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INTRODUÇÃO ......................................................................................... 5
1 CONCEITO ........................................................................................ 6
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 47
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 CONCEITO
Fonte: prezi.com
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Mundo. Dessas discussões, surgiram instituições internacionais como: a ONU
(Organizações das Nações Unidas); a UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura); o ICOM (Conselho Internacional
de Museus), o ICCROM (Centro Internacional para o Estudo da Preservação e
Restauração de Bens Culturais); e o ICOMOS (Conselho Internacional de
Monumentos e Sítios), entre outras organizações que promoveram eventos e
encontros entre as nações, cujas discussões resultaram nas chamadas Cartas
Patrimoniais. Esses documentos passaram, dentre outras recomendações, a
indicar códigos de posturas internacionais e a orientar a conduta dos
profissionais atuantes na área da conservação-restauração, além de
proporcionar a ampliação das noções de patrimônio e bem cultural para os
países signatários (CALDAS; SANTOS, 2013).
São duas Cartas de Atenas, uma escrita em 1931 e outra em 1933, que
exprimem ideias importantes quanto à preservação do patrimônio e ao novo
urbanismo.
A primeira, contou com o Escritório Internacional dos Museus Sociedade
das Nações trazendo para discussão questões das principais preocupações da
época, que envolviam a legislação, as técnicas e os princípios de conservação
dos bens históricos e artísticos. Nesse sentido, o documento mostra a
necessidade tanto organizações que trabalhem na atuação e consultas
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relacionadas à preservação e restauro dos patrimônios, como de legislação que
ampare tais ações, garantindo o direito coletivo (IPHAN – Carta de Atenas,
1931).
A Carta de Atenas de 1933, resultado do IV CIAM (Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna) preconizava a organização da cidade a
partir de quatro funções básicas: trabalhar, habitar, circular e cultivar o corpo e o
espírito, basicamente o gérmen da ideia da zonificação. A Carta de Atenas de
1933, que repercutiu como manual dos urbanistas modernos, talvez em face de
necessidade de recomposição de tecidos urbanos pós-guerras e em
consonância com o modelo capitalista de produção. A Nova Carta de Atenas de
1998, pelo caráter dogmático da primeira, conduz às reflexões e críticas
acumuladas nas últimas décadas e incorpora os principais preceitos de
desenvolvimento sustentável. A reversão de conceitos pode ser observada
principalmente na atuação do arquiteto como o “grande mestre” detentor das
verdades, a um coreógrafo do desenvolvimento KANASHIRO (2004).
Fonte: eficienciaenergtica.blogspot.com.br
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6 RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI – 1956
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8 CARTA DE VENEZA – 1964
Fonte: pt.slideshare.net
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Nela, aplica-se a noção atual de monumento histórico, por suas relações
com o espaço (meio). Ainda neste documento, recomenda-se que a restauração
deve, inicialmente, ser pensada com a utilização de técnicas tradicionais, e,
somente com a impossibilidade de sua adoção, recomenda-se a vinculação de
novas técnicas. Reconhece, ainda, que “as contribuições válidas de todas as
épocas para a edificação devem ser respeitadas” (Carta de Veneza, art.11) Tem-
se, assim, sua integridade como valor patrimonial, dando margem para um amplo
e longo debate dentro de suas especificidades científicas e ideológicas (CÉSAR;
STIGLIANO, 2010).
Na Carta de Veneza (1964), encontramos algumas definições importantes
relativas à noção de monumento e restauração.
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11 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1968
Fonte: viajeibonito.com.br
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alteração de vias de grande fluxo, implantação de barragens, oleodutos e
trabalhos de desenvolvimento de indústria. (MARTINS, 2013).
Deve, ainda, ser garantido, a fim de proteger o patrimônio, o uso de uma
legislação adequada, financiamento, medidas administrativas, métodos de
preservação e salvamento dos bens, sanções, reparações, recompensas,
assessoramento e programas de educação. (LEAL, 2016)
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da ação da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o DPHAN, em
restauro de alguns monumentos e na ausência de preservação de outros.
