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Apontamentos para a disciplina de Historia da arte


renascimento e barroco em portugal
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Arquitetura renascentista:

“No panorama artístico português da Idade Moderna, e em particular do século XVI, a arquitetura
constitui, sem sombra de dúvida, o domínio de mais vasto alcance social e cultural, em estreita
articulação com as restantes áreas da cultura: da tecnológica à política, da científica à literária.”
(Rafael Moreira em “História da Arte Portuguesa; vol. 2”, de Paulo Pereira, 1999, p. 303). Portugal
em contrapartida com a vizinha Espanha, desenvolveu a arquitetura em torno da pedra pura e
maciça. A arquitetura ganha poder e prestígio, modificando-se consoante as novas descobertas e
necessidades do reino, desenvolvendo uma arte criativa, proporcionando espaços adequados e
novos. A mudança da arquitetura incentivou à valorização e mudança do papel do arquiteto! “Mas
seria o humanismo, ao proclamar a conceção do arquiteto como intelectual, dotado do poder quase
divino de criar a beleza em formas transcendentais de origem antropomórfica, que viria divulgar a
metodologia matemática de composição e novas técnicas de representar e construir o espaço.” (pp.
305: “História da Arte Portuguesa, Paulo P.)

Renascimento

D. Miguel da Silva, filho dos Condes de Portalegre. Este era o Embaixador de Portugal em Roma,
sendo-o durante 10 anos no decorrer do reinado de D. Manuel I. este foi sem dúvida uma figura
notável em Roma, tendo um papel marcante e fundamental junto do Papa. Porém, D. Manuel I rege
a vinda de D. Miguel para Portugal, tornando-o Bispo de Viseu e Abade do Mosteiro de Santo Tirso,
em 1525. Este regressa a Portugal, mas trás consigo um mestre arquiteto e empreiteiro italiano,
Francesco da Cremona.

A vida de D. Miguel da Silva em Roma permitia proximidade aos grandes círculos, nomeadamente as
famílias Medici e Farnese, entre outras. No seu período como embaixador em Roma, Silva este
relacionado com alguns projetos da presença portuguesa em Roma. D Manuel pretendia adquirir em
Roma um palácio para habitação permanente para os embaixadores portugueses, teria sido
projetado por Bramante, mas nunca foi concluído.

D. Manuel falece em 1521, sucedendo-lhe D. João III, o filho mais velho do falecido rei. Este teve
um papel fundamental no desenvolvimento urbanístico e arquitetónico do reino...

O renascimento da época de D. João III, nas décadas de 1530/40/50, teve um caráter multipolar, no
sentido da criação de vários polos que se definiram em simultâneo e por vezes independentemente
uns dos outros. Desses polos deve-se contar com a cidade de Lisboa, devido ao seu estatuto de
capital e a sua relação com a corte; Coimbra, um foco importante pela reforma da universidade e de
Santa Cruz, uma cidade idealizada à luz dos conceitos da cultura humanista; Tomar foi um foco
significativo no desenvolvimento da arquitetura renascentista; a cidade de Viseu, por impulso do
bispo D. Miguel da Silva; a cidade de Évora por efeito da presença frequente da corte, foi um
importante foco de pintura e arquitetura renascentistas.

A arte «ao romano»: a partir do século XV, através dos novos descobrimentos e contactos
geográficos e sociais, “em que se elaborou e cartografou uma nova imagem do espaço mundial; foi
também - e em simultâneo - o da visão «em perspetiva» do tempo histórico, em que os secos anais e
a cronística medieval cederam lugar a mais complexas construções historiográficas de ambição
universal, nas quais as velhas tradições da oralidade e do mito procuraram harmonizar-se de forma
coerente com as grandes narrativas semilendárias da Antiguidade: (…)” (Paulo, pp. 307).

- Reinado de D. João III, 1521-1557, junho;

- Reinado de D. Sebastião, 1557-1578;


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- Regência de D. Catarina (1557-1562) e de D. Henrique (1562-68).

Figura marcante a nível artístico (arquitetura): Diogo de Torralva (1500-66).

4ª Fase: Renascentista. Esta fase é ocasionada pela reforma que se desenvolve aqui por parte de
D.João III tendo como executor um monge dos Jerónimos chamado Frei António de Lisboa. Essa
reforma faz-se em 1529. Uma parte da população na ordem de Cristo é obrigada a fazer vida
conventual. De acordo com a regra de S.Bento. Essa modificação implica a existência de instalações
adequada à finalidade prevista. A ordem de S. Jerónimo tem de acolher uma quantidade
significativa. Nesse acrescentamento existe um investimento bastante assinalado. Dirige recursos e
interesse pessoal do próprio rei. Há um acompanhamento na definição das próprias estruturas que
está bem documentado e conhecido.

Arquitetura Chã e o Classicismo nos tempos sebástico e filipino.

A problemática da arquitetura chã e a época sebástica (Sebastião)

As soluções arquitetónicas religiosas: igrejas-salão, desenvolvimento de novas dioceses, igrejas


pertencentes à Companhia de Jesus, muito influente na época!

Observamos o desenvolvimento de uma nova arquitetura, ou melhor, uma nova arte nua “e avessa a
experiências vanguardistas, em clara reação contra as modas estrangeiras: um estilo que se
pretende inserido numa tradição nacional em vez de em rutura com ela – nisso refletindo uma
preocupação constante da política de D. João III -, embora não hesitasse em se apropriar quanto
queria de soluções clássicas.” (Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957-
História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999; vol. 2, p. 359). Encontramos,
principalmente, no conjunto de edificações alentejanas que nos demonstram a implementação
desta nacionalização. “Esse discurso de sintético nacionalismo foi batizado por Kubler com a feliz
expressão de «estilo chão» (…), que arrancaria das sés do meado do século e antecipa de uma
geração o espanhol estilo desornamentado do Mosteiro do Escorial.” (Abreu, Mila Simões de;
Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957- História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e Debates,
1995-1999; vol. 2, pp. 359-360.)

Arquitetura chã características que nos fazem interpreta-la:

- Programa de contrarreforma;

- Despojada, fria, límpida, funcional;

- Influencia da arquitetura militar: geometria, pragmatismo.

- Valores classicistas de base tratadística.

- Espacialidade: novos tipos e recriações de tipos anteriores.

- Experiências eruditas;

- Valores construtivos vernaculares (vernáculo).

Gosto pelo que é depurado, liso, simples! - gosto filipino.

Em Portugal, após o reinado de D. Manuel I, gerou-se uma série de mudanças necessárias em


diferentes níveis, económico, social, cultural, alterando o gosto renascentista/manuelino, que deste
modo favoreceram o desenvolvimento de uma nova arquitetura. “Mesmo o novo estilo era muito
arcaizante, consistindo num sistema estrutural de armação de abóbadas simples, assentes em
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nervuras.” (Kubler, 1999). Nesta época, desenvolvem-se com maior facilidade e estabilidade as
edificações sem ser necessário o uso excessivo de contrafortes.

A designada arquitetura chã ou estilo chão foi um termo desenvolvido por George Kubler, que
enfatiza os valores de simplicidade compositiva, austeridade decorativa e depuramento das formas.
Segundo Kubler o estilo pode definir-se como uma “arquitetura vernácula, mais relacionada com as
tradições de um dialeto vivo do que com os grandes autores da Antiguidade Clássica.”. Observa-se
na arquitetura chã influências por parte da arquitetura militar, muito presente na época, em
território nacional e, principalmente, europeu. Um dos melhores arquitetos desta época e que
contribuiu para a difusão desta corrente chã foi Miguel de Arruda (falar sobre ele).

É uma arquitetura de influência clássica, usando proporções áureas, métrica, proporção, geometria
clássica e o retângulo de ouro; as volumetrias são paralelepípedos retângulos, extremamente
compactos e ortogonais. A linha reta é usada para definir quase tudo e a decoração é evitada
sempre que possível, tornando os edifícios atarracados, de aspeto fortificado, baixos e depurados.
Trata-se de uma atitude arquitetónica tipicamente portuguesa, nascida da tentativa de preservação
da identidade nacional, num período de crise política, económica e social. Kubler chama à
arquitetura chã de arquitetura plain, porque plain é a tradução de “chão”. O chão deve-se ao
despojamento decorativo.

Geralmente as edificações pertencentes ao estilo chão caracterizam-se pelo aspeto basilical, definida
por duas torres sineiras/campanários, geralmente de nave única, mas na maioria dos casos
observamos nas laterais, onde estaria presente as naves laterais, observamos a interceção de
pequenas capelas intercomunicantes entre si, observa-se uma capela-mor profunda, normalmente o
interior não se encontra muito decorado, enaltecendo este conceito de arquitetura depurada e
prática, porém depende dos locais e dos recursos económicos em torno da empreitada. Visto que,
alguns locais, no seu interior, apresentam uma decoração variada através da utilização de elementos
decorativos/ornamentais como a talha dourada, proveniente das descobertas nas terras coloniais
brasileiras, as pinturas retabulares, o azulejo, entre outros elementos... deste modo, apesar do
exterior demonstrar uma edificação austera, simples, fria, o seu interior é caracterizado por cenários
ornamentais de aparato.

- Importância metodológic a muito grande na medida em que os pressupostos metodológicos


de Kubler são distintos da generalidade que tinha tratado este tema. Este tema integra-se
numa corrente neo-formalista ao nível da histórica da arte, atendendo às estruturas formais
da arquitetura, combina essa abordagem formalista com toda a conjuntura envolvente que
sustenta e integra as sequências formais e estilística da arquitetura em estudo. Nesta visão
neo-formalista, Kubler prescinde da conceptualização tradicional consagrando a
generalidade da historiografia em que temos a sequência de Renascimento, Maneirismo,
Barroco, Rococó.

Situação atual

1. Ideias de Kubler embora valorizadas foram alteradas por novos contributos. Teoria que
permanecem em parte validas, mas que têm sido modificadas em alguns aspetos.

2. Ao contributo de Kubler vieram juntar-se linhas de pesquisa entre as quais consistiu na


consideração da arquitetura militar em todo este contexto. Kubler não trata especialmente a
arquitetura militar. Os principais contributos foi a valorização da arquitetura militar e o
entendimento que esse domínio implicou na definição dessa arquitetura chã. Neste há que assinalar
o contributo do professor Rafael Moreira. Representando momento pós-Kubler. Com ele passamos a
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entender que a arquitetura militar funcionou como facto estrutural em vários aspetos desta
arquitetura.

Igrejas salão:

As igrejas salão portuguesas desenvolvem-se através das características de simplicidade exterior, dos
atributos de clareza funcional proporcionando um carácter nobre às superfícies exteriores,
demonstrando-nos a forte influência espanhola da década de 1580, quando se encontrava sobre o
domínio dos Habsburgos. “Historicamente, contudo, estas proporções clarificadas e a pureza das
superfícies nas paredes representam uma reação à exuberância manuelina iniciada em 1550, uma
geração inteira anterior à unificação com Espanha em 1580, devendo-se a fórmula a fontes
espanholas e europeias em geral e o seu refinamento aos tratados italianos, bem como aos
condicionalismos portugueses” - (Kubler, 1999).

Observamos as igrejas-salão, com uma estrutura generalizada, simples, de aspeto medieval,


desenvolvida sobre pilastras e coberturas em abóbada, possuindo janelas rasgadas nas paredes da
edificação de modo a proporcionar uma grande iluminação interior...

“A série de igrejas-salões inicia-se na Europa com a Catedral de Poitiers, cerca de 1180, e com igrejas
como a de Santa Isabel, em Marburg, na Alemanha, cerca de 1250.” (Kubler, 1999).

Em Portugal obtemos alguns exemplos de igrejas-salão desenvolvidas entre 1550 e 1570; 3


catedrais (Leiria, Portalegre e Mirando do Douro), cinco igrejas paroquiais (Estremoz, Monsaraz,
Évora, Oliveira e Veiros) e duas Misericórdias (Beja e Santarém). “os arquitetos portugueses
realizaram surpreendentes transformações na igreja-salão, diferenciando-a dos antecedentes
espanhóis e norte-europeus e dos exemplos americanos coevos. Uma das soluções estruturais
utilizada em Portugal e na Europa Setentrional nos fins da Idade Média foi a de construir planos
quase laminares numa continuidade de cimos curvados de parede a parede, toda a largura, com
grupos de nervuras semelhantes a copas de palmeiras, sobre colunas espaçadas e como que libertas
da cobertura em pedra.” (Kubler, 1999).

Por exemplo, o Mosteiro dos Jerónimos é um excelente exemplo desta transformação e diferença
entre estilos, enquanto o portal da fachada de estilo manuelino apresenta uma conceção
exuberante, decorada e complexa, enquanto a capela-mor do Mosteiro é “quase militar no brutal
despojamento da configuração do seu exterior.” (Nuno Senos, 2012).

Exemplo: Catedral de Mirando do Douro: iniciada em 1550, trata-se de uma igreja-salão,


desenvolvida em 3 naves erguidas à mesma altura, cobertas por abóbadas de ogiva suportadas por
pilares esbeltos que proporcionam uma visibilidade do espaço interior como se fosse um só,
unificando as três naves, formando uma só. Outra característica marcante nesta catedral é o
despojamento decorativo, enaltecido pela utilização de pilares, quase sem qualquer tipo de
ornamento nos capitéis ou nas bases. “Como notou Rafael Moreira, esta é uma arquitetura que vive
da pedra (apenas usada nos elementos estruturais: colunas, pilares, fenestração, portas, ogivas) em
contraste com as grandes superfícies caiadas.” (Nuno Senos, 2012).
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Miguel de Arruda (1500-1563): Miguel foi uma figura importantíssima para o desenvolvimento da
arquitetura militar portuguesa, mas também religiosa. Desenvolveu as suas primeiras construções
em território marroquino, centrando-se no estilo militar. Porém, afirma o seu gosto renascentista no
desenvolvimento de igrejas como a Ig. Da Graça em Évora, mas também desempenha um papel
revelador no desenvolvimento da afirmação do estilo chão.

Pensasse que seja filho de Francisco de Arruda e sobrinho de Diogo. Trabalhou para o rei D. João III,
junto de outros grandes artistas da época, como Nicolau Chanterene e Benedetto da Ravenna.

Diogo de Torralva (1500-1566); este foi um influente arquiteto em território português no século
XVI, encontrando-se no limbo entre a transição do período renascentista para o maneirista.

Este influenciou-se, sobretudo, por Serlio, desenvolveu inúmeras obras em Lisboa, como poe
exemplo o claustro e o cadeiral do coro do Mosteiro de Belém, renovou o Mosteiro da Madre de
Deus, contudo apesar das diferentes obras/empreitadas onde participou, seria o Claustro do
convento de Cristo em Tomar que marcaria a sua carreira em território nacional.

