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O termo filosofia é de origem grega e significa “amor ao saber”, ou seja, a busca pela
sabedoria. Filosofia, termo derivado do grego que em uma tradução livre pode ser
considerado como “amigo da filosofia”, é o estudo de questões relacionadas ao
homem e aquilo que o cerca, como ética, moral, linguagem, existência, verdade e
conhecimento. Conceituar a filosofia enquanto disciplina é uma tarefa quase que
impossível, já que seus objetos de estudos são muitos e variados e o modo de olhar
para eles variam de acordo com a corrente filosófica da qual se olha, que pode ser
mais restrita ou mais ampla, mais ou menos materiais, etc.
A filosofia antiga surge com a substituição do saber mítico ao da razão e isso ocorreu
com o surgimento da polis grega (cidade-estado).
Essa nova organização grega, foi fundamental para a desmistificação do mundo através
da razão e, com isso, as reflexões dos filósofos.
Mais tarde, as discussões que ocorriam em praça pública juntamente com o poder da
palavra e da razão (logos) levaram a criação da democracia.
Períodos da Filosofia
Surgida na Grécia Antiga, por volta no século VI a.C., a corrente de pensamento dos
pré-socráticos mudou a maneira anterior à Sócrates de pensar. Os filósofos antes dele
se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza, buscando
explicações por meio da ciência e sempre em busca da razão, passando agora a
considerar a alma e o sentimental. Os físicos que podem ser citados pertencentes aos
pré-socráticos são Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Foi Pitágoras quem
passou a defender a ideia de alma, de que ela é imortal e que de fato existe.
A importância de Sócrates para a história da filosofia é tal que todos aqueles que
vieram antes dele são chamados de pré-socráticos. Isso significa que a forma como a
filosofia ocidental se desenvolveu é tributária da forma como Sócrates entendia o que
era a atividade de filosofar e à sua investigação a respeito do humano, que ele
inaugurou.
A ironia era a etapa em que Sócrates perguntava o que as pessoas sabiam para que,
elas próprias, ao tentarem defender suas opiniões, percebessem a limitação de seus
argumentos, a contradição entre eles e a imprecisão de seus conceitos.
Para Sócrates, é importante para todos aqueles que querem conhecer alguma coisa,
começar reconhecendo a própria ignorância. Para conduzir seus interlocutores a
reconhecerem que não sabiam sobre aquilo que conversavam, Sócrates iniciava seu
diálogo com perguntas que faziam parecer que ele também não sabia sobre o assunto.
E esse é o sentido original da palavra ironia: derivada do verbo eirein (perguntar),
ironia tinha o sentido de interrogação fingindo ignorância.
Defendendo uma boa educação para a formação de cidadãos plenos que colaborariam
para o crescimento das cidades, os sofistas achavam que os estudantes deveriam ser
preparados para se comunicar, pensar e manifestar qualidades artísticas de forma
correta e eficiente.
Ceticismo
Epicuristas
Estoicos
Ceticismo
Diferente dos filósofos anteriores, que confiavam na razão, os filósofos classificados
como céticos estão entre os primeiro a questionar se a razão seria capaz de chegar a
verdade sobre todas as coisas. Sua principal característica era evitar fazer afirmações
categóricas acerca da verdade. Os céticos eram inimigos teóricos dos Estoicos,
acusando-os de dogmatismo, já que, para os céticos, não haviam evidências empíricas
suficientes para grande parte das afirmações dos estoicos, em particular a forma
lógicas dos argumentos eram insustentáveis, uma vez que não se poderia provar as
proposições sem recorrer a proposições anteriores e assim se desejamos saber a
verdade sobre aquelas proposições acabaríamos com uma regressão ao infinito, já que
a escolha de um princípio seria arbitrária.
Epicuristas
Como o nome indica, baseado nos desenvolvimentos do filósofo Epicuro, responsável
por expandir as consequências do materialismo atômico para outro nível como uma
evidência para recusar toda superstição e suposição de intervenção divina. Esta
corrente defende o prazer como o maior bem, porém este "prazer" ao qual os
epicuristas se referem é negativo, a ausência de dor e preocupação, e se dá por uma
forma de apreciação pela vida modesta, pela aquisição de conhecimento sobre a
forma como o mundo funciona e pela limitação dos desejos. Este ultimo aspecto, em
particular mostra que esta busca do prazer está muito longe das posições hedonistas,
que defendem o prazer pessoal como medida da felicidade. Isto deveria levar a
ataraxia, um estado de grande tranquilidade, e aponia, um estado de ausência de dor
corporal, uma combinação que geraria a mais alta forma de felicidade.
