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O modernismo no Brasil

Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o contexto histórico brasileiro.


 Reconhecer as características das diversas fases do estilo moderno.
 Relacionar as principais obras modernas brasileiras.

Introdução
O movimento moderno chegou ao campo da arquitetura e urbanismo,
formulando um novo estatuto da forma de edifícios e cidades. A ideia
era unificar a arte, a funcionalidade e a técnica — o fruir, o usufruir e o
construir — em atendimento às demandas sociais.
Neste capítulo, você vai estudar o que é modernismo e quais são suas
origens e seus ideais de adaptação, verificando também seu significado
e sua importância no processo de desenvolvimento cultural do Brasil.

O modernismo
Fazio, Moffett e Wodehouse (2011, p. 471) avaliam que o desenvolvimento da
arquitetura moderna se deu de forma complexa. A Primeira Guerra Mundial
levou à desilusão também os arquitetos, que compartilhavam uma a sensação
de que a cultura europeia falhara e precisava ser substituída por uma sociedade
transformada. Acreditava-se que a arquitetura deveria ser um instrumento para
essa modificação. Para isso, o racionalismo, a economia e a funcionalidade
seriam importantes e necessários, usando a mecanização para gerar edifícios
eficientes, feitos a máquina. Os arquitetos modernistas veneravam a aplicação
direta dos materiais de construção e dos processos de montagem.
As motivações modernistas eram quase sempre nobres, heroicas e, muitas
vezes, utópicas. “Muitos arquitetos europeus passaram a ver o projeto de
edificações como um possível instrumento de transformação social”, apontam
Fazio, Moffett e Wodehouse (2011, p. 525). A economia caótica, o déficit de
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habitação levou a utilidade, a eficiência e a mecanização para a indústria da


construção. Os avanços tecnológicos permitiram o uso do aço e do concreto
armado, transformando as cidades.
Jürgen Habermas (1984), em seu ensaio intitulado Arquitectura moderna
y postmoderna, analisou a arquitetura do século XX, as soluções encontradas
pelo movimento moderno e os problemas não resolvidos. Para Habermas, a
Revolução Industrial e as rápidas mudanças sociais por ela desencadeadas
trouxeram os três principais desafios para a arquitetura e o urbanismo, listados
a seguir, com base em Malard (2004, p. 5).

 Novos requisitos programáticos, uma vez que o capitalismo industrial


criou uma expressiva classe média e uma grande demanda por escri-
tórios, lojas, escolas, bibliotecas, estações ferroviárias, túneis, pontes,
aeroportos e tudo o mais.
 Avanço da tecnologia de construção, possibilitado pelo desenvolvimento
de novos materiais, como o ferro, o concreto e o cristal.
 Necessidade de se subordinar o projeto arquitetônico a requisitos fun-
cionais e econômicos. Isso porque a habitação, devido à alta demanda,
tinha de ser econômica, funcional e racionalizada, para proporcionar
lucro. O conceito de racionalização estendeu-se, então, à cidade como
um todo.

Segundo Habermas (2004, p. 5), a força do movimento moderno residiria


no seu discurso social: “Ele foi revolucionário quando se libertou dos estilos,
símbolos e signos das elites — o ecletismo burguês — e estabeleceu uma nova
estética, baseada nas demandas populares por habitação, escola e hospitais,
e inspirada na racionalidade industrial”.

Contexto histórico brasileiro


O modernismo foi um movimento artístico-cultural que chegou ao Brasil no
início do século XX, sobre influência da vanguarda europeia. Seu início é
atribuído inicialmente à exposição de Anita Malfatti em 1916 e, em seguida,
à Semana de Arte Moderna, ocorrida em fevereiro de 1922, em São Paulo.
A Semana de 1922 marcou o ápice do movimento, ou do estado de espírito,
expressão cunhada por Mário de Andrade, escritor que exerceu importante
papel na consolidação do movimento modernista no Brasil.
O movimento modernista foi o palco de intensas transformações no cenário
cultural brasileiro. Teve como propulsoras as influências externas, procedentes
O modernismo no Brasil 3

