Você está na página 1de 54

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 5

1 CONCEITO ........................................................................................ 6

2 PERÍODO ANTERIOR DAS CARTAS ............................................... 7

3 CÓDIGOS DE POSTURA INTERNACIONAIS: AS CARTAS


PATRIMONIAIS.................................................................................................. 7

4 PRESSUPOSTO DAS CARTAS ........................................................ 8

5 CARTA DE ATENAS – 1931/1933 ..................................................... 8

6 RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI – 1956 ................................. 10

7 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1962 .................................................. 10

8 CARTA DE VENEZA – 1964............................................................ 11

9 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1964 .................................................. 12

10 NORMAS DE QUITO – 1967 ........................................................ 13

11 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1968 ............................................... 14

12 COMPROMISSO BRASÍLIA – 1970 ............................................. 15

13 COMPROMISSO SALVADOR – 1971.......................................... 16

14 CARTA DO RESTAURO – 1972 .................................................. 17

15 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – 1972 ................................... 17

16 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1972 ............................................... 18

17 ANAIS DO II ENCONTRO DE GOVERNADORES – 1973 ........... 18

18 RESOLUÇÃO DE SÃO DOMINGOS – 1974 ................................ 18

19 DECLARAÇÃO / MANIFESTO DE AMSTERDÃ – 1975 .............. 19

20 CARTA DO TURISMO CULTURAL – 1976 .................................. 19

21 RECOMENDAÇÕES DE NAIRÓBI – 1976 ................................... 20

22 CARTA DE MACHU PICCHU - 1977............................................ 20

23 CARTA DE BURRA – 1980 .......................................................... 21

24 CARTA DE FLORENÇA – 1981 ................................................... 21


25 DECLARAÇÃO DE NAIRÓBI – 1982 ........................................... 22

26 DECLARAÇÃO DE TLAXCALA - 1982......................................... 22

27 DECLARAÇÃO DO MÉXICO – 1985............................................ 23

28 CARTA DE WASHINGTON - 1986 ............................................... 23

29 CARTA DE PETRÓPOLIS – 1987 ................................................ 24

30 CARTA DE WASHINGTON – 1987 .............................................. 25

31 CARTA DE CABO FRIO – 1989 ................................................... 25

32 DECLARAÇÃO SÃO PAULO – 1989 ........................................... 25

33 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1989 ............................................... 26

34 CARTA DE LAUSANNE – 1990 ................................................... 26

35 CARTA DO RIO – 1992 ................................................................ 26

36 CONFERÊNCIA DE NARA – 1994 ............................................... 27

37 CARTA BRASÍLIA – 1995 ............................................................ 27

38 RECOMENDAÇÃO EUROPA – 1995........................................... 27

39 DECLARAÇÃO DE SOFIA – 1996 ............................................... 28

40 DECLARAÇÃO DE SÃO PAULO II – 1996 .................................. 28

41 CARTA DE FORTALEZA – 1997.................................................. 28

42 CARTA DE MAR DEL PLATA – 1997 .......................................... 29

43 CARTAGENAS DE ÍNDIAS, COLÔMBIA – 1999 ......................... 29

44 RECOMENDAÇÃO PARIS – 2003 ............................................... 30

45 CARTA DE NOVA OLINDA – 2009 .............................................. 30

46 I FÓRUM NACIONAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL – 2010...... 30

47 CARTA DE BRASÍLIA – 2010....................................................... 31

48 CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS, DITA CARTA DE JUIZ DE


FORA – 2010 ................................................................................................... 32

49 AS CARTAS PATRIMONIAIS E O PATRIMÔNIO URBANO ........ 32

50 PRIMEIRAS PREOCUPAÇÕES SOBRE PATRIMÔNIO


HISTÓRICO NO BRASIL ................................................................................. 36
50.1 A primeira carta patrimonial de proteção arqueológica no brasil
38

51 MONUMENTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E


PLANO DE CONSERVAÇÃO .......................................................................... 41

52 A NECESSIDADE DA CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DAS CARTAS
PATRIMONIAIS BRASILEIRAS ....................................................................... 44

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 47
INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 CONCEITO

Fonte: prezi.com

Para proteção e preservação de edificações importantes para suas


sociedades, quando se fala em história e cultura, impérios e reinos antigos
adotaram medidas administrativas para proteção dos mesmos.
No site da Secretaria da Comunicação Social e da Cultura do Estado do
Paraná, encontramos as informações detalhadas sobre essa proteção, onde se
descreve que, a partir do século XIX um pensamento mais estruturado sobre a
proteção do patrimônio cultural começa a ser organizado. Mas somente no início
do século XX que posturas, legislações e atitudes mais abrangentes e concretas
são postas em prática (SEEC).
Kühl (2010), em seu artigo explica que:

As chamadas cartas patrimoniais são documentos – em especial


aquelas derivadas de organismos internacionais – cujo caráter é
indicativo ou, no máximo, prescritivo. Constituem base deontológica
para as várias profissões envolvidas na preservação, mas não são
receituário de simples aplicação. Para elaborar uma leitura
fundamentada do documento, suas formulações devem ser entendidas
em relação aos postulados teóricos da época em que foi produzida e
aos desdobramentos do campo. (KÜHL, 2010).

A Carta de Atenas, de 1931, focaliza, entre outros assuntos, legislações


nacionais para proteção dos monumentos de interesse histórico e artístico,
6
destacando as dificuldades enfrentadas pelos países participantes “de conciliar
o direito público com o particular” e de se reconhecer o “direito da coletividade
em relação a propriedade privada” (ARANTES, 2009, p.12).
As Cartas patrimoniais têm sido instrumento de políticas de utilização e
conservação do patrimônio, apresentando uma série de recomendações
definidas por diversos órgãos transnacionais e nacionais, com valores ambíguos
(CESAR e STIGLIANO, 2010).

2 PERÍODO ANTERIOR DAS CARTAS

Para muitos, as Cartas Patrimoniais uniformizam os discursos do cuidado


(SALCEDO, 2007, p.26). Entretanto, ao serem elaboradas por grupos de
interesses diversos, muitas vezes, competem nas suas lógicas quanto aos
princípios de autenticidade, de restauro do objeto, de inventário, de hierarquia,
de valores artísticos, embora tenham influenciado a formulação de políticas de
visitação e utilização diversas. No processo de conservação dos bens, as
abordagens ideológicas e construtivas de duas personalidades antagônicas
constituem a base de sua fundamentação: John Ruskin e Eugenio Violet Le-Duc
(CESAR, 2007).
São marcos fundamentais para a definição do conceito o III Congresso
degle engegneri e architetti italiano (1883), além do Congresso Internacional
sobre a Proteção de Obras de Artes e dos Monumentos (1889) e do Congresso
Internacional de História e de Arte (1921) (LUSO, LOURENÇO e ALMEIDA,
2004). No encontro de outubro de 1930, realizado pela Liga das Nações, atinge-
se em uma dimensão internacional, e estudam-se os métodos científicos para o
exame e preservação da obra de arte.

3 CÓDIGOS DE POSTURA INTERNACIONAIS: AS CARTAS


PATRIMONIAIS

O século XX foi marcado pelo debate das questões de preservação,


especialmente em decorrência da Segunda Guerra Mundial, cujos
bombardeamentos destruíram inúmeros monumentos históricos do Velho

7
Mundo. Dessas discussões, surgiram instituições internacionais como: a ONU
(Organizações das Nações Unidas); a UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura); o ICOM (Conselho Internacional
de Museus), o ICCROM (Centro Internacional para o Estudo da Preservação e
Restauração de Bens Culturais); e o ICOMOS (Conselho Internacional de
Monumentos e Sítios), entre outras organizações que promoveram eventos e
encontros entre as nações, cujas discussões resultaram nas chamadas Cartas
Patrimoniais. Esses documentos passaram, dentre outras recomendações, a
indicar códigos de posturas internacionais e a orientar a conduta dos
profissionais atuantes na área da conservação-restauração, além de
proporcionar a ampliação das noções de patrimônio e bem cultural para os
países signatários (CALDAS; SANTOS, 2013).

4 PRESSUPOSTO DAS CARTAS

As Cartas Patrimoniais tem como intuito uniformizar os discursos do


cuidado ao bem cultural (SALCEDO, 2007, p.26). Entretanto, ao serem
formuladas por grupos de interesses diversos, não se atende tal perspectiva.
Existem, muitas vezes, ideias que competem, em suas lógicas, com os princípios
de autenticidade, de restauro do objeto, de inventário, de hierarquia, de valores
artísticos. Questão que tem influenciado a formulação de políticas de visitação e
utilização diversas (CÉSAR; STIGLIANO, 2010).

5 CARTA DE ATENAS – 1931/1933

São duas Cartas de Atenas, uma escrita em 1931 e outra em 1933, que
exprimem ideias importantes quanto à preservação do patrimônio e ao novo
urbanismo.
A primeira, contou com o Escritório Internacional dos Museus Sociedade
das Nações trazendo para discussão questões das principais preocupações da
época, que envolviam a legislação, as técnicas e os princípios de conservação
dos bens históricos e artísticos. Nesse sentido, o documento mostra a
necessidade tanto organizações que trabalhem na atuação e consultas

8
relacionadas à preservação e restauro dos patrimônios, como de legislação que
ampare tais ações, garantindo o direito coletivo (IPHAN – Carta de Atenas,
1931).
A Carta de Atenas de 1933, resultado do IV CIAM (Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna) preconizava a organização da cidade a
partir de quatro funções básicas: trabalhar, habitar, circular e cultivar o corpo e o
espírito, basicamente o gérmen da ideia da zonificação. A Carta de Atenas de
1933, que repercutiu como manual dos urbanistas modernos, talvez em face de
necessidade de recomposição de tecidos urbanos pós-guerras e em
consonância com o modelo capitalista de produção. A Nova Carta de Atenas de
1998, pelo caráter dogmático da primeira, conduz às reflexões e críticas
acumuladas nas últimas décadas e incorpora os principais preceitos de
desenvolvimento sustentável. A reversão de conceitos pode ser observada
principalmente na atuação do arquiteto como o “grande mestre” detentor das
verdades, a um coreógrafo do desenvolvimento KANASHIRO (2004).

Fonte: eficienciaenergtica.blogspot.com.br

9
6 RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI – 1956

Em dezembro de 1956 surgiu a Recomendação de Nova Delhi, que teve


origem na Conferência Geral da UNESCO e propõe “que todos os vestígios
arqueológicos sejam estudados e, eventualmente, preservados e coletados”
(UNESCO, 1956). Conforme explica Costa (2016), esta carta é importante
porque destaca o compromisso de cada Estado em proteger seus bens
arqueológicos, e também enfatiza a importância de se comunicar com a
comunidade internacional, além de incentivar os museus estarem neste debate.
O Egito atualmente possui acordos com Universidades internacionais que
permitem trabalho e pesquisa em seu território, mas o País sofre há muito tempo
com escavações clandestinas e tráfico ilegal de antiguidades.

