretas em todos os âmbitos
da esfera de governo e o direto ao voto feminino e sua elegibilidade, porém, manteve a
restrição do voto aos analfabetos.
Como já foi dito neste tópico, esse período é o mais democrático até então da
nossa história. Entretanto, a nossa democracia é tão sólida quanto uma gelatina. Com as
tensões políticas globais envoltas à Guerra Fria e o desejo imensurável das Forças
Armadas do Brasil em ter o controle da nação fez com que nossas bases democráticas
fossem fortemente abaladas. Um exemplo disso foi a tentativa de golpe para impedir a
posse de Juscelino Kubitschek, em 1956, que só foi contornada pela atuação da ala
legalista do exército brasileiro, liderada pelo general Lott, que garantiu a sequência do
processo democrático naquele ano. Infelizmente isso não seria o suficiente para impedir
o golpe efetivado no ano de 1964.

Ditadura Militar de 1964

A curta experiencia democrática do Brasil, durante a Quarta República, foi


extinguida no dia 1º de abril de 1964. Poderia muito bem ser uma piada, ou uma mentira
de primeiro de abril, porém não foi. Com a insatisfação dos ministros militares com a
possibilidade de Joao Goulart assumir a presidência após a renúncia de Jânio Quadros, é
instaurado no brasil um regime parlamentarista, que é relutantemente aceito por
“Jango”. Sob a narrativa de ameaça comunista por parte do presidente, os militares
golpistas prontamente se organizaram para tomarem o poder.
Dentre as primeiras medidas de restrição de direitos políticos tomadas pelo
regime, através do Ato Institucional 1 (AI-1), foram: o impedimento do processo
eleitoral direto para presidente e vice-presidente em 1965, estabelecendo eleições
indiretas para o mesmo ano; a possibilidade de decretação de Estado de Sítio com
duração de 30 dias, podendo prorroga-lo; e a suspensão de direitos políticos de pessoas
que ameaçassem a paz e a honra nacional por um período de dez anos, além de cassar
seus mandatos, caso fossem políticos.
Se não bastasse apenas um Ato Institucional, o governo autoritário militar
elaborou outros dezesseis. Entretanto, focaremos nas medidas mais repugnantes
presentes em todos eles. A exemplo disso temos o AI-2, que extinguia os partidos
políticos existentes e a partir de 1966 só poderiam existir dois partidos legalizados,
sendo eles a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido apoiador da ditadura, e o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o partido de oposição que nunca de fato
teve força como oposição na prática.
As ações antidemocráticas se mostraram irrevogáveis mesmo a partir de 1968,
com o decreto do AI-5, que deu pleno poderes para o poder executivo controlado pelos
militares, fechou o congresso nacional por tempo indeterminado e cassou os direitos
políticos de parlamentares opositores. Sendo impedidas as eleições até 1972, quando
houve a abertura para eleições diretas para senadores e prefeitos – exceto os prefeitos
das capitais.
O Pacote de Abril, como ficou conhecido a intervenção nas eleições para o
Senado em 1978, foi outra clara demonstração da rejeição à democracia cultivada pelos
militares. Esse decreto definia que seriam eleitos dois senadores por estado, sendo um
eleito diretamente pelo povo e um indiretamente, através das Assembleias Legislativas
Estaduais. Como a Arena era o partido com maior número de parlamentares, todos os
estados tiveram ao menos um senador da base do governo eleito. Essa foi só um dos
métodos autoritários praticados pela ditadura a fim de ter seu poder político espalhado
por todo o país.
O declínio do regime se dá no início dos anos 80, com a recessão econômica e a
insatisfação generalizada da população com mais de 15 anos de ditadura. A partir de
1979 é dado fim ao bipartidarismo e o resultado das eleições de 1982, com o avanço do
MDB no pleito geral, já sinalizava o desgaste do regime e se apontava o fim do
autoritarismo, que só viria a acabar efetivamente a partir de 1985, com a eleição indireta
do emedebista Tancredo Neves, para a presidência. Entretanto, a eleição direta só
voltaria a ocorrer em 1989, com a eleição de Fernando Collor de Melo.
Portanto, assim como no Estado Novo, a Ditadura Militar conseguiu rasgar no
meio todos os nove pontos de orientação de um regime democrático. Usando e
abusando da sua onipotência política, os militares conseguiram cravar na história do
nosso país um dos períodos mais sombrios e traumatizantes de toda a nossa história, e
que está tão marcada na nossa memória coletiva, seja como um horror ou como um
sonho – isso quem pensa são as viúvas do autoritarismo militar de 64, que são as atuais
noivas do neofascismo brasileiro.

