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TEORIA DO

RESTAURO E DO
PATRIMÔNIO
Estilos da
arquitetura
histórica no Brasil
Laura Jane Lopes Barbosa

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Descrever a história da arquitetura oficial no Brasil.


>> Listar de maneira cronológica os principais estilos arquitetônicos históricos
da arquitetura no Brasil.
>> Demonstrar exemplares da arquitetura histórica no Brasil, do colonial ao
ecletismo.

Introdução
A arquitetura no Brasil carrega muitos traços da cultura brasileira e reflete
muitos estilos e períodos históricos. Define significativamente marcas incon-
testáveis dos fatos que marcaram a história e deixam por um longo período as
lembranças nas construções. Para compreender cada obra arquitetônica que faz
parte da memória do País é, portanto, essencial estudar as suas características
e o contexto histórico em que ela foi construída.
Neste capítulo, você verá uma retrospectiva histórica das construções
arquitetônicas no Brasil, da arquitetura vernacular à arquitetura contempo-
rânea. A partir disso, poderá identificar as características e os estilos de cada
período, bem como exemplos de edificações que até hoje são consideradas
patrimônio brasileiro.
2 Estilos da arquitetura histórica no Brasil

História da arquitetura brasileira


A arquitetura brasileira é marcada por importantes momentos históricos do
País e recebeu diversas influências no decorrer de sua existência. Para dar
início à retrospectiva histórica da arquitetura brasileira, consideraremos a
arquitetura vernacular produzida pelos indígenas que viviam no Brasil antes
da colonização pelos europeus. Aos desbravadores do “Novo Mundo”, foi
uma surpresa encontrar pessoas vivendo em comunidades estruturadas.
Os indígenas que viviam no território brasileiro já tinham suas técnicas cons-
trutivas e já marcavam a história do Brasil com suas características específicas
na arquitetura.

Arquitetura vernacular são construções com características locais


feitas com materiais encontrados no próprio ambiente. Exemplos
dessa arquitetura são as ocas construídas pelos indígenas.

Apesar de ser uma terra já povoada, os primeiros portugueses se instalaram


e impuseram práticas desenvolvidas e utilizadas no outro lado do Oceano
Atlântico. Porém, quanto às suas influências arquitetônicas, os europeus não
tiveram muito sucesso, devido à falta de materiais e de mão de obra eficiente
para o modelo construtivo português.
Indígenas e colonizadores portugueses não foram os únicos a influenciar
a arquitetura brasileira. Os povos africanos também deixaram suas marcas
na história e na arquitetura do País. Também os bandeirantes propagaram
as técnicas construtivas europeias adaptadas às necessidades do Brasil e
em locais de maior dificuldade de acesso.
Com o tempo, as construções foram tomando sua própria forma e ca-
racterísticas que, embora com muitas influências, já continham traçado e
métodos construtivos propriamente brasileiro. Nesse contexto, o estilo mais
puro brasileiro prevaleceu, com as características construtivas dos indígenas
que viviam no País.
A arquitetura brasileira começou a se desenvolver a partir de 1530, ajudada
pelas capitanias hereditárias que precisavam demarcar também fisicamente
seus territórios. Nesse período, as primeiras cidades se estabeleceram com
a construção de vilas espalhadas pelo território, principalmente próximo ao
atual estado da Bahia, onde se iniciou a colonização portuguesa (VIVADECO-
RAPRO, 2018).
Estilos da arquitetura histórica no Brasil 3

Também nesse período, colonizadores e evangelizadores ergueram pa-


lácios e igrejas, e a transformação na arquitetura foi vivenciada com mais
ênfase em cidades como Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, onde até hoje
se encontram modelos arquitetônicos diversos.
Na Figura 1, veja um exemplo de arquitetura colonial sacra, a igreja de
Nossa Senhora das Dores, construída em 1800 em Paraty, no interior do estado
do Rio de Janeiro. Essa igreja preserva até hoje as características mais mar-
cantes do período colonial brasileiro. As colunas aparentes de sustentação,
as formas simétricas e a torre sineira com o telhado em duas águas demons-
tram e evidenciam o estilo arquitetônico da época.

Figura 1. Igreja de Nossa Senhora das Dores em Paraty, no Rio de Janeiro.


Fonte: Mauro Segura/Pixabay.com.

