COLÉGIO PORTO DOS BANDEIRANTES

Língua Portuguesa

Profª Silmara

Obras da UNICAMP 2023:

Niketche - uma história de poligamia (Paulina Chiziane)

Lucas Menna Nº 09

Milena Lima Nº 13

Porto Feliz

2023
 Introdução

"Niketche - uma história de poligamia" é um romance fascinante e envolvente

escrito por Paulina Chiziane, uma renomada escritora moçambicana. Publicado
originalmente em 2002, o livro nos transporta para um mundo vibrante e complexo,
mergulhando nas tradições culturais e nas relações interpessoais de Moçambique.

A história gira em torno de Rami, uma mulher moçambicana que descobre

que seu marido, Tony, está praticando a poligamia, tendo outra esposa além dela.
Rami fica profundamente chocada e triste com essa revelação, mas ao invés de se
resignar, ela decide tomar medidas para entender e confrontar essa realidade.

Em sua busca por respostas e justiça, Rami mergulha em um universo de

tradições patriarcais, costumes culturais e conflitos de gênero. Ela encontra
mulheres que compartilham experiências semelhantes e, juntas, elas exploram as
implicações sociais, emocionais e psicológicas da poligamia.
 Paulina Chiziane: Quem foi?

"Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, vila rural

moçambicana, mas, com seis anos de idade, mudou-se para Maputo. Seus pais
eram protestantes, portanto, o cristianismo esteve fortemente presente em sua
formação. Além disso, cresceu em um país dominado pelos portugueses.

A independência de Moçambique só ocorreria em 1975, depois de anos de

luta armada entre guerrilheiros moçambicanos e soldados portugueses. Isso explica
o anticolonialismo do pai da autora, que ensinou sua filha a se comunicar por meio
do chope, um idioma ligado ao grupo étnico ao qual pertencia a sua família.

Além disso, Chiziane aprendeu a língua ronga, em Maputo, onde iniciou seus
estudos em uma escola católica, e acabou aprendendo também o idioma português.
Já sua juventude foi marcada pela atuação na Frelimo, a Frente de Libertação de
Moçambique, responsável pela luta em prol da independência do país.

Após a independência, teve início uma guerra civil. Paulina Chiziane, então,
tornou-se voluntária na Cruz Vermelha durante o conflito, e sua atuação política não
cessou após o fim da guerra, em 1992. A autora passou a fazer parte do Núcleo das
Associações Femininas da Zambézia (Nafeza), organização não governamental
criada em 1997, na cidade de Quelimane.

Nessa época, já tinha publicado seu primeiro romance — Balada de amor ao

vento —, em 1990, mas seu sucesso como escritora chegou em 2002, com a
publicação do livro Niketche: uma história de poligamia. Por essa obra, ela ganhou o
Prêmio José Craveirinha, da Associação dos Escritores Moçambicanos."
 Niketche: Uma História de Poligamia

A história é centrada em Rami, uma mulher moçambicana que descobre que

seu marido, Tony, tem uma segunda esposa. Chocada e desiludida, Rami decide
confrontar a outra mulher, Sylvia. No entanto, à medida que as duas mulheres se
conhecem, elas descobrem que têm muito mais em comum do que imaginavam.

Ao longo do livro, a autora explora as vidas dessas mulheres e as

complexidades das relações poligâmicas na sociedade moçambicana. Ela retrata as
diferentes perspectivas das personagens femininas, suas lutas, sonhos e desafios
dentro de um sistema patriarcal que legitima a poligamia

"Niketche" é um termo de origem ronga, uma das línguas faladas em

Moçambique, que significa "murmurar ao ouvido". Essa palavra assume um
significado simbólico no livro, representando a tradição oral transmitida entre
mulheres, onde segredos, histórias e conhecimentos são compartilhados.

O romance de Chiziane oferece uma crítica perspicaz às normas culturais que

perpetuam a poligamia e explora as implicações emocionais e sociais desse tipo de
relacionamento. Ela também aborda temas como o empoderamento feminino, a
busca pela identidade individual e a necessidade de solidariedade entre as
mulheres.

Além disso, a obra discute a importância da educação e do acesso ao

conhecimento como ferramentas de empoderamento das mulheres. Chiziane utiliza
uma linguagem poética e coloquial para contar essa história,

entrelaçando tradições culturais moçambicanas com uma perspectiva

feminista.

"Niketche: Uma História de Poligamia" recebeu reconhecimento internacional

e foi traduzido para várias línguas. A autora, Paulina Chiziane, é considerada uma
das vozes mais importantes da literatura africana contemporânea e tem sido
elogiada por sua coragem ao abordar questões sociais e de gênero em suas obras.
 Pontos Fortes da Obra

Poligamia e suas implicações: O livro aborda a prática da poligamia na

sociedade moçambicana e explora suas consequências emocionais, sociais e
culturais nas vidas das mulheres envolvidas. Ele questiona as normas culturais que
legitimam a poligamia e retrata as experiências e perspectivas das mulheres que
vivem nesse tipo de relacionamento.