Nova República

O período da Nova República começa em 1989. Muitos podem dizer que seria
começado em 1985, com a eleição indireta de Tancredo Neves para presidente e José
Sarney como vice. Porém não consigo imaginar uma renovação política no Brasil em
85, sendo que, durante todo o ano de 1983 e início de 1984, a população brasileira foi às
ruas nas principais cidades do país se organizando e protestando por fazer seu direito
como cidadão – lembrando que aqui ainda os analfabetos não tinham seu direito ao voto
garantido pela Constituição, até por que nem se tinha mais uma – para poderem votar no
próximo presidente da República. Ato que ficou conhecido como “Diretas Já” e
movimentou milhões de pessoas nessa luta.
Com a morte de Tancredo antes da sua posse, assume em março de 1985 o então
vice da chapa José Sarney. Durante o governo Sarney, em 1988 é promulgada uma nova
constituição, a Constituição Cidadã. Ela foi o marco do início da nova era democrática
no Brasil, legitimando não só os direitos políticos, mas como também os direitos civis,
ocupando o Estado da obrigação de garanti-los. A partir da Constituição de 1988, nosso
país finalmente consolida o sufrágio universal. Todo aquele nascido no Brasil ou
nacionalizado brasileiro tem pleno acesso a seus direitos políticos, podendo votar em
seus representantes, além de poder gozar de todos os direitos humanos, sendo eles
garantidos na Carta Magna.
De certa forma, dentro das conjunturas possíveis para o Brasil, percebemos um
enorme avanço na consolidação de nossa democracia, levando em conta que há 37 anos
atrás vivíamos sob um regime extremamente autoritário e repressor. Porém esse avanço
apresentou sua decaída a partir de 2016, com o golpe na presidente Dilma Rousseff e o
ativismo judicial do então juiz federal Sérgio Moro, que posteriormente ocuparia uma
vaga de ministro no governo que ele ajudou a eleger.
Conclusão
Ainda que tenhamos apresentado avanços significativos no fortalecimento de nossas
bases democráticas, como já dito no início deste trabalho, a democracia brasileira que
tanto sofreu para se aflorar, e claramente alcançou seu auge com a eleição do
metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva – tendo ele sido o único presidente do Brasil até
hoje, vindo da classe trabalhadora, que conseguiu vencer um pleito de tamanha
concorrência – se vê cada dia mais ameaçada.
Jair Messias Bolsonaro, entre ameaças e xingamentos ao STF, inflama dia após
dia seus militantes fanatizados a se posicionarem contra a divisão igualitária dos
poderes da república. Seu filho já profanou frases que insinuam a facilidade que seria
fechar o Congresso Nacional. E ele mesmo já disse que a democracia no Brasil é
assegurada pelas forças armadas. Bolsonaro conseguiu, em quatro anos de governo,
gerar em todos os brasileiros o sentimento de que a democracia estivesse por um fio.
Em seus apoiadores, percebemos isso pela liberdade que sentem ter em pedir
abertamente intervenção militar e fechamento dos outros dois poderes da República. No
resto da população, percebemos isso pelo desalento olhar de tristeza das minorias sendo
abertamente rechaçadas por seus militantes, pelo choro de filha que perdeu a mãe
durante a pandemia e viu o presidente da nação falando que não poderia fazer nada, pois
não é coveiro, e, principalmente, percebemos a democracia se esvaindo quando vemos
um cidadão morto pelas mãos de um apoiador do presidente, pelo simples fato de não
aceitar a perca da democracia.
O que foi a democracia no Brasil? Foi como sentir leves ventos batendo em
nosso rosto, por cinco minutos, e seguidos de exaustivas horas de um calor incomodo e
que chegou a ser insuportável. O que é a nossa democracia? Eu tenho certeza que ela é a
única esperança para nós. O que será da nossa democracia? Eu espero muito que ela seja
longeva, e que possamos superar todo esse trauma que foi o governo Bolsonaro para a
nossa história.
Referências bibliográficas:
ASSEMBLEIA Legislativa do Estado de São Paulo. Documento eletrônico disponível
em: <https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=281038>. Acesso em: 22 out. 2022.
BLUTEAU, Rafael. Vocabulario portuguez, e latino, aulico, anatomico,
architectonico, bellico, botanico ... : autorizado com exemplos dos melhores escritores
portuguezes , e latinos; e offerecido a El Rey de Portugal D. Joaõ V. Coimbra, Collegio
das Artes da Companhia de Jesu : Lisboa, Officina de Pascoal da Sylva, 1712-1728. 8 v;
2 Suplementos. Documento eletrônico disponível em: < https://www.bbm.usp.br/pt-
br/dicionarios/vocabulario-portuguez-latino-aulico-anatomico-architectonico/>. Acesso
em: 21 out. 2022.
BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola e PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de
Política. São Paulo: Editora UNB - Imprensa Oficial: 2004.
CÂMARA dos Deputados. Anos 60 e 70: ditadura e bipartidarismo, 2014.
Documento eletrônico disponível em: <https://www.camara.leg.br/noticias/143270-
anos-60-e-70-ditadura-e-bipartidarismo/>. Acesso em: 23 out. 2022.
CÂMARA dos Deputados. Conheça a história do voto no Brasil, 2008. Documento
eletrônico disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=281038>. Acesso em:
22 out. 2022.
GOV.BR. Ato Institucional Nº 1 De 09 De Abril De 1964. Documento eletrônico
disponível em:
<https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=AIT&numero=1&ano=1964&ato=7d1
kXSq5UNVRVT7c1>Acesso em: 23 out. 2022.
MEMÓRIA da Administração Pública Brasileira – Arquivo Nacional. Constituição de
1891, 2021. Documento eletrônico disponível em:
<http://mapa.an.gov.br/index.php/dicionario-primeira-republica/938-constituicao-de-
1891#:~:text=Constitui%C3%A7%C3%A3o%20(1891)%2C%20art.,Constitui%C3%A
7%C3%A3o%20(1891)%2C%20art.>. Acesso em: 22 out. 2022.
PIAI, Maria A. L. A incipiente democracia brasileira na perspectiva freireana. 2017.
(Apresentação de Trabalho/Comunicação). Documento eletrônico disponível em: <
https://www.easyplanners.net/alas2017/opc/tl/4071_maria_a._lima_piai.pdf>. Acesso
em: 20 out. 2022
SILVA, Antônio de Morais. Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre
D. Rafael Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva
natural do Rio de Janeiro (Volume 1: A - K), Lisboa, 1789. Documento eletrônico
disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5412>. Acesso em: 21 out. 2022.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR


PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

RESENHA:
Do Fake ao Fato: (des)Atualizando Bolsonaro.

MARIANA
2022
FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR
PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

RESENHA:
Do Fake ao Fato: (des)Atualizando Bolsonaro.

Trabalho apresentado na disciplina de


História do Brasil III, no curso de
Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Ouro Preto.

Professor: Mateus Henrique de Faria


Pereira.

