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INTRODUÇÃO À Filosofia

1. Origens da Filosofia: Conceituação, Objeto e Método

1.1 ORIGEM:
A Filosofia nasceu na Grécia Antiga, no mesmo período em que surgiram as
cidades-estado. Segundo os registros, essa foi a primeira vez em que os homens
começaram a tentar explicar o mundo à sua volta de uma forma lógica e racional.
Na sua origem, a Filosofia tinha preocupação com a Cosmologia: estudo da
origem das coisas do mundo. Muito ligada a physis, isto é, à natureza: - buscava
entender a relação dos homens com os deuses; - o funcionamento do mundo; - o ciclo
da vida; - estando muito próxima da ciência.
Ou seja, as explicações estavam baseadas na religião, na mitologia, na história
dos deuses e, até mesmo, nos fenômenos da natureza.
Assim, com o surgimento da polis grega, os filósofos, que na época eram
considerados enviados dos deuses, começaram a investigar e sistematizar o pensamento
humano.
Com isso, surgem diversos questionamentos, que até esse momento não
possuíam tal explicação racional. O pensamento mítico foi dando lugar ao pensamento
racional e crítico, e daí surgiu a filosofia.
Até esse momento, se pensarmos nas civilizações anteriores, vamos ver uma
grande diferença: a maioria dos povos tentava explicar os acontecimentos e até
fenômenos naturais por meio de mitos. Os sacerdotes e religiosos concentravam o
conhecimento e usavam suas crenças para satisfazer as curiosidades básicas do ser
humano.
Na Grécia, os acontecimentos tomaram um rumo diferente. Embora a mitologia
grega seja extremamente rica e preveja a atuação de uma série de divindades,
os filósofos — que eram considerados enviados dos deuses — começaram a
sistematizar o pensamento humano e exercitar a lógica.
Além disso, os filósofos apresentavam outra diferença fundamental em relação
aos sacerdotes religiosos. Eles não se viam como detentores ou donos da verdade.
Consideravam-se apenas amigos do saber, dispostos a desvendar esses mistérios junto
com as pessoas comuns.
Foi desta forma — levantando questionamentos e criticando o pensamento
mítico predominante — que surgiu a Filosofia.
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Origem da palavra Filosofia : A palavra Filosofia também vem do grego, e é


formada pela junção de dois termos: philos (amigo) + sophia (sabedoria). Portanto, o
filósofo é um amigo ou amante do conhecimento, alguém que busca compreender o
mundo à sua volta, bem como seu universo interior.

1.2 CONCEITO :

Mas o que é filosofia?

Filosofia significa “amor à sabedoria”. Filosofar quer dizer refletir sobre


questões fundamentais da vida humana porque quem o faz sente que precisa de uma
resposta a essas questões para viver melhor.
Filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana e o
saber por meio da análise racional.
Dependendo do conhecimento desenvolvido, a filosofia possui uma gama de
correntes e pensamentos. Como exemplos temos: filosofia cristã, política, ontológica,
cosmológica, ética, empírica, metafísica, epistemológica, etc.
Algumas tentativas de definir o conceito:
"A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo." (Maurice Merleau-Ponty)
"A filosofia busca tornar a existência transparente a ela mesma." (Karl Jaspers)
"Ó filosofia, guia da vida!" (Cícero)
"A filosofia ensina a agir, não a falar." (Sêneca)
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"Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe." (Bertrand
Russell)
"A filosofia é um caminho árduo e difícil, mas pode ser percorrido por todos,
se desejarem a liberdade e a felicidade." (Baruch de Spinoza)
"Se queres a verdadeira liberdade, deves fazer-te servo da filosofia." (Epicuro)
"Filosofia é a batalha entre o encanto de nossa inteligência mediante a
linguagem."( Ludwig Wittgenstein)

Para que serve a Filosofia?

