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Escola Firjan Sesi

Data: 25/11/2021

Turma: 7°Ano

Professora: Aparecida Barros Holanda Cavalcanti

Aluno: João Pedro Pina

A Arte Neoclássica no Brasil


Os elementos clássicos que seduziram a Arte do século XIX, na Europa,
encantaram também o Brasil. Na poesia de Silva Alvarenga (1749-1814), do
Arcadismo, o interesse pela Antiguidade fica claro na referência que faz, o
poeta, a termos do período. Sua poesia abria caminho para o Romantismo no
Brasil, mas ficava claro o formato árcade de seu texto, pela simplicidade, pela
naturalidade e pela rejeição ao rebuscamento do Barroco. Enquanto o
Arcadismo despontava na Poesia, a Arte brasileira se metamorfoseava para o
Neoclássico, estilo que permaneceu até por volta de 1870.

Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia, interior em estilo


neoclássico. Foto: Rhea Sylvia Noblat.

Muitas mudanças ocorreram no Brasil, em 1808 e, uma delas foi chegada da


Família Real. O Rio de Janeiro, onde a corte então se instalara, passou a ser o
novo centro cultural e político do país. No campo artístico, as inovações da
Europa chegaram junto com a Missão Artística Francesa, em 1816,
encarregada e contratada para fundar e dirigir a Escola Real de Artes e Ofícios,
no Rio de Janeiro. O grupo, composto por artistas, arquitetos, músicos,
mecânicos, ferreiros e carpinteiros, era liderado pelo escritor Joachim Lebreton
(1760-1819) e, entre os componentes, estavam o arquiteto Grandjean de
Montigny (1776-1850); o paisagista Nicolas Antoine Taunay (1755-1830) e seu
irmão, o escultor Auguste-Marie Taunay (1768-1824); o gravador de medalhas
Charles-Simon Pradier (1783-1847); e o pintor Jean-Baptiste Debret (1768-
1848). O grupo entretanto, encontrou obstáculos, como a resistência da
tradição barroca, já enraizada no país; a escassez de recursos financeiros e de
materiais; e as intrigas políticas.
Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia, interior em estilo
neoclássico. Foto: Rhea Sylvia Noblat.

Muitos dos ofícios que, no Brasil, antes eram passados de pessoa para
pessoa, como a Arquitetura, a Escultura, a Pintura e o Desenho, passaram a
ser estudados oficialmente na Escola de Artes, que ficou mais tarde, conhecida
como a Academia Imperial de Belas Artes. O local é, atualmente, a Escola de
Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia, interior em estilo neoclássico. Foto: Rhea Sylvia Noblat.
Influenciada pelos modelos europeus, a Arte brasileira substituía, aos poucos,
os exageros do Barroco, moldava-se para o academicismo e para a imitação
dos clássicos. Não poderia ser diferente na Arquitetura. As igrejas passaram a
ter um modelo mais comportado, menos rebuscado, voltado para a
simplicidade da forma e para a racionalidade.

Por aqui, o Neoclássico deixou marcas no Rio de Janeiro, onde a família Real
se instalou e em vários estados. E a Arquitetura do período se apresentou de
dois modos. De um lado houve um Neoclássico oficial, aos moldes
internacionais, com um nível complexo de influência, feito com material
importado, para a corte, para os meios oficiais e para as classes mais altas.
Surgiam os palácios. De outro lado, uma versão provinciana do estilo, com uma
influência europeia mais superficial e de caráter imitativo dos grandes centros.
No feitio, como os recursos daqui eram ainda escassos para a complexidade
do padrão trazido da Europa, era necessário que os materiais fossem trazidos
de fora. Quanto às inovações, as áreas externas passaram a ser valorizadas;
foram feitos aqui, os primeiros jardins planejados; e a palmeira imperial passou
a ser utilizada como elemento do paisagismo. A decoração dos espaços
internos foi valorizada, com os revestimentos, a pintura com cores suaves, os
tons pastéis e a utilização de refinados objetos. E a beleza do Neoclássico
serviu de inspiração para edificações em vários estados do Brasil.

Por aqui, o Neoclássico deixou marcas no Rio de Janeiro, onde a família Real se
instalou e em vários estados. E a Arquitetura do período se apresentou de dois
modos. De um lado houve um Neoclássico oficial, aos moldes internacionais,
com um nível complexo de influência, feito com material importado, para a
corte, para os meios oficiais e para as classes mais altas. Surgiam os palácios.
De outro lado, uma versão provinciana do estilo, com uma influência europeia
mais superficial e de caráter imitativo dos grandes centros. No feitio, como os
recursos daqui eram ainda escassos para a complexidade do padrão trazido da
Europa, era necessário que os materiais fossem trazidos de fora. Quanto às
inovações, as áreas externas passaram a ser valorizadas; foram feitos aqui, os
primeiros jardins planejados; e a palmeira imperial passou a ser utilizada como
elemento do paisagismo. A decoração dos espaços internos foi valorizada, com
os revestimentos, a pintura com cores suaves, os tons pastéis e a utilização de
refinados objetos. E a beleza do Neoclássico serviu de inspiração para
edificações em vários estados do Brasil.
Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia, interior em estilo
neoclássico. Foto: Rhea Sylvia Noblat.

