Você está na página 1de 4

FICHAMENTO UNIDADE III

Aluna: Beatriz Rodrigues e Oliveira

LEMOS, Celina Borges. A cidade republicana: Belo Horizonte, 1897/1930.


In CASTRIOTA, Leonardo (org.). Arquitetura da Modernidade. Belo Horizonte:
Editora da UFMG, 2017.

O texto “A cidade republicana: Belo Horizonte, 1897/1930” de Celina Borges


Lemos inicia com uma perspectiva breve do contexto urbanístico na Europa e no
Brasil. A realidade europeia era de um certo caos devido às transformações e
revoluções que aconteciam no momento. A necessidade de modernização trazia
consigo o desejo de romper com a tradição, entretanto, o caos precisava também de
racionalização técnica para trazer ordem para as cidades
No caso do Brasil, a situação era similar, uma vez que a nova burguesia
almejava o progresso, a industrialização e a vida moderna para o país recém
tornado República. Nesse sentido, começa no país o projeto de adequar as cidades
ou projetar novas capitais que atendessem ao interesse de modernização. O plano
de Belo Horizonte surge, portanto, como um exemplo da integração de várias
instâncias para buscar a qualidade da imagem urbana.
A obra de Saturnino de Brito no sistema de saneamento evidencia a
preocupação dele com a cidade em sua totalidade, levando em conta a história e a
cultura da região. O engenheiro sanitarista acreditava nos espaços como
organismos vivos, associando inclusive os elementos artísticos ao planejamento da
cidade.
Adentrando no urbanismo da capital mineira, Lemos discorre sobre a
característica da malha urbana, ortogonal para as ruas e diagonal para as avenidas,
o que cria “eixos monumentais hierarquizados topograficamente e em termos de
usos”. A autora também evidencia que foram realizados projetos de saneamento,
iluminação, sistema viários e de transportes, que buscavam sempre ampliar as
condições de vida, a beleza e o conforto da cidade.
No contexto do final do século XIX, o traçado da cidade obedecia ao estilo
neoclássico e a arquitetura, por sua vez, era de maioria eclética. Para seguir esse
padrão, existiam roteiros de normas e padrões construtivos para as edificações,
área dos lotes, paisagismo e materiais utilizados. Quanto ao traçado, havia o desejo
por percursos retilíneos, que criassem vistas livres e projeções perspécticas na
moldura que a Serra do Curral apresentava à cidade. A autora aponta que, por isso,
“nascem as tensões entre fechamento e infinitude, expressas nas linhas, eixos,
topografia, arquitetura e paisagem”.
Ainda em relação ao plano urbano, a arquitetura constituía e conformava uma
memória a partir das imagens do passado e, além disso, constituía um elemento
importante para criar um novo gosto estético e moral na população que estava na
agitação de mudanças. Nesse sentido, a autora aponta que “a arquitetura surgia
como uma moldura e como nódulos brilhantes na paisagem” em que a malha
urbana convergia em seus elementos para formar uma peça cenográfica
Os prédios e áreas públicas foram cuidadosamente posicionados, em busca
de definir os locais de moradia e os locais de trabalho, relacionados ao status quo e
poder aquisitivo. Em relação à malha, os edifícios possuíam maior liberdade e
menos rigidez. Em uma perspectiva mais generalizada, a autora define, que a
produção artística e arquitetônica do ecletismo era própria da classe burguesa:
sinônimo de progresso e linguagem do poder econômico do capitalismo, além de
ser uma arquitetura sem grandes tensões, que seguia a moda e o gosto.
Ainda, a autora define o ecletismo como a representação da busca por uma
identidade nacional. Na capital mineira, por exemplo, as casas antigas era de pau a
pique com telhas de barro e a implantação da nova malha foi marcada por
desapropriações e déficit habitacional, ações tomadas em nome do progresso. Além
disso, Lemos se vale de alguns exemplos no decorrer do texto para ilustrar sua
análise, como a Casa da Loba, o Palácio da Justiça, a Estação de Bondes, a Igreja
São José e outros.
SANTOS, Paulo. Quatro Séculos de Arquitetura. Ed. IAB/RJ. Rio de Janeiro,
1981.

No texto “Quatro Séculos de Arquitetura”, Paulo Santos analisa o


neoclassicismo no Brasil, com enfoque no Rio de Janeiro. O autor inicia o texto
apontando que o neoclassicismo foi o estilo do período Imperial, seguindo a
tendência europeia de resgatar os elementos da antiguidade clássica, tendo se
anunciado na cidade litorânea desde o último quartel do século XVIII. Em
contraponto a Europa, entretanto, o neoclassicismo no Brasil recuava até a
renascença, enquanto o primeiro resgatava até a antiguidade greco-romana.
Santos destaca a importância de Grandjean de Montigny nas obras do Rio de
Janeiro e a influência de Palladio e de seu mestre Percier nos seus trabalhos,
retomando as formas estáticas, a simplicidade das formas, a sobriedade de gosto e
a contenção e respeito aos cânones e gramáticas próprias ao neoclassicismo.
Ainda, o autor aponta o contexto de desenvolvimento do estilo, paralelamente à
Revolução Industrial e às mudanças trazidas pelas novas formas de produção.
No tópico de “Características do Neoclassicismo”, Santos aborda os
elementos característicos utilizados nas edificações, como as platibandas dos
telhados, a cantaria aparelhada das paredes externas e outros. No tópico
“Edificações do Neoclassicismo”, Montigny é citado novamente, detalhando algumas
de suas construções, com destaque para sua casa de inspirações italianas, o
projeto da Praia do Peixe, projeto do Senado Imperial e outros. Além de Pedro José
Pézérat, arquiteto particular de D. Pedro I, Julio Frederico Koehler, José Domingos
Monteiro e Joaquim Cândido Guillobel.
Com a análise de algumas edificações, o autor retoma algumas
características do estilo neoclássico, como o desinteresse pelos preceitos de boa
proporção, abundância de cantaria e modenatura. As residências da aristocracia
são apontadas como luxuosas, com planta, mobiliários e acabamentos nobres
No tópico “Romantismo” o autor define o estilo como uma “evasão para o
sonho e evasão para a fantasia”, relacionado a vida no campo e ao sentimento
bucólico e aponta que não é possível estabelecer precisamente o início deste estilo
na arquitetura, uma vez que se relacionou e coexistiu com os outros. Em relação ao
neoclássico, eles se relacionam pela ligação com o passado, presente, por exemplo,
no neogótico. Santos finaliza identificando algumas das construções que associam o
neoclássico e o romantismo, como o Jardim do Passeio Público ou a casa fronteiriça
ao Museu da República.

Você também pode gostar