Claustro de D. João III: empreitada desenvolvida após a morte de João de Castilho, em 1552. Este foi
desenhado e produzido por João, porém, após a sua morte, Diogo Torralva toma conta da
ocorrência. Este dá origem a um claustro situado no interior de uma das edificações mais
emblemáticas do período renascentista em Portugal, o Convento de Cristo de Tomar, é uma das
empreitadas mais notáveis da arquitetura da época. Este faz parte de um conjunto notável de
quatro claustros pertencentes ao Convento de Cristo. O claustro de D. João III, flanqueia a fachada
sul da nave manuelina, sendo caracterizado pela planta quadrangular, com os cantos cortados
(chanfros retos no 1º piso e convexos no 2º piso), tendo dois pisos abobadados, ligados através de
belíssimas escadas em caracol nos cantos nordeste e sudoeste. As quatro alas encontram-se
cobertas com galerias de abóbadas de nervuras e caixotões que se rasgam para a exterior,
alternadamente, por arcos de volta perfeita e por vãos retangulares encimados por janelas e óculos
inseridos entre as colunas de ordens diferentes, jónica e dórica que circundam o claustro,
sustentando os entablamentos. É importante referir que, este claustro é reconhecido como uma das
melhores representações da arquitetura maneirista e uma obra-prima de Torralva. Para além de
Diogo, também contribuiu para o desenvolvimento deste claustro Filipe Terzi.

Açougue-misericórdia de Beja, início 1548:

Supostamente seria um mercado, mas tornou-se, porém, numa capela. observamos um edifício de
planta longitudinal, composta por um corpo quadrangular da galilé, onde se implementam os corpos
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retangulares pertencentes á capela-mor e outros compartimentos. No exterior observamos um


conjunto de volumes articulados de coberturas diferenciadas. A fachada principal, virada a Sul, é
bastante caraterística, apresentando um pórtico clássico, rasgada por 3 arcos separados por pilastras
e cunhais, esta encontra-se dividida em 3 panos. O interior é caracterizado pela delicadeza
compositiva, composto por 3 naves, sendo as 2 primeiras, desenvolvidas por colunas de ordem
coríntia, um teto de abóbada de cruzaria de ogivas, assentes sobre colunas de fuste cilíndrico com
capitéis coríntios e em meias colunas adossadas, enquanto a 3º se desenvolve por tramos
retangulares com cobertura em abóbada de nervura, assente em mísulas e pilastras. A capela-mor
insere-se na edificação com um portal de vão retangular moldurado com um frontão triangular, esta
é coberta por uma abóbada de berço...

Igreja da Misericórdia de Santarém: definida como sendo uma igreja-salão, desenvolvida no final do
período renascentista português, apesar disso demonstra-nos traços do estilo barroco e maneirista.
Produzida por Miguel de Arruda, perto de 1559, perlongando-se ate aos inícios do séc. XVII. Esta
caracteriza-se por uma planta longitudinal dividida por 3 naves e 4 tramos, estruturados em
diferentes volumes escalonados com coberturas diversas em telhado. A fachada principal
encontrase virada a Sul, definida em 3 panos demarcados por pilastras, acima encontra-se rematada
por um frontão mistilíneo vazado através de um nicho, onde podemos observar a imagem da Virgem
inserida numa espécie de meia cúpula, e ainda, acima da Virgem, observamos uma cruz esculpida.
No piso térreo encontra-se o portal principal, ladeado por um frontão de volutas, onde ao centro, se
insere um animal híbrido que suporta o balcão, saliente da porta-janela do piso superior,
caracterizado por um frontão mistilíneo e brincos nas ombreiras. Ainda no piso térreo, nas laterais
do portal axial, observamos o formato de um espalho, definido e decorado por palmetas e lacrimais.
As fachadas laterais, de dois pisos, são estruturadas em 4 panos, divididos por 4 pilastras, nestes
rasgam-se uma série de janelas de formato retangular e por portais.

O interior: é definido por 4 tramos com a mesma altura, sendo a central mais larga, cobertos por
abóbadas de nervuras assente em colunas toscanas e mísulas adossadas hás sancas que percorrem
as paredes laterais, nos fachos das abóbadas observamos cartelas que demonstram inscrições de
datas: 1602 e 1714. As colunas apresentam uma riqueza na ornamentação através da decoração
com brutescos em ouro, mas para além destes, nas janelas e nas nervuras observamos brutescos
policromados. Junto de uma das colunas da nave central, observamos um púlpito singular, com um
guarda-voz e uma pintura invulgar produzida em tromp-l'oeil. No último tramo da nave, o pavimento
é mais elevado, proporcionando uma zona própria para acolher o presbitério, acedido através da
escadaria presente na nave central. Na zona superior de cada nave, concentra-se um altar definido
pelo respetivo retábulo em madeira.

Jerónimo de Ruão: este é filho do grande escultor e arquiteto João de Ruão. Jerónimo ficou,
especialmente, conhecido pelo título que adquiriu através do cargo de mestre-de-obras do Mosteiro
dos Jerónimos, sendo, mais tarde, o responsável pela sua conclusão. Através dele, o Mosteiro
evoluiu consequentemente numa época de poucos recursos... este foi o autor de inúmeras obras
construídas, maioritariamente, em Lisboa.

Igreja de Santa Maria de Belém - em 1565, dá-se o início das obras para a capela-mor, desenvolvidas
por Jerónimo de Ruão. Este complexo religioso caracteriza-se por uma série de estilos presentes,
manuelino, maneirista, revivalista, modernista... a Capela-mor pertence ao estilo Maneirista, coberta
por uma abóbada de berço definida por caixotões em mármore, nas laterais observamos, inseridas
sobre um arco de volta perfeita, as arcas tumulares correspondentes a D. Manuel I, D. Maria de
Aragão e Castela, D. João III e D. Catarina da Áustria, assentes sobre elefantes de mármore. A parede
testeira é caracterizada pelo formato semicircular, demonstrando um grande sacrário de prata em
forma de templete e revestimento com painéis pintados da paixão de Cristo e Adoração dos Magos.
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Inserida nos muros, encontramos uma escadaria que dá acesso ao coro-alto, com uma balaustarda
em pedra e um grande cadeiral de talha dourada maneirista, um elemento muito característico e
utilizado na decoração das edificações, decorado através de temáticas diversas, entre a sacra e os
grutescos, com pinturas dos Apóstolos.

A igreja da Luz em Carnide, Lisboa: Espaço importante pela arquitetura, escultura e pintura. Autoria
de João de Ruão. Revestimento de relevo escultórico maneirista de inspiração flamenga. Plano
época filipina.

Este local tinha uma pré-existência medieval. Na parte da cripta da igreja existia uma fonte
milagrosa. No seculo XVI esse local teve o patrocínio de infanta D. Maria, filha de D. Manuel. Uma
das mulheres mais cultas do seu tempo. Kubler viu uma alusão às igrejas de Palladio. Não é certo,
mas é possível que essas influências se tenham feito sentir. Caracterizada pela sua arquitetura
maneirista, apresentando-nos um exterior complexo, pois as diferentes fachadas apresentam
características singulares, enquanto o interior, ricamente ornamentado por retábulos, talha dourada
e esculturas... Definida por planta retangular, apresentando um T invertido, correspondentes ao
transepto e à capela da antiga igreja. A igreja é coberta por diferentes tipos de telhado, variando
entre as 2 a 4 águas, com fachadas pintadas em branco, flanqueadas por cunhais assentes em plintos
e rematadas em friso e cornija... a Fachada principal define-se em 3 panos, sendo o central
ligeiramente mais elevado, coroado por frontão triangular, com painel ovalado, ladeado por
almofadados no tímpano, contendo uma cruz no cimo. Nesta abre-se o portal principal, em verga
reta, de moldura dupla, assente em pilastras toscanas. No interior observamos a estruturação em
cantaria de calcário, com o antigo transepto coberto por uma abóbada de aresta, assente sobre
mísulas, com o pano ornamentado por elementos geométricos, com os braços separados por arcos
de volta perfeita, os topos são selecionados através de 2 registos, definidos pelo friso e cornija, o
interior em cantaria e o superior com um jogo de cantarias claras e vermelhas que formam
apainelados cruciformes, porém a cobertura da capela-mor destaca-se pela abóbada de caixotões
representados através de almofadas recortadas, o retábulo-mor, apesar da catástrofe do terramoto
de 1755, este encontra-se intacto. Foi uma encomenda régia, por parte da infanta. Caracteriza-se
por ser um típico retábulo pertencente à época contrarreformista, com moldura em talha dourada,
que ladeia uma temática complexa, através de colunas decorativas de estilo maneirista. Demonstra-
nos os princípios doutrinários, acentuando o papel da Virgem. Este dispõem-se de um modo
simultaneamente didático e triunfante, enaltecendo a força cristã/católica da época, apresenta-nos
características pertencentes ao estilo maneirista devido à sua articulação sintática. Consoante a
evolução histórica, entre os retábulos maneiristas dos finais do séc. XVI e inícios do séc. XVII, do qual
este pertence, sendo um exemplo vivo. Observamos ainda, uma relação/interligação com Serlio, pois
encontra-se dividido entre dois andares estruturados por 3 fiadas.

António Rodrigues: foi um importante arquiteto português pertencente à época Quinhentista


português, este marcou a sua presença através do carácter crítico em relação aos conceitos
formulados nos tratados maneiristas que decorrem na época. Este foi ainda, o primeiro arquiteto a
desenvolver o 1º tratado escrito em território nacional, publicado em 1579. Este centra-se numa
produção clássica, desenvolvendo os projetos consoante a geometria, demonstrando uma expressão
singular nas suas construções.

Igreja do Convento de Frades, ou Igreja de Santo António, pertencente à região de Alcácer do Sal.

O edifício é definido por uma planta longitudinal, composta por dois retângulos de diferentes
dimensões, a nave e a capela-mor encontram-se viradas para o lado Norte, enquanto pelo corpo
central do espaço observamos uma pequena capela retangular e outras duas capelas maiores, de
planta longitudinal. O cruzeiro tem um formato quadrangular, no interior observamos uma pequena
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sacristia junto à nave, inserida numa galilé. Esta igreja, tal como as restantes desta época, apresenta
volumes articulados, tendo diferentes coberturas. A nave é coberta por uma abóbada de berço que
se abre para a capela-mor, também esta abobadada, ladeada por um arco triunfal no centro
sustentado por pilastras... observamos no interior a influência serliana. Podemos ainda observar
uma unificação entre a arquitetura, escultura e pintura, como também de outros elementos muito
utilizados na época, a talha dourada e o azulejo que se insere pelas paredes da nave e capela-mor,
apresentando cenas da vida de Santo António.

Os portais da igreja são caracterizados pelo vão retangular, pilastras com brutescos em relevo.

O desenvolvimento de novas catedrais:

A recriação das igrejas-salão

Exemplos: Leiria, Portalegre e Miranda do Douro.

Sé de Leiria: construída após o desenvolvimento de uma nova diocese, separada da de Coimbra, em


1559 sendo finalizada em 1574, esta caracteriza-se pela sua matriz maneirista. Foi uma obra da
autoria de Afonso Álvares (?-1580), porém, não se tem a certeza se foi realmente um projeto da
autoria de Afonso ou de Miguel de Arruda... esta foi fundada pelo bispo de Leiria, Frei Brás de
Barros.

Constituída por uma planta em cruz latina, com um transepto saliente, composta por 3 naves, da
mesma altura, que se encontram separadas por uma sucessão de oito pilastras toscanas de seção
cruciforme, proporcionando o desenvolvimento de 12 tramos. As paredes são pintadas de branco, a
nave central e o transepto são cobertos por abóbadas estreladas, sendo as laterais coroados por
abóbadas de nervura. Observamos no seu interior a famosa pia batismal, produzida em calcário,
composta por um pequeno pé e uma taça hemisférica, ornada através de almofadas e um bordo
saliente... o transepto possui nos seus braços pequenas capelas retabulares com a representação da
Nossa Senhora da Conceição e ao Sagrado Coração de Jesus. “A cabeceira é composta por dois
absidíolos, envolvidos por talha pintada de branco e dourado, formando arcos de volta perfeita,
assentes em pilastras toscanas almofadadas e rematafas em entablamento e pequeno espaldar
curvo com pintura figurativa. No do lado do Evangelho, a Capela do Santíssimo, encimada por
espaldar ornado por uma Adoração do Santíssimo, sobrepujado por uma alegoria à Igreja, relevada;
no lado oposto, um órgão de tubos, surgindo no espaldar uma evocação da Ressurreição, encimada
por uma alegoria que sustenta a Santa Cruz. Ambos têm coberturas em caixotões com molduras de
pedra, sobre entablamento do mesmo material, o do Evangelho com lambris de talha pintada de
branco, verde e dourado. O cruzeiro encontra-se elevado, com mesa de altar e ambão em cantaria,
contendo poço no lado da Epístola.” (informação retirada do website SIPA:Monumentos). Ao centro
contém um claustro poligonal adossado à fachada principal, virada a Oeste, coroada por um frontão
triangular, acentuando o carácter maneirista inspirado nos conceitos classicistas. Observamos um
corpo tripartido, onde ao centro se encontra o portal axial, ladeado por uma zona revestida em
cantaria, inserido sobre um arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas com os fustes
almofadados, este é ainda, protegido por guarda-vento em talha pintada. Cada um dos panos nas
laterais são rasgados por portais inseridos em arcos de volta perfeita, também assentes em pilastras
toscanas...

Sé de Portalegre: início da construção a partir de 1556 sendo, finalmente, terminada em 1575. Esta
ao contrário da Sé de Leiria, foi uma empreitada da autoria de Afonso Álvares. “Se em Leiria
impressiona o gigantesco ciclópico da escala, Portalegre impõe-se pela majestade genuinamente
episcopal, que combina uma rara cúpula em caixotões (…) com o efeito arcaizante das nervuras
curvilíneas das suas cinco naves.” (Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo,
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1957História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999; vol. 2, p. 359). Caracteriza-se,
ainda, pelo estilo renascentista, pouco usual nesta altura do período. Apresenta-nos elementos
construtivos de variados séculos, XVI-XVII-XVIII... esta é especialmente caracterizada pelo seu
interior complexo, tendo uma iconografia diversa, representando em diversas áreas do interior as
imagens da Anunciação, da Natividade, a Adoração dos Magos, a Fuga para o Egito, relevos
ornamentais com a representação de S. Pedro e S. Paulo, como também S. Marcos e S. Lucas ou S.
João e S. Mateus...