do exemplo europeu, e influências internas, geradas pelas mudanças políticas e


econômicas do início do século. Dentre os primeiros incentivos do movimento,
destacam-se o crescente ritmo de industrialização pelo qual passava o país,
sobretudo a cidade de São Paulo e as novidades culturais que chegavam ao
Brasil pelo Rio de Janeiro.
Percebe-se que a arquitetura moderna brasileira teve seus traços definidos
por um período de ruptura, em que o espaço aberto pôde ser preenchido por
um estilo amadurecido, refletindo influências estrangeiras. Segundo Carvalho
(2002), os primeiros ensaios da arquitetura moderna no Brasil apareceram em
1930, nos quais se percebe a influência de países como a França, a Alemanha,
a Itália e, também, os Estados Unidos. Ao passar essa primeira etapa, em que
Brasil se familiarizou com a arquitetura moderna internacional e recebeu
arquitetos estrangeiros que a aplicaram aqui, teve início uma trilha nova e
original: o caminho do modernismo.

Fases do estilo moderno


Desde meados do século XX, arquitetos e historiadores se debruçam sobre
a arquitetura moderna brasileira, procurando revelar os aspectos que a fize-
ram reconhecida internacionalmente, como ocorreu seu desenvolvimento no
Brasil e quais foram os protagonistas desse processo. Segundo Santos (2006,
p. 38), é possível sintetizar a trajetória da arquitetura moderna brasileira a
partir de quatro conceitos, que listaremos a seguir como as quatro fases do
modernismo no Brasil.

1. Construção — abrigam-se as ideias de Lúcio Costa e de Vitor Dubu-


gras. O primeiro, no Rio de Janeiro, criou uma teoria relacionando a
arquitetura moderna brasileira com a arquitetura colonial. Já em São
Paulo, a arquitetura moderna se desenvolveu a partir da atuação de
Vitor Dubugras como arquiteto e como professor da Escola Politécnica.
2. Consolidação — a arquitetura moderna brasileira se consolidou com
a construção do Ministério da Educação e Saúde (MES, 1937), cujo
processo incluiu a participação de Le Corbusier como consultor.
3. Difusão — evidencia o desenvolvimento da arquitetura moderna em
outras capitais, relacionado à participação dos arquitetos cariocas,
principalmente.
4. Consagração — descreve o processo de criação de Brasília, que con-
grega as ideias sobre arquitetura e urbanismo no período de forma única.
4 O modernismo no Brasil

Primeira fase: construção


A primeira fase é marcada pelo processo de surgimento da arquitetura moderna
brasileira, no qual são apresentadas as raízes da Escola Carioca, a partir do
pensamento de Lúcio Costa. Destacam-se também as raízes da arquitetura
moderna paulista, marcada pela influência de Victor Dubugras.
Em meados dos anos 1920, Lúcio Costa, junto com Fernando Valentin,
projetou e construiu um grande número de residências no estilo neocolonial,
como a residência de Raul Pedrosa (1924), no Rio de Janeiro, entre outras.
Se, em um primeiro momento, Costa estabelecia uma relação com a arquite-
tura do passado, alguns anos depois tornou-se o precursor, do ponto de vista
teórico, da arquitetura moderna brasileira. Para Santos (2006), Lúcio Costa
teria sido influenciado por dois trabalhos escritos de Mário de Andrade, cada
qual indicando um dos passos do processo que levou à transformação do seu
pensamento.
Em São Paulo, a arquitetura moderna seguiu caminhos diferentes, a partir
da influência de Vitor Dubugras. Sua produção se caracterizou por uma busca
constante de um racionalismo, como o edifício da Estação de Mayrink, de
1905. Mas sua contribuição para o desenvolvimento da arquitetura moderna
consolidou-se na atividade de professor da Escola Politécnica. Por meio de
Dubugras, os alunos daquela escola puderam apreciar a produção orgânica de
Frank Lloyd Wright. E aí está, ainda que de forma bastante simplificada, uma
característica da produção de arquitetura de São Paulo, da qual o paranaense
João Batista Vilanova Artigas seria o representante exemplar, segundo Santos
(2006).
Além do arquiteto mencionado, destacam-se as contribuições de outros
dois arquitetos para definir um caráter particular à arquitetura moderna de
São Paulo: Rino Levi — que estudou arquitetura na Real Escola Superior
de Arquitetura, em Roma — e Gregori Warchavchik — arquiteto russo for-
mado na Itália e emigrado para o Brasil em 1923. Em 1925, ambos lançaram
manifestos a favor da arquitetura moderna — um, em São Paulo, e o outro,
no Rio de Janeiro.
Rino Levi, em seu manifesto intitulado “A Arquitetura e a Estética das
Cidades” e publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 15 de outubro de
1925, fez uma apologia à realidade moderna, chamando atenção para os novos
materiais, que deveriam ser aplicados de forma a compor uma arquitetura
com traços simples. Já o manifesto de Gregori Warchavchik foi publicado
em novembro do mesmo ano, no Correio da Manhã, no Rio de Janeiro, com
o título “Acerca da Arquitetura Moderna”. Nele, Warchavchik proclamava
O modernismo no Brasil 5