MARIANA
2022
Do Fake ao Fato: (des)Atualizando Bolsonaro

O livro “Do fake ao fato Des(atualizando) Bolsonaro” é uma iniciativa de dois


professores/doutores da UFOP, Valdei Lopes de Araújo, Matheus Henrique de Faria
Pereira, em conjunto com outros colaboradores da área cientifica e política da história.
O livro, busca abordar a situação política vivenciada pelos os brasileiros durante
o governo Bolsonaro, que se iniciou em 2018, após as eleições e a derrota da esquerda
petista. durante a leitura, se seguirá uma análise bem ampla de vários pontos de vistas,
sobre como o governo Bolsonaro é feito e em que bases ele se sustenta, no mais, é uma
leitura leve e empolgante sobre o cenário político e social brasileiro.
A análise do livro se inicia em 2018 com a vitória do candidato Bolsonaro, na
qual o livro demonstra que houve um choque na população, sobre como aconteceu tudo
isso tão rápido, a Ascenção da extrema direita, o uso direto dos discursos de ódio para
com os adversários políticos e minorias, o movimento de pós-verdade, ao longo do texto
essas questões vão sendo respondidas.
O livro é pensado na ideia do atualismo, pensado pelos professores Valdei e
Matheus Henrique, na qual se baseia o conceito de sempre estar atualizado, sobre os
acontecimentos do tempo presente que ocorrem em nossa sociedade. Com isso a ideia
de “des(atualizar) o Bolsonaro” está ligada a uma análise sobre o método, em que ele
sempre divulga uma notícia falsa ou aborda uma narrativa tendenciosa sobre o passado,
presente e o futuro que a sociedade viveu, vive e viverá.
Tratando o Bolsonaro, como um fenômeno totalmente novo e único criado pela
extrema direita, que vem triunfando com sua estratégia ao longo de seu governo
desastroso, utilizando de discursos religiosos e de defesa a família tradicional brasileira,
e com isso criando cortinas de fumaça para esconder seus escândalos e manipular seus
eleitores.
O livro, também apresenta vários artigos que demonstram várias conjunturas
diferentes que o governo Bolsonaro se ampara, para que continue governando e
aumentando seus seguidores. Entres eles estão: a sombra da ditadura militar, as fake
News, o negacionismo cientifico, a utilização do guru bolsonarista Olavo de Carvalho, o
uso da fé para manipulação dos apoiadores políticos e pôr fim a ascensão e ampliação
do conservadorismo brasileiro.
O livro também aborda como, as fake News são um problema dos historiadores,
pois foi manipulada uma desconfiança por parte da população com os historiadores, que
o bolsonarismo conseguiu difundir suas narrativas tendenciosas, na qual facilitou seu
crescimento e consolidação no meio político brasileiro. Através disso, semearam na
população a desconfiança, para que eles pudessem atingir seu objetivo de vangloriar
uma ideia de regime militar invés da ditadura militar e minimizar o golpe de 64.
Portanto é necessário tratar o Bolsonaro com a importância e a cautela que ele
merece, como o livro nos fala, ele não chegou a onde está por acaso, tem um método
por trás, aliás é por meio disso, que nos historiadores devemos buscar combater esse
método, para que consigamos derrotar o bolsonarismo e dar um fim nessa ideologia
nefasta que assola o Brasil nos dias de hoje.
Referências bibliográficas:
ARAUJO, Valdei Lopes de; KLEM, Bruna Stutz; PEREIRA, Mateus Henrique de
Faria. Do Fake ao Fato: (des)atualizando Bolsonaro. Vitória: Milfontes, 2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR


PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

RESENHA:
Democracia em Vertigem.

MARIANA
2022
FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR
PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

RESENHA:
Democracia em Vertigem.

Trabalho apresentado na disciplina de


História do Brasil III, no curso de
Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Ouro Preto.

Professor: Mateus Henrique de Faria


Pereira.

MARIANA
2022
Democracia em Vertigem

O documentário dirigido pela cineasta Petra Costa, lançado em janeiro de 2019,


descreve de forma comovente os acontecimentos recentes que abalaram a democracia
brasileira. Relatando o conflito ideológico nascido nas manifestações pelo aumento das
passagens de ônibus, em 2013, até os efeitos disso nas eleições ganhas pelo atual
presidente, Jair Messias Bolsonaro.
A cobertura feita por Petra ao longo dos seis anos de maior tensão política em
nosso país é um detalhamento de como se deu cada etapa do projeto de desestabilização
da democracia brasileira e do golpe que daria início ao momento mais frágil do nosso
Estado democrático de direito, desde o fim da ditadura em 1985.
O posicionamento política da diretora fica evidente ao decorrer do filme,
principalmente através do jogo que ela faz de relacionar a sua história pessoal com a
história do Brasil, a exemplo de quando ela descreve a participação de seus pais na
resistência ao governo militar e de sua participação ativa nas eleições de 2002, a favor
de Lula. Porém, ela não deixa de fazer as críticas pontuais ao Partido dos Trabalhadores,
como a aliança com o PMDB e o envolvimento de grandes nomes do partido no
escândalo do mensalão.
A principal tese defendida ao longo de todo o documentário é que todo o
processo de demonização do Partido dos Trabalhadores, e em especial da imagem de
Lula e Dilma, fez parte de um plano golpista para a retirada do partido do poder. Isso é
perceptível ao tratar do impeachment da ex-presidente Dilma, que contou com diversas
manobras para se realizar, como o grampo ilegal da conversa entre a então presidente e
o ex-presidente Lula, a traição política do PMDB na figura principal de Eduardo Cunha
e a memorável fala do então senador pelo estado de Roraima, Romero Jucá, que disse:
“Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.”, se tratando de uma clara
defesa do impeachment de Dilma para frear as investigações aos políticos de Brasília.
O documentário liga diretamente o golpe político de 2016 ao enfraquecimento
de nossa democracia, uma vez que em um país que a classe política e o mercado podem
decidir claramente quem será presidente, não teria sentido falarmos sobre eleições
democráticas. E foi toda essa construção de uma política de beneficiamento da alta
classe brasileira que culminou no fortalecimento dos anseios autoritários que se
personificam em 2018 no candidato Jair Bolsonaro.
O resultado disso vemos hoje, três anos depois do documentário, um prólogo de
caos e insegurança. Não sabemos se o resultado das eleições será respeitado, tivemos
quase setecentos mil mortos pela covid durante a pandemia, por culpa e negligencia do
governo federal, e nossa única saída para uma estabilidade democrática é o candidato
que foi preso em 2018, como conclusão do golpe de 2016, através de investigações e
provas absolutamente questionáveis. E como disse Eduardo Cunha na votação do
processo de impeachment de Dilma Rousseff: “Que Deus tenha misericórdia dessa
nação.”.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR


PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

RESENHA:
Cidadania no Brasil: O longo caminho.

MARIANA
2022
FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR
PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

RESENHA:
Cidadania no Brasil: O longo caminho.

Trabalho apresentado na disciplina de


História do Brasil III, no curso de
Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Ouro Preto.

Professor: Mateus Henrique de Faria


Pereira.