7 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1962

A Recomendação Paris a Paisagens e Sítios, elaborada em uma


Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO), foi o primeiro documento com a ideia principal
sobre proteção da beleza e do caráter das paisagens, bem como seus
respectivos territórios. A Recomendação de Paris de 1962, trata da salvaguarda
da beleza e do caráter das paisagens e lugares e quando necessário a restituição
do aspecto das paisagens e sítios, naturais, rurais ou urbanas, devido a
degradação da natureza ou obra do homem. (RECOMENDAÇÃO PARIS
PAISAGENS E SÍTIOS, IPHAN, 1962).

10
8 CARTA DE VENEZA – 1964

Fonte: pt.slideshare.net

Em 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos de


Monumentos Históricos, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
(ICOMOS). A Carta Internacional de Restauro, conhecida como Carta de
Veneza, foi elaborada no II Congresso Internacional dos Arquitetos e Técnicos
dos Monumentos Históricos, realizado de 25 a31 de maio de 1964, com ampla
participação internacional. Neste Congresso, criou-se o ICOMOS (International
Council on Monuments and Sites), que, desde então, compõe com o ICOM
(International Councilof Museums, 1946) os organismos da UNESCO no campo
da herança cultural; o ICCROM (International Centre for the Study of the
Preservation and the Restoration of Cultural Property) é um órgão independente,
de finalidades análogas. Discutida e complementada em diversos congressos
internacionais, a Carta de Veneza tem sua autoridade preservada como fonte de
referência; por esta razão, sua leitura é um fundamento com múltiplas finalidades
(MARSHALL, 2016).

11
Nela, aplica-se a noção atual de monumento histórico, por suas relações
com o espaço (meio). Ainda neste documento, recomenda-se que a restauração
deve, inicialmente, ser pensada com a utilização de técnicas tradicionais, e,
somente com a impossibilidade de sua adoção, recomenda-se a vinculação de
novas técnicas. Reconhece, ainda, que “as contribuições válidas de todas as
épocas para a edificação devem ser respeitadas” (Carta de Veneza, art.11) Tem-
se, assim, sua integridade como valor patrimonial, dando margem para um amplo
e longo debate dentro de suas especificidades científicas e ideológicas (CÉSAR;
STIGLIANO, 2010).
Na Carta de Veneza (1964), encontramos algumas definições importantes
relativas à noção de monumento e restauração.

“A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica


isolada, bem como o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma
civilização particular, de uma evolução significativa ou de um
acontecimento histórico. Estende-se não só às grandes criações, mas
também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma
significação cultural”.

Susuki e Barquilha (2010) afirmam que a Carta de Veneza trouxe outra


extensão de conceito, acrescentando obras modestas à sua definição de
monumento histórico. A XVII reunião da Unesco, em 1972 acrescentou o
conceito de lugares notáveis, dando início ao que se chamará patrimônio
imaterial e expandindo, um pouco mais, o conceito de Patrimônio Histórico,
agora chamado, Patrimônio Cultural. (SUSUKI e BARQUILHA, 2010, p.3).

9 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1964

Ainda em 1964, acontece a Conferência Geral da Organização das


Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que publicou
a Recomendação Paris que fala sobre medidas de proibir e impedir a exportação,
a importação, bem como a transferência de propriedade ilícita de bens culturais.
Santos (2017) explana o assunto, explicando que a Recomendação de
Paris de 1962, traz em pauta problemas que emergiram na época e que até hoje
fazem parte do nosso cotidiano, como a ameaça da especulação imobiliária, ou
seja, o valor econômico agregado ao patrimônio, indicando a necessidade de
uma proteção especial para paisagens e sítios urbanos, como indicado abaixo:
12
A salvaguarda não deveria limitar-se ás paisagens e aos sítios naturais,
mas estender-se também às paisagens e sítios cuja formação se deve,
no todo ou em parte, à obra do homem. Assim, disposições especiais
deveriam ser tomadas para assegurar a salvaguarda de algumas
paisagens e de determinados sítios, tais como a paisagens de sítios
urbanos, que são, geralmente, os mais ameaçados, especialmente
pelas obras de construção e pela especulação imobiliária. Uma
proteção especial deveria ser assegurada ás proximidades dos
monumentos (PARIS, 1962, p.3).

A carta também sugeria que medidas preventivas e corretivas fossem


tomadas como uma proteção especial. Por conseguinte, as medidas de
salvaguarda devem ser garantidas através dos seguintes métodos:

a) Controle geral por parte das autoridades e competentes. b) Inserção


de restrições nos planos de urbanização e no planejamento em todos
os níveis: regionais, rurais ou urbanos. c) Proteção legal por zonas, das
paisagens extensas. d) Proteção legal dos sítios isolados. e) Criação a
manutenção de reservas naturais e parques nacionais. f) Aquisição de
sítios pelas coletividades públicas. (PARIS, 1962, p.4).

10 NORMAS DE QUITO – 1967

As Normas de Quito foram elaboradas em Quito, no Equador, para tratar


da conservação e utilização dos monumentos e lugares de interesse histórico e
artístico. Nas Normas de Quito (1967), são apresentadas propostas concretas
para a utilização do patrimônio, tendo em vista o panorama de transformação de
áreas de poucos recursos econômicos dos países da América Latina. A
valorização do bem patrimonial associa-se, definitivamente, ao desenvolvimento
econômico e social. Importante observar que, nesta perspectiva, os estilos ditos
“importados” são reconhecidos por sua aculturação e em suas “múltiplas
manifestações locais”, que os caracterizam e distinguem (OEA, 1967),
estendendo o interesse relacionado às manifestações culturais dos séculos XIX
e XX (CÉSAR; STIGLIANO, 2010).

13
11 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1968

Fonte: viajeibonito.com.br

Diante das problemáticas enfrentadas com o crescimento das cidades, em


1968, a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO) publicou a chamada Recomendação Paris de
Obras Públicas ou Privadas, na qual considerações foram dispostas sobre
intervenções urbanas que estejam relacionadas com a preservação do
patrimônio, sendo um indicativo da necessidade e importância de assegurar o
vínculo entre a população e os bens.
A Recomendação de Paris sobre a conservação dos bens culturais
ameaçados pela execução de obras públicas ou privadas, resultado da 15ª
Conferência Geral da Unesco, de novembro de 1968, não só mantém, como
destaca já no título, a preocupação com os efeitos das ações humanas sobre o
patrimônio, enfatizando as ameaças que estariam representadas pelas “obras
públicas ou privadas” detalhadas nos seus “Princípios gerais”. (LEAL, 2016)
Este documento deixou clara a responsabilidade governamental sobre as
medidas de preservação e salvamento do patrimônio, mesmo assegurando a
expansão e/ou renovação urbana, obras em locais onde os bens possam correr
qualquer tipo de perigo de destruição, modificações e reparos, construção ou

14
alteração de vias de grande fluxo, implantação de barragens, oleodutos e
trabalhos de desenvolvimento de indústria. (MARTINS, 2013).
Deve, ainda, ser garantido, a fim de proteger o patrimônio, o uso de uma
legislação adequada, financiamento, medidas administrativas, métodos de
preservação e salvamento dos bens, sanções, reparações, recompensas,
assessoramento e programas de educação. (LEAL, 2016)

12 COMPROMISSO BRASÍLIA – 1970

Em 1970, o Brasil vivia um momento importante, e, influenciado pelos


documentos internacionais relacionados ao patrimônio, foi promovido o 1º
Encontro dos Governadores de Estado, Secretários Estaduais da Área Cultural,
Prefeitos de Municípios Interessados, Presidentes e Representantes de
Instituições Culturais, do qual resultou o Compromisso de Brasília.
Tal documento foi baseado na necessidade de cuidados com o patrimônio
cultural brasileiro, e recomenda a criação de órgãos estaduais ou municipais
onde ainda não houver, todos ligados aos Conselhos Estaduais de Cultura e ao
DPHAN. Quanto ao plano de proteção da natureza, é importante a criação de
legislação e serviços estaduais articulados com o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal. (DIMENSTEIN, 2017)
Chegou a ser discutida a carência de mão de obra especializada em níveis
superiores, médio e artesanal, criando programas de formação de arquitetos
restauradores, conservadores de pintura, escultura e documentos,
arquivologistas e museólogos de várias especialidades. Nesse sentido outra
recomendação se dá na criação de um programa que abarque todo o sistema de
educação, com a visão de que saber da história da arte do Brasil é primordial
para a formação da consciência. (TARGINO, 2007)
Junto a este Compromisso, foi anexada uma carta assinada por Lucio
Costa, na qual ele relata a problemática encontrada na recuperação e na
restauração de monumentos pela dependência de técnicos qualificados,
inventário histórico-artístico, estudo de documentos, tombamento, eleição do
que mereça restauro, recursos financeiros, etc. Foi relatada também a questão

15
da ação da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o DPHAN, em
restauro de alguns monumentos e na ausência de preservação de outros.

Fonte: acervoleiloes.com.br

13 COMPROMISSO SALVADOR – 1971

Já em 1971, aconteceu em Salvador o II Encontro de Governadores para


Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural do Brasil
com o objetivo de reafirmar os itens do Compromisso de Brasília e propor novas
ideias, resultando o Compromisso Salvador. (IPHAN – Compromisso Salvador,
1971).
Fez parte deste documento a recomendação de criação do Ministério da
Cultura e Secretarias, elaboração de legislação para aumentar o conceito de
visibilidade do bem tombado e proteção mais eficiente. O fomento da indústria
do turismo também foi pauta do Compromisso, marcando o estímulo à
implantação de turismo visando a preservação e valorização dos monumentos
naturais. (SILVA,2011)
Foram descritas também recomendações aos governos sobre a inclusão
de curso complementar de estudos brasileiros e museologia no ensino de 2º
grau, permitindo novos profissionais fora dos grandes centros urbanos, onde não

16
tivesse profissional de nível superior, mas mesmo assim possibilitando a
formação de auxiliares.