Esta é definida por uma planta em cruz latina, composta por 3 naves, todas de igual tamanho,
encontrando-se dividida por uma sucessão de pilastras cruciformes. Nas capelas laterais observamos
uma série de pequenas capelas encimadas por contrafortes que reforçam a cobertura, o transepto é
alistado. Todos estes elementos se encontram coroados por abóbadas estreladas e de aresta. A
cabeceira é dividida, tendo ao centro a capela-mor e nas laterais absidíolos. No interior observamos
um claustro adossado ao lado esq, contendo somente 1 piso caracterizado pela sucessiva arcaria que
o circunda, coroadas por abóbadas de aresta. As capelas laterais são caracterizadas pelos retábulos
em estilo maneirista, porém a de St Maria Maior é em talha barroca joanina e o de St António em
estilo barroco nacional! Estas são coroadas por abóbadas estucadas, proporcionando uma decoração
geométrica, com vestígios policromados, iluminadas por óculos. Nestas podemos ainda encontrar,
inscrições nas lápides sepulcrais. Capela-mor: pouco profunda, constituída por um cadeiral com duas
ordens e um grandioso retábulo de talha maneirista, de 3 andares, decorado por painéis pintados. a
cobertura é em falsa abóbada de berço pintada, para acedermos a esta devemos passar por um arco
triunfal, encimado por um escudo português envolto em rocalhas. Contendo as sepulturas de D.
Julião de Alva, D. Diogo Correia e Frei Domingos Barata, surgindo, sob os cadeirais, as de D. Manuel
Lopes Simões, D. Pedro de Melo e Brito e Alvim. No interior do templo, observamos diversos silhares
de azulejos, elemento decorativo muito utilizado na época, caracterizados pelo padrão seiscentista.
Sacristia desenvolvida por 3 abóbadas de nervuras, assentes em mísulas, compostas por 3 arcos
torais, de paredes revestidas em azulejo, tendo dois painéis que representam, em azul e branco, a
Fuga para o Egito e o Descanso na Fuga... CLAUSTRO de planta quadrangular e um piso, com quatro
arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas e divididas por outras de maiores dimensões,
que rematam em fogaréus, os quais enquadram pequenos espaldares vazados por óculos.

A iluminação nestes locais é um fator fulcral, devido à magia que proporciona ao seu interior, esta é
um exemplo do uso da iluminação como fator caracterizante, pois encontra-se uniformemente
iluminada por frestas e óculos nas capelas laterais. Para termos uma noção mais precisa, estta é
composta por 28 janelas.

A fachada principal: é caracterizada pela forma harmoniosa como se encontra disposta e decorada,
com corpo recuado, tripartido com os panos definidos através de duas ordens de pilastras: toscanas,
sendo as inferiores colossais compostas em 2 registos definidos pelo entablamento. Esta formação
proporcionou o desenvolvimento de um adro enquadrado pelas torres sineiras salientes, de três
registos, 4 ventanas e remates em coruchéus piramidais, cada torre contém 4 olhais com arcos de
volta perfeita onde podemos observar os sinos. A fachada encontra-se virada a Este, com um portal
ao centro de arco abatido, com molduras que ladeiam o espaço, flanqueado por 2 colunas de fustes
lisos e capitéis coríntios, ligadas através de um friso e um frontão semicircular. Os panos laterais são
idênticos, tendo portais em arco abatido e molduras múltiplas. O registo superior contém duas
janelas e um janelão ao centro.

Voltando ao interior: o altar-mor é caracterizado pelo grandioso retábulo composto em 8 grandiosos


painéis. O retábulo-mor, de talha dourada, de planta reta com cinco eixos e três andares, os primeiros
definidos por três ordens de colunas coríntias com o terço inferior marcado e relevado, assentes em duas
ordens de plintos paralelepipédicos, os inferiores almofadados e marmoreados e os superiores com as
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faces ornadas por relevos, a representar São Pedro e São Paulo, ladeados por São Marcos e São Lucas e
por São João e São Mateus; entre estes plintos apainelados de cartelas e festões. Os registos estão
divididos por frisos de querubins e cornijas, surgindo, no inferior, ao centro, nicho de volta perfeita, com o
intradorso apainelado e assente em mísulas, com a imagem do orago, ladeada pelas telas pintadas da
Anunciação (Evangelho) e Natividade (Epístola), ladeados respetivamente pelas esculturas de São
Jerónimo e Santo Agostinho; no segundo registo, as pinturas da Adoração dos Magos, Repouso na Fuga
para o Egito e o Menino entre os Doutores, ladeadas pelas esculturas de São Boaventura e Santo
Ambrósio; no terceiro as pinturas da Ascensão de Cristo, Assunção da Virgem e Pentecostes, ladeadas
pelas imagens de São Gregório e São Basílio. A estrutura remata em frontão semicircular com o tímpano
formado pela tela com a representação da Transfiguração, envolvida por relevos a representar os Profetas
Isaías, Ezequiel, Jonas, Jeremias, Joel e Daniel.

Sé de Igreja de St Antão, Évora, 1557-77: desenvolvida por Afonso Álvares e Manuel Pires

Uma das maiores igrejas do Alentejo. Planeada por Afonso Alves o mesmo de S. Roque. Temos os
valores próprios da arquitetura chã. Aconteceu uma coisa sintomática: contexto da contrarreforma
não anula a cultura clássica, apenas reduz a cultura clássica aos seus limites toleráveis. Caracteriza-
se por ser uma igreja-salão, de planta retangular longitudinal, composta por 3 naves. O interior
remetenos para o espaço de uma cisterna, com uma feição robusta, despojada e sóbria. Esta
demonstra-nos com precisão as características assentes na época contrarreformista, remetendo-nos
exteriormente para uma construção de forte pendor militar. A fachada principal encontra-se dividida
em 5 panos, sendo o central mais largo, encontram-se definidos por pilastras e cunhais, contendo
um embasamento e por último o remate em cornija, o 1º e 5º pano, que correspondem às torres
que delimitam/enquadram a fachada, encontram-se encimadas por campanários de 4 faces, com um
entablamento de alvenaria pintada em amarelo. O 2º e 4º são bastante semelhantes, contendo
portais em cantaria com dupla verga, seguindo através do eixo central duas janelas com molduras
reentrantes. O pano central, contém o portal axial, em cantaria, coroado por um frontão triangular,
inscrito num arco de volta perfeita tbm em cantaria apresentando um tímpano com cartela em
massa pintada em branco e amarelo, o registo superior caracteriza-se por um grande janelão, estes
dois registos são definidos por um friso de pedra com inscrições! Interior: demonstra-nos um
interior elegante, todo ele com cobertura em abóbadas de aresta à mesma altura, pois os arcos, os
cruzeiros e os torais assentam sobre grandiosas colunas de ordem jónica e de fuste liso, algumas
inseridas nas paredes laterais, encontrando-se reforçadas por contrafortes em cantaria.
Caracterizada pela iluminação que invade o interior, proporcionando ao espetador uma visão ampla
e definida dos seus pormenores! O pavimento é em pedra e madeira. O coro alto é assente em 3
abóbadas de aresta, com pavimento cerâmico pintado, que se abre para o coro-baixo, inserido no
corpo da igreja, através de 3 arcos em cantaria, sendo o central abatido. A capela-mor é dematrcada
de forma profunda, de pavimento em cota mais elevada, acedida através de um pequeno lance de
escadas, as paredes laterais apresentam marmoreados e remate em cornija, sendo cada uma
rasgada por tribuna onde se eleva o trono! O frontal onde se insere o retábulo-mor é em mármore,
representando o Apostolado em baixo relevo. Esta contém ainda, um lindíssimo retábulo em talha
dourada, traduzindo o estilo Nacional do século XVII. Neste observamos 2 grandes telas, remetendo-
nos para o tenebrismo, desenvolvidas por Bento Coelho da Silveira “A Ultima Ceia” e a “Matança dos
Inocentes”. As capelas laterais apresentam-nos, cada uma delas, uma decoração singular, compostas
por diversas pinturas e retábulos em talha dourada.

Retábulos: “São Miguel e as Almas”, “Santo Agostinho”, “Nossa Senhora dos Remédios”, “N.S
Saúde”, “Santíssimo Sacramento”, “Santa Ana”, “S. Crispim e S. Crispiniano”, “Senhor dos
Terramotos”, “N.S da Alegria”, “N.S da Purificação”...

“PINTURAS MURAIS: nas colunas e arcos pétreos das capelas laterais vestígios de decoração
de ferroneries douradas com arabescos florais e círculos, evidenciando douramento
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executado diretamente sobre a pedra, sem qualquer reboco de suporte.” As primeiras igrejas
da Companhia de Jesus (Falar sobre a Companhia)

Modelo Nacional da Igreja de Nave Única!

Exemplo: Igreja de S. Roque, em Lisboa. Desenvolvida a partir de 1567 e 1587, por Afonso Álvares.
Esta apresenta semelhanças evidentes com a grande igreja de Gesù II, em Roma, construída entre
1568 e 1584. Esta é reconhecida como a primeira igreja edificada em território nacional, pertencente
à Companhia de Jesus, esta foi uma grande ordem religiosa formada a partir de 1543, no contexto
da Reforma Católica, fundada pelo sagrado Santo Inácio de Loyola, figura marcante na época dos
Descobrimentos, difundido e desenvolvendo a Companhia através das diversas viagens que
realizava, como também das diversas construções que mandava construir nos territórios
conquistados, como por exemplo, Goa, Macau, Japão... A principal missão da Companhia de jesus
era educacional, mas também missionária, espalhando a mensagem divina pelos povos ocidentais e
orientais. A Companhia instalou-se em Portugal durante o reinado de D. João III, mas seria no início
da Idade Moderna, durante os séculos XVI-XVII, que evoluíram e difundiram grandiosamente a
mensagem, ganhando também fortes ligações com a realeza, sendo educadores e confessores dos
reis, como por exemplo, D. Sebastião.

A igreja: a Igreja de S. Roque, localizada na cidade de Lisboa, é das edificações religiosas mais
emblemáticas, definida pela sua planta longitudinal, de formato quadrangular, composta por uma
nave única com 8 capelas laterais, quatro de cada lado, intercomunicativas através de vãos de verga
reta, ladeadas por arcos de volta perfeita, assentes em pilares, acima destes, no 2 registo insere-se
as tribunas retilíneas com balaustrada, ladeando a nave central. Muito destas contém nas traseiras
as respetivas sacristias, dedicadas a diferentes figuras religiosas, como por exemplo, S. Antonio, S.
Roque, N.S da Piedade, S. João Batista (Evangelho), N.S da Doutrina, S. Francisco Xavier, Santíssimo
Sacramento.

O espaço interior demonstra-nos uma ampla e iluminada igreja, repleta de ornamentos,


uniformizando o interior através dos diversos elementos escultóricos, pictóricos e arquitetónicos. A
decoração da igreja de São Roque é o resultado de várias fases de atividade ao longo dos séculos
XVII e XVIII, refletindo os ideais quer da Companhia de Jesus quer, como no caso das capelas, das
respetivas confrarias ou fraternidades. O pavimento é em calcário e madeira, dependendo da zona,
o teto é plano, em madeira, assente em cornijas bastante avançadas, pintadas perspeticamente,
proporcionando o desenvolvimento de 3 cúpulas que representam: “Exaltação da Cruz”, situada ao
centro e outras cenas bíblicas nas extremidades laterais. O coro-alto é duplo, aqui insere-se o
grandioso órgão, formado em madeira, sustentado através de mísulas e duas colunas toscanas, no
plano inferior observamos cadeiras e vestígios do antigo cadeiral, para aceder ao coro-alto é
necessário subir as escadas em caracol. As paredes do interior da igreja, parede fundeira,
apresentam um conjunto de azulejos policromados e as janelas vitrais coloridos... o teto do coro
inferior, forma-se através de caixotões pintados através de elementos vegetalistas dourados,
apresentando ao centro o símbolo da Companhia de Jesus, “IHS”. A capela-mor de pouca
profundidade, insere-se sobre um arco triunfal de volta perfeita de dois tramos definidos através de
pilastras toscanas, este é coberto por uma abóbada de berço com marcações de caixotões,
lateralmente compõem-se por 4 nichos e 4 painéis representando os martírios do Japão. O
retábulomor é desenvolvido em talha dourada, formado em dois pisos, definidos pelo
entablamento, proporcionando 3 eixos compostos por 4 colunas coríntias... o seu interior
demonstra-nos diferentes matrizes estilísticas, onde se enaltece a capela barroca desenvolvida por
Nicola Salvi, Luigi Vanvitelli e alterada por João Frederico Ludovice, a Capela de S. João Batista.
Apresenta um conjunto de azulejos assinados por Francisco de Matos, do século XVI-XVII.
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É importante ainda referir o conjunto de obras, inseridas no 2º piso da edificação, pintadas a óleo
sobre tela, com representações referentes à vida de Santo Inácio de Loyola.

Fachada: simples e austera, sendo dividida em 3 níveis, o térreo com o grande portal principal,
definido por um frontão triangular simplificado, assente em 2 pilastras de ordem coríntia e em
entablamento pouco desenvolvido. Nas laterais observamos 2 portas mais pequenas que a principal,
definidas por um frontão circular. O piso superior demonstra-nos 3 grandes janelas, diferentes
apenas no frontão e por último o 3 piso apresenta-nos um grande frontão triangular que contém ao
centro um óculo/rosácea.

Igreja-Colégio do Espírito Santo, Évora: Colégio desenvolvido entre 1550 e 1559, porém passou por
diferentes processos de requalificação da edificação, mandada fundar pelo cardeal D. Henriques,
arcebispo de Évora, no séc. XVI. Esta demonstra-nos fortes inspirações jesuítas. Mais tarde
desenvolveram a igreja, entre 1566-1572, tendo como principal base a Companhia de Jesus,
proporcionando uma inovação da imagem do Espírito Santo. Esta igreja caracteriza-se pela
designado por estilo chão.

Colégio: planta quadrangular, contem um grandioso claustro, tendo ao centro um chafariz. este
desenvolve-se em 2 pisos, de diferentes galerias de colunatas, “levantando-se ao centro (em frente à
portaria) a fachada da antiga capela do colégio, depois Sala dos Atos, numa composição barroca
setecentista, com frontão muito rebuscado, ladeado por volutas e exibindo ao centro as armas do
Cardeal-Infante.” (DGPC). Durante o reinado de D. João V, as salas do colégio foram reformadas
através de belíssimos azulejos, pertencentes ao estilo barroco, representando as alegorias das
Ciencias ou Humanidades...

