O documento discute métodos alternativos de resolução de conflitos como a arbitragem, conciliação e mediação. Apresenta o conceito clássico de acesso à justiça ligado à jurisdição estatal e discute problemas relacionados a custos. Também aborda o Direito Quântico e como ele legitima métodos alternativos mantendo o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Por fim, detalha conceitos e regras relacionadas à arbitragem.
O documento discute métodos alternativos de resolução de conflitos como a arbitragem, conciliação e mediação. Apresenta o conceito clássico de acesso à justiça ligado à jurisdição estatal e discute problemas relacionados a custos. Também aborda o Direito Quântico e como ele legitima métodos alternativos mantendo o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Por fim, detalha conceitos e regras relacionadas à arbitragem.
O documento discute métodos alternativos de resolução de conflitos como a arbitragem, conciliação e mediação. Apresenta o conceito clássico de acesso à justiça ligado à jurisdição estatal e discute problemas relacionados a custos. Também aborda o Direito Quântico e como ele legitima métodos alternativos mantendo o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Por fim, detalha conceitos e regras relacionadas à arbitragem.
UNIDADE I - Métodos Alternativos e Resolução de Conflitos: Arbitragem
Regra clássica - Resolução de conflitos
Acesso à justiça em seu conceito clássico/tradicional: “Acesso à justiça” como “inafastabilidade da jurisdição”, em que se adota como premissa a possibilidade dada a qualquer pessoa de ter o seu litígio apreciado pelo Estado. Tal ideia decorre, especialmente, da ênfase dada à estatalidade da justiça e da primazia do Poder Judiciário como o solucionador de conflitos. Assim, os estudos dessa natureza se vinculam a identificar os instrumentos pelos quais a população pode (pelo menos, em teoria) acessar o Poder Judiciário. Regra clássica Resolução de conflitos à luz da Jurisdição Estatal Acesso à Justiça clássico/tradicional, na Constituição Federal de 1988, também denominado por processualistas de “Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição Estatal.” Problema do acesso à Justiça pelo seu conceito clássico/tradicional Jurisdição Estatal Verificava-se que os altos custos envolvidos para que se pleiteassem direitos sem resultado econômico expressivo era um obstáculo na Justiça, reconhecida pela litigância de causas de grande vulto econômico. Na medida em que uma ou ambas as partes deviam suportar o ônus da demanda, isso resultou numa importante barreira ao acesso à Justiça. Aplicação do Direito Quântico ao Acesso à Justiça: Diversas possibilidades de solução de um litígio fora do Poder Judiciário não invalidam o Direito ou a Constituição para se atingir a tão almejada Justiça. A partir do Direito Quântico, fundamentado pela Física Quântica, verifica- se que a premissa de acesso à justiça não se interpreta de forma restritiva quanto ao princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário previsto no art. 5°, incisos XXXV e XXXVI da Constituição Federal, mas com o uso do princípio da complementaridade a legitimar os métodos alternativos de resolução de conflitos reconhecidos pelo Estado tais como a conciliação, mediação, negociação e arbitragem, como veremos adiante. Há duas diferentes formas de composição: autocomposição e; heterocomposição, que se divide entre estatal e paraestatal. 1) A autocomposição é a forma de solução de disputas, em que as partes, por si mesmas, põem fim às suas pendências. Não há, a intervenção de um terceiro mediador. As próprias partes, por meio de discussões e debates, buscam seus direitos, chegando a bom termo. 2) A heterocomposição, que tanto pode ser estatal ou paraestatal, surge quando um terceiro intervém na disputa, por meio do julgamento togado, da arbitragem, da mediação e da conciliação, para tentar pôr termo à lide. Na heterocomposição existe intervenção jurisdicional do Estado, que pode se materializar frente a um juiz togado, ou árbitro que, embora seja terceiro particular equidistante entre as partes, conta com o amparo legal, inclusive na aplicação de sanções. 3.1) Negociação Direta Ausente à negociação direta, a morosidade levará a tais injustiças. 3.2) Conciliação Maria Helena Diniz conceitua a conciliação no direito processual civil e processual penal, nos seguintes termos: Encerramento da lide feito pelas partes, no processo, por meio da autocomposição e heterocomposição daquela; é o método de composição em que um especialista em conflito faz sugestões para sua solução entre as partes; não é adversarial e pode ser interrompida a qualquer tempo.” (DINIZ, 2005, p.887). Há na Conciliação, uma característica importante é a atuação de um terceiro que participa de forma a incentivar as partes à busca da solução consensual, analisando apenas aspectos objetivos do conflito, se limitando a manter e auxiliar no diálogo entre os indivíduos, sem forçar a vontade destes, mas sempre supervisionando e estimulando a busca de um denominador comum entre os sujeitos. 