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Arquitetura Brasileira
Material Teórico
A Arquitetura no Brasil Imperial
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
A Arquitetura no Brasil Imperial
• Introdução;
• O Neoclassicismo no Brasil;
• O Romantismo no Brasil;
• O Ecletismo no Brasil.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender as novas tipologias arquitetônicas e a contribuição
de arquitetos de origem estrangeira num período marcado pela
mudança de um Brasil Colônia para uma “capital” de um Reino
Unido transoceânico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Arquitetura no Brasil Imperial
Introdução
Essa unidade concentra uma análise da arquitetura no período em que o Brasil
deixa de ser uma mera colônia agrícola-escravocrata e se transforma em capital de
um Reino Unido transoceânico. São inúmeras transformações que acontecem em
território brasileiro, desde mudanças na estratificação social do período colonial
(senhor do engenho vindo de Portugal no topo da pirâmide, ordens religiosas na
segunda camada e escravos na camada mais baixa) para o período Imperial (nobreza
e proprietários de terras na camada mais alta, comerciantes, profissionais liberais e
militares na segunda camada, operariado na terceira camada e escravos na última).
Outro fator importante são as atividades econômicas onde a cultura da cana-de-
-açúcar deixa de ser dominante e o ciclo do café passa a ser o protagonista. Além da
própria chegada da Corte portuguesa no ano de 1808, que resulta na proclamação
da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, abrindo possibilidades de
novas dinâmicas no país.
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O Neoclassicismo no Brasil
Jean-Nicolas-Louis Durant (1760-1835) é considerado um dos responsáveis
pela formulação do neoclassicismo na França na virada do século XVIII para o
XIX. Durant resgata a tríade vitruviana e define a utilitas (funcionalidade) como
mais importante do que a firmitas (firmeza) e a venustas (beleza). Dessa forma,
a coluna, que antigamente era considerada apenas um elemento compositivo do
conjunto, passa a ser a protagonista ao adquirir certa autonomia e ao insinuar
um procedimento projetual nas novas tipologias arquitetônicas. A disposição dos
elementos de sustentação como as paredes, arcadas, colunas criam uma reticula
quadrada, o que implica em uma planta caracterizada pela modulação.
Portanto, através das combinações horizontais e verticais de diferentes gru-
pos construtivos, qualquer edifício tornar-se-ia fácil de executar, do projeto
à construção. Essa maneira de compor ficou conhecida como neoclássico
revolucionário. (MENDES et al, 2011, p. 37)
A antiga Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica (Ouro Preto, Minas Gerais)
estabelece referência direta ao Capitólio italiano de Michelangelo (Roma, 1537).
As igrejas de Nossa Senhora da Candelária e São Francisco de Paula, ambas no
Rio de Janeiro, recebem elementos de influência neoclássica por conta de refor-
mas realizadas ao longo a segunda metade do século XVIII, sendo que a Candelá-
ria possui referências diretas às igrejas portuguesas, como o Convento de Mafra
ou a Basílica da Estrela. No Rio de Janeiro, o Real Teatro São João possui nítida
influência clássica dos teatros São Carlos e do Escala de Milão. Já em Salvador,
Bahia, o projeto para edificação na Praça do Comércio (1811) do sargento-mor
Cosme Damião da Cunha Fidié possui influência do estilo inglês Adams, verifica-
do no projeto Bowood House.
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UNIDADE A Arquitetura no Brasil Imperial
Figura 1a Figura 1b
Fonte: iStock/Getty Images Fonte: Wikimedia Commons
Figura 1c
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 1 – Acima à esquerda (a), acesso principal do Convento de Mafra, obra dirigida pelo alemão João
Frederico Ludovice (Lisboa, 1717-1720); acima à direita (b), Basílica da Estrela (Lisboa, 1779-1790);
abaixo (c), vista da fachada principal da igreja da Nossa Senhora da Candelária, projeto
do engenheiro militar Francisco João Roscio (Rio de Janeiro, 1775)
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Enquanto projetista, Grandjean de Montigny destaca-se, sobretudo, pela atenção
dada às fachadas e aos adornos em excesso, itens que lhe rendem inúmeras críticas
pelos arquitetos contemporâneos. Dois de seus mais relevantes projetos são a Praça
do Comércio e a própria Academia Imperial de Belas Artes, onde leciona entre os
anos de 1827 e 1850.
O projeto está localizado num terreno estreito inserido na malha colonial urba-
na da cidade. Por estar inserido num lote numa quadra, a edificação encontra-se
geminada às construções vizinhas. Com o intuito de valorizar o prédio do liceu, o
arquiteto cria uma nova rua que conecta o Largo do Rocio, atual Praça Tiradentes,
a uma praça semicircular à frente da nova edificação. O edifício é construído com
apenas um único pavimento térreo, tendo apenas o bloco central resolvido em dois
pavimentos, de modo que o segundo pavimento, previsto no projeto original, é im-
plantado no decorrer do século XIX.
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Além da Praça do Comércio e da Academia Imperial, Grandjean de Montigny
é responsável pelo projeto do Mercado da Candelária em 1834, também no Rio
de Janeiro. A edificação possui cerca de 5.000m² distribuídos em uma planta
quadrangular com simetria biaxial, contando com quatro fachadas. Há acessos
nos quatro lados marcados por colunas dóricas que sustentam um arco pleno sob
um frontão triangular.
como Mercado Municipal Praça XV e uma discussão sobre a construção do espaço público,
leia “O desaparecimento do Mercado Municipal Praça XV”, fator na formação do espaço
público da Cidade do Rio de Janeiro, Carolina Rebouças França e Vera F. Rezende. Disponível
em: https://goo.gl/ejAGUd.