a negação dos estilos do passado e apontava as vantagens da estética das


máquinas quando aplicada à arquitetura.

Para saber mais sobre os dois manifestos, acesse o link a seguir e leia o artigo “War-
chavchik e Levi — dois Manifestos pela Arquitetura Moderna no Brasil”, de Renato
Luis Sobral Anelli.

https://qrgo.page.link/6jsH

A importância dos dois arquitetos ultrapassou a publicação dos manifestos.


Rino Levi tornou-se referência para jovens profissionais, tanto pela quantidade
como pela qualidade de suas obras — que incluem desde residências até pro-
jetos mais complexos, como hospitais, cinemas e teatros. Warchavchik, por
sua vez, desenvolveu uma série de projetos em São Paulo, antes de se mudar
para o Rio de Janeiro, onde participou da tentativa de reforma do ensino da
Escola Nacional de Belas Artes, com Lúcio Costa.
Warchavchik elaborou o projeto de sete casas em São Paulo, começando pela
mais polêmica: a Casa da Rua Santa Cruz (1928), que fez para morar após seu
casamento, considerada a primeira casa modernista do Brasil. A intenção de
modernidade de suas obras mostrou-se também na Casa da Rua Itápolis, que
revelava a ideia corrente — advinda da Bauhaus — da integração das artes.
A casa apresentava móveis de linhas “modernas”, desenhados pelo próprio
Warchavchik, junto a obras de artistas famosos, como Tarsila do Amaral,
Regina Gomide Graz, John Graz, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Celso Antonio,
Anita Malfatti e Vítor Brecheret, além de tapeçarias da Bauhaus, conforme
aponta Santos (2006, p. 44).
6 O modernismo no Brasil

A Bauhaus foi uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que
funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. Foi uma das maiores e mais importantes
expressões do modernismo no design e na arquitetura, sendo uma das primeiras
escolas de design do mundo. Um de seus principais objetivos era unir artes, artesanato e
tecnologia. A máquina era valorizada, e a produção industrial e o desenho de produtos
tinham lugar de destaque, conforme apontam Coelho e Odebrecht (2007).

Segunda fase: materialização


A segunda fase evidencia a elaboração do projeto do MES, no Rio de Janeiro,
cuja linguagem sintetiza as influências da arquitetura de Le Corbusier aliadas
ao processo de criação de uma arquitetura moderna e brasileira, conforme
Santos (2006). A obra é considerada um marco da materialização da arquitetura
moderna brasileira, mesclando as influências corbusianas com as elaborações
teóricas de Lúcio Costa, ao lado de talentos como Oscar Niemeyer e de Burle
Marx. O projeto contou ainda com a participação de Jorge Machado Moreira,
Carlos Leão, Afonso Eduardo Reidy e Ernani Vasconcelos e a consultoria de
Le Corbusier.

