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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

BACHARELADO EM ARTES VISUAIS


DISCIPLINA HISTÓRIA DA ARTE
PROFESSOR RUBENS RAMOS

ISADORA SILVA SOUZA E SILVA

RESENHA CRÍTICA
Do capítulo 8 ao 11- Livro História da Arte de Ernst Gombrich

Cachoeira
2022
A ARTE OCIDENTAL EM FASE DE ASSIMILAÇÃO

Neste período seguinte à queda do Império Romano que se estende do


século VI ao XI a história da arte ocidental compreende a assimilação aos ideais
do papa Gregório I Magno de que as imagens deveriam ser usadas para ensinar
os conhecimentos sagrados aos leigos, em sua maioria analfabetos. Nesse
período poucas pessoas sabiam ler. Essa atividade era um privilégio dos
membros da Igreja e dos nobres. Portanto, a arte europeia medieval tinha o
intuito de didático de aproximar as pessoas do cristianismo principalmente como
instrumento catequização e dominação dos povos pela Igreja Católica.

Sendo assim a arte europeia da época foi marcada por uma forte influência
da Igreja Católica, nesse contexto os artistas não estavam interessados em criar
uma semelhança convincente com a natureza ou influenciados por um senso de
perfeição estética, queriam comunicar os ensinamentos da História Sagrada.
Foram aproximadamente quinhentos anos em que não se viu o surgimento de
qualquer estilo claro e uniforme, e sim o conflito de um grande número de estilos
diferentes que só começaram a se fundir já em fins desse período.

Ao longo desses cinco séculos existiram homens e mulheres, principalmente


ligados ao clero que eram considerados admiradores das obras de arte do
mundo antigo e tentaram preservar obras em depósitos e bibliotecas, mas com
frequência, seu trabalho era reduzido a zero por causa de novas guerras e
invasões por incursores vindos do norte, cujas opiniões acerca da arte eram, de
fato, muito diferentes.

Esses têm origem de várias tribos teutônicas, os godos, vândalos, saxões,


suevos e Vikings compondo uma variedade cultural dos povos que entre os
séculos V e IX invadiram a Europa destruindo e pilhando, estes foram
considerados bárbaros por aqueles que apreciavam as realizações gregas e
romanas na literatura e na arte. A arte desses povos pode ser caracterizada pela
mistura de elementos europeus e asiáticos, tendo grande influência dos contatos
entre as diversas tribos, seja pelos fluxos migratórios, seja pelo comércio entre
diferentes culturas.
Tinham artesãos habilidosos entalhadores excelentes comparáveis aos dos
maoris da Nova Zelândia e trabalhos em ourivesaria com a predominância de
elementos entrelaçados, geométricos e de animais simbólicos e míticos,
gostavam de complicados padrões que incluíam os corpos contorcidos de
dragões, ou aves misteriosamente entrelaçadas. A origem desse padrão artístico
é totalmente relacionada com as crenças e a mitologia das tribos ancestrais
primitivas, que concebiam as imagens artísticas como instrumento ritualístico.

Esses grupos, essencialmente nômades, não demoraram a assimilar a


cultura cristã dos povos conquistado ao mesmo tempo que lhes transmitiam seus
próprios traços culturais, o que deu origem a uma arte completamente diferente,
que assentaria as bases para a arte europeia dos séculos VIII e IX: o estilo
românico.

Tinham artesãos habilidosos entalhadores excelentes comparáveis aos dos


maoris da Nova Zelândia e trabalhos em ourivesaria com a predominância de
elementos entrelaçados, geométricos e de animais estilizados simbólicos e
míticos, gostavam de complicados padrões que incluíam os corpos contorcidos
de dragões, ou aves misteriosamente entrelaçadas, a origem desse padrão
artístico é provável que surgiu em decorrência das ideias das tribos primitivas
em toda parte. Há razões para crer que também elas concebessem essas
imagens como um meio de realizar práticas de magia e exorcizar espíritos
malignos. As figuras esculpidas de dragões provenientes de trenós e navios dos
Vikings dão uma boa ideia do caráter dessa arte.