14 CARTA DO RESTAURO – 1972

A Carta do Restauro foi elaborada em 1972 pelo Ministério da Instrução


Pública da Itália. São 12 artigos que descrevem diretrizes para intervenções de
restauração em todos os tipos de obra de arte, desde monumentos
arquitetônicos, pinturas e esculturas a conjunto de edifícios de interesse
monumental, histórico ou ambiental, centros históricos, coleções artísticas e
jardins de especial importância. (PONTELO,2012)
Neste documento, a restauração é definida como qualquer intervenção,
não necessariamente direta, a fim de manter em funcionamento, facilitar a leitura
e transmitir integralmente as obras anteriormente citadas. São descritas todas
as diretrizes, etapas, responsabilidades, trabalhos, técnicas e programas para a
preservação e restauração de bens históricos, artísticos e culturais. (DITOLVO,
2011)

15 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – 1972

Foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente


Humano, em Estocolmo, no ano de 1972, o documento divulgado chamado
Declaração sobre o Ambiente Humano, também conhecido como Declaração de
Estocolmo, atentou para a carência de critérios comuns para preservação e
melhoria do meio ambiente.
A Declaração evidencia itens como a necessidade de utilização
consciente dos recursos não renováveis; a importância de não descartar de
substâncias que sejam prejudiciais aos ecossistemas; desenvolvimento
econômico e social; atenuação das consequências dos graves problemas de
subdesenvolvimento e desastres naturais; estabilidade econômica; políticas
ambientais; utilização de recursos para a preservação ambiental; planejamento
urbano; educação ambiental; etc. (NAKAMURA, 2013)

17
16 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1972

Ainda no ano de 1972, foi aprovada na Conferência Geral da Organização


das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a
Recomendação Paris sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e
Natural, no qual é proposto um programa de proteção nacional e internacional
de bens por meio da promoção da consciência de preservação para as gerações
presentes e futuras. (CAMPOS et al., 2017)

17 ANAIS DO II ENCONTRO DE GOVERNADORES – 1973

Realizado em 1971, o II Encontro de Governadores ocorreu em Salvador,


porém a publicação do documento resultado deste evento foi somente em 1973.
Com o tema sobre a defesa do patrimônio histórico, artístico, arqueológico e
natural do Brasil, este encontro foi marcado pela análise dos resultados
decorridos do Encontro de Brasília, ocorrido em 1970, pela discussão acerca da
proteção dos acervos naturais e de valor cultural, bem como a relação do acervo
de valor cultural e os monumentos naturais em face da indústria do turismo.
(IPHAN – Anais do II Encontro de Governadores, 1973).

18 RESOLUÇÃO DE SÃO DOMINGOS – 1974

O I Seminário Interamericano sobre Experiências na Conservação e


Restauração do Patrimônio Monumental dos períodos Colonial e Republicano
(República Dominicana) foi realizado com a Organização dos Estados
Americanos e Governo Dominicano em 1974. A partir deste evento, foi publicada
a Resolução de São Domingos que registra os serviços operativos que
materializam e tornam possível a defesa dos bens culturais.
A Resolução descreve recomendações no plano social, econômico, no
plano da preservação monumental, das propostas operativas e do
reconhecimento. (KÖHLER, 2019).

18
19 DECLARAÇÃO / MANIFESTO DE AMSTERDÃ – 1975

O Congresso de Amsterdã, em 1975, reuniu delegados de diversas partes


da Europa, onde foi promulgada a Carta Europeia do Patrimônio Arquitetônico,
que fala sobre a arquitetura característica da Europa como um patrimônio
comum, sendo importante a cooperação dos países europeus para sua proteção.

O patrimônio arquitetônico [...] é uma parte essencial da memória dos


homens de hoje em dia e se não for possível transmiti‐la às gerações
futuras na sua riqueza autêntica e em sua diversidade, a humanidade
seria amputada de uma parte da consciência de sua própria
continuidade (MANIFESTO DE AMSTERDĀ, 1975 apud CURY, 2000,
p. 2).

O documento descreve considerações essenciais que envolvem a


preservação e valorização do patrimônio europeu. (KÖHLER, 2019).

Fonte: prezi.com

20 CARTA DO TURISMO CULTURAL – 1976

Criada em 1876, pelo Conselho Internacional dos Monumentos e dos


Sítios (ICOMOS), a Carta de Turismo Cultural define, entre outros conceitos, o
turismo cultural como sendo uma forma de turismo que objetiva o conhecimento
de monumentos e sítios histórico-artísticos, o que se expressa extremamente
positivo, como fato social, humano, econômico e cultural. Assim, o turismo
cultural justifica e incentiva os esforços para manutenção e preservação do

19
patrimônio histórico e artístico. Para garantir tais feitos, são necessárias a
criação e a aplicação de medidas políticas dirigidas aos instrumentos
fundamentais para contínua manutenção e orientação do movimento turístico.
(TOSELLI, 2006).

21 RECOMENDAÇÕES DE NAIRÓBI – 1976

Criadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência


e a Cultura (UNESCO), em 1976, as Recomendações de Nairóbi tem como tema
central a salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na vida
contemporânea.
Este documento descreve a importância da salvaguarda do patrimônio
histórico e de sua ambiência, que envolve a proteção contra deterioração e
transformações abusivas ou desprovidas de sensibilidade que atentam contra
sua autenticidade. (KÖHLER, 2019).

22 CARTA DE MACHU PICCHU - 1977

Fonte: vitruvius.com.br

20
Em 1977, no Encontro Internacional de Arquitetos em Machu Picchu, foi
elaborada a Carta de Machu Picchu que propõe uma revisão na Carta de Atenas
de 1933. O documento ressalta a reafirmação da unidade dinâmica das cidades
e a importância do planejamento urbano como instrumento de interpretação e
realização das necessidades da população. (GALBIERI, 2008).

23 CARTA DE BURRA – 1980

Baseada nos conhecimentos dos membros do Conselho Internacional de


Monumentos e Sítios (ICOMOS), a Carta de Burra segue linhas de orientação e
conservação e gestão dos sítios com significado cultural. Escrita na Austrália,
ela reconhece a necessidade de envolver pessoas nos processos de formação
das decisões.
Com 29 artigos, a Carta aborda questões relacionadas às definições de
conceitos, conservação e preservação por meio de manutenção e restauração,
reconstrução (dadas às exceções, circunstâncias e características de elementos
a serem implantados e mantidos) e procedimentos de intervenção. (CESAR e
STIGLIANO, 2010).

24 CARTA DE FLORENÇA – 1981

Criada em 1981, pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios


(ICOMOS), a Carta de Florença visou o cuidado com os jardins históricos, sendo
estes uma composição arquitetônica e vegetal que apresenta interesse público.
Os jardins históricos possuem características que devem ser preservadas,
como o traçado e a topografia, vegetação, mantendo espécies, volumes, cores,
distâncias e alturas, elementos estruturais e/ou decorativos. Cuidados devem ser
tomados para a manutenção, conservação, restauração e reconstrução dos
jardins. A reestruturação e reconstrução dos jardins devem acontecer depois de
estudos através de documentos para assegurar o caráter científico da
intervenção. A sua utilização precisa ser controlada e o seu acesso para
visitação deve ser limitado para conservar a sua substância e sua mensagem
cultural. O documento ainda defende a importância de identificar, inventariar e

21
proteger os jardins históricos, criar medidas legais financeiras para manutenção,
conservação e restauro. (SILVA, 2014).

25 DECLARAÇÃO DE NAIRÓBI – 1982

Lima (2003), elucidou sobre este documento que foi a Declaração de


Nairóbi, elaborada em 1982, pela Organização das Nações para o Meio
Ambiente na Assembleia Mundial dos Estados, no Quênia. Foi uma
comemoração do décimo aniversário da Conferência das Nações Unidas sobre
o Ambiente Humano de Estocolmo, recapitulando todas as diretrizes e o plano
de ação, ambos descritos na Declaração de Estocolmo.
A análise realizada deixou clara que a Conferência de Estocolmo
contribuiu para uma conscientização acerca da fragilidade do meio ambiente, um
progresso na educação, nos meios de informação e na capacitação profissional,
programas ambientais, organizações governamentais e não governamentais.
Porém, o plano implantado foi um instrumento com resultados pouco
satisfatórios, uma vez que, entre outras questões, os objetivos e as ações não
garantem disponibilidade e distribuição dos recursos naturais.
Por fim, a Declaração de Nairóbi reafirma o apoio ao fortalecimento do
programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e, ainda, convoca toda a
população e todos os governos para assumirem suas responsabilidades na
garantia de vida do planeta (AMAZONAS, 2012).

26 DECLARAÇÃO DE TLAXCALA - 1982

O 3º Colóquio Interamericano sobre a Conservação do Patrimônio


Monumental “Revitalização das Pequenas Aglomerações” foi realizado pelo
Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) no México. Neste
evento foi elaborada a Declaração de Tlaxcala que diz respeito aos perigos e
ameaças ao patrimônio na América, recomendando revitalizações envolvendo
etapas de pesquisa e prática, reafirmação de responsabilidades de serviços
públicos e aperfeiçoamento na educação e profissionalização de técnicos da
restauração (ARAÚJO, 2007).

22
27 DECLARAÇÃO DO MÉXICO – 1985

Em 1985 foi realizada a Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais,


no México, com o intuito de discutir e conceituar cultura, identidade cultural e
patrimônio cultural acerca da dimensão cultural do desenvolvimento, da cultura
e da democracia. Foi destaque também a relação entre elementos da sociedade
como cultura, educação, ciência e comunicação, bem como recomendações que
envolvem principalmente a aproximação cultural entre os povos.
A Declaração do México (1985) foi uma das primeiras cartas trabalhar com
a questão do patrimônio cultural intangível: até a década de 1970, os
documentos geralmente tratavam apenas do patrimônio material. As definições
de cultura e de patrimônio cultural da Declaração do México (1985) são um
marco na equiparação do material e imaterial, sendo muito utilizadas ainda hoje:

[...] a cultura pode ser considerada atualmente como o conjunto dos


traços distintivos espirituais, materiais, intelectuais e afetivos que
caracterizam uma sociedade e um grupo social. Ela engloba, além das
artes e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser
humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. [...] O
patrimônio cultural de um povo compreende as obras de seus artistas,
arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações
anônimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão
sentido à vida. Ou seja, as obras materiais e não materiais que
expressam a criatividade desse povo; a língua, os ritos, as crenças, os
lugares e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os
arquivos e bibliotecas (CURY, 2004, p.272-275).

28 CARTA DE WASHINGTON - 1986

A Carta de Washington foi criada pelo Conselho Internacional dos


Monumentos e dos Sítios (ICOMOS), no ano de 1986, em Washington (EUA), é
a Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas. Este
documento diz respeito às grandes ou pequenas cidades, centros ou bairros
históricos, com seu ambiente natural ou edificado, que expressam valores
próprios das civilizações urbanas tradicionais.
Salvaguardar as cidades históricas significa adotar medidas para
proteção, conservação e restauro, assim como ao seu desenvolvimento coerente
e à sua adaptação harmoniosa à vida contemporânea. Segundo esta Carta,

23
qualquer ataque a estes valores comprometeria a autenticidade da cidade
histórica.