Para saber mais detalhes sobre o edifício, acesse o link a seguir e leia o artigo “O
edifício do Ministério da Educação e Saúde (1836–1945):: museu ‘vivo’ da arte moderna
brasileira”, de Roberto Segre, José Barki, José Kós e Naylor Vilas Boas.

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A contribuição de cada um dos membros foi importante para a definição


do partido definitivo, contando, entre outros elementos, com as curvas das
estruturas revestidas em pastilhas de vidro, combinadas aos jardins de Burle
Marx. A Figura 1 traz uma foto do MES.
O modernismo no Brasil 7

Figura 1. Ministério da Educação e Saúde Pública (Rio de Janeiro, 1950). Foto de Marcel
Gautherot.
Fonte: Gautherot (2018, documento on-line).

O projeto realizado para o edifício do MES reflete a tentativa do grupo


brasileiro de incorporar os preceitos racionais da arquitetura corbusiana, que
se destacam pelas seguintes características:

 adoção de formas simples e geométricas;


 térreo com pilotis;
 terraços-jardim;
 fachada envidraçada;
 aberturas horizontais;
 integração dos espaços interno e externo;
 aproveitamento da ventilação e luz naturais por meio do uso de lâminas
móveis (brise-soleil);
 trabalho com volumes puros, a partir do cruzamento de um corpo
horizontal e de um vertical.

Segundo o historiador Yves Bruand (1982), dentre as soluções definidas


para o projeto estão o dinamismo e a leveza do conjunto e a forte integração
entre arquitetura, paisagismo e artes plásticas.
8 O modernismo no Brasil

Terraço-jardim: transforma a cobertura do edifício em terraços habitáveis, em con-


traposição aos telhados inclinados das construções tradicionais.
Pilotis: com o uso dos pilotis, liberou-se o edifício do solo, tornando público o uso
desse espaço, permitindo a livre circulação de pessoas.
Brise-soleil: as grandes superfícies de vidro (fachada envidraçada) são protegidas,
quando necessário, com o uso de brise-soleil, como nesse edifício.

Terceira fase: difusão


A terceira fase é representada por exemplares da arquitetura moderna cons-
truídos entre as décadas de 1940 e 1960, em algumas capitais do país, cujos
projetos, em sua maioria, foram executados por arquitetos formados no Rio
de Janeiro ou em São Paulo. Ainda que o edifício do MES seja considerado
a expressão materializada da arquitetura moderna brasileira, não devem ser
esquecidas as experiências que ocorreram em outras capitais. Tais experiências
são listadas a seguir, com base em Santos (2006, p. 46).

Curitiba

Ainda em fins dos anos 1920, Frederico Kirchgassner projetou e construiu


sua residência na rua 13 de maio, constituindo um exemplar isolado de uma
experiência influenciada pela arquitetura alemã. Em Curitiba, também atuou
João Batista Vilanova Artigas, formado pela Escola Politécnica de São Paulo.
Artigas foi responsável pelos projetos de algumas residências — de José Merhy
(1941), Joel Artigas (1944) e Álvaro Sá (1945) — e do Hospital São Lucas.
Destaca-se também a atuação do arquiteto David Xavier de Azambuja, formado
pela Escola Nacional de Belas Artes, responsável pela obra do Centro Cívico
(1953) e pelo auditório da Reitoria da UFPR.

Salvador

As décadas de 1950 e 1960 foram dominadas, costuma-se dizer, pela atuação


de Diógenes Rebouças, que executou grande parte dos edifícios modernistas
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do período na cidade. Entre suas obras, destacam-se: o Hotel da Bahia, pro-


jetado em 1947 com a coautoria de Paulo Antunes Ribeiro, um dos marcos
da arquitetura modernista de Salvador, assim como o Centro Educacional
Carneiro Ribeiro (escola-parque e escola-classe), feito em parceria com o
carioca Hélio Duarte, entre 1947 e 1956.