Escultura O Pensador, de Auguste Rodin

Por meio de argumentos que utilizam a razão e a lógica, a filosofia busca


compreender o pensamento humano e os conhecimentos desenvolvidos pelas
sociedades.
A filosofia foi essencial para o surgimento de uma atitude crítica sobre o
mundo e os homens. Ou seja, a atitude filosófica faz parte da vida de todos os seres
humanos que questionam sobre sua existência e sobre o mundo e o universo.

De tão importante, esse campo do conhecimento tornou-se uma disciplina


obrigatória no currículo escolar, bem como foram criadas diversas faculdades de
filosofia. Para nós nos importa estudar a filosofia teórica e a filosófica prática.

➢ Períodos, Correntes Filosóficas e Principais Filósofos:


Filosofia Antiga
Escola de Atenas, pintura de Rafael, que retrata diversos pensadores. Ao
centro, Platão aponta para o céu (representando o mundo das ideias) e Aristóteles aponta
para o chão (representando a política)
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A Filosofia Antiga surge no século VII a.C. na Grécia Antiga. A filosofia grega
está dividida em três períodos:

• Período Pré-socrático (séculos VII a V a.C.);


• Período Socrático (século V a IV a.C.);
• Período Helenístico (século IV a.C. a VI d.C.).

As principais escolas filosóficas desse período foram a Escola Jônica e a


Escola Eleata ou Escola Italiana.

Na Escola Jônica destacam-se os filósofos:

• Tales de Mileto (624-546 a.C.) - primeiro filósofo, dedicou-se também à


matemática, criando seu famoso teorema.
• Heráclito (540 a.C.-470 a.C.) - "filósofo do fogo", dizia que o mundo estava em
constante movimento de transformação.
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• Pitágoras (570-495 a.C.) - filósofo e matemático, é reconhecido como o autor do


termo "filosofia" (amor ao conhecimento).
• Anaximandro (610-546 a.C.) - importante filósofo de Mileto, algumas de suas
observações sobre a natureza foram confirmadas pela física moderna mais de
mil e quinhentos anos depois.
• Anaxímenes (588-524 a.C.) - foi a primeira pessoa a afirmar que a Lua refletia a
luz do Sol, fundamentou sua filosofia no elemento do ar como sendo o
princípio de todas as coisas.

Escola Italiana (Escola Eleata), temos os filósofos:

• Parmênides (530-460 a.C.) - importante filósofo grego, é responsável pela


distinção entre aparência e realidade, afirmou o caráter ilusório dos sentidos.
• Zenão (490-430 a.C) - seguindo o pensamento de Parmênides, criou a ideia de
um paradoxo representado pela corrida entre Aquiles e a tartaruga, na qual
Aquiles jamais consegue alcançá-la.
• Empédocles (490-430 a.C.) - foi o criador da teoria dos quatro elementos (fogo,
água, terra e ar) que durou durante séculos.
• Górgias (485-380 a.C.) - o mais célebre dos sofistas, desenvolveu a retórica
(habilidade de argumentação) e afirmou que a verdade é apenas uma questão
de convencimento.

Filosofia Medieval, união entre religião e filosofia


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Sofistas: grandes construtores da prática democrática ateniense (direta). Eles ensinavam


a boa retórica aos cidadãos atenienses. Ensinavam a argumentar e formavam a elite
ateniense. Não eram de Atenas e eram conhecidos como “os vendilhões do saber” –
vendedores do saber, pregavam a retórica, antilogias e “vendiam o saber” como o
freguês preferir. Sócrates, Platão, Aristóteles eram opositores dos sofistas.

Os Principais Sofistas são: Protágoras, Górgias, Pródico, Hípias Protágoras de Abdera.