O plano de salvaguarda deve compreender uma análise dos dados,


particularmente arqueológicos, históricos, arquitetônicos, técnicos,
sociológicos e econômicos e deve definir as principais orientações e
modalidades de ações a serem empreendidos no plano jurídico,
administrativo e financeiro. O plano de salvaguarda deverá empenhar-
se para definir uma articulação harmoniosa entre os bairros históricos
e o conjunto da cidade. O plano de salvaguarda deve determinar as
edificações ou grupos de edificações que devam ser particularmente
protegidos, os que devam ser conservados em certas condições e os
que, em circunstâncias excepcionais, possam ser demolidos. Antes de
qualquer intervenção, as condições existentes na área deverão ser
rigorosamente documentadas. (ICOMOS, Carta de Washington, 1986,
p. 2)

29 CARTA DE PETRÓPOLIS – 1987

A Carta de Petrópolis foi elaborada no 1º Seminário Brasileiro para


Preservação e Revitalização de Centros Históricos, em 1987. Nela, é tratada a
questão de preservação e consolidação da cidadania, ao reforçar a necessidade
de dar ao patrimônio função na vida da sociedade.
A preservação do sítio histórico urbano deve ser pensada desde o
planejamento urbano, entendido como processo contínuo e permanente. É
fundamental a ação integrada de órgãos federais, estaduais e municipais, bem
como a participação da comunidade interessada.
Os instrumentos de proteção descritos no documento são: tombamento,
inventário, desapropriação, isenção e incentivos fiscais, normas urbanísticas e a
declaração de interesse cultural.
Outro aspecto interessante da Carta de Petrópolis é a polifuncionalidade:

Sendo a polifuncionalidade uma característica do SHU, a sua


preservação não deve dar-se à custa de exclusividade de usos, nem
mesmo aqueles ditos culturais, devendo necessariamente, abrigar os
universos do trabalho e do cotidiano, onde se manifestam as
verdadeiras expressões de uma sociedade heterogênea e plural.
Guardando essa heterogeneidade, deve a moradia construir-se na
função primordial do espaço edificado, haja vista a flagrante carência
habitacional brasileira. Desta forma, especial atenção deve ser dada à
permanência do SHU das populações residentes e das atividades
tradicionais, desde que compatíveis com sua ambiência (INSTITUTO
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, 1987, p.1).

24
Fonte: prezi.com

30 CARTA DE WASHINGTON – 1987

A Carta de Washington, de 1987, é conhecida como a Carta Internacional


para a Salvaguarda das Cidades Históricas e descreve sobre cidades e
centros/bairros históricos que expressam valores históricos ameaçados, seja por
degradação, desestruturação ou destruição.
Como um complemento à Carta de Veneza, de 1964, este documento
traça princípios, objetivos, métodos e instrumentos que visam à proteção da
qualidade das cidades históricas (INOUE, 2018).

31 CARTA DE CABO FRIO – 1989

A Carta de Cabo Frio foi redigida no Encontro de Civilizações nas


Américas que comemorou os 500 anos da vinda de Colombo América e
homenageou o navegador Américo Vespúcio (LEAL; BORGES, 2012).

32 DECLARAÇÃO SÃO PAULO – 1989

A Declaração São Paulo, elaborada em 1989, teve como tema a


comemoração do 25º aniversário da Carta de Veneza e uma análise sobre este
documento de 1964. Foi pauta de debate: *A insuficiência de trabalho com

25
relação à preservação e ao restauro; * Necessidade de revisão conceitual de
determinados elementos; *Necessidade de levantamento de informações de
áreas naturais, graças ao avanço tecnológico; *Importância da preservação do
patrimônio natural; *Utilização de sistemas de tecnologia avançada para
trabalhos de restauro; etc.
Por fim, o documento ressalta a importância da permanência da Carta de
Veneza como modelo e fonte de consulta. (IPHAN – Declaração São Paulo,
1989).

33 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1989

A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a


Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1989, realizou a Recomendação
sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular. A Recomendação Paris
abordou itens para identificação, conservação, salvaguarda, difusão, proteção e
cooperação internacional no que diz respeito à cultura tradicional e popular
(LEAL; BORGES, 2012).

34 CARTA DE LAUSANNE – 1990

Conforme explica Schuch e Bisonhim (2014), foi elaborada uma Carta


para a Proteção e Gestão do Patrimônio Arqueológico que descreve, além da
definição e introdução, sobre políticas de conservação integrada; legislação e
economia; inventários; intervenções no sítio; preservação e conservação;
apresentação; informação; reconstituição; qualificações profissionais; e
cooperação internacional.

35 CARTA DO RIO – 1992

A Carta do Rio foi elaborada na Conferência Geral das Nações Unidas


Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em
1992. Ela reafirma a Declaração aprovada em Estocolmo, de 1972, e apresenta

26
28 princípios a fim de estabelecer nova aliança e novos níveis de cooperação
para alcançar os acordos internacionais que visam a integridade do sistema
ambiental e do desenvolvimento mundial. (IPHAN – Carta do Rio, 1992).

36 CONFERÊNCIA DE NARA – 1994

A Conferência de Nara, realizada em 1994 no Japão, trata sobre


Autenticidade em relação a Convenção do Patrimônio Mundial. Este documento
traz o reconhecimento do valor da autenticidade do patrimônio, assunto já
comentado em 1964 na Carta de Veneza, porém, visando estudos científicos,
planos de conservação e restauração, etc. A publicação do documento originado
na Conferência de Nara (1994) impulsionou países a elaborarem suas próprias
cartas a partir da ótica particular de suas culturas (ZANCHETI et al., 2008).

37 CARTA BRASÍLIA – 1995

Novamente o tema de Autenticidade é abordado, dessa vez em Brasília,


no ano de 1995. Representantes do Cone Sul discutem a questão diante da
situação regional de uma cultura “sincretista” e de resistência, no qual relaciona
a autenticidade e a identidade; autenticidade e a mensagem; autenticidade e o
contexto; a autenticidade e a materialidade. Outros pontos são levantados como
a graduação e a conservação da autenticidade. (IPHAN – Carta Brasília, 1995).

38 RECOMENDAÇÃO EUROPA – 1995

Figueiredo (2013) explica sobre a Recomendação da Europa, a qual foi


elaborada pelo Comitê da Europa em 1995, a Recomendação Europa fala sobre
a conservação integrada das áreas de paisagens culturais e indica que os
governos adaptem suas políticas com a finalidade de conservar e evoluir com
orientação as áreas consideradas de paisagem cultural. Para isso, são propostos
10 artigos que relacionam o campo de aplicação de tal recomendação; objetivos;

27
o processo de identificação e a avaliação das áreas de paisagem natural; níveis
de competência e estratégia de ação; estrutura legal ou reguladora; a
implementação de políticas de paisagem; proteção legal e conservação das
áreas de paisagem cultural, procedimentos específicos de proteção, aplicação
de medidas específicas de proteção, medidas específicas para conservação e
evolução controlada; informação e incremento da conscientização; treinamento
e pesquisa; e cooperação internacional.

39 DECLARAÇÃO DE SOFIA – 1996

A XI Assembleia Geral do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios


(ICOMOS), em 1996, elaborou a Declaração de Sofia que faz recomendações
sobre a utilização, a proteção e exploração do patrimônio subaquático. Todos os
processos devem contar com a participação da sociedade civil em parceria com
Estados, entidades públicas e órgãos do governo, a fim de garantir a efetiva
preservação e desenvolvimento equilibrado dos recursos naturais. (IPHAN –
Declaração de Sofia, 1996).

40 DECLARAÇÃO DE SÃO PAULO II – 1996

Membros do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS)


do Brasil se reuniram em São Paulo com o objetivo de discutir o tema central da
Declaração de Sofia, tendo em vista a necessidade de enfrentar os conflitos
entre expansão urbana e preservação do Patrimônio Cultural no país, resultando
na Declaração de São Paulo II. (IPHAN – Declaração de São Paulo II, 1996)

41 CARTA DE FORTALEZA – 1997

A Carta de Fortaleza foi escrita em 1997, comemorando aos 60 anos do


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O evento foi
marcado pelo Seminário do Patrimônio Imaterial: Estratégias e Formas de
Proteção, que teve o objetivo de recolher subsídios que viabilizassem a
elaboração de diretrizes e instrumentos legais e administrativos para identificar,

28
proteger, promover e fomentar os processos e bens do patrimônio cultural
brasileiro (VIANNA e TEIXEIRA, 2010).

42 CARTA DE MAR DEL PLATA – 1997

Ainda no ano de 1997, foi elaborada a Carta de Mar Del Plata sobre
Patrimônio Intangível que recomenda, entre outras ações, a promoção do
registro documento e catalogação do patrimônio intangível, criação de banco de
dados com todas as publicações, incrementar pesquisas, organizar informações
acerca do patrimônio cultural intangível, estimular educação (LEAL e BORGES,
2012).

43 CARTAGENAS DE ÍNDIAS, COLÔMBIA – 1999

Fonte: estevampelomundo.com.br

O Conselho Andino de Ministros das Relações Exteriores da Comunidade


Andina elaborou, em 1999, escreve sobre proteção e recuperação de bens

29
culturais do patrimônio arqueológico, histórico, etnológico, paleontológico e
artístico da Comunidade Andina. Composto por 9 artigos, este documento
propõe políticas e normas comuns para a identificação, registro, proteção,
conservação, vigilância e restituição, assim como o impedimento de importação,
exportação e transferência ilícita dos bens culturais (CUNIN, 2003).

44 RECOMENDAÇÃO PARIS – 2003

A 32ª Sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas


para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) elabora em 2003 a chamada
Recomendação Paris. Tal documento é uma convenção para a preservação do
patrimônio cultural imaterial, visando o respeito aos bens das comunidades, a
conscientização e reconhecimento nacionais e internacionais, etc. (Revista
Museu, 2003).

45 CARTA DE NOVA OLINDA – 2009

A Carta de Nova Olinda foi elaborada em 2009, no I Seminário de


Avaliação e Planejamento das Casas do Patrimônio, visando avaliar as Casas
do Patrimônio, elaborar diretrizes e instrumentos legais que assegurem o
cumprimento de tais propostas (RAMOS; SANTOS, 2017).

46 I FÓRUM NACIONAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL – 2010

O I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural ocorreu em 2009 na cidade de


Ouro Preto, porém, foi somente em 2010 que o trabalho foi publicado com o
objetivo de disponibilizar para consulta os conteúdos dos relatórios e análises
realizados no evento. O Fórum foi uma parte do processo de instituição do
Sistema Nacional do Patrimônio Cultural (SNPC) que busca a coordenação e
realização de ações na área de gestão do patrimônio cultural (SOUZA, 2017)

30
47 CARTA DE BRASÍLIA – 2010

Fonte: embarquenaviagem.com

A Carta de Brasília de 2010 foi um documento elaborado no Fórum Juvenil


do Patrimônio Mundial Brasil Brasília, que contou com a participação de 46
jovens de diferentes países, como Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Colômbia
e Uruguai. O encontro reuniu diferentes realidades e experiências com o
patrimônio sendo um denominador comum. Foram propostas nove ideias como
a participação ativa dos jovens no Comitê do Patrimônio Mundial da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); a
promoção do turismo sustentável e responsável, divulgando o patrimônio sem
comprometê-lo; etc. (CORRÊA, 2017).

31
48 CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS, DITA CARTA DE JUIZ DE FORA –
2010

Fonte: http://auepaisagismo.com

Em Juiz de Fora, no ano de 2010, foi elaborada a Carta dos Jardins


Históricos descreve conceitos, diretrizes e critérios para a defesa e preservação
dos jardins históricos como sítios e paisagens criados pelo homem (IPHAN –
carta dos jardins históricos, dita carta de Juiz de Fora, 2010).