Estoicos
A corrente estoica, iniciada por Zenão no século III a.C., apresentava-se como lex
devina, um modo de vida, defendendo que se, desejamos saber qual a filosofia de um
indivíduo, devemos olhar para suas ações não para suas palavras. Defendiam a busca
da "vida boa", como uma vida em conformidade com a ordem natural do mundo.
A corrente estoica é ainda conhecida por sua adesão a lógica formal, ética naturalista e
monismo físico.
Referências bibliográficas:
REALE, Giovanni. História da filosofia grega e romana - Platão Loyola. 2010.
Sendo educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre entrou em contato com o
conjunto de valores da cultura grega. Além disso, suas incursões pelo Oriente
também o colocou em contato com outras culturas. Simpático ao conhecimento
dessas diferentes culturas, o imperador Alexandre agiu de forma a mesclar valores
ocidentais e orientais. É desse intercâmbio que temos definida a cultura helenística.
Uma das mais significativas ações tomadas nesse sentido foi a construção da cidade
de Alexandria, no Egito."
"Dotada de complexas obras arquitetônicas, a cidade de Alexandria abrigava uma
imensa biblioteca com um acervo superior a 500 mil obras. Outro hábito
implementado pelo imperador era a promoção do casamento de seus oficiais e
funcionários com mulheres de outras culturas. Com isso, Alexandre procurou
singularizar o seu império transformando seu reinado em um campo de
interpenetrações culturais.
Com sua morte, em 323 a.C., a unidade territorial do império foi perdida. Não
deixando um sucessor direto ao trono, as conquistas deixadas por Alexandre foram
alvo do interesse dos seus generais. Dessa disputa houve um processo de
esfacelamento dos domínios macedônicos em três novos reinos. A
dinastia ptolomaica dominou o Egito; os antigônidas ficaram com a Macedônia; e
os selêucidas controlaram a Ásia.
O período Helenístico teve início com a invasão das terras gregas pelo Império
Macedônico na Batalha de Queronéia, quando o imperador Felipe II – pai de
Alexandre, o Grande – dominou a civilização grega, eliminando a autonomia das pólis,
e assim, marcando o declínio e o fim do mundo grego antigo.
Antecedentes do Helenismo
Após esse conflito, os gregos ficaram abatidos e suscetíveis a ataques. Foi nesse
cenário que o Império Macedônico conquistou esses povos, anexando a Grécia ao seu
território, trazendo o fim do mundo grego e iniciando o período Helenístico.
Quais as características?
Já em relação à cultura, esse período foi marcado pela disseminação das características
gregas entre os povos conquistados pelos macedônios, uma vez que esse Império
apreciava as produções e os costumes da Grécia. Assim, a cultura helenística surgiu
da associação entre os traços culturais gregos e os de civilizações dominadas.
Além disso, a ciência foi uma das áreas que mais se desenvolveu nesse período. Alguns
dos grandes marcos foram a construção da Grande Biblioteca de Alexandria, no Egito,
e os estudos de cientistas como Arquimedes e Euclides, por exemplo.
A região, que hoje é conhecida como Grécia Antiga, era chamada “Hélade” pelos povos
que a habitavam e compreendia o espaço em que o grego era falado e a mitologia
praticada.
Conheça agora a história do período helenístico e as influências que gerou nas artes
plásticas, arquitetura, filosofia e literatura.
Contexto histórico
O reinado de Alexandre durou apenas treze anos (336 - 323 a.C.), mas ele conseguiu
partes da África, Egito, Síria, Pérsia e Índia, criando o maior império da história antiga.
Estas expansões ajudaram a criar uma grande civilização que passou a adotar a língua
grega em todos os territórios do império e a expedir a cultura dos helenos. Também foi
de grande importância para o desenvolvimento das ciências como a medicina e
matemática.