Fonte: acervoleiloes.com.br
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tivesse profissional de nível superior, mas mesmo assim possibilitando a
formação de auxiliares.
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16 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1972
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19 DECLARAÇÃO / MANIFESTO DE AMSTERDÃ – 1975
Fonte: prezi.com
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patrimônio histórico e artístico. Para garantir tais feitos, são necessárias a
criação e a aplicação de medidas políticas dirigidas aos instrumentos
fundamentais para contínua manutenção e orientação do movimento turístico.
(TOSELLI, 2006).
Fonte: vitruvius.com.br
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Em 1977, no Encontro Internacional de Arquitetos em Machu Picchu, foi
elaborada a Carta de Machu Picchu que propõe uma revisão na Carta de Atenas
de 1933. O documento ressalta a reafirmação da unidade dinâmica das cidades
e a importância do planejamento urbano como instrumento de interpretação e
realização das necessidades da população. (GALBIERI, 2008).
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proteger os jardins históricos, criar medidas legais financeiras para manutenção,
conservação e restauro. (SILVA, 2014).
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27 DECLARAÇÃO DO MÉXICO – 1985
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qualquer ataque a estes valores comprometeria a autenticidade da cidade
histórica.
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Fonte: prezi.com
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relação à preservação e ao restauro; * Necessidade de revisão conceitual de
determinados elementos; *Necessidade de levantamento de informações de
áreas naturais, graças ao avanço tecnológico; *Importância da preservação do
patrimônio natural; *Utilização de sistemas de tecnologia avançada para
trabalhos de restauro; etc.
Por fim, o documento ressalta a importância da permanência da Carta de
Veneza como modelo e fonte de consulta. (IPHAN – Declaração São Paulo,
1989).
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28 princípios a fim de estabelecer nova aliança e novos níveis de cooperação
para alcançar os acordos internacionais que visam a integridade do sistema
ambiental e do desenvolvimento mundial. (IPHAN – Carta do Rio, 1992).
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o processo de identificação e a avaliação das áreas de paisagem natural; níveis
de competência e estratégia de ação; estrutura legal ou reguladora; a
implementação de políticas de paisagem; proteção legal e conservação das
áreas de paisagem cultural, procedimentos específicos de proteção, aplicação
de medidas específicas de proteção, medidas específicas para conservação e
evolução controlada; informação e incremento da conscientização; treinamento
e pesquisa; e cooperação internacional.
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proteger, promover e fomentar os processos e bens do patrimônio cultural
brasileiro (VIANNA e TEIXEIRA, 2010).
Ainda no ano de 1997, foi elaborada a Carta de Mar Del Plata sobre
Patrimônio Intangível que recomenda, entre outras ações, a promoção do
registro documento e catalogação do patrimônio intangível, criação de banco de
dados com todas as publicações, incrementar pesquisas, organizar informações
acerca do patrimônio cultural intangível, estimular educação (LEAL e BORGES,
2012).
Fonte: estevampelomundo.com.br
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culturais do patrimônio arqueológico, histórico, etnológico, paleontológico e
artístico da Comunidade Andina. Composto por 9 artigos, este documento
propõe políticas e normas comuns para a identificação, registro, proteção,
conservação, vigilância e restituição, assim como o impedimento de importação,
exportação e transferência ilícita dos bens culturais (CUNIN, 2003).
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47 CARTA DE BRASÍLIA – 2010
Fonte: embarquenaviagem.com
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48 CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS, DITA CARTA DE JUIZ DE FORA –
2010
Fonte: http://auepaisagismo.com
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Council of Museums), que ainda que dirigida a paisagens naturais, trata de
paisagens e sítios urbanos (INOUE, 2018).
Na Carta de Veneza (1964), em seu primeiro artigo, afirma que a noção
de monumento histórico: “Estende-se não só às grandes criações, mas também
às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, significação cultural."