MARIANA
2022
Cidadania no Brasil: O longo caminho

O livro “Cidadania Brasil: O longo caminho”, foi feio pelo historiador brasileiro
e cientista político, José Murilo de Carvalho, no intuito de nortear a ideia de cidadania
no Brasil, através da Carta Magna de 1988, intitulada também como “Constituição
Cidadã”.
No início do livro, no primeiro capítulo, o autor aborda os anos de 1822 até
1930, quando Getúlio Vargas, inicia os primeiros passos para fundar o Estado Novo.
Neste contexto, o autor analisa a cidadania em três pontos: civil, político e social.
O direito civil, se configura como os direitos indispensáveis, como a liberdade,
propriedade privada, direito a vida e igualdade perante a lei. Com isso, estabelecemos
que para que esses direitos sejam preservados necessitaríamos de um governo justo e
um ambiente propício para o crescimento socioeconômico da população. Os direitos
políticos estão ligados à participação indireta, através da representatividade, da
população no governo. Além disso, é responsabilidade do Estado garantir os meios para
que o povo consiga participar e se organizar em partidos políticos, para que haja uma
participação popular. São estes, os direitos sociais, que estão diretamente relacionados
ao direito de acesso a posses por parte da população, sendo dever do Estado promover
uma justa redistribuição da riqueza, visando melhorias em áreas como educação,
geração de emprego e acesso à aposentadoria.
Para Carvalho, diferentemente da Inglaterra, na qual os direitos à cidadania
foram conquistados pelo povo, no Brasil sempre houve uma manobra do executivo ou
alguma figura de poder centralizada que concedia tal direito. Um exemplo disso é o
governo instaurado a partir de 1930, por Getúlio Vargas, quando houve a concessão do
direito civil para população. Com isso, há um abrangente avanço da classe trabalhadora,
uma mudança de pensamento, gerando uma certa idolatria do povo para com a figura de
Vargas e trazendo à tona uma das críticas do autor, sobre como o Brasil sempre deposita
todas suas esperanças em uma única figura política, enfraquecendo assim a organização
política do povo e dificultando a luta por outros direitos.
Outro ponto, interessante que o Historiador Carvalho aborda, é como os direitos
civis na época colonial, não existiam, por causa da falta de escolas e faculdades no
território colonial, pois por mais de cem anos, os únicos brasileiros que poderiam
estudar seriam as elites da época. Portanto a população em geral, não conseguiria
enxergar a sua falta de direitos, bem como lutar por esses direitos tanto no presente
como no futuro, pois a organização social era impossível, visto que só pequenos grupos
tinham acesso à educação. Aliás isso faz um gancho com o que foi dito antes, sem a
organização social da população, como também os poderes sociais sendo cedidos nos
anos de 1930, percebemos como a população fica refém do seu governo, tratando o
executivo como um bem feitor, dando brecha para ditaduras futuras.
O grande problema que o autor trata, está exatamente aqui, o que se esperar de
uma sociedade, na qual todos os seus direitos foram concedidos pelo Estado, ao invés
de serem conquistados? Temos um fenômeno em mãos único, totalmente diferente da
experiencia observada na Inglaterra. Com isso o governo Vargas, se aproveita dessa
carência da população brasileira da época, para tomar o poder para si e tornar o estado
Paternalista, dificultando ainda mais uma ideia de conquista de todos direitos que o
cidadão necessita, dentro de um estado democrático de direito.
De 1945 a 1964, podemos ver como acontece exatamente o oposto, há uma
pausa no avanço dos direitos sociais, e um desenvolvimento nos direitos políticos do
povo brasileiro, já o direito civil foi postergado em segundo plano. Poderíamos pensar,
que enfim a população iria lutar por seus direitos nessa época, mas a história continuou
mesma, a elite novamente coordena as mudanças na sociedade, em conjunto com um
líder no executivo, o povo ainda não conseguiu se firmar como um agente político
transformador na sociedade.
Já em 1964 temos o golpe militar, onde os militares tomam o poder, instaurando
uma ditadura militar no Brasil, segundo o autor, os militares adotam a mesma estratégia
do Estado Novo, limitaram os direitos políticos e civis da população, enquanto isso
houve um desenvolvimento fomentado pelo Estado dos direitos sociais da população, a
única diferença seria a falta de representação social por parte da população no governo.
Outro ponto interessantíssimo que o historiador Carvalho trata, é que o golpe de 1964 só
aconteceu, pois havia uma falta de organização social por parte da população, em
seguida com a falta de participação popular na política brasileira, as instituições civis da
época, não tinham uma relevância significante para que o golpe fosse impedido.
Em 1985, com o fim da ditadura militar, os direitos que foram cerceados, voltam
para a população ou pelos menos para parte dela. Segundo o autor Carvalho, ter acesso
a alguns dos três direitos apresentados, não garante o avanço ou conquista dos outros
direitos que o cidadão necessita. Em seguida mesmo com o progresso nunca visto dos
direitos políticos no ano de 1988, o autor elucida em seu livro, que todos os direitos
sejam eles, políticos, civis ou sociais, todos esses direitos, evoluem no Estado brasileiro
a sua própria maneira, deixando sempre uma ideia de instabilidade nos direitos da
população, podendo sempre um direito avançar e o outro regredir.

Referência bibliográfica:
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR


PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

ANÁLISE DA SÉRIE:
Guerras do Brasil.doc.

MARIANA
2022
FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR
PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

ANÁLISE DA SÉRIE:
Guerras do Brasil.doc.

Trabalho apresentado na disciplina de


História do Brasil III, no curso de
Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Ouro Preto.

Professor: Mateus Henrique de Faria


Pereira.

MARIANA
2022
Episódio 1: As Guerras da Conquista.

A primeira palavra, que me vem à cabeça quando penso nesse primeiro episódio
sobre Guerras no Brasil, é a palavra “Continuidade” que é usada o tempo inteiro no
episódio. O episódio começa deixando bem claro, que houve, uma invasão e roubo de
terras por parte dos portugueses, também é observado como os povos indígenas aqui
presentes, tinham uma pluralidade muito rica, eram povos muito diferentes.
Outro ponto interessante, é como o historiador Ailton Krenak, salienta que a
paisagem, todo o ecossistema aqui encontrado pelos portugueses, faz parte de todo um
trabalho indígena de preservação e harmonia com a floresta ao longo dos séculos
vivenciados pelos povos que ali estão presentes.
Também é abordado pelo o antropólogo Carlos Fausto, junto ao historiador
Ailton Krenak, que havia uma forte interação entre os povos indígenas, quando os
“brancos” chegaram, na visão do indígena, só era mais um povo diferente, em que eles
poderiam manter uma relação como as já vivenciadas, com os outros povos ali
presentes. O historiador Ailton Krenak, cita também como os indígenas, foram bem
acolhedores com os “brancos” naquela época, dividiram comida, conhecimento sobre
aquela terra desconhecida para os seus invasores e algozes mais tarde.
O historiador Pedro Puntoni, vai debater sobre, como os invasores europeus, já
chegaram na América, pensando em uma dominação, em uma escravização daquele
povo, tudo isso baseado na visão que eles próprios criaram para justificar a sua
“conquista”. Além disso, é importante frisar, a manipulação de algumas guerras entre as
tribos que viviam na região, provocadas pelos “brancos” para que eles conseguissem
escravos da tribo derrotada. Quando acontece a percepção dos indígenas sobre uma
possível dominação por parte dos invasores, os povos originários começam a reagir a
esse avanço dos invasores, os europeus usam disso para declarar sua guerra justa,
usando da religião para justificar, bem como, enaltecer a conquista e genocídio causado
por causa da guerra de extermínio.
Voltando no começo dessa análise, foi citada a palavra “continuidade” onde o
historiador indígena Ailton Krenak, debate sobre como a guerra, é continua nessa época,
seja ela por meio de lutas armadas ou epidemias causadas pelos “brancos”. Para o
antropólogo Carlos Fausto, o holocausto indígena foi o maior da história da
humanidade, um exemplo interessante é que, mesmo após o início da republica, a
violência e o extermínio não pararam, só mudou de nome e executor. Em 1910 o estado
toma para si o direito de “proteger” os povos indígenas, provocando, mais de 3500
mortos por ingerir alimentos envenenados. Ademais durante a comissão da verdade, foi
apurado, a morte de mais de 8500 indígenas durante a ditadura militar, confirmando
assim a tese de guerra continua citada por o antropólogo João Pacheco de Oliveira, que
diz que toda a expansão do estado brasileiro foi pautada em cima do extermínio e da
expropriação das terras dos povos indígenas ali presentes.
Episódio 2: A Guerra dos Palmares