Para os Sofistas a verdade era uma construção humana. A Justiça como uma
convenção e que são os homens que a constroem. Se pautam no convencimento da
maioria.
Importância: o conceito de justiça nasce da especulação dos sofistas que
deixam de se preocupar com os fenômenos da natureza e passam a tratar das coisas
humanas, atingindo o direito, comportamento. Para eles de um lado há o direito natural
e de outro o estabelecido pelas convenções humanas (direito positivo) e negavam o
direito positivo acreditando que restringiam indevidamente a natureza. Pregam o
relativismo.
A Filosofia Medieval desenvolveu-se na Europa entre os séculos I e XVI.
Durante o período, foram construídas as bases teóricas do pensamento cristão. A união
entre fé e razão é a marca desta filosofia.

Esteve dividida em quatro períodos:

• Filosofia dos Padres Apostólicos (séculos I e II);


• Filosofia dos Padres Apologistas (séculos III e IV);
• Filosofia Patrística (século IV até o VIII);
• Filosofia Escolástica (século IX até XVI).

Na Filosofia dos Padres Apostólicos destaca-se o filósofo Paulo de Tarso. Na


Filosofia dos Padres Apologistas destacam-se os filósofos: Justino Mártir, Orígenes de
Alexandria e Tertuliano.

Na Filosofia Patrística, o maior representante desse período foi Santo


Agostinho de Hipona (354-430).

Por fim, na Filosofia Escolástica temos São Tomás de Aquino (1225-1274)


como o filósofo mais importante.
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Filosofia Moderna

Em cima da esquerda para a direita: Maquiavel, Spinoza, Hume, Locke, Kant e Rousseau. Embaixo da esquerda para a direita:
Leibniz, Bacon, Diderot, Voltaire e Hobbes

A Filosofia Moderna desenvolveu-se entre os séculos XV e XVIII. René


Descartes (1596-1650) é considerado o fundador da filosofia moderna com a criação do
método cartesiano.

É o período do surgimento da ciência como é compreendida nos dias de hoje.


O estabelecimento da razão como capaz de dar respostas às questões humanas.

As principais correntes filosóficas desse período foram: Humanismo,


Cientificismo, Racionalismo, Empirismo e Iluminismo.

Alguns filósofos modernos são:

• Nicolau Maquiavel (1469-1527) - autor do livro O Príncipe, criou a distinção


entre a moral do Estado e a moral do indivíduo comum. A expressão
"maquiavélico" como sinônimo de algo calculado e perverso, tem como base o
pensamento construído em seu livro.
• Michel de Montaigne (1533-1592) - filósofo francês, dedicou-se ao
questionamento do comportamento humano e a educação.
• Francis Bacon (1561-1626) - é considerado um dos pais da ciência moderna, seu
pensamento serviu de base para o desenvolvimento de um conhecimento
empírico.
• Immanuel Kant (1724-1804) - filósofo prussiano, é criador do idealismo
transcendental, buscou unir o pensamento racionalista e a filosofia empirista.
Seu pensamento é compreendido como um dos grandes marcos da filosofia
moderna.
• Montesquieu (1689-1755) - é o grande defensor da tripartição do poder
(executivo, legislativo e judiciário) como forma de garantir um sistema político
mais justo.
• Rousseau (1712-1778) - filósofo iluminista, afirmou que o ser humano é
naturalmente bom (bom selvagem) e a sociedade e suas instituições o
corrompe.
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• Voltaire (1694-1778) - foi um dos precursores da ideia de liberdade de


expressão, criticou o poder absolutista e a influência da igreja católica sobre a
política e sobre as liberdades individuais.
• Denis Diderot (1713-1784) - filósofo precursor do materialismo científico.
Buscou fundamentar o ateísmo e o anarquismo.
• Thomas Hobbes (1588-1679) - autor da frase que afirma que o homem é o lobo
do homem. Seu livro Leviatã é um importante marco do pensamento moderno,
afirma que a sociedade é maior do que a soma de seus indivíduos.
• John Locke (1632-1704) - seu pensamento sobre o direito natural à propriedade
serviu de base para o liberalismo.
• Spinoza (1632-1677) - sua crítica ao pensamento tradicional acerca de Deus
afirmava que para a perfeição divina era necessário abandonar a ideia de um
Deus persona (deus com atributos humanos) e assumir a ideia de Deus como
natureza (deus sive natura). Este seu pensamento levou-o a dois processos de
excomunhão (cristianismo e judaísmo).