Alexandre, o Grande morreu em 323 a.C. Após seu falecimento o império Macedônico
passou por um processo de enfraquecimento e fragmentação dos territórios, sendo
dividido entre diversos generais. No século I a.C., Roma conquista o Império criado por
Alexandre.
Pinturas e esculturas
Literatura
Filosofia helenística
Principais esculturas
O ponto alto das artes do período helenístico foram as esculturas. Elas representavam
os ideais de beleza construídos pelos gregos. Conheça abaixo algumas das principais
obras da época.
Vênus de Milo
Poesia grega
Outro poeta grego, Hesíodo, tem grande importância para o pensamento grego por ter
narrado o nascimento dos deuses, uma forma de tentar explicar a origem do universo,
tema que apareceria no primeiro filósofo, Tales de Mileto. A Teogonia de Hesíodo faz
coincidir os deuses com fenômenos da natureza e partes do universo, que teria sido
originado a partir de Caos, o primeiro deus a se gerar.
Além disso, temos dois temas que aparecem nos poetas que marcarão o início da
filosofia grega: a noção de justiça como valor supremo e o conceito de limite, que
Aristóteles desenvolveria como a noção de “justa medida”.
Religião
Havia duas expressões da religião grega: a religião pública, aquela que conhecemos
pelos poemas de Homero e a religião dos mistérios, praticada em círculos restritos por
aqueles que não consideravam suficiente a religião pública.
Dentre os “mistérios”, aquele que mais importa para o nascimento da filosofia grega é
o Orfismo, nome derivado de seu fundador, o poeta trácio Orfeu. O Orfismo inaugura
uma concepção da existência humana distante do naturalismo: enquanto a religião
pública considerava o homem mortal, o Orfismo opõe corpo e alma, sendo que o
corpo seria mortal, mas não a alma. Do Orfismo são tributárias as filosofias de
Pitágoras, Heráclito, Empédocles e Platão.
Condições sociopolíticas
A partir do século VII a.C., os homens e as mulheres não se satisfazem mais com uma
explicação mítica da realidade. O processo de transformação e de criação envolvido no
desenvolvimento de técnicas leva ao questionamento a respeito do universo, se ele
também não respondia a um processo semelhante.
É em Mileto, situado na Jônia (atual Turquia), litoral ocidental da Ásia Menor que as
perguntas a respeito da natureza exterior do mundo se desvincularam da mitologia. Os
dados da experiência sensível (frio, quente, pesado, leve, por exemplo) passaram a ser
explicados de uma forma racional. Eram entendidos também como realidades em si –
por isso se falava em “O quente”, “o frio”, “o pesado”, “o leve”.
Importante notar que nessa época não havia uma clara distinção entre as áreas do
saber como temos hoje – ciência, religião, filosofia e matemática, por exemplo. Por
esse motivo, muitos dos filósofos pré-socráticos podiam ser também líderes religiosos,
cientistas, médicos ou matemáticos.
Filosofia Antiga
Contexto histórico
A filosofia antiga teve início no século VII antes de Cristo na região da Jônia, na Grécia.
As cidades que compunham a região eram movimentados polos mercantis do Mar
Mediterrâneo, por isso, possuíam grande concentração de intelectuais.
1. Tales de Mileto
3. Anaxímenes
4. Pitágoras
7. Zenão de Eleia
Veja também: Dialética
8. Empédocles
Veja também: Átomo
10. Protágoras
11. Górgias
12. Sócrates
Sócrates (469-399) foi um dos maiores filósofos da Grécia antiga que contribuiu para
os estudos do ser e de sua essência.
Busto de Platão
Platão (427-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates e escreveu sobre as ideias de seu
mestre. De suas reflexões filosóficas destaca-se a “Teoria das Ideias”, a base
do platonismo, que seria a passagem do mundo sensível (aparência) para o mundo das
ideias (essência). O “mito da caverna” demostra essa dicotomia entre a ilusão e a
realidade. Platão (427 à 347 a.C.) foi o primeiro filósofo antigo cujo trabalho pode ser
acessado em grande quantidade. Entre suas contribuições se destacam seus estudos
políticos e o conceito de universais (tudo o que está presente em lugares e momentos
diferentes, como sentimentos, cores, etc).