Recife

Em Recife, a arquitetura moderna se desenvolveu com a participação de dois


arquitetos: o carioca Acácio Gil Borsoi, conhecido pelo espírito inovador e
humanista, e o português Delfim Fernandes Amorim. Apesar de carioca e
de apresentar uma arquitetura influenciada por Niemeyer e Reidy, Borsoi,
juntamente com o arquiteto Delfim Amorim, buscou adaptar as novas soluções
às condições locais, resolvendo os problemas ali existentes.

Fortaleza

Sua arquitetura moderna se desenvolveu a partir da segunda metade dos


anos 1950, quando retornaram os arquitetos cearenses que haviam saído para
estudar no Rio de Janeiro e em Recife. É o caso do arquiteto José Liberal
de Castro, que se formou em 1955 pela Faculdade Nacional de Arquitetura
da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, onde foi aluno do historiador
Paulo Santos, dentre outros. Retornando à Fortaleza, ajudou a criar o Instituto
de Arquitetos do Brasil, Departamento do Ceará, e começou a trabalhar no
Departamento de Obras e Projetos da recém-criada Universidade Federal
do Ceará, incorporando-se posteriormente no quadro de professores dessa
universidade. Sua atividade como arquiteto autônomo incluiu projetos de
residências e edifícios comerciais e a reformulação do antigo campus, com os
projetos do Anexo da Reitoria e do Centro de Treinamento e Desenvolvimento,
ambos de 1967.

Porto Alegre

A arquitetura moderna em Porto Alegre teve outras influências além daquelas


da Escola Carioca. Destaca-se Edgar Graeff que, em 1947, formou-se pela
Faculdade Nacional de Arquitetura, sendo um dos participantes da reforma
do ensino de 1962. Graeff também organizou a Faculdade de Arquitetura no
Rio Grande do Sul. O desenvolvimento da arquitetura moderna gaúcha foi
marcado ainda pela atuação dos arquitetos Villamajó, Surraco e Scasso e da
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Faculdade de Arquitetura de Montevidéu, onde se formou Demétrio Ribeiro.


Da Europa veio o austríaco Eugênio Steinhof, que se tornou professor de
Arquitetura no curso da Escola de Engenharia de Porto Alegre.

Belo Horizonte

A arquitetura moderna em Belo Horizonte teve início com os projetos de Oscar


Niemeyer para o novo bairro da Pampulha, em 1940, a convite de Juscelino
Kubitschek, então prefeito da cidade. O primeiro contato de Juscelino com
Niemeyer havia sido no projeto do Grande Hotel de Ouro Preto.

Quarta fase: consagração


Nessa última fase, apresentam-se alguns elementos da criação de Brasília — a
partir do Concurso do Plano Diretor, de 1957 —, que congrega ideias sobre
arquitetura e urbanismo no período de forma única. O próximo passo da
carreira de Niemeyer, após o conjunto da Pampulha e a consagração definitiva
da arquitetura moderna brasileira, foi Brasília, como viria a se chamar a nova
capital do Brasil, que significava, naquele momento, a meta-síntese das aspi-
rações desenvolvimentistas de Kubitschek, conforme aponta Santos (2006).
Niemeyer foi convocado para projetar os edifícios públicos da futura Capital,
e, como colocam Coelho e Odebrecht (2007, p. 7):

A arquitetura de Brasília, prevista nos esboços com que Lúcio Costa con-
correu ao concurso internacional de projetos para a nova capital do Brasil,
foi o impulso definitivo de Niemeyer na cena da história internacional da
arquitetura contemporânea. As cúpulas côncava e convexa do Congresso
Nacional e as colunas dos palácios da Alvorada, do Planalto e da Suprema
Corte, configuram signos originais. Agregando-os às espetaculares formas das
colunas da Catedral e dos palácios Itamaraty e da Justiça, Niemeyer encerra a
perspectiva ortogonal e simétrica formada pelo ritmo repetitivo dos edifícios
da Esplanada dos Ministérios.