Filosofia Contemporânea

Filosofia Contemporânea e o pensamento da pós-modernidade

A Filosofia Contemporânea desenvolveu-se entre os séculos XVIII e XX.

Merece destaque a Escola de Frankfurt, criada em 1920 na Alemanha, tendo como


principais filósofos:

• Theodor Adorno (1903-1969) - dedicou-se ao estudo da estética, foi um grande


crítico do positivismo e da indústria cultural desenvolvida pelo sistema
capitalista.
• Max Horkheimer (1895-1973) - crítico da tradição filosófica, desenvolveu
diversas contribuições acerca do materialismo dialético iniciado pelo
pensamento marxista.
• Walter Benjamin (1892-1940) - é o grande nome da Escola de Frankfurt no que
tange aos estudos sobre a comunicação, cultura de massa e indústria cultural.
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A Escola de Frankfurt foi responsável pela crítica ao pensamento moderno e


criar bases para o pensamento desenvolvido no século XX.

Nesse período, muitas correntes filosóficas foram desenvolvidas:

• Marxismo - análise socioeconômica baseada no pensamento do filósofo alemão


Karl Marx. Tem como principal fundamento a divisão da sociedade em duas
classes antagônicas (luta de classes): a burguesia e a classe trabalhadora.
• Positivismo - corrente de pensamento que tem como base o pensamento de
Auguste Comte. Pressupõe o uso de valores fundamentados estritamente no
conhecimento científico.
• Utilitarismo - doutrina filosófica baseada na ideia de utilidade das ações
humanas. Essas ações devem ter como base a ideia de máxima produção de
bem-estar e felicidade.
• Pragmatismo - escola que afirma que os conceitos estão ancorados em sua
relação com a prática, como são usados e, a partir daí, compreendidos.
• Cientificismo - termo empregado à ideia de resolução de problemas práticos
através do método científico.
• Fenomenologia - corrente que afirma que a compreensão da realidade é dada a
partir de "fenômenos da consciência" para só então se transformarem em
experiência.
• Niilismo - corrente de pensamento que nega ou questiona a existência das coisas
e instituições sociais.
• Existencialismo - corrente filosófica que possui diversas concepções e conceitos.
Tem como base a ideia de que o indivíduo atribui sentido à sua própria
existência, não havendo uma essência que pré-determine o ser humano.
• Materialismo - pensamento que tem como base a concepção de que toda a
realidade está inscrita em relações materiais.
• Estruturalismo - corrente de pensamento que compreende que a interpretação da
realidade depende de estruturas de relações que as definem.

Além dos filósofos da Escola de Frankfurt, merecem destaque:

• Michel Foucault (1926-1984) - filósofo francês, estudou as formas de controle a


partir das instituições e a sua transição da disciplina à vigilância.
• Friedrich Nietzsche (1844-1900) - filósofo alemão, crítico da moral cristã, é dele
a frase que afirma que deus está morto.
• Karl Marx (1818-1883) - pensador alemão fundou as bases do socialismo que
serviu de orientação teórica para a Revolução Russa de 1917. Seu pensamento
foi fundamental para o desenvolvimento também da Escola de Frankfurt e as
críticas ao sistema capitalista pós-moderno.
• Jean-Paul Sartre (1905-1980) - filósofo existencialista francês conhecido por sua
crítica social e por dedicar-se ao estudo da existência humana. É dele a frase
que afirma que os seres humanos estão condenados a serem livres.
• Auguste Comte (1798-1857) - criador da filosofia positivista. Teve um papel
fundamental para o avanço das ciências humanas. Foi extraído de seu
pensamento o lema da bandeira nacional brasileira: "ordem e progresso".
• Martin Heidegger (1889-1976) - filósofo alemão, fundamentou o existencialismo
a partir do seu conceito de ser-no-mundo (dasein). Foi muito criticado por ter
se filiado ao partido nazista antes da Segunda Guerra Mundial.
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• Ludwig Wittgenstein (1889-1951) - filósofo austríaco naturalizado britânico, é