No período da monarquia brasileira, entre 1822 e 1889, as construções


são marcadas pelo trabalho escravo e por métodos construtivos europeus
e africanos, porém já com algumas características brasileiras consolidadas.
A arquitetura barroca também marca as construções sacras dessa época e são
pontos icônicos das cidades até hoje. Na Figura 2, veja um exemplo de cons-
trução barroca, a Igreja da Candelária, localizada no centro do Rio de Janeiro.
4 Estilos da arquitetura histórica no Brasil

Figura 2. Interior da Igreja da Candelária na cidade do Rio de Janeiro.


Fonte: Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária (2018, documento on-line).

Segundo Cavalcanti (2021), para entender historicamente uma construção


ou o urbanismo de uma localidade, é necessário que se conheça os agentes
produtores, isto é, planejadores, financiadores e construtores que coletiva-
mente produziram a obra com suas visões de mundo e seus diversos conceitos
estéticos, culturais e técnicos.
Como base nessa afirmação, a história da arquitetura brasileira se con-
funde e se mistura aos marcos da história do Brasil, sendo seus estágios bem
definidos e evidenciados nas construções.

Governantes de todas as épocas utilizaram a arquitetura para marcar


seus períodos de gestão, uma vez que as obras arquitetônicas não
são facilmente apagadas da história.
Estilos da arquitetura histórica no Brasil 5

Na Figura 3, veja a fachada do Palácio do Catete, que mostra o requinte da


arquitetura neoclássica brasileira até hoje preservada na cidade do Rio de
Janeiro, com simetrias, repetições paralelas nas janelas e riqueza de detalhes.

Figura 3. Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro.


Fonte: Macri (2020, documento on-line).

A Pinacoteca do Estado de São Paulo demonstra na simetria de seus es-


paços, na proporção, sofisticação, expressividade, suntuosidade e no luxo o
ecletismo do seu estilo, construído dentro das condições de disponibilização
de materiais brasileiros. Veja na Figura 4.
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Figura 4. Pinacoteca do Estado de São Paulo.


Fonte: Cinema P&B (2016, documento on-line).

Entre os estilos arquitetônicos presentes nas construções brasileiras, como


o barroco, o neoclássico e o eclético, nada marcou mais a arquitetura brasileira
do que a construção de Brasília, que, com o seu urbanismo planejado e suas
obras monumentais de puro modernismo, provocou um sentimento patriótico
de valorização da arquitetura no Brasil construída por brasileiros. Na Figura 5,
veja uma dessas construções, o Palácio do Planalto, no Distrito Federal.

Figura 5. Palácio do Planalto, em Brasília, no Distrito Federal.


Fonte: Stuckert (2020, disponível on-line).
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Além disso, a arquitetura contemporânea no Brasil tem escrito a história


a ser contada no futuro com importantes marcos arquitetônicos, principal-
mente nas grandes cidades do País, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde
se encontram obras contemporâneas de alta tecnologia construtiva e com
design arrojado.
No decorrer dos séculos, o Brasil, considerado um país jovem em relação
aos países do “Velho Mundo”, construiu um patrimônio histórico arquitetônico
que evidencia a sua memória e o desenvolvimento de práticas construtivas
que buscavam atender às necessidades de cada período.

Principais estilos arquitetônicos


da história do Brasil
Dentro da arquitetura brasileira, alguns estilos marcantes representam muito
bem cada etapa da história do País. Conforme visto na seção anterior, antes
de 1500, a arquitetura indígena já marcava a história com suas construções
puramente vernaculares, com características agregadoras e conceitos de
convivência social muito bem definidos. Embora cada povo indígena tenha
uma cultura distinta, a base dessa arquitetura era bem semelhante, com
apenas algumas características específicas ligadas aos tamanhos e à forma
das construções. As principais construções dentro das aldeias eram as ma-
locas — construções coletivas —, as ocas e as construções individuais. Ainda
hoje, existem registros dessas construções no território brasileiro.
O estudo das arquiteturas originais brasileiras, segundo Lara (2021), leva à
referência da teoria do conhecimento para uma abertura em que uma crítica
baseada no colonialismo possa surgir entre a narrativa voltada ao estudo
arquitetônico europeu. Pois não há nesta arquitetura original, qualquer in-
fluência, até então, do que prega os conceitos construtivos da Europa.
A partir de 1530, as construções passaram a ter influência europeia, ainda
que com precariedade de materiais e de mão de obra. Nesse mesmo período,
iniciou-se oficialmente a arquitetura brasileira, a qual carrega muitas ca-
racterísticas da arquitetura portuguesa e da arquitetura africana, além da
vernacular.
Em 1711 começaram a surgir as primeiras vilas em função das capitanias
hereditárias. Segundo Moreira (2021), essas vilas eram marcadas por cons-
truções de taipa de pilão e pau-a-pique, matérias-primas que, aos poucos,
foram substituídas pelas tecnologias europeias, como tijolos de adobe e
alvenaria de pedra.
8 Estilos da arquitetura histórica no Brasil