Igreja: a igreja desenvolveu-se no lado Norte, reconhecida pelo interior requintado e ornamentado
por diferentes elementos decorativos, como a talha dourada joanina, o conjunto de azulejos do
período quinhentista e seiscentistas que decoram o interior enriquecendo-o, em comparação com a
simplicidade estrutural e ainda os diversos exemplares de pinturas e estuques... Fachada principal:
composta por uma acentuada galilé, rematada em cornija e friso, suportada por 5 arcos de granito
em arcos de volta perfeita e frontais. Esta divide-se em 3 panos delineados por pilastras de granito,
sendo o central mais largo. Esta é rasgada por 3 portais definidas por molduras simples de mármore
e encimadas por bandeiras envidraçadas. O piso superior demonstra-nos um grande óculo circular
com moldura simples, coroado por frontão triangular, composta por tímpano, óculo entaipado,
flanqueado por aletas.Monumentos

Igreja de S. Francisco, Évora: Edificação caracterizada pela junção de diferentes estilos, desde o
manuelino, ao gótico, barroco, rococó e ainda revivalista, pois sofreu diferentes requalificações. Esta
é uma igreja conventual muito complexa, definida por uma planta em cruz latina, de nave única,
desenvolvida por 6 tramos e capelas laterais, uma tribuna e o transepto saliente/acentuado,
enquanto a capela-mor é profunda. A maioria da edificação é coroada por abóbadas de berço
quebrado com inserções na nave, as capelas laterais são coroadas por abóbadas de aresta, enquanto
a capela-mor: abóbada nervura. “As capelas laterais apresentam planta retangular, disposta
paralelamente à nave central; intercomunicam entre si através de vãos pétreos em arco quebrado;
coberturas em abóbada de aresta com chaves lavradas; as abóbadas e os alçados apresentam
pintura fingindo cantaria marmórea; os alçados laterais das capelas dispõem-se em 2 registos
definidos por moldura; fechando as capelas teia envolvente, de balaústres, em mármore branco e
negro, que se desenvolve até ao último tramo da nave separando-o da zona do cruzeiro; a teia é
interrompida pelas nervuras centrais dos pilares de descarga da abóbada e por falsas portinholas de
madeira dourada com perfurações; o acesso é feito por cancelas de ferro.”.
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Esta é principalmente reconhecida devido à caracterização/estruturação de algumas capelas


presentes no seu interior, por exemplo a famosa capela dos Ossos, um local emblemático, bastante
visitado! Esta capela foi desenvolvida entre os séculos XVI e XVIII, traduzindo de uma forma/maneira
singular do estilo barroco. Os ossos minuciosamente colocados, “conferem ao edifício o aspeto de
uma «gruta» ou de «espaço proibido», e uma tal proximidade com os vestígios da «morte» que esta,
por fim, se oferece em espetáculo.” (P.P. p. 618).

Os diversos estilos assentam-se em diferentes zonas, por exemplo, o estilo barroco insere-se,
principalmente, na capela-mor e nas restantes capelas colaterais. É de realçar a decoração do
interior de cada capela, ornamentada de diferentes formas, cada uma marcada pela sua expressão
singular, desde azulejos, talha dourada, retábulos, pinturas, etc...Monumentos

Arquitetura Chã nos tempos filipinos.

Filipe II, Lisboa e o convento de S. Vicente de Fora.

Renovação da arquitetura monástica: “No início do século XVI assistimos à renovação de espaços
arquitetónicos medievais pela introdução de revestimentos azulejares. Este gosto gerou-se na esfera
da Corte de D. Manuel I e foi assimilado pelas mais relevantes instituições religiosas para atualização
da linguagem visual e estética de arquiteturas antigas.” (Manuel Joaquim Moreira da Rocha; 2017,
“A Retórica do Espaço na Arquitetura Religiosa Portuguesa nos séculos XVI a XVIII”; Quintana nº16.
ISSN 1579-7414. pp. 80).

As novas aprendizagens e o estatuto do arquiteto!

Domínio Filipino instaurado a partir do reinado de D. Filipe I de Portugal. Introdução do estilo


barroco!

D. Filipe I de Portugal, reconhecido como rei de Espanha, Filipe II. Filho de Carlos I de Espanha e
Isabel de Portugal, entre 1527 e 1598. Este foi rei em território nacional entre 1580 e 1598, após o
casamento com D. Maria Manuela de Portugal. Este foi uma figura marcante e influente durante a
sua vida, tendo pertencido a diversas áreas da Europa, como Portugal, Espanha e Milão. Em
Espanha, por exemplo, o seu reinado ficou marcado como a época de Ouro Espanhola. Foi uma
figura muito ligada à igreja Católica, contribuindo para o seu desenvolvimento e implementação nas
localidades governadas por este.

D. Filipe I, proporcionou a reaproximação dos estilos desenvolvidos entre Portugal e Espanha.

Arquiteto do rei: Filippo Terzi (1520-1597) / Juan de Herrera (1530-1597), arquiteto bolonhês.

Portugueses: Baltazar Álvares (1556-1624); Teodósio de Frias; Pedro Nunes Tinoco (1604-1641).

Renovação do Paço da Ribeira: Esta empreitada de renovação do Paço da Ribeira demarca as


primeiras inversões filipinas na arquitetura portuguesa. Desenvolvida entre 1581 e 1583, a mando
do rei D. Filipe I, encomendada aos dois arquitetos do rei Juan de Herrera e Filippo Terzi. “Depois da
morte do bolonhês, as empreitadas remanescentes devem ter sido entregues a um arquiteto
português - Baltasar Álvares? - mas entre 1605 e 1608, Francisco de Mora (1552-1610), arquiteto
régio e aposentador de Filipe III (II de Portugal), deslocou-se a Portugal, em prolongada visita de
inspeção às casas reais (…).” (Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957-
História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999; vol. 2, p. 377).

Igreja-panteão de S. Vicente de Fora, Lisboa: Pertence aos cónegos regrantes de Santo Agostinho,
os mesmos de Coimbra. O primeiro edifício foi construído logo apos a conquista de Lisboa em 1147.
No lugar são sepultados alguns dos cruzados que deram apoio. Mosteiro de tradição Filipina. Sinal
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visível no panorama da cidade. Confere monumentalidade que acrescenta elemento à silhueta da


cidade. Há uma inserção num espaço retangular dividido em dois sectores, o da igreja bastante
alongado e o sector monástico com dois claustros e uma sacristia ao meio. Tudo isto inscrito num
retângulo. A igreja tem um traçado que importa memorizar. É referência para a arquitetura
portuguesa que vem a seguir.

desenvolvido entre 1582 e 1629, por Herrera, Terzi e Baltazar Álvares (fachada). “Sobre o primitivo
conjunto monumental que remontava ao século XII, decidiu Filipe II construir uma nova igreja e um
novo mosteiro, destinando a panteão real um templo que evocava a refundação cristã de Lisboa – na
verdade a construção de S. Vicente correspondia a um voto de D. Afonso Henriques após a
reconquista da cidade (…)” (Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957-
História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999; vol. 2, pp. 378-379).

Um fator importante em relação a esta edificação é, de facto, a unificação de diferentes arquitetos e


dos seus estilos, proporcionando o desenvolvimento de uma nova vertente construtiva. Apesar de
corresponder ao designado estilo maneirista português, acaba por juntar diferentes estilos, desde o
gótico ao barroco, enaltecendo as vertentes militares bastante assentes na época. Esta marca uma
das principais, senão a principal, edificação religiosa erguida durante o reinado de Filipe I.

Esta apresenta-nos características marcantes na sua composição. Desenvolvida em planta retangular


longitudinal, composta por uma grandiosa nave única, com transepto inscrito e uma capela-mor
bastante profunda, as paredes laterais da nave desenvolvem-se numa sucessiva sequência de
pilastras emparelhadas de forma rítmica, onde em 1608, se desenvolveram pequenas capelas
comunicativas entre estas. Observamos o corpo da igreja coroado por uma abóbada de berço de
caixotões, encontrando-se totalmente decorada com diversos elementos em relevo. O cruzeiro
originalmente era rematado por uma cúpula, porém devido ao terramoto de 1755, ficou totalmente
arrasada. A iluminação produzida pelas janelas inseridas no topo da cabeceira e no transepto
proporcionam uma visibilidade do seu interior muito definida, enaltecendo o valor compositivo que
alberga no seu interior, as diversas decorações através de diferentes elementos, desde retábulos,
talha-dourada, pinturas, etc... “Depois do encerramento da abóbada da capela-mor, em 1593, e da
finalização do coro baixo e cruzeiro em 1605, procedia-se no ano de 1611 às primeiras operações de
decoração interior, nomeadamente à encomenda de retábulos ao arquiteto Teodósio de Frias (…).”
(Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957- História da arte portuguesa.
Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999; vol. 2, p. 379).

“O tratamento palacial da fachada é também digno de registo.” A fachada, pensasse que seja da
autoria de Baltazar, é desenvolvida em 5 panos e 3 andares. O piso inferior é caracterizado pelas
pilastras toscanas e capitéis jónicos dos vãos, pelos 3 vãos de volta perfeita, sobrepujando o nártex,
antecedidos por nichos com figuras escultóricas. O 2º andar demonstra-nos/forma-se através de 3
janelões centrais e dois nichos retomando o ritmo desenvolvido dos frontões curvos e triangulares.
O último piso definido por 2 torres sineiras, coroadas por cúpulas, onde de dispõe de um terraço
abalaustrado e pináculos piramidais completo por bolas, símbolos da morte e ressurreição...

A construção/renovação da Igreja de S. Vicente de Fora, proporcionou o desenvolvimento de uma


nova visão sobre o estatuto do arquiteto. “É na órbita da sua construção que a figura do arquiteto se
desliga da direção material da obra, o que coincide aliás com a nomeação de Filippo Terzi para
arquiteto-mor do reino, e que em 1597 se substitui o regime de prestação de trabalho a jornal pelo
de empreitadas, uma mudança ensaiada em S. Lourenço do Escorial tendo como objetivo o
favorecimento da racionalização organizativa, da especialização e da responsabilização dos artífices
(…).” (Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957- História da arte
portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999; vol. 2, p. 381).
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As igrejas dos colégios da Companhia de Jesus

Antigo Convento e colégio de St Antão-o-Novo, atual Hospital de S. José:

“A construção do Colégio jesuíta de Santo Antão-o-Novo iniciou-se a 11 de Maio de 1579, com o


apoio financeiro do Cardeal D. Henrique e projeto arquitetónico de Baltazar Álvares. O edifício foi
inaugurado em 1593, mas as obras nunca foram verdadeiramente concluídas, continuando ainda
pelas primeiras décadas do século XVII. A igreja foi construída durante a primeira metade do século
XVII (1613-1653), por um arquiteto espanhol discípulo de Filipe Terzi, monumento a que mais tarde
se acrescentou a sacristia barroca projetada por João Antunes em 1696. A partir de 1770, já sem a
presença dos Jesuítas, o Colégio foi transformado em Hospital de São José, instituição que substituiu
o antigo Hospital Real de Todos-os-Santos - que, entretanto, havia ruído com o terramoto - e que foi
o principal hospital da capital até ao século XX.”.

Sé Nova de Coimbra, antigo colégio de Jesus: Observamos uma monumental edificação religiosa, de
formato quadrangular, formada por uma igreja ao centro, e quatro grandes pátios em volta que
tinham como função albergar a escola conventual dos padres. A igreja é caracterizada pela planta
retangular composta por uma nave, um transepto inscrito e uma capela-mor estreita, contém
diferentes coberturas consoante os espaços, em abóbadas de berço, com caixotões de pedra. Para a
nave abrem-se oito capelas laterais intercomunicantes, inseridas sobre um arco de volta perfeita,
decoradas com diferentes padrões azulejares policromados e ainda, com retábulos em talha
dourada pertencentes ao estilo maneirista e barroco nacional. “O sub-coro, revestido a azulejo de
padrão policromo, integrando registos de albarradas, e com cobertura em abóbada de berço
abatido, abrem duas capelas, dedicadas a Santa Maria Madalena (Evangelho) e à Nossa Senhora das
Neves (Epístola), ambas revestidas a azulejo de padrão policromo, protegidas por teias de madeira.
Sucedem-se três capelas intercomunicantes de cada lado, dedicadas a Santo António, Ressurreição e
Santo Inácio (Evangelho) e Glorificação da Virgem, São Tomás de Vilanova, anterior de São Francisco
Xavier, e Santíssimo Sacramento (Epístola).”...

Capela-mor: “protegida por teia de madeira com marchetados e elevada por quatro degraus, de dois
tramos definidos por pilastras toscanas, o maior contendo dois órgãos de tubos e cadeiral de madeiras
embutidas, encimado por espaldar pintado com cenas da vida da Virgem e de Cristo, surgindo, no
segundo tramo, portas de verga reta e janelas com o mesmo perfil. Retábulo-mor de talha dourada, de
planta reta e um eixo definido por duas pilastras com os fustes ornados por acantos, quatro colunas
torsas, decoradas por pâmpanos e dois quarteirões, assentes em plintos paralelepipédicos, decorados
com marmoreados fingidos, as quais se prolongam em quatro arquivoltas, com anjos, querubins e motivos
vegetalistas, constituindo o ático; no primeiro intercolúnio, surgem dois nichos de volta perfeita,
sobrepostos, assentes em pilastras e divididos por apainelados de talha, contendo imagens de santos da
Ordem;” Portanto, podemos afirmar que, de facto, o interior é, especialmente, caracterizado pela
sua
riquíssima beleza compositiva que apresenta um conjunto de retábulos ornamentados por talha
dourada, junto de padrões azulejares...

Fachada: demonstra-nos fortes semelhanças com a igreja II Gesù, situada em Roma, a designada
igreja mãe da Companhia de Jesus, em Roma. A fachada principal encontra-se virada a Sul, dividida
em 5 panos delineados por pilastras toscanas colossais/grandiosas, sendo as exteriores duplas.
Observamos através do leve friso a definição dos dois pisos, o inferior composto por três portais
retilíneos, sendo o central de maiores dimensões, delineados por molduras recortadas e rematadas
por frontões, o central triangular e os laterais semicirculares. O superior é composto por três
grandes janelas, a central é delineada por um varandim, na zona superior observamos uma guarda
balaustrada e com remate em cornija, enquanto as laterais apresentam frontões interrompidos por
medalhões. “Os eixos extremos apresentam duas ordens de nichos de volta perfeita, os inferiores
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assentes em pilastras toscanas, e os superiores em pilastras de fuste liso e capitéis jónicos, com
cobertura em semicúpula concheada, contendo santos da Ordem (Santo Inácio, São Luís Gonzaga,
São Francisco Xavier e São Francisco de Borja); a estrutura remata em amplo friso e cornija, sobre os
quais surgem três panos, criando uma falsa tabela, o central proeminente, divididos por pilastras de
fuste liso e capitéis jónicos, sobre altos plintos paralelepipédicos; o pano central possui janela
retilínea, encimada por frontão semicircular concheado e cornija, sobrepujados por escudo
português rodeado por paquife e querubins, rematando em dupla cornija, uma angular e
contracurvada;”
“A torre E. tem a seguinte inscrição num dos sinos: "1748 / IHS"; um segundo sino possui a inscrição: 1731
/ IHS".”

Arquitetura monástica

Convento de S. Bento, Lisboa (1598-?): Antigo mosteiro beneditino, caracterizado pela sua
composição desenvolvida entre os estilos barroco e maneirismo. Edificação define-se através da
planta quadrangular, apresentando exteriormente diferentes volumetrias, com cobertura em
telhado de duas águas e 3 águas. Ao observamos o complexo apresenta-nos uma estrutura de 4
pisos, apresentando um pano de muro em cantaria ritmado por pilastras e janelas, sendo o último
piso caracterizado por diferentes volumes apresentando uma sacada com balaústres formando
frontões curvilíneos e angulares...

e Porto (1604): Monumentos

Mosteiro de Santos o Novo, Lisboa: O Mosteiro de St. O Novo, situado em Lisboa é uma das
edificações monásticas mais conceituadas na cidade. Reconhecido como o mosteiro das
comendadeiras espatárias, definido pela arquitetura baseada nos estilos barroco e maneirista. Este
foi desenvolvido durante o período filipino, composto por uma planta desenvolvida por dois corpos
justapostos, sendo um deles dominante. Através de vista aérea observamos um grandioso quadrado
que corresponde ao claustro da edificação. Como podemos observar na estruturação das fachadas
conventuais, especificamente, maneiristas, encontram-se rasgadas por grandes janelas retilíneas,
com molduras de cantaria, definidas por pilastras duplas toscanas.

