Você está na página 1de 4

EEMTI RAIMUNDO MOACIR ALENCAR MOTA

COMPONENTE ELETIVO CULTURA POLÍTICA


PROFESSOR MÁRCIO NOCRATO
ALUNO________________________________________________________________

PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL: ENTENDA COMO ELES SURGIRAM.

Os partidos políticos representam um pilar fundamental na construção das sociedades globais. Isso porque
desde o início das civilizações, ainda que diferentemente dos modelos atuais, as agremiações políticas já
se apresentavam de maneira relevante ao unir grupos para a defesa de interesses comuns. Esse fenômeno
pode ser observado mesmo em períodos mais remotos, quando Grécia e Roma, por exemplo, já contavam
com grupos de seguidores de uma doutrina ou até mesmo de uma ideia.

A evolução desse modelo fez com que o partido político, como é constituído na atualidade, ganhasse ainda
mais espaço e notoriedade, tornando-se um importante instrumento para a organização e o estabelecimento
da democracia representativa.

Além disso, sua consolidação foi responsável, também, por assegurar a constituição de uma sociedade mais
plural, conferindo à população a garantia de direitos e a possibilidade de acolhimento de suas demandas.
Por essa razão, os partidos políticos se fazem absolutamente necessários para o desenvolvimento dos
sistemas político e eleitoral e do país como todo.

A história dos partidos políticos

Da maneira como são conhecidos atualmente, os partidos políticos surgiram na primeira metade do século
19 e tiveram grande influência dos ideais da Revolução Francesa e do movimento de Independência dos
Estados Unidos. Inicialmente, a democratização do poder público deu espaço somente à participação das
elites econômicas e sociais. Ou seja, em seus primórdios, apenas parcelas restritas das classes mais altas
possuíam direitos políticos.

Com isso, as agremiações operavam sob a liderança de influentes aristocratas ou burgueses da alta
sociedade que, em função de seus poderes aquisitivos e sociais, eram responsáveis por apresentar
candidatos aos cargos eletivos. Pelas características desses grupos, esse tipo de partido também ficou
conhecido como o “partido dos notáveis”, os quais funcionavam, nessa época, apenas durante os períodos
eleitorais.

A partir do desenvolvimento das sociedades e a expansão dos direitos políticos – que culminou em
transformações econômica, política e social provocadas pela modernização das civilizações –, surgiram,
então, sob uma nova ótica, os chamados partidos de massa, cuja organização já se diferenciava dos
notáveis por se constituírem não mais de forma temporária ou calcada na elite, mas sim com uma estrutura
organizacional mais clara, com funcionários e programas definidos.

A força motriz destes partidos já apontava para a conquista de votos a fim de exercer poder governamental
para atender demandas políticas de eleitores específicos, como as classes trabalhadoras. Essa transição,
que ocorreu, principalmente no século 20, foi essencial para o aprimoramento dos sistemas políticos ao
redor do mundo.

Surgimento dos partidos brasileiros

O progresso das agremiações políticas no Brasil se deu de forma semelhante ao cenário internacional. Por
aqui, durante o período do Império, os partidos também atuavam por meio da elite política e econômica e,
posteriormente, foram constituídos pela elite militar a partir da associação ao Partido Republicano Paulista,
que surgiu para acabar com a monarquia e instaurar uma República presidencialista.

Durante décadas, a aliança formada por estes partidos, bem como a inserção do Partido Republicano
Mineiro, marcou a República Velha – momento em que oligarquias paulista e mineira se alternavam no
poder. Com a ascensão de Getúlio Vargas, em 1930, esse modelo foi paralisado por 15 anos, durante o
período conhecido como Estado Novo.
Após essa fase, surgiram os partidos de massa, como o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), União
Democrática Nacional (UDN), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Social Democrata (PSD). O
crescimento das agremiações no sistema político brasileiro coincidiu com o fortalecimento do Congresso
Nacional e a expansão das instituições democráticas.