49 AS CARTAS PATRIMONIAIS E O PATRIMÔNIO URBANO

Na Carta de Restauro de Atenas, de 1931, não se fala em patrimônio


urbano, porém fala-se em vizinhança, e sublinha-se o respeito ao caráter
histórico e artístico do monumento, do qual tal vizinhança faz parte. A próxima
carta que toca a questão do patrimônio urbano, sem utilizar, no entanto, o termo,
é a Recomendação de Paris de 1962, um documento da UNESCO (United
Nations Educational, Scientific, Cultural Organization) e do ICOM (International

32
Council of Museums), que ainda que dirigida a paisagens naturais, trata de
paisagens e sítios urbanos (INOUE, 2018).
Na Carta de Veneza (1964), em seu primeiro artigo, afirma que a noção
de monumento histórico: “Estende-se não só às grandes criações, mas também
às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, significação cultural."
Nota-se, portanto, que os termos, ambiência, vizinhança, entorno e paisagem
das primeiras cartas estão relacionadas com o patrimônio urbano, porém apenas
o edifício isolado é considerado monumento (valor excepcional) ou documento
(valor histórico), a mudança só será sentida a partir da Carta de Veneza.
(GRANATO et al., 2018).
A próxima carta patrimonial a tratar do patrimônio urbano é a Norma de
Quito, um documento da OEA (Organização dos Estados Americanos). Nesta
carta recomenda-se que os planos de valorização monumental devem ser vistos
juntamente com planos de desenvolvimento nacional, além disso, recomenda-
se zonas de proteção tanto para conjuntos monumentais urbanos ou ambientais.
O ponto negativo desta carta é que se recomenda o uso dos sítios históricos
para uso turístico, sem antever os efeitos nocivos que possam ter e ser evitados.
Recomendações neste sentido, serão feitas apenas na década seguinte na
Carta do Turismo Cultural, documento do ICOMOS (International Council on
Monuments and Sites) de 1976. No ano seguinte, a Recomendação de Paris,
também atenta para que os planos de urbanização tenham em consideração a
preservação dos monumentos: “(...) Os arredores e o entorno de um monumento
ou de um sítio protegido por lei deveriam também ser objeto de disposições
análogas para que seja preservado o conjunto de que fazem parte e seu
caráter(...)" (p. 9) O patrimônio urbano aparece neste documento ainda sob a
forma de entorno ou conjunto. Gostaria de citar aqui duas cartas patrimoniais
brasileiras, o Compromisso de Brasília (1970 – assinada por Lúcio Costa) e o
Compromisso de Salvador (1971), este último trata o patrimônio urbano ainda
sob o conceito de ambiência: "Recomenda-se a criação de legislação
complementar, no sentido de ampliar o conceito de visibilidade de bem tombado,
para atendimento do conceito de ambiência.", como também fala da necessidade
de estudos e planos diretores, e que contém com apoio do IPHAN, IBDF, órgãos
estaduais e municipais com obras públicas que afetem áreas de valor natural e
cultural. Nota-se nestes documentos que, mesmo antes da Declaração de

33
Amsterdã (1975), considera a carta do patrimônio urbano, fala-se na
necessidade da preservação do monumento e seu entorno, ou conjunto urbano,
dentro do planejamento urbano e regional, como dos planos de
desenvolvimento. Conforme anteriormente citadas, experiências neste sentido,
já vinham sendo testadas tanto na França como na Itália desde a década de
1960, e inspiradas nestes modelos, também foram aqui testadas, resta saber por
que motivo funcionam bem lá, e não aqui. Porém isto foge ao nosso escopo
nesta apresentação. Uma última carta antes de citar a Declaração de Amsterdã:
a Recomendação de Paris, de 1972, um documento da UNESCO que traz
medidas para proteção do patrimônio cultural e natural, de valor excepcional
(mundial). O patrimônio urbano é contemplado nos chamados conjuntos, na
parte de patrimônio cultural, porém de valor excepcional. Ainda que não seja
objetivo desta apresentação, mas uma questão a ser levantada é: os critérios de
valoração ao considerar o que é patrimônio ou não, que por sua vez, levam a
tratamentos e gestão diferentes dos bens patrimoniais. (Portal Iphan)
Tal questão é enfrentada por RIBEIRO (2007), ao falar de paisagem
cultural e patrimônio, que afirma que dependendo da conceituação da paisagem
cultural, que por si só é bastante variada, haverá uma metodologia para abordá-
la e que por sua vez orientará os resultados de identificação e preservação da
paisagem. Esta diferenciação fica clara, quando o autor comenta sobre a
paisagem cultural adotada pela UNESCO, e a Convenção Europeia da
Paisagem. Ambos organismos tomam a paisagem cultural como um bem, e
reconhecem a interação entre o ambiente natural e as ações humanas, no
entanto, os objetivos são diferentes. Enquanto que a UNESCO, tem como
objetivo principal fazer uma lista de bens de valor excepcional, a Convenção
Europeia não tem a valoração de “excepcionalidade” como objetivo principal,
mas sim o de “introduzir regras de proteção, gerenciamento e planejamento para
todas as paisagens baseadas num conjunto de regras, constituindo um elemento
fundamental da gestão do território. ” (RIBEIRO 2007, p. 52). Dado que os
objetivos dos dois organismos são diferentes, os critérios de valoração e
classificação se diferenciam: a UNESCO, além do valor de excepcionalidade,
possui entre outros critérios, a integridade e a autenticidade do bem, enquanto
que para a Convenção Europeia da Paisagem, não são critérios importantes,
tanto que classifica as paisagens em: de considerável importância, ordinárias e

34
degradadas. Além disso, as escalas que cada organismo trabalha são diferentes,
na Unesco a escala é mundial, na Convenção é regional.
Voltando às cartas patrimoniais: a Declaração de Amsterdã, resultado da
reunião do Conselho da Europa e Congresso do Patrimônio Arquitetônico
Europeu, em 1975, é claramente a carta do patrimônio arquitetônico urbano,
juntamente com a Carta de Washington que veremos a seguir. Nela utiliza-se o
termo “conservação integrada”, onde se mescla conservação do patrimônio e o
planejamento urbano, sendo este confiado aos poderes locais juntamente com
a participação da população. A novidade desta carta é reforçar o aspecto de ligar
a preservação aos planos urbanos, e ao mesmo tempo, falar da participação
popular. A próxima carta é a Recomendação de Nairóbi, de 1976, da UNESCO,
que se autodenomina “Recomendações relativa à salvaguarda dos conjuntos
históricos e sua função na vida contemporânea”, em toda a carta fala-se muito
em ambiência e da necessidade de planejamento urbano, e planejamento físico-
territorial. De maneira geral, quando se fala da dimensão contemporânea do
patrimônio, nota-se a tendência de uni-lo ao planejamento urbano e físico-
territorial (INOUE, 2018).
A Carta de Burra, é uma carta do ICOMOS de 1980, traz várias definições,
não utiliza o termo “patrimônio urbano”, porém o faz indiretamente ao definir o
que é um bem: “O termo bem designará um local, uma zona, um edifício ou outra
obra construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que possuam
uma significação cultural, compreendidos, em cada caso, o conteúdo e o entorno
a que pertence. ” E acrescenta: “(...) o termo significação cultural designará o
valor estético, histórico, científico ou social de um bem para as gerações
passadas, presentes ou futuras. ”. Diferentemente da UNESCO, não se fala
nesta carta de “valor excepcional”, mas sim em “significação cultural”, acredita-
se muito mais adequada para abarcar “arquiteturas modestas” e outros
conjuntos, porém por outro lado, contribui-se ainda mais para o alargamento do
conceito de patrimônio. (CONSELHO INTERNACIONAL DE MONUMENTOS E
SÍTIOS (ICOMOS), (1980) apud IPHAN, 2004, p. 247-248).
A Carta de Washington (1986), documento do ICOMOS, juntamente com
a Declaração de Amsterdã (1975), são consideradas as cartas relativas ao
patrimônio urbano. A de Washington difere e de certa maneira ultrapassa esta
última, por possuir caráter internacional. A carta busca complementar,

35
retomando os princípios e objetivos da Carta de Veneza (1964) bem como a
Recomendação de Nairóbi (1976) e, novamente reforça que para a eficácia da
preservação das cidades e bairros históricos, deve estar conectado às políticas
de desenvolvimento econômico social e considerada nos planos urbanos e
planejamento físico-territorial em todos os níveis. Como reflexo desta carta no
contexto brasileiro, podemos citar a Carta de Petrópolis, de 1987, resultado do
1º Seminário Brasileiro para Preservação e Revitalização dos Centros Históricos,
nela define-se o que é “sítio urbano histórico” (SHU), como "parte integrante de
um contexto amplo que comporta as paisagens natural e construída, assim como
a vivência de seus habitantes num espaço de valores produzidos no passado e
no presente, em processo dinâmico de transformação , devendo os novos
espaços urbanos ser entendidos na sua dimensão de testemunhos ambientais
em formação." É, pois, quase uma definição de paisagem cultural, e ainda se
nota a presença da dimensão contemporânea do patrimônio.
Porém não é o que aconteceu na maioria dos casos dos projetos de
revitalização realizados no Brasil, onde predominou-se o uso turístico, e
afugentando a população original, nos tão conhecidos processos chamados de
“gentrificação”.
As demais cartas internacionais, de maneira geral, tratam de aspectos
específicos do patrimônio: como a autenticidade, Conferência de Nara (1994) e
a correspondente brasileira, a Carta de Brasília (1995); e cada vez mais
consideram as dimensões sociais do patrimônio. Um exemplo disso é a
Declaração de Sofia, de 1996, do ICOMOS. E a partir da década de 1990, a partir
das questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, o conceito de
patrimônio ganha novos matizes, ganhando força o conceito de paisagem
cultural.

50 PRIMEIRAS PREOCUPAÇÕES SOBRE PATRIMÔNIO HISTÓRICO NO


BRASIL

Conforme explica o Professor Júnior (2004), com a divulgação da carta de


Atenas, em outubro de 1931, passa a ocorrer no Brasil preocupações nas
autoridades governamentais sobre a necessidade da inclusão de leis que

36
viessem a proteger os monumentos históricos no Brasil. No próprio texto da
Carta de Atenas havia recomendações no sentido de que os poderes públicos
tivessem responsabilidades quanto à preservação, quando afirma:

A conferência, profundamente convencida de que a maior garantia de


conservação dos monumentos e das obras de arte vem do afeto e do
respeito do povo e considerando que estes sentimentos podem ser
bastante favorecidos mediante uma atuação apropriada dos poderes
públicos, expressa o desejo de que os educadores ponham todo seu
empenho em habituar a infância e a juventude para que se abstenham
de qualquer atuação que possa degradar os monumentos....

