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Um sistema de governo que atua democraticamente, deve abranger todos os elementos de sua
organização política: sindicatos, associações, movimentos sociais, parlamento, etc.
Nesse sentido, democracia não é apenas uma forma de Estado ou de Constituição, mas a ordem
constitucional, eleitoral e administrativa.
Isto se reflete no equilíbrio dos poderes e órgãos do Estado, a prioridade política do Parlamento, o sistema
alternativo de grupos governamentais e de oposição.
Democracia direta
A democracia direta é caracterizada pelo voto direto, onde as decisões políticas são tomadas diretamente
pelo cidadão que expressa sua opinião sem intermediários. Esse sistema só é praticável em comunidades
minúsculas e fechadas em si mesmas.
O plebiscito é um instrumento, de voto direto, usado para apreciação da vontade do povo, sobre uma
proposta que lhe é apresentada.
A Constituição Brasileira de 1888 prevê que o povo poderá exercer democracia direta de três maneiras
distintas: plebiscito, referendo e iniciativa popular.
O país já realizou alguns plebiscitos. Entre eles, para a mudança do sistema de governo em 1963 e 1993;
e para a proibição e comercialização de arma de fogo e munição, em 2005.
A democracia no Brasil
O Brasil, depois de 20 anos de ditadura, iniciou sua transição democrática com eleições livres, elegendo,
pelo voto indireto, o primeiro presidente, José Sarney, em 1985.
Em 1988, uma nova Constituição foi promulgada e garante a democracia em seu primeiro parágrafo que
afirma:
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.
Afirmar que "o poder emana do povo" é o mesmo que dizer que o povo é o detentor do poder e governo
apenas representa a vontade geral da população e zela por seus interesses.
Essa afirmação que abre a Constituição Federal expressa o fundamento principal da democracia.
O primeiro presidente eleito democraticamente no novo período foi Fernando Collor de Melo, nas eleições
presidenciais de 1989.
A origem da democracia
O conceito de democracia surgiu na Grécia Antiga, em 510 a.C., quando Clístenes, aristocrata
progressista, liderou uma rebelião contra o último tirano, derrubando-o e iniciando reformas que
implantaram a democracia em Atenas.
Atenas foi dividida em dez unidades denominadas “demos”, que era o elemento principal dessa reforma.
Por isso, o novo regime passou a se chamar demokratia, formada do radical grego demo (“povo”), e
de kratia (“poder”, “forma de governo”).
As decisões políticas passaram a ser tomadas com a participação direta dos cidadãos nas assembleias
(democracia direta), que aconteciam em praça pública, chamada ágora.
Vale lembrar que na Grécia antiga, apenas eram considerados cidadãos os homens gregos, excluindo as
mulheres, os estrangeiros e as crianças.
Assim, a democracia passou a ser compreendida como o modelo no qual o povo (demo) participa
ativamente das decisões políticas.
• Isonomia (isos, “iguais”; nomos, “normas”, “leis”) — Todos os cidadãos são iguais perante as leis e
devem cumprir as mesmas regras.
• Isegoria (isos, iguais; agoreou, na ágora/assembleia) — Todos os têm o direito à voz e ao voto. De falar e
serem ouvidos para as tomadas de decisão.
Assim, a participação dos cidadãos era a base do modelo grego. E, ainda hoje, o direito à voz, ao voto e
a igualdade perante as leis são as bases dos regimes democráticos.
Também é o que acontece com a participação dos cidadãos dos grupos sociais e do conjunto do povo na
formação das vontades políticas.
Democracia liberal
A democracia liberal aquela em que o desenvolvimento das organizações econômicas e financeiras não
está sujeito a restrições. Nela os indivíduos desfrutam de completa liberdade de contrato entre si.
A democracia liberal se caracteriza pela não interferência do Estado nos assuntos econômicos e
financeiros dos cidadãos. Os negócios estão entregues à iniciativa privada e a produção está sujeita a lei
da oferta e da procura.
Social-democracia
A social-democracia é aquela em que o desenvolvimento das organizações econômicas é subordinado
aos interesses do povo em conjunto. Nela todos os contratos estão subordinados aos interesses da
comunidade.
Democracia neoliberal
A democracia neoliberal se baseia em um conjunto de medidas políticas e econômicas, que teve sua
origem nos anos 80. Este tipo de democracia foi impulsada pelo presidente americano Ronald Reagan e a
primeira-ministra britânica Margareth Thatcher.
O termo democracia tem sua origem na Grécia antiga e em sua forma de organização sócio-política.
Assim, uma restrita classe de cidadãos era amparada pelos princípios de isonomia (igualdade perante as
leis) e isegoria (igualdade de participação política).
Desse modo, a democracia racial é uma abstração baseada no ideal grego. Assume dois modos de
interpretação: uma meta a ser alcançada ou um mito que mascara as contradições e injustiças presentes
na sociedade.
No Brasil, o termo é usado como oposição à ideia de discriminação racial que institui negros e brancos ao
desempenho de diferentes papéis dentro da estrutura social.
Assim sendo, o Brasil contrastaria com outros lugares como os Estados Unidos e a África do Sul, que
durante muito tempo possuíram políticas de segregação racial.
No Brasil, desde abolição da escravatura, em 1888, assumiu-se que todos, independentemente de sua
raça ou origem, devem ser tratados de forma isonômica, em completa igualdade perante as leis.
Desse modo, desenvolveu-se a ideia de que as desigualdades existentes estão pautadas em condições
estritamente sociais, e não raciais.
Segundo os autores que atentam para a democracia racial como mito no Brasil, a isonomia não é o único
fator que garante a democracia racial.
São necessárias políticas de reparação histórica, que busquem aproximar as questões raciais do objetivo
de uma justiça social e de uma verdadeira democracia racial.
Os processos de colonização formaram o continente americano que do ponto de vista europeu, assumem
um caráter de progresso e de benefício para a humanidade em sua totalidade.
Entretanto, há a perspectiva de que as colônias se formaram a partir da subjugação dos povos originais
das Américas (indígenas) e dos negros africanos.
Após a abolição da escravatura, em 1888, deu-se início a um período de marginalização de uma grande
parcela da população negra. Essa segregação foi seguida por diversos projetos de eugenia, que visavam
o branqueamento da população brasileira.
Nesse contexto que o sociólogo Gilberto Freyre chamou a atenção para o caráter miscigenado da
formação do Brasil. Opôs-se às doutrinas eugenistas e exaltou a singularidade da formação do povo e de
sua identidade nacional.
O autor afirmava que essa nova forma de organização inaugurava uma perspectiva de construção social
na modernidade.
Em seu livro Casa Grande & Senzala (1933), ele busca retratar as particularidades que fundamentaram a
formação do povo brasileiro.
Entretanto, há divergências de interpretação sobre a obra de Gilberto Freyre no que tange a ideia de
democracia racial.
Por um lado, estudiosos apontam para a ideia de uma democracia racial como uma interação entre as
raças que levou a uma multirracialidade e multiculturalidade distintas de outros lugares.
Por outro lado, há a crítica de que o autor romantizaria a estrutura violenta do período colonial brasileiro e
atenuaria o que foi a escravidão.
Essa ideia será um traço essencial do pensamento de que não há discriminação racial no país. E, que
todas as raças têm garantidas o seu espaço, direitos e condições de existência.
Entretanto, para sociólogos como Florestan Fernandes, Gilberto Freyre não pode ser responsabilizado
pela disseminação do mito de democracia racial no país. A obra de Freyre aponta para uma proposta pré-
científica de análise da formação social e cultural brasileira.