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 Dia 20/03

 Filosofia na Grécia Antiga: a Filosofia Antiga corresponde ao período do surgimento


da filosofia grega no século VII a.C. A Filosofia tem lugar de nascimento, a Grécia,
e um “pai”, Tales de Mileto. A Filosofia grega surgiu a partir da poesia, da religião
e das condições sociopolíticas.
A Filosofia, como conhecemos hoje, ou seja, no sentido de um conhecimento racional e
sistemático, foi uma atividade que, segundo se defende na história da filosofia, iniciou
na Grécia Antiga formada por um conjunto de cidades-Estado (pólis) independentes.
Isso significa que a sociedade grega reunia características favoráveis a essa forma de
expressão pautada por uma investigação racional. Essas características eram: poesia,
religião e condições sociopolíticas.
Ela surge da necessidade de explicar o mundo de um novo modo. Os filósofos buscam
encontrar respostas racionais para a origem das coisas, dos fenômenos da natureza, da
existência e da racionalidade humana.

O termo filosofia é de origem grega e significa “amor ao saber”, ou seja, a busca pela
sabedoria. Filosofia, termo derivado do grego que em uma tradução livre pode ser
considerado como “amigo da filosofia”, é o estudo de questões relacionadas ao
homem e aquilo que o cerca, como ética, moral, linguagem, existência, verdade e
conhecimento. Conceituar a filosofia enquanto disciplina é uma tarefa quase que
impossível, já que seus objetos de estudos são muitos e variados e o modo de olhar
para eles variam de acordo com a corrente filosófica da qual se olha, que pode ser
mais restrita ou mais ampla, mais ou menos materiais, etc.

De tal modo que, durante a transição do pensamento mítico para o racional, os


filósofos acreditavam conseguir transmitir a mensagem dos deuses. Os deuses e as
entidades mitológicas serviam de inspiração para a filosofia nascente.
Por esse motivo, no início, a filosofia estava intimamente relacionada com a religião:
mitos, crenças, etc. Assim, o pensamento mítico foi dando lugar ao pensamento
racional, ou ainda, do mito ao logos.

Contexto Histórico do Surgimento da Filosofia

A filosofia antiga surge com a substituição do saber mítico ao da razão e isso ocorreu
com o surgimento da polis grega (cidade-estado).

Essa nova organização grega, foi fundamental para a desmistificação do mundo através
da razão e, com isso, as reflexões dos filósofos.

Mais tarde, as discussões que ocorriam em praça pública juntamente com o poder da
palavra e da razão (logos) levaram a criação da democracia.

Períodos da Filosofia

Lembre-se que a filosofia está dividida didaticamente em 4 períodos: Filosofia Antiga,


Filosofia Medieval, Filosofia Moderna, Filosofia Contemporânea.

Filosofia Grega: a filosofia grega está dividida em três períodos:

Período Pré-socrático (séculos VII a V a.C.): corresponde ao período dos primeiros


filósofos gregos que viveram antes de Sócrates. Os temas estão centrados
na natureza, do qual se destaca o filósofo grego Tales de Mileto. Caracterizado pela
investigação acerca da physis e pelo início de uma forma de argumentar e expor as
ideias;

O período pré-socrático compreende a escola jônica, pitagórica, eleática e pluralista.

A escola jônica recebe esse nome por se referir a filósofos nascidos na Jônia, colônia


grega da Ásia Menor. Caracteriza-se pela pergunta a respeito da origem da natureza,
para determinar o elemento que deu origem a todos os seres. Os principais filósofos
jônicos são Tales, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito.

A escola pitagórica tem seu nome derivado do nome de seu fundador e principal


representante: Pitágoras de Samos. Ele defendia que todas as coisas são números e o
princípio fundamental de tudo seria a estrutura numérica, ou seja, o mundo surgiu
quando precisou haver uma limitação para o ápeiron e essa limitação eram formas
numéricas sobre o espaço. Os pitagóricos faziam um amálgama de concepções, como
era comum na época. Desse modo, embora racionais e matemáticos, os pitagóricos
também baseavam suas doutrinas em concepções místicas.

Acreditavam que o corpo aprisionava a alma, imortal, e o objetivo da existência seria o


de tornar a alma mais pura. A reencarnação era uma consequência desse pensamento,
pois a cada vida era possível elevar mais as virtudes da alma e reencarnar-se em uma
forma mais elevada. Tinham, portanto, uma visão espiritual da existência. Outros
pensadores importantes dessa escola: Filolau, Arquitas e Alcmeón.

A escola eleática tem o nome derivado da cidade de Eleia, ao sul da Itália, lugar onde


se situaram seus principais pensadores: Xenófanes, Parmênides, Zenão e
Melisso. Caracteriza-se por não procurarem uma explicação da realidade baseada na
natureza. Suas preocupações eram mais abstratas e podemos ver nelas o primeiro
sopro de uma lógica e de uma metafísica. Defendiam a existência de uma realidade
única, por

isso são conhecidos também como monistas em oposição ao mobilismo (de Heráclito,


principalmente, que acreditava na existência da pluralidade do real). A realidade para
eles é única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio ou fim, contínua e indivisível.

A escola pluralista que inclui a escola atomista e os pensadores Anaxágoras e


Empédocles, tem esse nome porque seus pensadores não acreditam na existência de
um princípio único que seja a origem do universo e sim de vários princípios que se
misturam e formam tudo o que conhecemos. Para os atomistas, tudo o que existe é
composto de “átomo” e “vazio” que em um processo contínuo de atração e repulsão
constituem a realidade existente.

Surgida na Grécia Antiga, por volta no século VI a.C., a corrente de pensamento dos
pré-socráticos mudou a maneira anterior à Sócrates de pensar. Os filósofos antes dele
se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza, buscando
explicações por meio da ciência e sempre em busca da razão, passando agora a
considerar a alma e o sentimental. Os físicos que podem ser citados pertencentes aos
pré-socráticos são Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Foi Pitágoras quem
passou a defender a ideia de alma, de que ela é imortal e que de fato existe.

Período Socrático (séculos V a IV a.C.): também chamado de período clássico, nesse


momento surge a democracia na Grécia Antiga. Seu maior representante foi o
filósofo grego Sócrates que começa a pensar sobre o ser humano. Além dele,
merecem destaque: Aristóteles e Platão. Caracterizado pela investigação centrada
no homem, sua atividade política, suas técnicas, sua ética. Também considerado o
apogeu da filosofia grega;

A importância de Sócrates para a história da filosofia é tal que todos aqueles que
vieram antes dele são chamados de pré-socráticos. Isso significa que a forma como a
filosofia ocidental se desenvolveu é tributária da forma como Sócrates entendia o que
era a atividade de filosofar e à sua investigação a respeito do humano, que ele
inaugurou.

A filosofia de Sócrates se desenvolvia a partir de diálogos e era composta de dois


momentos básicos: A refutação ou ironia e a Maiêutica.

A ironia era a etapa em que Sócrates perguntava o que as pessoas sabiam para que,
elas próprias, ao tentarem defender suas opiniões, percebessem a limitação de seus
argumentos, a contradição entre eles e a imprecisão de seus conceitos.

Para Sócrates, é importante para todos aqueles que querem conhecer alguma coisa,
começar reconhecendo a própria ignorância. Para conduzir seus interlocutores a
reconhecerem que não sabiam sobre aquilo que conversavam, Sócrates iniciava seu
diálogo com perguntas que faziam parecer que ele também não sabia sobre o assunto.
E esse é o sentido original da palavra ironia: derivada do verbo eirein (perguntar),
ironia tinha o sentido de interrogação fingindo ignorância.

A maiêutica, em seu sentido original: a arte de parir, era a segunda fase do


diálogo. Como foi dito, Sócrates via nas artes desenvolvidas por seus pais como uma
espécie de orientação para seu método filosófico. Se, na fase da ironia, suas perguntas
visavam estimular seus interlocutores a mostrarem seus pontos de vista, na fase da
maiêutica, suas perguntas eram para estimular que eles criassem suas próprias
definições a respeito daquilo que estava sendo discutido. Mas isso era progressivo, ou
seja, ele conduzia calmamente o interlocutor de pergunta em pergunta; a cada
resposta, ele fazia outra pergunta que revelava a contradição existente na resposta
dada.

Com grande desenvolvimento científico, os séculos V e IV a.C. foram marcados pelo


crescimento de cidades como Atenas, e pelo seu sistema político democrático que
permitiu o desenvolvimento das correntes filosóficas e do pensamento. Nesta época
surgiram os sofistas, e o pensador Sócrates.

Defendendo uma boa educação para a formação de cidadãos plenos que colaborariam
para o crescimento das cidades, os sofistas achavam que os estudantes deveriam ser
preparados para se comunicar, pensar e manifestar qualidades artísticas de forma
correta e eficiente.

Com a reflexão sobre o homem, Sócrates procurava entender como o Universo


funcionava, levando em consideração a concepção científica. Apesar de não ter
deixado registros escritos, Sócrates teve um discípulo, Platão, que defendia a
representação de que as ideias formavam o foco do conhecimento intelectual, de
forma que os pensadores tinham a obrigação e a função de entender a realidade e de
separá-la das aparências. Platão deixou as ideias de Sócrates representadas em seus
relatos.

Período pós-socrático – do século IV ao século III a.C. Caracterizado pela tentativa


de apresentar um pensamento unificado a partir de diversas teorias do passado.
Interessava em fazer a distinção entre aquilo que poderia ser objeto do
pensamento filosófico.

A filosofia Pós-Socrática é aquela que surgiu após os desenvolvimentos da Filosofia


Pré-Socrática, mais focada na explicação do universo e da matéria, e após Sócrates
oferecer um caminho mais voltado a ética e a politica, desenvolvendo também seu
método dialético, incluindo diversas correntes, motivo pelo qual alguns estudiosos
preferem referir-se a ela como Período Pós-Socrático. Encerrando o chamado período
clássico da filosofia no século IV a.C., é o período em que a filosofia começa a tomar
corpo e ampliar suas correntes e discussões.

