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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Tarefa 01 – Meios de Soluções de Conflitos

Maria da Graça Piffer R. Costa


Onde se inserem a mediação e a conciliação nos
métodos de solução de conflitos?

A mediação é uma forma extrajudicial de solução de conflitos, onde um terceiro


aproxima as partes conflituosas, auxiliando e, até mesmo, instigando sua
composição, que há de ser decidida, porém, pelas próprias partes. Sobre o
tema, a posição de Luís Alberto Warat citado por Marcelo Paes Menezes:

“A mediação é uma forma ecológica de resolução dos conflitos sociais e jurídicos;


uma forma na qual o intuito de satisfação do desejo substitui a aplicação coercitiva e
terceirizada de uma sanção legal. A mediação como uma forma ecológica de
negociação ou acordo transformador das diferenças”.(WARAT, Luís Alberto. Ecologia,
psicanálise e mediação. Trad. de Julieta Rodrigues, Porto Alegre: Sérgio Antônio
Fabris, 1995, citado por Marcelo Paes Menezes, A crise da Justiça e a mediação,
Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, Belo Horizonte, 33 (63): 23-
31, jan./jun. 2001).

É o método de solução de conflitos em que as partes agem na composição,


mas dirigidas por um terceiro, que se mantém com os próprios sujeitos originais
da relação jurídica conflituosa. Todavia, é importante frisar que a força
condutora dinâmica conciliatória por esse terceiro é real, muitas vezes
conseguindo programar resultado que, originalmente, não era imaginado ou
querido pelas partes.

Conceitua Mauricio Godinho Delgado a conciliação judicial trabalhista como


“ato judicial, por meio do qual as partes litigantes, sob a interveniência da
autoridade jurisdicional, ajustam solução transacionada sobre matéria objeto de
processo judicial”. (DELGADO, Mauricio Godinho. Arbitragem, mediação e comissão de
conciliação prévia no direito do trabalho brasileiro. Revista LTr, v. 66, n. 6, jun. 2002. São
Paulo, p. 665).

A conciliação distingue-se das figuras da transação e da mediação sob três


aspectos. No plano subjetivo, a diferenciação se apresenta na interveniência de
um terceiro e diferenciado sujeito que é a autoridade judicial. Do ponto de vista
formal, a conciliação judicial se realiza no iter de um processo judicial, podendo
extingui-lo parcial ou integralmente. E, quanto ao seu conteúdo, também,
difere, pois a conciliação judicial pode abarcar parcelas trabalhistas não
transacionáveis na esfera estritamente privada.

A submissão do trabalhador à Comissão de


Conciliação Prévia é obrigatória?

A Lei 9958 de 12/01/00, alterou e acrescentou artigos à CLT, dispondo sobre


as Comissões de Conciliação Prévia e permitindo a execução de título
executivo extrajudicial na Justiça do Trabalho.

O art.625 estabelece que as empresas e os sindicatos podem instituir


Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com
representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de
tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.
Com efeito, o art. 625D determina que qualquer demanda de natureza
trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade
da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da
empresa ou do sindicato da categoria.

E mais, o § 2o impõe que não prosperando a conciliação, o empregado deverá


juntar à eventual reclamação declaração de tentativa conciliatória frustrada.

Ou seja, prevê que para propositura de litigio perante a Justiça do Trabalho,


deverá ser provado requisito de tentativa de composição na Comissão de
Conciliação Prévia e caso não seja cumprido este requisito, deverá ser
explicado na petição inicial os motivos do não preenchimento deste requisito.

Ocorre que este artigo sofreu interposições de Ações Diretas de


Inconstitucionalidade (ADIs) 2139, 2160 e 2237, ajuizadas por quatro partidos
políticos (PCdoB, PSB, PT e PDT) e pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Comércio (CNTC) sustentando que a dita exigência é
inconstitucional.

O STF apontou que o condicionamento do acesso à jurisdição ao cumprimento


dos requisitos alheios àqueles inerentes ao direito ao acesso à Justiça contraria
o inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

A ilustre Ministra Carmem Lúcia, votou afirmando que não cabe a legislação
infraconstitucional expandir o rol de exceções de direito ao acesso à Justiça,
visto que: “Contrariaria a Constituição a interpretação do artigo 625-D da CLT
se reconhecesse a submissão da pretensão da Comissão de Conciliação
Prévia como requisito obrigatório para ajuizamento de reclamação trabalhista, a
revelar óbice ao imediato acesso ao Poder Judiciário por escolha do próprio
cidadão”.