Platão estabeleceu uma escola em Atenas chamada Academia, que permaneceu em
funcionamento até o ano 83 depois de Cristo, o que contribuiu para a disseminação
das suas ideias mesmo após sua morte.
Busto de Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C.), ao lado de Sócrates e Platão, foi um dos mais importantes
filósofos da Antiguidade.
15. Epicuro
Estátua de Epicuro
Epicuro (324-271 a.C.) foi o fundador do epicurismo e para o filósofo a vida deveria
estar baseada no prazer.
Veja também: Epicurismo
16. Zenão de Cítio
Dessa forma, por meio da compreensão, a realidade de que faz parte o homem e a
natureza leva ao caminho da felicidade.
17. Pirro
18. Diógenes
A filosofia medieval, como aponta o nome, é toda a produção filosófica que ocorreu
durante a Idade Média. Nesse momento, os questionamentos racionais tornaram-se
mais evidentes na sociedade, e muitos estudiosos se dedicaram a entender a vida e
suas nuances, sem abandonar os preceitos religiosos.
Em meio a esse cenário, então, a filosofia medieval surge como uma sistematização
dos conhecimentos teológicos. Agora, os estudiosos queriam unir a razão com as
crenças religiosas.
Grande parte dos pensadores eram membros do clero ou tinham algum vínculo com a
Igreja Católica. Nesse sentido, os temas abordados norteiam questões bíblicas, como a
fé, a salvação, o pecado, a redenção, a existência de Deus, o livre-arbítrio, as visões de
bem e mal, a ética cristã e etc.
Para alguns, os conhecimentos clássicos eram aplicados para unir razão e fé.
Diferentemente do que vivenciamos atualmente, os dois conceitos eram aplicados de
maneira simultânea. Estudiosos acreditavam, por exemplo, que a razão era uma forma
dos humanos alcançarem a verdade divina.
Outros filósofos da mesma época se opunham à ideia de união entre a fé e a lógica,
justificando uma completa separação entre as duas vertentes, só assim a vontade
divina poderia ser completamente respeitada.
Perceba, portanto, que a filosofia medieval não é uma ciência homogênea, mas um
conjunto de saberes desenvolvidos no mesmo período. As teorias tinham o mesmo
enfoque, porém com interpretações diferentes sobre um mesmo assunto. Vamos
conhecer as duas principais divisões que ocorreram na época.
Patrística
A ideia principal dos patrísticos era de que a união da fé com a lógica humana
fornecem a realidade. Note, então, que eles apoiam uma crença racional: a fé é
construída a partir de mecanismos lógicos.
O pensador mais conhecido foi o padre filósofo Santo Agostinho, também conhecido
como Agostinho de Hipona.
Em sua teoria, ele defendia que o mal é a ausência do bem. Assim, todas as coisas da
vida são baseadas em escolhas, para o bem ou para a falta dele. Em termos religiosos,
isso significa que o Sto. Agostinho acreditava no livre arbítrio.
Em relação às decisões erradas, ele considera que as confissões são uma forma do
indivíduo se responsabilizar por suas ações e consequências. No momento de falar
sobre suas falhas, o cidadão teria a capacidade de entender e raciocinar sobre elas e,
então, assumir um papel ético.
Envolvido nessa relação igreja e sociedade, Santo Agostinho criou a teoria de que
existe uma cidade de Deus, onde há harmonia, consciência e serenidade divina. Ao
mesmo tempo, a cidade dos homens é marcada por conflitos, disputa de poderes e
falta de consenso nas decisões.
Acredita-se também que essa teoria tinha influência dos poderes eclesiásticos, pois
justificava a unificação entre o clero e a sociedade, afinal, um povo de harmonia só
poderia ser estabelecido em união com Deus.
Existe ainda a Teoria da Iluminação, que afirma que “Deus é a luz e o caminho para a
razão”, ou seja, o conhecimento só pode ser racionalmente acessado se Deus iluminar
esse processo.
Todas essas ideias têm um fundamento na filosofia platônica, principalmente, pela
divisão do mundo entre duas categorias distintas.
Escolástica
O pensador desenvolveu muitas ideias, como a Teoria das Quatro Causas e da Ato-
potência e a Teoria das Cinco Vias.