Três correntes destacam-se neste período:

Conteúdo deste artigo

 Ceticismo
 Epicuristas
 Estoicos

Ceticismo
Diferente dos filósofos anteriores, que confiavam na razão, os filósofos classificados
como céticos estão entre os primeiro a questionar se a razão seria capaz de chegar a
verdade sobre todas as coisas. Sua principal característica era evitar fazer afirmações
categóricas acerca da verdade. Os céticos eram inimigos teóricos dos Estoicos,
acusando-os de dogmatismo, já que, para os céticos, não haviam evidências empíricas
suficientes para grande parte das afirmações dos estoicos, em particular a forma
lógicas dos argumentos eram insustentáveis, uma vez que não se poderia provar as
proposições sem recorrer a proposições anteriores e assim se desejamos saber a
verdade sobre aquelas proposições acabaríamos com uma regressão ao infinito, já que
a escolha de um princípio seria arbitrária.

Epicuristas
Como o nome indica, baseado nos desenvolvimentos do filósofo Epicuro, responsável
por expandir as consequências do materialismo atômico para outro nível como uma
evidência para recusar toda superstição e suposição de intervenção divina. Esta
corrente defende o prazer como o maior bem, porém este "prazer" ao qual os
epicuristas se referem é negativo, a ausência de dor e preocupação, e se dá por uma
forma de apreciação pela vida modesta, pela aquisição de conhecimento sobre a
forma como o mundo funciona e pela limitação dos desejos. Este ultimo aspecto, em
particular mostra que esta busca do prazer está muito longe das posições hedonistas,
que defendem o prazer pessoal como medida da felicidade. Isto deveria levar a
ataraxia, um estado de grande tranquilidade, e aponia, um estado de ausência de dor
corporal, uma combinação que geraria a mais alta forma de felicidade.

Estoicos
A corrente estoica, iniciada por Zenão no século III a.C., apresentava-se como lex
devina, um modo de vida, defendendo que se, desejamos saber qual a filosofia de um
indivíduo, devemos olhar para suas ações não para suas palavras. Defendiam a busca
da "vida boa", como uma vida em conformidade com a ordem natural do mundo.

Afirmaram que as emoções destrutivas, que impediam os indivíduos de atingir a vida


boa, eram resultado de erros de julgamento, especialmente no que concerne a
compreensão da relação entre determinismo e liberdade. Acreditavam na vontade
livre humana, mas defendiam que esta deveria estar em conformidade com a
natureza. Seu maior legado é o ensino do auto-controle e da força moral (firmeza)
como o meio prático ideal para atingir a felicidade, pois ao desenvolver a capacidade
de pensar com a mente clara é possível entender a razão universal, superando as
emoções destrutivas.

Com um universo determinista, os estoicos entendiam que o homem virtuoso, capaz


de entender a razão universal, seria um individuo autônomo, capaz de controlar suas
emoções, mesmo em desgraça, e ser feliz, enquanto aquele incapaz de tal
compreensão teria sua mente arrastada pela vida, variando em humores de acordo
com o que lhe acontece em cada momento.

A corrente estoica é ainda conhecida por sua adesão a lógica formal, ética naturalista e
monismo físico.

Referências bibliográficas:
REALE, Giovanni. História da filosofia grega e romana - Platão Loyola. 2010.

SMITH, William. "Philola'us". Dictionary of Greek and Roman Biography and


Mythology. ed. (1870).

SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo. Loyola, 2006,


p. 278ss.

Dentro de um contexto histórico do final da hegemonia política e militar da Grécia, o


período Pós-Socrático vai do final do período clássico até o começo da Era Cristã.
Dentro deste período, desenvolveram-se algumas correntes de pensamentos. Os
pensadores seguidores do ceticismo acreditavam que a dúvida deveria ser constante,
uma vez que não se pode conhecer nada de forma exata e completamente segura. Já
os seguidores do pensador Epicuro, denominados Epicutistas, defendiam a virtude
como geradora do bem, ou seja, o corpo não deveria sofrer, tampouco a alma, para
chegar ao prazer. No estoicismo, a razão era defendida e qualquer fenômeno exterior à
vida, como a emoção, o prazer e o sofrimento, deveria ser deixado de lado.

Período Helenístico (séculos IV a.C. a VI d.C.): Além de temas relacionados com a


natureza e o homem, nessa fase os estudos estão voltados para a realização
humana por meio das virtudes e da busca da felicidade. Engloba o período do
Império Romano e dos Padres da Igreja. Trata-se das relações entre o homem, a
natureza e Deus.
"A partir do ano 350 a.C., uma nova civilização começou a ascender politicamente e
militarmente no Mundo Antigo. A Macedônia, sob o domínio do rei Felipe II, iniciou
um processo de expansão territorial que rompeu com a hegemonia do mundo
grego. Tal invasão só foi possível devido às constantes disputas internas que
levaram a enfraquecer o poderio militar grego.

Seguindo os passos do pai, o rei Alexandre, o Grande, continuou a expandir os


domínios macedônicos até a Ásia Menor, chegando até a Índia. Esse vasto domínio
de territórios controlados por Alexandre foi responsável por formar o chamado
mundo helenístico. Essa região não só definia os limites do império macedônico,
mas também indicava um conjunto de hábitos e práticas culturais
institucionalizadas pelo governo alexandrino.

Sendo educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre entrou em contato com o
conjunto de valores da cultura grega. Além disso, suas incursões pelo Oriente
também o colocou em contato com outras culturas. Simpático ao conhecimento
dessas diferentes culturas, o imperador Alexandre agiu de forma a mesclar valores
ocidentais e orientais. É desse intercâmbio que temos definida a cultura helenística.
Uma das mais significativas ações tomadas nesse sentido foi a construção da cidade
de Alexandria, no Egito."
"Dotada de complexas obras arquitetônicas, a cidade de Alexandria abrigava uma
imensa biblioteca com um acervo superior a 500 mil obras. Outro hábito
implementado pelo imperador era a promoção do casamento de seus oficiais e
funcionários com mulheres de outras culturas. Com isso, Alexandre procurou
singularizar o seu império transformando seu reinado em um campo de
interpenetrações culturais.

Com sua morte, em 323 a.C., a unidade territorial do império foi perdida. Não
deixando um sucessor direto ao trono, as conquistas deixadas por Alexandre foram
alvo do interesse dos seus generais. Dessa disputa houve um processo de
esfacelamento dos domínios macedônicos em três novos reinos. A
dinastia ptolomaica dominou o Egito; os antigônidas ficaram com a Macedônia; e
os selêucidas controlaram a Ásia.

A divisão político-territorial enfraqueceu a unidade mantida nos tempos de


Alexandre. Durante o século II a.C., os romanos iniciaram seu processo de expansão
territorial, resultando na dominação do antigo Império Macedônico.

Por Rainer Sousa


Graduado em História"
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Período Helenístico"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/periodo-helenistico.htm. Acesso em 17 de
março de 2023.
O Helenismo foi um importante período para a história do mundo grego e para o
estudo da Antiguidade por se tratar de um momento de declínio da Grécia Antiga e
de expansão da cultura desse povo!

O que foi o período Helenístico?

O Helenismo foi um período da história da Antiguidade Clássica marcado


pela decadência do mundo grego antigo e pela expansão territorial do Império
Macedônico, o qual se fortaleceu com as conquistas militares e disseminou traços da
cultura grega para os povos que foram conquistados!

Quando começou o Helenismo?

O período Helenístico teve início com a invasão das terras gregas pelo Império
Macedônico na Batalha de Queronéia, quando o imperador Felipe II – pai de
Alexandre, o Grande – dominou a civilização grega, eliminando a autonomia das pólis,
e assim, marcando o declínio e o fim do mundo grego antigo. 

É importante lembrar que os macedônios eram apreciadores da cultura grega e, por


isso, disseminaram traços dessas produções para as terras conquistadas. Portanto, o
período Helenístico é conhecido como um momento de grande expansão da cultura
desse povo!

Contudo, para que, de fato, ocorresse essa invasão, os macedônios esperaram o


momento de maior fragilidade grega, que decorreu de uma importante guerra na
história dessa civilização. Veja a seguir!

Antecedentes do Helenismo

Dentre diversos acontecimentos importantes na história grega,  uma guerra foi


responsável pelo enfraquecimento dessa nação, o que possibilitou a invasão
macedônica.

 Guerra do Peloponeso: após a invasão persa, foram fundadas a Liga de Delos –


comandada por Atenas – e a Liga do Peloponeso – liderada por Esparta – com o
intuito de restaurar o mundo grego e de defender a civilização contra possíveis
ataques futuros. Contudo, as Ligas acabaram brigando entre si pela hegemonia
grega.

Após esse conflito, os gregos ficaram abatidos e suscetíveis a ataques. Foi nesse
cenário que o Império Macedônico conquistou esses povos, anexando a Grécia ao seu
território, trazendo o fim do mundo grego e iniciando o período Helenístico.

Quais as características?

O Helenismo foi um período de intensa expansão territorial e cultural, além


de desenvolvimento e de valorização da ciência. Em relação à expansão das terras, o
Império Macedônico atingiu seu apogeu durante o governo de Alexandre, o Grande,
que assumiu após a morte de seu pai, Felipe II, e anexou diversas regiões durante seu
governo.

Já em relação à cultura, esse período foi marcado pela disseminação das características
gregas entre os povos conquistados pelos macedônios, uma vez que esse Império
apreciava as produções e os costumes da Grécia. Assim, a cultura helenística surgiu
da associação entre os traços culturais gregos e os de civilizações dominadas.

