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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Adley de Oliveira Santos Costa


Alerrandro Calebe Pereira Martins
Matheus de Freitas Minervino
Fabio Silva Lemgruber

AS DIFERENTES CORRENTES ARQUITETÔNICAS E PAISAGÍSTICAS DO


PERÍODO ECLÉTICO NO BRASIL

Seropédica
Dezembro/2018
Adley de Oliveira Santos Costa
Alerrandro Calebe Pereira Martins
Matheus de Freitas Minervino
Fabio Silva Lemgruber

AS DIFERENTES CORRENTES ARQUITETÔNICAS E PAISAGÍSTICAS DO


PERÍODO ECLÉTICO NO BRASIL

Trabalho apresentado à disciplina de Arquitetura no Brasil II, do curso de


graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo - DAU - IT, sob
orientação do Prof. D. Sc. Júlio Cesar Ribeiro Sampaio.

Seropédica
Outubro/2019

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………04
2.ECLETISMO NA EUROPA…………………………………………………………...…05
3.CHEGADA AO BRASIL….…………………………………………………………...…06
4.ECLETISMO NO RIO DE JANEIRO….………………………..…………………...…06
5.PAISAGISMO……………...…………………………………………………………...…10
6.ECLETISMO EM SÃO PAULO….………………………………....………………...…11
7.CONSIDERAÇÕES FINAIS….……………………………..………………………...…13
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS….……………….…..………………………...…13

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1.INTRODUÇÃO

O Renascentismo, como período histórico, foi responsável pela revalorização das


referências artísticas da Antiguidade Clássica. No meio artístico, principalmente
arquitetônico, o Renascentismo foi um movimento revivalista ligado ao que, futuramente, se
tornaria o Ecletismo, sendo uma variante dentro do fenômeno do revivalismo. O conceito de
revivalismo pode ser considerado uma ressurgência de valores espirituais e/ou culturais dentro
de uma cultura que percebe a si mesma como decadente (HOROWITZ, 2007).

Fig. I: Villa Capra, também conhecida como Villa La Rotonda, obra de Andrea Palladio erguida em 1559. É um
marco da Renascença italiana com características neoclássicas.

Fonte: ​http://www.villalarotonda.it/en/homepage.htm

Séculos após as primeiras manifestações renascentistas, o surgimento de um novo


movimento cultural, chamado Neoclassicismo, também classificado como um movimento
cultural revivalista, fez com que mais uma vez a antiguidade fosse retratada em obras
artísticas, vindo a se tornar o estilo de maior influência no Ocidente durante muitos anos.

O Ecletismo viria a florescer viria a florescer nos séculos XIX e XX como uma
evolução do Neoclassicismo, uma vez que, ao contrário de seu predecessor, o movimento
eclético não mais se prendia ao passado, mas visava construir uma identidade própria,
tomando os princípios clássicos apenas como base ou tornando-os parte de uma nova
combinação de elementos arquitetônicos.

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2.ECLETISMO NA EUROPA

O Ecletismo tem sua origem na Escola de Belas Artes de Paris e nos escritórios da
aristocracia inglesa durante a Era Vitoriana, ambos considerados centros artísticos do
continente na época.

No ensino acadêmico tradicional, localizava-se o Ecletismo apenas na segunda metade


do século XIX. Na historiografia recente, porém, uma profunda reavaliação crítica levou os
historiadores a reconsiderar muitos aspectos da questão, verificando que as motivações
ecléticas já estavam presentes nas práticas revivalistas neoclássicas e neogóticas. A partir daí,
impõe-se, então, uma nova classificação histórica, baseada nesta maneira de ver e interpretar
o assunto (COLIN, 2010).

Fig. II: Royal Albert Hall, Londres, erguido em 1871, feito com tijolo em terracota.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Royal_Albert_Hall

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3.CHEGADA AO BRASIL

O Ecletismo chegou ao Brasil com influência cultural direta das políticas europeias. A
diferença é que aqui não havia ainda um processo de industrialização, desta forma os
materiais e técnicas eram na sua maioria importados.