um dos fundadores da filosofia da linguagem. Seu livro Tractatus Logico-
Philosophicus foi escrito durante sua participação no front na Primeira Guerra
Mundial.
• Arthur Schopenhauer (1788-1860) - pensador alemão conhecido como o
"filósofo do pessimismo", Schopenhauer afirmava que o sofrimento é uma
condição inerente à vida humana.
• Zygmunt Bauman (1925-2017) - um dos maiores pensadores da segunda metade
do século XX e início do século XXI. Afirmou que a solidez das estruturas
modernas tinha dado lugar a liquidez dos novos tempos em que as relações
humanas eram pautadas por uma inconsistência e instabilidade.

Como se vê, a ciência como entendemos hoje, nasceu da filosofia porque em


suas origens muitos filósofos se dedicaram ao estudo da física, química, natureza,
política, teologia, psicologia, biologia, matemática e outras áreas de conhecimento.

1.3 As características da Filosofia são:


Autonomia: Isso significa que os pensadores têm a liberdade de pensar por si mesmos.
A Filosofia tem total autonomia em relação à religião, ao senso comum e à própria
Ciência.

Radicalidade: A Filosofia não se contenta com o conhecimento superficial, com as


respostas prontas e o status quo. Seu objetivo é analisar as questões até chegar à raiz dos
problemas e questionamentos até entender o verdadeiro porquê de determinada situação.

Historicidade: A disciplina procura mostrar aos estudantes qual é a posição de


filósofos do passado e do presente — um conhecimento histórico. Porém, ela não para
por aí. Essa é apenas a base para que o próprio indivíduo pense por si mesmo e chegue a
conclusões fundamentadas.

A Filosofia usa também as construções culturais — suas tradições e lendas, por


exemplo — para estabelecer um diálogo entre o conhecimento histórico e o pensamento
presente.

Universalidade: Os assuntos tratados pela Filosofia são, na maioria das vezes, temas
que interessam a generalidade do universo humano. Ou seja, são questões que
afetam, em maior ou menor grau, cada pessoa que vive neste planeta.

Apesar disso, é importante destacar que a multiplicação do conhecimento levou


a Filosofia a criar áreas específicas de estudo. Existe, por exemplo, a Filosofia Política,
que se debruça sobre as questões referentes a esse tema.

Outras áreas bem conhecidas são a Cosmologia, que estuda a estrutura,


composição e evolução do Universo.

A Ética trata dos temas morais e comportamentais do ser humano.


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A que mais nos importa é a filosofia aplicada ao direito, mas precisamos


entender como chegamos nela. Tudo faz parte da construção do pensamento de
filósofos.

A Metafísica, que procura explicar o que vai além da física ou questões


essenciais e imateriais dos seres e assim por diante.

1.4 OBJETO E MÉTODO EM FILOSOFIA


ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA PENSAR FISOFICAMENTE

Como muitos estudaste não estudaram filosofia na escola, talvez tenham uma
ideia vaga ou até errada sobre o assunto. Ou talvez não tenham ideia nenhuma.

Provavelmente, pensamos apenas em definir as ciências como a História,


Geografia, Química, Física, Psicologia etc. Por exemplo:
A aritmética elementar estuda as principais propriedades da adição, da
subtração, etc. O seu método é a demonstração matemática.
A biologia estuda as propriedades dos organismos vivos. O seu método é a
observação e a elaboração de teorias que depois são testadas, por vezes em laboratórios.
A economia estuda as relações económicas. O seu método é a análise de dados
estatísticos e a tentativa de produzir modelos explicativos das relações económicas.
A filosofia, tal como todas a áreas do conhecimento, tem um objeto e
um método de estudo. A filosofia tem como objeto os conceitos mais básicos que
usamos nas ciências, nas artes, nas religiões e no dia a dia. A filosofia estuda conceitos
como os seguintes: o bem moral, a arte, o conhecimento, a verdade, a realidade etc. O
seu método é a troca de argumentos, estudo, a discussão de ideias, a reflexão.