Esse processo foi interrompido pelo regime militar e a instauração da ditadura durante a década de 1960.
Nesse momento, o pluripartidarismo foi extinguido e deu espaço ao bipartidarismo com a instituição da
Aliança Renovadora Nacional (Arena), de sustentação do governo, e o então Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB). A revogação do sistema bipartidário só ocorreu em 1979, um marco para a
história do país no que tange a importância dos partidos como representantes da sociedade e o
fortalecimento da democracia.

Partidos políticos no Brasil

O Brasil é uma República presidencial organizada pelos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário –
sendo que cada um deles conta com instâncias federais, estaduais e municipais – e os partidos políticos
desempenham papel fundamental dentro deste ordenamento.

A organização das agremiações foi prevista pela Constituição Federal e os critérios para a criação dos
partidos foi estabelecido na Lei dos Partidos Políticos, instituída em 1995. De acordo com a legislação, os
partidos possuem autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e sua criação
é livre, desde que respeite a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos
fundamentais.

O Brasil lidera o índice internacional em número de partidos, com o registro de 33 instituições partidárias no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo algumas das principais agremiações o Partido dos Trabalhadores
(PT), o Movimento Democrático Brasileiro (MDB, antigo PMDB), o Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Há, ainda, coligações e federações partidárias, que surgiram, justamente, em função do alto número de
partidos e com o objetivo de mitigar possíveis fragmentações. Nesse sentido, a organização dos partidos
políticos no Brasil difere de outras nações. Nos Estados Unidos, por exemplo, o próprio sistema político, que
na prática ocorre de maneira bipartidária, e a Justiça Eleitoral operam de maneira diferente.

Vale ressaltar que a evolução dos partidos e do sistema político e eleitoral brasileiro, decorrente de todo
esse processo histórico, é altamente relevante para o fortalecimento do regime democrático e o
desenvolvimento do país.

HISTÓRIA DA PESQUISA

O sistema de voto

O voto é universal e obrigatório para todos os cidadãos que saibam ler e escrever e cujas idades oscilem
entre 18 e 70 anos. O voto é optativo para os cidadãos a partir de 16 anos, para aqueles maiores de 70
anos e para os analfabetos de qualquer idade.
Os candidatos devem pertencer a um partido político. A inscrição de um partido político é feita no Tribunal
Superior Eleitoral, condicionada ao cumprimento de certos requisitos mínimos estabelecidos pela lei.

A primeira pesquisa eleitoral feita no Brasil foi divulgada em maio de 1945. Era a primeira eleição presidencial
depois de 15 anos de governo não-democrático de Getúlio Vargas. Publicada no “Diário da Noite”, o
levantamento, feito pelo recém-criado Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa (IBOPE), mostrava, em São
Paulo, o candidato da oposição, o brigadeiro Eduardo Gomes, à frente do candidato da situação, o general
Eurico Gaspar Dutra.
Na época, o instituto dividia o eleitorado de acordo com um critério bastante subjetivo, “grau de cultura”. No
grau de cultura “superior”, Gomes tinha 42,5% dos votos, contra 11,7% de Dutra. Já no grau de cultura
“elementar”, o candidato da situação levava vantagem: 22% contra 15,6%. O restante dos votos (nada
menos do que 62,4%) era em “branco”.
No final, o candidato situacionista de Getúlio venceu por uma vantagem de quase 20% – já demonstrando
que pesquisa é apenas um retrato de momento e não antecipa o resultado de uma eleição.
Evidentemente que de 1945 para cá muita coisa mudou. A começar pelo fato de que hoje em dia há diversos
institutos que as realizam (IBOPE, Vox Populi, Data Folha, Sensus, Toledo & Associados, além de diversos
institutos regionais). E não é só isso: as técnicas estão mais apuradas e os políticos incorporaram, de modo
definitivo, as pesquisas a suas campanhas.
Na atual corrida sucessória, por exemplo, nenhum candidato abre mão delas – mesmo que, em público, por
motivos meramente de marketing, declare que não acredita em seus números ou coisa que o valha. Os
políticos parecem ter desenvolvido um padrão de declarações. Quando os números não os favorecem, a
resposta mais tradicional (e batida) é a de que “a verdadeira pesquisa é aquela que acontece no dia da
eleição” ou “não me preocupo com pesquisas”.