Nota-se, portanto, que os termos, ambiência, vizinhança, entorno e paisagem
das primeiras cartas estão relacionadas com o patrimônio urbano, porém apenas
o edifício isolado é considerado monumento (valor excepcional) ou documento
(valor histórico), a mudança só será sentida a partir da Carta de Veneza.
(GRANATO et al., 2018).
A próxima carta patrimonial a tratar do patrimônio urbano é a Norma de
Quito, um documento da OEA (Organização dos Estados Americanos). Nesta
carta recomenda-se que os planos de valorização monumental devem ser vistos
juntamente com planos de desenvolvimento nacional, além disso, recomenda-
se zonas de proteção tanto para conjuntos monumentais urbanos ou ambientais.
O ponto negativo desta carta é que se recomenda o uso dos sítios históricos
para uso turístico, sem antever os efeitos nocivos que possam ter e ser evitados.
Recomendações neste sentido, serão feitas apenas na década seguinte na
Carta do Turismo Cultural, documento do ICOMOS (International Council on
Monuments and Sites) de 1976. No ano seguinte, a Recomendação de Paris,
também atenta para que os planos de urbanização tenham em consideração a
preservação dos monumentos: “(...) Os arredores e o entorno de um monumento
ou de um sítio protegido por lei deveriam também ser objeto de disposições
análogas para que seja preservado o conjunto de que fazem parte e seu
caráter(...)" (p. 9) O patrimônio urbano aparece neste documento ainda sob a
forma de entorno ou conjunto. Gostaria de citar aqui duas cartas patrimoniais
brasileiras, o Compromisso de Brasília (1970 – assinada por Lúcio Costa) e o
Compromisso de Salvador (1971), este último trata o patrimônio urbano ainda
sob o conceito de ambiência: "Recomenda-se a criação de legislação
complementar, no sentido de ampliar o conceito de visibilidade de bem tombado,
para atendimento do conceito de ambiência.", como também fala da necessidade
de estudos e planos diretores, e que contém com apoio do IPHAN, IBDF, órgãos
estaduais e municipais com obras públicas que afetem áreas de valor natural e
cultural. Nota-se nestes documentos que, mesmo antes da Declaração de
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Amsterdã (1975), considera a carta do patrimônio urbano, fala-se na
necessidade da preservação do monumento e seu entorno, ou conjunto urbano,
dentro do planejamento urbano e regional, como dos planos de
desenvolvimento. Conforme anteriormente citadas, experiências neste sentido,
já vinham sendo testadas tanto na França como na Itália desde a década de
1960, e inspiradas nestes modelos, também foram aqui testadas, resta saber por
que motivo funcionam bem lá, e não aqui. Porém isto foge ao nosso escopo
nesta apresentação. Uma última carta antes de citar a Declaração de Amsterdã:
a Recomendação de Paris, de 1972, um documento da UNESCO que traz
medidas para proteção do patrimônio cultural e natural, de valor excepcional
(mundial). O patrimônio urbano é contemplado nos chamados conjuntos, na
parte de patrimônio cultural, porém de valor excepcional. Ainda que não seja
objetivo desta apresentação, mas uma questão a ser levantada é: os critérios de
valoração ao considerar o que é patrimônio ou não, que por sua vez, levam a
tratamentos e gestão diferentes dos bens patrimoniais. (Portal Iphan)
Tal questão é enfrentada por RIBEIRO (2007), ao falar de paisagem
cultural e patrimônio, que afirma que dependendo da conceituação da paisagem
cultural, que por si só é bastante variada, haverá uma metodologia para abordá-
la e que por sua vez orientará os resultados de identificação e preservação da
paisagem. Esta diferenciação fica clara, quando o autor comenta sobre a
paisagem cultural adotada pela UNESCO, e a Convenção Europeia da
Paisagem. Ambos organismos tomam a paisagem cultural como um bem, e
reconhecem a interação entre o ambiente natural e as ações humanas, no
entanto, os objetivos são diferentes. Enquanto que a UNESCO, tem como
objetivo principal fazer uma lista de bens de valor excepcional, a Convenção
Europeia não tem a valoração de “excepcionalidade” como objetivo principal,
mas sim o de “introduzir regras de proteção, gerenciamento e planejamento para
todas as paisagens baseadas num conjunto de regras, constituindo um elemento
fundamental da gestão do território. ” (RIBEIRO 2007, p. 52). Dado que os
objetivos dos dois organismos são diferentes, os critérios de valoração e
classificação se diferenciam: a UNESCO, além do valor de excepcionalidade,
possui entre outros critérios, a integridade e a autenticidade do bem, enquanto
que para a Convenção Europeia da Paisagem, não são critérios importantes,
tanto que classifica as paisagens em: de considerável importância, ordinárias e
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degradadas. Além disso, as escalas que cada organismo trabalha são diferentes,
na Unesco a escala é mundial, na Convenção é regional.