Além disso, a ciência foi uma das áreas que mais se desenvolveu nesse período. Alguns
dos grandes marcos foram a construção da Grande Biblioteca de Alexandria, no Egito,
e os estudos de cientistas como Arquimedes e Euclides, por exemplo.

Qual o conceito do Helenismo?

A região, que hoje é conhecida como Grécia Antiga, era chamada “Hélade” pelos povos
que a habitavam e compreendia o espaço em que o grego era falado e a mitologia
praticada.

Assim, o conceito de “Helenismo” está associado à expansão da cultura helena, ou


seja, dos povos que viviam na Hélade, com traços de outras civilizações, como visto
acima.

Época de expansão do império e cultura macedônica

O período helenístico refere-se à época da história da Grécia Antiga, entre os séculos


III e II a.C., em que Alexandre Magno expande o império e conquista parte da África e
Egito. Esse período é marcado por conquistas territoriais e também pelo
desenvolvimento cultural e artístico.

Diversas cidades foram criadas durante o período, incluindo Alexandria. Além disso, as


artes plásticas, arquitetura e literatura tiveram grandes mudanças. A influência do
período helenístico foi tão grande que mesmo após a queda do Império a cultura
continuou predominando nas regiões conquistadas.

Conheça agora a história do período helenístico e as influências que gerou nas artes
plásticas, arquitetura, filosofia e literatura.

Contexto histórico 

Os macedônios eram povos que habitavam terras ao norte da Grécia e considerados


bárbaros pelo restante dos habitantes gregos. Em 338 a.C., os gregos são derrotados
pelo exército macedônico e estes começam a dominar o território Grego. Em 336 a.C.,
Alexandre Magno (também conhecido como Alexandre, o Grande) torna-se rei da
Macedônia e continua o processo de expansão territorial iniciado por seu pai, o
imperador Felipe II. 

O reinado de Alexandre durou apenas treze anos (336 - 323 a.C.), mas ele conseguiu
partes da África, Egito, Síria, Pérsia e Índia, criando o maior império da história antiga.
Estas expansões ajudaram a criar uma grande civilização que passou a adotar a língua
grega em todos os territórios do império e a expedir a cultura dos helenos. Também foi
de grande importância para o desenvolvimento das ciências como a medicina e
matemática.

Alexandre, o Grande morreu em 323 a.C. Após seu falecimento o império Macedônico
passou por um processo de enfraquecimento e fragmentação dos territórios, sendo
dividido entre diversos generais. No século I a.C., Roma conquista o Império criado por
Alexandre.

Vênus de Milo é uma escultura atribuída ao


 período helenístico. (Imagem: Wikipédia)
Influências do período helenístico

O período helenístico foi de grande difusão cultural. Ao mesmo tempo em que


territórios eram conquistados e cidades criadas, a cultura grega se diversificava e
mesclava às culturas ocidentais. A arte helenística era distinguida pelo realismo, a
representação dos homens, da dor e da violência que tanto caracterizou a época. O
movimento dos corpos e as expressões teatrais ganharam destaque. 

A filosofia e as ciências também sofreram influências da cultura. Na filosofia surgem


três correntes filosóficas: Estoicismo, Epicurismo e Ceticismo. As ciências se
desenvolveram e a matemática, geometria e astronomia ganharam novos rumos. 

Pinturas e esculturas

Os helenos desenvolveram um tipo de arte em que realçava o realismo nas pinturas e


esculturas. Os elementos religiosos presente nos períodos anteriores foram afastados
e as peças simulavam a natureza em seu estado perfeito ou os movimentos dos
corpos. As figuras eram apresentadas de forma quase teatrais e os temas giravam em
torno da violência e das guerras que envolviam o período.

As esculturas foram o grande destaque do período helenístico e as peças, em grande


parte, exibiam grupos de personagens em ângulos que sugeriam movimento e
mobilidade. Obras como “Vitória de Samotrácia” e “Laoccontre e seus filhos”
apresentavam riqueza de detalhes que davam realismo e dramaticidade as obras. A
arquitetura herdou do ocidente o arco e a abóbada nos templos e edifícios. 
A arte helenística, entretanto, estava a serviço dos soberanos e o Pérgamo, principal
centro de produção cultural da época, era frequentado por membros da classe mais
rica da sociedade. 

Literatura 

A ampliação do território e o deslocamento dos centros culturais para Alexandria


fizeram nascer uma literatura realística direcionada para um público diversificado. A
época possibilitou o surgimento de gêneros literários que se adaptavam aos gostos da
população das várias regiões conquistadas. Os gêneros mais difundidos do período
foram a poesia erudita, poesia bucólica, comédia nova.

A biblioteca de Alexandria foi o centro intelectual e de produção de conhecimento da


Antiguidade. Não se sabe ao certo, mas a localidade deve ter abrigado entre 30 mil a
600 mil volumes literários. Ela era o centro de difusão da cultura helenística, onde
diversos estudiosos e artistas trabalharam. 

Filosofia helenística 

O período helenístico também ajudou a criar correntes filosóficas que influenciaram


diversas vertentes filosóficas posteriores. As principais escolas foram:

• Estoicismo: essa corrente pregava a felicidade como equilíbrio, na qual o homem


deveria aceitar todas as situações postas pela vida. Como foi uma escola que se
adaptava aos contextos, acabou sendo a visão filosófica do helenismo que mais durou.
Seu principal representante  e fundador era Zênon de Cítion.  

• Epicurismo: esse sistema filosófico afirmava que os prazeres moderados contribuíam


para o encontro do estado de equilíbrio e tranquilidade, onde todos os medos eram
liberados. O conhecimento sobre o funcionamento do mundo diminuía o sofrimento
corporal. O criador dessa escola foi o filósofo Epicuro, que deu nome a corrente.

• Ceticismo: o fundador desse sistema foi Pirro de Elis. A escola pregava o não


julgamento das coisas, o desprezo pelas bens materiais e pela afirmação de que todo
conhecimento humano é relativo. 

• Cinismo: iniciado pelo filósofo Antístenes, essa corrente defendia a rejeição dos


desejos de riqueza, poder político e fama. Indicava que os homens deveriam viver com
indiferença, sem pudor e cultuando as amizades.

Principais esculturas

O ponto alto das artes do período helenístico foram as esculturas. Elas representavam
os ideais de beleza construídos pelos gregos. Conheça abaixo algumas das principais
obras da época. 

Laocoonte e seus filhos

Laocoonte e seus filhos ou grupo de Laocoonte é uma escultura em mármore que


simbolizava uma das diversas lendas da Guerra de Troia. Nessa figura épica, Laocoonte
e filhos Antífantes e Timbreu estão sendo estrangulados por uma serpente marinha. A
autoria da obra é atribuída a Agesandro, Atenodoro, Polidoro. Atualmente a peça está
exposta no Museu do Vaticano. 
“Laocoonte e seus filhos” é uma escultura do período helenístico que se
 encontra no museu do Vaticano. (Imagem: Wikipédia) 

Vênus de Milo

A Vênus de Milo é uma estátua em mármore de 2,02 m de altura e que atualmente se


encontra exposta no Museu do Louvre, em Paris. A datação e autoria, no entanto,
gerou grande controvérsia por anos. Hoje já existe o consenso de que seja uma obra
do período helenístico e atribuída a Alexandre de Antioquia. É considerada a estátua
da antiguidade mais conhecida do mundo.

Principais Escolas Filosóficas da Filosofia Antiga

Escola Jônica: reuniu os primeiros filósofos na cidade grega de Mileto, localizada na


região da Jônia, no litoral ocidental da Ásia menor (atual Turquia). Além de Mileto,
temos a cidade de Héfeso, com Heráclito como seu principal representante e
Samos, com Pitágoras. Na cidade grega de Mileto destacam-se Tales de Mileto,
Anaximandro e Anaxímenes.
Escola Itálica: foi desenvolvida na atual região do sul da Itália (na cidade de Elei) e
da Sicília (nas cidades de Aeragas e Lentini). Destacam-se os filósofos Parmênides,
Zenão, Empédocles e Górgias.

Poesia grega

Os poetas gregos, como Homero, desempenhavam papel bastante importante na


educação dos jovens gregos. Os poemas homéricos continham características que
serviriam de base para o desenvolvimento da filosofia. A principal delas é a busca pelas
causas dos acontecimentos narrados, procurando uma narrativa que contemplasse a
realidade da forma mais completa possível.

Outro poeta grego, Hesíodo, tem grande importância para o pensamento grego por ter
narrado o nascimento dos deuses, uma forma de tentar explicar a origem do universo,
tema que apareceria no primeiro filósofo, Tales de Mileto. A Teogonia de Hesíodo faz
coincidir os deuses com fenômenos da natureza e partes do universo, que teria sido
originado a partir de Caos, o primeiro deus a se gerar.

Além disso, temos dois temas que aparecem nos poetas que marcarão o início da
filosofia grega: a noção de justiça como valor supremo e o conceito de limite, que
Aristóteles desenvolveria como a noção de “justa medida”.

Religião

Havia duas expressões da religião grega: a religião pública, aquela que conhecemos
pelos poemas de Homero e a religião dos mistérios, praticada em círculos restritos por
aqueles que não consideravam suficiente a religião pública.

Dentre os “mistérios”, aquele que mais importa para o nascimento da filosofia grega é
o Orfismo, nome derivado de seu fundador, o poeta trácio Orfeu. O Orfismo inaugura
uma concepção da existência humana distante do naturalismo: enquanto a religião
pública considerava o homem mortal, o Orfismo opõe corpo e alma, sendo que o
corpo seria mortal, mas não a alma. Do Orfismo são tributárias as filosofias de
Pitágoras, Heráclito, Empédocles e Platão.

Outro aspecto importante da religião grega era a inexistência de um livro sagrado. As


crenças eram difundidas pelos poetas, mas com uma visão não dogmática e sem uma
autoridade que teria o direito de proteger os dogmas. Com isso, os filósofos gregos
não enfrentaram resistência religiosa à sua liberdade de pensamento.

