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Partidos políticos
brasileiros
RAPS Edição e Coordenação
Diretor Executivo de Produção de
Marcos Vinícius de Conteúdo
Campos Renato Nunes Dias
Diretor Adjunto
Alexandre Schneider Colaboração na
produção do conteúdo
Conselho Diretor deste volume
Presidente Humberto Dantas
Guilherme Leal Mônica Sodré
Vice-presidente
Maria Alice Setúbal Projeto gráfico
Conselho e diagramação
Álvaro de Souza 2+2 design
Claudio Gastal Clara Laurentiis
Gilberto Mifano Valéria Marchesoni
Fernando Rei
José Eduardo Martins
Julio Moura
Leandro Machado
Oded Grajew
Estudo
Partidos políticos
brasileiros
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bibliografia
ISBN 978-85-68974-02-5
1. Democracia
2. Partidos políticos
3. Partidos políticos - Brasil
4. Sistemas partidários - Brasil
I. Dias, Renato Nunes. II. Dantas, Humberto.
III. Sodré, Mônica. IV. Série.
17-10460 CDD-324.281
7 Introdução
49 3 Financiamento partidário
75 5 Organismos de formação
107 7 Coalizões
113 8 Ideologia
127 Anexos
Licença Creative Commons
Este material, que integra a série “Documentos para Debate”
possui uma licença Creative Commons de Atribuição Não
Comercial e Sem Derivações (CC BY-NC-ND 4.0), com efeitos
internacionais. Assim, você pode compartilhar e redistribuir este
material, garantindo o crédito apropriado à RAPS.
6
Introdução
7
Apesar das boas intenções, os fatos têm caminhado na
contramão do fortalecimento dos partidos. Alguns exemplos
são: a flexibilização das regras de fidelidade partidária; a criação
de janela constitucional de troca de legenda em 2016 e o prazo
de filiação para a disputa de eleições – que caiu de um ano para
seis meses.
Boa leitura!
8
1 O sistema partidário brasileiro
1.1 Introdução
9
1.2 O sistema partidário brasileiro
10
1.3 História recente dos partidos políticos
no Brasil
11
contextual com o fim do regime militar, estruturas e indivíduos
continuaram presentes e atuantes na política partidária nacional.
12
Assim, eram cinco as legendas que disputaram em 1982 a
primeira eleição direta para governador desde a década de
1960, e são elas que ainda hoje permanecem entre os maiores
partidos no Brasil. Em 1985, com uma emenda constitucional
que ampliou ainda mais a liberdade de organização dos partidos,
outras legendas surgiram. O PSB (Partido Socialista Brasileiro),
por exemplo, que tinha origem na Esquerda Democrática do
Estado Novo e havia sido dispersado durante o regime militar,
reestabeleceu-se com a adesão de Miguel Arraes, governador
de Pernambuco que se desligaria do PMDB. O político, assim,
assumia a liderança nacional junto a Brizola e Lula, enquanto
seu partido fincava raízes no Nordeste com a adesão de políticos
fortes na região.
13
tura do sistema e, entre extinções, fusões e criações, contamos
em 2016 com 35 partidos registrados no Tribunal Superior Elei-
toral (TSE), dos quais metade tem, no mínimo, vinte anos de
existência desde o deferimento de seu registro na corte eleitoral.
Entre as demais, oito siglas foram criadas desde 2010.
14
PV Partido Verde 30.09.1993 43
SD Solidariedade 24.09.2013 77
15
No entanto, o número de 35 legendas, registrado no início de
2016, não está próximo de ser definitivo. Inúmeras foram as
transformações (fusões, extinções, incorporações, mudanças
de nome etc.) entre as legendas que disputaram eleições, de
1982 até o período atual, além de existirem mais de 100 grupos
buscado viabilizar seu registro no Tribunal Superior Eleitoral até
2016. Assim, ainda que seja possível reconhecer a existência
de um núcleo partidário perene no Brasil, é interessante notar
as tentativas de realinhamento dos partidos e a tendência à
formação de novos grupos.
16
1.4 Legislação partidária no Brasil
17
Além da necessidade de conquistar
votos, é importante para um político
que ele seja capaz de compreender
o funcionamento interno da legenda
a que está filiado. A política
intrapartidária é significativamente
relevante em qualquer estratégia
política
Um simples exemplo ilustra tal argumento: em geral os cidadãos
que pretendem se candidatar devem ter seis meses de filiação
partidária à mesma legenda – seguindo a regra que passa a
vigorar a partir de 2016, pois até as eleições de 2014 o prazo era
de um ano. As convenções que definem as candidaturas, por
sua vez, ocorrem entre junho e agosto do ano eleitoral, portanto
faltando menos de trêsmeses para o pleito. Se o filiado que
pretende ser candidato não tem boa articulação partidária a ponto
de não obter legenda para a disputa da eleição, ele terá que se
reposicionar no partido ou em outra agremiação para disputas
futuras. Em resumo: em semestre eleitoral, o político é “refém”
das decisões de seu partido até, pelo menos, as convenções.
18
e programa tivessem sido aprovados nas convenções munici-
pais, regionais e nacional. Sendo assim, a convenção nacional
aparece como órgão máximo de decisão, onde são definidas
as estratégias do partido, as políticas de aliança eleitoral e os
candidatos à Presidência da República, por exemplo. Além disso,
na Convenção Nacional são escolhidos os membros a compor
a Comissão Executiva Nacional, que tem o poder de convocar
as convenções, estipulando os prazos, as formas de votação e
definindo quem poderá participar do processo. Essa estruturação
é visualizada abaixo, onde as linhas pontilhadas indicam a possibi-
lidade de intervenção nos níveis inferiores.
elege delegados
elege delegados
19
Se, de um lado, a organização formal prevista pela LOPP esta-
belecia um sistema representativo ascendente, outros aspectos
merecem atenção no que diz respeito à distribuição de poder no
interior da estrutura decisória dos partidos. Um deles diz respeito
aos critérios de composição dos órgãos executivos. Definia-se em
lei que os líderes dos partidos políticos nas Câmaras Municipais,
nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal integrariam, como membros natos, os diretó-
rios. Definia-se também que o número de delegados que cada
diretório municipal teria direito de enviar à convenção regional
seria proporcional aos votos de legenda obtidos no município, na
última eleição para a Câmara dos Deputados. Por ser tradicional-
mente baixo o total de votos na legenda, garantia-se assim que
a convenção fosse controlada pelos membros natos do diretório
estadual que, por sua vez, acabavam predominando também
na convenção nacional. Ademais, além dos mandatários terem
presença garantida nos diretórios e executivas, eles poderiam
acumular cargos entre as esferas do partido, podendo inclusive
integrar mais de um diretório partidário, desde que um deles
fosse o nacional.
20
5 Lei nº 9.096, de 19 de lógicas oferta a cada partido um funcionamento particular, que
setembro de 1995 <http://
www.planalto.gov.br/
eleva o grau de complexidade organizacional e exige alta capaci-
ccivil_03/leis/l9096.htm>. dade de percepção política por parte de filiados que buscam se
firmar como lideranças intrapartidárias.
21
A medida foi revista e a institucionalização com maior grau de
formalização será cobrada a partir de 2018 dos órgãos estaduais
e de 2020 nas cidades. Na Tabela 2 é possível verificar o total de
cidades por estado com um ou nenhum diretório municipal, ates-
tando a heterogeneidade regional e o desafio de se organizarem
partidos com a formalidade exigida pela recente visão prolatada
pela corte eleitoral.
22
Tabela 2 – Total de cidades com um ou nenhum diretório municipal por Estado
23
Espírito Santo 78 1 4 1,28 5,13 6,41
24
2 Partidos e sua organização
25
Partidos existem para coordenar a ação
coletiva, agregando indivíduos que se
organizam para dar diferentes respostas
aos dilemas de escolha social e fazer
frente tanto à sociedade como ao
Estado
Conforme será demonstrado ao longo das próximas seções, ainda
que as siglas totalizem mais de 30, não é igual o espaço que elas
ocupam, sob uma série de critérios que se possa ter em conside-
ração – sejam aqueles relativos à densidade organizativa, sejam
os relativos ao desempenho eleitoral e à consequente ocupação
de cargos. Assim, para efeitos de análise, serão consideradas,
em geral, as maiores siglas brasileiras, tendo em vista os últimos
20 anos, que são aquelas que se faziam presentes já no início
da consolidação do período democrático atual: PMDB, PDS/
PPR/PPB/PP, PFL/DEM, PT, PSDB, PDT, PTB e PSB. Este recorte
não tem como objetivo ignorar a relevância de outras legendas,
mas tende a coincidir com o o que é feito pela maior parte dos
trabalhos acadêmicos, sobre os quais nos apoiaremos aqui para
construir uma biografia do quadro partidário brasileiro. Isso não
impedirá que outras siglas recebam atenção, eventualmente,
sobretudo as que são posteriores e já contam com considerável
espaço no ambiente partidário recente, como é o caso do atual
PSD (Partido Social Democrático). Todavia, tendo em conside-
ração os traços de maior continuidade ao longo da série histórica,
são os partidos que marcaram presença em todo o período que
terão maior destaque aqui.
26
2.1 O perfil das organizações: órgãos
internos e distribuição de poder
27
V. Órgãos de pesquisa, de formação política e de doutrinação:
são as fundações ou os institutos dos partidos;
28
Outro ponto bastante comum está associado à ideia de que o
estatuto dos partidos, em geral, permite, de diferentes formas, a
realização de apelações aos organismos superiores das legendas.
Assim, em alguns casos, uma vez contrariado e compreendendo
haver afastamento em relação a regras internas, um grupo filiado
num dado município encontra espaço para apelações na Execu-
tiva Estadual ou até mesmo Nacional. Reforça-se nesse caso
que os caminhos dependem de cada legenda: algumas teme
processos verticais, enquanto outras, mais horizontais, permitem
apelações por parte dos filiados nas bases locais.
29
2011, ilustra como a imensa maioria dos partidos se apresenta
precariamente em organismos provisórios nas cidades e, comple-
mentarmente à Tabela 2, atesta os desafios para uma instituciona-
lização mais formal das legendas, como prega a lei e como deseja
a Justiça Eleitoral a partir de 2018 no caso da disputa de eleições.
30
PR 763.919 4.395 38 4.357 0,9 79,0
Fonte: Braga et al
(2012) e dados do TSE.
31
Reforça-se a análise apontando que os dados acima mostram
tanto a abrangência dos partidos no território, a densidade da
base de filiados, assim como a qualidade das estruturas locais
sobre as quais se estabelecem. Braga et al (2012) observam os
dados de filiação da perspectiva da difusão territorial dos partidos.