Os jesuítas também marcaram a época com as suas construções sacras,


que, ainda hoje, são destaques do urbanismo de muitas cidades. Essas
construções tinham como característica uma métrica rigorosa, com janelas
repetidas paralelamente, poucas águas nos telhados, muito parecidas com
as vilas portuguesas.
Na segunda metade do século XVI, o barroco se estabeleceu principalmente
nas construções sacras brasileiras, mais especificamente nas fachadas e
frontões das construções de modo geral. Com sua variação rococó, o barroco
perdurou no Brasil ainda no século XVII, quando as regiões do ouro de Minas
Gerais produziam uma arquitetura mais rica em detalhes que valorizavam
ainda mais o visual construtivo. Nesse período, os telhados passaram a ter
muitas águas e retoques de ouro, bem como ornamentos com pedra sabão
e madeira.
Conforme Bazin (2010), os melhores exemplos da arte portuguesa no
século XVIII estão presentes ainda hoje no Brasil, como é o caso da Igreja de
São Francisco, em João Pessoa, cujo interior é rico em detalhes de ouro, e a
arte sacra é representada em todos os ângulos, inclusive no teto, com fortes
expressões de luz e sombra, cores fortes e muito dourado.
Em 1763, a capital do Brasil Império era o Rio de Janeiro, onde funcionavam
os serviços administrativos. Nessa época, eram recebidos muitos europeus,
acarretando a necessidade de maior estrutura urbana.
No período entre 1820 e o final do século XIX, ainda influenciada pelos
estilos europeus, a arquitetura neoclássica começou a preencher os espaços
urbanos como reação aos detalhes muito rebuscados da arquitetura barroca.
Segundo Peixoto e Melo (2011), a missão francesa vinda em 1816, convidada
por D. João VI, introduziu o vocabulário neoclássico no Brasil. A influência
cultural francesa se estabeleceu no Rio de Janeiro até 1870. Suas caracte-
rísticas arquitetônicas eram marcadas por cores claras e suaves, simetria,
cornijas, frontões e platibandas, com o uso de materiais nobres e afrescos
e vidros nas janelas.
A tentativa de construir edificações de alta qualidade no estilo neoclássico
no Brasil, mesmo importando os materiais da Europa, foi se tornando frustrada
a partir do momento em que se percebeu a dificuldade com relação à mão
de obra especializada e à importação dos materiais.
Entre o século XIX e o início do século XX, iniciou-se gradativamente a
arquitetura eclética no Brasil, caracterizada pela mistura de estilos. No en-
tanto, não se podia manter a qualidade das construções e a fidelidade dos
materiais, além da mão de obra, que não absorveria o estilo tão facilmente.
Estilos da arquitetura histórica no Brasil 9