Igreja: contém uma planta transversal, de nave única com eixo longitudinal, tendo uma capela-mor
de mesmas dimensões que a nave, observamos no seu interior o duplo coro, baixo e alto, e a
sacristia. O interior apresenta diferentes tipos de cobertura, a nave está coroada por uma abóbada
de berço assente sobre cornijas, observamos através dos alçados uma decoração riquíssima em
azulejo, o inferior ornamentado por oito painéis de azulejos azuis e brancos, com episódios da vida e
martírio dos oragos da Igreja (Veríssimo, Júlia e Máxima) e os superiores com telas pintadas, o
intermédio com cenas Cristológicas e as superiores com temática semelhante à dos azulejos.
Capelamor definida por um grande altar sobre um pedestal, possuindo um silhar com um altar em
mármores de influência florentina, apresentando uma decoração fitomórfica, com riquíssimos
painéis em talha dourada enaltecendo o fundo verde com elementos vegetalistas e concheados
representados e ainda, duas telas enquadradas por molduras de talha, representando a recolha e
transporte dos restos mortais dos Santos Mártires, intervaladas com duas janelas sobrepujadas por
sanefa. “Retábulo-mor de planta côncava, com três eixos, o central com tribuna elevada e trono,
surgindo na base dois nichos com imaginária a ladear um sacrário em forma de templete com
colunas torsas e porta ostentando custódia e resplendor.” É importante referir ainda, a cripta que se
insere por debaixo da capela-mor.
Iluminação através de várias janelas em capialço. Decoração unitária, de talha, pintura, azulejo, embutidos
de mármore florentinos e imaginária de madeira estofada, do estilo joanino.
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Contexto histórico:

Antecedentes relativamente á guerra da restauração! “Depois da morte sem herdeiros do rei Sebastião I
de Portugal em 1578 e de seu sucessor Henrique I de Portugal em janeiro de 1580, instaurou-se um vazio
de poder no trono de Portugal que provocaria uma crise dinástica. A crise deveu-se em grande parte
[9]

pela ausência de normas que regulassem adequadamente a situação e se produziu num momento de
decadência nacional, pelas derrotas no norte de África, a redução do comércio e os embates com os
piratas ingleses e franceses. As Cortes deviam decidir quem dentre vários reclamantes deveria ocupar o
[9]

trono português, mas antes de que a eleição fosse feita, Felipe II de Espanha (Filipe I de Portugal) se
antecipou à decisão, e amparando em seus direitos à sucessão à coroa portuguesa, ordenou a invasão
militar do país.”

Reinado de D. Filipe III, de Espanha (1605-1665): Tal como sei pai, foi rei de Espanha e Portugal. D.
Filipe III tornou-se rei ainda cedo, somente com 16 anos, sem qualquer tipo de experiência
governamental, acabou por não conseguir controlar a crise de todo o Império, proporcionando o
descontentamento agravado da população. Para além de enfrentar diferentes atentados ao seu
império por parte de diversos inimigos, como por exemplo, França, Inglaterra, originando na
conhecida Guerra dos Trinta Anos, mas mais situada em Espanha, caracterizando o seu reinado
através de um período crítico da história espanhola. Este quis transformar Portugal numa típica
província espanhola, porém, não saiu bem sucedido, pois com o aumento de impostos a população
ficava cada vez mais revoltada e descontente. Para fortalecer as relações entre os reinos decidiu
fazer uma visita a Portugal, aproveitando para homenagear o seu filho D. Filipe IV como o herdeiro
legítimo ao trono português. Este acaba por falecer de doença... sucedendo-lhe D. Filipe IV.

Reinado de D. Filipe IV: devido aos diversos conflitos e ondas de ódio desenvolvidas nos reinados
anteriores, durante o reinado de D. Filipe IV despertaram-se diferentes atentados ao poder,
proporcionando a designada Guerra da Restauração. Em 1640 a população da nobreza desenvolveu
uma conspiração proclamando a liderança por Duque de Bragança, mais tarde rei D. João IV de
Portugal... devido às diversas batalhas que enfrentava em ambos os territórios, português e
espanhol, o rei Filipe viu-se obrigado a assinar o tratado dos Pirenéus, em 1659. Desta forma,
diversas medidas foram tomadas, proporcionando o aumento de impostos, a desvalorização da
moeda e uma onda de descontentamento agressivo por parte da população! Apesar das
divergências na Europa, as colónias desenvolvidas no Brasil prosperavam a cada ano, marcando um
período de grande desenvolvimento para a colónia e prosperidade dos senhores...
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A nível religioso, era bastante afeiçoado à Igreja Católica, tendo como sua confessora, Maria de Jesus
de Ágreda.

A nível artístico: “Filipe IV é lembrado pelo entusiasmo com o qual colecionou obras de arte e pelo
seu amor ao teatro. No meio dramático, o monarca favoreceu dramaturgos ilustres, tendo sido
creditado na composição de várias comédias.”

A Espanha ficou imensamente debilitada como potência europeia com o conflito da guerra dos 30
anos. No caso português, as dificuldades que a Espanha tinha nos anos 40 conduziram à
insatisfação de alguns sectores em Portugal e a certo momento foram chamadas tropas
portuguesas para estes conflitos e isso causou em certos meios da nobreza uma insatisfação muito
grande. O ano de 1640 foi um ano terrível para a monarquia espanhol...

O designado ciclo de restauração e o problema do Proto-barroco:

Restauração: a época da restauração da Independência destacou-se na História Portuguesa e


Espanhola, pois ambos os reinos encontravam-se a ser governados pela dinastia Filipina, que
instalara a desordem e o descontentamento da população após implementar, ou tentar
implementar, a anulação da independência do Reino de Portugal. Apesar da guerra entre as regiões
ter-se alastrado por vários anos, desde 1640 até à década de 1670. Contudo, Portugal acabou por
vencer e definir a época da Independência de Portugal, implementando o fim da designada União
Ibérica (1580-1640) e também, da governação da dinastia Filipina, em território nacional.

“A Restauração da Independência ou Restauração de Portugal foi um processo histórico que buscou


a autonomia portuguesa após sessenta anos de União Ibérica (1580-1640). A União entre as coroas
não teve aprovação homogênea de ambos os lados desde seu início. Em Portugal, houve uma grande
rejeição popular, ao mesmo tempo que havia o interesse de alguns grupos da nobreza, do clero, da
burguesia e dos comerciantes por uma economia mais estável e um exército mais forte. Em Espanha,
existia a preocupação com um poder tirano, com seus negócios e domínios. Os primeiros
descontentamentos de Portugal com esta União, tiveram início com a ascensão de Filipe II ao trono,
tendo como argumento a sua ilegitimidade consanguínea e o não cumprimento de algumas
cláusulas do acordo feito perante as Cortes de Tomar em 1581. A Restauração teve apoio de nobres
e aristocratas, que se vinham organizando desde 1638 contra as políticas de descentralização e
neutralização, administradas pelo duque de Olivares.”

Em Portugal, ao longo do século XVII e, essencialmente após a designada Restauração, desenvolvida


entre 1640 e 1668, “emergem na arquitetura portuguesa formas barrocas em permanente processo
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de confronto com a herança maneirista.” (Alarcão, Jorge de, 1934 - “História da arte em Portugal”,
Lisboa: Alfa, 1986-1988; vol. 8, p. 9). O Barroco inicial português, a nível arquitetónico era,
especialmente, caracterizado pela exuberância delineada nos interiores das edificações,
principalmente, em contexto religioso, como por exemplo, igrejas, basílicas ou catedrais, que se
afirmavam através do requintado interior detalhadamente decorado. Para a ornamentação
utilizavam, sobretudo, dois elementos centrais nas designadas artes decorativas, a talha dourada e o
azulejo, mas para além destes utilizavam também retábulos e ornamentos escultóricos, tendo
“como objetivo de encher o vazio e valorizar sensivelmente os espaços internos.” (Alarcão, Jorge de,
1934 - “História da arte em Portugal”, Lisboa: Alfa, 1986-1988; vol. 8, p. 11).

“A Guerra da Aclamação ou da Restauração (1640-1668) seria, aliás, um palco absoluto para a


prática «lusitânica» da guerra e da fortificação.” (PP; p. 623).

Barroco em Portugal:

Estilo barroco insere-se em território nacional de um modo pouco presente, pois era difícil a
distinção entre estilo barroco e maneirista, estilo muito presente na época. “Tudo o que se situa
neste período de transição do gosto, entre um gosto português vernacular e um gosto cosmopolita
que só se manifesta plenamente no reinado de D. João V, foi e é inúmeras vezes catalogado como
«protobarroco». (Pereira, Paulo; “Arte Portuguesa - História Essencial”, Lisboa: Círculo de Leitores,
2011; p. 606). Porém, o designado estilo barroco, neste caso, tem uma outra expressão/significação
mais agregada/conectada com o intensificado sentimento católico, influencia proveniente de Itália,
maioritariamente. Observa-se em contexto português um ambiente de profetismo e messianismo
que se vai instalando, a partir do século XVI, proporcionando esta modernização estética.

Entrada no novo estilo artístico, designado por Barroco, desenvolvimento progressivo e


transformações marcantes nos diversos setores, principalmente, a nível artístico, por exemplo, as
edificações caracterizam-se pela arquitetura militar, produzindo diferentes fortificações, aludindo à
época dos Descobrimentos. Este tipo de construção foi, principalmente, influenciada pelo estado de
guerra instalado na Península Ibérica, designada como a época da restauração da independência,
que proporcionou uma série de mudanças significativas nos diversos setores do país. Por exemplo o
comércio colonial proveniente do Brasil estava cada vez mais fortalecido, proporcionando o
aparecimento de novos processos ornamentais, como por exemplo, a talha dourada, uma das artes
decorativas mais utilizada na decoração de espaços/edificações, principalmente, interiores da época.

A nível arquitetónico instala-se uma forma mais tímida de produzir as edificações, desenvolvendo
com base nos elementos centrais do barroco italiano, o quadrado e o círculo, proporcionando o

surgimento da designada planta centralizada, com uma decoração menos austera e mais rica,
animadora e modernizada.

Aparecimento de diversos arquitetos militares! Nesta época a cartografia sofreu também grandes
evoluções, permitindo um melhor delineamento das rotas comerciais.

Ex: Cidade de Elvas!

Arquitetura civil também sofre transformações, desenvolvendo novas estruturações para as casas
nobres/ricas. Palácio aristocrático ou casa senhorial?

Ex: Palácio Távoras-Galveias, Lisboa: Sobriedade e simplicidade assimétrica; fachada


interessantíssima!
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Palácio dos Marqueses de Tancos, também em Lisboa. Alinhamento de sacadas (as pequenas
varandas), característica de arquitetura chã. Tendo uma estruturação interessante devido ao plano
inclinado onde se insere...

Outro ex: Palácio dos Marqueses da Fronteira e Alorna, Lisboa: planta em U, quase como um palácio
vila, composto de fachadas complexas, com um jardim riquíssimo! Observamos no seu interior a
designada sala das Batalhas, revestida com inúmeros painéis de azulejos em azul e branco, que
demonstram os acontecimentos, batalhas, etc da restauração...

Palácio dos Marqueses de Fronteira – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

A arquitetura religiosa irá centralizar-se, sobretudo, na construção de obras comemorativas,


definidas pela planta centralizada!

Observamos um desenvolvimento do designado barroco severo, ou barroco inicial, caracterizado


pelas influências do maneirismo tardio, proporcionando o desenvolvimento de igrejas retangulares,
com fachadas simples e maioritariamente de formato retangular, geralmente delineadas por duas
torres e, tanto interiormente como exteriormente apresenta uma sobriedade decorativa, exceto nos
alteres, geralmente, altar-mor!

Arquitetos na época: João Nunes Tinoco: nasceu em 1610 e faleceu aos 79 anos de idade, em 1689.
Este foi um importante arquiteto português, pertencente a uma família reconhecida em Portugal,
filho de um arquiteto, Pedro Nunes Tinoco... João esteve envolvido nas mais importantes
construções da época barroca, destacando-se como sendo um dos primeiros a elaborar o estilo, por
exemplo, em 1661, desenvolveu o sacrário da Igreja de Santa Justa e também, pensasse que tenha
participado na empreitada de construção da igreja que marcaria o século XVII, a da Igreja de Santa
Engrácia, da autoria de João Antunes (1643-1712), outro grande arquiteto do estilo barroco em
Portugal.

Outro facto importante sobre Tinoco foi, quando o seu pai faleceu, deteve a cargo que lhe competia
como arquiteto da Casa das Rainhas, por D. Luísa de Gusmão.

e João Antunes: João Antunes – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Igreja de São João Batista, Angra, Açores: demonstram-nos uma obra decorativa, esta é uma típica
igreja fortaleza e não paroquiais/conventuais ou jesuítas... Observamos uma acentuação do portal,
por cima deste observamos a representação das armas em grande definição, observamos uma
decoração/ornamentação através de volutas, os frontões começam a desaparecer nesta época... A
torre e o seu remate, com os tetos em cúpula.

Igreja da Conceição, Atouguia da Baleia, 1694-1698, atr. João Antunes. Observamos uma
originalidade na galilé que contorna o edifício, contem 2 torres atarracadas, com uma cobertura em
cúpulas de pedra maciça. Observamos uma fachada interessante, com a estruturação curva! No
interior observamos uma nave única!

Ex: Igreja da Piedade em Santarém, 1664. Tem uma escala ligeiramente elevada, erguida em 1664 de
modo a comemorar a batalha do Ameixal, desenvolvida por João Nunes Tinoco e Jácome Mendes.
Observamos no interior uma cúpula interessante.

Ex: igreja da conceição, Colégio dos Jesuítas, Santarém, atualmente é a Sé de Santarém. Portal típico,
a enquadrar as armas, colunas torças/salomónicas, as volutas, uma grandiosa fachada decorada com
inúmeros elementos ornamentais!
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Ex: Igreja de St Engrácia, em Lisboa. Uma igreja interessantíssima! Esta é dedicada à virgem mártire
do séc. III, Santa Engrácia de Saragoça. Desenvolvida por João Nunes Tinoco (1616-1690) e João
Antunes (1645-1712); produziram uma planta dinâmica e movimentada, com formas pouco visíveis
na época, através de formas curvas e baseando-se na geometria, desenvolveram a edificação numa
planta em cruz grega, porém gerando uma planta centralizada, caracterizada pela sua grandiosa
cúpula, o último elemento a ser acrescentado ao edifício que levou anos a ser concluído, indo até ao
séc. XX. Esta demonstra-nos/alude-nos para as edificações presentes na cidade de Roma, devido à
utilização do barroco de carácter italiano!