Condições sociopolíticas

Antes de existirem as polis, a sociedade grega se agrupava em comunidades


compostas por pessoas com um antepassado em comum, comunidades chamadas
de genos. O poder de decisão era concentrado na figura do mais velho do grupo,
o pater. Com o aumento do número de pessoas em relação à quantidade de terras
produtivas, iniciaram-se conflitos e, depois de um extenso desenrolar histórico, surgiu
a noção de propriedade privada: para resolverem os conflitos no interior dos genos,
decidiu-se dividir as terras. Essa decisão, no entanto, foi baseada no critério mais forte
para eles, o grau de parentesco. Assim, a proximidade sanguínea com o patriarca
determinou tanto aqueles que se tornaram grandes proprietários, tanto aqueles que
ficaram sem terras e se tornaram escravos ou artesãos.

Formaram-se assim as fratrias, pelo reagrupamento dos genos, e a organização das


fratrias, deu origem às tribos. As tribos eram independentes e, por isso, podiam
combater entre si. Entre as tribos que conhecemos, destacaram-se os aqueus, os
eólios, os dórios e os jônios. Então, a Grécia Antiga não era formada por um Estado
único e quando falamos “os gregos”, não falamos sobre um único povo. Aos poucos,
cada tribo fundou uma cidade-Estado, ou seja, uma polis, no ponto mais alto da região
onde se situavam.

Muitos aqueus se instalaram em ilhas e em costas da Ásia Menor; os jônicos fundaram


cidades como Mileto e Éfeso. Por conta das condições geográficas, eles desenvolveram
atividades econômicas voltadas para a navegação, comércio e artesanato. A adoção
do regime monetário fortaleceu aqueles que viviam dessas atividades e se afastaram
da organização social micênica que tinha seu fundamento na aristocracia de sangue.

A partir do século VII a.C., os homens e as mulheres não se satisfazem mais com uma
explicação mítica da realidade. O processo de transformação e de criação envolvido no
desenvolvimento de técnicas leva ao questionamento a respeito do universo, se ele
também não respondia a um processo semelhante.

É em Mileto, situado na Jônia (atual Turquia), litoral ocidental da Ásia Menor que as
perguntas a respeito da natureza exterior do mundo se desvincularam da mitologia. Os
dados da experiência sensível (frio, quente, pesado, leve, por exemplo) passaram a ser
explicados de uma forma racional. Eram entendidos também como realidades em si –
por isso se falava em “O quente”, “o frio”, “o pesado”, “o leve”.

Por meio desse exercício do pensamento, os filósofos pretendiam analisá-los em


relação ao todo, pois a razão parecia exigir uma unidade no lugar da multiplicidade
que até então não havia sido problematizada.

Os principais pensadores da escola de Mileto (ou também “escola jônica” ou


“milesiana”) são Tales, considerado o pai da filosofia, Anaximandro e Anaxímenes. Os
pensadores dessa escola se caracterizam pela preocupação com a physis, palavra grega
que pode ter o sentido de “natureza ou fonte originária”, mas também de “processo
de surgimento e de desenvolvimento”.

Importante notar que nessa época não havia uma clara distinção entre as áreas do
saber como temos hoje – ciência, religião, filosofia e matemática, por exemplo. Por
esse motivo, muitos dos filósofos pré-socráticos podiam ser também líderes religiosos,
cientistas, médicos ou matemáticos.

Filosofia Antiga

O que é a filosofia antiga:


A filosofia antiga é o período compreendido entre o surgimento da filosofia no século
VII antes de Cristo e a queda do Império Romano.

A filosofia antiga marca a primeira forma de pensamento filosófico existente. Seu início


ocorreu na Grécia, cerca de 600 anos antes de Cristo como forma de questionamento
aos dogmas da igreja, mitos e superstições.

Os pensamentos desenvolvidos na época serviram de base para a construção do


raciocínio crítico e do modo de pensar ocidental. Antes, não havia preferência para
explicações racionais e lógicas para os fenômenos da natureza. Com os primeiros
raciocínios filosóficos (baseados em análises empíricas da realidade), surgiram as
primeiras formas de ciências.

Principais características da filosofia antiga


As características mais importantes da filosofia antiga:

 Foi a primeira etapa da filosofia ocidental;


 Surgiu na Grécia Antiga no século XVII e durou até a Queda do Império Romano,
no século V;

 Serviu de base para o modo de pensar ocidental e resultou no surgimento das


primeiras formas de ciência;

 É divida em três períodos: pré-socrático, socrático e helenístico;

 Suas principais escolas são: platonismo, aristotelianismo, estoicismo,


epicurismo, ceticismo, cinismo;

 Entre seus principais representantes estão Platão, Aristóteles, Epicuro, Tales de


Mileto e Sócrates.

Contexto histórico
A filosofia antiga teve início no século VII antes de Cristo na região da Jônia, na Grécia.
As cidades que compunham a região eram movimentados polos mercantis do Mar
Mediterrâneo, por isso, possuíam grande concentração de intelectuais.

Foi precisamente na cidade de Mileto que surgiram os três primeiros


filósofos: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Suas ideias rejeitavam as explicações
tradicionais baseadas na religião e buscavam apresentar uma teoria cosmológica
baseada em fenômenos observáveis.

Principais Filósofos da Antiguidade

1. Tales de Mileto

Escultura de Tales de Mileto, primeiro filósofo


Tales de Mileto (623-546 a.C.) foi um filósofo pré-socrático, considerado o “Pai da
Filosofia”. Ele propõe que a água é a substância primordial da vida, denominada
de arché. Para ele “Tudo é água”.

Veja também: O que é Filosofia?


2. Anaximandro

Representação do mapa do mundo proposto por Anaximandro


Anaximandro (610-547 a.C.) foi discípulo de Tales de Mileto. O filósofo procurou
buscar o elemento fundamental de todas as coisas, denominando de ápeiron (o
infinito e o indeterminado), que representaria a massa geradora da vida e do universo.

3. Anaxímenes

Desenho representativo de Anaxímenes de Mileto


Anaxímenes (588-524 a.C.) foi discípulo de Anaximandro. Para o filósofo, a substância
primordial que origina todas as coisas é o elemento ar.

4. Pitágoras

Pitágoras, pintura de Jusepe Ribera (1630)


Segundo Pitágoras de Samos (570-490 a.C.), a origem de todas as coisas estava
intimamente relacionada com os números. Suas ideias foram essenciais para a filosofia
e a matemática (Teorema de Pitágoras).

Veja também: Teorema de Pitágoras


5. Heráclito

Heráclito, pintura de Johannes Moreelse (1630)


Heráclito de Éfeso (535-475 a.C.) foi um filósofo pré-socrático que contribuiu com as
reflexões da existência. Segundo ele, tudo está em processo de mudança e o fluxo
constante da vida é impulsionado pelas forças opostas. Elegeu o fogo como elemento
essencial da natureza.
6. Parmênides

Busto de Parmênides de Eleia


Parmênides (510-470 a.C.), considerado um dos principais filósofos pré-socráticos,
contribuiu para os estudos do ser (ontologia), da razão e da lógica. Em suas palavras:
“O ser é e o não ser não é”.

Veja também: Lógica Matemática

7. Zenão de Eleia

Zenão de Eleia mostrando as portas da verdade e da falsidade para seus discípulos


Zenão de Eleia (488-430 a.C.) foi discípulo de Parmênides. De suas reflexões filosóficas,
destaca-se o “Paradoxo de Zenão”, no qual pretendia demonstrar que a noção de
movimento era contraditória e inviável.

Veja também: Dialética
8. Empédocles

Representação medieval de Empédocles


Por meio do pensamento racional, Empédocles (490-430 a.C.) defendeu a existência
dos quatro elementos naturais (ar, água, fogo e terra), os quais agiriam de maneira
cíclica a partir de dois princípios: o amor e o ódio.
9. Demócrito

Detalhe da pintura Demócrito, de Hendrick ter Brugghen (1628)


Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) foi criador do conceito de Atomismo. Segundo ele,
a realidade era formada por partículas invisíveis e indivisíveis denominadas de átomos
(matéria). Nas palavras do filósofo “Tudo o que existe no universo nasce do acaso ou
da necessidade”.

Veja também: Átomo
10. Protágoras

Busto do filósofo Protágoras


Protágoras (480-410 a.C.) foi um filósofo sofista e famoso por sua célebre frase “O
homem é a medida de todas as coisas”. Contribuiu para as ideias associadas ao
subjetivismo dos seres.

11. Górgias

Escultura do filósofo Górgias


Górgias (487-380 a.C.) foi um dos maiores oradores da Grécia antiga. Esse filósofo
seguiu os estudos sobre o subjetivismo de Protágoras, o que o levou a um ceticismo
absoluto.
Veja também: Ceticismo

12. Sócrates

Busto romano de Sócrates

Sócrates (469-399) foi um dos maiores filósofos da Grécia antiga que contribuiu para
os estudos do ser e de sua essência.

A filosofia socrática esteve pautada no autoconhecimento (“conhece-te a ti mesmo”),


desenvolvida mediante diálogos críticos (ironia e maiêutica).

Veja também: Grécia Antiga


13. Platão

Busto de Platão
Platão (427-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates e escreveu sobre as ideias de seu
mestre. De suas reflexões filosóficas destaca-se a “Teoria das Ideias”, a base
do platonismo, que seria a passagem do mundo sensível (aparência) para o mundo das
ideias (essência). O “mito da caverna” demostra essa dicotomia entre a ilusão e a
realidade. Platão (427 à 347 a.C.) foi o primeiro filósofo antigo cujo trabalho pode ser
acessado em grande quantidade. Entre suas contribuições se destacam seus estudos
políticos e o conceito de universais (tudo o que está presente em lugares e momentos
diferentes, como sentimentos, cores, etc).
Platão estabeleceu uma escola em Atenas chamada Academia, que permaneceu em
funcionamento até o ano 83 depois de Cristo, o que contribuiu para a disseminação
das suas ideias mesmo após sua morte.