O Neoclassicismo, que até então era o estilo dominante no campo da arquitetura


brasileira, foi substituído pelo Ecletismo durante um processo gradual, gerado dentro da
Academia Imperial de Belas Artes (atual Escola Nacional de Belas Artes), fundada durante o
período Neoclássico. Até os anos 1870 os edifícios ainda eram de características neoclássicas,
a partir daí o Ecletismo surge de maneira quase que absoluta, deixando pouco espaço para os
estilos que surgiram posteriores a ele como o Art Nouveau ou o Art Déco (LEMOS, 1987).

4.ECLETISMO NO RIO DE JANEIRO

Como porta de entrada do império, a cidade do Rio de Janeiro sempre esteve em uma
posição de pioneirismo de inovações e tendências arquitetônicas em relação a outras cidades
brasileiras. Já com a chegada da família Real, em 1808, a cidade precisou sofrer grandes
modificações urbanas e em sua arquitetura. Porém apenas com o advento da Proclamação da
República é que o ecletismo, que já estava vigorando a algumas décadas na Europa,
desembarca em terras brasileiras.

Fig. III: Centro do Rio de Janeiro, 1880. Fig. IV: Centro do Rio de Janeiro,
1907.

Fonte: ​ CZAJKOWSKI, Jorge. ​Guia da Arquitetura Eclética no Rio de Janeiro​. Editora: Casa da Palavra.

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Estando relativamente atrasada em relação a Buenos Aires, mesmo sendo a cidade mais
importante da América do Sul economicamente, o poder vigente viu a necessidade de uma
modernização urbana, arquitetônica e paisagística, com foco na melhora da qualidade de vida
e reputação internacional da capital da então nova República.
Sendo assim foram executadas grandes reformas urbanas com esse objetivo. Avenidas
foram abertas no tecido urbano e um grande número de residências foram desapropriadas.
No lugar dessas residências, foram construídos edifícios que tinham a intenção de
maravilhar visitantes e cidadãos que circulassem pelo novo centro da metrópole. Para isso o
estilo quase sempre empregado foi o eclético, criando edificações exuberantes que
influenciaram inclusive as classes menos abastadas, que seguiram a tendência. Dentre os
estilos que foram utilizados como referência, podemos citar:

4.1.ECLETISMO CLASSICIZANTE

Ø Entre 1870 e 1940


Ø Geralmente edificação tem corpo alongado e ritmos constantes.
Ø Levemente alterado, para mais dramaticidade.

Fig. V: INES, Centro. ​ ​ Fig. VI: Cruz Vermelha, Centro.

Fonte: https://www.google.com.br/maps

4.2.IDADE MÉDIA
Ø Neogótico e Manuelino.
Ø Formas alongadas e evocação espiritual e romântica.
Ø Utilizado na arquitetura religiosa, institucional, militar, paramilitar e residencial.

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Fig. VII: Residência Neogótica em Fig. VIII: Igreja da imaculada Conceição
Santa Tereza

Fonte: ​https://www.google.com.br/maps
Fonte:https://sanctuaria.art/2015/10/27/basilica-da-imaculada-conceicao-rio-de-janeiro-rj/

4.3.NAPOLEÃO III

Fig. IX: Teatro Municipal.

Fonte: http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/theatro-municipal-do-rio-de-janeiro-2

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4.4.RENASCIMENTO FRANCÊS

Fig. X: Palácio Guanabara, Laranjeiras.

Fonte: http://www.fazenda.rj.gov.br

4.5.ORIENTAIS (MOURISCO)
Fig. XI: Instituto Oswaldo Cruz, Manguinhos. Fig. XII: Igreja do Imaculado Coração de
Maria, Meier.

Fonte: ​https://www.swissnexbrazil.org​ Fonte: ​https://diariodorio.com

4.6.ECLETISMO PROPRIAMENTE DITO


Fig. XIII: Educandário Gonçalves Araújo.

Fonte: https://www.flickr.com/photos/jonasdecarvalho/8441617568

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4.7 ECLETISMO PROPRIAMENTE DITO
Fig. XIV: Residências em estilos variados na Rua Primeiro de Março, Centro.