As repercussões são imediatas e as primeiras medidas do Estado


brasileiro já são visualizadas a partir do texto constitucional de 16 de julho de
1934, quando podemos ler no artigo 148, Capítulo III – Da Educação e Cultura:
“Cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o
desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em geral,
proteger os objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do País, bem
como prestar assistência ao trabalhador intelectual”.
Tal responsabilidade fica revestida de uma abrangência mais significativa,
quando passa a ser incluída a necessidade de preservação de uma gama bem
maior de bens que pudessem inferir a ideia de patrimônio cultural. Embora ainda
não existisse um conceito exato do que seria patrimônio cultural e patrimônio
histórico, na Constituição outorgada de 1937, tenta-se relacionar uma ligação
intrínseca dos bens culturais e históricos com o próprio conceito de patrimônio
nacional, em seu artigo 134: “Os monumentos históricos, artísticos e naturais,
assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza,
gozam da proteção e dos cuidados especiais da União, dos Estados e dos
Municípios. Os atentados contra eles cometidos serão equiparados aos
cometidos contra o patrimônio nacional” (TOMAZ, 2010).
Ainda conforme Tomaz (2010), a proteção legal aos bens arqueológicos
ocorre com a divulgação do Decreto-Lei nº 25, de 30 de Novembro de 1937, que
introduz já em seu primeiro artigo uma conceituação do que seria patrimônio
histórico (englobando a ideia também do artístico): “Art. 1º - Constitui o
patrimônio histórico e artístico nacional, o conjunto dos bens móveis e imóveis
existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua

37
vinculação a fatos memoráveis da História do Brasil, quer por seu excepcional
valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.

50.1 A primeira carta patrimonial de proteção arqueológica no brasil

Fonte: prezi.com

Nesse contexto, os sítios arqueológicos, em todas as regiões do Brasil,


ficaram por décadas no século XX expostos à própria sorte e ao esquecimento.
Somente a partir do final da década de 50, com o trabalho desenvolvido pelas
equipes de arqueólogos americanos e franceses (entre os quais podemos citar
Joseph Emperaire, Annette Laming, Clifford Evans e Betty Meggers) e a
relevância dos achados arqueológicos, foi despertada a necessidade de uma lei
federal que viesse efetivamente a proteger o patrimônio histórico, de forma mais
concreta, inclusive com medidas punitivas.
Essa necessidade não era somente do Estado brasileiro. Em 5 de
Dezembro de 1956, é publicada em Nova Delhi, na Índia, a recomendação
advinda da conferência geral da UNESCO, sobre os princípios internacionais a
serem aplicados em matéria de pesquisas arqueológicas, que estipulava em
seus artigos quarto e quinto, obrigações e responsabilidades dos Estados-
membros ante o patrimônio arqueológico:

4. Cada Membro-Estado deveria garantir a proteção de seu patrimônio


arqueológico, levando em conta, especialmente, os problemas

38
advindos das pesquisas arqueológicas e em concordância com as
disposições da presente recomendação. 5. Cada Estado-Membro
deveria, especialmente: a) submeter as explorações e as pesquisas
arqueológicas ao controle e à prévia autorização da autoridade
competente; b) obrigar quem quer que tenha descoberto vestígios
arqueológicos a declará-los, o mais rapidamente possível, as
autoridades competentes; c) aplicar sanções aos infratores dessas
regras; d) determinar o confisco dos objetos não declarados; e)
precisar o regime jurídico do subsolo arqueológico e, quando esse
subsolo for propriedade do Estado, indicá-lo expressamente na
legislação; f) dedicar-se ao estabelecimento de critérios de proteção
legal dos elementos essenciais de seu patrimônio arqueológico entre
os monumentos históricos.

Essas recomendações vieram a servir de base teórica para a elaboração


de uma lei brasileira que viesse a regular a exploração arqueológica e a defesa
do patrimônio histórico. Tal lei deveria contemplar medidas que viessem a
obstaculizar o processo destrutivo do patrimônio histórico nacional. Discussões
foram travadas pelas autoridades competentes sobre os motivos de depredação
e destruição do patrimônio histórico e aspectos conceituais sobre conservação,
restauração e preservação dos monumentos históricos e bens culturais.
Segundo Morley (2000:371-374), historicamente existem três causas
principais para a destruição dos sítios arqueológicos (baseado em estudos feitos
pelo IPHAN no Estado de Santa Catarina): 1 – Obras de grande porte – Abertura
de estradas, construção de hidrelétricas e crescimento das cidades.

1 - Aproveitamento econômico de áreas de interesse arqueológico -


Utilização de áreas para lavouras. 2 - Vandalismo – crenças em
tesouros fantásticos serve como justificativa para atos destrutivos.

Dentro desse contexto surge, então, a Lei nº 3.924, de 26 de julho de


1961, publicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -
IPHAN, que dispunha sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.
Expressando obrigações da União e listando direitos e deveres dos proprietários
de áreas com sítios arqueológicos, o documento permanece até os dias de hoje
como elemento regulador das atividades de escavação, conservação e proteção
desse patrimônio histórico. Apesar de já estar ultrapassado em vários aspectos,
mas trazia alguns avanços com relação à definição do que seria considerado
monumento arqueológico ou pré-histórico, conforme preconiza o seu artigo 2º e
suas letras a, b, c e d:

39
Art. 2º. - Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que
representem testemunhos da cultura dos paleoameríndios do Brasil,
tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais,
jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas
aqui, mas de significado idêntico, a juízo da autoridade competente; b)
os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos
paleoameríndios, tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha; c) os
sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso
prolongado ou de aldeamento, estações e cerâmicos, nos quais se
encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou
paleoetnográfico; d) as inscrições rupestres ou locais com sulcos de
polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de
paleoameríndios.

Apesar de deixar brechas ao não explicitar em termos conceituais o que


seria “sítio” (confundindo-se com jazidas) e o que seriam os “paleoameríndios”,
a Lei 3.924 tentava conter, de forma intimidatória, os atos de vandalismos e
depredação que estavam sofrendo os sítios arqueológicos de forma desenfreada
em todas as regiões do território brasileiro, ao destacar:

Art. 3º. _ São proibidos em todo o território nacional o aproveitamento


econômico, a destruição ou mutilação, para qualquer fim, das jazidas
arqueológicas ou pré-históricas conhecidas como sambaquis,
casqueiros, concheiros, birbigueiras e sernambis, e bem assim dos
sítios, inscrições....

Por algum tempo essas medidas punitivas ficaram somente na teoria,


tanto pela falta de fiscalização quanto pela própria ausência de institutos de
pesquisas arqueológicas. Outro fator importante foi a total ausência de
informação da população brasileira do que seria “um sambaqui” ou mesmo um
sítio arqueológico qualquer. A falta de clareza do que seria patrimônio histórico
ou do que seria monumento histórico, também dificultava a execução dessa
primeira Carta Patrimonial (que está em vigor até os dias de hoje) em seu sentido
mais prático.

40
51 MONUMENTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E PLANO DE
CONSERVAÇÃO

Fonte: http://m.portalangop.co.ao

Em maio de 1964 é publicada a Carta de Veneza, que exemplifica que “o


monumento não pode ser separado da história da qual é testemunho e nem do
ambiente no qual se encontra. ”
Diante de um passado espelhado na dispersão científica e no
emaranhado de conclusões arqueológicas desprovidas de embasamentos
teóricos, entre 1965 e 1970, elaborou-se no Brasil, um projeto amplo de
sistematização e padronização de procedimentos nas atividades arqueológicas,
denominado de PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas),
agrupando diversas instituições e pesquisadores, sob a égide dos ensinamentos
da chamada “escola Ford” (metodologia americana). Prous (2000:29) resume em
poucas linhas essa primeira tentativa de sistematização da pesquisa
arqueológica no Brasil: Coordenado pelos Evans, foi montado um ambicioso
programa que reunia 11 arqueólogos de oito estados: o PRONAPA (1965/1970),
destinado a fornecer uma primeira visão sintética da Pré-História dos estados
costeiros brasileiros a partir de uma pesquisa integrada graças à utilização de
uma metodologia única e de uma mesma perspectiva teórica.

41
Não obstante a boa vontade de alguns pesquisadores o projeto se
mostrou falho por insistir em parâmetros estatísticos (nem sempre confiáveis) e
esquemas metodológicos fora de uso até mesmo nos Estados Unidos.
Entretanto teve o aspecto positivo de incentivar a pesquisa arqueológica em
algumas áreas praticamente desconhecidas5 da comunidade acadêmica. Com
a publicação da Carta de Burra (carta Del ICOMOS Austrália para sítios com
significado cultural) em 19 de agosto de 1979, estimulam-se novas vertentes
quanto a conservação do patrimônio histórico. Com os conceitos de bem,
substância, sítio, significado cultural, conservação, manutenção, preservação,
restauração e reconstrução, a Carta de Burra avançou consideravelmente a
conscientização acadêmica quanto à necessidade de reavaliação de
procedimentos no trato do patrimônio histórico no Brasil.
 Bem – designará um local, uma zona, um edifício ou outra obra
construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que
possuam uma significação cultural, compreendidos, em cada caso,
o conteúdo e o entorno a que pertence.
 Substância – será o conjunto de materiais que fisicamente
constituem o bem.
 Sítio – significa lugar, área, terreno, paisagem, edifício ou outra
obra, grupo de edifícios ou outras obras, e pode incluir
componentes, conteúdos, espaços e visuais.
 Significado cultural – significa valor estético, histórico, científico,
social ou espiritual para as gerações passadas, presentes ou
futuras.
 Conservação – significa todos os processos de cuidado de um sítio
para manter seu significado cultural.
 Manutenção – designará a proteção contínua da substância, do
conteúdo e do entorno de um bem e não deve ser confundido com
o termo reparação.
 Preservação – será a manutenção no estado da substância de um
bem e a desaceleração do processo pelo qual ele se degrada.
 Restauração – Será o restabelecimento da substância de um bem
em um estado anterior conhecido.

42
 Reconstrução - Será o restabelecimento, com o máximo de
exatidão, de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela
introdução na substância existente de materiais diferentes, sejam
novos ou antigos.