Voltando às cartas patrimoniais: a Declaração de Amsterdã, resultado da
reunião do Conselho da Europa e Congresso do Patrimônio Arquitetônico
Europeu, em 1975, é claramente a carta do patrimônio arquitetônico urbano,
juntamente com a Carta de Washington que veremos a seguir. Nela utiliza-se o
termo “conservação integrada”, onde se mescla conservação do patrimônio e o
planejamento urbano, sendo este confiado aos poderes locais juntamente com
a participação da população. A novidade desta carta é reforçar o aspecto de ligar
a preservação aos planos urbanos, e ao mesmo tempo, falar da participação
popular. A próxima carta é a Recomendação de Nairóbi, de 1976, da UNESCO,
que se autodenomina “Recomendações relativa à salvaguarda dos conjuntos
históricos e sua função na vida contemporânea”, em toda a carta fala-se muito
em ambiência e da necessidade de planejamento urbano, e planejamento físico-
territorial. De maneira geral, quando se fala da dimensão contemporânea do
patrimônio, nota-se a tendência de uni-lo ao planejamento urbano e físico-
territorial (INOUE, 2018).
A Carta de Burra, é uma carta do ICOMOS de 1980, traz várias definições,
não utiliza o termo “patrimônio urbano”, porém o faz indiretamente ao definir o
que é um bem: “O termo bem designará um local, uma zona, um edifício ou outra
obra construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que possuam
uma significação cultural, compreendidos, em cada caso, o conteúdo e o entorno
a que pertence. ” E acrescenta: “(...) o termo significação cultural designará o
valor estético, histórico, científico ou social de um bem para as gerações
passadas, presentes ou futuras. ”. Diferentemente da UNESCO, não se fala
nesta carta de “valor excepcional”, mas sim em “significação cultural”, acredita-
se muito mais adequada para abarcar “arquiteturas modestas” e outros
conjuntos, porém por outro lado, contribui-se ainda mais para o alargamento do
conceito de patrimônio. (CONSELHO INTERNACIONAL DE MONUMENTOS E
SÍTIOS (ICOMOS), (1980) apud IPHAN, 2004, p. 247-248).
A Carta de Washington (1986), documento do ICOMOS, juntamente com
a Declaração de Amsterdã (1975), são consideradas as cartas relativas ao
patrimônio urbano. A de Washington difere e de certa maneira ultrapassa esta
última, por possuir caráter internacional. A carta busca complementar,
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retomando os princípios e objetivos da Carta de Veneza (1964) bem como a
Recomendação de Nairóbi (1976) e, novamente reforça que para a eficácia da
preservação das cidades e bairros históricos, deve estar conectado às políticas
de desenvolvimento econômico social e considerada nos planos urbanos e
planejamento físico-territorial em todos os níveis. Como reflexo desta carta no
contexto brasileiro, podemos citar a Carta de Petrópolis, de 1987, resultado do
1º Seminário Brasileiro para Preservação e Revitalização dos Centros Históricos,
nela define-se o que é “sítio urbano histórico” (SHU), como "parte integrante de
um contexto amplo que comporta as paisagens natural e construída, assim como
a vivência de seus habitantes num espaço de valores produzidos no passado e
no presente, em processo dinâmico de transformação , devendo os novos
espaços urbanos ser entendidos na sua dimensão de testemunhos ambientais
em formação." É, pois, quase uma definição de paisagem cultural, e ainda se
nota a presença da dimensão contemporânea do patrimônio.