Ele acreditava que, para todo efeito, existe uma causa. Nesse sentido, tudo que foi
criado no mundo é um efeito (humanos, animais, plantas e etc). Para que isso
acontecesse, era necessário a existência de uma causa primeira, que surgiu antes de
tudo. Para ele e outros escolásticos, o motor para todos os efeitos é Deus.
Tomás de Aquino ainda reúne informações para afirmar que Deus é perfeito, e quem
define os propósitos de vida de cada um, além de ser capaz de transformar todas as
coisas.
Dessa forma, ele acredita que Deus permite que os humanos acessem algumas
verdades, como a afirmativa de que Deus existe e é único. Algumas outras verdades,
como as questões da trindade, estão fora do alcance humano e precisam ser aceitos
por nós.
Não por acaso, os mais proeminentes filósofos que surgiram nessa época tiveram
grande preocupação em discutir assuntos diretamente ligados ao desenvolvimento e à
compreensão das doutrinas cristãs. Já durante o século III, Tertuliano apontava que o
conhecimento não poderia ser válido se não estivesse atrelado aos valores cristãos.
Logo em seguida, outros clérigos defenderam que as verdades do pensamento
dogmático cristão não poderiam estar subordinadas à razão.
Em contrapartida, existiam outros pensadores medievais que não advogavam a favor
dessa completa oposição entre a fé e a razão. Um dos mais expressivos representantes
dessa conciliação foi Santo Agostinho, que entre os séculos IV e V defendeu a busca de
explicações racionais que justificassem as crenças. Em suas obras “Confissões” e
“Cidade de Deus”, inspiradas em Platão, ele aponta para o valor onipresente da ação
divina. Para ele, o homem não teria autonomia para alcançar a própria salvação
espiritual."
"A ideia de subordinação do homem em relação a Deus e da razão à fé acabou tendo
grande predominância durante vários séculos no pensamento filosófico medieval. Mais
do que refletir interesses que legitimavam o poder religioso da época, o negativismo
impregnado no ideário de Santo Agostinho deve ser visto como uma consequência
próxima às conturbações, guerras e invasões que viriam a marcar a formação do
mundo medieval.
São Tomás, talvez influenciado pelos rigores que organizavam a Igreja, preocupou-se
em criar formas de conhecimento que não se apequenassem em relação a nenhum
tipo de questionamento. Paralelamente, sua obra teve uma composição mais otimista
em relação à figura do homem. Isso porque acreditava que nem todas as coisas a
serem desvendadas no mundo dependiam única e exclusivamente da ação divina.
Dessa maneira, o homem teria papel ativo na produção de conhecimento.
A princípio, pode parecer que isso se deve ao fato de ser uma corrente de pensamento
desenvolvida há muito tempo, distante das nossas preocupações atuais. Mas nada
poderia estar mais longe da verdade, principalmente, porque o elemento central
da filosofia medieval não é ninguém menos do que Deus.
E não podemos negar que a relação com o divino e o sagrado continua muito presente
nas sociedades humanas, não é mesmo?
Por outro lado, você pode se perguntar: só Deus? Um único tema durante toda uma
era histórica?
É uma boa pergunta e a resposta é não. Principalmente, porque deste ponto central,
desdobram-se inúmeras questões importantes para os filósofos medievais.
Isso já nos fornece uma boa ideia de quais eram os grandes temas da filosofia
medieval, mas houve diferentes correntes de pensamento.
De fato, existiram, pelo menos, quatro escolas filosóficas bem distintas no período e
considerando que tratamos de um intervalo de mais de mil anos, até que foram
poucas.
Para começar, vamos lembrar que a Idade Média se estende da queda do Império
Romano do Ocidente até o renascimento.
Estas divisões são apenas uma referência, pois a primeira escola considerada como
pertencente a filosofia medieval surgiu antes da queda de Roma.
O nome mais conhecido desta escola é Paulo de Tarso. Naquele período (séculos I e II
d.C.), a grande preocupação ainda era a difusão do pensamento cristão. Ou seja,
espalhar a mensagem bíblica.
Nos séculos seguintes, entretanto, temos um novo cenário com as invasões bárbaras, a
popularização do próprio cristianismo e a divisão do Império Romano. Em outras
palavras, ocorre uma onda de mudanças sociais, acompanhadas também pelo
crescimento da igreja, como uma instituição formal.