A preocupação girava então, em torno da necessidade de conservação


adequada do patrimônio histórico. No mundo já eram visíveis as expectativas
quanto às intervenções ocorridas nas cidades históricas devido ao crescente
desenvolvimento urbano. Com algumas cidades brasileiras já sendo
consideradas como patrimônio cultural da humanidade, foi extremamente salutar
a publicação da Carta Internacional para a Conservação das Cidades Históricas
(Carta de Toledo) em 1986, no qual se recomenda a “adesão dos habitantes” na
conservação das cidades e que o “Plano de Conservação deve ter uma relação
harmônica entre a área histórica e a cidade”.
Entretanto, somente podemos verificar progressos conceituais no Brasil
quanto ao que seria patrimônio cultural, com a promulgação da Constituição
Federal em 05 de outubro de 1988, que “inscreveu explicitamente três títulos,
quatro capítulos, seis artigos (mais os incisos), enfatizando os modos e as
responsabilidades de sua proteção” (Spencer, 2000:25). No seu capítulo III – Da
Educação, da Cultura e do Desporto, sob o título Da Ordem Social, o artigo 216
evidencia o conceito de patrimônio cultural:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II _ os modos de
criar, fazer e viver; III _ as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV _ as
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações Artísticos-culturais V _ os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, Paleontológico, ecológico e
científico.
Posteriormente, com a divulgação da Carta de Lausanne, em 1990, sobre
a proteção e a gestão do patrimônio arqueológico, fica mais concreta a
percepção do conceito de patrimônio arqueológico:

43
Art. 1º - O “patrimônio arqueológico” compreende a porção do
patrimônio material para a qual os métodos da arqueologia fornecem
os conhecimentos primários. Engloba todos os vestígios da existência
humana e interessa todos os lugares onde há indícios de atividades
humanas, não importando quais sejam elas; Estruturas e vestígios
abandonados de todo tipo, na superfície, no subsolo ou sob as águas,
assim como o material a eles associados.

E essa mesma Carta amplia a percepção do conceito de patrimônio


arqueológico, alertando quanto à aplicação da legislação: A legislação deve
fundar-se no conceito de que o patrimônio arqueológico constitui herança de toda
a humanidade e de grupos humanos, e não de indivíduos ou de nações.

52 A NECESSIDADE DA CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DAS
CARTAS PATRIMONIAIS BRASILEIRAS

A necessidade de um planejamento a curto, médio e longo prazo, para a


preservação do patrimônio histórico e pré-histórico, pelos poderes públicos e,
principalmente, pela educação da sociedade, tornou-se imperativo.
Essa diretriz não é nova e já aparecia na Carta de Atenas, de 1931,
quando no capítulo VII, item “b”, mostrando a importância da educação dos
jovens na defesa do patrimônio cultural:

b) O papel da educação e o respeito aos monumentos A conferência,


profundamente convencida de que a melhor garantia de conservação
dos monumentos e obras de arte vem do respeito e do interesse dos
próprios povos, considerando que esses sentimentos podem ser
grandemente favorecidos por uma ação apropriada dos poderes
públicos, emite o voto de que os educadores habituem a infância e a
juventude a se absterem de danificar os monumentos, quaisquer que
eles sejam, e lhes façam aumentar o interesse de uma maneira geral,
pela proteção dos testemunhos de toda a civilização.

Claro que existem leis severas quanto aos danos praticados ao patrimônio
cultural, como explicita Caldarelli (2000) se referindo em especial “a Lei dos
crimes ambientais (lei 9.605/98 e regulamentada pelo Decreto 3.179/99) que
estipulam multas que variam de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) para quem cometer destruição de bens culturais protegidos
por Lei federal (caso dos sítios arqueológicos), além do infrator responder
processo administrativo e criminal”.

44
O próprio código penal brasileiro estipula as sanções praticadas contra o
patrimônio cultural, conforme pode ser visualizado em seu título “Dos crimes
contra o patrimônio”, em seu capítulo IV (Do dano), no artigo 165:

Artigo 165° - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela


autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou
histórico: Pena: detenção, de seis meses a dois anos, e multa, de mil
cruzeiros e vinte mil cruzeiros.

Entretanto, Morley (2000) reforça um ponto de vista importante ao


esclarecer que somente a criação de leis mais severas ou ações judiciais não
resolve os problemas de conservação do patrimônio histórico, e aponta a
educação da sociedade como “a resposta mais adequada para uma situação
que se agrava a cada dia”. Destaca então, alguns passos essenciais para que a
sociedade venha a adquirir um grau de conscientização cultural que permita a
defesa desse patrimônio histórico pela própria população:
 Difusão de informações científicas, traduzidas em linguagem de
duplo alcance, de modo a desmistificar a arqueologia, destituindo-
a dos aspectos fantásticos e equivocados e fortalecendo sua
importância intrínseca.
 Valorização das manifestações culturais que nos antecederam,
principalmente no que diz respeito ao período que precede à
chegada do europeu no Brasil.
 Inclusão de temas relacionados à arqueologia, principalmente no
que se refere à pré-história, nos currículos escolares, utilizando
sempre informações provenientes de textos produzidos no Brasil,
de modo a que não continuem a ocorrer as distorções atualmente
existentes.
 Estabelecimento de uma relação verdadeira entre o Brasil dos
tempos passados e o da atualidade, de modo a que, para o cidadão
comum, este passado deixe de ser tão obscuro. 6 – Formação de
uma consciência nacional sobre a importância do patrimônio
arqueológico como extraordinária fonte de informações e que pode
e deve ser usufruída por todos.

45
O estabelecimento desse roteiro parece ser o caminho mais viável para
um país que somente agora começa a descobrir um patrimônio histórico e pré-
histórico de valor inestimável. Implantar a obediência da Lei 3.924 sobre a
proteção dos sítios arqueológicos, do IPHAN, sem uma conscientização cultural
através da educação da sociedade, não parece ser a melhor solução. O aspecto
punitivo e intimatório que a Lei transmite, choca frontalmente com o
desconhecimento da sociedade sobre o que seria um patrimônio histórico,
trazem desconfortos e antipatias.
A dificuldade de aplicação e fiscalização dessa Lei, devido a deficiências
do próprio Órgão governamental ante ao enorme contexto geográfico brasileiro,
parece ser outro entrave substancial, conforme ressalta Etchevarne (2002),
quando aborda alguns fatores sociais atinentes ao patrimônio arqueológico: Os
dispositivos legais existentes e a sua aplicabilidade: neste ponto devemos alertar
sobre as dificuldades de aplicabilidade das leis de preservação do patrimônio
cultural, quando elas são de caráter federal. Os controles do órgão competente
IPHAN em territórios vastos, como por exemplo o da Bahia, são praticamente
nulos. A legislação existente, essencialmente punitiva, não consegue coibir os
atos de destruição intencionais, posto que os agentes de fiscalização não
existem ou se encontram impossibilitados materialmente para efetuar a
autuação. Leis de proteção de índole municipal são mais fáceis de normatizar e
de aplicar, podendo representar uma opção aos dispositivos federais.
Se existem dificuldades para fiscalização a nível federal diante das
carências de mão de obra qualificada e recursos financeiros, no âmbito municipal
o quadro é bem pior. Embora na constituição federal seja competência dos
municípios, conforme preconiza em seu artigo trigésimo “promover a proteção
do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual”, a realidade do poder público municipal quanto
a esse aspecto, vai de mal a pior.

46
BIBLIOGRAFIA

1º SEMINÁRIO BRASILEIRO PARA PRESERVAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DE


CENTROS HISTÓRICOS, Petrópolis, 1987. Carta de Petrópolis. Disponível
em: Acesso em: 17/05/2018.

AMAZONAS, Maurício. Economia verde e Rio + 20: recortando o


desenvolvimento sustentável. Revista NECAT - Revista do Núcleo de Estudos
de Economia Catarinense, [s. l.], ano 1, n. 2, p. 24-39, 2012. Disponível em:
http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/necat/about/submissions#copyrig
htNotice. Acesso em: 3 ago. 2020.

ARANTES, Antônio A. Patrimônio cultural de cidade. In: FORTUNA, Calos e


LEITE, Rogério Proença (org.). Plural de cidade: léxicos e culturas urbanas.
Coimbra: G.C. Gráfica de Coimbra LDA, 2009.

ARAÚJO, António de Borja. Declaração de Tlaxcala (1982). ICOMOS, [s. l.],


2007. Disponível em: www.patrimonio-santarem.pt. Acesso em: 3 ago. 2020.

CALDARELLI, Solange Bezerra. SANTOS, Maria do Carmo Mattos Monteiro


dos. Arqueologia de contrato no Brasil. Editora USP, Revista USP, Vol. 1, São
Paulo, 2000; Pág. 52 a 73.

CALDAS, K.V.; SANTOS, C.A.A. Cartas Patrimoniais, legislação e a restauração


do Grande Hotel de Pelotas: breves considerações. In: SEMINÁRIO DE
HISTÓRIA DA ARTE, 12, 2013, Pelotas. Anais eletrônicos... Pelotas: UFPEL,
2013. Disponível em:
<https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/Arte/issue/view/246/showToc>.
Acesso em: 29 jun. 2020.

CALDAS, Karen Velleda, SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Cartas patrimoniais,


legislação e a restauração do grande hotel de pelotas: breves
considerações. Universidade Federal de Pelotas, Brasil.

CAMPOS, Juliano Bitencourt et al. O patrimônio arqueológico no licenciamento


cultural: legislação, políticas culturais e gestão integrada. Oculum ens.,

47
Campinas, p. 331-347 |, 2017. Disponível em: seer.sis.puc-campinas.edu.br.
Acesso em: 31 jul. 2020.

Carta Patrimoniais. Disponível em


<http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?cont
eudo=264>. Acessado em 17/05/2018.

Cartas Patrimoniais. Disponível em <


http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/226>. Acessado em 17/05/2018.

CARVALHO, Claudia S. Rodrigues de. Em busca do patrimônio histórico


arquitetônico de Foz do Iguaçu. Revista CPC, São Paulo, n. 18, 2015. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v0i18p141-153. Acesso em: 4
ago. 2020.

CÉSAR, Pedro de Alcântara Bittencourt; STIGLIANO, Beatriz Veroneze. A


VIABILIDADE SUPERESTRUTURAL DO PATRIMÔNIO: ESTUDO DO MUSEU
DA LÍNGUA PORTUGUESA. CULTUR - Revista de cultura e turismo, [s. l.],
ano 4, n. 1, 2010. Disponível em: http://www.uesc.br/revistas/culturaeturismo.
Acesso em: 30 jul. 2020.

Comitê Internacional de Monumentos e Sítios. Carta de Washington, 1986.


Tradução Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ministério da
Cultura. Brasília: IPHAN, 2000. 4 p. Disponível em: Acesso em: 3 maio 2011.

CONSELHO INTERNACIONAL DE MONUMENTOS E SÍTIOS – ICOMOS. Carta


de Burra, 1980. In: IPHAN: Cartas Patrimoniais. 3ª Ed. Ver. Rio de Janeiro:
IPHAN, 2004, p. 247-251.

CORRÊA, Gabriele Angelini. Em Busca do Patrimônio Histórico


Arquitetônico de Foz do Iguaçu. 2017.97. Trabalho de Conclusão de Curso de
Arquitetura e Urbanismo– Universidade Federal da Integração Latino-
Americana, Foz do Iguaçu, 2017.

CORRÊA, Gabriele Angelini. Em Busca do Patrimônio Histórico


Arquitetônico de Foz do Iguaçu. 2017.97. Trabalho de Conclusão de Curso de
Arquitetura e Urbanismo– Universidade Federal da Integração Latino-
Americana, Foz do Iguaçu, 2017.

