Introdução: Nesta primeira parte da obra a autora expõe como os partidos políticos
e as eleições se revelam como componentes necessários e básicos em um regime
democrático, de modo que eleições livres e justas aparecem como o ponto inicial
para revelar se um sistema político é uma democracia. Entretanto, somente a
existência continuada de uma conjuntura democrática é o que consolida e torna
válida as instituições igualitárias e antiautoritárias, uma vez que o regime militar
instaurado no país por 21 anos (1964-1985) não aboliu os partidos e nem as
eleições, o que mostra a dualidade e a atenção de suma importância que se deve
levar em conta ao tratar de tais assuntos. Logo, esse artigo possui como
fundamental princípio debater a relação entre partidos, eleições e democracia no
contexto brasiliense atual pós redemocratização em 1985, buscando compreender
se a hodierna circunstância brasiliense tem oferecido os recursos vitais para a
ocorrência do sistema partidário, dos partidos e, por conseguinte, da democracia no
corpo social.
Partidos, sistema partidário e democracia no Brasil: Esta parte da obra fará uma
avaliação da experiência político-partidária, a partir de 85, e buscará responder 3
indagações:
1- Como os partidos estão favorecendo a integração dos eleitores ao sistema
político? (participação do povo)
2- O sistema está dando opções claras e diferenciadas para o eleitor? (estruturar a
escolha eleitoral e criar uma identidade política)
3- A experiência político-partidária foi capaz de produzir um padrão que possa ser
consolidada no futuro? (passada a diante fixa e integralmente)
Para responder tais dúvidas, a autora separou esta parte do artigo em 2
subdivisões,.
Mobilização Partidária: Este tópico inicia-se atribuindo como principal caráter
laboral dos partidos políticos a busca por apoio nas urnas eleitorais, isso é, a
capacidade do convencimento dos partidos instigar os eleitores para votar em seus
representantes, de modo que o comparecimento eleitoral funcione como um índice
para saber se a persuasão usada pelas organizações partidárias foi acatada com
sucesso pelos votantes. Entretanto, no Brasil, há casos em que o índice de
comparecimento nas urnas é alto porém a maioria dos votos são nulos e/ou brancos,
de modo que, para de fato avaliar a capacidade dos partidos em mobilizar eleitores,
é necessário restringir o número dos votantes para os que realmente escolheram
alguém. A Tabela 3 (p.30) exemplifica o crescimento e a redução, em certos anos e
para certos cargos, de votos válidos nas eleições nacionais, expressando que, em
1990 e 1994, por exemplo, os votos para eleger presidente foram superiores do que
para governadores e deputados e, entre 1998 e 2002, ocorreu um aumento em
todos os cargos, inferindo-se, portanto, que o processo de democratização não
acarretou no processo gradual da mobilização eleitoral.
É válido ressaltar que a mobilização eleitoral teve seu início antes mesmo de 85,
sendo uma característica principal do processo transicional para o regime
democrático, uma vez que a oposição obteve o êxito de estimular o eleitorado contra
o regime militar e, com isso, fez com que a primeira eleição presidencial pós
redemocratização, em 1989, fosse o ápice do processo de mobilização coletiva.
Todavia, pelo caráter rotineiro que o jogo eleitoral democrático foi adquirindo com os
anos, um declínio do engajamento político ocorreu e, com isso, um foco maior no
poder executivo foi findado no pensamento brasiliense, fazendo com que os
eleitores se acostumassem a focar seu direcionamento eleitoral apenas para
presidentes, governadores e prefeitos e esquecendo dos representantes
parlamentares legislativos.