Como é feita uma pesquisa?


Uma pesquisa eleitoral é diferente de uma pesquisa para um produto. Para lançar um bem de consumo, as
empresas fazem levantamentos cujos universos podem ser bastante restritos. A cidade de Curitiba (PR),
por exemplo, pelo fato de possuir uma população grande de “classe média”, é bastante utilizada para
pesquisas de produtos. Costuma-se dizer que o que é “aceito” na capital paranaense será aceito no Brasil.
O mesmo não ocorre, entretanto, com pesquisas eleitorais. Para captar as tendências de voto para
Presidente da República, por exemplo, é necessário seguir critérios técnicos e metodológicos bastante
rigorosos. Uma boa estratificação e um tamanho suficiente da amostra são os dois fatores fundamentais
para a confiabilidade e o grau de erro de uma pesquisa eleitoral.

Ao grupo de pessoas a serem entrevistadas para uma determinada pesquisa dá-se o nome de amostra. Em
geral, o número fica entre 2 a 5 mil indivíduos. Pode parecer uma quantidade insignificante, mas não é, pois
está dentro de uma estimativa estatística. Conforme a técnica, a margem de erro alcançada seria a mesma
para um universo de milhões, logo, não justificaria um aumento pesado nos custos do trabalho.
Outro parâmetro importante da amostra é o quão significativa da população ela é. É preciso haver uma
distribuição de sexo, faixa etária, nível socio-econômico, localização geográfica, que possam ser uma
representação fidedigna da população em geral, e que poderiam ter influência sobre o comportamento do
voto.

O levantamento tem de ser feito em todo o território nacional. Deve envolver, no mínimo, 200 municípios
(quanto mais dispersa a amostragem, melhor). Dos aspectos técnicos, a elaboração do questionário é o
mais crucial. Perguntas de caráter neutro, que não induzam a respostas, nem permitam entendimento
ambíguo. E não dá para chegar no entrevistado interrogando diretamente em quem ele vai votar. É preciso
se aproximar por etapas, construir as questões de modo que ele se situe no universo da pesquisa, para, aí
sim, apresentar os nomes dos candidatos (que devem estar dispostos em um papel circular, tipo uma pizza,
para que nenhum nome fique em primeiro lugar – o que poderia interferir na resposta).

A margem de erro é um importante parâmetro a ser observado. Em geral, fica em torno de 2 a 4%, o que
significa que os números divulgados podem ter uma variação para cima ou para baixo de dois ou mais
pontos percentuais. Geralmente, quando sai divulgado na imprensa que candidato X está dois pontos à
frente do candidato Y, a informação precisa ser relativizada, pois há uma margem de erro importante a ser
considerada. Nesse caso, o mais correto seria escrever que eles estão em situação de empate técnico, que
não existe diferença estatisticamente significativa.

A EVOLUÇÃO DA URNA ELETRÔNICA


Em 1996, a Justiça Eleitoral trouxe uma inovação para o processo eleitoral: a urna eletrônica. Trata-se de
uma máquina de votação, responsável pelo registro dos votos dos eleitores, cujo surgimento deu-se a partir
de pesquisas realizadas pela Justiça Eleitoral.

A finalidade desse projeto eletrônico era garantir celeridade e facilidade ao pleito eleitoral – desde a votação
até a apuração – sem olvidar dos requisitos de sigilo, segurança e eficiência.