Veja também: Dialética de Platão


14. Aristóteles

Busto de Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C.), ao lado de Sócrates e Platão, foi um dos mais importantes
filósofos da Antiguidade.

Suas ideias são consideradas a base do pensamento lógico e científico. Escreveu


diversas obras sobre a essência dos seres (Metafísica), a lógica, a política, a ética, as
artes, a potência, etc.

Veja também: Lógica Aristotélica

15. Epicuro

Estátua de Epicuro
Epicuro (324-271 a.C.) foi o fundador do epicurismo e para o filósofo a vida deveria
estar baseada no prazer.

No entanto, diferente da corrente hedonista, o prazer epicurista seria racional e


equilibrado. Se não fosse dessa maneira, o prazer poderia resultar na dor e no
sofrimento.

Veja também: Epicurismo
16. Zenão de Cítio

Busto de Zenão de Cítio


Zenão de Cítio (336-263 a.C.) foi o fundador do estoicismo. Defendia a ideia de uma
realidade racional, que ocorre por meio do dever da compreensão.

Dessa forma, por meio da compreensão, a realidade de que faz parte o homem e a
natureza leva ao caminho da felicidade.

17. Pirro

Representação de Pirro de Élis, do livro A História da Filosofia, de Thomas Stanley


(1655)
Pirro (365-275 a.C.) foi fundador do Pirronismo. Ele defendia a ideia da incerteza em
tudo que nos envolve, por meio de uma postura ceticista.

Assim, nenhum conhecimento é seguro sendo a busca da verdade absoluta uma


postura inútil.

18. Diógenes

Diógenes em sua casa, cercado pelos cães. Diógenes, pintura de Jean-Léon Gérôme


(1860)
Diógenes (413-327 a.C.) foi um filósofo da corrente filosófica do cinismo. Ele buscou
defender uma postura anti-materialista se afastando de todos os bens materiais e
focando no conhecimento de si.

MENEZES, Pedro. Filosofia Antiga. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:


https://www.todamateria.com.br/filosofia-antiga/. Acesso em: 17 mar. 2023.
 Filosofia na Idade Média:

A filosofia medieval, como aponta o nome, é toda a produção filosófica que ocorreu
durante a Idade Média. Nesse momento, os questionamentos racionais tornaram-se
mais evidentes na sociedade, e muitos estudiosos se dedicaram a entender a vida e
suas nuances, sem abandonar os preceitos religiosos.

As explicações mais tradicionais, como os mitos, não satisfaziam mais os pensadores.


Aqui, o ser humano sofre um crescimento exponencial do senso crítico argumentativo,
com o desejo de entender o que está por trás dos fenômenos cotidianos. 

O que é filosofia medieval?

O fazer filosófico da Idade Média é uma junção entre os conhecimentos da


Antiguidade, como Platão e Aristóteles, com as teorias religiosas, tão difundidas pela
Igreja Católica. Vale lembrar que na Europa medieval, a religião cristã católica tinha
grande influência sobre a sociedade.

Afinal, o povo estava organizado em feudos. O feudalismo é um sistema social em que


a maior posição hierárquica é ocupada pelos membros do clero, pessoas de alta
patente religiosa. Assim, todas as decisões e pensamentos passavam, antes de tudo,
pelo poder do catolicismo.

Em meio a esse cenário, então, a filosofia medieval surge como uma sistematização
dos conhecimentos teológicos. Agora, os estudiosos queriam unir a razão com as
crenças religiosas.

+ Veja também: Filosofia: o que é, períodos e muito mais!

Características da filosofia medieval 

Em geral, os filósofos medievais utilizaram a filosofia greco-romana como pontapé


inicial nos seus estudos e teoria. Então, consideramos que a Antiguidade Clássica é
uma grande referência e característica para a disciplina. 

Grande parte dos pensadores eram membros do clero ou tinham algum vínculo com a
Igreja Católica. Nesse sentido, os temas abordados norteiam questões bíblicas, como a
fé, a salvação, o pecado, a redenção, a existência de Deus, o livre-arbítrio, as visões de
bem e mal, a ética cristã e etc.

Para alguns, os conhecimentos clássicos eram aplicados para unir razão e fé.
Diferentemente do que vivenciamos atualmente, os dois conceitos eram aplicados de
maneira simultânea. Estudiosos acreditavam, por exemplo, que a razão era uma forma
dos humanos alcançarem a verdade divina.
Outros filósofos da mesma época se opunham à ideia de união entre a fé e a lógica,
justificando uma completa separação entre as duas vertentes, só assim a vontade
divina poderia ser completamente respeitada.

Perceba, portanto, que a filosofia medieval não é uma ciência homogênea, mas um
conjunto de saberes desenvolvidos no mesmo período. As teorias tinham o mesmo
enfoque, porém com interpretações diferentes sobre um mesmo assunto. Vamos
conhecer as duas principais divisões que ocorreram na época. 

Divisões e pensadores da filosofia medieval

Patrística

A primeira fase da filosofia medieval é a patrística, em que ocorre uma estruturação da


fé cristã, com maior elaboração dos dogmas católicos e intensificação da perseguição
aos pagãos, ou seja, aos não cristãos. 

A ideia principal dos patrísticos era de que a união da fé com a lógica humana
fornecem a realidade. Note, então, que eles apoiam uma crença racional: a fé é
construída a partir de mecanismos lógicos. 

O pensador mais conhecido foi o padre filósofo Santo Agostinho, também conhecido
como Agostinho de Hipona.

Em sua teoria, ele defendia que o mal é a ausência do bem. Assim, todas as coisas da
vida são baseadas em escolhas, para o bem ou para a falta dele. Em termos religiosos,
isso significa que o Sto. Agostinho acreditava no livre arbítrio.

Em relação às decisões erradas, ele considera que as confissões são uma forma do
indivíduo se responsabilizar por suas ações e consequências. No momento de falar
sobre suas falhas, o cidadão teria a capacidade de entender e raciocinar sobre elas e,
então, assumir um papel ético.

Envolvido nessa relação igreja e sociedade, Santo Agostinho criou a teoria de que
existe uma cidade de Deus, onde há harmonia, consciência e serenidade divina. Ao
mesmo tempo, a cidade dos homens é marcada por conflitos, disputa de poderes e
falta de consenso nas decisões. 

Acredita-se também que essa teoria tinha influência dos poderes eclesiásticos, pois
justificava a unificação entre o clero e a sociedade, afinal, um povo de harmonia só
poderia ser estabelecido em união com Deus. 

Existe ainda a Teoria da Iluminação, que afirma que “Deus é a luz e o caminho para a
razão”, ou seja, o conhecimento só pode ser racionalmente acessado se Deus iluminar
esse processo.
Todas essas ideias têm um fundamento na filosofia platônica, principalmente, pela
divisão do mundo entre duas categorias distintas. 

Escolástica

A segunda fase da filosofia medieval é contemporânea ao nascimento das


universidades na Europa, na época do Império Carolíngio. Essas escolas eram voltadas
para o estudo teológico e relacionadas com a Igreja. 

Diferentemente do que vimos na patrística, a escolástica teve maior influência dos


conhecimentos aristotélicos. 

A principal marca dessa influência foi o desenvolvimento de argumentos que


defendem a religião cristã. Esse trabalho esteve nas mãos de São Tomás de Aquino,
que utilizou a razão para justificar a fé, como uma forma de unificar as duas ideias. 

O pensador desenvolveu muitas ideias, como a Teoria das Quatro Causas e da Ato-
potência e a Teoria das Cinco Vias.  

Ele acreditava que, para todo efeito, existe uma causa. Nesse sentido, tudo que foi
criado no mundo é um efeito (humanos, animais, plantas e etc). Para que isso
acontecesse, era necessário a existência de uma causa primeira, que surgiu antes de
tudo. Para ele e outros escolásticos, o motor para todos os efeitos é Deus. 

Tomás de Aquino ainda reúne informações para afirmar que Deus é perfeito, e quem
define os propósitos de vida de cada um, além de ser capaz de transformar todas as
coisas. 

Dessa forma, ele acredita que Deus permite que os humanos acessem algumas
verdades, como a afirmativa de que Deus existe e é único. Algumas outras verdades,
como as questões da trindade, estão fora do alcance humano e precisam ser aceitos
por nós.

"O desenvolvimento do conhecimento durante a Idade Média conta com


particularidades diversas que se afasta daquela errônea perspectiva que a define como
a “Idade das trevas”. Contudo, a predominância dos valores religiosos e as demais
condições específicas fazem do período medieval apenas singular em relação aos
demais períodos históricos. Nesse sentido, o expressivo monopólio intelectual exercido
pela Igreja estabeleceu uma cultura de traço fortemente teocêntrico.

Não por acaso, os mais proeminentes filósofos que surgiram nessa época tiveram
grande preocupação em discutir assuntos diretamente ligados ao desenvolvimento e à
compreensão das doutrinas cristãs. Já durante o século III, Tertuliano apontava que o
conhecimento não poderia ser válido se não estivesse atrelado aos valores cristãos.
Logo em seguida, outros clérigos defenderam que as verdades do pensamento
dogmático cristão não poderiam estar subordinadas à razão.
Em contrapartida, existiam outros pensadores medievais que não advogavam a favor
dessa completa oposição entre a fé e a razão. Um dos mais expressivos representantes
dessa conciliação foi Santo Agostinho, que entre os séculos IV e V defendeu a busca de
explicações racionais que justificassem as crenças. Em suas obras “Confissões” e
“Cidade de Deus”, inspiradas em Platão, ele aponta para o valor onipresente da ação
divina. Para ele, o homem não teria autonomia para alcançar a própria salvação
espiritual."
"A ideia de subordinação do homem em relação a Deus e da razão à fé acabou tendo
grande predominância durante vários séculos no pensamento filosófico medieval. Mais
do que refletir interesses que legitimavam o poder religioso da época, o negativismo
impregnado no ideário de Santo Agostinho deve ser visto como uma consequência
próxima às conturbações, guerras e invasões que viriam a marcar a formação do
mundo medieval.