Os conceitos filosóficos são representações mentais, abstratas e gerais que


reúnem as características comuns dos seres/objetos da mesma espécie, permitindo
distingui-los de outros seres de outras espécies.

Os conceitos funcionam na filosofia como as peças de um quebra cabeça,


sendo que cada peça pode assumir múltiplos significados. O mesmo “significante” pode
assumir diversos significados dependendo do contexto em que o usamos.
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OS JUÍZOS:

Os juízos são relações entre dois ou mais conceitos. Agora já compreendemos


melhor o que quer dizer o juízo «Tudo é relativo». Mas será então que, nesse sentido, é
verdade que «Tudo é relativo»? Que razões temos para aceitar esta ideia?

Como se vê não basta interpretar e compreender a afirmação «Tudo é relativo».


É preciso ter uma atitude crítica em relação ao que foi dito. Será que tenho razão?
Porquê? Ou será que estou enganado? E porquê?

OS RACIOCÍNIOS OU ARGUMENTOS:

Quando fazemos estas perguntas, estamos a exigir argumentos. Será que os


argumentos em que nos baseamos ao pensar que tudo é relativo são suficientemente
fortes para apoiar esta ideia? Ou são apenas confusos e desinteressantes?
A argumentação é o coração da filosofia e é por isso que a filosofia é tem uma
atitude crítica.

Em filosofia, temos a liberdade de defender nossas ideias. Exemplo: Tanto


podemos defender que Deus existe como que não existe; tanto podemos defender que o
aborto deve ser permitido como que não o deve ser.

O que importa na filosofia é aprender a pensar. E pensar implica apresentar


argumentos, adotando uma atitude crítica. Isto significa o seguinte:
➢ Sustentar o que defende raciocinando com bons argumentos.
➢ Aceitar discutir racionalmente os argumentos.
O objetivo é pensar filosoficamente; mas para poderes pensar filosoficamente
terá que usar um conjunto de instrumentos que te permitirão pensar de forma mais
organizada e sistemática.

Trata-se de saber dizer de forma clara, articulada e fundamentada, com bons


argumentos, por que razão determinadas afirmações estão certas ou erradas.

SENTIDO CRÍTICO:

Ser crítico não é «dizer mal». Ser crítico é olhar com imparcialidade para todas
as ideias — quer sejam nossas, dos nossos colegas ou de filósofos famosos. E olhamos
para elas com imparcialidade avaliar se são verdadeiras ou não.

Ser crítico não é ser extravagante. Uma pessoa pode ser perfeitamente crítica e
seguir as convicções da maioria. Ser crítico não é dizer «Não» só para marcar a
diferença. Ser crítico é dizer «Sim», «Não», ou até «Talvez», mas com base em
conhecimento e bons argumentos.

Estudar Filosofia é importante porque dá ao estudante ferramentas para analisar o


mundo, identificar preconceitos e falhas nas ideias do senso comum e detectar
argumentos enganosos. Moral, o quanto o pensamento é diferente.
INTRODUÇÃO À Filosofia

Portanto, a Filosofia está relacionada à liberdade: quem estuda essa disciplina é capaz
de formular suas ideias com embasamento, não se contentar com menos e sempre
questionar a realidade à sua volta e fugir da submissão às concepções dominantes na
sociedade que normalmente querem nos impor regras, que nem sempre estão corretas.

Alguns dos assuntos mais tratados são a Ética e a Filosofia política, com pensadores
como Aristóteles, Kant e Nietzsche; Epistemologia, com Platão, Aristóteles, John
Locke, Francis Bacon e Kant; e a Filosofia da ciência, com os filósofos iluministas.

É uma matéria para pensar e sair da caixinha.

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