No início do período democrático atual, naturalmente, apenas
os herdeiros mais diretos do regime precedente – PMDB e PDS
(hoje PP), no caso – apresentavam graus mais consideráveis de
cobertura territorial (relação entre os municípios com algum orga-
nismo partidário vigente – o que pressupõe um número mínimo
de filiados – e o total de municípios). O marco de expansão dos
primeiros partidos teria sido ao longo da década de 1990, quando
é levada a cabo a tendência de se difundirem pelo país e também
de aumentarem progressivamente a densidade de sua filiação.
32
Por fim, a longevidade explica as marcas de PDT, PTB e DEM
(antigo PFL), presentes na arena eleitoral desde a década 80.
33
6 As tendências se defi- da chegada de Lula à Presidência da República (Dantas, 2013).
nem, segundo resolução
de 1987, como grupos de
O PSDB, que se aproxima deste patamar quanto à presença local,
petistas que se organizam apresenta uma relação equilibrada entre diretórios e comissões
para defender posições provisórias, enquanto os demais partidos contam com uma quan-
no interior do partido, a
partir de uma base política,
tidade baixa, quando não quase inexistente (como é o caso do
mas que são totalmente PTB e do PR), de órgãos mais institucionalizados.
submetidas à disciplina
militante, reconhecendo
expressamente o PT como
Guarnieri (2009) analisa estas configurações como consequ-
partido estratégico. ência direta do processo de desenvolvimento organizacional
dos partidos. No entanto, o autor procede a uma análise biblio-
gráfica, para explicar como estes perfis são determinados pela
história organizacional dos partidos, e a maneira que se constitui
equilíbrio interno de poder na organização. Partidos de maior
densidade organizativa seriam marcados por um grau maior de
divisões internas, posto que os dirigentes locais, eleitos pela
base, detêm mais força nas disputas partidárias. Seriam estes os
partidos poliárquicos, segundo a classificação do autor, como é o
caso do PT, PMDB e PSDB. Partidos como PDT, PP e DEM, seriam
considerados partidos oligárquicos, ou de organização mista,
pela prevalência de comissões provisórias, indicando o quanto
são menos organizados e mais sujeitos aos mandos das grandes
lideranças partidárias. O PTB, no outro extremo, é considerado
um partido não organizado, ou monocrático, constituindo-se,
basicamente, de comissões provisórias. O autor então se apoia
na descrição histórica de como cada organização lidou com
as disputas e acomodou as divisões internas ao longo de sua
formação, e como se constitui a coalizão dominante, moldando-
-se assim a fisionomia da organização.
34
buscando lançar cada vez mais candidatos, o PT torna-se ainda
mais fragmentado internamente, pois mais espaço é aberto à
participação de novas lideranças. Se de um lado o PT aparece
como um partido mais permeável à participação da base, de
outro, a intervenção dos órgãos superiores nos inferiores sempre
teria sido parte da prática petista – numa lógica verticalizada.
Nesse sentido, o PT é descrito como um modelo onde imperaria,
ao menos no princípio, o centralismo democrático, onde o debate
é estimulado e aceito, e as disputas entre grupos internos pelo
controle partidário são acirradas, porém as decisões são tomadas
pelas instâncias superiores, em caráter definitivo e aceitas por
todos, uma vez que legitimadas em espaços permeáveis às pres-
sões da base.
35
antiga oposição ao regime militar. Se o PT marcou sua história
pela existência de um líder central, de grande prestígio, no PMDB
haveria uma multiplicidade de líderes regionais, sempre em
primeiro plano - José Sarney, Orestes Quércia, Jarbas Vascon-
celos, Pedro Simon, Roberto Requião, para citar alguns ao longo
da história. Guarnieri reporta uma série de episódios importantes
que exemplificam tal caracterização, como a divisão do partido
em torno da candidatura de Ulysses Guimarães para a sucessão
de Tancredo Neves, em 1989; a divisão em 1998 sobre o lança-
mento ou não de uma candidatura à presidência (decisão que, por
falta de quórum da convenção extraordinária, acabou não sendo
tomada, e o partido não só deixou de lançar candidato como
não participou de nenhuma coligação presidencial); e a divisão
em 2002, novamente, sobre o partido lançar ou não candidatura
própria, que ao final resulta no apoio ao PSDB sob a figura de
José Serra com a vice Rita Camata. Nesse sentido, a constituição
de um órgão como o Conselho Nacional busca contornar estes
problemas de paralisia do partido, embora a descentralização de
cunho regional permaneça sendo marca da legenda. No PMDB,
como a decisão de intervir nos níveis inferiores da hierarquia não
cabe às executivas, mas sim aos diretórios, o processo seria mais
lento e difícil.
36
cidade. Adicionalmente, definiu-se que nos estados em que não
se alcançou o número mínimo de municípios com diretórios
eleitos, definido em estatuto, também não ocorreriam as conven-
ções estaduais.
1999. Guarnieri menciona ainda o ocorrido em 2002, quando uma
Comissão Eleitoral Nacional é criada com poderes de revogar
qualquer decisão regional que se avaliasse contrária às diretrizes
eleitorais daquele ano, dissolvendo-se comissões executivas
regionais para instalar comissões provisórias em seu lugar. Outro
episódio que demonstraria o peso da liderança de Brizola teria
sido a querela com o então governador do Rio de Janeiro Anthony
Garotinho, que culmina na saída deste último da legenda7.
Guarnieri analisa que a rigidez com a qual Brizola teria sempre
controlado o PDT e os desmandos da cúpula partidária explica-
riam a precariedade da organização, baseada, desde sua origem,
em comissões provisórias mais do que em diretórios.
A sigla “herdeira” da Arena, por sua vez, passou por uma série
de mudanças em seu nome. De PDS (Partido Democrático Social)
se transforma em PPR (Partido Progressista Reformador), pela
fusão com o PDC (Partido Democrata Cristão), em 1993. Em 1995
o partido passa por outra fusão, dessa vez com o PP (Partido
Progressista, por sua vez fruto da fusão de outros dois partidos,
38
7 Guarnieri narra que PST e PTR), transformando-se em PPB (Partido Progressista
a contenda teria se dado
em torno da candidatura
Brasileiro), que em 2003 altera sua denominação para PP
de Garotinho à prefeitura (Partido Progressista). A despeito do peso da figura de Paulo
carioca. Resulta que Brizola Maluf, Guarnieri avalia que o partido sempre foi pulverizado,
sai como candidato e não
chega a 10% dos votos.
em virtude destes processos de fusão que deram origem a uma
cúpula partidária mais heterogênea e, consequentemente, cheia
8 Guarnieri apresenta de concorrências – a adesão ao governo Lula em 2003, por
algumas resoluções do
partido que evidenciam a
exemplo, teria sido pivô de uma das disputas. Guarnieri descreve
prática de se dissolverem como as sucessivas alternâncias de domínio no interior do
os diretórios, argumentan- partido, assim como as fusões da sigla, conferem esse caráter
do-se a necessidade de
reestruturação em virtude
“provisório” ao partido, pois a cada mudança são produzidas alte-
da incorporação de outros rações no estatuto, e abertas janelas para que a organização se
partidos (o PAN e o PSD reestruture, destituam-se diretórios e nomeiem-se novas comis-
dos anos 90, no caso).
sões provisórias.
39
Quanto ao PR, seguindo o mensurador de Guarnieri, a dinâmica
seria análoga. Fruto da fusão do Partido Liberal (PL) e do Partido
de Reedificação da Ordem Nacional (Prona), que se unem para,
numa arriscada manobra jurídica, atingir a abandonada cláusula
de barreira adotada em 2006, o partido praticamente não conta
com diretórios nos municípios.
40
2.2 Inclusividade e representatividade
das estruturas decisórias
9 Art. 55. e Art 111. Conforme discutido anteriormente, a legislação vai concedendo
(Estatuto do PT, 2013)
Ver anexos, p. 129
cada vez mais liberdade para os partidos se organizarem. Se em
um primeiro momento as legendas guardam mais semelhanças
do que diferenças em sua estruturação interna, logo os traços
da origem da organização vão se manifestando e fisionomias
distintas entre si vão se conformando. Ribeiro (2013) descreve
como os estatutos e as normas internas se transformam, e como
as reformas vão sendo promovidas pelas lideranças partidárias no
sentido de produzir mais ou menos centralização, inclusividade e
representatividade.
41
10 Art. 11. e demais matérias relativas ao processo eleitoral a convenção
(Estatuto do PR, 2012).
Ver anexos, p. 129
municipal é constituída pelos membros do diretório da circuns-
crição, delegados eleitos para as convenções superiores,
membros do diretório estadual e parlamentares (de todos os
níveis) com inscrição eleitoral nos municípios.
42
11 Art. 65. (Estatuto do Na composição dos diretórios nacionais, o mesmo vale quanto à
PMDB, 2013).
Ver anexos, p.130
lógica das figuras de maior proeminência no partido terem garan-
tido seus espaços, denotando a baixa representatividade destes
12 Art. 59. (Estatuto do órgãos, de maneira geral, de acordo com Ribeiro. Comumente,
PSDB, 2013).
Ver anexos, p.130
além dos dirigentes eleitos proporcionalmente pela Convenção
Nacional, compõem os Diretórios Nacionais, enquanto membros
natos, os presidentes dos diretórios estaduais, os líderes da
bancada do partido no Congresso e os ex-presidentes da Execu-
tiva Nacional. Algumas agremiações incluem ainda outras figuras
relevantes do partido, como ex-presidentes dos órgãos de apoio
e das fundações, por exemplo, como nos casos do DEM e do
PSDB, ou mesmo os dirigentes de órgãos de cooperação, como
é o caso do PTB. O PT, por sua vez, além dos membros eleitos no
encontro do partido, inclui no Diretório Nacional apenas os líderes
de bancada, além de contar com outra peculiaridade, que é o fato
de o presidente ser eleito separadamente, por voto direto no PED.
43
13 Art. 76. (Estatuto do
PMDB, 2013). Tabela 4 - Tamanho dos órgãos executivos nacionais
Ver anexos, p.130
Partido Membros no diretório Membros na comissão
14 Art. 59. (Estatuto do nacional executiva nacional
DEM, 2007).
Ver anexos, p.131 PT 97 24
PMDB 159 35
PSDB 270 40
PSD 200 39
PP 817 189
PR 138 45
PSB 147 38
PTB - 149
DEM 91 51
PDT 394 26
Fonte: Elaboração a partir Dos partidos que analisa, Ribeiro aponta que o PMDB13 é o único
dos dados do TSE 2015
em que as executivas se mantêm responsáveis apenas pelas
funções administrativas, definidas em estatuto, reservando-se aos
diretórios as demais atribuições deliberativas.