48
COSTA, Karine Lima da. Repatriação de bens culturais egípcios. Semna –
Estudos de Egiptologia III, Rio de Janeiro-RJ, 2016. Disponível em:
academia.edu. Acesso em: 30 jul. 2020.

CUNIN, Elisabeth. Identificação territorial, identificação étnica em Cartagena,


Colômbia. SciELO , [s. l.], ano 25, n. 1, p. 123-143, 2003. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0101-546X2003000100006. Acesso em: 4 ago. 2020.

CURY, I. Cartas Patrimoniais. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.

CURY, Isabelle (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro:
IPHAN, 2004. 408 p.

DIMENSTEIN, Dora. A Educação Patrimonial, Memória e Cidadania: A


Experiência dos Professores de História da Rede Municipal do Jaboatão
dos Guararapes – PE. 44 p. il.2016. Monografia (Curso de Aperfeiçoamento em
Gestão Cultural) – Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton
Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

DITOLVO, Ana Marta Alexandre. Procedimentos investigativos no projeto de


restauro arquitetônico: análise do caso paulistano quatro estudos de
casos. Repositório Unicamp, Campinas, 2011. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/284429/1/Ditolvo_AnaMartaAl
exandre_M.pdf. Acesso em: 31 jul. 2020.

ETCHEVARNE, Carlos. (2002). Uma proposta de ação integrada para as


áreas arqueológicas e pinturas rupestres em Iraquara, Bahia.
FUMDHAMentos II, Fundação Museu do Homem Americano, V.1, n. 2, São
Raimundo Nonato-PI, 2002; Páginas 219 a 229.

FIGUEIREDO, V. O patrimônio e as paisagens: novos conceitos para velhas


concepções? Paisagem e Ambiente, n. 32, p. 83-118, 27 dez. 2013.

GALBIERI, Thalita Ariane. Os planos para a cidade no tempo. Vitruvius:


resenhas online, [s. l.], 2008. Disponível em:
https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/07.079/3069. Acesso
em: 3 ago. 2020.

49
GOVERNO DO PARANÁ. Secretaria de Estado da Cultura -
SEEC. Conceituação de Carta Patrimonial. Relação das cartas patrimoniais e
seus objetivos específicos. [S. l.], 2019. Disponível em:
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteu
do=264. Acesso em: 24 jul. 2020.

GRANATO, Marcus et al. Cartas patrimoniais e a preservação do patrimônio


cultural de ciência e tecnologia. UEL Inf., Londrina, v. 23, n. 3, p. 202 – 229,
2018. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/informacao. Acesso em: 4 ago.
2020.

INOUE, Luciana Massami. O patrimônio urbano e as cartas


patrimoniais. Oculum ens., Campinas, p. 271-286 |, 2018. Disponível em:
https://dx.doi.org/10.24220/2318-0919v15n2a4054. Acesso em: 3 ago. 2020.

IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Cartas


Patrimoniais. 2015. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=17575&sigla=Instit
ucional&retorno=paginaInstitucional>. Acesso em: 04 abr 2015.

JÚNIOR, Valdeci dos Santos. A influência das Cartas Internacionais sobre as


Leis Nacionais de Proteção ao Patrimônio Histórico e Pré-Histórico e
estratégias de preservação dos Sítios Arqueológicos Brasileiros.
Publicação do Departamento de História e Geografia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte Centro de Ensino Superior do Seridó – Campus de
Caicó. V. 06. N. 13, dez.2004/jan.2005.

KANASHIRO, Milena. Da antiga à nova Carta de Atenas − em busca de um


paradigma espacial de sustentabilidade. Revistas UFPR, Editora UFPR, n. 9, p.
33-37, 2004. Disponível em: revistas.ufpr.br. Acesso em: 30 jul. 2020.

KÖHLER, André Fontan. As cartas patrimoniais e sua relação com o turismo


cultural: teorias, práticas e seus desdobramentos no caso brasileiro. Revista
Iberoamericana de Turismo- RITUR, Penedo, v. 9, n. 2, p. 138-163, 2019.
Disponível em: www.seer.ufal.br. Acesso em: 3 ago. 2020.

LEAL, Alessandra; BORGES, Maristela Correa. Patrimônio cultural imaterial: leis


e documentos. CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista on line , [s. l.], v. 13, n.

50
44, p. 221–234, 2012. Disponível em:
http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/. Acesso em: 3 ago.
2020.

LEAL, Claudia Feierabend Baeta. Patrimônio e desenvolvimento: as políticas de


patrimônio cultural nos anos 1960. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 24,
n. 1, p. 99-136, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
47142016000100099&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 31 jul. 2020.

LIMA, Guadalupe Costa de Sousa. O conceito e a prática do desenvolvimento


sustentável no sistema internacional e no brasil. Repositorio Uniceub, Brasília-
DF, 2003. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/. Acesso em: 3 ago.
2020.

MARSHALL, Francisco. Cartas de Veneza, 1964: notas de leitura. UnilaSalle


Editora, Canoas, n. 24, 2016. Disponível em:
http://www.revistas.unilsalle.edu.br/index.php/Mouseion. Acesso em: 30 jul.
2020.

MARTINS, Flávia Possebon. Acessibilidade nos prédios históricos da UFRGS:


Estudo das áreas coletivas do instituto eletrotécnico. Lume Ufrgs, [s. l.], 2013.
Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/96312/000914844.pdf?seque
nce=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 jul. 2020.

MORLEY, Edna June (2000). Como preservar os sítios arqueológicos


brasileiros. In: Pré História da terra brasilis. Org. Maria Cristina Tenório.
Editora UFRJ, Primeira reimpressão, Rio de Janeiro, 2000; Páginas 371 a 376.

NAKAMURA, Julia Naomi. O direito ambiental internacional: construção e


efetividade na defesa do meio ambiente. PUC - Departamento de Direito, Rio
de Janeiro, 2013. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/22533/22533.PDF. Acesso em: 31 jul. 2020.

PONTELO, Mathaeus Levy Alves. FUNDAMENTOS ÉTICOS NA


CONSERVAÇÃO E RESTAURO: análise dos princípios éticos relacionados às
atividades dos profissionais envolvidos com o setor de Conservação e

51
Restauro. Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Ouro Preto, Ouro
Preto, 2012. Disponível em: http://edumat.ouropreto.ifmg.edu.br/wp-
content/uploads/sites/33/2019/01/Mathaeus-tcc-final-30-de-abirl.pdf. Acesso
em: 31 jul. 2020.

PROUS, André (2000). Arqueologia, Pré-História e História. In: Pré-História


da terra brasilis. Org. Maria Cristina Tenório. Editora UFRJ, primeira
reimpressão, Rio de Janeiro, 2000; Páginas 19 a 32.

RAMOS, Caroline Martins Rennó. Cartas Patrimoniais. Disponível em <


www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/cotidiano/cartas-
patrimoniais/61157>. Acessado em 17/05/2018.

RAMOS, Silvana Pirillo; SANTOS, Greciene Lopes dos. Políticas de Educação


Patrimonial: Considerações sobre as Casas do Patrimônio em Alagoas,
Brasil. Revista Iberoamericana de Turismo- RITUR,, Penedo, v. 7, n. 3, p. 167-
186, 2017. Disponível em: http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur. Acesso em: 4
ago. 2020.

REVISTA MUSEU. Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural


Imaterial. Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial,
[S. l.], 2003. Disponível em:
https://www.revistamuseu.com.br/site/br/legislacao/patrimonio/4881-unesco-
2003-recomendacao-paris.html. Acesso em: 4 ago. 2020.

RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem Cultural e Patrimônio. Rio de Janeiro:


IPHAN, 2007

SALCEDO, Rosio Fernández Baca. A reabilitação da residência nos centros


históricos da América Latina: Cusco e Ouro Preto. São Paulo: EdUnesp,
2007.

SANTOS, Camila Ribeiro dos. Política de proteção de entorno de bens


tombados: Um novo olhar sobre o Museu Mariano Procópio. Repositorio Ufjf,
[s. l.], 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/6252/1/camilaribeirodossantos.pdf.
Acesso em: 31 jul. 2020.

52
SILVA, Gislaine Barbosa Calumbi da. A cidade de cachoeira enquanto núcleo
urbano preservado: um olhar museológico tendo como referência o patrimônio
edificado. Universidade Federal do recôncavo da Bahia centro de artes,
humanidades e letras, Cachoeira, 2011. Disponível em: www.ufrb.edu.br.
Acesso em: 31 jul. 2020.

SILVA, Joelmir Marques da. A conservação do jardim histórico, um olhar sobre


o componente vegetal da Praça de Casa Forte e da Praça Euclides da
Cunha. Revista espaço acadêmico, [s. l.], n. 158, 2014. Disponível em:
periodicos.uem.br. Acesso em: 3 ago. 2020.

SOUZA, Igor Alexander Nascimento de. Programas casas do patrimônio: da


institucionalização ao iminente obscurantismo. Revista Memorare, Tubarão -
SC, v. 4, n. 1, p. 190-209, 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/15017. Acesso em: 4 ago.
2020.

SPENCER, Walner Barros. Patrimônio: legislação e instrumentos


normativos: ecos de silêncio! A memória indígena recusada. Dissertação de
mestrado em ciências sociais da UFRN, Natal, 2000.

TARGINO, Maria Ivonilde Mendonça. Uma experiência de educação


patrimonial na cidade de João Pessoa: o processo de elaboração das
cartilhas do patrimônio pelo IPHAEP. 1980/2003 / Maria Ivonilde Mendonça
Targino. – João Pessoa, 2007. 120 p.

TOMAZ, Paulo Cesar. A preservação do patrimônio cultural e sua trajetória no


Brasil. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais , [s. l.], ano 7, v. 7, n.
2, 2010. Disponível em: http://www.revistafenix.pro.br/. Acesso em: 4 ago. 2020.

TOSELLI, Claudia. Algunas reflexiones sobre el turismo cultural. PASOS.


Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. , [s. l.], v. 4, n. 2, p. 175-182, 2006.
Disponível em: https://doi.org/10.25145/j.pasos.2006.04.012. Acesso em: 3 ago.
2020.

UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura. Recomendação de Paris, relativo a Paisagens e Sítios. Tradução

53
UNESCO/ Brasil. Paris: UNESCO, 1962. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/226>

VIANNA, Letícia & TEIXEIRA, João Gabriel. Patrimônio imaterial,


performance e identidade. In: TEIXEIRA, João Gabriel L. C. & VIANNA, Letícia
C. R. (Orgs.). As Artes Populares no Planalto Central: performance e identidade.
Brasília: Verbis Editora, 2010, pp. 41-53.

ZANCHETI, Sílvio Mendes et al. Da autenticidade nas Cartas Patrimoniais ao


reconhecimento das suas dimensões na cidade. CECI - TEXTOS PARA
DISCUSSÃO V.28, Olinda, 2008. Disponível em: researchgate.net. Acesso em:
3 ago. 2020.

54

Você também pode gostar