Igreja: Esta é, especialmente, caracterizada pelos diferentes volumes que demonstra, observamos
uma articulação de volumes muito bem executada pelos arquitetos, desenvolvendo diferentes
coberturas, sendo a mais destacável a grande cúpula que protege/coroa a zona central, definida por
dois tambores. Esta edificação é composta por dois andares, a sua monumental fachada principal
caracteriza-se pela grande carga decorativa que apresenta, dividida por colossais pilastras com
volutas que definem os três panos, observamos um pequeno pórtico onde se insere a galilé com
tripla arcaria dando acesso ao nártex sobrepostos por nichos ornamentados através de esculturas.
No piso inferior destaca-se os 3 portais delineados por colunas salomónicas com capital duplo e
assentes em grandes plintos, o portal principal apresenta um friso rematado por um frontão
interrompido apresentando, ao centro, o símbolo do escudo das armas de Portugal e a coroa
sustentada por dois pequenos anjos, este conjunto ornamental assenta sobre asas de anjos,
enquanto os portais laterais apresentam uma decoração mais simplificada. O primeiro piso
apresenta duas janelas, caracterizado por uma resolução mais severa/austera, com torreões
flanqueados por pilastras, encontram-se separados por um corpo que forma uma zona concava, o 2º
tem uma janela no torreão e, na zona côncava, 3 de diferentes dimensões.

O interior: demonstra-nos, evidentemente, os dois andares, caracterizado pela grandiosa cúpula que
proporciona uma iluminação riquíssima de todo o interior. O primeiro andar é definido pela abside
na capela mor, inserida sobre um embasamento de degraus, demonstrando o órgão no topo e o
altar, os braços da cruz são rematados através de segmentos circulares ligados às quatro torres
exteriores dos ângulos, através de contracurvas, nestes observamos ainda 6 capelas formando uma
espécie de semicírculo, coroadas por abóbadas em concha. Observamos uma
unificação/harmonização entre os elementos decorativos presentes na edificação, demonstrandonos
o carácter barroco da época. Esta barroquisação encontra-se, especialmente, assente através da
utilização de mármores policromados que revestem as paredes e também, pelo movimento inserido
nos elementos arquitetónicos, procurando valorizar o designado jogo de luz-sombra.

É importante referir a sua importância atual, visto que em 1916 foi condecorada como Panteão
Nacional.

Ex: Igreja do Bom jesus, Barcelos. Caracterizada pela planta octogonal centralizada, esta foi uma
edificação desenvolvida por João Antunes, entre 1705-1710.

A fachada principal é coroada por uma torre sineira, contendo o portal principal decorado por um
frontão triangular e uma cruz, acima deste observamos um óculo, uma das fontes de iluminação do
edifício. Nas fachadas laterais, rasgam-se amplas janelas sobrepujadas por outras menores. Esta é
uma igreja de pequenas dimensões, apresenta-nos diferentes volumes, visto que no seu interior
demonstra uma planta em cruz latina, coroada por uma cúpula que contém ainda um lanterim
cilíndrico. O interior é definido pela decoração, pois as paredes são revestidas com belíssimos
azulejos setecentistas, da autoria de João Neto, mas, especialmente, pelos altares, em talha
dourada, sendo o altar-mor ornamentado com um painel pintado e ainda o coro composto por
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balaustrada em madeira com aplicações metálicas onde se insere oito painéis em tela. Ainda
podemos observar no interior o órgão desenvolvido por Calisto de Barros Pereira.

Do século XVII ao século XVIII

As artes decorativas: a talha e o azulejo (difusão)

Arquitetura efémera (passageira) e a festa!

A talha barroca: Afirma-se acima de todas as outras produzidas até ao século XVI. Sendo uma das
formas artísticas mais favorecidas pelo ambiente de religiosidade da Reforma Católica, após o
concilio de Trento. Esta apresenta características marcantes que proporcionariam ao espetador
estímulo dos mecanismos sensoriais. Tendo em conta que o Homem Barroco é marcado pelo espaço
sagrado. Encontra-se nas potencialidades simbólicas do dourado, a cor que define esta técnica,
cobrindo toda a madeira de branco após a preparação. Como o ouro era um elemento riquíssimo foi
o elemento mais adotado da época, sendo trabalhado através da expressividade da talha criando
narrativas artísticas, de modo a transpassar os símbolos característicos do Catolicismo como por
exemplo, os elementos vegetalistas como os cachos de uvas e folhas de videira, mas também as
famosas folhas de acanto, pássaros, pequenos anjos e flores: designados por elementos canónicos.
Esta encontra-se em diversos espaços nos interiores das igrejas, de modo a ornamentar todo o
espaço visível, tendo em conta a propagandística da igreja católica a talha desempenha um papel
fundamental para esta afirmação, encontra-se nos retábulos, púlpitos, órgãos, sanefas, molduras,
tetos, entre muitos outros espaços. Em Portugal a arte de entalhar será sem dúvida das mais
prestigiadas da época barroca.

Estilo Nacional: Finais do XVII- inícios do XVIII

Afirma-se já nos finais do século XVII, mas atinge o seu expoente máximo durante o primeiro quartel
do século XVIII. Caracteriza-se sobretudo na arte retablística, com a utilização de colunas
pseudossalomónicas constituídas por fustes em espiral geralmente de cinco espirais encontram-se
por vezes, apoiadas em mísulas também estas decoradas pelos quartelões- meras composições
laterais originadas pelas pilastras, mísulas... de modo a preencher os espaços interiores como
ilhargas. Os retábulos ganham uma continuidade com os remates de arcos concêntricos na zona
superior, muitos destes de inspiração/influência românica, uma característica típica do retábulo
português. estes transformam-se em manifestações artísticas magnificas gerando esculturas mais
dinâmicas e apelativas aos olhos do espectador. Elementos decorativos representados com maior
frequência: composições marcadas pelas famosas folhas de acanto, principalmente em Portugal
encontram-se em alto relevo, que incorpora pássaros ou meninos como pequenos anjos designados
de serafins, os diferentes elementos ligados à liturgia católica como folhas de videira ou cachos de
uvas (símbolo da Eucaristia).

Estilo Joanino: como o nome indica o estilo joanino está associado ao reinado de D. João V, sendo
demonstrada a influência italiana durou todo o seu reinado, dando origem ao forte desenvolvimento
de produções artísticas como arquitetónicas etc..

- Nasce a tendência de retábulos idênticos ao anterior, estilo nacional, mas apresenta uma
modificação na arte da talha, do ponto de vista estrutural reincorporando elementos arquitetónicos
no enquadramento retabular de modo a completar as peças, por exemplo: o arco joanino em
remate, com volutas por cima das colunas, os vocábulos como conchas, plumas, grinaldas, festões,
flores etc ganham uma expressão e significado alargado, substituindo os anteriores ícones
canónicos. Intensifica-se ainda a expressão escultórica, com a acentuação dos atlantes. A estrutura
retablística: sofre diversas conservações profundas, de modo a conceber uma nova composição
cenográfica em que o movimento seria o ponto chave/dominante. O esquema compositivo tornou-
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se mais elegante, abandonando a presença maciça o estilo anterior. adota verdadeiramente as


colunas salomónicas ou a variante churrigueresca muito utilizada no Norte. O trono mantém-se, mas
é mantido/zelado pela maior ostensão de modo a transmitir a grandiosidade da nova conceção das
formas e volumes ornamentais.

Alguns exemplos de edificações com este elemento decorativo: Convento da Madre de Deus, em
Lisboa. A sacristia da igreja de S. Vicente de Fora. A igreja de St. Maria de Setúbal - estilo nacional.

Porém, um dos melhores exemplos da utilização da talha dourada de maneira sublime é no Porto!
Ex: Ig de St Clara, no Porto, desenvolvida por Miguel Francisco da Silva, 1730. Observamos uma
fundição/unificação total da talha com os elementos compositivos, o dorcel, as dezenas de figuras, o
revestimento em Talha da abóbada, as colunas confundem-se com as figuras, as sanefas, os altares
laterais de pouca profundidade, os nichos, etc... marca o estilo joanino puro!

Azulejo: No final do séc. XVII, houve uma grande importação de azulejos azuis e brancos oriundos da
Holanda, que influenciariam posteriormente a produção portuguesa, marcando a época de
desenvolvimento e valorização do azulejo...

Ciclo dos Mestres – c. 1700 - 1725 - Tratam-se de azulejos figurativos e muitas vezes historiados
assinados pelos pintores, com temas muito variados que vão da ciência à religião, da mitologia à vida
cortesã - São enquadrados em molduras com uma grande ornamentação barroca, e têm inspiração
holandesa, por serem pintados apenas a azul e branco, tal como os azulejos daí provenientes. Alguns
dos principais mestres foram: Gabriel del Barco, PMP e Oliveira Bernardes.

Grande Produção Joanina – c. 1720 – 1750 - Proliferação do barroco na azulejaria portuguesa,


resultado do exibicionismo da corte e da nobreza portuguesas - Azulejos azuis e brancos, com
composições maioritariamente figurativas, delimitadas por elementos arquitetónicos que rompem
pelas paredes acima, e são azulejos caracterizados pela exuberância e teatralidade - Um tema muito
comum nesta época foram as “figuras de convite”, azulejos figurativos que representam uma
pessoa, que acolhiam os visitantes de um palácio.

Ex: ig. Das Mercês, Lisboa. Ig de S. Lourenço, Almancial, Policarpo de Oliveira Bernardes, 1736: estilo
joanino, figuras de convite! Quinta da videira, Montemor-o-Novo, séc. XVIII.

Subida de D. João V (1689-1750), reconhecido como O Magnânimo, foi rei de Portugal e dos
Algarves desde 1706 até 1750, ano da sua morte. Este era filho de D. Pedro II e Maria Sofia de
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Neuburgo. Casou-se com Maria Ana de Áustria, em 1709, tendo 6 filhos, sendo o seu sucessor, D.
José I.

O seu reinado ficou extremamente conhecido devido às diversas oscilações que decorreram no
passar dos anos, podemos até separar o seu reinado em duas partes, a primeira caracterizada pela
prosperidade de Portugal, tendo um papel ativo na política mundial, porém a partir de 1730, entra a
segunda parte do período joanino, em que o rei passou a ter outros interesses, apesar da aliança
estratégica com a Grã-Bretanha, o reino passou a sofrer uma verdadeira estagnação.

Este teve um papel central no desenvolvimento do reino, gerindo a fortuna oriunda das colónias do
Brasil, pois ainda em pequeno descobriu-se o ouro proveniente do Brasil, mandou edificar uma série
de monumentos, como também doou à Santa Sé, pois era um homem bastante devoto. Para além
disto, era especialmente ligado às artes valorizando o seu desenvolvimento e o ensino, fomentou os
estudos de história, língua portuguesa e astrologia.

Principais edificações mandadas construir: o palácio nacional de Mafra, biblioteca joanina na Univ de
Coimbra, o Aqueduto das águas livres, em lisboa, a coleção presente no Museu dos Coches, etc.

É importante afirmar que o estilo Barroco em Portugal perdurou por mais de 2 séculos, sendo
durante o reinado de D. João V, entre 1706 e 1750, que a matriz barroca italiana se implementou
fortemente na arquitetura, sendo determinada por um período de experimentação, principalmente,
a nível decorativo. “A época de D. João V é assinalada por um recrudescimento da atividade
mecenática do poder real, mercê da euforia económica proporcionada pelo ouro e pelos diamantes
do Brasil” (Pereira, Fernando António Baptista, 1953 - “História da arte portuguesa: época moderna:
1500-1800”; Lisboa: Universidade Aberta, imp. 1999; p. 75). Durante esta época desenvolveram-se
inúmeras construções arquitetónicas, como por exemplo, o grandioso Palácio-Convento de Mafra, a
Torre dos Clérigos situada no Porto, a Igreja Paroquial do Senhor Bom Jesus em Matosinhos, o
Palácio do Freixo no Porto, o Palácio das Necessidades em Lisboa, a famosa capela de São João
Batista, situada no interior da Igreja de São Roque, entre muitas outras, proporcionando a afirmação
do barroco pleno, consoante o designado período joanino.

Arquitetos notáveis desta época do designado barroco joanino!

Nicolau Nasoni (1691-1773), arquiteto italiano proveniente da Toscana, este ficou extremamente
conhecido em território português pois desenvolveu uma série de edificações, escolhendo Portugal
como o local para a projeção da maioria das suas obras. Este residia na cidade do Porto, durante a
época barroca, a mando do rei D. João V, desenvolveu a empreitada para a Sé do Porto, como
também para a célebre Torre e Igreja dos Clérigos, Igreja do Senhor Bom Jesus, em Matosinhos,
entre outras... Apesar de produzir os seus complexos durante o período barroco, demonstra-nos
uma certa influência oriunda das suas origens italianas, inspirando-se na tradição italianizante de
estruturar os edifícios... Este encontra-se atualmente sepultado na nave da Ig dos Clérigos.

André Ribeiro Soares da Silva (1720-1769): arquiteto português especializado na produção de


edificações retratando as inspirações do período barroco, assente na época, mas apesar disso as
suas obras encontravam-se divididas entre as duas correntes dispostas na época: rococó e tardo-
barroco. Para além de arquiteto, Soares foi um grande artista de obras de talha dourada, ferro,
desenhos e cartografia, uma área que se encontrava em constante evolução na época.

Tal como referi, este centra-se entre os estilos rococó e tardo-barroco, deste modo produz
construções singulares que traduzem os seus ideais, que proporcionou o desenvolvimento de um
desenho estrutural mais tardo-barroco desornamentado e o interior repleto de talha dourada,
definida através do estilo vibrante do rococó... a sua obra encontra-se maioritariamente a Norte de
Portugal. Ex: Palácio do Rio ou Igreja de St Maria Madalena, Braga...
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Johann Friedrich Ludwig ou mais conhecido em Portugal como João Frederico Ludovice. Foi
condecorado arquiteto mor do reino, nasceu a 1673, na Alemanha, e faleceu a 1752, em Portugal.

Ludovice foi um importante arquiteto residente em Portugal, a maioria da sua obra, em território
nacional, centra-se a Sul do país. Este ficou especialmente conhecido pelo desenvolvimento do,
provavelmente, maior edifício do século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra (1717-1730), mandado
construir pelo rei D. João V, para albergar a família real e a corte! João Frederico Ludovice –
Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Exemplo de construções importantes da época:

Igreja do Menino Deus: esta foi desenvolvida por volta de 1711, em Lisboa, atribuída a João
Antunes, pertencente á ordem Terceira de S. Francisco.Monumentos

O reinado de D. João V, é caracterizado como um período de prosperidade e riqueza, pelo menos


nos primeiros anos. Desde modo, desenvolveu-se uma série de construções arquitetónicas
relevantes, a mando do rei, muitas delas por parte de artistas estrangeiros, como por exemplo,
Nicolau Nasoni, Carlos Mardel, Ludovice, Juvarra, entre muitos outros...