44
15 Art. 65. Entre os demais partidos, o autor aponta ter havido progressiva
(Estatuto do PSDB, 2013).
Ver anexos, p.131
concentração de atribuições em prol das comissões executivas,
fixada em estatuto. Notadamente no DEM14, estas instâncias
16 Art. 68. (Estatuto do passaram a absorver todas as prerrogativas que não fossem
DEM, 2007).
Ver anexos, p.131
explicitamente reservadas aos diretórios, possuindo assim dele-
gação permanente para decidir. A aprovação de diretrizes a serem
seguidas obrigatoriamente pelos demais órgãos partidários, inclu-
sive pelas bancadas, passou a ser atribuição exclusiva das execu-
tivas, sendo reservada à Executiva Nacional a tarefa de traçar a
linha político-partidária a ser seguida, destinar recursos do fundo
partidário, e normatizar as coligações nacionais, estaduais e
locais. Os presidentes das executivas, por sua vez, ganham poder
de decretar resoluções, diretrizes e outros atos normativos para
sua jurisdição, sem necessidade de aprovação colegiada, guar-
dando assim uma autonomia inexistente nos demais partidos.
Também no PSDB15 as executivas teriam ganhado poder cres-
cente, em todos os níveis, legislando, por exemplo, sobre as
coligações estaduais, ditando normas sobre o lançamento de
candidaturas nos municípios e decidindo sobre a prorrogação dos
mandatos dos dirigentes partidários.
45
17 Art. 72. (Estatuto do Conselho Consultivo do partido no Conselho Político Nacional, um
PSDB, 2013)
Ver anexos, p.132
órgão de direção que conta com metade dos membros da Execu-
tiva Nacional, cuja composição privilegia critérios de senioridade
18 Art. 73. (Estatuto do e proeminência política (presidente, ex-presidentes nacionais do
PMDB, 2013).
Ver anexos, p.133
partido, ex-ministros, os dois líderes no Congresso, os governa-
dores e prefeitos de capitais de maneira geral). Responsável por
emitir pareceres para orientar decisões importantes da Convenção
Nacional, como a escolha de candidatos à Presidência, a apro-
vação de planos de governo e a reforma do estatuto ou do
programa partidários, o Conselho acaba tendo suas atribuições
sobrepostas às da Executiva Nacional.
46
Dos partidos que Ribeiro analisa, o PT é o único a não apresentar
órgãos semelhantes. Dos demais, que foram incluídos nessa
nossa análise, o PP conta com conselhos de apoio denominado
Conselho Consultivo Nacional, ao qual compete colaborar
com o Diretório Nacional, opinar sobre matéria de relevante
interesse nacional e participar das reuniões do Diretório ou da
Comissão Executiva, sempre que convidado, mas sem direito
a voto. No PDT está prevista a existência de um Conselho Polí-
tico, que se constitui como órgão de alto assessoramento da
Direção Nacional, no entanto, segundo o estatuto, suas funções
têm caráter mais opinativo, de fazer recomendações à Executiva
Nacional, em questões consideradas oportunas. Nos demais
partidos (PTB, PSD, PR e PSB) não existem órgãos com esse
caráter.
47
48
3 Financiamento partidário
49
Tabela 5 - Distribuição do Fundo Partidário
50
PSTU - 0,01% 0,03% 0,03% 0,30% 0,26%
PP 8,74% - - - - -
PSD - - - - - 6,03%
SDD - - - - - 2,30%
PEN - - - - - 0,29%
PPL - - - - - 0,18%
PROS - - - - - 0,16%
Fonte: Elaboração
própria a partir dos
dados do TSE.
51
20 Speck (2014) faz Os valores anuais do Fundo Partidário cresceram da ordem de
ponderações quando à
comparação dos valores
729 mil a 365,7 milhões20, entre 2002 a 2012, e manteve-se
brutos na série temporal. A abaixo dos R$ 400 milhões até 2014. Na verdade, em 2010 deu
mais elementar diz respeito um salto de aproximadamente 50% com a definição de dotação
ao impacto da desvaloriza-
ção monetária, e a segunda
extraordinária com o claro propósito de pagar as dívidas de
ao número crescente de campanha dos principais partidos que lançaram candidatos à
eleitores, que aumenta Presidência da República naquele ano.
o custo das campanhas.
Todavia, o crescimento não
deixa de ser significativo. A partir de 2015, com a clara possibilidade de proibição da
participação do capital empresarial privado nas campanhas e nos
21 Art. 108. (Estatuto do
DEM, 2007).
partidos houve um salto expressivo para quase R$ 900 milhões no
Ver anexos, p.133 Fundo Partidário, revelando a dificuldade de captação de recursos
em outras fontes. De fato, o Supremo Tribunal Federal proibiu
22 Art. 99. (Estatuto do
DEM, 2007).
a doação de empresas para candidatos e partidos nas eleições
Ver anexos, p.134 e fora delas, e a presidente Dilma Rousseff vetou matéria apro-
vada pelo Congresso Nacional que buscava reverter tal limitação,
23 Art. 43.
(Estatuto do PR, 2012).
permitindo às legendas receberem dinheiro de empresas.
Ver anexos, p.134
Para além da discussão sobre a captação de recursos e suas
24 Art. 202. (Estatuto do
PT, 2013).
limitações no universo dos partidos é importante observar alguns
Ver anexos, p.134 parâmetros para a utilização do Fundo Partidário na realidade
das legendas. Repassado diretamente aos diretórios nacionais,
25 Art. 69. (Estatuto do
PSB, 2012).
e exceção feita ao mínimo de 20% dos recursos dessa fonte
Ver anexos, p.135 oficial que deve ser aplicado obrigatoriamente aos institutos ou
fundações, são os partidos os responsáveis por estabelecerem as
26 Art. 107.
(Estatuto do PMDB, 2013
regras internas de alocação de tais recursos.
do Fundo).
Ver anexos, p.135 Dos partidos analisados, concede-se autonomia às seções esta-
27 Art. 142. (Estatuto do
duais para realizar o repasse às seções locais. Já quanto ao
PSDB, 2013). repasse dos diretórios nacionais, tende-se a definir no estatuto os
Ver anexos, p.136 percentuais da divisão, ou ao menos os critérios a serem levados
em conta (em geral, peso político do estado para a organização).
Apenas o DEM, o PTB e o PR concedem autonomia à executiva
nacional sobre os repasses internos para as seções estaduais.
Este primeiro21 deixa a cargo da executiva elaborar um plano
de aplicação onde ficarão estabelecidas as regras do repasse;
enquanto o PTB22 e o PR23 acrescentam que as regras adotadas
para o repasse deverão ter em conta a representação do partido
no Congresso, ou seja, fazem a divisão segundo critérios de
desempenho eleitoral.
52
Já os demais partidos especificam no estatuto como se dará a
distribuição do fundo. O PT24, assim como o PSB25, destina a
maior parte do fundo partidário (60%) à direção nacional, eviden-
ciando o alto grau de centralização dessas organizações no que
diz respeito à política financeira. E, do montante reservado aos
estados, o PT define que 20% deverá ser dividido em partes iguais
para todos os Estados e o Distrito Federal, enquanto 80% será
distribuído proporcionalmente ao número de delegados estaduais
eleitos no último encontro nacional, seguindo o critério organi-
zativo de distribuição. Também o PSB prioriza a retenção dos
recursos do Fundo Partidário pela direção nacional. O estatuto do
partido aponta que descontado o que é destinado à fundação e à
manutenção da legenda, os 80% restantes deverão se destinar à
direção nacional, enquanto o restante será reservado às direções
estaduais, sem critério de divisão previamente estabelecido.
53
conflitos internos nas legendas a respeito do uso efetivo dos
montantes. Não são incomuns os mais diferentes desentendi-
mentos e acusações nesse universo. Um caso que ganhou grande
repercussão em 2010 esteve associado a uma divisão interna no
PSDB. José Serra, derrotado na corrida presidencial, foi cotado
para presidir o Instituto Teotônio Vilela, a fundação tucana. Como
legalmente 20% do montante do Fundo Partidário devem ser utili-
zados por este tipo de organização, a ala do partido mais próxima
a Aécio Neves reclamou que o ex-governador de São Paulo teria
acesso a um recurso que lhe permitiria visitar o país e, quem
sabe, reforçar internamente uma nova candidatura à Presidência
em 2014.
54
7 0,82 1,40 1,88 2,81 4,73 5,90
55
A despeito das fontes citadas acima, ao mesmo tempo em que
o Brasil é um ótimo caso a ser estudado pela disponibilidade de
informações do financiamento de campanhas, postas as exigên-
cias da justiça eleitoral quanto à prestação de contas transpa-
rentes, muito se problematiza a respeito da validade dos dados
pela prática ampla do caixa dois (contribuições não registradas de
campanha). Importante salientar que partidos têm utilizado como
tese de defesa em ações penais o uso desse tipo de expediente, e
que condenados recentes assumiram destinar recursos privados
de forma não contabilizada a diferentes políticos, de distintas
legendas. A despeito de tal aspectos, Samuels (2006) argumenta
que os dados do TSE revelam padrões bastante intuitivos, que se
mantêm ao logo do tempo entre os partidos, sugerindo que, ainda
que as cifras não correspondam ao que é recebido, tampouco a
prestação de contas é totalmente inventada. Assim, a análise dos
dados permite que se identifiquem o padrão geral e as tendências
do que diz respeito ao financiamento político.
56
As empresas contribuíam muito mais
do que os indivíduos, e que a maior
parte das contribuições empresariais
vem de setores grandemente
influenciados por regulamentação
pública: setor financeiro, indústria
pesada e construção civil
57
Assim, se há concentração de quem doava, por um lado, havia
também concentração de quem recebia, pois a arrecadação
passa a ser proporcional ao peso das siglas no cenário político,
a despeito de questões ideológicas. Speck mostra que PSDB,
PT e PMDB, que arrecadaram em 2010, cada um, acima de
R$ 500 milhões no total, receberam, juntos, mais de 60% do
volume total dos recursos doados pelas empresas. Natural-
mente, apenas entre os menores partidos as doações de pessoa
jurídica assumem menor relevo – PSOL, PSTU, PCB e PCO,
pequenas legendas de esquerda, que receberam de R$ 5 milhões
para baixo, têm como maior fonte de financiamento privado as
doações de pessoa física.