3.3) Mediação Como a “conciliação”, na “mediação” também teremos um terceiro atuando, porém de forma a apenas estabelecer o diálogo entre as partes, sem interferência direta no mérito da questão, as conduzindo para um possível acordo que seja agradável a ambos os envolvidos. Tanto é o incentivo pela busca das soluções alternativas para a solução de conflitos, que o Novo Código de Processo Civil (art.334 e seguintes, do Código de Processo Civil), criou a audiência de conciliação e mediação prévia, buscando antes mesmo do conflito se tornar um processo, uma forma das próprias partes, por intermédio de um terceiro, estar procurando resolver tal impasse. Desta forma, necessário é que os participantes sejam plenamente capazes de decidir, tendo sua manifestação da vontade de forma livre, pautada na boa-fé, bem como na livre escolha do mediador, no respeito, na cooperação, no tratamento do problema e na confidencialidade. UNIDADE II - Métodos Alternativos e Resolução de Conflitos: Arbitragem Diferente dos métodos anteriormente citados, a Arbitragem se apresenta como método heterocompositivo, em que a decisão proferida pelo árbitro fará lei entre as partes, mas sempre observando que sua instituição se dá de comum acordo entre as partes de um negócio. Para tal, temos o chamado Compromisso Arbitral, pelo qual as partes, por livre e espontânea vontade, escolhem em uma negociação presente ou por mera liberalidade, que conflitos oriundos dessa serão futuramente resolvidos por intermédio da Arbitragem. Uma vez assim instituído, ficam as partes vinculadas à Arbitragem obrigatoriamente, salvo fato que a desvirtue. Conceito “Uma técnica que visa solucionar questões de interesse de duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, sobre as quais elas possam dispor livremente em termos de transação e renúncia, por decisão de uma ou mais pessoas – o árbitro ou árbitros –, quais tem poderes para assim decidir pelas partes por delegação expressa destes resultantes de convenção provada, sem estar investidos dessas funções pelo Estado” (GUILHERME, 2012, p. 31). Importante é analisar que dois grandes aspectos devem ser observados quando do compromisso arbitral, que é a capacidade dos indivíduos, bem como a disponibilidade do direito da relação. Arbitragem – Capacidade e Viabilidade apenas poderá utilizar-se da arbitragem as pessoas com capacidade para contratar, ou seja, livres de qualquer vício de capacidade civil; é necessário que o direito em questão seja completamente disponível, não se admitindo exceções. Outro fato vantajoso deste método reside na possibilidade de as partes elegerem o árbitro, que poderá ser pessoa de confiança de ambas as partes, desde que seja pessoa capaz, tratando-se de exigência legal. Desta forma, a Arbitragem se apresenta como meio hábil, apto e confiável à luz do nosso ordenamento jurídico para a busca e pacificação de conflitos sociais, e uma vez respeitado seus requisitos, não há de se falar em qualquer ofensa à Constituição Federal na sua utilização, conforme já decidido pelo STF no ano de 2001. Arbitragem (Lei 9.307/96) A arbitragem consiste no julgamento do litígio por terceiro imparcial, escolhido pelas partes. Tal qual a jurisdição, é espécie de heterocomposição de conflitos, desenvolvida mediante trâmites mais simplificados e menos formais do que o processo jurisdicional. Legislação aplicável A arbitragem é regulada pela Lei 9.307/96 e instituída mediante negócio jurídico denominado “convenção de arbitragem”, que compreende a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. A arbitragem somente pode ser convencionada por pessoas maiores e capazes e com relação a direitos disponíveis. Não é compulsória, mas opção que poderá ou não ser utilizada pelas partes, a critério delas. No âmbito trabalhista, a arbitragem possui status constitucional, inserta no art. 114, § 2º, da CF/88 (EC 45/04). No âmbito da Administração Pública (direta e indireta), existe uma autorização genérica para a instituição da arbitragem que pode vir a ser utilizada em todo conflito que envolva direitos patrimoniais disponíveis, prevista no art. 1º, § 1º, da Lei 9.307/96, com redação dada pela Lei 13.129/15. A convenção de arbitragem é pressuposto processual negativo do processo, ensejando a extinção do feito sem resolução do mérito (art. 485, VII) e, ao