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MODOS DE TRATAMENTO DOS CONFLITOS:

* Métodos alternativos de resoluçã o de disputas:

Conceito de conflito:
“O conflito é uma manifestaçã o comportamental inerente ao
ser humano que consiste na divergência entre duas ou mais
pessoas em relaçã o à determinado assunto.

Os conflitos sã o associados as frustraçõ es de interesses, e se


mal administrados podem trazer consequências
extremamente nocivas, tais como demonstraçõ es de violência,
culminando em agressõ es físicas, reflexo da insatisfaçã o sobre
determinada situaçã o, opiniã o, etc...

Mas o conflito pode ser positivo, quando encarado de forma


natural e administrado da maneira adequada, rendendo frutos
para os envolvidos.

A maioria dos conflitos se mostra de maneira diversa do que


realmente é. As pessoas tendem a assumir posicionamentos,
quando de fato, tem outros interesses, assentados em
necessidades e valores que carregam consigo.

Os conflitos podem ser objetivos e subjetivos. Os conflitos


objetivos sã o aqueles em que aos aspectos emocionais nã o sã o
determinantes. Exemplo: conflitos decorrentes de contratos
em geral (comerciais, bens/serviços, etc...).

Os conflitos subjetivos sã o aqueles em que a emoçã o


determinante e influencia sobremaneira as partes envolvidas.
Exemplo: conflitos decorrentes de questõ es familiares.
O Direito surge para disciplinar a convivência dos homens em
sociedade e promover o bem comum e a paz social. O Estado
nã o permite que o cidadã o faça justiça com as pró prias mã os
para satisfazer alguma pretensã o, mesmo que legítima”.
Mariana Carvalho – blog.mapeardireito.com.br acesso: 13.09.23

Negociaçã o, Mediaçã o, Arbitragem e Conciliaçã o.


a.1. Negociação.

Conceito:
A negociaçã o é uma forma elementar e natural de resoluçã o
de conflito que nã o está presente no sistema jurídico de forma
expressa, mas que está implícita na conciliaçã o e na
mediaçã o.

É uma forma de autocomposiçã o direta na qual as pessoas


procuram satisfazer suas necessidades ou atingir seus
objetivos por meio de um acordo com outras pessoas que
também buscam a satisfaçã o de seus interesses.

O modelo de negociaçã o elaborado pela Universidade de


Harvard é um modelo que propõ e a negociaçã o integrativa,
baseado na centralidade dos interesses das partes e nã o nas
posiçõ es inicialmente por elas adotadas.

Posiçã o nada mais é do que o interesse aparente ou declarado


da parte envolvida em um conflito. Interesse é aquilo que a
parte envolvida realmente quer ou deseja como resultado
final, diante de um conflito.
Método de Negociaçã o Baseada em Princípios:
 Separar as pessoas do problema, separando as
emoçõ es do objeto central da negociaçã o;

 Concentrar nos interesses e nã o nas posiçõ es;

 Visualizar possíveis soluçõ es para o conflito criando


opçõ es de benefícios mú tuos;

Adotar critérios objetivos independentemente da vontade das


partes”. Mariana Carvalho – blog.mapeardireito.com.br acesso:
13.09.23 (grifos nossos)

b. Mediação.
“No Brasil, inicialmente, a regulamentaçã o da mediaçã o estava
restrita à matéria trabalhista e antes de junho de 2015, nã o
havia uma lei geral sobre mediaçã o.

O novo Có digo de Processo Civil - Lei 13.140/2015 trouxe


disposiçõ es sobre a mediaçã o entre particulares como meio
de resoluçã o de litígios e também sobre a autocomposiçã o de
conflitos no â mbito da administraçã o pú blica.

Conforme o art.1º, pará grafo ú nico da Lei 13.140/15,


mediaçã o é a atividade técnica exercida por um terceiro
imparcial, sem poder decisó rio, que, escolhido ou aceito pelas
partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver
soluçõ es consensuais para a controvérsia.

A mediaçã o é uma técnica de resoluçã o de conflitos que


pressupõ e uma relaçã o continuada entre as partes, sendo
pois, utilizada em questõ es relacionadas a questõ es familiares
(separaçã o, disputa pela guarda de filho, pensã o alimentícia,
divisã o de bens, etc...).
Tem por objetivo resgatar o diá logo e restabelecer a
convivência harmô nica, valorizando os laços fundamentais do
relacionamento familiar, sendo, por isso, necessá ria a
realizaçã o de diversas sessõ es de mediaçã o.

O mediador nã o tem o papel apresentar propostas de acordo e


sim de reaproximar as partes envolvidas para que elas
pró prias possam chegar ao consenso, facilitando o processo
de diá logo e controlando as emoçõ es”. Mariana Carvalho –
blog.mapeardireito.com.br acesso: 13.09.23 (grifos nossos)

c. Arbitragem. (Lei n. 9.307/96)


c.1. Conceito: “É o acordo de vontades entre pessoas
maiores e capazes que, preferindo nã o se submeter à decisã o
judicial, confiam a á rbitros a soluçã o de litígios, desde que
relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. (Lenza, Pedro. Direito
Processual Civil Esquemetizado, 12ª Ed., 2021, Ed. Saraiva, p. 712)

c. 2. Limites da arbitragem: (art. 1º)