Porém não é o que aconteceu na maioria dos casos dos projetos de
revitalização realizados no Brasil, onde predominou-se o uso turístico, e
afugentando a população original, nos tão conhecidos processos chamados de
“gentrificação”.
As demais cartas internacionais, de maneira geral, tratam de aspectos
específicos do patrimônio: como a autenticidade, Conferência de Nara (1994) e
a correspondente brasileira, a Carta de Brasília (1995); e cada vez mais
consideram as dimensões sociais do patrimônio. Um exemplo disso é a
Declaração de Sofia, de 1996, do ICOMOS. E a partir da década de 1990, a partir
das questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, o conceito de
patrimônio ganha novos matizes, ganhando força o conceito de paisagem
cultural.
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viessem a proteger os monumentos históricos no Brasil. No próprio texto da
Carta de Atenas havia recomendações no sentido de que os poderes públicos
tivessem responsabilidades quanto à preservação, quando afirma:
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vinculação a fatos memoráveis da História do Brasil, quer por seu excepcional
valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.
Fonte: prezi.com
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advindos das pesquisas arqueológicas e em concordância com as
disposições da presente recomendação. 5. Cada Estado-Membro
deveria, especialmente: a) submeter as explorações e as pesquisas
arqueológicas ao controle e à prévia autorização da autoridade
competente; b) obrigar quem quer que tenha descoberto vestígios
arqueológicos a declará-los, o mais rapidamente possível, as
autoridades competentes; c) aplicar sanções aos infratores dessas
regras; d) determinar o confisco dos objetos não declarados; e)
precisar o regime jurídico do subsolo arqueológico e, quando esse
subsolo for propriedade do Estado, indicá-lo expressamente na
legislação; f) dedicar-se ao estabelecimento de critérios de proteção
legal dos elementos essenciais de seu patrimônio arqueológico entre
os monumentos históricos.
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Art. 2º. - Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que
representem testemunhos da cultura dos paleoameríndios do Brasil,
tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais,
jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas
aqui, mas de significado idêntico, a juízo da autoridade competente; b)
os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos
paleoameríndios, tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha; c) os
sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso
prolongado ou de aldeamento, estações e cerâmicos, nos quais se
encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou
paleoetnográfico; d) as inscrições rupestres ou locais com sulcos de
polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de
paleoameríndios.
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51 MONUMENTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E PLANO DE
CONSERVAÇÃO
Fonte: http://m.portalangop.co.ao
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Não obstante a boa vontade de alguns pesquisadores o projeto se
mostrou falho por insistir em parâmetros estatísticos (nem sempre confiáveis) e
esquemas metodológicos fora de uso até mesmo nos Estados Unidos.
Entretanto teve o aspecto positivo de incentivar a pesquisa arqueológica em
algumas áreas praticamente desconhecidas5 da comunidade acadêmica. Com
a publicação da Carta de Burra (carta Del ICOMOS Austrália para sítios com
significado cultural) em 19 de agosto de 1979, estimulam-se novas vertentes
quanto a conservação do patrimônio histórico. Com os conceitos de bem,
substância, sítio, significado cultural, conservação, manutenção, preservação,
restauração e reconstrução, a Carta de Burra avançou consideravelmente a
conscientização acadêmica quanto à necessidade de reavaliação de
procedimentos no trato do patrimônio histórico no Brasil.
Bem – designará um local, uma zona, um edifício ou outra obra
construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que
possuam uma significação cultural, compreendidos, em cada caso,
o conteúdo e o entorno a que pertence.
Substância – será o conjunto de materiais que fisicamente
constituem o bem.