Exemplos de obras:
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A célebre capela de São João Batista, presente no interior da grandiosa igreja de São Roque, em
Lisboa. Esta foi desenvolvida entre 1742 e 1747, por Luigi Vanvitelli e Niccolò Salvi, sabe-se ainda
que foi produzida em Roma e trazida para Portugal. Esta é caracterizada pelo requinte compositivo
da sua estruturação, concebida através de diversos elementos decorativos que demonstram o
carácter barroco assente na época. Representando as influências europeias, nomeadamente,
italianas, definida como uma obra singular, pois é constituída por um conjunto significativo de peças
de culto e elementos decorativos expressivos, inseridos/aplicados minuciosamente atribuindo uma
riqueza única. Por exemplo, o seu revestimento é composto por mármores, porém bastante
diferenciados, trabalhados de diferentes formas... observamos uma policromia aplicada ao
revestimento, em torno do lápis-lazúli, ágata, verde antigo, alabastro, ametista, jalde, diásporo,
entre muitos outros. Porém, para além deste, observamos uma excessiva utilização do bronze
dourado, de facto, a cor dourada caracteriza toda a capela. O quadro central e os laterais, tal como o
pavimento, são em mosaico, apresentando uma conceção excelente da aplicação do mosaico.
Observamos na pintura central: “Batismo de Cristo”, laterais: esq. “Pentecostes”, dir. “Anunciação” -
estas três pinturas foram produzidas por Agostino Massucci, pintor italiano... esta é também
caracterizada pela entrada em arco de volta perfeita, encimado/coroado pela representação
escultórica das Armas Reais de Portugal em relevo, ladeada por dois anjos. As cancelas e as portas
laterais, em bronze dourado, ostentam ao centro o monograma de D. João V.

O Real Palácio Nacional de Mafra: este foi, sem dúvida, o complexo construtivo que marcou o
período do estilo barroco em Portugal, desenvolvido a mando do rei D. João V, através da utilização
da riqueza proveniente do Brasil. Este encomendou a empreitada ao arquiteto, João Frederico
Ludovice e edificado pelo engenheiro-mor Custódio Vieira. Este é um grandioso/monumental
complexo edificado, tendo cerca de 4 hectares, juntamento com o Jardim e a Real Tapada de Mafra.
Encontra-se interiormente dividido em cerca de 1200 divisões, contendo mais de 4700 portas e
janelas, as escadarias são cerca de 156 e os pátios 29... este demonstra-nos semelhanças com outros
complexos construtivos, principalmente de matriz italiana, como por exemplo, Igreja de Gesù II ou
até mesmo a Basílica de San Pietro, no Vaticano, Roma, Itália...

Em 1907 foi classificado como Monumento Nacional e pertencente à lista do Património Mundial da
Humanidade, pela UNESCO, somente em 2019.

Para além do Palácio que serviria para albergar a família real e a corte, era composto por uma
grande basílica, um convento, os aposentos, a grande biblioteca, os jardins e a tapada.

“Conjunto de planta poligonal, composto pela articulação de vários módulos, maioritariamente de


quatro pisos sendo o último em mansarda, que formam uma grande massa quadrangular criada a
partir da justaposição de dois grandes corpos retangulares, organizados em torno de claustros
centrais quadrangulares (dois no corpo principal e um no secundário).” Monumentos

O corpo principal, virada a ocidente, contém o antigo paço real e a basílica, enquanto o secundário,
virado a nascente, alberga o antigo palácio e o convento. “As paredes das suas fachadas são
rebocadas e pintadas a ocre, percorridas por soco de cantaria calcária, sendo os vários panos
separados por pilastras do mesmo material, apresenta cornija saliente, pétrea, e platibanda servida
de balaustrada, sustentando elegantes gárgulas decoradas com volutas, também em mármore. São
rasgadas por vãos, maioritariamente retilíneos, com molduras de cantaria. Coberturas telhadas a
duas águas, articuladas nos ângulos, em domo bolboso acantonado por pináculo nos torreões,
igualmente em domo bolboso nas sineiras da basílica, que contemplam fogaréus nos acrotérios,
motivo que ladeia, igualmente, o tímpano da fachada principal do templo, que contempla, ainda,
cúpula elevada sobre tambor vazado por janelas.”
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Palácio: observamos um complexo construtivo caracterizado pela planta poligonal formada através
de um grande módulo retangular que se encontra interrompido ao centro devido ao corpo da
basílica. Este é desenvolvido no sentido norte-sul de formato longitudinal, rematado, nos extremos
por dois grandiosos torreões quadrangulares, que nos remete para a arquitetura militar, para além
disso, demonstra-nos influências por parte de Filippo Terzi, quando este desenvolveu o Paço da
Ribeira em Lisboa. A fachada principal é caracterizada pela sua monumental, como em todo o
edifício, de formato plano, observamos a definição/delineamento de 3 pisos e 9 panos, delineada
nos extremos pelos torreões, ao centro observamos a fachada principal da Basílica! Esta é acedida
através de um lance de escadas, o piso térreo apresenta-nos 5 portais, 3 principais, e 2 portas
enquadradas entre colossais colunas, os panos extremos são caracterizados pelas duas torres
sineiras que delimitam a fachada, caracterizadas pela sua elegância estrutural, com um dinamismo
que volumétrico atribuído através do jogo de côncavos/convexos, coroadas por cúpula e lanterim de
influência borrominiana, no 1 nível observamos o enquadramento de um módulo central onde se
abrem, num primeiro nível, os cinco vãos de acesso à galilé, através de dupla colunata, onde seis
colunas jónicas criam uma galeria de três arcos de volta perfeita e dois vãos de verga reta, ladeados
por dois nichos albergando estatuária monumental: duas estátuas de vulto em mármore, em fosco,
atribuídas a Giovanni Battista Maini, com 2,810 metros cada, à esquerda, Santa Clara, fundadora da
congregação feminina da Ordem de São Francisco, aqui representada com o hábito da ordem,
segurando com as duas mãos o ostensório, seu atributo, e, à direita, Santa Isabel da Hungria,
envergando o seu hábito de clarissa, segura um Crucifixo, a cuja adoração dedicou a sua vida, e pisa
a coroa, símbolo da sua abdicação. O segundo piso, da fachada, demonstra-nos 5 janelas
molduradas, sendo a central maior do que as restantes, como também podemos observar dois
nichos que contém duas estátuas de vulto em mármore, que representam à esq: S. Francisco de
Assis, da autoria de Carlo Monaldi, e à dir: S. Domingos da autoria de Pietro Bracci. O 3º piso é
especialmente caracterizado pelo coroamento através do frontão triangular inserido sobre mísulas
com volutas...

Interior do Palácio: a entrada é feita pelo 2 pano da fachada principal, pela entrada da Basílica, onde
nos leva para um espaçoso átrio que nos indica o acesso para o torreão, claustro, escadarias que nos
levam para o andar superior onde se insere as galerias palacianas, as cozinhas, etc... no 1 piso, ao
nível da cave, encontramos as dispensas e ucharias, 2 pisos: aposentos dos camareiros, damas da
corte, 3º: quartos/aposentos reais, que caracterizam a grande parte da fachada principal e os
quartos dos criados nas águas furtadas.

Basílica: formada com planta em cruz latina, tendo os braços e a abside em semicírculo, que nos
remete para as plantas da Basílica de S. pedro em Roma e para a igreja de Gesù II, tbm em Roma.
Esta é composta por uma galilé retangular os topos são em semicírculo, tendo uma só nave, porém
com 6 capelas laterais, 3 de cada lado, retabulares e profundas, o transepto é proeminente,
albergando duas capelas retabulares, observamos ainda duas capelas absidais retangulares e por
último a capela-mor profunda, “Na sua volumetria destaca-se o zimbório que se levanta sobre
tambor vazado por oito janelas, com molduras profusamente trabalhadas ladeadas por colunas
coríntias, que sustentam o peso da dupla calote da cúpula, em cujos panos se rasgam dois olhos de
boi sobrepostos. O lanternim ostenta oito janelas ladeadas por colunas jónicas, coberto por
coruchéu bolboso, rasgado por pequeno óculo e encimado por esfera e cruz.” informação retirada
do website monumentos....

Interior da basílica: Monumentos

O terramoto de 1755 e os seus efeitos


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No dia 1 de Novembro, de 1755, desenvolveu-se ao largo da cidade de Lisboa um grande


terramoto que originou um tsunami vindo a abalar a antiga cidade lisboeta, destruído grande parte
do que fora desenvolvido até à data. “Das quarenta igrejas paroquiais, trinta e cinco
desmoronaramse, arderam, ou ficaram em ruínas, só onze conventos dos sessenta e cinco existentes
ficaram habitáveis, embora com danos, nenhum dos seis hospitais se salvaram do fogo e trinta e três
residências das principais famílias da corte ficaram destruídas” (França, José Augusto, 1922 - “A
reconstrução de Lisboa e a arquitectura pombalina”; 3ª ed. Lisboa: Inst. Cultura e Língua Portuguesa,
1989, p. 11-12).

“A cidade, como vimos, ficara em parte arrasada pelo sismo e em maior parte foi devastada
pelo fogo.” (França, José Augusto, 1922 - “A reconstrução de Lisboa e a arquitectura pombalina”; 3ª
ed. Lisboa: Inst. Cultura e Língua Portuguesa, 1989, p. 11) Porém, proporcionou o desenvolvimento
de novas edificações e um planeamento totalmente diferente do que existira. A cidade de D. José I
(1714-1777), foi aos poucos voltando a edificar-se com a ajuda de socorros provenientes de países
estrangeiros e do Brasil, mas foi mediante diferentes figuras importantes, tais como o rei D. José I, o
engenheiro Manuel da Maia (1677-1768), o ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782),
mais conhecido como Marquês de Pombal, entre outros, as quais foram determinantes para o
desenvolvimento do novo planeamento urbanístico da cidade. Manuel da Maia foi uma figura
significativa para o avanço construtivo, tendo como principal objetivo, após a catástrofe, colmatar os
principais problemas da cidade e a partir daí traçar e produzir as ruas, as praças, como também
estruturar as novas edificações arquitetónicas consoante uma estratégia antissísmica. Apesar da
iniciativa de Maia, o desenvolvimento das obras demorou imenso tempo, pois existiam inúmeras
propostas, mas no ano de 1758, elegeram, finalmente, o 5º projeto da autoria de Eugénio dos Santos
e Carvalho (1711-1760). “Um tempo que necessariamente se alongou em razão de dificuldades de
vária ordem, acordos na distribuição dos terrenos, regimes de propriedade, infraestruturas que era
preciso preparar e que começavam por depender de desentulhamento, de recuperação de materiais
e de nivelamento dos terrenos (…)” (França, José Augusto, 1922 - “A reconstrução de Lisboa e a
arquitectura pombalina”; 3ª ed. Lisboa: Inst. Cultura e Língua Portuguesa, 1989, p. 50).

O projeto de Eugénio dos Santos foi continuado, posteriormente, por Carlos Mardel (1695-1763), um
“húngaro chegado a Portugal em 1733, e protegido pela rainha austríaca, (…)” Originando num
traçado regular do planeamento urbanístico e edificado da cidade, onde existia uma hierarquia das
diferentes vias, como por exemplo, foram definidas três principais ruas que articulavam com as duas
principais praças, a grande praça do Comércio, situada atualmente no Terreiro do Paço e a praça do
Rossio. Nesta época já é possível observar o gosto barroco, principalmente, após a vinda de Carlos
Mardel. Porém, apesar da importância de figuras como Eugénio ou Mardel, foi o ministro Marquês
de Pombal quem definiu o período de reconstrução da cidade, executando uma série de leis que
estabeleceram a ordem após o caos, proporcionando novas regras construtivas e dispositivos que
controlavam o cumprimento das obras de acordo com o projeto traçado. Observamos no processo
de reconstrução um novo planeamento no traçado das ruas, não reaproveitando grande parte das
velhas ruas da cidade, pois desenvolveram novas praças e ruas que possibilitavam, no caso de uma
nova catástrofe natural, pontos de fuga e de concentração da população. Sendo assim, esta área da
cidade de Lisboa ficou para a história como a designada Lisboa Pombalina. As edificações também
sofreram alterações na sua estruturação, sendo preparadas através de materiais e planos
antissísmicos, como por exemplo, na estruturação das paredes, com uma armação interna em
madeira, designada por gaiola pombalina. “A «gaiola» é uma estrutura de madeira que, em caso de
terramoto, poderá suportar os sobrados, no meio de desmoronamento das alvenarias que delas se
separam. A sua elasticidade, obtida por um jogo maleável de peças de madeira, garante-lhe uma
resistência muito grande.” (França, José Augusto, 1922; Francastel, Pierre - "Lisboa pombalina e o
iluminismo”. 2ª, rev. e aumentada. Amadora: Bertrand, imp. 1977; p. 157).
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É importante percebermos o que se entende por estilo pombalino. “Numa época em que o
rococó triunfava por toda a Europa e também em Portugal, a arquitetura pombalina parece lutar
contra a corrente, ao propor um certo regresso a formas simplificadas e geométricas que lembram o
«estilo chão» de seiscentos (…)” (Pereira, Fernando António Baptista, 1953 - “História da arte
portuguesa: época moderna: 1500-1800”; Lisboa: Universidade Aberta, imp. 1999; p. 91). Perante a
persistência do contexto de reorganização pombalina na cidade de Lisboa, desenvolveram-se novas
edificações em diferentes contextos, como por exemplo, em contexto religioso surgiram novas
igrejas, basílicas e catedrais....

Custódio Vieira: arquiteto e engenheiro português do século XVIII, desenvolveu inúmeras


edificações a mando do rei D. João V, como por exemplo, o Aqueduto das Águas livres, em Lisboa, o
palácio de Vendas Novas, colaborou na edificação do real palácio nacional de Mafra, como também
para o palácio conventual das Necessidades, entre outros...

Carlos Mardel:

Eugénio dos Santos:

Manuel da Maia:

Palácio-convento da Nossa senhora das Necessidades: pensasse que tenha sido desenvolvido
através das influências de Giovanni Servandoni, por Cetano Tomás de Sousa e Custódio Vieira.
Produziram este complexo edificado, entre 1743 e 1752, composto pelo convento masculino, o paço
real e a igreja correspondente ao convento. Observamos uma construção com base no carácter
italiano, demonstrando-nos a matriz da arquitetura barroca joanina, que assinala a produção
arquitetónica da época. Desenvolvido em planta poligonal, complexa devido aos diferentes
elementos que constituem o edifício, observamos assim, exteriormente, um conjunto de volumes
articulados, de formato retangular, geralmente cobertos por telhado a 2 águas. A fachada principal:
virada a sul, constituída por 3 diferentes corpos do Palácio delineados por pilastras, onde
observamos 24 janelas no piso térreo e outras tantas, no andar nobre, como também, pela fachada
principal da igreja que se insere um pouco mais adiante desta. O acesso à igreja decorre pela galilé,
através de um portal encimado por um grande relevo em mármore que demonstra a figura de Nossa
Senhora das Necessidades, flanqueada por 2 nichos onde se inserem duas estátuas: dir: S. Paulo e
esq: S. Pedro, estas estão assinadas por José de Almeida e Alessandro Giusti. A torre de origem
barroca de formato quadrangular contem 4 ventanas sineiras e é adornada com fogaréus.