No Rio de Janeiro, entre as construções desse estilo, estão o Palácio Imperial,


a Casa da Marquesa de Santos, o Palácio do Itamaraty, o Palácio do Catete, o
Museu Nacional Brasileiro, além de casas em fazendas enriquecidas pelo café,
cujos interiores se aproximavam muito dos padrões da corte.

Teatro de Santa Isabel, Recife, Pernambuco. Foto: César.


O Palácio Imperial, também conhecido por Museu Imperial 4, foi a antiga
residência de verão de Dom Pedro I. Sua construção, iniciada em 1845,
terminou somente em 1862 e contou com a participação de importantes
arquitetos da Academia Imperial de Belas Artes e com um lindo projeto
paisagístico. No interior do imóvel, os pisos em madeira foram importados de
várias províncias do império e há pisos em mármore Carrara, oriundos da
Bélgica. Na forma, a clareza e a simplicidade neoclássicas estão presentes na
fachada simétrica, com frontão triangular, que lembra as construções clássicas
e renascentistas italianas. Nas paredes externas, o suave tom de rosa
contrasta com a linhas brancas das janelas. As inferiores com detalhes em
forma de arco; as superiores com detalhes retilíneos.

Palácio da Justiça, Recife, Pernambuco. Foto: César.


Na Bahia, um dos maiores ícones da fé cristã, a Igreja de Nosso Senhor do
Bonfim (Fig. 1), também seguiu os padrões da Arquitetura do período, em sua
construção e em seu interior. Entre a beleza de sua azulejaria e dos afrescos, a
construção conserva ainda em sua fachada, resquícios do Rococó.
Inaugurado em 1850, o Teatro de Santa Isabel (Fig. 6), em Recife, já recebeu
várias celebridades e é um dos mais belos do país. Vários recursos
tecnológicos foram implementados em suas reformas, mas se mantiveram as
características originais que o tornaram um dos maiores representantes do
Neoclássico, em Pernambuco. Atestam o estilo, o frontão triangular da fachada;
os arcos e as colunas da entrada, alinhados com as janelas da parte superior;
e as linhas e detalhes das paredes externas. Para seu feitio, foram importados
mármore italiano, ferro francês e pedras portuguesas. E Recife guarda ainda
como representantes do Neoclássico, o Palácio da Justiça (Fig. 7) além de
outros prédios públicos e casarões.

No Brasil Imperial, a vinda da Missão Francesa possibilitou que se oficializasse


o ensino da Arte. O ofício de escultor, antes passado de pessoa para pessoa,
passava a ter agora, uma metodologia acadêmica. Entre os professores
indicados estavam Auguste-Marie Taunay e Marc Ferrez (1788-1850),
posteriormente substituídos por Francisco Elídio Pânfiro (1823-1852) e
Francisco Manuel Chaves Pinheiro (1822-1884).

Palácio da Justiça, Recife, Pernambuco, esculturas. Foto: César.

O feitio neoclássico fica à mostra na obra de Chaves Pinheiro 5, o escultor que


mais produziu na segunda metade do século. O artista estudou na Academia
Imperial de Belas Artes, foi aluno de Marc Ferrez e muitas de suas esculturas
podem ser vistas em museus, igrejas e praças públicas. Seu esmero com a
forma; sua predileção pelo estudo de figuras humanas e pelo figurativo, ficam
claros em sua obra mais importante, a Escultura Equestre de Dom Pedro II
(Fig. 10). Com 2,80 metros de altura e 3 metros de comprimento, o modelo,
feito em gesso, não chegou a ser fundido em bronze, uma vez que Dom Pedro
II, preocupado com sua boa imagem no país, recusou a homenagem em prol
da construção de escolas. Na escultura, Dom Pedro se apresenta sobre um
cavalo, em vestes militares, decoradas e com chapéu. Sua mão esquerda
segura as rédeas do cavalo e a direita, estendida, saúda o povo pela vitória
conseguida, na Rendição da Uruguaiana.
Entre as características neoclássicas, a obra faz uma alusão aos
acontecimentos da época, de um Brasil ainda Imperial. A figura de Dom Pedro,
solene, sobre seu cavalo, é imponente, austera e transparece o poder do
imperador. A regularidade da forma, a harmonia da proporção e a
correspondência com a realidade são os mesmos dos clássicos da
Antiguidade, aqui retomados com uma ressignificação, atualizados para o
modelo Neoclássico.

No Centro Histórico de Salvador, na Bahia, o Chafariz do Terreiro de Jesus faz


uma alusão à Mitologia. A Escultura, de 1861, foi feita de ferro fundido e tem
uma base circular, em mármore. Contornam a parte inferior da imagem, duas
mulheres e dois homens seminus representando os quatro rios mais
importantes da Bahia, o São Francisco, o Jequitinhonha, o Pardo e o
Paraguaçu. Mais ao alto, na outra bacia do chafariz, ainda como resquícios do
Rococó, foram esculpidas conchas, guirlandas e delfins. Mais acima, há quatro
meninas com as mãos entrelaçadas; há uma bacia adornada com plantas e por
último está a grandiosa imagem da Deusa Ceres, representativa da
Abundância.