Sítio – significa lugar, área, terreno, paisagem, edifício ou outra
obra, grupo de edifícios ou outras obras, e pode incluir
componentes, conteúdos, espaços e visuais.
Significado cultural – significa valor estético, histórico, científico,
social ou espiritual para as gerações passadas, presentes ou
futuras.
Conservação – significa todos os processos de cuidado de um sítio
para manter seu significado cultural.
Manutenção – designará a proteção contínua da substância, do
conteúdo e do entorno de um bem e não deve ser confundido com
o termo reparação.
Preservação – será a manutenção no estado da substância de um
bem e a desaceleração do processo pelo qual ele se degrada.
Restauração – Será o restabelecimento da substância de um bem
em um estado anterior conhecido.
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Reconstrução - Será o restabelecimento, com o máximo de
exatidão, de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela
introdução na substância existente de materiais diferentes, sejam
novos ou antigos.
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Art. 1º - O “patrimônio arqueológico” compreende a porção do
patrimônio material para a qual os métodos da arqueologia fornecem
os conhecimentos primários. Engloba todos os vestígios da existência
humana e interessa todos os lugares onde há indícios de atividades
humanas, não importando quais sejam elas; Estruturas e vestígios
abandonados de todo tipo, na superfície, no subsolo ou sob as águas,
assim como o material a eles associados.
Claro que existem leis severas quanto aos danos praticados ao patrimônio
cultural, como explicita Caldarelli (2000) se referindo em especial “a Lei dos
crimes ambientais (lei 9.605/98 e regulamentada pelo Decreto 3.179/99) que
estipulam multas que variam de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) para quem cometer destruição de bens culturais protegidos
por Lei federal (caso dos sítios arqueológicos), além do infrator responder
processo administrativo e criminal”.
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O próprio código penal brasileiro estipula as sanções praticadas contra o
patrimônio cultural, conforme pode ser visualizado em seu título “Dos crimes
contra o patrimônio”, em seu capítulo IV (Do dano), no artigo 165:
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O estabelecimento desse roteiro parece ser o caminho mais viável para
um país que somente agora começa a descobrir um patrimônio histórico e pré-
histórico de valor inestimável. Implantar a obediência da Lei 3.924 sobre a
proteção dos sítios arqueológicos, do IPHAN, sem uma conscientização cultural
através da educação da sociedade, não parece ser a melhor solução. O aspecto
punitivo e intimatório que a Lei transmite, choca frontalmente com o
desconhecimento da sociedade sobre o que seria um patrimônio histórico,
trazem desconfortos e antipatias.
A dificuldade de aplicação e fiscalização dessa Lei, devido a deficiências
do próprio Órgão governamental ante ao enorme contexto geográfico brasileiro,
parece ser outro entrave substancial, conforme ressalta Etchevarne (2002),
quando aborda alguns fatores sociais atinentes ao patrimônio arqueológico: Os
dispositivos legais existentes e a sua aplicabilidade: neste ponto devemos alertar
sobre as dificuldades de aplicabilidade das leis de preservação do patrimônio
cultural, quando elas são de caráter federal. Os controles do órgão competente
IPHAN em territórios vastos, como por exemplo o da Bahia, são praticamente
nulos. A legislação existente, essencialmente punitiva, não consegue coibir os
atos de destruição intencionais, posto que os agentes de fiscalização não
existem ou se encontram impossibilitados materialmente para efetuar a
autuação. Leis de proteção de índole municipal são mais fáceis de normatizar e
de aplicar, podendo representar uma opção aos dispositivos federais.
Se existem dificuldades para fiscalização a nível federal diante das
carências de mão de obra qualificada e recursos financeiros, no âmbito municipal
o quadro é bem pior. Embora na constituição federal seja competência dos
municípios, conforme preconiza em seu artigo trigésimo “promover a proteção
do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual”, a realidade do poder público municipal quanto
a esse aspecto, vai de mal a pior.
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BIBLIOGRAFIA
47
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54