Os monges e missionários da Irlanda céltica e da Inglaterra saxônia tentaram


aplicar as tradições desses artífices nórdicos às tarefas da arte cristã, ou melhor
como de costume a Igreja Católica se apropriou de traços e elementos da cultura
nórdicos com intuito de aproximar os ensinamentos cristãos dos mais diferentes
povos, seguindo a estratégia geral do cristianismo de catequizar para dominar.
Construíram então, igrejas e campanários em pedra imitando as estruturas de
madeira usadas por artífices locais.
Foi no período caracterizado pelo declínio do sistema feudal, denominado de
Alta Idade Média, entre os séculos V e IX, que se desenvolveu a arte românica
movimento artístico que aconteceu logo após o fim do Império Romano. Até
então, a produção cultural apresentava características variadas, expressando a
arte de modo diverso baseado na cultura de diferentes povos europeus. Porém,
esse aspecto difuso teve seus dias contados. Isso porque, devido às intensas
peregrinações religiosas e às Cruzadas, o caráter religioso despontou com o
objetivo de manter a ideia de unidade em toda a Europa. Assim, com o intuito da
expansão do cristianismo, e é claro, expansão do poder da igreja e da figura do
Papa, a arte românica surge para fortalecer os valores católicos.

Apresentando elementos que se destacam principalmente na arquitetura, em


construções religiosas, a arte românica também marcou a história da pintura e
da escultura no período possuía um conceito mais “pesado” se comparado à arte
gótica. Com poucas janelas, a entrada de luz era escassa. As paredes das
construções eram grossas feitas com pedra, revelando o intuito principal era a
defesa. Nesse período prevaleceu as abóbadas e os arcos de volta perfeita.
Pouca decoração nos interiores das obras e bastante ornamentação externa. A
horizontalidade das construções representou uma importante caraterística desse
período, as plantas arquitetônicas eram construídas em forma de cruz.

Vale destacar que as igrejas de peregrinação se configuram como os maiores


símbolos de arquitetura românica. Apresentando planta em formato de cruz,
essas construções se localizavam no caminho para locais sagrados e
funcionavam como um modo de atrair peregrinos ao apresentarem objetos que,
teoricamente, pertenciam a diferentes santos e a Jesus Cristo.

Percebemos que o artista dessa época não estava preocupado com a


originalidade ou uma representação perfeita da realidade toda sua preocupação
estava voltada em passar os ensinamentos bíblicos e servir aos ideais da Igreja
Católica.
A IGREJA TRIUNFANTE

Gombrich destaca os feitos na arquitetura especialmente as transformações


técnicas e estéticas que começavam a formar a arquitetura Gótica. O estilo
românico não sobreviveu sequer ao século XII quando uma nova ideia nasceu
na França setentrional que viria a ser o princípio do estilo gótico também
conhecida como a arte das catedrais, desenvolveu-se na Europa durante a idade
média, no florescer do renascimento, séc. XII, presava pela leveza e pelas
grandes janelas que davam ao interior dessas igrejas um esplendor magnifico
demonstrando aos fieis uma vaga ideia da Jerusalém Celestial tão citada nos
sermões.

Enquanto a arquitetura românica investia em linhas horizontais, o estilo gótico


foi o responsável por construir a partir de uma lógica do verticalismo. As paredes
mais finas e leves graças aos novos cálculos matemáticos permitiram
construções cada vez mais elevadas. Os edifícios góticos contêm a presença de
torres (muitas delas com sinos) e arcos pontudos. Nessas construções
observamos uma planta com um espaço unificado, inteiro (ao contrário dos
vários espaços que existiam na construção românica). A primeira catedral de
estilo gótico foi a Abadia Real de Saint-Denis, em Paris. Outros exemplos de
construções góticas são: a Notre-Dame de Paris, a Notre-Dame de Amiens, a
Catedral de Beauvais e a Catedral de Chartres.