58
PSL 34,3% 25,3% 40,4% 0,3% 18.643.807
59
se são os políticos com maior experiência eleitoral que são mais
eficientes em atrair investimentos. De todo modo, essas preci-
sões importam mais na teoria do que na prática, que mostra a
relação positiva entre a quantidade de dinheiro que um candi-
dato dispõe em sua campanha e o seu desempenho nas urnas.
Essa relação seria, sobretudo, mais forte para os novos candi-
datos, naturalmente posto que estes necessitam empregar mais
esforços para se fazerem conhecidos do que um candidato que
já dispõe da máquina (Speck, 2014). Nesse sentido, e diante da
nova realidade, é fato que a distribuição de recursos financeiros,
suas respectivas utilizações e fontes se configuram preocupa-
ções elementares daqueles que buscam partidos políticos para
a consolidação de objetivos eleitorais. Para além da discussão
posta aqui outro ponto merece destaque: a verificação da pres-
tação de contas das campanhas municipais que reúnem cerca
de meio milhão de candidatos indica que a imensa maioria dos
políticos que buscam votos não conta com quantia alguma vinda
dos partidos. O desafio do levantamento dos recursos é algo
absolutamente central em qualquer estratégia partidária e elei-
toral. Destaque, nesse caso, para o fato de que com o acentuado
distanciamento dos cidadãos em relação aos partidos, o cenário
se torna ainda mais complexo.
60
4 Recrutamento político e seleção
de candidatos
61
PP e DEM, eram os partidos com
maior número de parlamentares na
faixa mais alta de patrimônio; PMDB
e PSDB encontravam-se nas faixas
intermediárias, junto ao PDT; enquanto
o PT concentrava seus parlamentares
na faixa de patrimônio mais baixo
62
28 Rodrigues (2002) se destacava também pelas fortes raízes no aparelho estatal. Mais
utiliza da classificação que
predominava na literatura
heterogêneo, o PMDB contava com empresários, mas também
e meios de comunicação, com profissionais liberais e funcionários da burocracia estadual,
não interessado propria- ocupando assim uma posição intermediária. O PSDB, ao seu
mente em discutir os
significados intrínsecos das
turno, reunia quadros do empresariado urbano, caracterizados
categorias. pela formação mais alta, demonstrando a face intelectual de
classe média alta do partido. Segundo o autor, o perfil dos cons-
29 Estes dados, obvia-
mente, devem ser lidos no
tituintes que irão depois fundar o partido já revelava isso pela
contexto da posição dos presença de advogados, juízes e economistas, além de profis-
partidos no governo àquele sionais da saúde, da educação e do jornalismo. O PT, por fim,
tempo.
contava também com um setor amplo de intelectuais, mas que
dividiam fileiras com membros egressos da classe trabalhadora
e empregados do setor de serviços, à diferença do PSDB.
63
Tabela 7 - Bancadas partidárias segundo a participação associativa (%)
64
30 MARENCO, André. suas respectivas vidas no interior dos partidos que escolhem.
(2001). “Sedimentação
de lealdades partidárias
Aqui estamos falando em tendências, em movimentos que
no Brasil: Tendências e inclusive podem mudar com o tempo, mas é importante um olhar
descompassos”. RBCS Vol. sobre a complexidade partidária o conhecimento dos desafios
16 no 45 fevereiro/2001.
políticos de diferentes naturezas.
65
31 A legislação eleitoral cargos eletivos estivessem filiados ao partido31 por, no mínimo,
prescreve as condições
de elegibilidade, e dentre
um ano até 2014. A partir de 2016 esse prazo foi reduzido para
elas está a nacionalidade seis meses. Ademais, o dispositivo da candidatura nata nascido
brasileira, o alistamento em 1974, por meio do qual os parlamentares escolhidos em
eleitoral, o domicílio eleito-
ral na circunscrição em que
pleitos proporcionais garantiam automaticamente uma vaga nas
se dá a disputa, exercício listas partidárias perdurou até o pleito de 2000, deixando de valer
pleno dos direitos políticos, em 2002. Ou seja, fica a cargo dos partidos estabelecerem quais
o que se condicionou
chamar de “ficha limpa”,
os demais mecanismos de seleção dos seus candidatos, sejam
requisitos etários, e filiação eles formais ou informais, sendo o tempo de filiação mínimo
ao respectivo partido de, requerido à legenda de seis meses em relação à eleição.
no mínimo, seis meses. O
monopólio dos partidos so-
bre a representação política Conforme já explorado na seção sobre inclusividade dos espaços
não é a regra. Países como decisórios do partido, segundo os estatutos partidários é nas
Itália e Colômbia permitem
que sejam apresentadas
convenções que são selecionados os candidatos a cargos
listas de candidatos sem eletivos. Todavia, à exceção do PT, que adota as eleições diretas,
vinculação partidária, desde não são todos os filiados que votam nas convenções destinadas a
que respaldada por um
determinado número de
destacar os candidatos. Braga (2006), ao observar as convenções
assinaturas. partidárias dos maiores partidos em 2006, buscou compreender
os procedimentos informais que regulam a seleção de candi-
datos. A autora observa que em partidos como o PP e o PFL (hoje
DEM), a convenção funcionava apenas como ato simbólico em
que a lista partidária indicada é homologada pelos presentes,
não passando por um processo de aprovação efetivo e amplo.
Assim como as lideranças (principalmente os parlamentares
mais orgânicos) detêm controle sobre os espaços decisórios
nestes partidos, elas detêm, consequentemente, controle sobre o
acesso à lista partidária, de modo que estes partidos sejam mais
fechados à participação popular.
66
Já no PT, pelo fato de haver mais envolvimento de diversos
membros do partido – ainda que com graus variados de influ-
ência – o processo seria um pouco mais permeável à participação,
em comparação aos demais partidos, ainda que centralizado nas
lideranças partidárias. De outro lado, apenas os Trabalhadores
impõem exigências formais para além da lei, exigindo que os
candidatos aderissem ao “Compromisso Partidário do Candi-
dato Petista”, documento criado pelo Diretório Nacional onde
era reforçado o pacto dos candidatos com o partido, tanto em
relação à campanha quanto ao exercício de mandato (art. 140
do Estatuto do PT de 2013). Dentre outras regras, o documento
estabelecia que o candidato ficasse obrigado a contribuir finan-
ceiramente com o partido, a veicular a sigla do partido em seu
material de campanha, e ainda restringia o financiamento de
campanha. Caso eleito, o documento reforçava o caráter parti-
dário do mandato, fosse pelo dever de submeter ao partido os
nomes que iriam compor o primeiro e o segundo escalão do
governo, fosse por meio da formação de uma “bancada coletiva”,
no caso do Legislativo. Ainda que o caráter seja antes simbólico,
Braga argumenta que instrumentos como este podem, de partida,
eliminar aspirantes que não se sintam confortáveis em abrir mão
de suas preferências individuais em nome da organização. Para
além disso, destaca-se o fato de que por mais que documentos
internos e determinações possam existir em volumes expressivos
capazes de criarem restrições, é muito difícil para os partidos,
sobretudo nas eleições municipais, coordenarem e controlarem
aquilo que pregam em suas determinações. Assim, quem opta
por um partido deve ficar atento a toda essa lógica de exigências,
mas é importante considerar que principalmente nas cidades
menores os partidos não conseguem controlar, a partir de seus
organismos e decisões nacionais, a realidade organizacional.
Outra contribuição sobre a escolha de candidatos nos partidos é
a de Bolognesi (2013), que segue tomando a seleção de candi-
datos como indicador da distribuição de poder no interior do
partido, analisando, além das regras formais, requisitos informais
e a percepção dos próprios candidatos acerca do processo de
seleção, acessada com base em entrevistas feitas com 120 candi-
datos à deputado federal nas eleições de 2010.
67
Tabela 8 - Percepção dos requisitos informais para candidatura em 2010 (%)
Fonte: Bolognesi (2013) O autor chama atenção para o fato de que, exceto pelo PT, os
partidos não apresentam diferenças significativas entre os crité-
rios que os candidatos acreditam ser importantes para fazer parte
das listas eleitorais. Firmeza ideológica e apoio de movimentos
sociais e de base são aspectos com destaque acima da média
geral entre os petistas. Em sentido inverso, possuir recursos
financeiros próprios ou boa reputação pessoal não são critérios
percebidos como relevantes por estes candidatos. Perguntando
sobre quem eles acreditavam ser os responsáveis por fazer a
68
seleção dos candidatos – entre filiados, delegados, líderes ou um
líder único – a maioria dos petistas (68%) apontou os delegados,
seguidos dos filiados e dos líderes. Os candidatos do PSDB e do
PMDB, por sua vez, indicaram os líderes do partido (52% e 61%,
respectivamente), seguidos dos filiados e dos delegados. Já os
candidatos do DEM, depois dos líderes (56%) elencaram não os
filiados ou delegados, mas sim o líder único do partido (26%).
Neste mesmo survey, os candidatos são questionados se haviam
sido indicados para a lista ou se passaram por escolhas através
do voto, entendendo que votações supõem a participação de um
número maior de pessoas, ainda que sejam grupos de lideranças.
Entre os petistas, 77% dizem que foram selecionados por meio
de votação. No PSDB, PMDB e DEM, segundo o que apontam os
candidatos, predomina o método de indicação. Nesse sentido, o
PT seria de acordo com o autor o partido mais democrático, entre
os quatro abordados, seguido do PSDB e do PMDB. No outro
oposto estaria o DEM, dado o pouco espaço para a participação
de delegados e filiados no processo de seleção de acordo com
o autor.
69
32 Lei nº 12.034, de 29 Quanto à representação efetiva desse segmento, apenas em
de setembro de 2009
<http://www.planalto.gov.
1986 as mulheres foram eleitas em um número um pouco mais
br/ccivil_03/_ato2007- expressivo para integrar a Câmara dos Deputados (5,33%, o que
2010/2009/lei/l12034.htm> representava 26 deputadas). E somente nos anos 90 foram eleitas
33 Resolução TSE nº
mulheres como titulares para o Senado Federal, bem como a
23.373 de 2011 <http:// primeira governadora no país (Thame, 2015) . Ademais, além da
www.tre-sc.jus.br/site/ garantia legal de que as mulheres possam votar, ações afirmativas
legislacao/resolucoes/
tse/2011/resolucao-tse-
determinam a política de cotas visando à ampliação da partici-
-n-233732011/> pação feminina e a criação de maior equilíbrio entre gêneros no
plano da representação política.
70
Tabela 9 - Participação feminina na Câmara dos Deputados
71
são significativamente menores. Naturalmente, candidatos com
mais expectativa de sucesso tendem a atrair mais recursos de
campanha. Os autores problematizam, no entanto, se a desvan-
tagem das candidaturas femininas decorre da própria descrimi-
nação de gênero, ou do fato de a experiência e participação das
mulheres na vida pública ser mais recente.