A arquitetura eclética passou, então, a se aproveitar de processos mais


avançados em engenharia e, assim, conseguiu se estabelecer com maior
qualidade em construções com uma assinatura mais nacionalista.
Pela sua liberdade expressiva, segundo Rozestraten (2009), a arquitetura
eclética sobreviveu por não definir especificamente um estilo arquitetônico,
mas um processo de composições inclusivas com o uso de características
de diversos estilos e elementos dentro da história da arte e da arquitetura.
A arquitetura modernista brasileira se estabeleceu como resultado das
inovações da tecnologia que foram difundidas no mundo durante a Revolução
Industrial. O concreto armado é uma das principais inovações que provocaram
uma grande mudança na arquitetura brasileira. Entre as décadas de 1960 e
1970 a arquitetura modernista era usada como símbolo do progresso no País.
As formas geométricas eram bem definidas, sem muitos enfeites, com uso
de pilotis, panos de vidro, artes específicas e até murais. O maior exemplo
desse estilo é a construção de Brasília, que representa conceitos brasileiros,
criados, inclusive, por arquitetos brasileiros.
A arquitetura contemporânea teve seu início na década de 1980, logo
após o curto período da arquitetura pós-moderna. Com a alta tecnologia, os
conceitos estéticos da arquitetura contemporânea no Brasil passaram a não
ter delimitação conceitual, e, a partir daí, o estilo buscou priorizar o conforto
do usuário, questões ambientais e de sustentabilidade, beleza e economia.
Com base na retrospectiva de períodos históricos brasileiros e seus marcos
na arquitetura vistos nesta seção, do início da colonização até as construções
contemporâneas, é possível observar a relevância que essas obras repre-
sentam na cultura e na história do Brasil, evidenciando a importância de se
preservar o patrimônio arquitetônico do País.

Arquitetura histórica no Brasil:


do colonial ao ecletismo
Para entender a arquitetura histórica do Brasil tecnicamente, diversos aspec-
tos devem ser considerados, principalmente no que diz respeito ao patrimônio
cultural. Nesse sentido, Gomide, Silva e Braga (2005, p. 15) destacam que:

A autenticidade estética corresponde ao respeito às ideias originais que orientaram


a concepção inicial do bem e das alterações introduzidas em todas as épocas, que,
agregando valores, resultaram numa outra ambiência, também reconhecida pelos
seus valores estéticos e históricos.
10 Estilos da arquitetura histórica no Brasil

Portanto, a valorização do aspecto histórico da arquitetura não deve ser


ignorada, inclusive, no momento do projeto, seja de uma nova construção ou
de uma reforma. Muito além da técnica da restauração, qualquer intervenção
urbana ou de edificação deve ser norteada pelos aspectos históricos.
Como já vimos, o Brasil tem uma vasta lista de construções que marcaram os
períodos históricos. Nesta seção, veremos, portanto, alguns exemplos de obras
que representam estilos arquitetônicos, do colonial ao ecletismo historicista.
A igreja de Santa Rita, localizada em Paraty, no estado do Rio de Janeiro,
é um marco da arquitetura colonial brasileira. Construída pela Irmandade de
Santa Rita dos Pardos Libertos, em junho de 1722, a igreja tem características
portuguesas marcantes e bem definidas, além de representar a arquitetura
sacra. Observe o interior da igreja na Figura 6.

Figura 6. Interior da igreja de Santa Rita, em Paraty, no Rio de Janeiro.


Fonte: Monumentos Religiosos (2010, documento on-line).

Construída de pedra e cal, a edificação era composta por templo, consis-


tório, sacristia, cemitério e envolvida por um pátio gramado. O estilo jesuítico
do período colonial, que valorizava as formas com influências portuguesas e
africanas, com rigor métrico e pouca água nos telhados, marcava sua forma e
detalhes, conforme mostra a Figura 7. Esta obra está tombada pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1952. Entre 1967 e 1976 foi
restaurada e requalificada para Museu de Arte Sacra de Paraty (NIETMANN, 2020).
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Figura 7. Fachada da igreja de Santa Rita, em Paraty, no Rio de Janeiro.


Fonte: Paraty Turismo e Ecologia (1996, documento on-line).

A igreja Convento de São Francisco, localizada na cidade de Salvador,


na Bahia, representa a arquitetura barroca brasileira. Essa construção foi
erguida entre os séculos XVII e XVIII e é considerada uma das sete maravilhas
de origem portuguesa no mundo. Observe na Figura 8.

Figura 8. Igreja de São Francisco – Salvador - BA


Fonte: Wikipédia (2020, documento on-line).
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O revestimento de azulejos portugueses do século XVIII contam a história


do nascimento de São Francisco. Em volta, adornos de madeira esculpi-
dos com detalhes de ouro em pó, com desenhos de folhas, flores e anjos,
características marcantes de obras barrocas. Em seu interior, há esculturas
em madeira nobre e pias de pedra doadas por Dom João V, rei de Portugal,
além de pinturas de imagens sacras no teto (Figura 9). Essa obra também se
encontra tombada pelo IPHAN (SALVADOR, 2018).