Interior: interiormente apresenta uma riquíssima composição de todos os elementos decorativos,


por exemplo, nos pátios, o pátio central apresenta as paredes revestidas com painéis em estuque,
conduzindo à galeria, nesta observamos 3 arcadas assentes sobre colunas em madeira dourada, com
os fustes ornamentados de forma canelada e de ordem dórica. O piso nobre apresenta a Sala dos
Embaixadores em que o teto é o elemento central da decoração, desenvolvido através de uma
pintura de temática vegetalista; o Salão de Jantar composto pela tribuna para albergar a orquestra
assente/sustentado por oito colunas enfeitada por esculturas alegóricas e emblemas pertencentes à
heráldica real; antecâmara amarela, estuques revestidos em dourado; o Gabinete do Ministro,
interior policromado; “a Sala do Trono, em cujo teto, de caixotões (estuque dourado e pinturas
ornamentais), se observa, no centro, uma pintura a óleo; a Sala do Protocolo (antigo Quarto de D.
Carlos), revestido a talha em madeira de carvalho ao gosto neorrenascença (executado por Frederico
A. Ribeiro, 1905); a galeria da antiga Biblioteca Real, a denominada Sala de Trabalho e a Biblioteca,
compartimentos, todos eles, decorados com madeiras exóticas entalhadas, observando-se na
Biblioteca a talha proveniente da demolida (1878) Sala dos Reis do mosteiro de Santa Maria de
Belém e que Leandro Braga adaptou a esta divisão do palácio. No Largo das Necessidades ergue-se
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um chafariz monumental constituído por vasca calcária quadrilobada em cujo centro pontua um
obelisco de mármore com quatro carrancas de bronze. A Tapada, a norte do palácio, possui variadas
espécies vegetais exóticas, algumas construções, designadamente a Casa do Regalo e também obras
de escultura.”

Monumentos

Apos o barroco português, não devemos afirmar a chegada do período proto-barroco ou barroco
tardio, mas sim uma reconstrução do pombalino!

Praça do Comércio – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

O barroco e a variação regional

Nicolau Nasoni e o Porto: Arquitetura barroca em Portugal – Wikipédia, a enciclopédia livre


(wikipedia.org) (Ver)

André Soares e Braga

O tema de casa senhorial

Os santuários de peregrinação: de Norte a Sul


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Colégio de S. Lourenço, reconhecida como Igreja dos Grilos, localizada no Porto. Foi construída
entre 1614 e 1709. Foi desenvolvida pelos jesuítas presentes em Portugal na época, demonstra uma
arquitetura de estilos variados, como por exemplo, barroco, neoclássico e maneirista. Esta
constituise por uma planta irregular, longitudinal, apresenta no interior uma nave única, de quatro
tramos, de onde se abrem 6 capelas intercomunicantes, 3 de cada lado. A fachada principal
apresenta um certo equilíbrio, dividida em dois registos definidos pelo entablamento suportado
através de pilastras colossais, pertencentes à ordem toscana, sendo nos extremos duplas. O eixo
central desenvolve-se através do portal principal, coroado por um frontão curvo, delineado por
colunas de capitéis coríntios, assentes sobre pedestais chanfrados, estas suportam um
entablamento com friso decorado, para além disso suporta uma espécie de frontão interrompido
pelo símbolo/emblema da Companhia de Jesus, coroado um frontão triangular. No piso inferior, nas
laterais do portal principal, observa-se duas pequenas portas, coroadas por frontões triangulares. No
2º piso, ao lado do emblema “IHS” observa-se, nas laterais, 2 janelas coroadas por frontões
circulares, acima deste, no 2º registo, observa-se o 3º piso com um janelão central coroado por
cornija sobrepujada por motivo concheado e frontão triangular. Nas laterais observa-se dois nichos
com semicúpulas decoradas, provavelmente teriam estátuas, atualmente já não contém, acima
destes inserem-se dois retângulos vazios e por último....Monumentos

Igreja de São Vicente, Braga,1691.

Igreja Bom jesus da Cruz, Barcelos, 1705-1710. Desenvolvida por João Antunes.

Nasoni: “Nascera na Toscana, em San Giovanni Valdarno di Sopra. Em Itália foi aluno do pintor
Giuseppe Nasini (1657-1736) e em Siena iniciou uma atividade ligada à arte efémera.” (Paulo
pereira,
p. 70). O seu percurso artístico e contacto com figuras como o grão-mestre frei D. António Manuel
de Vilhena, Jerónimo de Távora ou Noronha Leme Cernache, permitiram-lhe uma passagem
facilitada para o trabalho na área portuense. As suas primeiras empreitadas na zona norte nacional
caracterizaram-se pelo restauro de boa parte da Sé portuense. (Renovação Sé do Porto, 1725-33,
com mestres pedreiros Miguel Francisco da silva e António pereira. Logia lateral paladiana de Nasoni
na Sé do porto... caracterizada pela teatralidade e barroquização serliana...) “As obras da Sé
decorrem num período de vacância entre 1717 e 1741 e contemplam escadarias, uma nova fachada
para a sacristia, uma Sala do Capítulo e uma cenográfica galilé (1736) na fachada norte.” ( Abreu,
Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957- - História da arte portuguesa. Lisboa:
Temas e Debates, 1995-1999, vol. 3; p. 71). Neste projeto Nasoni desenvolve particularidades que
viria a aplicar nos restantes projetos futuros, como por exemplo, a invenção e teatralidade, a
construção de uma nova espacialidade compositiva, utilização da luz como efeito principal,
desenvolvimento de um naturalismo decorativo que caracteriza as suas edificações de forma
expressiva e singular.

Em
igreja, destinada à Irmandade dos Clérigos. Neste âmbito surge a designada Igreja dos 1731,
Clérigos, o
arquiteto Nasoni faz parte de uma nova empreitada, desta fez para a conceção de uma junto da
grande torre dos Clérigos, dois complexos edificados que nos demonstram o carácter barroco da
época, principalmente implementado por um arquiteto estrangeiro, Nasoni. “Em 1748 o edifício
estava já em grande parte terminado e em Junho é aí celebrada a primeira missa; a sagração do
novo templo ocorrerá a 12 de Dezembro de 1779.” (Abreu, Mila Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ;
Pereira, Paulo, 1957- - História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999, vol. 3; p.
71).
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Quem encomenda? O Deão da sé do porto.

1732 - Início;

1754 - casa e hospital;

1757 – torre;

1779 - sagração da Igreja.

O desenvolvimento da escadaria só decorreu durante a década de 1750, tendo demorado cerca de 4


anos até estarem totalmente concluídas. Para além destas, ficavam em falta a célebre Torre dos
Clérigos e a casa, tendo os trabalhos decorrido até ao ano de 1763.

A igreja caracteriza-se, principalmente, pela sua localização, exposta no cimo/cume de uma rua,
atualmente designada como Rua dos Clérigos, a sua fachada apresenta pormenores singulares,
destacando a expressividade estrutural que desperta a atenção do espectador, acedida através da
grande escadaria, observa-se, exteriormente, a fachada desenvolvida através da utilização excessiva
de elementos decorativos, caracterizada especialmente como fachada de aparato, que colaboram e
despertam a expressividade que Nasoni aplica às suas construções, através de um cenário pensado e
rigoroso. “O rigor vem da simetria construída a partir de um eixo que parte da cruz e vem até à
porta; da colocação de elementos estruturantes como o frontão, as pilastras, a cornija.” (Abreu, Mila
Simões de; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957- - História da arte portuguesa. Lisboa: Temas e
Debates, 1995-1999, vol. 3; p. 71). Observamos nas laterais uma composição complexa... Edificação
de planta elíptica, de nave única, com uma capela-mor retangular, pouco profunda, contém uma
sacristia e uma torre muito interessante, em cantaria aparelhada. O interior é de certo modo
ritmado e muito interessante, através da utilização de pilastras coríntias, como também através da
utilização de capelas colaterais decoradas através de retábulos e sanefas dourados/as, revestidos em
talha dourada demonstrando/acentuando o estilo joanino, presente na época. A escultura também
é um elemento muito presente no seu interior, especialmente, a escultura arquitetónica, que junto
dos restantes elementos ornamentais assumem um espírito cortesão, aludindo ao que seria o
rocaille. A igreja é, de facto, muitíssimo interessante, porém no interior é muito escuro, devido à
falta de iluminação pelas janelas...

A torre: tem cerca de 75m de altura, está dividida em 6 níveis diferentes, atraves do delineamento
das cornijas e dos cunhais arredondados. “Sobrepõem-se, no 1º registo, porta, medalhão com
legenda bíblica e nicho com imagem de São Filipe de Nery; no 2º, uma janela; no 3º, sineira com
frontão triangular e medalhão com monograma AM e chaves de São Pedro; no 4º moldura com
legenda bíblica e, na face oposta, janela com balaustrada. Seguem-se 2 outros registos,
sucessivamente mais recuados criando varandas com balaustrada e fogaréus nos cunhais; no último,
abrem-se 4 sineiras, e tem remate em cúpula bolbosa de secção quadrada.”

Teto do corpo interior da Sé de Lamego. “Pinturas de quadratura nos tramos da abóbada da nave,
emoldurando cenas bíblicas.”

“A outra grande obra de arquitetura religiosa deste período é a fachada da igreja da Misericórdia do
Porto (1749-1750).” (Abreu, Mila Simões de ; Arruda, Luísa, 1949- ; Pereira, Paulo, 1957- História da
arte portuguesa. Lisboa : Temas e Debates, 1995-1999. Vol. 3, p. 72). Neste complexo edificado,
Nasoni desenvolveu uma fachada formidável/sublime, enaltecendo a ornamentação excessiva em
diversos elementos da fachada, como por exemplo, as janelas, coroando os portais, o frontão, entre
outros.
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Ex: Igreja do Bom jesus de Matosinhos, 1741. Monumentos

Arquiteto original (1559-1579) João de Ruão; Ampliação (1741-1760): Nicolau Nasoni.

A igreja do Bom Jesus de Matosinhos, apesar de pertencer ao arquiteto e escultor


renascentista, João de Ruão, este complexo construtivo sofreu alterações e modificações/melhorias
em meados do século XVIII, pelo arquiteto estrangeiro Nicola Nasoni. Nasoni aplicou um carácter
barroco, nesta igreja de planta em cruz latina, composta por três naves e cinco tramos. No interior
observa-se a separação das naves através da sucessiva arcaria de volta perfeita sustentada por
colunas de ordem jónica, nas naves laterais observa-se a introdução de dois púlpitos caracterizados
pela talha dourada que os reveste, ao fundo insere-se a capela-mor retangular, toda revestida em
talha dourada, tal como os restantes elementos decorativos inseridos nesta. As naves encontram-se
decoradas por sanefas e gradeamentos em talha, tal como o arco triunfal que abre/principia a
capela-mor. Outro ponto importante neste interior é o transepto, ornamentado através da utilização
de retábulos pictóricos, revestidos em talha dourada inseridos nas capelas do Santíssimo
Sacramento e do Senhor dos Passos. No exterior, a fachada principal compõe-se de forma ritmada,
através da aplicação de pilastras que separam os dois campanários laterais que definem o corpo da
fachada. Os campanários terminam através de frontões interrompido e ornamentados por 4
fogaréus e nichos com estatuetas. A fachada destaca-se, principalmente, devido ao trabalhado que
caracteriza os remates, frontões e pilastras, conferindo à fachada um jogo de elementos decorativos,
como por exemplo, volutas, curvas contorcidas e fogaréus. Para além da diversa ornamentação,
observa-se no piso térreo 3 portais retos e coroados por frontões interrompidos por cartelas.

Introdução do estilo rococó!

O designado estilo rococó instalou-se em território nacional, maioritariamente, durante o reinado de


D. José I (1741-1777), filho de D. João V e D. Maria Ana de Áustria.

A abundância de recursos e riqueza provenientes das áreas colonizadas, como o Brasil, permitiu a
continuação da política de ostentação, proporcionando deste modo o desenvolvimento de uma
arquitetura de luxo, influenciada pela arquitetura europeia produzida no estrangeiro,
maioritariamente, em Itália. Porém, o período de esplendor do estilo rococó ficou extremamente
marcado pela catástrofe desenvolvida em Lisboa, o terramoto de 1755.

Observamos construções arquitetónicas que destacam a exuberância e ornamentação do estilo


rocaille, como é o caso da igreja da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego. Ou o complexo
construtivo, o Santuário da Falperra, em Braga, desenvolvido por André Soares. Em Lisboa, após o
terramoto, edificou-se a célebre Basílica da Estrela.

Ex: Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, no Porto.Monumentos

Ex: Igreja do Carmo, Porto.Monumentos

Palácio do Freixo, desenvolvido no Porto, por Nicola Nasoni. Encomendado por D. Jerónimo Távora
e Noronha, 1750.

Observa-se neste complexo edificado a tentativa de harmonização, que Nasoni produziu, com o
meio envolvente. No ponto de vista da fachada não observamos elementos inovadores... o traço
nasoniano apresenta-se nas torres e escadaria: balaustradas, zona superior da fachada, o frontão
extremamente trabalhado, etc... as molduras das janelas, quase como se fossem um contínuo das
janelas, etc. Demonstra-nos uma cenografia estudada por parte de Nasoni. A escadaria esta
“recortada”; antes observávamos um conjunto de “escamas”, sendo atualmente todo branco... Os
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portais do corpo central são cingidos por cunhais, terminando em frontões interrompidos, e sobrepujados
pela pedra de armas do Barão do Freixo.

Palácio formado por uma planta quadrangular com torreões ligeiramente proeminentes, cobertos
por torreões em pirâmide e ladeados por coruchéus menores. De forma a unir os torreões, o
arquiteto utilizou jarrões ornamentais. “Interior: pinturas murais em tons de azuis, castanhos, ocres,
vermelhos e rosas em alçados e vergas de vãos; o interior encontra-se totalmente adulterado e
descaracterizado, face às sucessivas alterações a esmo. No jardim O. existe um belvedere, típico dos
jardins italianos da época que pelo andar térreo dá acesso ao Terreiro E. Este, em forma de hemiciclo, é
flanqueado por dois pequenos pavilhões e ornamentado com tambores, elmos, escudos e bandeiras,
canhões, bolas, etc.”

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