72
Até aqui foi possível notar a preocupação com a compreensão
por meio de exemplo e de uma série de estudos associados à
estruturação e funcionamento dos partidos políticos. O intuito,
como já dito, não é que esse livro se configure numa absoluta
e bem acabada revisão bibliográfica, tampouco num enfadonho
resumo acadêmico, mas sim num documento capaz de provocar
o leitor para a quantidade imensa de aspectos a serem percebidos
na complexa realidade dos partidos políticos. As legendas aqui
pesquisadas e utilizadas como exemplo respondem por parte
expressiva dos filiados e eleitos no país, mas é absolutamente
essencial que os leitores interessados em se filiarem ou conhe-
cerem melhor os partidos, por exemplo, contabilizem sob a luz
das questões tratadas aqui, o cotidiano de outras legendas. Isso é
absolutamente fundamental, no sentido de aprimorar escolhas e
aguçar provocações.
73
74
5 Organismos de formação
75
PRP Fundação Dirceu Gonçalves Resende
SD Fundação 1º de Maio
76
Estudos nessa área ainda são escassos, mas de acordo com
Fernandes e Dantas (2012) existem diferenças na forma como tais
organizações são percebidas e utilizadas pelos partidos. Assim,
“apresentam convergências e divergências que nos permitem
situá-los em perspectiva de sua capacidade de produzir pesquisa
e de sua capacidade de se apresentar com relativo distancia-
mento das disputas político partidárias do cotidiano”. No primeiro
ponto destaca-se o fato de que há diferenças na forma como se
organizam, ou seja, existe, principalmente, uma lógica mais ou
menos centralizada de atuação e composição dos organismos
dessas fundações, que por vezes se assemelham muito à própria
organização das legendas – aqui o instituto do PT é mais centra-
lizado e o PSDB mais descentralizado, por exemplo. No segundo
ponto é perceptível, em alguns casos, que a fundação tenha
agenda independente do calendário eleitoral. Estudos nessa área
ainda são escassos, mas de acordo com Fernandes e Dantas
(2012) existem diferenças na forma como tais organizações são
percebidas e utilizadas pelos partidos e, ainda, sobre seus graus
de institucionalização e desenvolvimento das atividades para
as quais foram destinadas. Assim, “apresentam convergências
e divergências que nos permitem situá-los em perspectiva de
sua capacidade de produzir pesquisa e de sua capacidade de
se apresentar com relativo distanciamento das disputas político
partidárias do cotidiano. Como conclusão, o estudo mostra que as
legendas de “esquerda parecem mais capazes de gerar conteúdos
em volume mais expressivo, sendo o PT em termos históricos e
o PSB no que diz respeito ao uso de tecnologias modernas de
educação bons exemplos de organizações que dão continuidade
às suas ações e comunicam-se de forma mais eficiente com suas
respectivas redes”.
77
78
6 Partidos nas arenas eleitorais
e governamentais
79
6.1 Eleições federais e estaduais
34 LIMONGI, Fernando; A coordenação nacional dos partidos sempre foi uma questão
CORTEZ, Rafael. (2010),
“As eleições de 2010 e o
delicada em um sistema partidário propenso à fragmentação,
quadro partidário”. Novos como o brasileiro, por conta da estrutura federativa e do arranjo
Estudos CEBRAP. Ed. 88. eleitoral. O elevado número de partidos políticos viria confirmar
esta dificuldade dos partidos se institucionalizarem nacional-
mente. Alguns aspectos, todavia, são apontados como elementos
de contrapeso a essa tendência à dispersão, a começar pela
exigência legal de que os partidos estejam organizados em, ao
menos, 1/3 dos estados para poderem participar do processo elei-
toral. De outro lado, a simultaneidade das eleições presidenciais
com as legislativas – consequentemente, do processo de defi-
nição dos candidatos, da arrecadação de recursos e das campa-
nhas – contribuiria com que o sistema tendesse a se estruturar
em torno da disputa nacional.
80
Tabela 11 - Eleições presidenciais (1989-2014)
*em 1989 o PSDB foi o Na eleição de 1994 a fragmentação deixa de ser traço predomi-
quarto colocado no primei-
ro turno das eleições com
nante. Ao contrário de 1989, este pleito ocorre em concomitância
Mario Covas às eleições para o Congresso Nacional e os estaduais, onde se
escolhem governadores e deputados estaduais. Nesse caso,
Fonte: Adaptado de
Limongi e Cortez (2010)
sinais de coordenação dos partidos já são esboçados. De um
lado, PSDB, PFL e PTB compõem a aliança de sustentação de
Fernando Henrique Cardoso. De outro, o PT reedita a candida-
tura de Lula (o que irá se repetir pelas próximas três eleições),
assim como a aliança com o PSB e o PC do B firmada em 1989,
somando a ela outras três legendas (PPS, PV e PSTU). O PMDB,
junto ao PSD, lança também uma candidatura – sua última até o
período atual, com Orestes Quércia. Além das três chapas outros
cinco partidos lançam candidatos isolados. Limongi e Guar-
nieri (2014) salientam que a aliança do PSDB com o PFL se deu
em consideração à necessidade de o partido garantir apoio no
Nordeste, e à revelia da ala baiana dos tucanos. Isso já revelaria
a necessidade de que a estratégia nacional de um partido fizesse
concessões no nível local – fenômeno fortemente visto até hoje.
81
PDT e PPB já estavam revisando suas estratégias e abrindo mão
de lançar candidaturas próprias. Notam ainda que assim como
fizera o PSDB na eleição anterior, abrindo mão de lançar candida-
turas estaduais no Nordeste em troca do apoio nacional do PFL,
o PT abortou sua candidatura no Rio de Janeiro para garantir o
apoio de Leonel Brizola. A candidatura de Ciro Gomes, por sua
vez, concentrou apoio no Ceará e se irradiou dentro da região
Nordeste, evidenciando, segundo os autores, a barreira da disputa
presidencial à entrada de novos competidores, sobretudo se
apoiado em bases estaduais.
82
PSOL e PDT constituem possibilidades de formação de “terceiras
alternativas” que findam tendo peso baixo, capaz apenas de gerar
o segundo turno, algo relevante à ocasião. Cabe aqui destacar um
intenso debate no sentido de uma suposta transformação na base
social do PT após sua primeira experiência como situação, nota-
damente no que diz respeito às políticas assistências de governo
nesse pleito de 2006. Limongi e Guarnieri (2014) mostram em
seus dados que o crescente apoio entre os eleitores menos
educados nada mais seria do que um aprofundamento de uma
tendência iniciada em 2002, de expansão do partido para além de
suas bases tradicionais, quando ainda não dispunha da máquina
do Estado. Em termos regionais os autores mostram como em
1989 a legenda já tinha entrada no Nordeste. Por fim, a fragili-
zação do PFL e do PSDB na região também deixaria espaço para
o avanço petista.
83
com o acidente fatal de seu companheiro de legenda. Entretanto,
a despeito dessas vicissitudes, PT e PSDB disputaram mais um
segundo turno, do qual saiu vitoriosa a situação. Em resumo,
o cenário das eleições nacionais se mostra realmente ocupado
pelas forças do PT e pelo PSDB, seguidas sempre de um terceiro
lugar que, ocupado por diferentes partidos, denota a dificuldade
de se construir uma alternativa consistente para disputar a presi-
dência. Lógicas estaduais e municipais por vezes apontam o
mesmo tipo de comportamento. Por sinal, é muito comum assistir
a disputas renhidas entre dois grupos que concentram maiores
votações nos estados e municípios.
84
Tabela 12 - Quadro geral das eleições para governo estadual
No Partidos Candidatos 17 24 25 29 24 32
Próprios
85
a lógica de afastamento, importante para percebermos as asso-
ciações entre os partidos, registra as alianças entre PSDB e PT,
PSDB e PC do B, DEM-PFL e PT, DEM-PFL e PC do B como as
únicas que ocorreram em menos de 10% do total de disputas,
sendo que nenhuma não deixou de ocorrer ao menos uma vez.
Voltaremos aos estados mais adiante.
PMDB 9 6 5 7 5 7
PT 2 3 3 5 5 5
PSDB 6 7 7 6 8 5
PSB 2 2 4 3 6 3
PDT 2 1 1 2 - 2
PP 0 2 - 1 - 1
PTB 0 - - - - -
PR 0 - - - - -
DEM 2 6 4 1 2 -
Outros 4 - 3 2 1 4
86
Limongi e Cortez argumentam ainda que a dinâmica bipartidária
dos pleitos estaduais tende a acompanhar os blocos formados
nas eleições nacionais, ou que, no mínimo, as parcerias esta-
belecidas no pleito nacional seriam boas preditoras de como
os partidos se comportariam nos estados – a despeito de em
algumas realidades as principais campanhas seguirem um
mesmo candidato presidencial, como no Rio de Janeiro em 2014
em que, oficialmente, os quatro primeiros colocados no primeiro
turno (PMDB, PRB, PR e PT) somaram 90% dos votos válidos e
foram lançados por partidos da coligação de Dilma Rousseff (PT)
à Presidência.
87
Se PT e PSDB predominam
nacionalmente, no nível estadual o
PMDB tem seu peso relevado. Tendo
deixado de apresentar candidatura
própria à presidência desde 1994, o
partido é expressivo em vários estados,
e capaz tanto de compor como de
rivalizar em votos com ambos os
grandes blocos
Ou seja, ainda que o controle do PT e do PSDB sobre as eleições
presidenciais não se estenda às disputas pelos governos esta-
duais, muito da dinâmica desta competição é compreendida a
partir da coordenação dos partidos entre os níveis. Se PT e PSDB
predominam nacionalmente, no nível estadual o PMDB tem seu
peso relevado. Tendo deixado de apresentar candidatura própria
à presidência desde 1994, o partido é expressivo em vários
estados, e capaz tanto de compor como de rivalizar em votos com
ambos os grandes blocos. Essa oscilação, em termos eleitorais,
parece estratégica para o partido, que estabelecendo estratégias
muitas vezes descentralizadas elege mais governadores do que os
demais, de maneira geral.