Contudo, as transformações experimentadas com a Baixa Idade Média promoveram


uma interessante revisão da teologia agostiniana. A chamada filosofia escolástica
apareceu com o intuito de promover a harmonização entre os campos da fé e da razão.
Entre seus principais representantes estava São Tomas de Aquino, que durante o século
XIII lecionou na universidade de Paris e publicou “Suma Teológica”, obra onde dialoga
com diversos pontos do pensamento aristotélico.

São Tomás, talvez influenciado pelos rigores que organizavam a Igreja, preocupou-se
em criar formas de conhecimento que não se apequenassem em relação a nenhum
tipo de questionamento. Paralelamente, sua obra teve uma composição mais otimista
em relação à figura do homem. Isso porque acreditava que nem todas as coisas a
serem desvendadas no mundo dependiam única e exclusivamente da ação divina.
Dessa maneira, o homem teria papel ativo na produção de conhecimento.

Apesar dessa nova concepção, a filosofia escolástica não foi promotora de um


distanciamento das questões religiosas e, muito menos, afastou-se das mesmas.
Mesmo reconhecendo o valor positivo do livre-arbítrio do homem, a escolástica
defende o papel central que a Igreja teria na definição dos caminhos e atitudes que
poderiam levar o homem à salvação. Com isso, os escolásticos promoveram o combate
às heresias e preservaram as funções primordiais da Igreja."
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Filosofia Medieval"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/filosofia-medieval.htm. Acesso em 17 de
março de 2023.

A princípio, pode parecer que isso se deve ao fato de ser uma corrente de pensamento
desenvolvida há muito tempo, distante das nossas preocupações atuais. Mas nada
poderia estar mais longe da verdade, principalmente, porque o elemento central
da filosofia medieval não é ninguém menos do que Deus.
E não podemos negar que a relação com o divino e o sagrado continua muito presente
nas sociedades humanas, não é mesmo?

Por outro lado, você pode se perguntar: só Deus? Um único tema durante toda uma
era histórica?

É uma boa pergunta e a resposta é não. Principalmente, porque deste ponto central,
desdobram-se inúmeras questões importantes para os filósofos medievais.

De forma geral, a filosofia medieval se preocupava em compreender o papel da


humanidade, em relação a sua divindade, bem como entender seus propósitos.

Isso já nos fornece uma boa ideia de quais eram os grandes temas da filosofia
medieval, mas houve diferentes correntes de pensamento.

De fato, existiram, pelo menos, quatro escolas filosóficas bem distintas no período e
considerando que tratamos de um intervalo de mais de mil anos, até que foram
poucas.

Então, vejamos quais foram estas correntes e como se encaixavam no contexto


histórico.

Filosofia Medieval: Principais escolas filosóficas e contexto histórico

Para começar, vamos lembrar que a Idade Média se estende da queda do Império
Romano do Ocidente até o renascimento.
Estas divisões são apenas uma referência, pois a primeira escola considerada como
pertencente a filosofia medieval surgiu antes da queda de Roma.

1. Filosofia Apostólica (Filosofia dos Apóstolos)

O nome mais conhecido desta escola é Paulo de Tarso. Naquele período (séculos I e II
d.C.), a grande preocupação ainda era a difusão do pensamento cristão. Ou seja,
espalhar a mensagem bíblica.

Nos séculos seguintes, entretanto, temos um novo cenário com as invasões bárbaras, a
popularização do próprio cristianismo e a divisão do Império Romano. Em outras
palavras, ocorre uma onda de mudanças sociais, acompanhadas também pelo
crescimento da igreja, como uma instituição formal.

2. Filosofia Apologética

Neste novo contexto, com uma base de fiéis muito grande, o cristianismo apresenta
um novo tipo de filosofia medieval, chamada apologética.

Ou seja, que faz apologia às escrituras sagradas, negando toda a filosofia anterior,
considerada pagã (da tradição clássica greco romana).

Estas duas primeiras escolas, tiveram um papel fundador, estabelecendo as bases


sobre as quais as próximas gerações de filósofos medievais trabalhariam.

3. Filosofia Patrística

Com a igreja e o cristianismo plenamente estabelecidos, surgia a possibilidade de


aprofundar muitas questões existenciais.

Além disso, é a partir daqui que entramos no período medieval propriamente dito,
com o maior nome desta escola sendo Santo Agostinho.

Falaremos mais sobre ele adiante, mas pode-se dizer que a principal característica
desta escola era conciliar fé e razão. Compreender como a razão podia explicar ou
estar a serviço da fé. Uma tarefa difícil até os dias atuais.

4. Filosofia Escolástica

Justamente por ser difícil conciliar fé e razão, muitos teólogos se recusavam a


conceder qualquer importância à razão que não fosse estritamente obediente aos
preceitos da fé.

Isso porque, conforme o conhecimento científico desafiava os temas cristãos, impondo


perguntas cada vez mais difíceis, muitos teólogos reagiam condenando a razão.
Ou seja, forçando uma cisão entre fé e razão, até o ponto da razão ser considerada
uma faculdade subalterna, menos importante que a fé.

Vale destacar que  até a filosofia medieval de São Tomás de Aquino, apesar de
pertencer a uma nova corrente (escolástica), retomava o pensamento de Santo
Agostinho.

Sendo assim, para facilitar sua vida, vamos esquematizar alguns dos principais temas
da filosofia medieval.

Filosofia Medieval: Principais problemas filosóficos

Direto ao ponto, pense sobre estas perguntas:

 Qual a natureza da alma humana?


 Como existe esta alma?
 Qual a relação entre Deus e Cristo?
 Qual a natureza da Trindade?
 É possível falar em uma natureza de Deus?
 Qual a relação entre fé e razão?
 Existe hierarquia entre ambas?
 Seria a fé uma forma elevada da razão?

Parecem perguntas soltas, mas estão todas relacionadas a três grandes eixos
temáticos, os principais problemas da filosofia medieval:

1. Conhecer e entender a natureza divina;


2. Compreender e determinar a relação da humanidade com a divindade;
3. Estabelecer os campos da fé e da razão.

Ainda um pouco confuso? Talvez pensar um pouco sobre estas questões da forma
como Agostinho e Tomás de Aquino as trataram pode te ajudar.

Então, vejamos em linhas gerais, algo sobre o pensamento destes que foram os dois
mais respeitados pensadores da filosofia medieval.

Filósofos da filosofia medieval

Alta Idade Média: Santo Agostinho e o pensamento livre

O primeiro deles, Santo Agostinho, viveu os últimos anos do Império Romano e foi o


responsável por transformar todo o pensamento cristão.

Considerando que você está se preparando para o Enem e, provavelmente, pensando


no vestibular, segue um aviso: aqui está a parte mais importante da filosofia medieval.
Para começar, Agostinho desenvolveu a ideia de uma Cidade de Deus, representando
o mundo espiritual, em contraposição ao mundo terreno. Como um desdobramento
desta ideia, também haveria um “tempo de Deus”, diferente do humano.

Isso implicava, por exemplo, em uma interpretação controversa da Bíblia, pois, para
ele, o tempo seria infinito no plano divino. Ou seja, Deus teria criado todo o universo
em um único instante, apesar da descrição bíblica, estabelecer seis dias para a criação.

Neste mesmo sentido, Agostinho passou a redefinir os entendimentos da trindade, do


pecado original e outros pontos sensíveis para os cristãos.

Mas polêmicas à parte, seus pensamentos refundaram a filosofia medieval, abrindo as


portas para discussões mais abrangentes, como a relação entre fé e razão.

A partir dele, a filosofia medieval ganhou o nome de patrística e assim permaneceu,


discutindo mais ou menos os mesmos problemas, até que o contexto permitisse
mudanças.

Baixa Idade Média: São Tomás de Aquino e o caminho do renascimento

Tomás de Aquino viveu muito depois de Santo Agostinho, já no século XIII e o contexto


de sua época permitia a retomada dos clássicos. Mais importante, permitia a retomada
da filosofia grega, sobretudo de Aristóteles, a quem Aquino devotava grande respeito.

Às portas do renascimento, Aquino era um fruto do seu tempo. Podia se dar ao luxo de
retomar o pensamento clássico e conciliar, mais uma vez, fé e razão, dentro do
cristianismo.
Embora não falasse em um “tempo de Deus”, falava em uma “completude de Deus”,
algo que significava que todo o sentido da vida estava no plano divino. Aos homens,
não cabia outro sentido de existência, que não a busca da felicidade pela graça divina.

Como se vê, apesar dos nomes de escolas e dos contextos históricos diferentes, entre
o início do primeiro milênio e o renascimento, Deus sempre foi o grande tema.

E mesmo hoje, após várias renovações de toda a filosofia ocidental, ainda assim, a
filosofia medieval permanece presente na base da filosofia contemporânea.

Como nota final, cabe dizer que, no mesmo período, surgiram muitas outras escolas
filosóficas importantes, principalmente, no Oriente Médio. No entanto, na grade
curricular brasileira e no ocidente em geral, não costumamos estudá-las.

https://blog.stoodi.com.br/blog/filosofia/filosofia-medieval/

O que é
 
Podemos chamar de Filosofia Medieval a filosofia que se desenvolveu na Europa
durante a Idade Média (entre os séculos V e XV). Como este período foi marcado por
grande influência da Igreja Católica nas diversas áreas do conhecimento, os temas
religiosos predominaram no campo filosófico.