Para elaborar o plano piloto de Brasília, foi aberto um concurso público. O


edital do concurso exigia o traçado básico da cidade, que deveria abrigar uma
população de até 500 mil habitantes, com a disposição dos principais elementos
da estrutura urbana, a interligação dos setores e o sistema viário básico.
A proposta ganhadora do concurso, de Lúcio Costa, foi apresentada em
uma única planta e um memorial ilustrado com croquis. No trabalho de Costa,
foram apresentadas as principais influências que nortearam seu estudo e a
O modernismo no Brasil 11

definição do “gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse”,


o sinal da cruz; a seguir, as formas retas se curvam levemente para se adaptar
às formas e à topografia do terreno. Com simplicidade, Costa estabeleceu o
princípio básico que norteou os eixos principais de Brasília: o eixo monumental
e o eixo rodoviário-residencial, conforme aponta Santos (2006, p. 51).

Obras modernas brasileiras


Dentre algumas das obras modernas brasileiras, destacam-se as abordadas
a seguir.

A Casa Modernista (1928) — São Paulo


A influência de arquitetos estrangeiros adeptos do movimento modernista
instigou a projeção da primeira obra arquitetônica de caráter moderno no
país — a Casa Modernista — do arquiteto russo Gregori Warchavchik (Fi-
gura 2). Ressalta-se que os processos de industrialização e de urbanização
contextualizaram a formação de uma sociedade burguesa, na qual puderam
ser inseridos os costumes parisienses. É importante lembrar que esse cenário
era o embalo para a formação de novos bairros em São Paulo, cuja estrutura
refletia o desejo da nova burguesia de se aliar aos novos padrões de vida.
Segundo Oliveira e Alves (2016, p. 100), a Casa Modernista foi:

Projetada para abrigar a residência do arquiteto, recém-casado com Mina


Klabin, filha de um grande industrial da elite paulistana, a casa gerou forte
impacto nos círculos intelectuais e na opinião pública em geral, com a publi-
cação de artigos em jornais dos mais diversos espectros políticos, favoráveis
ou contrários à nova orientação estética proposta. Destituída de qualquer
ornamentação e formada por volumes prismáticos brancos, a obra era tão
impactante para a época que, para conseguir obter aprovação junto à prefeitura,
o arquiteto apresentou uma fachada toda ornamentada, e quando concluiu a
obra, alegou falta de recursos para completá-la.
12 O modernismo no Brasil

Figura 2. Casa Modernista, projetada em 1928 pelo arquiteto russo Gregori Warchavchik,
pioneiro da arquitetura modernista brasileira.
Fonte: Oliveira e Alves (2016, p. 101).

O funcionalismo, exigido pelas transformações sociais, econômicas e polí-


ticas surgidas na Europa desde meados do século XIX, já pode ser sinalizado
na obra polêmica de Warchavchik. No contexto da modernidade arquitetônica,
duas premissas nortearam o seu caráter funcionalista: “menos é mais”, frase do
arquiteto Mies Van der Rohe, e “a forma segue a função”, do arquiteto Louis
Sullivan. A falta de ornamentação que tais aspectos propunham não significava,
no entanto, ausência de traços identitários. Era, na verdade, o firmar-se de uma
nova realidade social e econômica, que se refletia na arquitetura, conforme
apontam Oliveira e Alves (2016, p. 101).

Saiba mais detalhes da casa construída por Gregori Warchavchik no artigo “Clássicos da
Arquitetura: Casa Modernista da Rua Santa Cruz/Gregori Warchavchik” de Igor Fracalossi.

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O modernismo no Brasil 13

Conjunto Arquitetônico da Pampulha — Belo Horizonte


O Conjunto Moderno da Pampulha foi construído entre 1942 e 1943, com pro-
jeto original do arquiteto Oscar Niemeyer e do paisagista Roberto Burle Marx,
em colaboração com outros grandes artistas e profissionais, dentre eles, o pintor
Cândido Portinari. O conjunto é composto por quatro edifícios, pelo espelho
d’água do lago urbano artificial e pela orla trabalhada com paisagismo. O lago
e a orla funcionam como elementos articuladores dos edifícios e reforçam as
relações que eles estabelecem entre si. Os edifícios da Pampulha abrigam a
Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu da Pampulha),
a Casa do Baile (atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e
Design de Belo Horizonte — Figura 3) e o Iate Clube.