88
35 Embora não se tenha mais acentuado em alguns partidos. EM relação à sobreposição
tratado com mais detalhe
do Senado Federal, eleito
de interesses entre aspectos estaduais e federais, o exemplo do
também pela regra ma- Maranhão é emblemático. Por duas eleições seguidas, e em troca
joritária, cabe destacar de acordos nacionais, o PT apareceu formalmente na chapa do
que são estes também os
partidos que mais elegem
PMDB da família Sarney, disputando contra um aliado tradicional,
Senadores dentro de todo do PC do B, que em 2014 findou sendo eleito.
o período tratado, na se-
guinte ordem: PMDB>PFL/
DEM>PSDB>PT, com mais
Já as eleições para o Legislativo apresentam outra dinâmica.
de 30 senadores eleitos no Se o método majoritário35 tende naturalmente a reduzir o número
período. Na segunda faixa, de competidores efetivos e concentrar a competição em torno
entre 10 e 20 senadores
eleitos: PDT>PSB>PTB>PP.
das principais forças políticas, o método proporcional em distritos
plurinominais possibilita que mais partidos tenham espaço no
Congresso, justamente pelo princípio de ser mais representa-
tivo. De maneira geral, o diagnóstico negativo de que o quadro
partidário brasileiro é excessivamente fragmentado tende a se
fixar neste pleito, por conta da preocupação de que a dispersão
de poder no legislativo coloque obstáculos à governabilidade.
A reforma política, no entanto, não logrou êxito em limitar a
presença de partidos no parlamento, tendo sido a derrubada
da cláusula de barreira em 2006 o maior exemplo da dificuldade
em estabelecer critérios para barrar a entrada de legendas no
Legislativo.
89
Tabela 14 - Eleições para a Câmara de Deputados (eleitos e votos%)
PSB 15 3% 19 4% 22 4% 27 5% 34 7% 34 7%
PDT 34 7% 25 5% 21 4% 24 5% 28 5% 20 4%
PL/PR 13 3% 12 2% 26 5% 23 4% 41 8% 34 7%
PTB 31 6% 31 6% 26 5% 22 4% 21 4% 25 5%
Subtotal 452 88% 492 96% 464 90% 440 86% 428 83% 359 70%
Total 513 100% 513 100% 513 100% 513 100% 513 100% 513 100%
90
Há ainda um grupo de partidos intermediários controlando
sempre perto de 20% das cadeiras. É o caso do PL/PR, que
aumenta o patamar de sua representação a partir de 2002,
quando o partido se fortalece com seu candidato a vice-presi-
dente. O PSB experimenta um crescimento considerável, posto
que entre 1994 e 2014 dobra a sua dimensão, enquanto PDT e
PTB se mantêm relativamente estáveis. O restante das cadeiras
é ocupado pelos demais partidos, que ultrapassam 20% da
composição da Câmara apenas na última eleição, por conta do
PSD ter sido incluído neste grupo. No início da série existem nove
diferentes legendas com este percentual menor de cadeiras. Este
número tende a aumentar, e em 2014 são 18 partidos contro-
lando perto de 20% da Câmara.
91
6.2 Coligações eleitorais no nível estadual
92
os níveis federal e estadual – durou apenas duas eleições, a de
2002 e 2006. Mas dentro de uma mesma chapa majoritária local
(prefeito, por exemplo) diferentes chapas podem ser compostas
para a disputa de cadeiras legislativas entre os partidos que
compõem este primeiro grupo. Quanto às restrições por parte dos
próprios partidos, Dantas (2007) mostra que os estatutos tendem
a citar as coligações de forma abrangente, sobretudo no plano
municipal.
93
36 A classificação foi A autora identifica que o percentual de coligações harmônicas,
formulada por um conjunto
de autores com o objetivo
ou seja, aquelas das quais fazem parte apenas partidos de uma
de fornecer uma padro- mesma coligação presidencial, tende a ser superior compara-
nização de classificação tivamente aos demais tipos de coligação, mesmo nas eleições
a ser utilizada na análise
das coligações em todos
ocorridas após a queda da regra de verticalização imposta pelo
os níveis de governo, no TSE. A autora identifica ainda que para os maiores partidos que
âmbito de um workshop figuram nas disputas estaduais (PT, PSDB, PMDB, PFL/DEM e
patrocinado pela Fundação
Konrad-Adenauer. Visando
PSB), o percentual de coligações harmônicas situa-se acima da
a ser o mais abrangente média geral – e seria ainda maior, não fosse pelo PMDB, cujo
possível, a classificação comportamento é sempre mais oscilante. As coligações contradi-
inclui todas as pequenas
siglas formadas desde a
tórias, de outro lado, têm ficado por conta dos partidos menores,
redemocratização, mesmo para os quais os custos de coordenação nos dois níveis parecem
aquelas cuja existência foi mais altos. O argumento da autora é que estes partidos cruzam
breve e destinada a lançar
candidatos em uma única
mais estas “linhas”, pois de um lado têm menos a perder por não
eleição – como o caso das contarem com reputação nacional sólida, e, de outro, têm lide-
legendas habilitadas para ranças nacionais mais difusas, enfrentando maior dificuldade de
disputar as eleições munici-
pais de 1985..
impor suas decisões às seções estaduais.
PCdoB PCB PCO PDT PH PMDB PSDB PAN PAP PAS PASART
PHS PMN PPS PS PSB PBM PCN PD PDC PDN
PSOL PSTU PT PV PDS PEB PFL PGT PJ PL
PLH PLP PLT PMB PMC PN
PND PNT PP PPB PPR PRB
PRN PRONA PRP PRS PRT
PSC PSD PSDC PSL PSN
PST PSU PTB PTC PTdoB
PTN PTR PTRB
Fonte: Carreirão e
Nascimento (2010)
94
Os dados dos autores mostram que, em 1990, cerca de 25%
das coligações para governador se firmaram dentro do mesmo
campo, enquanto 53% teriam cruzado o espectro ideológico.
Na eleição de 2006, embora quase 30% das coligações tenham
se firmado no mesmo campo, 63% foram classificadas como
inconsistentes, aumento este que se explica pela diminuição da
proporção de coligações semiconsistentes. Quanto às coligações
para os cargos proporcionais, a tendência foi de crescimento em
detrimento das candidaturas isoladas, com tendência ainda mais
acentuada à inconsistência.
95
gações inconsistentes atualmente. O PDT, por sua vez, sempre
teria integrado mais coligações inconsistentes. PSDB e PMDB,
por estarem ao centro, logicamente apresentaram mais coliga-
ções semiconsistentes, e tenderam a preferir se coligar com a
direita (as coligações entre eles próprios representam percentuais
baixos). De todo modo, mesmo entre os maiores a tendência foi
de crescimento das coligações ideologicamente inconsistentes.
96
6.3 Presença local dos partidos
97
de quantas pessoas estão ao alcance do partido, indicando o
tamanho de suas redes locais e o poder de mobilização da orga-
nização. O autor mostra que, a despeito dos baixos níveis de
identificação registrados, comparativamente a outros países a
proporção de eleitores filiados é bastante alta. Como já apon-
tamos, o TSE registra mais de 15 milhões de filiados, o que
representa pouco mais de 10% do eleitorado brasileiro, ficando
atrás da Argentina (33%) e da Áustria (17%), mas acima de média
europeia, por exemplo, que é de 4,65%.
98
nível local. O peso de cada um desses elementos, naturalmente,
variaria muito entre os partidos ao longo do tempo, determinando
o perfil dos membros que se tem interesse em atrair e o modo
como isso será feito através de incentivos específicos. A estrutura
organizativa do partido não deixa de ser relevante eleitoralmente,
sobretudo para as competições cuja dinâmica de disputa é local,
como para os cargos municipais, por exemplo.
99
partido mais lançou e mais elegeu candidatos a prefeito. O
DEM, que vinha enfraquecendo, experimentou em 2012 seu pior
desempenho, que se refletiu no despontar do PSD como quarto
partido a mais eleger prefeitos na última eleição.
100
PRTB 1,0% 4 1,6% 12 1,7% 11 1,8% 17
PPL - - - - - - 0,9% 11
Fonte: Elaboração própria Interessante notar ainda que mesmo os partidos mais fortes têm
a partir dos dados do TSE.
presença mais escassa nessas disputas. Nos 5.565 municípios
totalizados em 2012, o PMDB lança candidato próprio em pouco
mais de 40%, enquanto PSDB e PT apresentam candidaturas
a prefeito em cerca de 30%. No patamar abaixo aparecem os
partidos médios - PSD, PP, PSB, PDT, DEM e PR - que se lançam
entre 10% e 20% dos municípios. A distribuição dos candidatos
mais fortes (considerando tanto os eleitos como os que chegaram
ao segundo turno ou amealharam boas quantidades de votos)
mostra que os partidos nacionais não hegemonizam as disputas
nesse nível como o fazem nos demais. Há de se considerar,
todavia, que o não lançamento de candidatura não corresponde
propriamente à ausência eleitoral do partido no município, mas
também ao fato de estar coligado a outro.
101
Considerando apenas as capitais, verifica-se que a presença dos
maiores já é um pouco mais acentuada. Se PT e PSDB não conse-
guem garantir lançamento de candidatos a prefeito em metade
dos municípios brasileiros, tratando-se das maiores cidades, o
esforço é mais considerável. Ademais, são também os que mais
elegem ou, ao menos, chegam ao segundo turno, passando inclu-
sive o PMDB.
Prefeito Vereador
Partido % Votos N o
Candidatos/ Eleitos/ % Votos % Votos % Eleitos
Candidatos Municípios 2º Turno Legenda Nominais
PP 2% 4 15% 2 3% 4% 43
PDT 6% 9 35% 4 5% 4% 39
PSD 0% 2 8% 1 1% 5% 37
PTB 1% 3 12% 1 2% 4% 35
PV 1% 5 19% 1 2% 5% 31
DEM 5% 8 31% 2 4% 4% 28
PPS 2% 7 27% 1 2% 4% 28
PSC 2% 3 12% 1 1% 3% 25
PSOL 8% 23 88% 2 8% 3% 22
PC do B 2% 6 23% 1 2% 4% 22
PTC 1% 1 4% 1 1% 2% 18
102
Na tabela constam apenas os partidos que elegeram algum
prefeito ou que foram ao segundo turno nas 26 capitais na última
eleição. Além do PMDB, do PT e do PSDB, o PSB desponta
como o partido com melhor desempenho para os executivos
municipais, assim como um dos que mais elege vereadores.
Outro destaque a ser feito diz respeito aos pequenos partidos de
esquerda, que se esforçaram para lançar candidato a prefeito no
maior número de capitais, passando à frente dos demais partidos,
o que vai de encontro ao que foi dito anteriormente quanto
à importância de candidaturas próprias para a construção da
imagem do partido ou mesmo, nesses casos, para consolidação
de uma posição ideológica mais clara.