A 1ª versão da urna eletrônica foi utilizada em 1996 nas 26 capitais das Unidades da Federação, com
exceção do Distrito Federal, e em 31 municípios com mais de 200.000 eleitores, em observância aos critérios
estabelecidos pelo TSE.
Já nas eleições de 1998, a votação eletrônica ocorreu em 537 municípios brasileiros com mais de 40.000
eleitores; contudo somente no pleito de 2000 é que a votação eletrônica foi utilizada em todos os municípios
brasileiros, tendo sido, portanto, completamente informatizada.

VOTAÇÃO ELETRÔNICA NO BRASIL


Eleições 1996 1998 2000
Nº de municípios 5.507 5.513 5.559
Nº de municípios com Votação Eletrônica 57 537 5.559
Eleitorado atingido 32.478.153 61.111.922 109.780.071
% do eleitorado atingido 32,07% 57,62% 100%
Nº de urnas eletrônicas utilizadas 77.469 152.370 353.780
Fonte: TRE/SP

Em 2008, ano em que foram testadas as primeiras urnas eletrônicas biométricas, municípios como o de São
João Batista (Santa Catarina), Fátima do Sul (Mato Grosso do Sul) e Colorado do Oeste (Rondônia) sofrerem
impactos significativos.

Em 2010, por sua vez, o voto biométrico foi ampliado para mais 57 municípios tais como: Bujari (AC), Barra
de Santo Antônio (AL), Cabedelo (PB), Rio Formoso (PE), Piripiri (PI), Balsa Nova (PR), Búzios (RJ),
Alexandria (RN), Pojuca (BA), Barra dos Coqueiros (SE), Fátima do Sul (MS), Raposa (MA) e Alvorada (TO).

Nas eleições deste ano de 2012, a identificação biométrica na urna eletrônica já foi realizada em 24 estados,
299 municípios e com mais de 8 milhões de eleitores, os quais já estiveram aptos a votar mediante a
impressão digital.

Porém, é importante ressaltar que devido ao elevado custo dos equipamentos utilizados no processo, a
previsão é de que a leitura biométrica só alcance a totalidade dos municípios brasileiros em 2018. Esse
prazo estendido se justifica devido à necessidade do comparecimento de 140.394.103 eleitores perante os
cartórios eleitorais para realizarem o cadastro da biometria.

Dentre as vantagens da urna eletrônica com identificação biométrica – instrumento tão importante para a
democracia brasileira –, é possível citar:

• O impedimento de fraudes na votação, uma vez que impede que uma pessoa se passe por outra;
•A apuração 100% informatizada;
• A garantia constitucional do sigilo do voto, uma vez que mecanismos de segurança promovem o
embaralhamento dos votos gravados na urna;
•A celeridade da divulgação do resultado das eleições;
• A precisão na escolha do eleitor que, no momento da votação, pode conferir sua escolha com a foto do
candidato;
•A justificativa eleitoral informatizada mediante o registro na urna eletrônica;

• A possibilidade de implantação do Registro de Identificação Civil (RIC) –número único que identificará cada
brasileiro para identidade, passaporte e outros documentos – a partir do cadastramento dos eleitores
brasileiros.

Diante de tudo isso, resta evidente que a confiança da sociedade na urna só tem se fortalecido, tanto perante
os eleitores e os políticos como também frente os profissionais da tecnologia da informação.

Aos eleitores e políticos, a confiabilidade da urna se deve ao fato de poderem acompanhar o início da
votação comprovando a ausência de votos, desde a impressão da zerésima 2 até o final, com a impressão
do resultado da sua seção eleitoral (mediante o boletim de urna).

Já para os profissionais da tecnologia da informação, a Justiça Eleitoral possibilita que eles realizem vários
testes na urna eletrônica, inclusive na tentativa de quebrar o sigilo do voto – intuito que jamais foi alcançado.

Além de todos os benefícios e pontos positivos citados, importante mencionar ainda que esse processo
possibilitará ao TSE criar no Brasil, ao final de todo o recadastramento eleitoral – aproximadamente até o
ano de 2018 –, o maior banco de dados de imagens de impressão digital do mundo.

Você também pode gostar