A decoração tanto interna quanto externa fazendo uso de elementos


humanos, animais e da flora. Estão presentes muitas esculturas decorativas,
muitas rosáceas decorando torres, pórticos. Esculturas decoravam a parte
exterior e interior das igrejas, pinturas também eram feitas e todas com caráter
religioso, contando histórias da bíblia, de tal forma que despertava emoção aos
fiéis que ali frequentavam.

Em termos espaciais, é frequente o uso de abóbada em cruzaria, que usa


estruturas diagonais para distribuir o peso, e uma sequência de arcos
especialmente nas abóbadas e ogivas. A geometrização dos espaços, por sinal,
é uma constante nesse tipo de arquitetura. Outro elemento importante é a
proliferação de janelas, muitas delas com a presença de vitrais, deixando o
espaço interior muito mais iluminado.

Segundo Gombrich, as novas catedrais davam aos fiéis o vislumbre de um


mundo diferente. Eles ouviriam falar, em sermões e cânticos, da Jerusalém
Celestial com seus portões de pérolas, suas jóias de incalculável preço, suas
ruas de ouro puro e cristal transparente (Apocalipse. XXI). Agora, essa visão
descera do Céu a Terra, mesmo quando vistos de longe, esses milagrosos
edifícios pareciam proclamar as glórias celestes.

Giotto di Bondone foi um pintor florentino que viveu, aproximadamente, de


1267 a 1337. Segundo Gombrich, Giotto inaugurou uma nova fase na história da
arte, na qual esta passa a ser a “história dos grandes artistas”. Giotto di Bondone
revolucionou a arte com a inserção de linhas num novo espaço perspéctico,
estabelecendo uma nova sintaxe visual.

Giotto trabalha com maestria no uso da ilusão de profundidade e no


desenvolvimento de uma gestualidade mais expressiva o fizeram adquirir fama
e notoriedade ainda em seu tempo. Giotto inaugura um novo olhar ao fazer uso
de imagens dialéticas, com desenvolvimento de uma gestualidade mais
expressiva que proporciona uma nova expressão artística. Suas obras nascem
com a aura da autenticidade, indo além do formalismo clássico. Giotto se projeta
com desenvoltura influenciando a arte renascentista posterior deixando para trás
a fixidez e a imobilidade anterior propagada pela arte bizantina e românica

CORTESÃOS E BURGUESES - SÉCULO XIV

Os séculos XII ao XlV foram marcados por profundas transformações sociais


em que se assistiu à superação da sociedade feudal e à formação de novos
centros de poder. Nesse período, o comércio ganhava espaço e as cidades
iniciavam um processo de fortalecimento, fazendo com que o centro da vida
social se desloque do campo para a cidade e destacada pelo surgimento de uma
nova classe, a burguesia.
Os primeiros sinais de tal mudança ainda no século XIII, apareceram com os
bispados que começaram a reivindicar catedrais próprias para que servissem de
sés episcopais que viriam a se tornar pequenas cidades e que em pouco mais
de um século depois iriam se transformar em grandes centros comerciais onde
os burgueses dependiam cada vez menos da Igreja e dos senhores feudais. Com
a ascensão dos burgos e o desenvolvimento dos centros comerciais, a
arquitetura da cidade também passou por transformações.

A nobreza também começou a mudar seu estilo de vida de grandes


construções luxuosas para locais mais práticos com um acabamento refinado,
mostrando que a arquitetura do século XIV aos poucos deixa de abarcar o
grandioso para apresentar um estilo mais fino e trabalhado. Gombrich destaca
as mudanças nas construções das catedrais que começaram a apresentar um
estilo gótico diferente dos majestosos contornos claros de antes, mostrando
agora um refinamento através do uso de detalhes mais elaborados.

Com as alterações do estilo de vida da sociedade, as Igrejas já não mais


ocupavam o lugar de tarefa principal dos arquitetos, pois novas demandas
construtivas começaram a aparecer, universidades, pontes, portas de cidades,
sedes de corporações e outros edifícios públicos.