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O Romantismo no Brasil
Um novo cenário urbano se estabelece no Império por conta da estabilidade eco-
nômica proveniente da produção cafeeira a partir de 1850. A classe média brasileira
se consolida e a partir desse momento opta pela moradia nas áreas urbanas já do-
tadas de certa infraestrutura e, portanto, consolidadas, mas em contínua expansão.
Enquanto que essa classe se adequa à condição urbana ao ocupar casas de aluguel
por não possuir capital suficiente para adquirir o imóvel próprio, a classe mais nobre
e os associados à Corte, ao procurar se adaptar ao ambiente urbano, transformam
as antigas casas de chácaras em palacetes, dando continuidade ao processo de mo-
dernização iniciado nas primeiras décadas do século XIX.
Com o surgimento dos novos bairros, nota-se uma fase de transição em que
novas tipologias arquitetônicas convivem com as antigas casas coloniais. Algumas
características dos séculos passados, como implantação das novas residências
com a fachada no limite da testada nos terrenos mais estreitos são mantidas;
por outro lado, a inclusão de um porão elevado e, posteriormente, a adoção do
recuo frontal em lotes mais generosos distinguem as novas das antigas tipologias
residenciais. Outro fator a ser ponderado refere-se à setorização. Enquanto que
na casa colonial há a justaposição dos setores íntimos, serviço e trabalho, a partir
da segunda metade do século XIX, o setor social é evidenciado enquanto a área
de trabalho é omitida da edificação.
Para saber mais sobre as origens do Romantismo, leia “Romantismo: uma questão alemã”, de
Explor
Rudiger Safranski de 2010 e publicado pela editora Estação Liberdade. Seguem sugestões de
bibliografia de romances brasileiros escritos na segunda metade do século XIX, cuja estética
decorre desse estilo. Disponível em: https://goo.gl/9UAJDQ.
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a modernidade que acontecerá na virada do século. Tendo em vista a imigração, a
industrialização e a busca da modernidade, a arquitetura no Brasil adquire um caráter
plural nessa fase ao incorporar diversas tendências estéticas, bem distinto da produ-
ção europeia.
O jardim de estilo inglês acaba se tornando uma das principais referências com-
positivas com seus caminhos sinuosos, massas de vegetação organizadas de ma-
neira assimétrica, espelhos d’água, quiosques ou caramanchões, falsas ruínas, lago
artificial abrigando peixes exóticos e aves. Esses elementos simulam o sítio natural
desejado por esse tipo de jardim diametralmente oposto ao jardim francês.
O Ecletismo no Brasil
Em função dessa miscigenação de estilos europeus no Brasil, as novas experi-
ências exploradas conduzem a uma estética muito peculiar a partir de meados do
século XIX. A essas experimentações atribui-se o nome de Ecletismo, defendido
por alguns pensadores como os franceses Victor Cousin (1792-1867) e César
Denis Daly (1811-1893). Ambos compreendem que a arquitetura pode retomar o
passado de maneira livre, mas com a responsabilidade de reconfigurar as caracte-
rísticas dos demais estilos. Em suma, extrair aquilo que revela determinado estilo
e, associado a outros elementos de estilos variados, compor uma nova edificação.
Tal postura causa furor entre outros arquitetos que, como Friedrich Schinkel
(1718-1841) e Gilbert Scott (1811-1878), defendem a adoção de forma pura das
arquiteturas do passado. Dessa forma, o Ecletismo se distingue do Neoclassicismo e
estabelece alguns pontos de contato com o Romantismo. Ainda assim, os princípios
do Ecletismo são muito bem aceitos no Brasil, sobretudo pela sua elite.
No Rio de Janeiro, as residências mais abastadas, implantadas nos arredores das
áreas mais adensadas, incorporam, por exemplo, a platibanda como coroamento de
suas fachadas principais, e abandonam, portanto, a solução dos beirais. O porão alto
das primeiras décadas dos oitocentos é substituído pelo porão habitável nas duas úl-
timas décadas do século XIX. O pé-direito do andar nobre é ampliado enquanto que
as demais dimensões são diminuídas, tornando o lote ainda mais estreito.
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A versão popular do chalé passa a acontecer com mais frequência com as mu-
danças ocorridas tanto na economia quanto na estrutura social, que alteram as
dinâmicas urbanas ao fazerem com que a crescente classe média busque moradia
nas áreas urbanas. Essa tipologia torna-se comum em áreas ainda não muito valo-
rizadas com terrenos baratos e possuem em sua essência os ideais da industrializa-
ção, tendo em vista a sua produção seriada. A industrialização é presente também
nos elementos compositivos, como as esquadrias, ornamentos e equipamentos
adquiridos através de catálogos.
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Figura 7 – Fachada principal e detalhe do portão de acesso
do Teatro Municipal, Ramos de Azevedo, São Paulo, 1911
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 8
Fonte: Wikimedia Commons
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
1808
GOMES, L. 1808. Rio de Janeiro: Globo, 2015.
Do Reino Unido ao Império: seis anos decisivos
GALLAS, F. D.; GALLAS, A. O. Do Reino Unido ao Império: seis anos decisivos.
São Paulo: Alfredo Gallas, 2014.
O cortiço
AZEVEDO, A. O cortiço. Cotia: Atelie, 2012.
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Referências
FICHER, S. Os arquitetos da Poli: ensino e profissão em São Paulo. São Paulo:
EDUSP (FAPESP), 2005.
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