103
Passando à análise das coligações, o autor mostra que, basi-
camente, “todos são capazes de jogar com todos”, não predo-
minando alinhamentos governamentais orientados pelo plano
federal, e tampouco comportamentos coerentes do ponto de vista
ideológico, considerados os mais de 5 mil municípios brasileiros e
as 1º legendas observadas no estudo.
Tabela 18 - Avanço percentual das alianças nas eleições para prefeito 2012/2000
PP
DEM 1,79
PR 104,74 57,22
104
De todo modo, cresceram também as alianças entre PT e DEM,
por exemplo, além de terem sido progressivamente viabilizados
acordos entre petistas e tucanos, revelando, nas palavras de
Dantas, que os partidos se comportam de formas bastante
heterodoxas no que diz respeito às suas alianças locais. Nesse
sentido, em 2012, é interessante que nenhum dos cruzamentos
apontados na relação de legendas utilizada pelo autor ocorre
em menos de mil cidades e, por outro lado, nenhuma ultrapassa
2.100, ou seja, se faz difícil encontrar efetivamente tendências
claras.
105
106
7 Coalizões
107
estratégias cooperativas para conseguir barganhar com o presi-
dente. Resultado disso é a alta capacidade governativa através da
formação de coalizões (Freitas, Medeiros e Moura, 2008), o que
muitas vezes se vê repetido em cidades e estados nas relações
entre os poderes. Nesse sentido, em parte do tempo e dos locais
existiria uma lógica governista por parte do Legislativo, inclusive
atraindo adversários eleitorais para o campo centrípeto de presi-
dentes, governadores e prefeitos.
108
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
PMDB PFL > PSDB PT PTB PDS > PDT PSB PL > Plenário
DEM PP PR
109
Lula I 4 Mai 05 Jul 05 PT PL PCdoB PSB PTB
PMDB
PT PSDB
1998 PCdoB PCB PDT PSB PT PFL PPB PSD PSDB PTB
2010 PCdoB PDT PMDB PR PRB PSB DEM PMN PPS PSDB PT do B PTB
PSC PT PTC PTN
2014 PCdoB PDT PMDB PP PR PRB PROS DEM PEN PMN PSDB PTdoB PTB
PSD PT PTC PTN SD
110
As coalizões assim se ampliam consideravelmente a partir da
chegada do PT na presidência em 2002, por exemplo. Assim
como também se divide mais o peso dos partidos no Congresso
Nacional. Lula se elege coligado a outros quatro pequenos
partidos, mas quando chega ao governo incorpora PSB, PTB,
PDT, PPS e PV, o que significa também que a coalizão passa a
incluir siglas de todos os campos ideológicos, conforme destaca
Carreirão (2013). Consequentemente, as variações na coalizão
também são maiores. No período seguinte, a redução da chapa
de reeleição de Lula não implica na redução de sua coalizão.
Novamente, quando chega ao governo o PT incorpora outros
partidos (PR, PSB, PTB, PMDB e PP).
111
112
8 Ideologia
113
compreensão da fisionomia dos partidos. Isso explica o fato de
uma série de analistas tentarem, através de diferentes métodos,
aferir a posição dos partidos em relação uns aos outros, em geral
no eixo direita-esquerda. Notemos que nesses casos se tratam de
estudos que agregam de forma expressiva variáveis que fogem
fortemente de percepções pontuais relacionadas a uma eleição
ou ao caso de um político em especial numa dada localidade.
114
a existência de três blocos– direita (PDS/PPR, PFL e PTB), centro
(PMDB e PSDB) e esquerda (PDT e PT) – em que os partidos
ocupam posições contíguas no espaço ideológico que são consis-
tentes com a formação das coalizões de governo.
115
Tabela 21 - Distribuição ideológica dos Partidos
PT PCdoB PDT PMN PPS PMDB PSDB PL PSC PSD PSL PRONA
PSB PV PSTU PTB PPB PFL PST PHS PTN
Método Análise de outros auto- Votações no Congresso Adoção da classificação Questionários aplicados
res da votação durante e pesquisa de opinião comum à maioria dos com elites partidárias)
a Constituinte com parlamentares analistas
PDS/PP D D D D
PFL D D D D
116
PJ/PRN/ não consta D não consta D
PTC
PL D D D D
PT E não consta E E
PTB D CD C D
117
37 Direita: PL, PPR, PRN, de governo ou mesmo lidam com a possibilidade concreta de
PRONA, PRP, PSD; Centro-
-Direita: PDC, PMB, PMN,
alcança-lo. Partindo então da classificação que toma como base
PP, PSC, PSL, PST, PTB e (PPB e PFL na direita, PMDB e PSDB no centro e PT e PDT na
PTR. esquerda), ele descreve as diferentes composições sociais das
38 Exemplo disso, segun-
bancadas dos partidos, e verifica empiricamente o sentido de se
do o autor, seria a mudança identificar o PFL, por exemplo, como um partido representante do
de nome do PFL para empresariado e do alto escalão público, e o PT como um partido
Democratas.
identificado às bases populares, cujos quadros em grande parte
têm origem na classe trabalhadora.
118
Tabela 23 - Partidos de Esquerda para Direita: 1990-2009
1990 PCdoB PT PCB PSB PDT PSDB PMDB PTB PL PDC PFL PDS
PRN
1993 PCdoB PT PSB PPS PDT PSDB PMDB PP PTB PL PPR PRN
PSTU PFL
1997 PCdoB PT PSB PPS PDT PMDB PSDB PTB PL PFL PPB
Fonte: Zucco (2009) O autor irá ainda investigar como a autoclassificação se relaciona
ao posicionamento quanto a questões substantivas, notadamente
sobre o sistema econômico, partindo da representação clássica
que se faz de que a direita tenderia a um modelo de predomínio
do mercado, e com a participação mínima do Estado, enquanto
a esquerda seria favorável ao controle estatal, e ao fato de que o
capital privado fosse afastado dos principais setores econômicos.
A constatação é de que esta última posição não predomina em
nenhum dos segmentos do espectro ideológico. No geral, o que
refletiria um realinhamento da esquerda ao longo do tempo, já
que as preferências dos parlamentares da direita tenderam à
estabilidade.
119
39 De todo modo, Também se baseando na auto percepção ideológica, só que
Carreirão salienta também
que os sentimentos em re-
do ponto de vista do eleitorado, Carreirão (2007) posiciona os
lação aos partidos não dei- cinco maiores partidos na escala esquerda-direita segundo os
xam de ter influência sobre dados captados por surveys feitos em 2002 e 2006. Para o PDT, a
a decisão do voto, e que
talvez o fato seria de que
maior porcentagem de eleitores posiciona o partido à esquerda,
os eleitores diferenciem os depois ao centro, e em menor proporção à direita. Já o inverso
partidos mais a partir de ocorre com o PFL e o PSDB, cuja maioria relativa dos eleitores
imagens difusas (o PT sen-
do o “partido dos pobres”,
identificava-os como partidos à direita na escala. Quanto ao PTB,
ou o partido que “defende a maioria o posiciona ao centro, seguida daqueles que o posi-
a justiça social” (Venturi, cionam à esquerda. O PT, por sua vez, apresenta os resultados um
2006), por exemplo, como
era o caso do MDB ao lon-
pouco contraditórios em relação à classificação corrente que é
go da década de 80) do que feita pela literatura, segundo Carreirão, pois embora a maioria de
que a partir de categorias seus eleitores o situe à esquerda, a segunda maior porcentagem o
relacionadas à dimensão
esquerda-direita.
identifica como um partido à direita. O PMDB, por fim, é o único
partido que apresenta variações entre 2002 e 2006: no primeiro
ano a maioria dos eleitores o situa à direita, e depois ao centro, e,
na eleição seguinte, estes posicionamentos se invertem.
120
Tarouco e Madeira propõem ainda uma classificação com base
na ênfase programática que os partidos dão a determinados
conteúdos, buscando depurar seu posicionamento ideológico das
influências dos cálculos estratégicos feitos na atuação eleitoral
e governativa. Os autores segmentam os textos programáticos
dos sete maiores partidos, e os analisam com base em algumas
categorias que levam em consideração as especificidades do
caso brasileiro, que são as seguintes: regulação de mercado,
planejamento econômico, economia controlada, análise marxista,
expansão do Welfare State e referências positivas à classe traba-
lhadora (todas essas indicativas de posicionamento à esquerda)
e; menção positiva às forças armadas, livre iniciativa, incentivos,
ortodoxia econômica, limitação do Welfare State e referências
favoráveis à classe média e grupos profissionais (categorias indi-
cativas de posicionamento à direita).
10
-5
-10
-15
-20
-25
PDT PTB PTB PMDB PT PT PDT PDS PP PPB PFL PSDB PMDB PFL PSDB PFL
1979 1979 2001 1981 1980 1990 1994 1979 2003 1995 Fund 1988 1994 2005 2001 1955
121
Embora difira das classificações usuais, os autores chamam
atenção para a consistência dos resultados sob alguns aspectos.
O PDT e o PTB estarem mais à direita do PT, por exemplo, resulta
de muitos de seus documentos da época (1979) serem fruto de
um encontro internacional de partidos socialistas, por exemplo.
Todavia, o que se observa é que, ao longo do tempo, as novas
versões dos programas dos partidos se deslocam para a direita
– exceto pelo PFL, que se aproxima do centro com a renome-
ação para DEM. A interpretação dos autores é que no momento
seguinte à transição para o novo regime outros temas são
trazidos, junto a novas questões que não dizem respeito propria-
mente ao modelo econômico, por exemplo.
122
9 Conclusão – é possível classificar os
partidos?
123
têm estratégias e objetivos diferentes. Assim, entendemos que
uma possibilidade um pouco diferente disso seria tomar por base
um conjunto de variáveis relacionadas a valores fundamentais
da RAPS e, a partir disso, iniciar uma tentativa de classificação e
pontuação das legendas.
124
125
126
Anexos
Nota 09
Art. 55.
São observadores do Encontro Nacional com direito a voz e sem
direito de voto:
Art. 111.
Constituem o Encontro Nacional do Partido os delegados e dele-
gadas eleitos no PED ou nos Encontros Estaduais.
Nota 10
Art. 11. As Convenções Nacional, Distrital, Regionais e Municipais
convocadas para indicar os candidatos a cargos eletivos, deliberar
sobre coligações e outras matérias relativas ao processo eleitoral
serão assim compostas:
I. Convenção Nacional:
a. pelo Diretório Nacional;
b. por 1 (um) Delegado indicado pelas Convenções Regionais;
c. na hipótese do § 1º, do artigo 6º, pelos Presidentes das
Comissões Executivas Regionais Provisórias;
d. pelos Deputados Federais e Senadores.
127
Nota 11
Art. 65. A Convenção Nacional será constituída:
...