Figura 3. Conjunto Arquitetônico da Pampulha, Oscar Niemeyer, Belo Horizonte.


Fonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (2017, documento on-line).

O conjunto arquitetônico se materializa a partir das linhas soltas, da planta


livre, da amplitude possível graças ao concreto armado, das curvas, dos mate-
riais tradicionais reinterpretados, enfim, a partir de uma nova maneira de aliar
a forma à função, sem que uma sacrifique a outra e vice-versa. O programa
relativamente simples (um cassino, um salão de baile, um restaurante, uma
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igreja e um iate clube) permitiu a Niemeyer criar com liberdade. Às formas


esculturais se adicionaram também painéis e murais feitos por Paulo Werneck
e Cândido Portinari, em uma perfeita integração de arte e arquitetura.

Para saber mais sobre o conjunto arquitetônico da Pampulha, projeto de Oscar Niemeyer,
acesse o link a seguir e leia o artigo “Pampulha: Beleza pioneira e intimista de Niemeyer/
Paul Clemence”, de Igor Fracalossi.

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O movimento moderno brasileiro, como vimos, foi palco de intensas trans-


formações no cenário cultural brasileiro, tendo como propulsoras as influências
externas, procedentes do exemplo europeu, e influências internas geradas
pelas mudanças políticas e econômicas do início do século. Assim, a força
do movimento residiu no seu discurso social, pois se buscou estabelecer uma
nova estética que respondesse às demandas populares por habitação, escola
e hospitais, inspirada na racionalidade industrial. A arquitetura moderna se
configura de modo a unificar a arte, a funcionalidade e a técnica. Tanto o
emprego de grandes superfícies de vidro, protegidas, quando necessário, por
brise-soleil, como o uso de estruturas livres, apoiadas sobre pilotis, com o
térreo aberto, quando possível, são características que mostram a marcante
influência de Le Corbusier na arquitetura brasileira. Destacam-se, ainda, o uso
de elementos geométricos simples e a falta de ornamentos, o uso de concreto
e aço e o desenvolvimento de espaços mais abstratos e geométricos, visando
a uma organização racional e funcional.
O modernismo no Brasil 15

1. A partir da Semana de Arte Moderna revelar os aspectos que a fizeram


de 1922, realizada em São Paulo, o reconhecida internacionalmente,
movimento moderno se consolidou como ocorreu seu desenvolvimento
e se difundiu na década de 1950 em no Brasil e quais foram os
diversas capitais brasileiras. Sobre o protagonistas desse processo,
modernismo e o contexto histórico como revela Santos A respeito das
brasileiro, assinale a alternativa correta. fases do modernismo no Brasil,
a) O movimento modernista foi o assinale a alternativa correta.
palco de intensas transformações a) A construção do movimento
no cenário cultural brasileiro. moderno se deu unicamente
b) O crescente ritmo de no Rio de Janeiro, por
industrialização do país e meio da atuação de Lúcio
as novidades culturais que Costa e Dubugras.
chegavam ao Brasil pelo Rio b) A construção de Brasília
de janeiro foram os primeiros consolidou a arquitetura
empecilhos ao desenvolvimento moderna brasileira.
desse movimento. c) A fase de difusão do
c) A força do movimento moderno movimento no Brasil evidencia
residiu no seu discurso o desenvolvimento da
social, no entanto, sua nova arquitetura moderna em
estética não buscou atender outras capitais, relacionado à
às demandas populares por participação dos arquitetos
habitação, escola e hospitais. estrangeiros, principalmente.
d) As mudanças na arquitetura d) Na primeira fase do movimento,
brasileira, durante o modernismo, o Brasil se familiarizou com a
se devem unicamente ao arquitetura moderna internacional
desenvolvimento de novos e recebeu arquitetos estrangeiros,
materiais e à evolução da que a aplicaram aqui.
arte da construção. e) A fase que evidencia a
e) Os primeiros ensaios da consagração do modernismo
arquitetura moderna no Brasil é marcada pela construção
apareceram em 1930, período do Ministério da Educação
que marca o rompimento e Saúde, cujo processo
da nossa arquitetura com a incluiu a participação de Le
influência de países como a Corbusier como consultor.
França, a Alemanha, a Itália 3. A força do movimento moderno se
e os Estados Unidos. mostrou por meio de seu discurso
2. Desde meados do século XX, social, que foi revolucionário quando
arquitetos e historiadores se se libertou dos estilos, símbolos e
debruçam sobre a arquitetura signos das elites, estabelecendo
moderna brasileira, procurando uma nova estética. Sobre as
16 O modernismo no Brasil