2. Filosofia Apologética
Neste novo contexto, com uma base de fiéis muito grande, o cristianismo apresenta
um novo tipo de filosofia medieval, chamada apologética.
Ou seja, que faz apologia às escrituras sagradas, negando toda a filosofia anterior,
considerada pagã (da tradição clássica greco romana).
3. Filosofia Patrística
Além disso, é a partir daqui que entramos no período medieval propriamente dito,
com o maior nome desta escola sendo Santo Agostinho.
Falaremos mais sobre ele adiante, mas pode-se dizer que a principal característica
desta escola era conciliar fé e razão. Compreender como a razão podia explicar ou
estar a serviço da fé. Uma tarefa difícil até os dias atuais.
4. Filosofia Escolástica
Vale destacar que até a filosofia medieval de São Tomás de Aquino, apesar de
pertencer a uma nova corrente (escolástica), retomava o pensamento de Santo
Agostinho.
Sendo assim, para facilitar sua vida, vamos esquematizar alguns dos principais temas
da filosofia medieval.
Parecem perguntas soltas, mas estão todas relacionadas a três grandes eixos
temáticos, os principais problemas da filosofia medieval:
Ainda um pouco confuso? Talvez pensar um pouco sobre estas questões da forma
como Agostinho e Tomás de Aquino as trataram pode te ajudar.
Então, vejamos em linhas gerais, algo sobre o pensamento destes que foram os dois
mais respeitados pensadores da filosofia medieval.
Isso implicava, por exemplo, em uma interpretação controversa da Bíblia, pois, para
ele, o tempo seria infinito no plano divino. Ou seja, Deus teria criado todo o universo
em um único instante, apesar da descrição bíblica, estabelecer seis dias para a criação.
Às portas do renascimento, Aquino era um fruto do seu tempo. Podia se dar ao luxo de
retomar o pensamento clássico e conciliar, mais uma vez, fé e razão, dentro do
cristianismo.
Embora não falasse em um “tempo de Deus”, falava em uma “completude de Deus”,
algo que significava que todo o sentido da vida estava no plano divino. Aos homens,
não cabia outro sentido de existência, que não a busca da felicidade pela graça divina.
Como se vê, apesar dos nomes de escolas e dos contextos históricos diferentes, entre
o início do primeiro milênio e o renascimento, Deus sempre foi o grande tema.
E mesmo hoje, após várias renovações de toda a filosofia ocidental, ainda assim, a
filosofia medieval permanece presente na base da filosofia contemporânea.
Como nota final, cabe dizer que, no mesmo período, surgiram muitas outras escolas
filosóficas importantes, principalmente, no Oriente Médio. No entanto, na grade
curricular brasileira e no ocidente em geral, não costumamos estudá-las.
https://blog.stoodi.com.br/blog/filosofia/filosofia-medieval/
O que é
Podemos chamar de Filosofia Medieval a filosofia que se desenvolveu na Europa
durante a Idade Média (entre os séculos V e XV). Como este período foi marcado por
grande influência da Igreja Católica nas diversas áreas do conhecimento, os temas
religiosos predominaram no campo filosófico.
https://www.suapesquisa.com/idademedia/filosofia_medieval.htm
Filme: O Físico
Dia 21/03
Descartes, então, cria uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva.
Dessa forma, o filósofo afirmou que o pensamento, sua única certeza, seria composto
por ideias. Uma ideia seria válida na medida em que fosse clara e distinta o suficiente
para diferenciá-la das outras. Haveria, para ele, três tipos de ideias: as ideias inatas
(naturais, que se encontram no indivíduo desde o nascimento, de modo que não
adquirimos pela nossa experiência) as ideias adventícias (ou seja, empíricas, que
formarmos ao longo de nossa vida, a partir da experiência, estando sujeitas à dúvida)
e as ideias factícias ou da imaginação (que formamos na nossa mente a partir das
outras ideias).