§1° O número de Delegados que cada Estado e o Distrito
Federal elegerão será de, no mínimo, 1 (um) por Unidade
Federativa, e mais 1 (um) para cada 40.000 (quarenta mil)
votos de legenda partidária obtidos na última eleição para a
Câmara dos Deputados, desprezando o resto da divisão.
§2° Nas Unidades da Federação onde o Partido eleger represen-
tantes na Câmara Federal, esse número será acrescido do
dobro do número de Deputados eleitos pela legenda.
§3° O somatório dos critérios estabelecidos nos parágrafos ante-
riores não poderá exceder o limite máximo de 60 (sessenta)
Delegados por Unidade Federativa.
Nota 12
Art. 59. A Convenção Nacional será constituída:
§1° O número de Delegados de cada Estado e do Distrito
Federal será correspondente até o dobro da respectiva
representação partidária no Congresso Nacional, acrescido
do número de Delegados equivalente a 10% (dez por cento)
do número de Diretórios Municipais organizados em cada
unidade da federação.
(Estatuto do PSDB, 2013).
Nota 13
Art. 76. Compete à Comissão Executiva Nacional:
I. Dirigir, no âmbito nacional, as atividades do Partido;
II. Manter a escrituração de sua receita e despesa em livros
de contabilidade e prestar contas, ao órgão competente de
União, das cotas recebidas do Fundo Partidário, ou equiva-
lente, se for o caso;
III. Administrar o patrimônio social, adquirir, alienar, arrendar ou
hipotecar bens;
IV. Promover o registro do Estatuto, do Programa e do Código
de Ética Partidária junto ao órgão competente.
128
Nota 14
Art. 59. As Comissões Executivas exercerão, no âmbito de
competência dos respectivos Diretórios, sem prejuízo de posterior
exame e apreciação destes, quando dor o caso, todas as atribui-
ções que lhes são inerentes.
(Estatuto do DEM, 2007).
Nota 15
Art. 65. A Comissão Executiva Nacional exercerá, no âmbito da
competência do respectivo Diretório, sem prejuízo de posterior
exame e apreciação deste, todas as atribuições legais e estatutá-
rias a ele conferidas, competindo-lhe ainda:
Nota 16
Art. 68. O Conselho Político Nacional será composto:
a. Pelo Presidente Nacional dos Democratas;
b. Pelos ex-Presidentes do Partido;
c. Pelos Governadores;
d. Pelos Prefeitos das Capitais;
e. Pelos Líderes na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal;
f. Por até seis membros eleitos em Convenção dentre os
ex-Governadores, ex-Ministros de Estado, ex-Líderes no
Congresso Nacional e ex-Prefeitos das Captais.
129
Art. 69. Compete ao Conselho Político Nacional:
a. Decidir soberanamente sobre a linha partidárias, bem
como sobre a possibilidade de participação do Democratas
na Administração Pública, ouvida a Comissão Executiva
Nacional; e
b. Recomendar sobre coligações para as eleições nacionais
e estaduais, bem como propor, à Convenção Nacional, os
candidatos à Presidente e Vice-Presidente da República.
Nota 17
Art. 72. Ao Conselho Político Nacional compete:
I. Avaliar periodicamente o desempenho político do Partido;
II. Atuar, conjuntamente com o Diretório Nacional, no exame
e decisão de questões políticas relevantes de âmbito
nacional que lhe forem submetidas pela Comissão Executiva
Nacional;
III. Decidir, no âmbito da eleição majoritária nacional, sobre
o modelo de escolha de candidatos e a formação de coli-
gação, assim como sobre fusões ou incorporações parti-
dárias, que lhe forem submetidos pela Comissão Executiva
Nacional.
§1° Integram o Conselho Político Nacional:
I. Os ex-Presidentes da República e os que tenham concorrido
ao cargo;
II . Um representante dos Governadores de Estado;
III. Um representante das bancadas do Congresso Nacional;
IV. O Presidente da Comissão Executiva Nacional.
§2° O Presidente do Conselho Político será escolhido entre seus
membros.
§3° Os representantes referidos nos itens II e III serão desig-
nados pelo Conselho.
130
Nota 18
Art. 73. Compete ao Conselho Nacional:
I. Julgar os recursos que lhe sejam interpostos de atos e
decisões da Comissão Executiva Nacional ou dos Diretórios
Estaduais;
II. Elaborar o seu regimento interno;
III. Promover a responsabilidade dos Diretórios Estaduais, e, na
omissão destes, dos Municipais e Zonais, decidindo sobre
sua dissolução, intervenção e reorganização;
IV. Traçar a linha política e parlamentar de âmbito nacional a ser
seguida pelos representantes do Partido;
V. Definir, extraordinariamente, a posição e linha do Partido em
situações políticas específicas não abrangidas por decisões
anteriores dos órgãos partidários;
VI. Fixar as datas das Convenções Ordinárias dos órgãos parti-
dários, bem como prorrogar por até um ano os mandatos
dos seus membros;
VII. Regulamentar, por Resoluções, disposições deste Estatuto.
Nota 21
Art. 108. Os recursos oriundos do Fundo Partidário serão apli-
cados:
...
§1º. A Executiva Nacional, mediante Plano de Aplicação, poderá
repassar às Estaduais e estas às Municipais, parte dos
recursos do Fundo Partidário.
§ 2º. O órgão que receber recursos do Fundo Partidário pres-
tará contas de sua aplicação no prazo e nos termos deste
Estatuto, das normas que forem adotadas pela Executiva
Nacional e de acordo com a legislação pertinente.
131
Nota 22
Art. 99. A Comissão Executiva Nacional, anualmente, estabele-
cerá a forma de distribuição, entre as instâncias partidárias, dos
valores arrecadados na forma abaixo, adotando como critério a
organização da legenda nos estados e sua representação junto às
bancadas federais.
(Estatuto do PTB, 2012).
Nota 23
Art. 43. A Comissão Executiva Nacional do Partido da República
em conformidade com o disposto na Lei 9096/95, artigo 38 e
seguintes, estabelece os seguintes critérios para o repasse de
cotas do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos
Políticos (Fundo Partidário) aos Diretórios Regionais/Distrital do
Partido da República:
Nota 24
Art. 202. Efetuado o desconto de que trata o artigo anterior, os
recursos do Fundo Partidário serão divididos da seguinte forma:
132
Nota 25
Art. 69. Os recursos decorrentes do fundo especial de assistência
financeira aos Partidos Políticos serão distribuídos segundo os
seguintes critérios:
Nota 26
Art. 107. Aos recursos do Fundo Especial de Assistência Finan-
ceira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário), recebidos pela
Comissão Executiva Nacional, será dada a seguinte destinação:
I. 20% do total a Fundação Ulysses Guimarães Nacional.
a. A Fundação Ulysses Guimarães Nacional estabelecerá os
critérios para a distribuição às representações Estaduais dos
valores recebidos do Fundo Partidário.
II. 15% do total ao Diretório Nacional.
III. 60% do total aos Diretórios Estaduais que mantenham orga-
nizados 1/3 (um terço), no mínimo, de Diretórios Municipais,
que representem 30% (trinta por cento) do eleitorado do
Estado, distribuídos na forma seguinte:
a. 30% igualmente entre todos;
b. 30% proporcional ao número de eleitores inscritos no
Estado em 31 de dezembro do ano anterior ao de compe-
tência orçamentária.
c. 20% proporcional ao número de representantes eleitos para
a Câmara dos Deputados na última eleição realizada anterior
ao ano de competência;
d. 20% proporcional ao número de representantes eleitos para
a Assembleia Legislativa na última eleição realizada anterior
ao ano de competência.
IV. 5% (cinco por cento) na criação e manutenção de
programas de promoção e difusão da participação política
das mulheres.
133
Nota 27
Art. 142. Os recursos Partidário terão destinação conforme as
disposições da lei e das instruções específicas baixadas impor-
tância pelo Tribunal oriundos Superior Eleitoral, podendo ser
aplicados:
...
§2º Para o repasse da a que se refere a alínea “b” do pará-
grafo anterior, a Comissão Executiva Nacional observará os
seguintes critérios:
a. 50% do total será distribuído em partes iguais aos Diretó-
rios Estaduais constituídos e com seus órgãos devidamente
anotados no Tribunal Regional Eleitoral;
b. 50% do total será distribuído aos Diretórios referidos na
alínea anterior, proporcionalmente ao número de repre-
sentantes que tenham no Congresso Nacional, garantido a
qualquer seção estadual, no mínimo, a quota relativa a um
representante.
...
§4º Poderá a Comissão Executiva Nacional rever os percentuais
e critérios de distribuição de cotas, substituir o repasse
de recursos do fundo partidário por recursos próprios aos
Diretórios Estaduais, podendo, ainda, adotar as medidas que
considerar conveniente de acordo com sua situação orça-
mentária e financeira. (Estatuto do PSDB, 2013).
134
135
Estatutos BRAGA, Maria do Socorro Sousa; BOURDOUKAN, Adla,
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) - (2009). “Partidos políticos no Brasil: organização
Estatuto do Partido de 2.3.2013 partidária, competição eleitoral e financiamento pú-
blico”. Perspectivas, São Paulo, v. 35, p. 117-148,
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) - Estatuto do Partido de jan./jun. 2009.
18.7.2012
CARNEIRO, Leandro Piquet.; ALMEIDA, Maria Hermínia
Partido Democrático Trabalhista (PDT) - Estatuto do Partido Tavares de. (2008). “Definindo a arena política local:
de 27.8.1999 sistemas partidários municipais na federação brasi-
leira”. Dados, Rio de Janeiro, v. 51, n. 2.
Partido dos Trabalhadores (PT) - Estatuto do Partido de
12.12.2013 CARREIRÃO, Yan de Souza; NASCIMENTO, Fernanda Paula
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Democratas (DEM) - Estatuto do partido de 12.12.2007 cargos de governador, senador, deputado federal e
Partido Progressista (PP) - Estatuto do Partido de 11.4.2013 deputado estadual no Brasil (1986/2006)”. Revista
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) - Estatuto Brasileira de Ciência Política, nº 4. Brasília, julho-
do Partido de 18.5.2013 -dezembro de 2010.
Partido da República (PR) - Estatuto do Partido de CARREIRÃO, Yan de Souza. (2007). Identificação ideoló-
21.10.2012 gica, partidos e voto na eleição presidencial de
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Partido Socialista Brasileiro (PSB) - Estatuto do Partido de Novembro, 2007.
2.12.2011
DANTAS, Humberto. (2013), “Eleições municipais 2012
Referências e o padrão de coligação entre os partidos para a
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