As peças de escultura principais do século XIV foram feitas de metais


preciosos ou marfim destinadas, geralmente, para cultos particulares e não
públicos, portanto eram colocadas em capelas de palácios como é o caso da
escultura de prata da Virgem. No quesito pintura, Giotto Bondone foi o grande
revolucionário da época. Foi um artista importante por quebrar as regras fixas da
pintura medieval. A partir de imagens dialéticas, o realismo das representações,
o humanismo de seus personagens e o estabelecimento de senso de gravidade
dos objetos pintados processam a interrupção com a arte bizantina e romântica.
No entanto, a sua maior revolução está no uso da perspectiva presente criando
elementos estéticos fundamentais para uma reconfiguração do espaço
renascentista.
Percebemos que com o decorrer da Idade Média vai ocorrendo uma mudança
gradual nas representações do artista no que diz respeito às formas utilizadas,
podemos então considerar que o fim da arte medieval aconteceu quando essas
alterações passaram a ser cada vez mais acentuadas. Até então a grande
preocupação dos artistas era o objetivo didático em repassar os conhecimentos
bíblicos da melhor forma possível com as formas pré-estabelecidas que já
existiam nesse meio, porém, com o decorrer do século XIV, surgiu uma nova
preocupação: o estudo das formas da natureza. Aquele estilo conhecido por
todos já não contemplava o sentimento da época, então artistas começaram a
estender um olhar mais atencioso e crítico para as formas naturais e as
peculiaridades do mundo real que foram aos poucos sendo percebidas,
desenvolvendo assim uma arte mais fiel à representação da realidade. Surge
então desse desejo pelas formas reais o período conhecido como Renascença.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar questiono o pensar pela lente eurocêntrica colonial refletindo


sobre as possibilidades de decolonialidade no pensamento artístico/educacional
latino-americano. Estudar história da arte de um período tão importante para
humanidade tendo como base apenas o livro de história da arte de Gombrich é
uma marca das heranças coloniais que repercutem até hoje na formação
acadêmica e privilegia os conhecimentos e a narrativa europeia, inflamando
diversos questionamentos sobre a necessidade emergente de uma
desconstrução da narrativa oficial sobre a história da arte, direcionada afim de
evidenciar nossas próprias memórias e narrativas legitimando uma matriz de
saberes latino-americana no processo de formação docente em Arte.

Nesta direção, levanta-se a questão sob a história que não foi contada por
Gombrich com o intuito de reconhecer as realidades artísticas e culturais tendo
com base os saberes dos povos originários latino-americanos. Alterar o foco do
conhecimento para destacar quais as narrativas de história da arte que estavam
sendo construídas simultaneamente por nossos povos sem deslegitimar a
história que estava sendo produzida na Europa, analisando p tentando
compreender todo o contexto pela ótica da decolonialidade.
Dessa forma, no período estudado que compreende toda a Idade Média na
Europa, viemos refletir o que estava sendo criado em nossas terras. A Arte
conhecida como Pré- Cabralina é a arte que tínhamos antes da chegada de
Pedro Alvares Cabral ao Brasil e a invasão dos colonizadores, a arte dos legítima
dos povos originários.

A arte dos originários era totalmente integrada ao seu modo de vida. Esta se
expressa desde objetos utilitários ao uso de adereços. Para os índios os objetos
mais simples devem ser feitos com muito capricho e perfeição o que deixa
transparecer a preocupação com a beleza nos acessórios – colares, tangas,
cocares -, nas máscaras e objetos rituais e nas pinturas corporais.

Outro aspecto importante dessa arte é que ela representa mais as tradições
da comunidade que as preferências do artista. Assim, o estilo da pintura corporal,
do trançado e da cerâmica varia muito de um grupo para outro, como ser fosse
a “marca” de cada comunidade.

Nesse contexto se destacam a fase Marajoara e a cultura Santarém qual


corresponde a produção cultural dos povos encontrados na região próxima a
junção dos rios Tapajós e Amazonas no atual estado do Pará. Essa produção
destaca-se sobre tudo pela produção da cerâmica e também pelas estatuetas.
Seus vasos de cerâmica são ricamente decorados com pinturas, desenho e
relevos com figuras humanas ou de animais, e pela mistura das duas formas, o
antropozoomorfismo.

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