O episódio começa explicando uma das maiores fake News, sobre a escravidão
no continente africano, o historiador Luiz Felipe de Alencastro, nos fala sobre como a
escravidão presente na África, se dava por meio de guerras entre os povos ali presentes,
uma relação de escravos de guerra, assim como aconteceu no continente europeu. O
historiador Zezito de Araújo, aborda como os europeus se aproveitaram dessa condição
dos escravos de guerra, para comprar esses prisioneiros de guerra, ocasionando assim na
escravização dessas pessoas.
A igreja, foi uma grande aliada dos portugueses, durante a escravização de
pessoas, pois a igreja forneceu a justificativa que os europeus necessitavam, taxaram os
povos negros do continente africano de pecadores, por isso eles deveriam sofrer a
escravidão, para se redimir de seus pecados.
Com a vinda dos portugueses para o Brasil, por causa da pouca população de
Portugal, em conjunto com a grande extensão do território brasileiro, por outro lado a
ineficiência de achar ouro assim que chegaram, forçaram os portugueses, a recorrer a
plantação de cana de açúcar, com isso a mão de obra já testada na ilha da madeira, o
povo escolhido para exercer esse papel, são só povos africanos escravizados. Segundo o
historiador Luiz Felipe de Alencastro, durante 150 anos mais de 12 milhões de pessoas
escravizadas foram trazidas ao Brasil para trabalhar nos campos de cana de açúcar,
durante esse período a perspectiva de vida dos escravos era de 20 anos, por causa da
brutalidade desse processo.
Os quilombos Palmaristas, lugares de resistência, assim como, de luta contra a
escravização, promovida pelo estado português, os quilombos tinham uma estrutura de
cerca em volta dos acampamentos, uma vigilância próxima as vilas presentes aos
arredores dos quilombos. Houve uma guerra entre os quilombos palmaristas e o estado
português por mais de 100 anos, com a invasão holandesa, os quilombos se
fortaleceram, pois o Império Português teve que lutar contra outra ameaça, enquanto
isso os quilombos receberam mais pessoas escravizadas que estavam fugindo do
conflito entre os seus colonizadores e os invasores holandeses.
A organização política dentro dos quilombos, era feita em cima de um conselho
de pessoas mais velhas, em conjunto com um líder, tanto espiritual, político e guerreiro.
O historiador Marcelo D’ Salete, nos salienta, que havia excursões por parte dos
habitantes dos quilombos palmaristas, em busca tanto de vingança, bem como, por
recursos e libertação de outras pessoas escravizadas.
Com o passar do tempo, logo depois da ascensão dos quilombos palmaristas, a
coroa portuguesa decide tomar uma decisão drástica de destruir todos os quilombos
presentes naquela região, enviando um capitão que veio do Sergipe com nome de
Fernão Carrilho. Com a chegada desse capitão, é montado um arraial durante quatro
meses, para uma organização militar daquela expedição, com o início da expedição, há
vários relatos de destruições de acampamentos e quilombos, por fim capturando
familiares de um dos grandes líderes dos quilombos palmaristas, Ganga Zumba,
forçando assim, o líder Ganga Zumba a aderir ao acordo Cúcau, na qual haveria um
reconhecimento da coroa, sobre aquele povo como súditos, além de que todas as
pessoas nascidas, naquele quilombo não seriam mais escravas, já os que fugiram da
escravidão, teriam que voltar a viver sobre aquelas condições. Esse foi um dos motivos,
que Zumbi, outro líder de Quilombo, se revoltasse e não aceitasse tal acordo. Fazendo
com que a guerra continuasse, após dois anos do acordo de Cùcau, com a fundação do
quilombo de Cúcau, o líder Ganga Zumba é morto envenenado, ocasionando a quebra
do acordo com a coroa portuguesa, que opta por considerar aquele quilombo como
rebelde e o ataca também.
Zumbi continua resistindo a coroa portuguesa, até que a coroa portuguesa,
convoca os bandeirantes para participar do conflito, com isso não leva muito tempo para
que o principal quilombo palmarista, caia perante a coroa portuguesa, zumbi foge e se
esconde, mas não é o bastante, após um tempo ele é encontrado e fuzilado, tem sua
cabeça exposta na cidade de Recife, para que fosse usado de exemplo, como, todo o
indivíduo que se rebelar-se, diante daquele sistema teria o mesmo destino.