Empoderamento feminino: A autora retrata as protagonistas femininas, Rami

e Sylvia, como mulheres fortes e resilientes que lutam contra as limitações impostas
pelo sistema patriarcal. Elas buscam sua autonomia e questionam as normas sociais
que restringem suas escolhas e oportunidades. O livro enfatiza a importância do
empoderamento feminino e da solidariedade entre as mulheres.

Identidade e busca pela felicidade: Rami e Sylvia embarcam em uma jornada

de autodescoberta e busca pela felicidade. Elas questionam os papéis tradicionais
atribuídos às mulheres na sociedade moçambicana e lutam para encontrar sua
própria identidade e realização pessoal, independentemente dos relacionamentos
poligâmicos em que estão envolvidas.

Conexões entre mulheres: "Niketche" destaca a importância das conexões e

da solidariedade entre as mulheres. As personagens femininas compartilham suas
histórias, segredos e conhecimentos, encontrando força e apoio mútuo para
enfrentar os desafios que enfrentam. A obra ressalta a necessidade de se construir
redes de apoio entre as mulheres para superar as dificuldades impostas pelo
patriarcado e pelas estruturas sociais opressivas.

Tradição oral e empoderamento: O conceito de "niketche" na obra representa

a tradição oral moçambicana, onde as mulheres compartilham histórias e
conhecimentos de geração em geração. A autora destaca a importância da
educação e do acesso ao conhecimento como ferramentas de empoderamento das
mulheres, permitindo que elas questionem e desafiem as normas impostas pela
sociedade.
 Conclusão

Uma das reflexões mais importantes que emergem dessa obra é a forma
como a poligamia é vivida pelas mulheres. Chiziane retrata a poligamia como uma
estrutura patriarcal que favorece os homens em detrimento das mulheres. Ela
evidencia como a poligamia pode causar sofrimento, ciúme, rivalidade e
desigualdade entre as esposas, que muitas vezes se veem obrigadas a competir
pelos afetos e recursos limitados de seus maridos.

Outro ponto crucial abordado é o papel da tradição e da cultura na

perpetuação da poligamia. Chiziane critica a forma como a poligamia é muitas vezes
justificada por argumentos culturais e religiosos, questionando se essas justificativas
são válidas quando confrontadas com os direitos e a dignidade das mulheres. Ela
nos faz refletir sobre como as tradições podem ser opressivas e limitantes,
especialmente quando se trata das relações de gênero

Além disso, o livro também destaca a importância da solidariedade feminina e

do empoderamento das mulheres como caminhos para enfrentar as injustiças e
desafios impostos pela poligamia. Rami encontra apoio em outras mulheres, que
compartilham suas experiências e se unem para reivindicar seus direitos e buscar
uma vida mais digna e igualitária.

Em suma, "Niketche: Uma História de Poligamia" é uma obra literária que nos
leva a questionar as normas culturais e os papéis de gênero estabelecidos, ao
mesmo tempo em que ressalta a importância da autonomia, da sororidade e do
respeito pelos direitos das mulheres. Através dessa reflexão, somos convidados a
repensar as relações sociais e a buscar uma sociedade mais justa e igualitária para
todos.

"Niketche: Uma História de Poligamia" é uma obra que provoca reflexões

sobre as estruturas de poder, gênero e relacionamentos nas sociedades africanas e,
ao mesmo tempo, celebra a resiliência e a busca pela autonomia das mulheres.
 Referências Bibliográficas

Niketche — uma história de poligamia: análise. Brasil Escola. Disponível em:

<https://brasilescola.uol.com.br/literatura/niketche-uma-historia-de-poligamia.htm>.
Acesso em: 25 maio 2023.

PROSPERO, Carolina. A poesia de “Niketche – uma história de poligamia”, de

Paulina Chiziane - Homo Literatus. Homo Literatus. Disponível em:
<https://homoliteratus.com/a-poesia-de-niketche-uma-historia-de-poligamia-de-
paulina-chiziane/>. Acesso em: 25 maio 2023.

Mafuá» Aspectos da subalternidade e da resistência feminina em Niketche:

uma história de poligamia, de Paulina Chiziane. Ufsc.br. Disponível em:
<https://mafua.ufsc.br/2019/aspectos-da-subalternidade-e-da-resistencia-feminina-
em-niketche-uma-historia-de-poligamia-de-paulina-chiziane/>. Acesso em:
25 maio 2023.

CHIZIANE, Paulina; DE, Maria; DA, Lourdes; et al. OS LIVROS DA UNICAMP

NIKETCHE UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA Análise da obra, resumo, seleção
de fragmentos e questionário. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em:
<https://www.cursoobjetivo.br/Sistemas/Simulado_Curso_Aluno/arquivos/
obras_fuvest_unicamp/obra-unicamp-livro-analise-niketche.pdf>. Acesso em:
31 maio 2023.

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