* Subjetiva: Somente as pessoas capazes podem valer-
se da arbitragem.
* Objetiva: Só pode versar sobre direitos patrimoniais
disponíveis.
c.3. Espécies de arbitragem:
Sã o DUAS as espécies de arbitragem previstas no art. 2º da
Lei n. 9.307/96, podendo “ser de direito ou de equidade, a
critério das partes”:
c.3.1. Direito: Esta espécie de arbitragem obriga os á rbitros
a decidirem de acordo com as normas que integram o
ordenamento jurídico pá trio. Ou seja, para que a sentença
arbitral seja vá lida, o á rbitro deve fundamentá -la de acordo
com as normas legais. (§1º do art. 2º)
Este tipo de arbitragem será sempre empregado quando
se tratar de assuntos que envolvam a administraçã o pú blica
direta e indireta, nã o havendo a possibilidade de os
interessados optarem pela de equidade.
c.3.2. Equidade: É aquela que autoriza o á rbitro a dar à
controvérsia a soluçã o que lhe pareça mais justa, mais
razoável, ainda que sem amparo no ordenamento jurídico.
Vale observar que isso só é possível porque os direitos em
disputa sã o patrimoniais e disponíveis.
c.4. Da convençã o de arbitragem e seus efeitos: (art. 3º)
O art. 3º da Lei estabelece que de DUAS maneiras as
partes interessadas podem valer-se da arbitragem:
c.4.1. Por meio da cláusula compromissória: “É o pacto pelo
qual as partes se comprometem a submeter à arbitragem os
litígios que possam surgir, relativamente a determinado
contrato. É uma convençã o pela qual as partes prometem,
reciprocamente, submeter à arbitragem eventuais conflitos
que possam surgir a respeito de determinado contrato”. (Lenza,
Pedro. Direito Processual Civil Esquemetizado, 12ª Ed., 2021, Ed. Saraiva, p. 714)

=> Esta é clá usula de um contrato, no qual se prevê


antecipadamente que, em caso de conflito, a soluçã o será dada
pela arbitragem.
c.4.2. Compromisso arbitral: (art. 9º, caput)

Conceito: Art. 9º O compromisso arbitral é a convençã o


através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de
uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.

§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por


termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem
curso a demanda.
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado
por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou
por instrumento pú blico.

 É a convençã o entre os envolvidos em um conflito, para


que a questã o seja submetida aos á rbitros.

c.5. Os á rbitros:

Segundo o art. 13, “pode ser á rbitro qualquer pessoa capaz


e que tenha a confiança das partes”.

 Nã o há exigências legais a respeito de sua qualidade,


exceto a de que sejam capazes.
 Dos impedimentos para funcionar como á rbitro: art. 14,
caput;

 Das questõ es relativas à competência, suspeiçã o ou


impedimento, independência, diligência e discriçã o do á rbitro
ou dos á rbitros: art. 20.

 Enquanto estiver no exercício de suas funçõ es, o á rbitro


é equiparado ao funcioná rio pú blico, para os efeitos da
legislaçã o penal;

 Segundo o art. 18, “o á rbitro é o juiz de fato e de direito, e


a sentença que proferir nã o fica sujeita a recurso ou a
homologaçã o pelo Poder Judiciá rio”.

c.6. O procedimento arbitral: (art. 19)

Nos termos do art. 19, caput: “Considera-se instituída a


arbitragem quando aceita a nomeaçã o pelo á rbitro, se for
ú nico, ou por todos, se forem vá rios”.

 Nã o é necessá rio a participaçã o de advogado no


procedimento de arbitragem. Mas nada impede que as partes
possam constituir um para que as acompanhe.
c.7. Sentença arbitral.

O á rbitro deverá proferir a sentença no prazo estipulado


pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a
apresentaçã o da sentença é de seis meses, contando da
instituiçã o da arbitragem ou da substituiçã o do á rbitro. (art.
23)

 Nã o há recurso contra a sentença arbitral;


 Caso haja necessidade de correçã o, esclarecimento de
alguma obscuridade, dú vida ou contradiçã o da sentença
arbitral etc, deverá ser observado o art. 30 e seus incisos;

 A sentença arbitral terá os mesmos efeitos que a


produzida pelo Poder Judiciá rio, inclusive o da coisa julgada
material, constituindo ainda, se condenató ria, título executivo
judicial.

c.8. Nulidade da sentença arbitral: (arts. 32 e 33)

c.9. Do reconhecimento e execuçã o de sentenças: (arts. 34


e ss)

d. Conciliação.

d.1. Conceito.
“A conciliaçã o é a atividade técnica exercida por um terceiro
imparcial e sem poder decisó rio, que, escolhido ou aceito
pelas partes, as auxilia a solucionar a controvérsia, oferecendo
propostas/sugestõ es que atendam aos seus interesses.

É uma técnica de resoluçã o de conflitos indicada para resolver


questõ es circunstanciais como, por exemplo, em relaçõ es de
consumo. Nesse caso, o foco da conciliaçã o é no acordo e nã o
no conflito, como é no caso da mediaçã o.

Sendo assim, o objetivo da conciliaçã o é o estabelecimento de


um acordo amigá vel entre as partes e nã o na preservaçã o do
relacionamento entre elas.

É importante mencionar que na conciliaçã o o terceiro


imparcial (conciliador) poderá oferecer sugestõ es à s partes;
na mediaçã o, o terceiro imparcial (mediador) nã o pode
oferecer sugestõ es à s partes.

"O foco da conciliação é no acordo uma vez que envolve, em


regra, relações circunstanciais." Mariana Carvalho –
blog.mapeardireito.com.br acesso: 13.09.23 (grifos nossos)

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