Fonte: https://olhosdeverrj.blogspot.com/2018/02/sobrados-historicos-da-rua-primeiro-de.html

5.PAISAGISMO

Nesse período houve uma grande predominância de jardins Ingleses, com um forte apelo
a reconexão com o ambiente original e a construção de jardins era encarada como uma
questão também de higiene. Embora sejam de estilo Inglês, há grande influência da escola
francesa de Alphand, que foi o projetista dos jardins da remodelada Paris. Elementos
decorativos em concreto e linhas sinuosas imitando a natureza, traziam o clima romântico e
natural.

Fig. XV: Jardim do Palácio do Catete, Catete.

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Fonte: http://www.bancodetempo.info/o-projeto/

6.ECLETISMO EM SÃO PAULO

É possível ler a produção de arquitetura na cidade de São Paulo, até meados do século
XIX como ainda um pouco retardada em relação ao que já se produzia na capital do império,
o Rio de Janeiro, relativamente próxima às terras paulistanas. A taipa de pilão, desde tempos
mais distantes do povoamento, servia como o principal método construtivo, sendo assim,
apesar da demanda de novos usos surgirem com o tempo, pouca inovação arquitetônica
pôde-se observar. Por essa tardança mais presente na capital da província, quase que
praticamente fez com que se isentasse da cidade relevantes exemplares em estilo neoclássico;
Fabris et al. (1987, p. 72) cita apenas uma obra como sendo a primeira da região documentada
pertencente ao estilo, afastada do centro histórico, foi a Casa de chácara do banqueiro José
Maria Gavião.

Fig. XVI: Casa de Chácara de José Gavião, provavelmente o primeiro exemplar neoclássico da cidade de São
Paulo.

Fonte: Militão de Azevedo.

Em 1867 torna-se viável a implementação da São Paulo Railway,​ primeira estrada de


ferro que fazia a ligação do porto de Santos a Jundiaí, responsável principalmente para o
escoamento do café. É a partir desse momento que a cidade passa a atingir relevância e
visibilidade no cenário político e econômico do país. A ferrovia é um ponto importante,
inclusive na construção econômica da, hoje, maior cidade do país, porque foi ela que
proporcionou esta a ser uma espécie de modal de fluxo de mercadorias a partir a chegada de

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outras ferrovias (como a que rendia ligação com a então capital, a partir da E.F. Central do
Brasil e a linha da E. F. Sorocabana) e o escoamento para o porto de Santos, a partir de uma
macro demanda econômica. Esse fluxo fez da cidade um importante polo de mercado e
negociações.
A arquitetura aparece nesse meio como a expressão à modernidade e o progresso a que
se expunha a cidade, uma espécie de similaridade com a produção europeia, expressada
através do ecletismo à moda francesa. São Paulo foi reconstruída de alvenaria (FABRIS et al.
1987, p. 72). Portanto, nesse período ainda é possível identificar algumas obras remanescentes
do chamado “neoclássico ortodoxo” de certa forma com raízes na obra de Grandjean de
Montigny, mas além dessas inspirações, há os exemplares neorenascentistas muito bem
representados pelos edifícios que ainda perduram o Pateo do Collegio.

Figura XVII: Pateo do Collegio e edifícios neorenascentistas.

Fonte: Wilfredor, ​Wikimedia Commons.

É bastante claro que o desenvolvimento da cidade, responsável diretamente


pelos diversos “ciclos de renovação” do tecido urbano, em especial do centro histórico, não
permitiu a preservação de grande parte dessa arquitetura eclética desse período. Num processo
parecido à implementação do ecletismo, que dizimou a produção do período colonial, este
também possui atualmente poucos exemplares comparado ao cenário de fulgor arquitetônico
do século XIX para o século XX.

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7.CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Arquitetura Eclética surgiu no Brasil basicamente nos padrões acadêmicos em


xeque e a Arquitetura Colonial vista com desprezo, devido a ligação com o passado
Português, buscou-se novas referências Européias, principalmente na França e Itália. Teve seu
auge nas primeiras décadas do século XX, em seguida começou a ser considerada aberração
levando a demolição de prédios importantes, entre eles o Palácio Monroe, no Rio de Janeiro.
Para no final do século voltar a ser revalorizada.