Episódio 3: A Guerra do Paraguai

A guerra do Paraguai foi o maior conflito armado da america do Sul,


protagonizados pelo líder, brasileiro Dom Pedro II e o paraguaio Solano López. A leis
presentes no Paraguai, durante esse período, são as leis do império espanhol do século
XIII, na qual a confiscação de bens, a morte e o exilio, poderiam acontecer por razões
políticas. Não havia impressa no Paraguai, apenas uma “gazeta”, existia um controle
extenso sobre quem entrava e saia do país, Solano Lopez o líder paraguaio, tinha plenos
poderes sobre o governo, não havia diferenciação entre estado e líder, era só uma
vontade vigente ali, totalmente ditatorial. Pouco antes da guerra Solano López tinha
convocado todos os homens para se alistar e lutar na guerra, cerca de 70 mil homens no
exército paraguaio.
O Brasil, antes da guerra vivia um momento de desenvolvimento, bem como
instabilidade política. Os motivos que pautaram a guerra, foram as intervenções
brasileiras no território e no governo uruguaio, pois o governo brasileiro tinha feito um
tratado com Uruguai, após a guerra do prata, na qual o Brasil tinha claras vantagens
dentro do território Uruguaio. No Uruguai, havia conflitos políticos constantes entre
dois partidos, os Blancos e os Colorados, os Blancos ascendem ao poder, por
consequência, rompem esse tratado, causando um descontentamento enorme no império
Brasileiro, Solano Lopez viu nesse contexto segundo o historiador Francisco Doratioto,
uma oportunidade de uma de aliança política e econômica, para que ele consiga acesso
ao mar, bem como uma participação no comercio mundial.
Com uma possível intervenção do Brasil podendo acontecer, Solano Lopez, faz
uma ameaça ao estado brasileiro, dizendo que caso o brasil faça uma intervenção no
governo uruguaio, será considerado uma ameaça ao governo do Paraguai. Em 1864 o
Brasil, força a queda do partido Blanco e a volta do partido dos Colorados ao poder do
governo uruguaio, a partir daí, vemos o início do conflito armado entre as nações,
finalmente o início da Guerra do Paraguai. O primeiro ato do Paraguai é invadir o mato
grosso e sequestrar o presidente da província, o Brasil não consegue rebater a invasão,
pois não tem estradas terrestres para a chegada das tropas ao Mato Grosso, o único jeito
de chegar é passando pelo território Uruguaio, sendo mais preciso pelo rio da Plata.
Após a tomada de Mato Grosso, as tropas do Paraguai marcham em direção ao Uruguai,
para derrubar os Colorados do poder, com isso restaurar poder dos partidos dos Blancos
no governo. Com essa marcha, Solano López, comete seu maior erro, que é passar pelo
território argentino, para chegar até o Uruguai, com isso surge a tríplice aliança, entre os
colorados, Brasil e Argentina.
Brasil teme por falta de soldados, com isso começa o alistamento voluntário para
a guerra, acaba sendo um sucesso muito maior do que o esperado, ocorrendo até
dispensa de alguns soldados por falta de alojamentos. Em 1865, acontece o primeiro
embate militar a batalha Naval de Riachuelo, é importante salientar que, os
comandantes de Solano Lopez não tinham o direito de recuar ou tomar próprias
decisões no campo de batalha que fossem contra as ordens de seu líder. Com isso temos
um cenário caótico da batalha Naval de Riachuelo, na qual o plano paraguaio, era de
atacar a esquadra naval brasileira ao pôr do sol, só que um dos navios dos paraguaios,
tinha quebrado a hélice, dificultando a batalha, logo depois causando assim a derrota
naval dos paraguaios na batalha de Riachuelo. Com essa derrota, o Paraguai fica
totalmente cercado, já que sua única rota de fuga para o mar, foi tomada pela tríplice
aliança, o Paraguai, passa a perder sua rota comercial de suprimentos para guerra.
As tropas aliadas chegam ao Paraguai, ocasionando uma onda de nacionalismo
nos paraguaios, que tem suas terras invadidas por estrangeiros, com isso, vemos como o
nacionalismo pode ser uma arma bastante perigosa na mão de um ditador. Em 1866
ocorre o maior confronto campal da america latina, a batalha de Tuiuti, onde as tropas
aliadas ficaram acampadas por dois anos, até que Solano López, tenta uma ofensiva
surpresa, atacando pelo centro, em conjunto com os dois flancos, direito e esquerdo,
com o plano de empurrar as tropas aliadas para o rio. O problema é que uma das colunas
de ataque de Solano López, atrasa dando assim, uma chance de reação aos aliados, que é
bem aproveitada pelo general Osorio, que organiza sua tropa e avança em direção aos
paraguaios, vencendo assim a batalha, nesse combate houveram mais de doze mil
baixas, por parte dos melhores soldados paraguaios.
Após a derrota, o governo de Solano López, tenta um acordo de paz, com o
governante da Argentina, Bartolome Mitre, só que o acordo da tríplice aliança, previa
em suas condições, a extinção completa do governo de Solano López, por isso não foi
possível o acordo de paz. Após dez dias de sua derrota, o governo Paraguaio tem sua
revanche na batalha de Curupaiti, onde consegue sua primeira vitória perante os aliados,
essa vitória ocorre, por causa do terreno que ocorreu a batalha, na qual os aliados não
tinham conhecimento nenhum geográfico do Paraguai, os paraguaios usaram muito bem
o terreno a seus favor, se tratava de um barranco, com área pantanosa ao arredor,
dificultando assim a locomoção das tropas, para piorar a situação, os paraguaios se
localizavam na parte superior do terreno. Os aliados tiveram uma baixa de dez mil
soldados, praticamente cinco mil argentinos e 5 mil brasileiros, após essa derrota, o
recrutamento começa a diminuir drasticamente, por causa da demora do fim da guerra,
em consequência das condições precárias que se encontravam os acampamentos
militares em solo paraguaio. Com os números de baixa aumentando, paralelamente o
número de recrutamento diminuindo, o império brasileiro, opta por caçar os voluntários,
para servir na guerra, capturando e obrigando a população a participar da guerra.
Após esse período, Dom Pedro II, percebe que algo precisa ser feito, a estratégia
de batalha precisa mudar, o imperador então, precisa de alguém para reorganizar as
tropas, assim como liderar de forma mais eficiente. Assim surge o Duque de Caxias,
que impõe uma disciplina no exército brasileiro, bem como é criado um corpo de
comando eficiente, inclusive busca por melhorias tecnológicas, para a facilitação da
ofensiva contra Solano López, entre as inovações tecnológicas, estão o uso dos balões
de ar quente para mapear pelos céus os campos de batalha. Após a chegada de Caxias,
enfim os aliados superam a fortaleza de Humaitá, principal barreira de defesa que
impedia a chegada dos aliados a capital uruguaia. No ano de 1868 com as batalhas de
Dezembrada, Duque de Caxias, finalmente se apodera da capital do Uruguaia,
Assunção, após a ocupação da cidade, o comandante Caxias, envia uma carta de
demissão do exército, a Dom Pedro II, avisando que está se desligando do exército, pois
ele não quer mais ter ligação com aquele massacre que estava acontecendo, visto que,
para Duque de Caxias, para chegar ao fim da guerra, a população uruguaia teria que ser
totalmente extinta, visto que, a população nunca iria parar de defender suas terras.
Mesmo após a carta de Duque de Caxias, Dom Pedro II, diz que a guerra só iria acabar
com a captura de Solano López, para ele a ocupação da capital paraguaia não era o
suficiente.
Para substituir Caxias, foi enviado o genro do imperador, o Conde D’eu, que
continua a campanha, as tropas paraguaias estão completamente exaustas, Solano
López, como última medida, recruta crianças para lutar a guerra. Em 1869, ocorre o
último grande confronto, a batalha de campo grande, na qual o exército brasileiro
massacra, o exército paraguaio, composto por crianças de 12 anos ou menos. Após a
batalha o exército brasileiro continua a busca por Solano López, que é pego em 1970 e
morto a contra gosto de Dom Pedro II, que o queria vivo, dando fim a Guerra do
Paraguai.