O Princípio do acesso individual e coletivo à justiça ou inafastabilidade do


controle jurisdicional vem consagrado expressamente no artigo 5º, inciso XXXV
da Constituição Federal, in verbis: “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça de direito”. A ninguém é permitido impedir o direito
fundamental de qualquer pessoa de ajuizar ação perante o Poder Judiciário.

No entanto, o STF ressaltou que esse entendimento não exclui a idoneidade do


subsistema previsto no artigo 625-D da CLT (conciliação). “A legitimidade
desse meio alternativo de resolução de conflitos baseia-se na consensualidade,
importante ferramenta para o acesso à ordem jurídica justa. O artigo 625-D e
seus parágrafos devem ser reconhecidos como subsistema administrativo, apto
a buscar a pacificação social, cuja utilização deve ser estimulada e
constantemente atualizada, não configurando requisito essencial para o
ajuizamento de reclamações trabalhistas”, sustentou.

A submissão (facultativa) à comissão de conciliação prévia, com celebração de


acordo, sem que a parte registre ressalvas, gera a quitação geral do extinto
contrato de trabalho, não podendo mais a parte ingressar em juízo para
postular verbas e valores, conforme precedentes do TST, restando, pois,
fadado o processo à sua extinção sem resolução de mérito por falta de
interesse de agir

Assim, este “requisito” foi afastado pelo STF que autorizou ao empregado
escolher entre a conciliação e ingressar com reclamação trabalhista no
Judiciário. Submeter a controvérsia à comissão de conciliação prévia não é um
dos pressupostos da ação. É uma faculdade da parte.

A submissão à arbitragem, com a respectiva celebração de acordo,


possibilita que o trabalhador ainda postule direitos no poder
judiciário?

Os conflitos envolvendo empregados e seus empregadores fazem parte da


história da humanidade. Estes conflitos podem ser individuais ou coletivos.

A arbitragem como uma valiosa opção à solução de conflitos, surge como


opção para resolver lides de forma mais efetiva e célere.

As partes envolvidas em uma questão, por ato próprio, submetem a decisão do


impasse existente a um terceiro escolhido por ambas (denominada como
árbitro) ou um conjunto de pessoas (denominado de corte ou tribunal arbitral),
que examinado a situação em questão, proferirá a decisão que entender mais
adequada àquele litígio, podendo ter como fundamento a legislação aplicável,
jurisprudência, doutrina, bons costumes, fontes do direito e de bom-senso ou
conveniência no caso concreto.

Beraldo (2014, p. 2) define a arbitragem como:

[...] sendo um processo no qual as partes, por meio de pacto privado,


delegam a um árbitro, que nem mesmo precisa ser bacharel em Direito
bastando apenas que seja pessoa capaz, o poder de decidir a lide,
dentro dos limites estabelecidos previamente na convenção, desde que
verse sobre direitos disponíveis, sem a intervenção do Poder Judiciário,
produzindo, a sentença arbitral, os mesmos efeitos da sentença
judicial. A decisão tem, portanto, autoridade de coisa julgada é passível
de execução, nos termos do art. 475-N, IV, do Código de Processo
Civil (CPC).

A arbitragem está regulamentada na Lei n.º 9.307/96, a qual deixa


fundamentado em seu art. 1º que: “As pessoas capazes de contratar poderão
valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis”, positivando as limitações quanto aos legitimados a instituir a
convenção arbitral, bem como à natureza dos direitos que podem ser
submetidos a esta.

Por conseguinte, a Lei n.º 13.129/2015 ampliou o âmbito de aplicação da


arbitragem e dispôs sobre a escolha dos árbitros, a interrupção da prescrição
pela instituição da arbitragem, a concessão de tutelas cautelares e de urgência
nos casos de arbitragem, a carta arbitral e a sentença arbitral.
Nosso sistema jurídico tem como prisma não permitir a arbitragem aos
dissídios individuais trabalhistas, visto que se tratam de direitos indisponíveis,
ressalvando ser possível a transação quando extinta a relação contratual; o
legislador e, se o empregado receber remuneração mensal superior a duas
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de
arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua
concordância expressa.

Nesse diapasão, temos que a submissão à arbitragem, com a respectiva


celebração de acordo, tem como escopo o objeto da discussão colada e
litígio arbitral, se acaso houver outros direitos que não foram objeto de
sentença homologatória arbitral, o empregado pode propor ação
trabalhista.

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