A Arquitetura Eclética misturava vários outros estilos que eram relacionados à


funcionalidade do edifício, como referência simbólica: a Arquitetura Clássica nos prédios
governamentais, Arquitetura Renascentista nos públicos, de lazer Arquitetura Barroca,
Arquitetura Gótica nas catedrais, dentre outros. Como no Renascimento aplicou-se a divisão
da edificação, na sua verticalidade, em base (térreo), corpo e coroamento (cobertura).
Significou também a transição da sociedade artesanal para a industrial, e da mão de obra
escrava pela imigrante.

As principais características da Arquitetura Eclética são: a utilização de novas técnicas


construtivas (utilização do ferro); mistura de estilos estéticos históricos; simetria;
monumentalidade; rigorosa hierarquização dos espaços; riqueza decorativa.

Na vertente da “engenharia” o avanço com o ferro forjado, somado ao vidro e ao


concreto armado, obtinha uma produção barata e em grande escala, onde se aliava função,
estrutura e economia. A vertente da “Beaux-Arts” era a mais usada caracterizada pela simetria
e ornamentos.

O Ecletismo variava em seis correntes: revivalismo – baseado em pesquisas do


passado da arquitetura nacional; composição estilística – são as referências do passado
somada às novas técnicas construtivas; funcionalismo – associava a forma da edificação com
as origens históricas, denominada arquitetura falante; pastiches compositivos – réplicas de
ornamentos e mobiliários; ecletismo de catálogo – popularização dos produtos

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manufaturados; arquitetura do ferro – são os elementos estruturais, preparou o caminho para o
Art Nouveau.

A arquitetura do ferro representou também a ampliação das relações comerciais com a


Europa, onde o Brasil passou a ter acesso aos materiais de construção industrializados e a mão
de obra qualificada, além de intensas transformações urbanas com as instalações de
manufaturas (até então proibido por decreto), trouxe também as ferrovias para transportar a
produção, principalmente de café.

O Ecletismo foi a primeira corrente filosófica estruturada no Brasil, num período de


vácuo filosófico-político. Ficou conhecida como arquitetura popular, devido arquiteto e
cliente falarem a mesma língua, diferente da vanguarda modernista onde a arquitetura era
intelectualizada, abstrata e de conhecimento que o público não possuía.

8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CZAJKOWSKI, Jorge. ​Guia da Arquitetura Eclética no Rio de Janeiro​. Editora: Casa da


Palavra.
COLIN, Silvio.​ Ecletismo na arquitetura I​. 28 de setembro de 2010. Disponível em:
<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/28/ecletismo-na-arquitetura-i/>. Acesso:
15 de outubro de 2019.
FABRIS, Anna Teresa. ​Ecletismo na Arquitetura Brasileira I​. São Paulo: Nobel; Editora da
Uníversidade de São Paulo: 1987. 148.
SANTOS, Cecília Rodrigues dos; LAGE, Claudia; SECCO, Gustavo.​ São Paulo Railway
150 anos. Patrimônio industrial ferroviário ameaçado​. ​Arquitextos​, São Paulo, ano 17, n.
201.05, Vitruvius, fev. 2017. Acesso em: 15 de Outubro de 2019. Disponível em:
<https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.201/6435>.
HOROWITZ, Michael G.​ Friedrich Nietzsche and Cultural Revivalism in Europe
(1878-88)​. 19 de fevereiro de 2007. Disponível em:
<https://web.archive.org/web/20070219123550/http://es.geocities.com/sucellus24/2060.htm>.
Acesso: 15 de outubro de 2019.

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LEMOS, Carlos. Ecletismo em São Paulo. In: FABRIS, Annateresa.​ Ecletismo na
arquitetura brasileira.​ São Paulo: Ed. USP/Nobel, 1987. p. 68-103.

Figura X​: Planta da Residência Carmem Portinho, Figura X​: Corte da Residência Carmem Portinho,
Jacarepaguá, Rio de Janeiro RJ, 1950. Arq. Affonso Jacarepaguá, Rio de Janeiro RJ, 1950. Arq. Affonso
Eduardo Reidy. Eduardo Reidy.

Fonte: Vitruvius, 2006.


Fonte: Vitruvius, 2006.

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