Figura 9. Interior da igreja de São Francisco, em Salvador, na Bahia.


Fonte: Wikipédia (2020, documento on-line).

A Mata Atlântica e o clima ameno da região serrana do Rio de Janeiro en-


cantaram D. Pedro I. Em sua viagem a Vila Rica, Minas Gerais, buscando apoio
ao movimento da Independência do Brasil, comprou a Fazenda do Córrego
Seco em 1830 para torná-la o Palácio da Concórdia. A propriedade foi deixada
como herança para D. Pedro II, que construiu ali sua residência de verão, uma
bela obra de arquitetura neoclássica de 1845 a 1862, onde hoje funciona o
Museu Imperial de Petrópolis. Veja na Figura 10.
Estilos da arquitetura histórica no Brasil 13

Figura 10. Museu Imperial de Petrópolis.


Fonte: Wikipédia (2018, documento on-line).

Em 16 de março de 1843, D. Pedro II assinou um decreto para a criação da


cidade de Petrópolis, organizada por imigrantes europeus, em sua maioria
alemães, liderados pelo engenheiro da Fazenda Imperial, o Major Julius Frie-
drich Koeler.
A obra neoclássica com proporção e simetria em seu desenho e uso de
materiais nobres, deram autoridade à construção. Essa obra foi feita com
recursos próprios do Imperador, a partir do projeto do engenheiro Koeler e
alterada, posteriormente, por Cristóforo Bonini, que acrescentou o pórtico
de granito. Na conclusão da obra, foram contratados arquitetos renomados
da Academia Imperial de Belas Artes, como Joaquim Cândido Guillobel e José
Maria Jacinto Rebelo. A decoração foi feita por Manuel Araújo Porto Alegre.
Os jardins foram elaborados em 1850 pelo paisagista Jean Baptiste Binot com
os cuidados do próprio Imperador.
A arquitetura do ecletismo historicista no Brasil é evidenciada no edifício
do Mercado Municipal, na cidade de São Paulo (Figura 11). Inaugurado em 25
de janeiro de 1933, o Mercado Municipal é uma obra projetada por Felisberto
Ranzini, então chefe do departamento de desenho arquitetônico do escritório
de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, também responsável pelo Teatro
Municipal e pela Pinacoteca. O edifício teve seus exuberantes vitrais dese-
nhados pelo artista russo Conrado Sorgenicht Filho, que também se destacou
pelo seu trabalho na Catedral da Sé e em mais 300 igrejas brasileiras.
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Em 2004 foi realizada a maior reforma desse patrimônio para o acréscimo


de um mezanino de 2.000,00 m², idealizado pelo arquiteto Pedro Paulo de
Mello Saraiva. Segundo Murilha e Salgado (2011), o edifício é considerado um
marco arquitetônico da cidade de São Paulo devido a fachada e volumetria
que se assemelham com as do Mercado Central de Berlim, além de se destacar
pelos torreões em cada lateral.

Figura 11. Mercado Municipal de São Paulo.


Fonte: Wikipédia (2017, documento on-line).

Conforme visto neste capítulo, no decorrer dos séculos, a arquitetura


brasileira registrou uma memória de relevância para a história do País, consi-
derando que as obras arquitetônicas retratam a população do período em que
foram construídas, bem como as necessidades e as dificuldades da época. Por
meio da preservação dessas edificações arquitetônicas é, portanto, possível
compreender a história da arquitetura, da mesma forma que, nos detalhes e
nos estilos dessas obras, é possível reconhecer a trajetória do povo brasileiro.
Estilos da arquitetura histórica no Brasil 15

Referências
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Leituras recomendadas
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archdaily.com.br/br/01-108254/mar-museu-de-arte-do-rio-bernardes-jacobsen-
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https://blogs.correiobraziliense.com.br/dad/carioca-origem/#:~:text=O%20termo%20
carioca%20vem%20de,para%20se%20referir%20%C3%A0%20cidade. Acesso em:
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VERÍSSIMO, F. S.; MENDES, F.; BITTAR, W. Arquitetura no Brasil: de Dom João VI a Deodoro.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010.
VERÍSSIMO, F. S.; MENDES, F.; BITTAR, W. Arquitetura no Brasil: de Deodoro a Figueiredo.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2015.

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