Características e principais questões debatidas e analisadas pelos filósofos


medievais:
 
- Relação entre razão e fé.
 
- Existência e natureza de Deus.
 
- Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana.
 
- A questão do livre arbítrio.
 
- A lógica aristotélica.
 
- Os limites do conhecimento.
 
- A existência do mal.
 
- Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.
 
- Grande parte dos filósofos medievais defenderam a ideia de que o conhecimento
pode ser ensinado para as pessoas.

Principais estágios da Filosofia Medieval:


1 - Patrística: a transição para o Mundo Cristão (século V e VI)
 
Muitos pensadores deste período defendiam que a fé não deveria ficar subordinada a
razão.
 
Porém, um importante filósofo cristão não seguiu este caminho. Santo Agostinho de
Hipona (354 – 430) buscou a razão para justificar as crenças. Foi ele quem desenvolveu
a ideia da interioridade, ou seja, o homem é dotado da consciência moral e do livre
arbítrio.
 
2 - Escolástica (século IX ao XIV)
 
Foi um movimento que pretendia usar os conhecimentos greco-romanos para
entender e explicar a revelação religiosa do cristianismo.  As ideias dos filósofos gregos
Platão e Aristóteles adquirem grande importância nesta fase. 
 
Os teólogos e filósofos cristãos começam a se preocupar em provar a existência da
alma humana e de Deus.
 
Para os filósofos escolásticos a Igreja possuía um importante papel de conduzir os
seres humanos à salvação.
 
No século XII, os conhecimentos passam a ser debatidos, armazenados e transmitidos
de forma mais eficiente com o surgimento de várias universidades na Europa.
 
Principais representantes: Anselmo de Cantuária, Albertus Magnus, São Tomás de
Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de Ockham.
 

São Tomás de Aquino: um dos principais pensadores


medievais.

Principais obras filosóficas da Idade Média


 
- Cidade de Deus (Santo Agostinho)
 
- Confissões (Santo Agostinho)
 
- Suma Teológica (São Tomás de Aquino)
 
- Cinco provas da existência de Deus (São Tomás de Aquino).
 
Anselmo de Cantuária (1033-0109): importante filósofo da fase da Alta Escolástica. Foi
monge católico e tornou-se santo, após ser canonizado em 1720. É considerado
também o fundador do escolasticismo (Filosofia Escolástica).

https://www.suapesquisa.com/idademedia/filosofia_medieval.htm

 Filme: O Físico

 Dia 21/03

 Vida e Obra de Descartes


O criador do racionalismo cartesiano sustenta que o homem não pode alcançar a
verdade pura através de seus sentidos
ORIGEM: Próximo a Tours (França) (1596-1650)
CORRENTE FILOSÓFICA: Racionalismo
PRINCIPAIS OBRAS: O Discurso do Método; Geometria e Meditações; Meditações sobre
Filosofia Primeira; Princípios da Filosofia; O Homem
FRASE-SÍNTESE: “Penso, logo existo.”

BIOGRAFIA: Nascido em La Haye, na França, em 31 de março de 1596, René Descartes


é considerado um dos pais da filosofia moderna. Tendo estudado com os jesuítas na
infância, graduou-se em direito em 1616, pela Universidade de Poitiers. Depois de uma
breve passagem pela vida militar, diz a tradição que, após um sonho que teve numa
viagem à Alemanha, passou a dedicar-se ao estudo de matemática e filosofia.
Conhecido em sua época, suas obras foram, por uns, louvadas; por outros, condenadas
como heréticas. Depois de sua morte, em 1650, na Suécia, onde trabalhava para a
rainha Cristina, seus livros foram proibidos pela Igreja Católica.
“Mas imediatamente que eu observava isso, que os pensamentos de sonho se
confundem com a realidade, ainda assim eu desejava pensar que tudo era falso, era
absolutamente necessário que eu, quem pensa, seja algo; e enquanto eu observava
que isso é verdadeiro, eu penso, logo existo, era tão certo e tão evidente que eu aceitei
este como primeiro princípio de filosofia, que eu estava refletindo.”
A FILOSOFIA DE DESCARTES
René Descartes é responsável pelo desenvolvimento do racionalismo cartesiano,
segundo o qual o homem não pode alcançar a verdade pura através de seus sentidos:
as verdades residem nas abstrações e em nossa consciência, na qual habitam as ideias
inatas. Diante do forte ceticismo na época do Renascimento, muitas pessoas
acreditavam que os métodos científicos eram falhos, incompletos e sujeitos ao erro, de
forma que seria impossível para o homem conhecer o mundo real e fazer ciência de
maneira verdadeira. A missão de Descartes era justamente legitimar a ciência,
demonstrando que o homem poderia conhecer o mundo real. Para encontrar uma
certeza inquestionável, Descartes duvidou de tudo.
A dúvida cartesiana é justificada por três argumentos. Primeiramente, a ilusão dos
sentidos, ou seja, não poderíamos confiar nos nossos sentidos, os quais são limitados e
enganosos. Em segundo lugar, não sabemos distinguir o mundo externo daquilo que é
produto de nossa mente (argumento dos sonhos). Em terceiro lugar, há o gênio
maligno: quem diz que não há um deus ou um demônio malévolo poderoso e astuto
que dedicasse todas suas energias para enganar os homens?
Nesse momento, portanto, criou-se um impasse: como Descartes poderia encontrar
certezas irrefutáveis se, ao mesmo tempo, acreditava que deveria duvidar
sistematicamente de tudo que se apresentasse para ele? Se, por um lado, Descartes
acreditava que o ato de duvidar punha em dúvida até nossos sentidos, por outro, é
impossível duvidar do pensamento: afinal, duvidar do pensamento é pensar. Mesmo a
possibilidade de um deus enganador pressupõe a existência de um ser pensante que
esteja nas garras desse gênio. Dessa forma, nosso pensamento e nossa existência
seriam um ponto de partida inquestionável, uma certeza a partir da qual Descartes
poderia edificar seu método filosófico. Nasceu então a famosa máxima cartesiana, o
argumento do cogito: “Penso, logo existo” (Ego cogito ergo sum).
Porém, o problema de Descartes ainda não estaria resolvido: se a única certeza do
homem é o “eu”, ou seja, seu pensamento e sua existência, como Descartes iria fazer a
ponte que ligasse a certeza que residia no indivíduo à incerteza do mundo externo?
Como não cair no solipsismo? Solipsismo é a doutrina segundo a qual só existem,
efetivamente, o eu e suas sensações, sendo os outros entes (seres humanos e objetos)
partícipes da única mente pensante, meras impressões sem existência própria.

Descartes, então, cria uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva.
Dessa forma, o filósofo afirmou que o pensamento, sua única certeza, seria composto
por ideias. Uma ideia seria válida na medida em que fosse clara e distinta o suficiente
para diferenciá-la das outras. Haveria, para ele, três tipos de ideias: as ideias inatas
(naturais, que se encontram no indivíduo desde o nascimento, de modo que não
adquirimos pela nossa experiência) as ideias adventícias (ou seja, empíricas, que
formarmos ao longo de nossa vida, a partir da experiência, estando sujeitas  à dúvida)
e as ideias factícias ou da imaginação (que formamos na nossa mente a partir das
outras ideias).
É a partir das ideias inatas que Descartes fundamentou sua prova da existência de
Deus. A ideia de Deus, presente em nossa mente, é a ideia de uma entidade perfeita. O
homem por si só seria incapaz de chegar à clara e distinta ideia de perfeição, já que não
haveria nenhuma correspondência desse ideal no mundo concreto. Assim, a ideia de
perfeição seria inata, colocada no homem por Deus, a grande marca do criador em sua
obra.
Se Deus existe, fica provado que o mundo por ele criado também existe. Assim, note
que Descartes provou que o “eu” existe e, por meio do raciocínio dedutivo, provou
também, a partir das premissas anteriores, que Deus e o mundo existem. Eis a ponte
entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva, isto é, a prova de que “o eu e o
mundo” existem.
Na modernidade, o debate ganha novos contornos: a problemática da consciência e da
subjetividade torna-se mais fundamental. René Descartes, Blaise Pascal e Baruch
Spinoza, por um lado, são tidos como racionalistas: herdeiros de Platão, para eles os
sentidos são, em si, fonte de engano, e a verdade reside em última instância na razão,
na qual moram as ideias inatas, isto é, anteriores à experiência. Locke, Bacon, Newton,
Hobbes e Hume, por outro lado, são tidos como empiristas: herdeiros de Aristóteles,
para eles não há nada no intelecto que não estivesse antes no sentido, sendo a
experiência a fonte da verdade. Segundo Locke, nós nasceríamos como “tábulas
rasas”, e todas as ideias têm origem em alguma sensação.