Escultura Equestre de Dom Pedro II, Francisco Manoel Chaves Pinheiro,


1866. Foto: Museu Histórico Nacional.

Do sonho nasce a obra, nos recônditos da alma distante, embriagada pelo que
há em torno de si. Esse pensamento norteia a Arte e deve ter conduzido o
pensamento de muitos artistas no Brasil do século XIX, porque a Pintura
brasileira, de então, foi uma viagem pictórica nesse país onde a corte
portuguesa estava se instalando. E o artista francês Jean-Baptiste Debret
(1768-1848) foi um dos grandes realizadores desse acervo, na forma de Arte.
Em seu livro, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, o artista traçou e coloriu
as imagens que via, do cotidiano, da sociedade da época, dos índios, dos
escravos, dos animais e das lindas paisagens brasileiras. O próprio Debret foi
instruído por seu primo e professor Jacques-Louis David (1748-1825),
consagrado artista francês, do Neoclássico. O academicismo, orientou seu
trabalho e de outros artistas que aqui se instalaram, no período, deixando para
os séculos posteriores imagens que narraram uma época. Além de Debret, a
Missão Francesa trouxe Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) e o alemão
Johann Moritz Rugendas (1802-1858). Assim como a Escultura e a Arquitetura,
a Pintura também passava a ser ensinada de forma oficial, aos moldes do
Neoclássico europeu.
Quanto a Debret, suas obras fotografaram o Brasil de meados do século XIX,
em seu cotidiano. Transitaram elas entre o Neoclássico e o Romantismo, na
abordagem e por se oporem ao rigor Neoclássico, destacando e valorizando os
temas nacionais. Embora instruído aos moldes acadêmicos, Debret trabalhou
de forma livre, sem se preocupar em ser um espelho do que retratava.
Entre os artistas brasileiros que frequentaram a Academia Imperial de Belas
Artes, estão Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), que foi aluno de
Debret; Victor Meirelles de Lima (1832-1903), que entrou na academia com
apenas quatorze anos; e Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905).
Orientado nas tradições acadêmicas, Victor Meirelles (1832-1903) transitou
pelo Neoclassicismo, do qual herdou o equilíbrio, a padronização e o rigor da
forma; a clareza e a exatidão anatômicas; e a preferência por temas históricos,
como em sua conhecida obra, A Primeira Missa no Brasil, de 1860.
Aventurando-se também pelo Romantismo, o artista acrescentou o
sentimentalismo a seu estilo; carregou sua obra de uma identidade única e
nacional, tratando de temas como o indianismo, em Moema.
O academicismo fica evidente em seu Estudo para Casamento da Princesa
Isabel (Fig. 11), uma das obras encomendadas pela Família Imperial. A
preocupação do artista com o feitio está presente na imagem, pelo uso da
proporção, da simetria, dos contrastes entre claro e escuro, da riqueza de
detalhes e do tema solene. As pessoas estão reunidas para o importante
evento da nobreza, em um salão ricamente decorado. Há cortinas vermelhas,
muito altas, com pregas e delicado desenho nas bordas. As paredes e o piso
tem delicados desenhos e as lindas vestes dos convidados são aos moldes do
período, destacando-se entre eles, o imperador e a nobreza.

Estudo para “Casamento da Princesa Isabel”, Victor Meirelles de Lima, 1864.


Foto: Museu Victor Meirelles.
Considerações finais

Os artistas da Missão Francesa foram além dos desígnios a eles atribuídos, de


sistematizar o ensino das Artes. Inspirados pela exuberância de nossas
paisagens naturais e por um Brasil em formação, permitiram que o espírito
criativo agisse de forma livre. Incorporaram aos modelos europeus, o nosso
próprio, disseminando com isso, mais que a Arte, mas a Cultura e a História do
país.
A pedra bruta, a tela alva e as lindas construções foram os testemunhos desse
gênio criativo. E o resultado não poderia ser outro senão a personalização de
um período e de um estilo, que acabou por ser moldado à nossa realidade.
Com os resquícios do Barroco, do Rococó e adiantando-se ao Romantismo, o
Neoclássico brasileiro se fez evidente, presenciou a Cultura em
transformação e deixou um pouco de seu entalhe em cada pedacinho do
Brasil. O Belo, aqui, se transformou num registro histórico e do modo de viver
da época e dos costumes.
1 - Anacreonte (563 a.C. – 478 a.C) foi um poeta lírico grego da Antiguidade.
Sua poesia foi muito apreciada pelos gregos e imitada não somente na
Antiguidade, mas até mesmo na época bizantina.
2 - Meônia era o nome original do Reino da Lídia e chegou a ser uma província
romana. O local, ficava onde hoje se situa a Turquia e era conhecido durante o
final da Antiguidade e a Idade Média.
3 - Na Mitologia grega, Pluto era o deus da riqueza e associado à
generosidade.

Fonte: https://www.obrasdarte.com/a-arte-neoclassica-
no-brasil-por-rosangela-vig/

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