É a partir das ideias inatas que Descartes fundamentou sua prova da existência de
Deus. A ideia de Deus, presente em nossa mente, é a ideia de uma entidade perfeita. O
homem por si só seria incapaz de chegar à clara e distinta ideia de perfeição, já que não
haveria nenhuma correspondência desse ideal no mundo concreto. Assim, a ideia de
perfeição seria inata, colocada no homem por Deus, a grande marca do criador em sua
obra.
Se Deus existe, fica provado que o mundo por ele criado também existe. Assim, note
que Descartes provou que o “eu” existe e, por meio do raciocínio dedutivo, provou
também, a partir das premissas anteriores, que Deus e o mundo existem. Eis a ponte
entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva, isto é, a prova de que “o eu e o
mundo” existem.
Na modernidade, o debate ganha novos contornos: a problemática da consciência e da
subjetividade torna-se mais fundamental. René Descartes, Blaise Pascal e Baruch
Spinoza, por um lado, são tidos como racionalistas: herdeiros de Platão, para eles os
sentidos são, em si, fonte de engano, e a verdade reside em última instância na razão,
na qual moram as ideias inatas, isto é, anteriores à experiência. Locke, Bacon, Newton,
Hobbes e Hume, por outro lado, são tidos como empiristas: herdeiros de Aristóteles,
para eles não há nada no intelecto que não estivesse antes no sentido, sendo a
experiência a fonte da verdade. Segundo Locke, nós nasceríamos como “tábulas
rasas”, e todas as ideias têm origem em alguma sensação.
“Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém,
todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso
conhecimento malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez,
experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os
objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.”
A FILOSOFIA DE KANT
O ponto fundamental do criticismo kantiano é a solução aplicada ao debate entre
racionalistas e empiristas, a chamada Revolução Copernicana da Filosofia. Por um
lado, os racionalistas cartesianos acreditavam que todo o conhecimento seguro
provinha da razão, que trabalhava com categorias inatas, a priori (antes da
experiência). Por outro lado, os empiristas baconianos acreditavam que todo
conhecimento provinha das sensações, de modo que o homem nasce como uma
tábula rasa.
A crítica kantiana deriva do seguinte fato: o filósofo alemão colocou a própria razão e
as possibilidades reais de conhecimento em questão. Isto é, em vez de questionar
como eu conheço os objetos, perguntou se o próprio conhecimento é possível. Isso é a
chamada filosofia transcendental, aquela que põe a razão no próprio tribunal da razão.
Se os iluministas criticaram, com as armas da razão, a economia, a política e a religião,
Kant leva o pensamento ilustrado ao seu zênite: nele, a razão critica a si mesma.
Em Kant, o sujeito, através de seus a prioris, de seu aparato subjetivo, determina o
objeto de seu conhecimento. Como assim? Em Kant, é como se todos nós estivéssemos
com “óculos”, responsáveis pela nossa capacidade de conhecer. Eles encaixam todos os
objetos em intuições (como o tempo e o espaço) e em categorias diversas (unidade,
pluralidade, causalidade, entre outras). Não é possível ao homem pensar sem esses
“óculos”. Kant oferece um mapa de nossas possibilidades de pensar, mostrando os
conceitos e os princípios que tornam possível o pensamento. Ele critica, assim, a
“ideologia da razão”.
Qual seria a consequência desse pensamento? Não temos condições de conhecer a
realidade pura, “a coisa em si”, como ela realmente é. O mundo real, que Kant chama
de o mundo dos númenos (coisa em si), é inalcançável para nós, impossível de ser
plenamente conhecido pela nossa sensibilidade ou pelo nosso entendimento. Tudo o
que conhecemos não é a realidade, mas o que Kant chama de fenômeno, isto é, o
objeto na medida em que ele é apresentado, organizado e entendido pelo
pensamento. A realidade em si não está condicionada ao sujeito – por isso, é
impossível conhecê-la.
O filósofo prussiano, com isso, mostra-nos os limites da razão. Para Kant, os antigos
metafísicos (Descartes, Aquino ou Pascal) foram além dos limites da razão para provar
a existência da alma, de Deus ou do começo do mundo. Como esses elementos não se
encaixam em nossas categorias, não é possível produzir conhecimento sobre eles. O
recuo da razão diante de si mesma acaba com a pretensão da metafísica clássica de
conhecer “a coisa em si” – tal pretensão é chamada por Kant de dogmática.