contrário dos demais pressupostos processuais, não pode ser conhecida de ofício pelo julgador (art. 337, § 5º). Pela cláusula compromissória convencionam as partes que as demandas decorrentes de determinado negócio jurídico serão resolvidas pelo juízo arbitral. Trata-se de deliberação prévia e abstrata, anterior ao litígio. No compromisso arbitral há acordo de vontades posterior ao litígio, para submetê-lo ao juízo arbitral. O compromisso arbitral pode existir com ou sem a cláusula compromissória e pode ser celebrado antes ou mesmo no curso da demanda judicial. A limitação em relação aos contratos de consumo não permite, contudo, afastar a possibilidade de realização de compromisso arbitral para dirimir conflito existente em uma relação de consumo. Nesse sentido: “[.] O art. 51, VII, do CDC se limita a vedar a adoção prévia e compulsória da arbitragem, no momento da celebração do contrato, mas não impede que, posteriormente, diante de eventual litígio, havendo consenso entre as partes (em especial a aquiescência do consumidor), seja instaurado o procedimento arbitral.” Nos contratos de adesão que não envolvam relação de consumo, a convenção de arbitragem só terá validade se a iniciativa de instituí-la couber ao aderente ou se este concordar expressamente com a sua instituição, “desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou vista especialmente para essa cláusula”, conforme art. 4º, § 2º, da Lei 9.307/96. A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. Na primeira, de direito, os árbitros seguem as regras dispostas no ordenamento jurídico para solucionar o litígio. Ex.: inadimplemento de locação de imóvel urbano. Na segunda, por equidade, por outro lado, podem os árbitros se afastar das regras de direito para buscar a solução que considerar mais justa. Exs.: programa de culinária, uso de tecnologia, seja qual for, concurso por estética, moda etc. Nos conflitos envolvendo a administração pública, a arbitragem será sempre de direito (art. 2º, § 3º, da Lei de Arbitragem), em respeito ao princípio da legalidade: O juiz do processo arbitral é um particular ou uma instituição especializada. Nos termos do art. 13 da Lei de Arbitragem, qualquer pessoa física maior e capaz que não tenha interesse no litígio poderá exercer as funções de árbitro: No desempenho de suas funções, os árbitros são equiparados a funcionários públicos para fins penais (art. 17) e as decisões por eles proferidas não se sujeitarão a recurso ou homologação pelo Poder Judiciário (art. 18). Na Lei de Arbitragem, 9307/96: A sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do judiciário e, quando condenatória, constituirá título executivo judicial na Lei 9.307/96: Faz-se possível controle judicial sobre a sentença arbitral (arts. 32 e 33 da Lei de Arbitragem), no entanto, tal controle cinge-se a aspectos formais. Não se admite a revisão, pelo Judiciário, do mérito da decisão arbitral, apenas de matérias relativas à validade do procedimento. A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral, parcial ou final, seguirá as regras do procedimento comum e deverá ser proposta no prazo decadencial de até 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação da respectiva sentença (art. 33, § 1º). Findo prazo, a sentença arbitral torna-se soberana e imutável. Em razão dessa aptidão para produção de coisa julgada material que se diz que a arbitragem é verdadeira espécie de jurisdição. Ressalte-se que se tiver havido execução judicial, a declaração de nulidade também poderá ser arguida na forma de impugnação, consoante art. 1.061 Outra forma de “intervenção” judicial na esfera arbitral ocorre quando há necessidade de concessão de tutelas de urgência (cautelar ou antecipada). Se houver demora na formalização do compromisso arbitral, tal situação pode acarretar graves prejuízos, razão pela qual a lei permite que antes de instituída a arbitragem, as partes recorram ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência (art. 22-A). Deferido o pedido pelo judiciário, se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva decisão, a medida ficará sem efeito. Ainda que a arbitragem seja instituída no prazo indicado, a lei permite que os árbitros modifiquem ou revoguem a medida (art. 22-B). Em outras palavras, os árbitros não ficam vinculados à decisão judicial. Prescrição e Decadência A Lei 13.129/15 acrescentou à Lei de Arbitragem o seguinte dispositivo: “a instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição” (art. 19, § 2º). O que a lei deixou claro é que o fato de a demanda tramitar no juízo arbitral não permite que receba tratamento diferenciado em relação à prescrição para as demandas submetidas à jurisdição estatal.