obras modernistas brasileiras, na arquitetura moderna


qual a alternativa correta? brasileira, devido aos aspectos
a) A Casa Modernista, projeto de climáticos do país.
Gregori Warchavchik, gerou forte d) O uso de materiais como o
impacto nos círculos intelectuais aço e o vidro está presente em
e na opinião pública em geral, poucos exemplares modernos.
devido ao excesso de ornamentos. e) A fachada livre era uma
b) A intenção de modernidade das das caraterísticas das obras
obras de Warchavchik mostrou-se modernistas no Brasil, com o
também na Casa da Rua Itápolis, intuito de permitir o uso de
apesar de apresentar ideias que diferentes revestimentos.
contrariavam as da Bauhaus. 5. Segundo Gnoato (2013), as raízes
c) O projeto do MES é composto do brutalismo estão presentes
de elementos que buscam em algumas obras canônicas
expressar o caráter peculiar do movimento moderno. Sobre
da cultura brasileira. o brutalismo paulista e suas
d) O conjunto arquitetônico da características, pode-se afirmar que:
Pampulha se materializa a a) Uma das principais propostas
partir das linhas geométricas do movimento moderno era
e dos volumes rebuscados, realizar uma arquitetura a ser
graças ao concreto armado. produzida industrialmente em
e) A obra de Oscar Niemeyer na larga escala, expressa também
Pampulha se configura a partir pela arquitetura brutalista.
de quatro edificações, sem b) A ênfase na estrutura do
elementos articuladores entre si. edifício, com diversos tipos
4. “A nossa arquitetura deve ser apenas de revestimentos, é uma das
racional, deve basear-se apenas na características tectônicas
lógica e esta lógica devemos opô-la da arquitetura brutalista.
aos que estão procurando por c) Em São Paulo, o brutalismo
força imitar algum estilo”, afirmava vai se definir como didática
Warchavchik. Sobre as características projetual para uma geração
da arquitetura moderna brasileira, de arquitetos, influenciando
assinale a alternativa correta. também outras cidades brasileiras,
a) O projeto moderno paisagístico tendo Le Corbusier como
tem como marco o trabalho liderança desse processo.
de Burle Marx, que, em d) Os brutalistas mantêm
seus projetos, dava ênfase a o racionalismo no
padrões rígidos e simétricos. dimensionamento dos espaços,
b) O ornamento na arquitetura mas superdimensionam a
moderna está reduzido ao estrutura, deixando de lado o
revestimento das paredes, uso do concreto armado para a
em pedra ou azulejos; modelagem de suas formas.
no mais, a arquitetura se e) Na década de 1950, o brutalismo
apresenta sóbria e limpa. teve diversas manifestações
c) As grandes superfícies de na Inglaterra, dentre outros
vidro não foram empregadas países, incluindo o Brasil.
O modernismo no Brasil 17

ANELLI, R. L. S. 1925 – Warchavchik e Levi: dois manifestos pela Arquitetura Moderna no


Brasil. Revista de Urbanismo e Arquitetura, v. 5, n. 1, 1999. Disponível em: https://portalseer.
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