Episódio 4: Revolução de 1930

O Brasil, antes da revolução de (1889-1930), era uma sociedade mais rural do


que urbana, a economia era voltada para a exportação de café, 70 % da população era
analfabeta, ocorreu o fim da escravidão, ademais um grande número de imigrantes
chega ao país durante esse período, com todas essas circunstâncias, acontece um
processo de exclusão e pobreza muito grande dentro da sociedade. Dentro desse
contexto há uma mão de obra nos campos, bem insatisfeita com a remuneração, assim
como as horas trabalhadas, o sociólogo Mauricio Puls, nos fala como durante os
períodos de 1917, houveram greves dos trabalhadores, que foram reprimidas pelo
governo da época. Enquanto isso no Rio Grande do Sul, ocorre uma contra partida, na
qual o governador, fornece um aumento salarial e uma melhoria nas condições de
trabalho na região.
Os processos eleitorais da época, eram bem caóticos, pois 70% da população era
analfabeta, portanto, não poderia votar, o voto feminino não era proibido, mas não se
esperava o voto feminino na época. Os votos na época eram muito desacreditados pela
população votante, até porque não existia uma justiça eleitoral na época, as pessoas que
estavam no poder, que cuidavam da eleição, ou seja, na época a fraude eleitoral, era
bastante comum nas eleições. Segundo a historiadora Claudia Viscardi, as eleições eram
decididas por meio de pactos entre as oligarquias dominantes na época, até que em 1922
com Artur Bernardes sendo eleito pelas oligarquias, houve um grande protesto, sobre a
posse do mesmo, na qual os tenentes acusam de fraude eleitoral e exigem que a posse
seja impedida. Com isso ocorre a primeira revolta de 1922, que dá início ao movimento
tenentista, ficou conhecido como “a revolta dos 18 do forte de Copacabana”, ocorre um
massacre, mas por meio desse ato, há uma repercussão para a criação de um mito e o
aumento da insatisfação do povo e das forças armadas. Por meio disso, em 1924 houve
uma nova revolta, na qual os revoltados, tomam a cidade de São Paulo, por 23 dias, com
o objetivo de derrubar o governo vigente no período. O governo, bombardeia São Paulo,
para garantir a retomada, mesmo na derrota, os rebeldes continuam aumentando seu
apoio popular durante esse período.
Houve uma união, entre o movimento dos tenentes, em conjunto com um grupo
civil de pequenas oligarquias, formando assim a aliança liberal, que por fim ocasionou
na revolução de 30, após as eleições fraudadas mais uma vez, com a derrota do
candidato de tal aliança, o Getúlio Vargas. Antes das eleições, Washington Luiz fez um
acordo com o Getúlio Vargas, na qual, limitou campanha de Vargas ao estado do Rio
Grande do Sul, com isso o estado seria polpado de qualquer repressão, após as eleições.
Nos anos de 1930, ocorre a eleição para presidente e para os deputados, todos os
deputados dessa aliança liberal, que estão fora do estado do Rio Grande do Sul, foram
“degolados”, ou seja, impedidos de fazer a posse do mandato, mesmo ganhando a
eleição, deixando assim evidente a fraude e um acordo eleitoral antes das eleições. Após
as eleições o vice do Getúlio Vargas, é morto em um café, com isso os grupos da
revolta, conseguiram usar da morte do vice de Vargas, para que pautassem e deixassem
em evidencia a construção da revolta e revolução de 1930.
A revolução se inicia em Pernambuco e Minas Gerais, logo após foi se
alastrando por todo território nacional, até chegar à capital, no Rio de Janeiro, é
importante frisar, que independente do apoio popular a causa, a revolução de 30, foi
feita pelos militares, foi um golpe de estado. Uma das consequências, do golpe, foi a
perca dos direitos políticos/civis, durante os anos de 1930 a 1945 com a nova
constituição, mas o povo recebeu como forma de “doação” a legislação trabalhista, pelo
estado, uma melhoria nos direitos sociais. O governo Vargas foi uma democracia até os
anos de 1937, após isso é instaurado uma ditadura no país, a singularidade dessa
ditadura, é que ela não é liberal e nem socialista, sendo totalmente contra as duas
ideologias citadas, é desenhada no governo Vargas uma terceira via de pensamento, se
aproximando bastante dos movimentos fascistas europeus da época.
Episódio 5: Universidade do Crime