 Vida e Obra de Hume


ORIGEM: Edimburgo (Escócia) (1711-1776)
CORRENTE FILOSÓFICA: Iluminismo/Empirismo
PRINCIPAIS OBRAS: Tratado sobre a Natureza Humana; Investigação sobre o
Entendimento Humano; Diálogos sobre a Religião Natural.
FRASE SÍNTESE: “O costume é, portanto, o grande guia da vida humana.”
BIOGRAFIA
David Hume nasceu em Edimburgo, na Escócia, no dia 7 de maio de 1711. De família
nobre, mas modesta, estudou direito na universidade local, mas não seguiu a carreira,
preferindo dedicar-se às letras. Entre 1734 e 1737, viveu na França, onde escreveu as
duas partes de seu primeiro trabalho importante:  Tratado sobre a Natureza Humana.
Concluído dois anos depois em Londres, o ensaio não obteve a repercussão esperada.
Exerceu cargos diplomáticos na França, Alemanha, Holanda e Itália. Nesse percurso,
entrou em contato com os principais intelectuais da época. David Hume morreu em
Edimburgo, em 25 de agosto de 1776.
“Quando entro mais intimamente nisto que eu chamo de eu mesmo, sempre tropeço
em uma ou outra percepção particular, de calor ou frio, luz ou sombra, amor ou ódio,
dor ou prazer.”
A FILOSOFIA DE HUME
Retrato de David Hume (Reprodução/Reprodução)
Hume ficou conhecido por levar ao extremo o ceticismo – entendido como a suspensão
de julgamento diante de questões sem verdade. Em suas obras, o filósofo escocês
suspendia as certezas até mesmo diante daquilo que parecia ser experimental. Com
ele, a questão já não é saber se existe ou não uma substância, um Deus ou uma alma.
O fundamental é descobrir a gênese de nossas crenças. Exerceu grande influência nas
obras de Nietzsche e Kant. Para o filósofo, todo o processo de pensamento se inicia
com impressões, quer dizer, não se pode conceber o pensamento desvinculado das
sensações. Hume levou o empirismo às últimas consequências: as nossas sensações
são os únicos fatos comprováveis, e, quanto mais próximas no sentido cronológico
estiverem as sensações, mais nítidas e fortes essas ideias serão. Aquilo que
percebemos, os nossos dados ou a estimulação física dos órgãos dos sentidos e os
sinais nervosos que eles emitem são a única realidade que conhecemos.
Hume chegou a questionar inclusive um pressuposto fundamental de toda tradição
científico-filosófica: o princípio da causalidade. É aqui que reside sua reflexão mais
conhecida. A questão de Hume não é saber a eficácia da chamada “relação causa-
efeito”, mas compreender como esse conceito – existente desde os pré-socráticos – se
tornou tão forte na mente humana.
Como outros empiristas, Hume acreditava que nossas ideias derivavam da experiência
sensorial. Porém, a partir dessas experiências, construiríamos sofismas – “o raciocínio
enganoso” – e ilusões, como a existência de leis na natureza e de mecanismos de causa
e efeito. Assim, observando regularidades na natureza, o homem acreditou que
existiam leis, do mesmo modo que, vendo um evento suceder-se ao outro, o homem
inventou a relação de causa e efeito.
Ao observarmos o nascer diário do Sol com nossos sentidos, por exemplo, dizemos que
esse fenômeno ocorre graças a uma lei que rege os corpos celestes e, assim,
acreditamos veementemente que o Sol nascerá todos os dias. Porém, esse conceito de
“lei” ou de “causa” deriva tão-somente da nossa limitada experiência, do costume, da
repetição e do hábito: o que nos garante que o Sol se levantará amanhã?
Em um jogo de sinuca, vendo uma bola branca bater numa vermelha, fazendo-a cair na
caçapa, acreditamos que o primeiro evento (a bola branca batendo na vermelha)
“causou” o segundo (a bola na caçapa). Como observamos isso ocorrer
frequentemente, acreditamos ser algo que sempre ocorre. Mas, na verdade, tudo o
que sabemos é que uma bola bate na outra: nada sabemos sobre a tal “causa”,
conceito que inventamos para relacionar um com o outro. A experiência nos mostra
que um evento acompanha outro, mas não mostra nenhuma relação concreta entre
eles.
Apesar de essa filosofia ser radical, levando-nos a acreditar que “qualquer coisa pode
produzir qualquer coisa”, é importante notar que nada disso demonstra que nossas
expectativas em relação às leis ou às causas não sejam corretas – Hume não quer
provar que amanhã o Sol pode não nascer. Ele quer dizer o seguinte: o fundamento de
nossas expectativas não está na razão, mas, sim, no hábito, no costume, na repetição.
Em consequência, toda ciência é apenas resultado de indução, não havendo
conhecimento certo e definitivo, de modo que a única certeza que podemos ter é a
probabilidade. Eis os pés de barro de toda a ciência ocidental. Hume diz que a
causalidade e a aceitação da existência do mundo ao nosso redor, embora não possam
ser provadas, são instintivamente impostas.

 Vida e Obra de Kant

ORIGEM: Königsberg (Prússia Oriental – atual Kaliningrado, Rússia) (1724-1804)


CORRENTE FILOSÓFICA: Iluminismo/Criticismo
PRINCIPAIS OBRAS: Crítica da Razão Pura; Crítica da Razão Prática; O que É
Esclarecimento?; Metafísica dos Costumes
FRASE-SÍNTESE: “O céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim enchem
minha mente de admiração e assombro sempre novos e crescentes, quanto mais e
mais constantemente refletimos sobre eles.”
BIOGRAFIA
Kant nasceu em 22 de abril de 1724, em Königsberg, na Prússia Oriental – atual
Kaliningrado, parte de Rússia. Aos 16 anos, ingressou no curso de teologia da
Universidade de Königsberg. Escreveu os primeiros ensaios em 1755, influenciado
pelos tratados de física de Newton e pelo racionalismo do filósofo Leibniz. A partir de
1760 se distanciou dessa corrente e passou a seguir a moral filosófica de Rousseau. Em
1770 se tornou professor de lógica da Universidade de Königsberg e enfrentou
dificuldades para expor suas ideias em razão da oposição do luteranismo ortodoxo.
Morreu em 1804, em Königsberg, cidade de onde nunca saiu.

“Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém,
todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso
conhecimento malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez,
experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os
objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.”

A FILOSOFIA DE KANT
O ponto fundamental do criticismo kantiano é a solução aplicada ao debate entre
racionalistas e empiristas, a chamada Revolução Copernicana da Filosofia. Por um
lado, os racionalistas cartesianos acreditavam que todo o conhecimento seguro
provinha da razão, que trabalhava com categorias inatas, a priori (antes da
experiência). Por outro lado, os empiristas baconianos acreditavam que todo
conhecimento provinha das sensações, de modo que o homem nasce como uma
tábula rasa.
A crítica kantiana deriva do seguinte fato: o filósofo alemão colocou a própria razão e
as possibilidades reais de conhecimento em questão. Isto é, em vez de questionar
como eu conheço os objetos, perguntou se o próprio conhecimento é possível. Isso é a
chamada filosofia transcendental, aquela que põe a razão no próprio tribunal da razão.
Se os iluministas criticaram, com as armas da razão, a economia, a política e a religião,
Kant leva o pensamento ilustrado ao seu zênite: nele, a razão critica a si mesma.
Em Kant, o sujeito, através de seus a prioris, de seu aparato subjetivo, determina o
objeto de seu conhecimento. Como assim? Em Kant, é como se todos nós estivéssemos
com “óculos”, responsáveis pela nossa capacidade de conhecer. Eles encaixam todos os
objetos em intuições (como o tempo e o espaço) e em categorias diversas (unidade,
pluralidade, causalidade, entre outras). Não é possível ao homem pensar sem esses
“óculos”. Kant oferece um mapa de nossas possibilidades de pensar, mostrando os
conceitos e os princípios que tornam possível o pensamento. Ele critica, assim, a
“ideologia da razão”.
Qual seria a consequência desse pensamento? Não temos condições de conhecer a
realidade pura, “a coisa em si”, como ela realmente é. O mundo real, que Kant chama
de o mundo dos númenos (coisa em si), é inalcançável para nós, impossível de ser
plenamente conhecido pela nossa sensibilidade ou pelo nosso entendimento. Tudo o
que conhecemos não é a realidade, mas o que Kant chama de fenômeno, isto é, o
objeto na medida em que ele é apresentado, organizado e entendido pelo
pensamento. A realidade em si não está condicionada ao sujeito – por isso, é
impossível conhecê-la.

O filósofo prussiano, com isso, mostra-nos os limites da razão. Para Kant, os antigos
metafísicos (Descartes, Aquino ou Pascal) foram além dos limites da razão para provar
a existência da alma, de Deus ou do começo do mundo. Como esses elementos não se
encaixam em nossas categorias, não é possível produzir conhecimento sobre eles. O
recuo da razão diante de si mesma acaba com a pretensão da metafísica clássica de
conhecer “a coisa em si” – tal pretensão é chamada por Kant de dogmática.

Kant, portanto, solucionou o debate entre racionalistas e empiristas mostrando que os


dados da experiência (empirismo) são “encaixados” em categorias e intuições a
priori (racionalistas). Os elementos a priori e a posteriori do conhecimento são
devidamente conciliados.
Immanuel Kant supera o debate entre racionalismo e empirismo ao discutir como as
ideias que provêm da experiência são encaixadas, por assim dizer, em intuições e
categorias, como o tempo e o espaço. Para ele, nossa mente teria uma espécie de
“óculos”, sem o qual nada poderia ser interpretado. Viveríamos, assim, num mundo
dos fenômenos (aquilo que nossa mente é capaz de conhecer), sendo a realidade em
si, o mundo dos “númenos”, inacessível. Essa virada na filosofia, quando a discussão
metafísica deixa de centrar-se nos objetos para questionar o próprio sujeito e sua
possibilidade de conhecimento (mostrando, enfim, que o homem é incapaz de
conhecer tudo que estiver além de nossas intuições e categorias), é chamada de
Revolução Copernicana da filosofia.

Depois de Kant, a metafísica nunca mais foi a mesma. No advento da


contemporaneidade, as discussões sobre a teoria do conhecimento, inclusive,
deixaram de ser monopólio da filosofia. Ela passou a dialogar com a neurologia e, a
partir do fim do século XIX, com a psicologia de Sigmud Freud, Carl Gustav Jung e
Jacques Lacan. Pensadores como Karl Marx deram ênfase às ligações entre o nosso
conhecimento e o mundo material. Schopenhauer e Friedrich Nietzsche lembraram as
forças irracionais que fundamentam nossa percepção. Outros pensadores
contemporâneos, como Foucault, sublinharam as relações entre conhecimento e
poder, ao passo que Sartre, Simone de Beauvoir e os existencialistas mostraram existir
um inacabamento próprio ao ser humano e, por isso, há um protagonismo do homem
na construção de si mesmo.
 Filme: Ponto de Mutação

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