O episódio começa, nos contando a história do crime organizado do Rio de


Janeiro, tudo começou no presidio da Ilha Grande, para o jornalista Carlos Amorim,
praticamente nunca foi um presidio, mas sim uma “colônia penal”, pois sua
ambientação era totalmente diferente dos presídios normais da região. Dentro do
presidio tinham as falanges, que eram grupos organizados pelos presos para se
protegerem dos carcereiros e de outros presos, as falanges foram se formando pela
localização geográfica dos presos. Após a chegada de mais de mil presos condenados
pela segurança nacional, surge ali a falange vermelha, pois todos esses presos tinham
uma tarja vermelha entre as suas fichas. Os indivíduos da falange vermelha foram
trancafiados no bloco B, mais conhecida como fundão, pois eles não conseguiam ver a
luz do sol, a falange vermelha, surge como forma de proteção contra a exploração dos
presos sobre outros presos. Algumas medidas tomadas pela falange vermelha, foram a
criação de uma farmácia popular entre eles e uma adoção dos presos que foram
abandonados pela família.
Após uns anos a falange vermelha, passa a ser chamada pela imprensa de
Comando Vermelho, logo após eles assumem o nome, após um tempo, houve uma
divisão dessa falange, formando três facções, C.V (Comando Vermelho), A.D.A
(Amigos dos Amigos) e o T.C.P (Terceiro Comando Puro). Essas facções se apoderam
das regiões no Rio de Janeiro, as periferias, os morros e as favelas, assim como
começam a se armar para se defender tanto da polícia, como também das outras facções.
Em São Paulo por volta de 1960, segundo o cientista político Bruno Paes Manso,
o número de homicídios começa a crescer de forma desenfreada, por causa de um
sentimento de vulnerabilidade da população, ocasionando em uma abordagem mais
violenta da polícia para tratar a desordem ali presente, a violência passa a ser um
instrumento, para tentar contornar a situação. Ocorrendo assim a criação de grupos de
extermínios, protagonizados pelas forças policias paulistas, começa pelo delegado
Sergio Fleury, que alegava que estaria limpando as ruas com isso. deixando a sociedade
mais segura, em seguida com a criação da Rota, uma tropa de elite da polícia paulista. O
extermínio e os homicídios passam a ser a solução para o crime na época, ocorrendo a
criação de ciclos de vingança, ocasionando assim, em um aumento da violência.
Em 1990, o estado de São Paulo, passou a encarcerar mais pessoas, ocorrendo
uma superlotação dos presídios, com isso surge o massacre do Carandiru, um ato de
extrema violência por parte do estado, nesses anos temos recordes de violência e mortes
acontecendo em São Paulo. Com os casos de violência crescendo nos presídios, os
presos se organizam em coletivo e fundam o P.C.C (Primeiro Comando da Capital),
existia um anexo, para onde eram enviados os presos mais perigosos da capital, esse
anexo se chamava “piranhão” essa unidade prisional, era considerada um castigo em
relação as outras prisões. Novamente temos o mesmo cenário de insatisfação dos
encarcerados, a superlotação, a falta de direitos humanos nos presídios, algo que
aconteceu no presidio da Ilha grande que deu início ao Comando Vermelho. Diferente
do C.V, o P.C.C lança um estatuto, com suas leis que ditavam o tratamento dos presos
entre os presos dentro da prisão.
Após a criação do P.C.C, houve um aumento das rebeliões dentro dos presídios,
em 2001, foi a primeira demonstração clara de força dessa facção para o Estado
Paulista, trinta e duas penitenciarias fizeram rebeliões em nome do PCC ao mesmo
tempo. A facção sai dos presídios, dando início a todo um sistema de crime organizado,
fornecendo armas, drogas, bem como empréstimos, para as regiões e organizações, que
estavam começando no crime dentro do estado de São Paulo. Com o domínio do P.C.C,
dentro do Estado de São Paulo, houve uma diminuição dos homicídios em 72%, pois
diferente do Rio de Janeiro, no estado paulista, não havia conflito entre o crime
organizado, só existia uma facção, o P.C.C, houve também uma regulamentação do
crime por parte da facção paulista, formando essa singularidade.
Após um tempo o P.C.C e o C.V, começam a trabalhar juntos, com a finalidade
de dividir o Brasil entre eles, com o intuito de buscar o mercado internacional mais
tarde, por meio das regiões centro-oeste do brasil, nas fronteiras do Paraguai e Bolívia.
Em 2006, o Estado Brasileiro, tenta uma ação contra a facção paulista, no intuito de
desarticular a facção, dificultando sua comunicação. Levando mais de 765 presos de
segurança máxima para outro presidio na madrugada, desencadeando rebeliões em 76
presídios, como também ataques nas ruas de todo o Estado Paulista. Houve uma
violência desenfreada, por parte do Estado Brasileiro como também por parte da facção,
até hoje, não se sabe o número ao certo de vítimas, por causa desse conflito, para pôr
fim ao confronto, o Estado teve que dialogar diretamente com os líderes da facção
dentro dos presídios, para cessar a violência, o estado paulista nega que ocorreu esse
diálogo.
Umas das tentativas do governo do Rio de Janeiro, para combater as facções
criminosas, foram por meio das UPPs, as unidades de polícia pacificadora, a ideia do
projeto era criar bases de pacificação dentro dos morros e favelas, o início do programa
até deu certo, pois usava os novos cadetes e tenentes recém formados da academia, mas
após um tempo os corruptos da corporação policial, tomaram conta e acabaram
piorando a situação, com isso as UPPs viraram parte do crime organizado no Rio de
Janeiro.
Após a tomada das fronteiras, o PCC e o CV, rompem a relação desencadeando
uma onda de homicídios dentro dos presídios, um verdadeiro extermínio dentro dos
presídios, na qual o estado, não fez questão alguma de intervir, pois não havia interesse
político ali. A conclusão desse episódio, nos mostra como, os presídios no Brasil, se
tornaram universidades do crime organizado, ocorrendo assim um fenômeno único de se
formar facções criminosas dentro de um presidio, é uma singularidade brasileira, em
comparação aos nossos vizinhos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR


PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

AUTOAVALIAÇÃO:
Desenvolvimento pessoal ao longo da matéria.

MARIANA
2022
FRANCISCO DE ASSIS CONDÉ JÚNIOR
PEDRO LUCAS ROMANELLY NIKITIN NASCIMENTO

AUTOAVALIAÇÃO:
Desenvolvimento pessoal ao longo da matéria.

Trabalho apresentado na disciplina de


História do Brasil III, no curso de
Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Ouro Preto.

Professor: Mateus Henrique de Faria


Pereira.

MARIANA
2022
Autoavaliação: Francisco De Assis Condé Júnior
Sobre a disciplina, achei bastante interessante a abordagem do professor, mais voltada,
para o debate e rodas de conversa, utilizando do momento atual político em que o Brasil
está inserido. Sinceramente tive um pouco de dificuldade para acompanhar a matéria,
por falta organização e disciplina por minha parte, pela matéria de Brasil III ter pouca
cobrança e ser mais livre na questão da entrega dos trabalhos, sinto que pequei muito na
questão de compromisso com as aulas e pelo conteúdo.

Nota: 6.0

Autoavaliação – Pedro Lucas Romanelly Nikitin Nascimento


Quanto à avaliação da disciplina, sou bem suspeito para falar, até por que o recorte
histórico contemporâneo sempre me fascinou muito, e ao longo da graduação venho
criando um enorme apreço pelo estudo do tempo presente. Acredito que eu não tenha
aproveitado a matéria como poderia – ou como deveria –, porém tudo o que absorvi nas
aulas em que estive presente e com os textos que li durante a disciplina foram de
extrema importância para mim. Não só no sentido da formação como historiador, mas,
também, na minha formação como pessoa. Eu sou muito grato por você, Mateus, por ter
lecionado a disciplina de forma tão magistral. Conseguindo sempre lidar com todas as
formas de pensar dentro de sala de aula – inclusive se enfiando as vezes em uma
encruzilhada de extremos. Só tenho o que agradecer por tudo e repensar minha postura
como um historiador em formação, no que diz respeito à forma como eu aproveito as
aulas, as monitorias, e claro, a minha falta de organização com os prazos de entrega dos
trabalhos.
Nota: 7,0

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